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DIREITO APLICADO GESTAO

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Direito Aplicado à Gestão 
 
Direito Aplicado à 
Gestão 
Gustavo Martins de Sá 
Direito Aplicado à Gestão 
 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira 
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: Gustavo Martins de Sá 
Revisão: Lívia Antunes Faria Maria e Walter P. Valverde Júnior 
Projeto Gráfico e Editoração: Andreza Nacif, Antonia Machado, Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos, 
Marcos Antonio Lima da Silva, Ruan Carlos Vieira Fausto 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Janaina Gonçalves de Jesus 
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃO GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói 
 
S111d Sá, Gustavo Martins de. 
Direito aplicado à gestão / Gustavo Martins de Sá ; revisão de 
Lívia Antunes Faria Maria e Walter P. Valverde Júnior. 2. ed. – 
Niterói, RJ: UNIVERSO, 2011. 
255p. : il. 
 
 
1. Direito empresarial. 2. Empresário. 3. Sociedade comercial. 
4. Título de crédito. 5. Falência. I. Maria, Lívia Antunes Faria. II. 
Valverde Júnior, Walter P. III. Título. 
 
CDD 342.2 
 
Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990 
 
© Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma 
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora 
da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). 
Direito Aplicado à Gestão 
 
 
Palavra da Reitora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi 
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero 
bem-sucedidas mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio 
dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço 
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio 
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se 
responsável pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo 
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de 
nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são 
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a 
distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo 
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, 
graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando 
as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o 
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. 
 
Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Reitora
Direito Aplicado à Gestão 
 
Direito Aplicado à Gestão 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
1. Apresentação da disciplina ....................................................................................... 07 
2. Plano da disciplina ..................................................................................................... 09 
3. Unidade 1 – Empresa, Empresário e Estabelecimento Empresarial ................... 13 
4. Unidade 2 – Direito Societário ................................................................................. 51 
5. Unidade 3 – Aspectos jurídicos do direito concorrencial ..................................... 91 
6. Unidade 4 –. O empresário e os direitos do consumidor...................................... 125 
7. Unidade 5 – Contratos empresariais e títulos de crédito...................................... 163 
8. Unidade 6 – Direito falimentar ................................................................................. 201 
9. Considerações finais .................................................................................................. 243 
10. Conhecendo o autor .................................................................................................. 245 
11. Referências .................................................................................................................. 247 
12. Anexos ......................................................................................................................... 251 
 
Direito Aplicado à Gestão 
 
 
Direito Aplicado à Gestão 
 
 
Apresentação da Disciplina 
 
 
O termo DIREITO, nos dias atuais, possui diversos significados, importando para 
os alunos desta disciplina saber que Direito é sinônimo de um conglomerado de 
normas criadas pelo Estado – via Poderes Legislativo e Executivo – objetivando 
disciplinar o comportamento do ser humano, tornando-o apto a conviver em 
sociedade, sendo que, em caso de descumprimento de certa regra, poderá ser 
penalizado conforme as sanções previstas em cada lei. 
No início, daremos ênfase ao estudo dos termos EMPRESA, EMPRESÁRIO e 
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL, sendo que o estudante terá condições de 
perceber que há grande diferença entre o conceito POPULAR destas palavras em 
relação à terminologia jurídica. Depois, estudaremos as ESPÉCIES de sociedades 
existentes na atual legislação brasileira, permitindo ao aluno visualizar qual o tipo 
mais adequado para cada tipo de negócio. Em seguida, o aluno compreenderá 
como as organizações (ou empresas) devem se portar em relação umas às outras, 
em termos de concorrência. Traçaremos também as principais normas que o 
empresário deve seguir em relação ao Direito do Consumidor e demonstraremos 
quais os principais contratos existentes nas relações empresariais, bem como os 
títulos mais usados para documentar tais relações. E, finalmente, estudaremos as 
medidas cabíveis para pôr fim à crise existente na empresa, que tanto poderá 
ocasionar o seu encerramento como sua recuperação. 
Enfim, desejamos que você tenha muito sucesso nos seus estudos. 
 
Direito Aplicado à Gestão 
 
Direito Aplicado à Gestão 
 
 
Plano da Disciplina 
 
Vamos estudar o ramo do Direito que vem se tornando cada dia mais 
imprescindível na vida acadêmico-profissional, denominado Direito Aplicado à 
Gestão, disciplina que tem por finalidade permitir que você aprenda e compreenda 
todo o conteúdo da legislação criada para regulamentar a criação, existência e 
encerramento da atividade empresarial em nosso país, bem como as regras 
pertinentesà relação jurídica dos empresários entre si e também para com seus 
consumidores. 
O conteúdo programático foi dividido em seis unidades. Apresentaremos um 
resumo do que você irá estudar em cada uma delas: 
 
Unidade 1 – Empresa, empresário e estabelecimento empresarial. 
Em nossa primeira unidade estudaremos os conceitos de empresa, empresário 
e estabelecimento empresarial; você verá que a compreensão de cada um desses 
termos é imprescindível para o aprendizado de nossa disciplina. 
Objetivos: 
 Compreender a importância do Direito Aplicado à Gestão no cenário 
econômico nacional, relacionando-o aos demais ramos do Direito; 
 Identificar os elementos conceituais e teóricos, além de experiências 
práticas dos aspectos jurídicos que norteiam as decisões 
empresariais ; 
 Conhecer e aplicar os conceitos que sustentam a atividade 
econômica; 
 Compreender a importância de se adequar toda e qualquer decisão 
ao que está previsto em lei, evitando assim, futuros problemas 
jurídicos; 
Direito Aplicado à Gestão 
 
 
Unidade 2 – Direito societário 
Nesta unidade serão abordados tópicos que permitirão a você aprender a 
escolher o tipo societário adequado à realidade de cada empreendimento, 
visualizando, ainda, como deve ser a relação entre os sócios, além de compreender 
o que podem e o que devem fazer. 
Objetivos: 
 Conhecer o cenário societário brasileiro; 
 Identificar exatamente cada sociedade empresária existente em 
nosso ordenamento jurídico; 
 Compreender que a escolha do tipo societário não deriva apenas da 
vontade dos seus sócios, mas, principalmente, de previsão legal e 
adequação à realidade do negócio a ser constituído; 
 Aprofundar conhecimentos das regras de relacionamento entre os 
sócios, visando a elaboração do documento de constituição de 
qualquer sociedade, impedindo desavença entre eles. 
 
Unidade 3 – Aspectos jurídicos do direito concorrencial 
Em nossa terceira unidade veremos a dificuldade do empresário em se 
estabelecer e se manter no mercado. 
Objetivos: 
 Compreender a finalidade positiva advinda da livre concorrência 
entre os empresários do mesmo setor de atuação. 
 Conhecer os órgãos de proteção da concorrência e sua área de 
atuação. 
 Distinguir as práticas consideradas lícitas e as ilícitas. 
 Especificar as atitudes incorretas e as consequências da atuação ilícita 
do empresário. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
 
Unidade 4 – O empresário e os direitos do consumidor 
Em nossa quarta unidade estudaremos a relação de consumo e suas principais 
regras. 
Objetivos: 
 Conscientizar-se da importância de se conhecer e aplicar as regras 
consumeristas, objetivando não apenas cumprir a legislação vigente, 
mas, principalmente, utilizá-la como estratégia para se conquistar e 
manter a clientela do empresário. 
 Compreender que o descumprimento das normas contidas no 
Código de Defesa do Consumidor poderá gerar, de imediato, a 
retração da clientela do empresário. 
 Conhecer os meios que dispõe o consumidor lesado para reaver, se 
possível, o prejuízo advindo do não-cumprimento da legislação 
consumerista. 
 Resolver questões pessoais e ou de familiares e amigos decorrentes 
da relação de consumo, tornando-o apto a argumentar com respaldo 
jurídico em suas pretensões para com os fornecedores. 
 
Unidade 5 – Contratos empresariais e títulos de crédito 
Nesta unidade, analisaremos pontos de suma importância para o Direito 
Aplicado à Gestão, com aplicabilidade prática até mesmo para aqueles que não 
exercem atividade econômica, pois ambas são utilizadas no dia a dia do cidadão 
comum. 
Objetivos: 
Identificar as principais modalidades de contratos empresariais e títulos de 
créditos utilizados no cotidiano do empresariado bem como da população em 
geral. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
 
 Analisar e criar os documentos estudados, permitindo maior 
segurança jurídica em negócios que firmar em seu próprio interesse, 
seja pessoal ou profissional. 
 Conhecer a importância surgida a partir da assinatura de qualquer 
dos documentos estudados, atribuindo-lhe a incumbência de 
orientar as pessoas com as quais convivem no que tange ao 
preenchimento e às consequências da assinatura desses títulos. 
 
Unidade 6 – Falência e recuperação judicial 
Ao chegar a esta última unidade, você estudará que a constituição e a 
sobrevivência do empresariado brasileiro dependem de diversos fatores, sejam 
internos, como a gestão da organização ou externos, uma vez que as medidas 
econômicas e políticas adotadas pelo Poder Público influenciam direta e 
indiretamente no desenvolvimento da atividade econômica. 
Objetivos: 
 Conhecer o cenário desenhado pela atual legislação falimentar. 
 Verificar que em comparação com a legislação anteriormente 
aplicada ao assunto, houve significativa evolução normativa. 
 Analisar os aspectos negativos e incongruentes da Lei nº 11.101∕05. 
 
