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Gestão para Inovação Mudanças e Conflitos Administrar conflitos e resiliência Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Jacqueline Mazzoni Revisão Textual: Profa. Esp. Márcia Ota 5 Un id ad e Administrar conflitos e resiliência Administrar conflitos e resiliência No mundo contemporâneo, muitas são as variáveis que, se trabalhadas garantem diferenciação à empresa. Duas delas é a capacidade empresarial de mudanças e a capacidade lógica e racional de planejamentos estratégicos, onde se inclui atividade, produtos, serviços e pessoas, evidentemente. Diney (2005), deixa claro que com o advento da Revolução Industrial, com a recente explosão tecnológica e a globalização, atualmente todas as empresas que geram empregos, estão passíveis de conflitos internos, principalmente, por ser essas empresas um ambiente de relação de pessoas, de subjetividades aliadas ao objetivo da empresa, mas de ser também um ambiente em que cada indivíduo tem sua própria. Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Administrar conflitos e resiliência • Conflitos nas organizações • Estratégia para Administrar Conflitos • Processo de Negociação • Resilência 6 Unidade: Administrar conflitos e resiliência Hoje, cada vez mais, as empresas impõem-se em complexidades, em necessidades de serem competitivas, para, no mínimo, manterem-se vivas, tornando-se dinâmicas e inteligentes. A relação empresas e mercado, produção e demanda qualidade e satisfação, vão se somando à evolução de um quadro complexo de mutações na sociedade pós- industrial. Consequentemente, a cada momento novos conflitos internos vão se manifestando, às vezes de forma positiva, outras vezes negativamente. Mas, em todos os casos, requerem que os conflitos sejam administrados, para então, serem conhecidas as suas causas, da mesma forma que os efeitos, que podem servir de reflexões e norteamentos para novos caminhos e planos. Nenhuma empresa deve ser percebida com fim em si mesma, ou dependente exclusivamente do seu objetivo. Ao contrário, uma empresa para fluir deve ser vista como um organismo em que as partes do seu contexto são constituídas por várias as dimensões componentes, são representadas, como diz Dubrin,( 2003), pelos múltiplos stakeholders, que são os indivíduos, as entidades ou os grupos de interesse que exercem pressão sobre os rumos estratégicos da organização, posto que, os influenciam e/ou são por eles influenciados. Neste contexto, a legitimidade da empresa passa a ser vista como a sua capacidade de construir estratégias sócio-ambientais que contemplem as demandas dos múltiplos atores. Desta forma, a estratégia caracteriza-se menos como um plano deliberado e mais como um processo socialmente construído a partir da mediação de conflitos e articulação de compromissos entre a organização e diversos outros atores. Nas organizações, as pessoas costumam agruparem-se em função de algum interesse comum ou em razão da coincidência de valores e modos de pensar. Mesmo quando ocorre essa identidade, não há como evitar conflitos, pela simples razão de que a competição está no cerne da condição humana, notadamente em uma sociedade onde a diferenciação entre as pessoas é naturalmente cultivada e estimulada. Conceito e conflitos Cada ser humano é um mundo e, por isso, possui diferenças em suas formas de sentir, perceber, pensar e agir. Na convivência humana, essas diferenças individuais são inevitáveis e influenciam a dinâmica interpessoale organizacional, pois, podem se transformar em discussões, tensões, insatisfações... Enfim, originam os conflitos. Elas não são consideradas inerentemente boas ou más; são até desejáveis e valiosas porque propiciam riquezas de possibilidades de ação dirigida a qualquer resolução de problema. Para a escola psicanalítica, por exemplo, o conflito nada mais é que uma forma de auto- afirmação do ego quando se relaciona com o outro diferente de si mesmo. Tem sido a base da estruturação psíquica do indivíduo, as forças motrizes de seu aparelho psíquico, o conflito é algo inerente ao grupo social. Nada mais comum, então que ao estar em grupo o sujeito, dotado de uma natureza contraditória manifeste em suas relações esta forma de comportamento. Etimologicamente a palavra Conflito vem do latim Conflitu, que significa choque, embate, peleja ou ainda, do verbo Configere, que significa lutas. De acordo com Ferreira (2000,p.363), a palavra conflito, substantivo masculino significa. 