Bons Estudos! 
 
Direito Aplicado à Gestão 
 
Empresa, Empresário e 
Estabelecimento 
Empresarial 1 
Direito Aplicado à Gestão 
 
14 
 
O novo Código Civil brasileiro entrou em vigor em janeiro de 2003, trazendo 
significativas mudanças, principalmente nas questões ligadas ao desenvolvimento 
da atividade econômica. Analisando-o a partir de seu artigo 966, encontramos os 
conceitos de empresa, empresário e estabelecimento empresarial; termos estes 
que são objeto de estudo desta Unidade. A compreensão de cada um deles é 
imprescindível para o aprendizado da disciplina, portanto, dedique-se com 
atenção ao estudo desta Unidade. 
 
Objetivos da unidade: 
 Compreender a importância do Direito Aplicado à Gestão no cenário 
econômico nacional, relacionando-o aos demais ramos do Direito; 
 Identificar os elementos conceituais e teóricos, além de experiências 
práticas dos aspectos jurídicos que norteiam as decisões 
empresariais; 
 Conhecer e aplicar os conceitos que sustentam a atividade 
econômica; 
 Compreender a importância de se adequar toda e qualquer decisão 
ao que está previsto em lei, evitando assim, futuros problemas 
jurídicos; 
 
Plano da unidade: 
 A teoria da empresa no direito brasileiro. 
 Regime jurídico empresarial: obrigações gerais dos empresários. 
 Registro de empresas e livros comerciais. 
 Elementos do estabelecimento empresarial. 
 A marca e a proteção ao título do estabelecimento. 
Bons estudos 
Direito Aplicado à Gestão 
 
15 
 
Antes de adentrar na abordagem do tema em comento, faz-se necessário 
compreender a formação desta ciência chamada Direito. 
Desde os primórdios, o homem procurou agrupar-se visando atingir um bem 
comum, unindo as características físicas e mentais de cada indivíduo para melhorar 
a produção de bens de uso e consumo. Entretanto, a vida em conjunto sempre 
exigiu a criação de normas de conduta aptas a manter a paz e a harmonia da 
sociedade. 
A própria evolução do homem obrigou-o a começar a estudar tais normas de 
conduta, observando o interesse da sociedade e transformando em lei, o mínimo 
de comportamento exigido para que os homens pudessem conviver em harmonia. 
Anteriormente às leis existiam apenas normas de ordem “MORAL”, criadas com 
o tempo, por um determinado agrupamento social, seguindo seus costumes e 
tradições, o que nos permite compreender que essas normas variavam de região 
para região. 
Desta forma, podemos dizer que “Moral” consiste em um conjunto de regras de 
conduta do indivíduo enquanto membro de uma sociedade, sendo cumprida de 
maneira espontânea e sofrendo variações conforme o processo de evolução de 
cada agrupamento social. As transgressões das normas moraisrecebem apenas 
uma resposta imediata dos membros do grupo, como por exemplo, a crítica, o 
isolamento, o afastamento, etc. 
Todavia, para que a sociedade possa viver pacificamente, não bastam apenas 
normas morais; é necessário que exista também um conjunto de normas rígidas, 
que punam os infratores, visando inibir a repetição da transgressão. Por esse 
motivo surgiu o DIREITO. 
 Para Georg Jellinek, “o Direito representa apenas o mínimo de Moral declarado 
obrigatório para que a sociedade possa sobreviver”. Essa linha de pensamento deu 
origem à Teoria do Mínimo Ético, que pode ser reproduzida através da imagem de 
dois círculos concêntricos, sendo o círculo maior o da Moral, e o círculo menor, o 
do Direito. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
16 
 
Haveria, portanto, um campo de ação comum a ambos, sendo o Direito 
envolvido pela Moral. Desta forma, podemos dizer, de acordo com essa imagem, 
que “tudo o que é jurídico é moral, mas nem tudo o que é moral é jurídico”. 
Essa teoria sofreu algumas críticas: será certo dizer que todas as normas 
jurídicas estão no plano moral? Será mesmo que o bem social sempre se realiza 
com plena satisfação dos valores da subjetividade, do bem pessoal de cada um? 
Para melhor compreensão, imaginemos o seguinte caso: um motorista de 
caminhão, antes de viajar, faz uma revisão em seu veículo e a concessionária 
declara que ele está em perfeitas condições de uso. Durante a viagem, um dos 
pneus estoura e o motorista perde o controle, vindo a atropelar um “carona” que 
estava à margem da rodovia, matando-o imediatamente. Pergunta-se: o motorista, 
que avaliou seu veículo e trafegava em velocidade compatível com o local, 
desrespeitou alguma norma moral? Somos da opinião que não. Todavia, agindo 
dessa forma, diante da legislação vigente, temos que o motorista desrespeitou 
uma norma de direito: matar alguém! (Art. 121 do Código Penal). 
Para suprir essa “falha” da teoria acima, surgiu então, a chamada Teoria da 
Coercibilidade, criada por Hans Kelsen, na qual “o Direito é uma ordenação 
coercitiva da conduta humana”. 
Segundo esta Teoria, aquele que desrespeita certa norma jurídica, será 
COAGIDO pelo Estado a fazer algo, ainda que contra sua própria vontade, como 
por exemplo, indenizar alguém que lesou ou até mesmo ser preso. 
Para melhor entender tal teoria, se faz necessário compreender que a palavra 
coação apresenta duas acepções distintas para a área jurídica. 
Em um primeiro sentido, coação significa a violência física ou psíquica, que 
pode ser praticada contra uma pessoa ou um grupo de pessoas. A mera violência 
não é uma figura jurídica, mas quando se contrapõe ao Direito, torna anuláveis os 
atos jurídicos. Nessa acepção genérica, a palavra coação é, de certa maneira, 
sinônimo de violência praticada contra alguém. 
Exemplos: 
 O assaltante que exerce violência está coagindo a vítima a entregar os 
seus pertences. 
 Cidadão que pressiona (coage) alguém a assinar determinado 
contrato que lhe dá certos benefícios. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
17 
 
Num segundo momento, a palavra coação apresenta-se como sendo a 
manifestação do poder estatal utilizado em defesa do cumprimento do direito ou, 
nas palavras de Miguel Reale, “quando a força se organiza em defesa do 
cumprimento do Direito mesmo é que nós temos a segunda acepção da palavra 
coação”. 
E é esse segundo significado que importa, pois, o que irá distinguir o Direito da 
Moral é justamente o fato de haver punição prevista em lei para o infrator no 
campo do Direito, enquanto na Moral, somente há a crítica, o isolamento, etc. 
 
A teoria da empresa no direito brasileiro 
 
O surgimento do Direito Empresarial ocorreu há longa data, mais precisamente 
com a publicação do Código Comercial, através da Lei nº. 556, de 25 de junho de 
1850. 
Este Código, que trazia em seu conteúdo normas de conduta para os 
exercentes dos atos de comércio, foi embasado no Código Comercial Francês, de 
1808, e foi tão bem elaborado que somente com a publicação do novo Código 
Civil, em 2002, que o Código Comercial brasileiro deixou de ser fonte do Direito. 
Ressalte-se ainda que há normas nele contidas vigentes até hoje! Refiro-me à 
Parte Segunda, relativa ao Comércio Marítimo, ou seja, as regras referentes a este 
assunto estão disciplinadas em uma lei de 1850! 
No entanto, se aquele código era excepcional, qual a razão de ter sido 
revogado pelo Novo Código Civil? A resposta é bastante simples: em 1850 não 
havia diversas atividades econômicas como nos dias de hoje. As pessoas, para ter 
renda, viviam do artesanato, do comércio, da agricultura, não se imaginava àquela 
época que alguém seria remunerado por fabricar computadores, impressoras, por 
comercializar espaços em endereços eletrônicos na rede mundial de 
computadores, enfim, todas estas atividades que foram gradativamente surgindo, 
não eram previsíveis naquele momento de criação do Código Comercial. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
18 
 
Ocorre que o Código Comercial criou procedimentos para se registrar a 
atividade, de tal forma a permitir a constituição de pessoas jurídicas para a 
exploração da atividade exercida, porém, restringia o registro apenas aos 
praticantes dos atos de comércio. Havia, porém, uma falha: o que são atos de 
comércio? 
Para suprir a lacuna, foi publicado o Regulamento 737 que dizia serem 
exercentes dos atos de comércio, o próprio comerciante, o banqueiro, o dono de 
empresas de seguro e os industriais, senão vejamos: 
 
Regulamento nº. 737, de 1850 
Art. 19. Considera-se mercancia: 
§ I° A compra e venda ou troca de efeitos móveis ou 
semoventes, para os vender por grosso ou a retalho, na mesma 
espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu uso; 
2° As operações de câmbio, banco e corretagem; 
§ 32 As empresas de fábrica, de comissões, de depósito, de 
expedição, consignação e transporte de mercadorias, de 
espetáculos públicos; 
§ 42 Os seguros, freta meti tos, riscos e quaisquer contratos 
relativos ao comércio marítimo; 
§ S° A armação e expedição de navios. 
 
Naquela época, ao se dar vida a uma pessoa jurídica – Sociedade Limitada, por 
exemplo – permitia-se que os sócios tivessem proteção de seu patrimônio pessoal, 
sendo que, em caso de “quebra”, não perderiam seus bens pessoais, como sua 
casa, veículos, etc. 
Outro fator que merece destaque é que o registro da atividade era Facultativo, 
podendo o praticante do ato de comércio optar em exercer seu ofício como pessoa 
física ou jurídica; lembrando que, nesta segunda hipótese, passava a proteger seu 
patrimônio pessoal. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
19 
 
Mas, o problema do Código Comercial de 1850 começou a ganhar proporção à 
medida que exercentes de certas atividades econômicas pretendiam se registrar 
para obter a proteção de seu patrimônio pessoal e não o podiam fazer. 
Imagine a seguinte situação: na década de 20 do século passado, sabe-se que o 
café brasileiro era cobiçado por diversos países, fazendo surgir os barões do café. 
Eram fazendeiros que enriqueceram, ergueram verdadeiros impérios, possuíam 
bens no Brasil e na Europa. 
Agora, reflita: o fazendeiro poderia se registrar, constituindo uma pessoa 
jurídica, para explorar sua atividade econômica, lembrando que a regra somente 
era aplicada aos comerciantes, banqueiros, donos de seguradoras e de indústrias? 
Muitos diriam que seria possível o registro já que o fazendeiro planta e vende sua 
produção, assemelhando-se ao comércio; todavia, o comércio se caracteriza pela 
compra para revenda, o que não acontece na atividade agrária, como no caso, o 
plantio de café, ou seja, o fazendeiro, ainda que pretendesse, não teria como 
constituir uma sociedade e, por conseguinte, nãopossuía proteção de seu 
patrimônio. 
Já aquele que adquiria o café in natura e o beneficiava (indústria), bem como o 
atacadista que comprava o café beneficiado e o revendia e/ou exportava, poderia 
ter o registro da atividade e, consequentemente, protegia seu patrimônio pessoal. 
Com a crise de 1929, os barões do café assistiram à queda de seus impérios, 
vindo a perder tudo o que possuíam, inclusive casas de campo, ranchos, enfim, 
bens que não eram utilizados em sua atividade passaram para as mãos dos 
credores; enquanto o industrial e o atacadista preservaram seu patrimônio pessoal. 
Diante deste cenário, nota-se que o fazendeiro foi o mais prejudicado, pois o 
Código Comercial não lhe permitia se proteger, enquanto os demais agentes da 
cadeia produtiva do café naquela época poderiam se registrar e assegurar o seu 
patrimônio em caso de crise. Ora, os fazendeiros eram, sem dúvida alguma, as 
pessoas mais importantes daquela cadeia produtiva, mas a legislação não lhes 
dava segurança jurídica. Todos conhecemos o resultado quando estudamos 
História: a “quebra” dos barões do café! 
Este exemplo torna claro que era necessário se adaptar à legislação, pois 
começavam a surgir novas atividades, cujos exercentes não tinham a possibilidade 
de se registrar, como por exemplo, as imobiliárias e as prestadoras de serviços, 
entre outras. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
20 
 
Paralelamente surgia na Itália, em plena Segunda Guerra Mundial, uma Teoria 
que tinha por objetivo permitir que todos os exercentes de atividades econômicas 
pudessem proteger seu patrimônio pessoal, já que lá havia a mesma restrição que 
o Código Comercial brasileiro impunha. 
Foi assim que surgiu, em 1942, à época do ditador Mussolini, a Teoria da 
Empresa. 
Aqui no Brasil, nas décadas de 50 e seguintes, nossos tribunais começaram a 
fazer uso discreto de suas regras, pois não se podem aplicar regras estrangeiras a 
casos ocorridos aqui, salvo quando houver omissão sobre determinado assunto. 
Frise-se que entre 1968 e 1975 começou-se a discutir a criação de um novo 
Código Civil, pois o que estava vigente era de 1916 e dentre os assuntos a serem 
tratados, estava a possibilidade de se importar a Teoria da Empresa para nosso país. 
Aqueles que não são estudantes de Direito, como é o seu caso, precisam saber 
que hoje está vigente um Código Civil publicado em 2002 e que passou a ter 
validade a partir de 2003. No entanto, o projeto de lei que o criou começou a ser 
elaborado em 1975. Isto quer dizer que hoje temos uma legislação vigente com 
ideias de meados do século passado! E especificamente na nossa matéria, Direito 
Empresarial, há normas criadas na Itália entre 1928 e 1942 que estão em nosso 
Código Civil... 
Acerca do assunto, o ilustre Fábio Ulhôa Coelho, festejado autor de livros de 
Direito Empresarial assim se pronunciou: 
Com a aprovação do projeto de Código Civil de Miguel Reale, 
que tramitou no Congresso entre 1975 e 2002, o direito privado 
brasileiro conclui seu demorado processo de transição entre os 
sistemas francês e italiano. À semelhança do anteprojeto de 1965, 
de cujo livro 111 sobre a atividade negocial encarregou-se Sylvio 
Marcondes, o Código Civil de 2002 inspira-se no Codice Civile e, 
adotando expressamente a teoria da empresa, incorpora o modelo 
italiano de disciplina privada da atividade econômica. A despeito de 
seu inegável envelhecimento precoce em muitos aspectos, trata-se 
de texto sintonizado com a evolução dos sistemas de tratamento da 
economia, pelo ângulo das relações entre os particulares. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
21 
 
Desta forma, está vigente hoje no Brasil o Código Civil criado pela Lei nº 10.406, 
de 10 de janeiro de 2002, disciplinando no Livro II, de sua Parte Especial, a partir do 
artigo 966, o chamado Direito de Empresa. 
 
IMPORTANTE 
É importante se esclarecer que os termos Direito de Empresa e Direito 
Empresarial NÃO são sinônimos! O segundo é mais abrangente, englobando o 
primeiro e outros ramos do Direito, como Direito do Consumidor e Direito 
Econômico, como será demonstrado ao longo desta disciplina. 
 
Regime jurídico empresarial: obrigações gerais dos 
empresários 
 
Agora que você já aprendeu que a matéria desta Unidade está contida no 
Código Civil e que o Brasil adota a Teoria da Empresa para regulamentar as relações 
empresariais, passemos ao estudo do conceito de empresário e de suas obrigações. 
Inicialmente, deve-se destacar que tanto a palavra EMPRESA como a palavra 
EMPRESÁRIO possuem significados DISTINTOS. 
Popularmente falando, tem-se que empresa é uma organização devidamente 
estabelecida para produzir produtos ou prestar serviços; enquanto que por 
empresário se entende o proprietário da empresa. Para facilitar a compreensão, 
pode-se dizer que a Votorantin é uma empresa e um dos seus donos, Antônio 
Ermírio de Moraes, o empresário. 
Entretanto, em termos jurídicos, ambas as palavras possuem significados 
distintos que estão descritos no artigo 966 do Código Civil: 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção 
ou a circulação de bens ou de serviços. 
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22 
 
Assim sendo, observe-se que empresário, segundo o citado artigo, não significa 
o dono da empresa, mas QUEM exerce a atividade econômica. 
Resta, portanto, compreender o sentido da palavra QUEM, utilizada pelo 
legislador. 
Naturalmente, QUEM se refere à PESSOA e por assim ser, empresário é tanto a 
pessoa FÍSICA como a pessoa JURÍDICA. 
Segundo a legislação vigente, pessoa física é a pessoa natural, o ser humano 
nascido com vida, enquanto pessoa jurídica é um ente jurídico criado para fins de 
se realizar, coletivamente, atividades econômicas ou não. Há duas espécies de 
pessoas jurídicas que podem ser de direito público (interno ou externo) e de direito 
privado. 
 