7 (1) Embate dos que lutam; (2) Discussão acompanhada de injúrias e ameaças – desavença; (3) Guerra; (4) Luta, combate; (5) Colisão, choque: as opiniões de dois ou mais entram sempre em conflito; (6) Psiq. Penoso estado de consciência devido a choque entre tendências opostas e encontrado, em grau variável, em qualquer indivíduo. As pessoas nunca têm objetivos e interesses idênticos. As diferenças de objetivos e interesses individuais sempre produzem alguma espécie de conflito. O conflito é inerente à vida de cada indivíduo e faz parte inevitável da natureza humana. Constitui o lado oposto da cooperação. A palavra conflito está ligada à discórdia, divergência, dissonância, controvérsia ou antagonismo. Para que haja conflito, além da diferença de objetivos e interesses, deve haver necessariamente uma interferência deliberada de uma das partes envolvidas. Segundo Moscovici,(2004), o conflito existe quando uma das partes - seja indivíduo ou grupo - tenta alcançar seus próprios objetivos interligados com alguma outra parte e esta interfere na outra que procura atingir seus objetivos. A interferência pode ser ativa (mediante ação para provocar obstáculos, bloqueios ou impedimentos) ou passiva (mediante omissão). Assim, o conflito é muito mais do que um simples desacordo ou desavença: constitui uma interferência ativa ou passiva, mas deliberada para impor um bloqueio sobre a tentativa de outra parte de alcançar os seus objetivos. Robbins (2005), define conflito como um processo que tem início quando uma das partes percebe que a outra parte afeta, ou pode afetar, negativamente, alguma coisa que a primeira considera importante. Conflitos nas organizações Condições Antecedentes dos Conflitos Dentre os diversos fatores que causam disfunções na organização, segundo Dubrin (2003), encontram-se: os fatores internos ao individuo e as condições organizacionais envolvidas (conflitos de papéis, ambiguidade de papel e trabalho emocional). Tudo isso está muito relacionado com as percepções e percepções seletivas dos colaboradores, a forma como eles veem e sentem as situações do dia a dia de seu trabalho. Por um lado, as organizações exigem pessoas flexíveis,multifuncionais, que possuam um alto grau de inteligência inter e intrapessoal. Concomitantemente, as condições existentes na situação de trabalho, de maneira geral, têm gerado, para um grande número de trabalhadores com desajustes comportamentais, estresses, somatizações e inadequações ao trabalho, muitos deles causados por conflitos. Ou seja, encontram-se relações incoerentes entre aquilo que ela espera dos seus colaboradores e aquilo que ela ofereça para que a situação desejada pelos gestores se concretize. Esse ponto é um gerador de situações conflituosas o qual merece uma atenção especial por parte dos gestores. 8 Unidade: Administrar conflitos e resiliência Transições na Conceituação de Conflito No passado, o conflito era um elemento indesejável, suprimido à força ou simplesmente ignorado. Por esse motivo Robbins (2005), apresenta as abordagens sobre conflito, que são a visão tradicional, a visão das relações humanas e a visão e interacionista. a) Visão tradicional: esta abordagem dizia que todo conflito era ruim e que, portanto, deveria ser evitado. O conflito era visto como uma disfunção resultante de falhas de comunicação, falta de abertura e de confiança entre as pessoas, contraproducentes,usados como sinônimo de destruição, rebeldia, anarquismo, irracionalidade e um fracasso dos administradores em atender às necessidades e às aspirações de seus funcionários. A visão tradicional era consistente com as atitudes de grupo que prevaleciam nas décadas de 30 e 40. b) Visão das relações humanas: esta abordagem argumenta que o conflito é uma consequência natural e inevitável em qualquer grupo, não sendo necessariamente ruim, podendo ter o potencial de ser uma força positiva na determinação do desempenho do grupo, ou seja, o conflito passou a ser encarado como uma algo natural nos grupos e nas organizações. A visão das relações humanas dominou a teoria sobre conflitos do final dos anos 40 até a metade da década de 70. c) Visão interacionista: esta abordagem, que é a mais