As duas primeiras modalidades são constituídas para fins filantrópicos, 
beneficentes, enfim, não há nelas fim lucrativo, fator que diferencia a terceira 
espécie, a sociedade. 
Sociedades sempre são criadas para o exercício de atividades com fim lucrativo. 
Se a pessoa exerce a sua atividade lucrativa de forma individual, sem sócios, é 
considerada EMPRESÁRIO INDIVIDUAL (anteriormente denominado FIRMA 
INDIVIDUAL); já o fazendo com outras pessoas – sócios – constituirá a chamada 
SOCIEDADE. 
Desta forma, tem-se que empresário é tanto o EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
como a SOCIEDADE EMPRESÁRIA. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
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Por outro lado, a palavra EMPRESA tornou-se sinônimo de ATIVIDADE 
ECONÔMICA, quer dizer, empresa é o fim social, a atividade desenvolvida pelo 
empresário. 
Para visualizar mais facilmente o que foi escrito anteriormente, veja a 
tabela a seguir: 
 
SIGNIFICADOS 
TERMOS POPULAR JURÍDICO 
Empresa Organização Atividade-fim 
Empresário Proprietário ou sócio Quem exerce a atividade-fim 
 
A partir deste ponto, passa-se a utilizar as expressões empresa e empresário 
sempre no sentido jurídico. Por esta razão, dedique alguns minutos para 
realmente compreender o quadro acima antes de continuar sua leitura. 
Antes de seguir, vale lembrar: 
 
 
 
Extrai-se do fluxograma acima que empresário tanto é sinônimo de 
empresário individual como de sociedade empresária. A sociedade empresária e o 
empresário individual serão estudados na Unidade 2, intitulada Direito Societário. 
Passemos, então, a abordar a questão das OBRIGAÇÕES do empresário, 
lembrando que não se está referindo ao dono da empresa, mas ao exercente da 
atividade econômica. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
24 
 
 1ª. Obrigação: Registro na Junta Comercial.Como dito anteriormente, o antigo Código Comercial de 1850 trazia como uma 
FACULDADE o registro da atividade econômica, podendo os praticantes dos atos 
de comércio optar entre exercer sua profissão como pessoa física ou pessoa 
jurídica. Escolhendo esta segunda opção, apenas para relembrar, protegiam seu 
patrimônio pessoal em caso de crise. 
Atualmente, o Código Civil trouxe uma inovação sobre o assunto, contida no 
artigo 967, a saber: 
 
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro 
Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início 
de sua atividade. (grifos nossos) 
 
Note que, com a entrada em vigor do Código Civil, a partir de 2003 toda e 
qualquer pessoa que exerça profissionalmente atividade com fins lucrativos tem o 
dever de se registrar na Junta Comercial da cidade em que desenvolverá sua 
atividade, seja como empresário individual ou como sociedade empresária 
(quando tiver sócio(s)). 
Destaque-se que é conferido apenas ao exercente de atividade agrária a 
FACULDADE do registro, como dito no artigo 971: 
 
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua 
principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam 
o art.968 e seus parágrafos, requerer a inscrição no registro público 
de empresas mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de 
inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário 
sujeito a registro. 
 
Fica evidente que todos que exerçam qualquer atividade econômica são 
obrigados a fazer o registro de sua atividade, enquanto o empresário rural escolhe 
a forma que melhor lhe convier. 
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25 
 
Recentemente, muitos concursos públicos têm abordado esta questão da 
facultatividade de inscrição do empresário rural, por esta razão, memorize este 
assunto! 
Importante também demonstrar quem é o empresário rural: 
 
Muito bem! Uma vez demonstrado que ao empresário rural é facultada sua 
inscrição na Junta Comercial e qual atividade caracteriza a atividade agrária, 
voltemos ao estudo da obrigatoriedade do registro. 
Esclareça-se, de imediato, que com o respectivo registro, os sócios passam a ter 
proteção de seu patrimônio pessoal no caso de constituição de sociedade, não 
ocorrendo o mesmo em se tratando de empresário individual. 
Outra questão que foi destacada na citação do artigo 967 - transcrito acima - se 
refere ao fato de que o registro deve ocorrer antes de se começar a exercer a 
atividade. 
Sabe-se que, nos dias atuais, os profissionais optam por começar seu negócio 
de forma informal e caso venha a prosperar, regularizam a situação. Porém, não é 
isto que estabelece a legislação. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
26 
 
VAMOS REFLETIR 
A esta altura o leitor deve estar se indagando: qual a 
consequência para quem não se registra na Junta Comercial ANTES de 
iniciar seu trabalho? 
Antes de responder, faz-se necessário frisar que este material foi 
elaborado para alunos dos cursos de Administração, Análise de Sistemas, 
Contábeis e Engenharia de Produção. 
 
Suponha-se que você preste serviços de consultoria em sua área, aluga uma 
sala comercial e trabalha com um colega. Vocês terão que se registrar, ou seja, se 
transformar em empresário, juridicamente falando? Segundo a legislação, a 
resposta é AFIRMATIVA! Mas, qual a consequência se vocês não se registrarem? 
A resposta pode ser encontrada no artigo 986 do Código Civil: 
 
Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-
á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto 
neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele 
forem compatíveis, as normas da sociedade simples. 
 
Trata-se de Sociedade em Comum, que a doutrina a subdivide em de fato, 
quando entre os sócios não há qualquer documento comprovando a existência da 
sociedade ou Irregular, quando há documento de constituição que não fora 
levado a registro. 
As consequências da falta de registro são bem explicadas por Fábio Ulhôa 
Coelho: 
 
Por ora, importa deixar assente que os sócios poderão vir a 
responder com o seu próprio patrimônio, por todas as obrigações 
da sociedade, se não for providenciado o registro do respectivo ato 
constitutivo na Junta Comercial. 
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27 
 
Além dessa sanção, a sociedade empresária irregular não tem 
legitimidade ativa para o pedido de falência de outro comerciante 
e não pode impetrar pedido de recuperação judicial ou 
extrajudicial. 
A falta do registro na Junta Comercial importa, também, a 
aplicação de sanções de natureza fiscal e administrativa. Assim, o 
descumprimento da obrigação comercial acarretará a 
impossibilidade de inscrição da pessoa jurídica no Cadastro 
Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), e nos cadastros estaduais e 
municipais; também impossibilitará a matrícula do empresário no 
Instituto Nacional da Seguridade Social. Aliás, são simultâneos o 
registro na Junta e a matrícula no INSS (Lei n. 8.212/92, art. 49, 1). A 
falta do CNPJ, inclusive, além de dar ensejo à incidência de multa 
pela inobservância da obrigação tributária instrumental, impede o 
empresário de entabular negócios regulares; sua atividade fica 
forçosamente restrita ao universo da economia informal. 
 
Vê-se, portanto, que o não registro acarreta consequências que vão desde a 
afetação de seu patrimônio pessoal até questões administrativas, como a 
impossibilidade de regulamentação da atividade em órgãos governamentais. 
Acerca do registro, deve-se destacar que há dois órgãos específicos para 
regularizar e orientar os interessados. 
a) DNRC – Departamento Nacional de Registro do Comércio. 
Este órgão não tem a função de constituir as sociedades empresárias ou os 
empresários individuais. Trata-se de órgão federal, componente do Ministério do 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 
Pode-se dizer que possui as seguintes atribuições: 
1 – Normatizar: a legislação vigente permite que o DNRC crie normas sobre 
registro de empresas, visando suprimir lacunas da legislação ou dúvidas existentes 
quanto a procedimentos a serem adotados e que deverão ser seguidos pelas 
Juntas Comerciais de todos os Estados; porém, estas regras não poderão, em 
hipótese alguma, ser contrárias à legislação. Por exemplo: o DNRC não poderá 
normatizar assunto contido no Código Civil, mas sim, em eventual ausência de 
regra sobre algum assunto previsto naquele código. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
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2 – Cadastrar: compete-lhe, ainda, criar e manter o Cadastro Nacional de 
Empresas Mercantis, bem como, gerenciar os procedimentos de autorização para 
nacionalização ou instalação no Brasil de empresa estrangeira. 
3 – Supervisionar: possui o DNRC capacidade jurídica para fiscalizar os atos 
praticados pelas Juntas Comerciais, instruindo-as sobre procedimentos a serem 
adotados, se necessário for. 
Em síntese, eis as principais atividades realizadas pelo referido órgão, porém, 
para o aprimoramento do estudo, sugerimos aos leitores que acessem o site 
www.dnrc.gov.br, onde se pode conhecer com maior clareza, identificar o cenário 
das empresas brasileiras em termos de quantitativo, aprender sobre sua estrutura, 
etc. 
b) Junta Comercial 
Para se executar todas as tarefas ligadas à criação, existência e encerramento 
dos empresários no Brasil, cada Estado mantém a chamada Junta Comercial, 
distribuída por diversas cidades. 
 
Dica de site: 
Para conhecer melhor a Junta Comercial do Estado em que o leitor 
reside, basta acessar qualquer site de busca (www.google.com.br) e digitar 
“Junta Comercial” + a sigla do Estado desejado, por exemplo, RJ, MG, SP e assim 
sucessivamente. 
 
As Juntas Comerciais são,portanto, órgãos estaduais que possuem autonomia 
financeira e administrativa para funcionar. Assim sendo, todo Estado brasileiro 
necessita deste órgão para organizar a atividade empresarial. 
Como dito anteriormente, o Departamento Nacional do Registro de Comércio 
pode fiscalizar o procedimento adotado por cada Junta Comercial, além de lhe 
prestar consultas, criar normas para esclarecer questões obscuras da legislação; 
enquanto a Junta Comercial propriamente dita, apenas executa procedimentos 
previamente criados por lei, atos normativos, enfim, por todo o ordenamento 
jurídico aplicável ao caso. 
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29 
 
Por assim ser, podemos dizer que as Juntas Comerciais são órgãos de execução 
de procedimentos, que passamos a analisar a seguir: 
 
Funções Executivas: 
1- Matrícula: certos profissionais, para exercerem adequadamente sua atividade 
profissional, precisam possuir carteiras profissionais expedidas pela autoridade 
competente. No caso, a Junta Comercial possui competência para expedir carteiras 
para diversos profissionais, dentre eles leiloeiros, tradutores de documentos de 
constituição, alteração e encerramento de sociedades, trapicheiros (proprietários 
de atacadistas) e também diretores de atacadistas. Estes são alguns exemplos de 
profissionais, cujo regular desempenho de suas atividades depende da expedição 
de carteira pelo citado órgão. 
2- Arquivamento: arquivar significa levar todo e qualquer documento relativo à 
constituição, à alteração e ao encerramento do empresário, seja empresário 
individual ou sociedade empresária, tanto as nacionais como as estrangeiras. O 
papel da Junta Comercial é de relevante importância social, uma vez que, através 
de minuciosa análise, consegue impedir a criação de empresas fictícias, o uso 
indevido de documentos de terceiros, entre tantas outras situações ilícitas ou 
ilegais. Se a documentação estiver em conformidade com as regras exigidas, a 
Junta Comercial fará o Arquivamento do documento que lhe foi entregue, via 
protocolo. 
 