recente, propõe não apenas que o conflito pode ser uma força positiva, como defende abertamente a tese de que algum conflito é absolutamente necessário para o desempenho eficaz de um grupo. A principal contribuição desta abordagem, portanto, é encorajar os líderes dos grupos a manter um nível mínimo constante de conflito suficiente para manter o grupo viável, autocrítico e criativo. Fica evidente que é inapropriado dizer que todos os conflitos são bons ou ruins. O que torna um conflito bom ou ruim é a sua natureza. Tipos de Conflitos O conflito é um elemento importante. Seja na dinâmica pessoal ou organizacional, é um fator inevitável. Por mais que se desenvolvam esforços no sentido de eliminá-lo, não poderemos contê-lo. Observam-se, hoje, inúmeros profissionais disseminando fórmulas e estratégias para trabalhar com os conflitos. No entanto, o que se faz necessário é conhecê-los, saber qual é sua amplitude e como estamos preparados para trabalhar com eles. 9 Existem vários tipos de conflito e sua identificação pode auxiliar a detectar a estratégia mais adequada para administrá-lo. Em sua obra Dubrin (2003) classifica os conflitos em duas grandes categorias: conflitos funcionais (aqueles que apoiam e melhoram os desempenhos dos objetivos) e conflitos disfuncionais (aqueles que estão dentro de uma perspectiva destrutiva), classificação essa, também, adotada por Robbins (2005). Ainda dentro dessas categorizações Robbins (2005) classifica os conflitos em três tipos: • Existem os conflitos funcionais que atuam de forma construtiva apoiando os objetivos do grupo e melhorando o desempenho e existem os conflitos disfuncionais que atrapalham o desempenho do grupo. Diferenciamos conflitos funcionais de disfuncionais observando o tipo de conflito. Existem três tipos: de tarefa, que está relacionado com o conteúdo e os objetivos do trabalho; de relacionamento, que se refere às relações interpessoais e de processo, que se relaciona à maneira como o trabalho é realizado. • Estudos mostram que os conflitos de relacionamento são quase sempre disfuncionais, pois, conflitos de relacionamento aumentam o choque de personalidades e reduzem a compreensão mútua, impedindo, assim, a realização das tarefas organizacionais. Para que o conflito de processo seja produtivo, seu nível tem de ser baixo, pois muita discussão sobre quem deve fazer o quê se torna disfuncional quando gera incertezas sobre os papéis de cada um, aumentando o tempo de realização das tarefas. Um nível baixo a moderado de conflito de tarefa tem demonstrado um efeito positivo no desempenho do grupo, por estimular a discussão de ideias que ajudam o trabalho do grupo. • Segundo Chiavenato (1999), o conflito pode ocorrer no contexto do relacionamento entre duas ou mais partes: pode ocorrer entre pessoas ou entre grupos como conjuntos de pessoas. Também pode ocorrer entre mais de duas partes ao mesmo tempo. Quando ocorre entre pessoas, o conflito individual pode ser interno: quando ocorre intimamente dentro de uma pessoa em relação a sentimentos, opiniões, desejos e motivações divergentes e antagônicas. É o chamado conflito psicológico ou intra-individual, de natureza íntima da pessoa. O externo envolve vários níveis: interpessoal, intragrupal, intergrupal, intra- organizacional e inter-organizacional com interesses ou objetivos antagônicos. Neste texto, há a intenção de se aprofundar nesses pontos. Um ponto importante a ressaltar segundo Chiavenato (1999),é que o conflito pode acontecer em três níveis de intensidade, descritos a seguir: a) Conflito percebido: acontece quando as partes percebem e entendem que há conflito porque sentem que seus objetivos são diferentes dos objetivos dos outros e que existem oportunidades para interferência ou bloqueio; b) Conflito experienciado: ocorre quando o conflito provoca sentimentos de hostilidade, medo, descrédito entre uma parte e outra. Pode ser chamado de conflito velado, quando é dissimulado e não é manifesto externamente com clareza; c) Conflito manifesto: pode surgir quando o conflito é expresso e manifesto por meio de um comportamento, que é a interferência ativa ou passiva por pelo menos uma das partes. Assim, é chamado de conflito aberto, pois se manifesta sem dissimulação. 