IMPORTANTE 
Para entender melhor: documento de constituição de sociedade 
empresária pode ser tanto o contrato social ou o estatuto social. O primeiro é o 
documento utilizado para a constituição das sociedades Limitadas, Comanditas 
Simples e Em Nome Coletivo; enquanto o segundo para as sociedades Anônimas e 
as Comanditas por Ações. Ambos os documentos, bem como as cinco espécies de 
sociedades citadas, serão estudados na Unidade 2. 
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30 
 
Já como exemplo de documento de alteração, podemos citar a Alteração 
Social para Admissão de Novo Sócio; ou ainda para comunicar o falecimento de 
certo sócio; também se faz alteração para aumentar ou reduzir o capital social, para 
alterar endereço, criar ou fechar filiais, enfim, toda mudança significativa que altere 
o estatuto ou contrato social deve ser informada à Junta Comercial. 
Por fim, documento de encerramento é aquele que trata da extinção da 
sociedade, seja por pretensão dos sócios ou por determinação judicial, como 
veremos na Unidade 2. 
Portanto, todo ato de constituição, alteração ou encerramento do empresário, 
deverá ser arquivado na Junta Comercial. 
3- Autenticação: constituído o empresário, surge a obrigação de manter 
documentada a sua vida contábil, permitindo assim que todo interessado possa 
conhecer os fatos econômico-financeiros relevantes ocorridos em determinado 
período. Desta forma, todo empresário deve escriturar, através das normas 
contábeis vigentes, sua contabilidade, em livros próprios que serão levados para 
autenticação na Junta Comercial onde está sediada a sociedade. Ressalte-se que, 
como veremos no próximo tópico, os livros contábeis NÃO têm o seu conteúdo 
analisado pela Junta Comercial, ou melhor dizendo, este órgão não tem o dever de 
averiguar se as informações contidas naqueles livros são falsas ou verdadeiras, o 
que a Junta Comercial faz é analisar a FORMA como os dados foram lançados. 
 
 2ª Obrigação: Escrituração dos livros obrigatórios 
Como foi observado no tópico anterior, é obrigação de toda e qualquer 
sociedade empresária manter em livros próprios a ocorrência de suas 
movimentações econômico-financeiras, através de lançamentos contábeis 
elaborados em padrão determinado por lei. 
O lançamento destes dados e informações acerca do patrimônio e faturamento 
da sociedade somente pode ser realizado por profissional habilitado, qual seja, o 
contabilista ou contador que, segundo o Código Civil, é o responsável pela 
veracidade das informações contidas nos livros, podendo ser responsabilizado, civil 
e criminalmente, por equívocos contidos nos citados livros. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
31 
 
 
Deve ser ressaltado que a contabilidade da sociedade empresária é um 
documento UNILATERAL, pois sua realização se dá por lançamento feito 
exclusivamente pela própria sociedade, através de profissional habilitado. Quer se 
dizer com isto que não há participação ou fiscalização da redação da contabilidade, 
o que propicia lançamentos fraudulentos e/ou incorretos. 
Atualmente, no Brasil, a contabilidade pode ser feita de forma manual, por 
meio mecanográfico (máquina de escrever), através de microfilmagem ou ainda, 
via procedimento eletrônico. 
Com o advento e a proliferação de computadores e programas específicos, a 
forma de lançamento mais usual é a última citada, por economizar tempo e ser 
mais precisa; não obstante, nada impede a utilização de qualquer dos outros três 
métodos previstos em lei. 
Independentemente do meio adotado para manter seus dados contábeis 
atualizados, ao providenciar a inserção das informações o empresário deve se 
atentar para fazê-lo seguindo duas espécies de requisitos: intrínsecos e extrínsecos. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
32 
 
Os primeiros estão ligados à forma de realização da inserção dos dados, 
enquanto os extrínsecos se referem às regras exigidas e analisadas pelas Juntas 
Comerciais. 
REQUISITOS 
 
INTRÍNSECOS EXTRÍNSECOS 
 Dados inseridos em ordem 
cronológica; 
 Valores em moeda nacional 
(em R$ atualmente); 
 Informações sempre em 
língua portuguesa; 
 proibição de rasuras, 
espaçamentos, entrelinhas, 
folhas em branco; 
 Termo de abertura (carimbo que a 
Junta Comercial providencia no livro); 
 Termo de encerramento (carimbo feito 
pela Junta Comercial); 
 Autenticação: ao analisar os livros 
contábeis, a Junta Comercial observa 
se os dados foram dispostos seguindo 
os requisitos INTRÍNSECOS de 
lançamento; em caso afirmativo, é feita 
a autenticação. 
 
Há pouco, no tópico anterior, dissemos que as Juntas Comerciais NÃO têm 
competência para analisar se os dados contábeis inseridos nos livros pelos 
empresários são reais ou fictícios, pois, somente é DEVER destes órgãos analisar o 
formato do lançamento. 
É preciso ficar claro que, caso eventual fiscalização feita pelas Receitas Federal, 
Estadual ou Municipal identificar equívocos contidos na contabilidade que FORA 
AUTENTICADA pela Junta Comercial, evidenciando sonegação fiscal, este órgão 
(Junta Comercial) NÃO será responsabilizado, uma vez que não é de sua 
competência analisar a veracidade das informações existentes nos livros. 
Já que adentramos na questão da fiscalização dos livros, passemos a entender 
as regras relativas ao direito de sua análise. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
33 
 
Inicialmente, os livros contábeis são pertencentes ao empresário, e graças ao 
Direito de Propriedade previsto na Constituição Federal, tais livros são para 
visualização dos próprios administradores e sócios da sociedade empresária. 
De outro lado,o Estado tem o poder e também o dever de fiscalizar o dia a dia 
econômico-financeiro das sociedades empresárias distribuídas pelo território 
nacional. Para cumprir tal mister, a legislação autoriza que os fiscais das Receitas 
Federal, Estadual, Distrital e Municipal tenham acesso à contabilidade da empresa 
para, em comparação com a documentação existente na sociedade, identificar se 
está havendo recolhimento tributário devido. Tal atribuição também é estendida 
aos fiscais da Previdência Social. 
Porém, além destas autoridades administrativas pertencentes à Administração 
Pública, há também a possibilidade de se requerer judicialmente, através do Poder 
Judiciário, via ação própria, a exibição dos livros para se esclarecer questões 
diretamente ligadas ao patrimônio e ou faturamento da sociedade. 
Imagine o falecimento de um sócio de certa sociedade em cujo documento de 
constituição (estatuto ou contrato social) haja cláusula dizendo que os herdeiros 
não ocuparão o lugar do sócio falecido, recebendo, portanto, valor equivalente à 
sua participação societária. Continuando nosso caso hipotético, suponha que o 
falecido detinha 20% (vinte por cento) do capital social, ou seja, era dono de um 
quinto da empresa e, portanto, seus herdeiros receberão 20% do valor total da 
sociedade. 
E é exatamente neste ponto que surge o problema: quanto vale a empresa 
toda? 
Sabemos que a sociedade possui patrimônio físico, como veículos, imóveis, 
móveis e utensílios, enfim, diversos bens materiais, que, em tese, são fáceis de 
serem avaliados. Digo em tese porque, como advogado atuante no meio 
empresarial, deparei-me com avaliações de imóveis realizados por duas ou mais 
imobiliárias com valores discrepantes em mais de 50%! No entanto, não resta 
dúvida no fato de ser mais complicado ainda se avaliar bens imateriais, como 
patentes, marcas, entre outros. Quanto vale a marca Petrobras® ou a expressão 
“Casas Bahia”? E a patente de motor para aviões movido a álcool? Posso lhes 
afirmar que quanto mais consultorias e auditorias especializadas forem 
contratadas, maiores serão as diferenças nos valores atribuídos! 
Direito Aplicado à Gestão 
 