10 Unidade: Administrar conflitos e resiliência O Conflito como um Processo O conflito é caracterizável como um processo, composto por sequências de eventos ou estádios que tendem a ser recursivos e iterativos. Existem vários modelos propostos para a sua caracterização. Será enunciado seguidamente somente o de Robbins (2005). Estágio I – Incompatibilidade ou Oposição Potencial Antes de existir de fato um conflito, as causas próximas podem ser a comunicação, a estrutura e as variáveis pessoais. Comunicação 1. Dificuldades semânticas: podem ocasionar desentendimentos porque a palavra pode não ter o mesmo significado para as duas partes. 2. Incompreensão: uma das partes pode desconhecer aquilo que a outra quer dizer e surgir daí a falta de compreensão da outra parte. 3. Ruídos: é importante que no canal de comunicação que liga as duas partes, não exista “ruído”, que possa distorcer a emissão. Caso contrário a mensagem será recebida com um significado muito diferente daquela que foi originalmente pretendida. 4. Diferenças de educação: todo o passado que afetou a socialização duma pessoa ou ajudou a estruturar a sua personalidade de acordo com a cultura ou subcultura em que viveu, vai influenciar tanto a sua comunicação como a sua percepção. 5. Percepção seletiva: a educação que cada um teve, de acordo com a cultura ou subcultura específica de que a sua família está imbuída, pode ocasionar em ambas as partes uma percepção diferente da desejada conduzindo a um conflito. Estrutura A estrutura que existe nos grupos de que são compostas as organizações pode ter uma influência decisiva na existência do conflito, como vamos ver a seguir. 1. Tamanho: as investigações têm demonstrado que quanto maior é o grupo, maior é a possibilidade da eclosão do conflito. 2. Grau de especialização: o mesmo se verifica com a especialização do grupo, assim como com as tarefas específicas que são atribuídas a cada um dos seus membros. Uma maior diversidade de tarefas, uma grande diferença de idades dos protagonistas e uma maior rotatividade dos membros do grupo, aumentam a probabilidade da existência de conflito. 3. Clareza de normas: a ausência de normas claras e atualizadas favorece a existência de conflitos entre grupos, especialmente quando se torna necessário lutar por recursos e meios necessários à consecução de determinados objetivos. 11 4. Estilo de liderança: a evidência das investigações tem demonstrado que uma supervisão apertada e constante dos membros do grupo, pode reduzir a sua produtividade, tal como acontece quando existe situações de tolerância excessiva em relação à falta de cumprimento das obrigações dos elementos do grupo. 5. Sistemas de recompensa: é importante que as recompensas sejam devidamente ponderadas e distribuídas de acordo com o trabalho de cada um e sem prejudicar terceiros.Se uma pessoa se sentir lesada porque uma outra foi beneficiada em prejuízo do próprio, irá reagir, entrando em conflito com a que foi beneficiada ou com quem a beneficiou à sua custa. 6. Dependência entre grupos: quando para o seu bom desempenho um grupo depende de outro, pode entrar em conflito com o segundo, à mais pequena falha que possa existir nesse grupo, que terá a tendência de se sobrepor ao primeiro. Valores pessoais • Valores e crenças individuais: cada pessoa é educada numa determinada família e subcultura que vão influenciar seguramente a formação da sua personalidade, temperamento e convicções, percepção e ação. • Características de personalidade: além das características que são facilmente visíveis ou detectáveis, todos temos alguns traços profundos de personalidade que são originados pela hereditariedade e consolidados pelas moldagens, identificações sofridas durante a estruturação duma personalidade, que assim se torna única no mundo embora muito semelhante à de outras pessoas da sua família, etnia, religião e cultura. A autoestima, a autovalorização e a auto-realização baseiam-se grandemente nesses traços de personalidade. Estágio II - Cognição e Personalização Na segunda fase do processo conflitual, embora o conflito seja percebido por qualquer das partes, não quer dizer que seja assumido como tal. Se uma das partes se sente ansiosa ou irritada por se ter apercebido de um conflito, não quer dizer que a outra parte perceba ou sinta o mesmo. É nesta fase que o conflito é definido como tal, e é importante verificar se existem sentimentos positivos ou negativos em relação à outra parte, o que vai condicionar de algum modo o resultado do conflito. Quando quaisquer das condições mencionadas na fase I afetarem uma das partes, a possibilidade de incompatibilidade ou oposição sedimenta-se na fase II em que existem dois momentos: 1. Conflito Percebido: após a primeira fase, passa a existir em primeiro lugar em cada uma das partes a percepção do conflito, o que não quer dizer que o mesmo tenha sido personalizado. 2. Conflito Sentido: a percepção da existência do conflito conduz ao seu conhecimento ou à sua assunção ou personalização, com toda a carga emocional que o mesmo acarreta. 12 Unidade: Administrar conflitos e resiliência Estágio III - Intenções: São as decisões de agir de uma determinada maneira durante um conflito. Precisamos inferir as intenções dos outros para sabermos como responder ao seu comportamento. Identificamos cinco intenções para a administração de conflitos: Competir, colaborar, evitar, acomodar-se e conceder. Competir: Desejo da pessoa em satisfazer seus próprios interesses, independentemente do impacto sobre a outra parte em conflito. Colaborar: Situação em que as partes conflitantes pretendem satisfazer os interesses de todos os envolvidos. Evitar: Desejo de fugir de um conflito ou tentar suprimi-lo. Acomodar-se: Disposição de uma das partes em conflito de colocar os interesses do oponente antes dos seus próprios. Conceder: Situação na qual cada uma das partes de um conflito está disposta a abrir mão de alguma coisa. Estágio IV- Comportamento: É neste estágio que os conflitos se tornam visíveis. Este estágio inclui a declaração, as ações e as reações das partes envolvidas no conflito. Os comportamentos geralmente são tentativas de implementar as intenções de cada uma das partes conflitantes, contudo, comportamentos explícitos às vezes acabam sendo desviados de suas intenções originais. Para a solução ou estímulo de conflitos para mantê-los nos níveis desejados utilizamos as técnicas de administração de conflitos enfatizadas por Robbins (2005): a) Técnicas de resolução de conflitos: Resolução de problemas: Encontros entre as partes conflitantes, com o propósito de identificar o problema e resolve-lo por meio de discussão aberta. Metas superordenadas: Criação de uma meta compartilhada que não possa ser atingida sem a cooperação entre as partes conflitantes. Expansão de recursos: Quando o conflito é causado pela escassez de um recurso a expansão do recurso pode criar uma solução ganho-ganho. Não-enfrentamento: Suprimir o conflito ou evadir-se dele. Suavização: Minimizar as diferenças entre as partes conflitantes, enfatizando seus interesses comuns. Concessão: Cada uma das partes abre mão de algo valioso. Comando autoritário: A administração usa sua autoridade formal para resolver o conflito e depois comunica seu desejo às partes envolvidas. Alteração de variáveis humanas: Utilização de técnicas de mudança comportamental, tal como treinamento em relações humanas, para alterar atitudes e comportamentos que causem conflitos. 13 Alteração de Variáveis estruturais: Mudanças na estrutura formal da organização e nos padrões de interação entre as partes conflitantes, por meio de redesenho de atribuições, transferências, criação de posições coordenadas, etc. b) Técnicas de Estímulo de conflitos: Comunicação: Utilização de mensagens ambíguas ou ameaçadoras para aumentar os níveis de conflito: Incluir nos grupos de trabalho funcionários que tenham históricos, valores, atitudes ou estilos diferentes daqueles dos seus grupos. Reestruturação da organização: Realinhamento dos grupos de trabalho, alteração de regras e regulamentos, aumento de interdependência e outras mudanças estruturais similares que rompam o status quo. Nomear um advogado do diabo: Designar um crítico que discuta, propositalmente, as posições defendidas pela maioria do grupo. Estágio V- Consequências Na quinta fase, os resultados tanto se podem traduzir na melhoria de desempenho do grupo como em atuações que levem o grupo a reduzir a sua eficácia até ao ponto de se desagregar. Das ações e reações entre as partes em conflito resultam consequências que, tanto podem ser funcionais e benéficas para o grupo em questão, como disfuncionais e prejudiciais para o seu funcionamento ou até para a sua sobrevivência. Neste “continuum” de possibilidades de ação e reação, os conflitos disfuncionais situam-se mais perto da guerra total, ao passo que os funcionais se colocam na esfera dos desentendimentos. 