34 
 
Mas estes exemplos serviram apenas para elucidar o quão difícil é quantificar o 
valor total de uma sociedade empresária e, por esta razão, torna-se bastante 
complicado descobrir quanto irão receber os herdeiros no caso de falecimento de 
sócio. 
Voltando agora ao nosso caso acima descrito, imaginemos que pelos 20% de 
participação deixada pelo finado, tenham os herdeiros recebido R$100.000,00 (cem 
mil reais). Segundo esta conta, o valor total de empresa seria R$500.000,00. 
Discordando os herdeiros de tais valores, poderão questionar na Justiça, através de 
ação própria, nova avaliação da sociedade e, consequentemente, revisão do valor 
que lhes fora pago. 
Para que o juiz consiga encontrar uma resposta adequada ao caso, necessário 
se fará a apresentação do histórico contábil da sociedade, contido nos livros que 
foram autenticados pela Junta Comercial. 
Assim sendo, apesar de serem sigilosos, os livros contábeis poderão ser 
apresentados, por ordem judicial, em processos cuja resolução depende de sua 
análise. 
Ainda assim, a utilização dos livros contábeis em favor da empresa somente 
será admissível se estiverem regulares e ainda, se a outra parte do processo (o 
autor ou réu) for outra sociedade ou algum sócio; já contra a sociedade, qualquer 
forma de escrituração poderá ser utilizada. 
Veja o quadro abaixo: 
PROVA 
Favorável Contrária 
 Regularidade na escrituração: os livros 
devem ser realizados seguindo os 
requisitos intrínsecos e extrínsecos, 
anteriormente estudados. 
 Isonomia das partes litigantes: a parte 
contra a qual a sociedade está 
demandando (“brigando” na Justiça) 
deve ser igual, em termos jurídicos, ou 
seja, outra sociedade ou algum sócio. 
 Dispensa qualquer requisito. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
35 
 
Diante de todo o exposto sobre a 2ª Obrigação do empresário, resta-nos 
apenas concluir o estudo analisando quais as consequências decorrentes da falta 
de escrituração, uma vez que sua realização e manutenção são obrigatórias. 
De um lado há as consequências denominadas SANCIONADORAS e de outro, as 
MOTIVADORAS, que devem ser entendidas da seguinte forma: 
a) Sancionadoras: se dividem em duas: 
1- Civil: presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte contrária. 
Utilizando o exemplo do sócio falecido que possuía 20% da sociedade e supondo 
que não haja livros contábeis para comprovar o valor da sociedade, em tese, a 
alegação feita pelos herdeiros prevalecerá sobre a da sociedade. 
2- Penal: tipificação de crime falimentar - o fato de não ter escrituração, por si 
só, não é crime; no entanto, em caso de processo de falência da sociedade, quando 
houver determinação do juiz para apresentação de certo livro contábil e este não 
existir, configura-se crime falimentar. 
 
b) Motivadoras: pelas consequências abaixo, a sociedade deixa de ter 
benefícios que, por vezes, são essenciais à sua continuidade. 
1- Inacessibilidade à Recuperação de Empresas: toda sociedade que não 
tem a escrituração fica impedida de requerer pedido de recuperação de empresas, 
antes chamada de Concordata. 
2- Ineficácia probatória: inexistindo escrituração, fica a sociedade 
impossibilitada de fazer prova em seu favor, no sentido de comprovar determinada 
movimentação financeira, alteração patrimonial, eventual prejuízo, etc. 
3- Impossibilidade parcial de verificação da conta: um processo de falência é 
o levantamento do ativo e passivo da empresa. Não dispondo a sociedade de sua 
contabilidade, fica impedida de comprovar sua movimentação financeira. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
36 
 
 3ª Obrigação: Realização das demonstrações contábeis 
A terceira e última obrigação sob a ótica do Direito de Empresa é a elaboração 
dos balanços contábeis. 
Através deste procedimento, toda a escrituração contida em diversos livros 
contábeis é sintetizada em algumas poucas páginas, facilitando a pesquisa de 
informações e a visualização da situação da sociedade. 
Segundo a legislação vigente, as sociedades empresárias em geral devem 
elaborar o balanço, ao menos, uma vez por ANO. 
De outro lado, outras sociedades devem fazê-lo a cada seis meses. Trata-se das 
Sociedades Anônimas com previsão em seu estatuto social, bem como as 
instituições financeiras. A finalidade desta regra é permitir que os interessados 
acompanhem a situação patrimonial, econômica e financeira dos Bancos, 
Financeiras, enfim, das sociedades que trabalham com a capacitação do dinheiro 
da chamada economia popular, ou seja, da população em geral, visando antever a 
possível “quebra” destas sociedades, pois como sabemos, a falência de um 
supermercado, por exemplo, tem consequências infinitamente inferiores a de um 
Banco, onde estão depositadas as economias de diversos investidores. 
Seguindo as regras jurídicas (que diferem das contábeis), há três espécies de 
balanços: 
1 – Ordinário: é o balanço obrigatório, que deve ser feito anual ou 
semestralmente, como vimos acima. A prática tem demonstrado que o critério de 
elaboração desta espécie gera divergências entre o valor real dos bens e o contido 
no balanço. 
2 – Especial: o critério de elaboração e os dados são os mesmos do balanço 
ordinário, com a diferença de que neste, o MOMENTO da realização é diverso. O 
feitio do balanço especial, diferentemente do ordinário, não é obrigatório; sua 
realização somente ocorre se houver necessidade. Geralmente são realizados a 
pedido de pessoa que pretende adentrar na sociedade já existente e quer 
conhecer a situação da sociedade, bem como por pedido de sócio que está se 
retirando ou herdeiros de sócio falecidoque pretendem apurar o valor da 
participação societária. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
37 
 
3 – De Determinação: tal qual o especial, também não é obrigatório, sendo 
realizado sempre que houver interesse da sociedade, de sócio, de herdeiros ou 
sócios ingressantes. Através desta espécie, procura se aproximar ao máximo do 
valor real da sociedade. Este balanço geralmente é realizado por empresas 
especializadas de consultoria ou auditoria, que fazem a reavaliação de todo o 
patrimônio da sociedade. Sem dúvida alguma, dos três balanços estudados, o 
balanço de determinação é aquele que mais se aproxima da verdadeira situação 
em que a sociedade empresária se encontra. 
Para encerrar o estudo da terceira e última obrigação do empresário, passemos 
a analisar as consequências advindas da falta de realização dos balanços, que 
podem ser enumeradas da seguinte forma: 
 Proibição de participar de licitações públicas: sociedades que prestam 
serviços ou fornecem bens para o Poder Público serão 
desclassificadas se deixarem de juntar os balanços solicitados no 
edital de licitação; 
 Proibição de requerer a recuperação da empresa (antiga concordata): 
em anexo ao pedido de recuperação judicial, feito ao Poder 
Judiciário, devem ser juntados balanços dos três últimos anos que 
antecederam à crise da sociedade, assim o empresário que não possui 
o balanço, fica impossibilitado de ajuizar o pedido citado. 
 
Elementos do estabelecimento empresarial 
 
Foi dito anteriormente que dentre as pessoas jurídicas de direito privado 
existentes no Código Civil, apenas as sociedades empresárias possuem fins 
lucrativos, enquanto as associações e fundações têm fins não-lucrativos 
(assistencial, filantrópico, desenvolvimento do bem comum, etc). 
Assim sendo, para concretizar sua finalidade e atingir seu objetivo social, 
depende a sociedade da formação de um CONJUNTO DE BENS organizados e 
dispostos de forma a permitir o desenvolvimento da atividade econômica 
(lucrativa) pretendida. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
38 
 
Segundo o Código Civil, este conjunto de bens, tanto materiais como 
imateriais, é denominado ESTABELECIMENTO. 
Desta forma, todos os bens adquiridos de forma lícita pela sociedade passam a 
integrar o seu estabelecimento. 
Devemos nos lembrar que para iniciar a atividade econômica pretendida, os 
sócios contribuem com recursos próprios que são transferidos para a sociedade, 
sendo o total destes recursos denominado de Capital Social, cujo valor constará do 
contrato ou estatuto social, como teremos a oportunidade de ver na unidade 2. 
Com o passar dos dias, os bens da sociedade sofrem desvalorização, como 
ocorre com veículos, móveis e utensílios e outros podem se valorizar, como ocorre 
com a marca ou o imóvel localizado em região que se valorizou. 
Isto posto, devemos nos ater ao fato de que o estabelecimento empresarial 
pertence à sociedade empresária e não aos seus sócios. Estes, pelos recursos 
particulares que transferiram na constituição da sociedade, recebem em troca 
participação societária: um percentual (%) proporcional ao capital social. 
Supondo que um sócio transfira um veículo que lhe pertencia para a sociedade, 
este bem agora é propriedade da organização e, em caso de retirada deste sócio, 
não há nenhuma regra que obrigue a sociedade a “devolver-lhe” o automóvel; o 
retirante terá direito a receber valor equivalente ao seu percentual de participação 
na sociedade. 
Diante deste cenário, temos que destacar que o estabelecimento empresarial é 
composto por todos os bens pertencentes à sociedade empresária, que os 
administra, os aliena, os dá em garantia, enfim, dá-lhes a destinação adequada para 
o bom desenvolvimento de sua atividade econômica. 
O estabelecimento empresarial é composto por bens MATERIAIS e IMATERIAIS. 
 