14 Unidade: Administrar conflitos e resiliência Estratégia para Administrar Conflitos Estilos para Administrar Conflitos. Estratégias de poder Conciliação Coação O ambiente organizacional é caracterizado por diversas situações que podem envolver conflito, o que tradicionalmente exigia do gestor a habilidade de ler essas situações e explorá-las da melhor maneira possível. Assim, os vários estilos de resolução de conflito possibilitam ao gestor repensar essas situações e adequar o estilo mais adequado em cada situação, sendo que a identificação do tipo de conflito envolvido é crucial para o processo de associar determinado estilo a uma situação específica. Atualmente não tem bastado ser habilidoso, ou ter conhecimento sobre formas de gerir os conflitos. As estratégias podem ser classificadas de acordo com duas dimensões ortogonais básicas: assertividade (grau em que a parte tenta satisfazer os seus interesses próprios) e a cooperação (grau em que a parte tenta satisfazer os interesses do outro). Do cruzamento entre as duas dimensões resultam cinco estilos, que segundo Chivenato(1999) são: 1) estilo de evitação: consiste na fuga do conflito. É empregado quando o problema é corriqueiro, quando não há perspectiva de ganhar o conflito, quando se necessita tempo para obter uma informação ou quando um conflito pode ser desvantajoso; 2) estilo de acomodação ou suavização: reflete alto grau de cooperação para suavizar as coisas e manter a harmonia. Visa a resolver os pontos de menor divergência e deixar os problemas maiores para depois; 3) estilo competitivo: consisteno comando autoritário que reflete forte assertividade para impor o seu interesse. É empregado quando se faz necessário tomar uma decisão rapidamente ou uma decisão impopular; 4) estilo de compromisso: ocorre quando uma parte aceita soluções razoáveis para a outra e cada parte aceita ganhos e perdas na solução. 5) estilo de colaboração: ou de solução de problemas. O estilo colaborativo habilita ambas as partes a ganhar, enquanto utiliza a negociação e o intercâmbio para reduzir diferenças. Além de definir os cinco estilos o autor supracitado apresenta um modelo bidimensional para compará-los. • Coação: Este estilo tenta dominar um oponente por meio de autoridade formal, ameaças. • Conciliação: Combina cooperação e ausência de atitudes firmes. Em seu nível mais simples, envolve apenas concordar com a vontade de outra pessoa. • Colaboração: Envolve uma tentativa de atender os anseios de ambos os lados, por meio de discussão honesta. • Poder: Inclui punições. Caracteriza-se pelo comportamento agressivo. Há um vencedor e um vencido. Consequências: hostilidade, angústia,etc. 15 Processo de Negociação Os diversos tipos e estilos de negociação podem ajudar a administração de conflitos de uma maneira mais eficaz. A negociação é a utilização de habilidades de comunicação e de barganha para administração de conflitos buscando alcançar resultados mutuamente satisfatórios. “A negociação, também chamada de barganha, é o processo pelo qual duas ou mais partes trocam bens ou serviços e buscam um acordo sobre as vantagens dessa troca”.(ROBBINS, 2005, p. 335). Segundo Robbins (2005) as negociações podem ser de dois tipos, dependo do comportamento apresentado pelos oponentes: distributivas ou integrativas. Nas negociações distributivas, também chamadas de soma-zero, tem-se uma quantidade fixa de recursos que deverá ser dividida entre as partes. Nas integrativas, ou ganha-ganha, ambas as partes ganham com o acordo. Na negociação distributiva as partes têm uma certa amplitude de manobra, um pouco mais aquém do que o ponto desejado; além disso, o foco do relacionamento está mais no curto prazo. Na negociação integrativa, o foco é mais voltado para o longo prazo. O comportamento integrativo é caracterizado pela cooperação e pela resolução de problemas de forma normativa e equitativa (benefício mútuo), por uma maior propensão de fazer concessões, de confiar no outro, de trocar informações e de dar suporte às necessidades afetivas do oponente. Por outro lado, o comportamento distributivo é associado aos ataques pessoais e a certas demandas irrealistas, à coerção e aos movimentos