Direito Aplicado à Gestão 
 
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Outro assunto que merece destaque quando se estuda o estabelecimento 
empresarial é o denominado FUNDO DE EMPRESA (ou fundo de comércio), 
visualizado como o VALOR AGREGADO atribuído ao negócio. 
Note bem: com o desenvolvimento da atividade e o passar dos anos, parte dos 
bens do estabelecimento sofrerá valorização e outra, desvalorização. No entanto, o 
negócio como um todo passa a ter uma sobrevalorização. 
Imagine que dois sócios invistam R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) em um 
posto de combustível. Um ano depois, os bens móveis sofreram desgastes e 
passaram a valer menos, mas, em virtude do faturamento, da clientela formada, do 
“bom nome na praça”, caso queiram vender o posto de combustível, certamente o 
farão por valor superior ao inicialmente investido, ou seja, por mais de 
R$500.000,00. 
Mas, qual o motivo do negócio valer mais se os bens existentes se 
desvalorizaram? O que fez o negócio como um todo ter valor adicional é 
exatamente o fundo de empresa, valor que agrega ao estabelecimento em virtude 
de um conjunto de fatores, como boa administração, marketing, conquista de 
clientela, possibilidade de faturamento condizente, dentre tantos outros. 
Considerando-se que, via de regra, o fundo de empresa advém da valorização 
dos bens imateriais da sociedade empresária, passemos a estudá-los para 
aprender, na prática, quais as providências adequadas para protegê-los. 
 
I – Ponto comercial 
Deve-se entender por ponto comercial o local onde a empresa é desenvolvida, 
não importando se o imóvel pertence ou não à própria sociedade. 
Sendo o ponto comercial localizado em imóvel pertencente à sociedade não 
há, sob a ótica do Direito Empresarial, questões de grande relevância, salvo as 
ligadas ao Direito da Concorrência, que serão abordadas em unidade a seguir. 
Já quando o ponto comercial deriva de contrato de locação, a legislação 
brasileira tratou de disciplinar a relação locatícia, visando permitir que o 
proprietário do imóvel e empresário obtenham o resultado esperado quando 
firmaram a negociação. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
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Ao longo da história, principalmente no início do século passado, entre 1910 e 
1930, quando não havia legislação sobre o assunto, era corriqueiro encontrar 
abusos na relação locatícia. O inquilino, sociedade empresária, encontrava o ponto 
ideal para seu negócio, fazia contrato de locação por prazo curto e às vésperas de 
seu término, ao procurar o proprietário para renová-lo, era surpreendido por 
“reajuste” extremamente elevado. Isto ocorria com frequência, pois o proprietário, 
ao notar que o negócio do inquilino estava prosperando, exatamente em virtude 
da localização da empresa, aproveitava-se da oportunidade e impunha valor ao 
aluguel muito superior ao inicialmente combinado. O inquilino tinha duas saídas: 
ou aceitava o reajuste ou saía do imóvel. Em muitas vezes, como o ponto lhe era 
essencial, via-se obrigado a se sujeitar à situação. 
Por esta razão, o Estado passou a criar normas protetivas para o inquilino, 
sendo que, atualmente, está vigente a Lei nº 8.245∕91 que trata tanto da locação 
para fins residenciais e não-residenciais. 
Importa-nos compreender a locação chamada de EMPRESARIAL, aquela em 
que o inquilino (locatário) é necessariamente sociedade empresária e que exercerá, 
no imóvel locado, sua atividade. 
Entretanto, para ter proteção legal e evitar abusos, como o citado 
anteriormente, o inquilino-empresário deve obter os seguintes requisitos: 
1 – contrato escrito e com prazo determinado; 
2 – prazo mínimo de 5 anos ininterruptos; e 
3 – prazo mínimo de exercício da mesma atividade por 3 anos ininterruptos. 
 
Realizando o contrato nestes termos, o empresário não poderá ser 
surpreendido por reajustes abusivos ao término de seu contrato, tendo a 
oportunidade de renovar o contrato por valor justo eadequado à realidade do 
mercado. 
Se, antes do término do contrato, o proprietário não demonstrar interesse em 
renová-lo, ou exigir valor discrepante do valor de mercado, poderá o inquilino 
ajuizar Ação Renovatória, cuja finalidade é dar ao inquilino a possibilidade de 
continuar a exercer sua atividade no imóvel locado, preservando seu ponto 
comercial e pagando aluguel justo. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
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Claro que, em caso de ajuizamento da Ação Renovatória, o inquilino deverá 
comprovar, além dos requisitos citados, estar adimplente com suas obrigações 
contratuais, como pagamento de IPTU, seguro de incêndio, aluguéis, etc., além 
disso, terá que apresentar ao juiz, proposta justa do valor que pretende pagar em 
caso de renovação obrigatória. 
 
II – Nome empresarial 
 
Dentre os bens imateriais pertencentes ao estabelecimento, estes três 
merecem destaque especial no Direito Empresarial, pois identificam o empresário, 
a atividade que desenvolve e o produto ou serviço que comercializa ou presta. 
Devemos esclarecer que a legislação vigente protege apenas a marca e o nome 
empresarial, razão pela qual dedicamos um capítulo, a seguir, relativo à forma mais 
adequada para se proteger o título do estabelecimento. 
O Nome Empresarial identifica o próprio empresário. É o nome da pessoa 
jurídica contido no contrato ou estatuto social. Trata-se do nome que será utilizado 
em contratos e em processos, ou seja, é o nome da sociedade empresária. Por 
exemplo: Banco do Brasil S.A.; Agropecuária Terra Roxa Ltda; Companhia 
Siderúrgica Nacional, entre tantos outros. 
O contrato ou estatuto social possui cláusula obrigatória descrevendo o nome 
empresarial e, por assim ser, seu registro se dá na Junta Comercial, tendo, apenas, 
proteção estadual, o que significa dizer que poderão existir dois nomes 
empresariais IGUAIS, pertencentes a proprietários diversos, desde que em Estados 
brasileiros diferentes, como ocorre, por exemplo, com o nome Araguaia 
Engenharia S.A. Tal nome foi registrado por uma empreiteira de Uberlândia (MG) e 
por outra, concorrente, em São Paulo, capital. Em certa ocasião, a empreiteira 
mineira participou de licitação de obra na cidade de São Paulo e sua concorrente 
também o fez, momento em que ambas descobriram a ocorrência. O fato é que a 
legislação permite tal situação, já que as empresas possuem CNPJ distintos, 
endereços próprios, etc., mas, sem dúvida alguma, gera grande confusão. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
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Para ficar claro, em cada Estado brasileiro somente pode haver um único nome 
empresarial, independentemente do ramo de atividade. Em Minas Gerais está 
registrada a sociedade Agropecuária Terra Roxa Ltda, cuja atividade agrária é o 
plantio de grãos. Supondo que o dono de loja de produtos agrícolas queira dar ao 
seu negócio o mesmo nome, ainda que não seja concorrente daquela fazenda já 
existente, não o conseguirá, visto que naquele Estado já há tal nome registrado. 
Ao se registrar qualquer sociedade na Junta Comercial, faz-se a chamada busca 
prévia do nome pretendido, pois, já tendo o nome sido registrado, tornar-se-á 
impossível novo registro. 
Outra questão que merece destaque refere-se à formação do nome 
empresarial, uma vez que a legislação proíbe a criação de nome empresarial que 
induza em erro. A finalidade, desta norma, é evitar a utilização de nomes de 
pessoas ou marcas conhecidas por terceiros. 
Sabe-se que Abílio Diniz, renomado empresário no cenário nacional, que atua 
no ramo comercial, é proprietário do Grupo Pão de Açúcar. Supondo que certa 
pessoa queira criar uma sociedade com o nome Abílio Diniz Comércio de Máquinas 
e Implementos Agrícolas Ltda, certamente estará pretendendo induzir terceiros 
com os quais manterá negociações e firmará contratos em erro, fazendo-os 
acreditar que o afamado empresário seja seu sócio; por esta razão, não se pode 
criar nome empresarial utilizando-se de nomes de terceiros ou marcas. 
 
Marca 
 
Marca é todo sinal distintivo utilizado para distinguir certo produto ou serviço. 
Por sinal distintivo, entende-se toda e qualquer palavra, letras, algarismos, 
desenhos, logomarcas e formas criadas pelo seu titular para permitir que o 
consumidor identifique o produto ou serviço. 
O registro da marca deve ser feito no Instituto Nacional de Propriedade 
Intelectual – INPI – e após sua concessão, seu titular possui proteção em todo o 
território nacional. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
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A criação da marca segue algumas regras. A primeira é a chamada Novidade 
Relativa. O INPI possui extensa classificação de produtos ou serviços e, ao se 
registrar certa marca, deve-se fazê-lo por categoria. Isto permite que existam duas 
ou mais marcas iguais, porém associadas a produtos ou serviços diferentes. 
A palavra VEJA é marca registrada. Identifica qual produto? Na verdade, mais de 
um produto: 
Portanto, no Brasil, pode haver mais de um titular (proprietário) para a mesma 
marca, SALVO se for marca de ALTO RENOME, como Petrobras ou Havaianas. 
Nestes casos, por serem marcas conhecidas pela maioria dos consumidores, não se 
permite registrá-las ainda que em categoria diversa. O exemplo citado, Havaianas, 
trata de tradicional marca de sandália de borracha, no entanto, caso um 
empresário fabricante de lápis queira registrar esta marca para associar ao seu 
produto, não obterá o registro no INPI. 
Outra regra conhecida como não colidência com marca notória visa impedir 
que se cause dúvida ao consumidor. Ocorre quando se pretende utilizar marca com 
características similares a de outra marca relativamente conhecida do público. 
Veja o caso ocorrido em Uberlândia, interior mineiro: o dono de certo bar fez 
constar na fachada a seguinte palavra: BARMERINDUS. Havia na ocasião o Banco 
BAMERINDUS. As palavras não são as mesmas, no entanto, o nome do bar se 
assemelha ao do banco, cuja marca já estava registrada. Se o dono do bar tentasse 
registrar a palavra BARMERINDUS no INPI, ainda que seu ramo de atividade 
(categoria) seja completamente diversa da do Banco, não o conseguiria por colidir 
com marca notória. 
 