agressivos que fogem da discussão substantiva. O processo de Negociação envolve cinco passos segundo Robbins (2005): • Preparação e Planejamento: Estar preparado quanto aos aspectos relevantes para a negociação: objetivo da negociação, as metas, o mais desejável, o mínimo aceitável; Tentar dimensionar os objetivos da outra parte, a fim de preparar contra argumentação. • Definição das Regras Básicas: É a definição das regras e procedimentos que guiarão a negociação,como local,limites e escopo da negociação, quem serão os negociadores, etc. • Esclarecimentos e Justificativas: Oportunidade que as partes tem para explicar e ampliar ou justificar suas demandas iniciais. • Barganha e Solução de Problemas: Diz respeito aos avanços e concessões que cada parte deve fazer durante o processo de negociação • Conclusão e Implementação: Formalização do acordo alcançado. Estruturação de um contrato formal ou um simples aperto de mãos 16 Unidade: Administrar conflitos e resiliência Resilência Não é uma tarefa fácil falar sobre resiliência. De fato, ela existe desde o início da história da humanidade, sempre que homens e mulheres se defrontam com adversidades e precisam superá-las ou transformá-las. No dia a dia, algumas pessoas lidam, adaptam, mostram superação e constroem caminhos positivos diante de circunstâncias de vida difíceis, enquanto outras apresentam esse potencial menos desenvolvido e sucumbem mais facilmente frente aos obstáculos. O que acontece e por que alguns e não todos são mais facilmente afetados pelas adversidades que os acometem? Este é o desafio que se coloca quando se quer compreender a resiliência. “A noção de resiliência foi inaugurada pelas ciências exatas, a física e a engenharia, que a definiram como a energia de deformação máxima que um material é capaz de armazenar sem sofrer alterações permanentes.” (TAVARES, 2001,p.78). Quando adaptado para as ciências humanas e da saúde, à sua definição reinam incertezas. A resiliência como característica de uma pessoa, deve ser sempre relativizada e entendida dentro de um conjunto amplo de fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo. Segundo Tavares (2001), desde o final da década de 60 e 70 a resiliência começou a ser estudada com mais afinco pela psicologia e psiquiatria, designando a capacidade de resistir às adversidades, a força necessária para a saúde mental estabelecer-se durante a vida, mesmo após a exposição a riscos. Significa a habilidade de acomodar-se e re- equilibrar-se constantemente frente às adversidades. Não se pretende esgotar esse assunto tão extenso, haveria a necessidade de um curso para tal intento. Portanto, para finalizar, a resiliência no âmbito do conflito organizacional seria: • Capacidade do indivíduo se moldar frente às dificuldades. • Capacidade de responder de forma mais consistente aos desafios e dificuldades; • Capacidade de reagir com flexibilidade; • Capacidade de recuperação diante de desafios e circunstâncias desfavoráveis; • Atitude otimista, positiva e perseverante • Equilíbrio dinâmico durante e após embates. Apresentando como resultados uma, melhor preparação do indivíduo para suportar pressões, além de flexibilidade sem perder os objetivos,criatividade e manejo do estresse. 17 Material Complementar DUBRIN. Andrew J.. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira 2003. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini-Aurélio - O Minidicionário da Língua Portuguesa – Século XXI. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. Artigos científicos eletrônicos DINEY, José. Sucesso e conflito no mundo do trabalho. Ago.2005. Disponível em: <http://www.rh.com.br/ler.php>. Acesso em: 21 abr. 2006. Resiliência: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2485-8.pdf? http://www.rh.com.br/ler.php http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2485-8.pdf? 18 Unidade: Administrar conflitos e resiliência Referências CHIAVENATO, Idelaberto. Gestão de Pessoas: O Novo papel dos Recursos Humanos nas Organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999 MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento Interpessoal: treinamento em grupo. 9. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004. ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 19 Anotações
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