Título do estabelecimento 
 
Por Título do Estabelecimento compreende-se a expressão utilizada na fachada 
do ponto comercial. O empresário cria o título para permitir à sua clientela que o 
encontre com maior facilidade. Como a marca, o título pode ser composto por 
palavras, algarismos e desenhos. 
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O título do estabelecimento, segundo a legislação vigente, não possui órgão 
para seu registro e consequente proteção. Esta falta de legislação permite a 
existência de inúmeros títulos iguais, utilizados por empresários diferentes. 
Em diversas cidades brasileiras, encontramos churrascarias em cuja fachada lê-
se “CHURRASCARIA GAÚCHA”! Evidente que não pertencem aos mesmos 
proprietários; não se trata de franquia ou rede, mas sim da utilização de uma 
expressão alusiva aos gaúchos, exímios e tradicionais churrasqueiros. 
No entanto, o que importa é que uma não concorra com a outra. Em cidades 
grandes, como São Paulo, uma churrascaria localizada na Zona Sul cujo rodízio 
custe R$60,00 (sessenta reais) pode ter o mesmo nome de outra localizada na Zona 
Sul em que o cliente pague R$15,00 (quinze reais) já que a freguesia não irá 
associar uma à outra. O que a legislação proíbe é a tentativa de enganar o 
consumidor. 
Analisados os principais bens imateriais, passemos ao último tópico desta 
unidade. 
 
A marca e a proteção ao título do estabelecimento 
 
Acabamos de demonstrar, no tópico anterior, que não há órgão de registro 
para se proteger o título do estabelecimento.Por esta razão, a estratégia adotada pela maioria dos empresários brasileiros é 
registrar a expressão que utiliza como título do estabelecimento como marca, uma 
vez que a marca é protegida em todo o território nacional. 
Tomemos o Banco do Brasil como exemplo e já aproveitando para recapitular o 
que fora estudado na unidade anterior. 
A expressão “Banco do Brasil S.A.” é o nome empresarial desta instituição 
financeira. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
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Estes nomes e símbolos são o título do estabelecimento. No entanto, por 
precaução e para evitar problemas, todos estes sinais estão registrados no INPI 
como marca. 
Você já deve ter passado por alguma estrada e avistado um posto de 
combustível com a marca estampada na fachada. 
Agora, responda: qual a marca deste posto? Se você respondeu BR, errou! 
Observe novamente e verá que se trata de claro exemplo de indução em erro 
para lesar o consumidor! Está escrito na fachada deste posto de combustíveis a 
expressão I3R (treze R). A junção do número 1 (em algarismo romano I) com o 
algarismo 3, assemelha-se à letra B! 
Veja bem. O dono desta rede de postos criou um título do estabelecimento 
alterando marca notória. Se este proprietário tentar registrar sua “marca” I3R no 
INPI, não o conseguirá por se tratar de palavra que colide com marca notória. 
Por outro lado, a Rede BR de postos de combustíveis tem ajuizado ações 
coibindo a prática de tal atitude, cujo ÚNICO e EXCLUSIVO objetivo é induzir o 
consumidor em erro, não apenas pelo título do estabelecimento absolutamente 
similar, mas também pelo uniforme de seus empregados. 
Terminamos aqui nossa primeira unidade de estudo onde estudamos a 
importância do Direito Aplicado à Gestão no cenário econômico nacional, os 
elementos conceituais e teóricos, além de experiências práticas dos aspectos 
jurídicos que norteiam as decisões empresariais; conceitos que sustentam a 
atividade econômica; e a importância de se adequar toda e qualquer decisão ao 
que está previsto em lei, evitando assim, futuros problemas jurídicos; 
 
É HORA DE SE AVALIAR! 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
Na próxima unidade vamos estudar o Direito societário. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
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Exercícios- unidade 1 
 
1. Sabe-se que o empresário possui algumas obrigações determinadas por lei. 
Dentre essas obrigações, estão as abaixo descritas, EXCETO: 
a) Abertura, encerramento e arquivamento dos livros. 
b) Escrituração regular e sucessiva dos livros. 
c) Registro da atividade econômica na Junta Comercial. 
d) Elaboração anual do balanço ordinário para os empresários em geral. 
e) Autenticação dos livros contábeis. 
 
2. Analise as informações. 
1. A clientela é elemento corpóreo pertencente ao estabelecimento 
empresarial. 
2. O não registro da atividade gera a Sociedade em Comum. 
3. Estabelecimento empresarial é a denominação que se dá ao conjunto 
de bens do empresário. 
4. A falta de escrituração é considerada crime no processo falimentar; 
porém, a falta de escrituração por si só, não é considerada crime. 
 
A seguir marque a alternativa CORRETA: 
a) há somente uma frase correta. 
b) há somente duas frases corretas. 
c) há somente três frases corretas 
d) há quatro frases corretas. 
e) todas as frases estão incorretas. 
Direito Aplicado à Gestão 
 
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3. Nos termos da legislação vigente, considera-se empresário: 
a) quem realiza, no curso de suas atividades, atos caracterizados como atos de 
comércio. 
b) quem pratica, no desempenho de sua atividade profissional, a mercancia com 
habitualidade. 
c) quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
d) quem exerce atividade profissional e econômica com intuito de lucro, 
organizando-se em regime societário. 
e) quem presta serviços como empregado, a empregador pessoa física ou 
jurídica. 
 
4. Sobre as obrigações do empresário, é CORRETO afirmar que: 
a) o empresário não é obrigado a promover a sua inscrição no Registro Público 
de Empresas Mercantis, ou seja, na Junta Comercial. 
b) a Junta Comercial é o único órgão do Registro Público de Empresas Mercantis 
autorizado a receber a inscrição dos empresários. 
c) o empresário deve proceder à escrituração, salvo quando declara que não irá 
fazê-la, no ato de sua inscrição. 
d) o empresário pode se negar a apresentar os livros contábeis, ainda que para os 
fiscais da Receita ou do INSS. 
e) a autenticação dos livros é uma faculdade do empresário. 
 
5. Marque a alternativa INCORRETA. 
a) Os livros contábeis poderão ser exibidos em processo judicial por ordem do 
juiz, de forma parcial ou total. 
b) O fundo de empresa é o valor agregado à sociedade empresária. 
c) A Teoria da Empresa foi adotada por reduzir o rol de atividades protegidas pelo 
Direito de Empresa. 
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d) As associações e fundações podem ser registradas como sociedades 
empresárias, pois possuem fins lucrativos. 
e) O empresário individual é obrigado a registrar sua atividade econômica na 
Junta Comercial. 
 
6. Assinale a alternativa CORRETA. 
a) A proteção da marca decorre de registro no INPI e o direito de exclusividade 
de exploração abrange todas as classes de produtos ou serviços, salvo em se 
tratando de marca de alto renome. 
b) O título de estabelecimento identifica os bens imóveis do empresário. 
c) O estabelecimento é um conjunto de bens pertencentes à sociedade 
empresária. 
d) O conjunto de recursos destinados à formação da sociedade empresária é 
chamado de contrato social. 
e) São bens componentes do estabelecimento, dentre outros, o estoque, a 
marca, os móveis e os imóveis e os empregados. 
 
7. Em termos jurídicos, é INCORRETO afirmar que: 
a) o empresário é a pessoa física ou jurídica exploradora da atividade econômica. 
b) a Sociedade Empresária e Empresário Individual são espécies de Empresário. 
c) a Sociedade Empresária é a pessoa jurídica que explora uma empresa. 
d) o Empresário Individual é a pessoa física que explora uma empresa. 
e) a Empresa é a organização que explora certa atividade econômica, utilizando-
se dos meios de produção para atingir seu fim. 
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8. A falta de registro da atividade econômica acarreta as seguintes consequências, 
EXCETO: 
a) perda da proteção do patrimônio pessoal dos sócios. 
b) impossibilidade de registrar a sociedade em órgãos públicos, como na Receita 
Federal e no INSS. 
c) cria a Sociedade em Comum, subdividida em “De Fato” e “Irregular”. 
d) proíbe a sociedade de requerer a recuperação judicial. 
e) impede a sociedade de exercer sua atividade econômica. 
 
9 - Ferdinando e Antonieta constituíram a “Irmãos da Fé Ltda.” que atua no ramo 
de comercialização de bíblias, livros e CDs religiosos, investindo R$ 30.000,00 cada 
no negócio. Registraram o negócio na Junta Comercial e em sua fachada lê-se “A 
Casa da Fé”. Fiscais da receita estadual estiveram no referido estabelecimento e, ao 
analisarem a escrituração apresentada, notaram que houve imensa sonegação 
fiscal, elaborando, de imediato, auto de infração fiscal no valor de R$ 16.000,00. 
Com base nesses dados, responda as seguintes questões: 
Cite, com base no texto, considerando os termos jurídicos, o nome da sociedade 
empresária, dos sócios e da empresa. 
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