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Fibromialgia: Dor e Sensibilidade Crônicas

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PBL REUMATOLOGIA – FIBROMIALGIA 
DEFINIÇÃO: a fibromialgia caracteriza-se por dor e 
hipersensibilidade crônicas generalizadas. Os 
pacientes com FM também se queixam comumente de 
sintomas neuropsicológicos associados de fadiga, sono 
não restaurador, disfunção cognitiva, ansiedade e 
depressão. Pacientes com FM exibem uma prevalência 
aumentada de outras síndromes associadas a dor e 
fadiga, incluindo síndrome da fadiga crônica, distúrbio 
temporomandibular, cefaleias crônicas, síndrome do 
intestino irritável, cistite intersticial/síndrome da bexiga 
dolorosa e outras síndromes de dor pélvica. 
EPIDEMIOLOGIA: muito mais comum em mulheres do 
que em homens, com uma relação de cerca de 9:1. 
ETIOPATOGENIA: 
1. Alterações Musculares 
• Atrofia de fibras tipo II, 
• Presença de fibras reticulares, 
• Edema focal, 
• Aumento do conteúdo lipídeo 
• Aumento do número de mitocôndrias. 
Estes achados são interpretados como consequentes à 
redução da microcirculação local, o que acarreta 
hipóxia das fibras musculares e redução da reserva 
energética do tecido muscular. 
2. Alterações de neurotransmissores 
• Diminuição dos níveis de serotonina no 
soro e no líquido cérebro-espinal (a 
associação entre deficiência de serotonina 
e depressão já é bem estabelecida. Além 
de modular o humor, a serotonina possui 
importante papel nas fases III e IV do sono 
não-REM e no limiar de dor). 
• Elevação dos níveis da substância 
algogênica P no liquor (a substância P está 
associada ao aumento da percepção da 
dor). 
3. Distúrbios do sono 
• Sono não repousante 
• Aumento do número de micro-despertares. 
• Padrão alfa-delta de sono (diminuição da 
quantidade do sono de ondas-lentas com a 
intrusão anormal de ondas alfa nas fases III 
e IV do sono não-REM). 
• Correlação positiva entre a quantidade de 
ondas alfa, durante o sono de ondas lentas, 
e a queixa de sono não restaurador, e 
queixas dolorosas. 
A Fibromialgia tem sido definida na atualidade como um 
quadro de ampliação da sensibilidade a estímulos 
sensitivos periféricos como calor, corrente elétrica, 
pressão, que são interpretados pelo sistema nervoso 
central como sensações desagradáveis e traduzidas 
pelo sintoma dor. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A queixa inicial mais 
comum de um paciente com FM é de “dor em todo o 
corpo”. A dor em pacientes com FM localiza-se acima e 
abaixo da cintura, em ambos os lados do corpo, 
acometendo o esqueleto axial (pescoço, costas ou 
tórax). A dor atribuível a FM é pouco localizada, difícil 
de ignorar, intensa e associada a uma redução da 
capacidade funcional. A dor deve estar presente na 
maior parte do dia, na maioria dos dias, durante pelo 
menos 3 meses. 
A sensibilidade aumentada a dor pode ser demonstrada 
não apenas para a dor induzida por pressão mecânica 
realizada na clínica, mas também para pressão 
mecânica não muscular, calor, frio e outros estímulos 
sensoriais; isso reforça a ideia de que os mecanismos 
patogênicos da FM não estão relacionados com uma 
patologia musculoesquelética específica, mas como 
uma alteração no processamento da dor. 
 
Pacientes com FM frequentemente apresentam 
geradores de dor periférica que se acredita atuam como 
gatilhos para a dor mais disseminada atribuída a fatores 
do sistema nervoso central. Geradores de dor 
potenciais, como artrite, bursite, tendinite, neuropatias 
e outras condições inflamatórias ou degenerativas, 
devem ser identificados pela anamnese e exame físico. 
Geradores de dor mais sutis podem incluir 
hipermobilidade articular e escoliose. Os pacientes 
também podem apresentar mialgias crônicas 
desencadeadas por condições infecciosas, 
metabólicas ou psiquiátricas, que podem atuar como 
gatilhos para o desenvolvimento de FM. 
• Sintomas neuropsicológicos: fadiga, rigidez, 
distúrbios do sono, disfunção cognitiva, 
ansiedade e depressão. Esses sintomas 
ocorrem em graus variáveis na maioria dos 
pacientes com FM, porém não estão presentes 
em todo o paciente ou em todos os momentos. 
• Síndromes de superposição: a revisão dos 
sistemas frequentemente revela cefaleias, dor 
facial/mandibular, dor miofascial regional, que 
acomete particularmente o pescoço ou as 
costas e artrite. As queixas de dor visceral 
acometendo o trato gastrintestinal, a bexiga e a 
região pélvica ou perineal também estão 
frequentemente presentes. 
• Condições comórbidas: a FM frequentemente 
é comórbida com condições 
musculoesqueléticas, infecciosas, metabólicas 
ou psiquiátricas crônicas 
 
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: 
• Hiperparatiroidismo 
• Polimialgia reumática 
• Dermato/polimiosite 
• Parkinsonismo 
• Hipocalemia 
• Uso de determinados medicamentos 
(estatinas, bloqueadores H2, corticoesteróides) 
ou ilícitas (cocaína e canabis). 
EXAMES LABORATORIAIS OU RADIOGRÁFICOS: 
Os exames laboratoriais e radiográficos de rotina são 
normais em pacientes com FM, de modo que os 
exames complementares visam excluir outros 
diagnósticos e avaliar os geradores de dor ou 
condições comórbidas. Os exames radiográficos 
devem ser usados de modo parcimonioso e apenas 
para o diagnóstico de artrite inflamatória. 
 
TRATAMENTO 
• Não farmacológico: condicionamento físico, 
exercícios de baixo impacto, relaxamento, ioga, 
tai chi, musculação, terapia cognitivo-
comportamental, medidas de higiene do sono 
 
É preciso ressaltar que os analgésicos opioides devem 
ser evitados em pacientes com FM. Esses agentes não 
têm nenhuma eficácia demonstrada na FM e estão 
associados a hiperalgesia induzida por opioides, que 
podem agravar tanto os sintomas quanto a função. O 
uso de um único agente para tratar múltiplos domínios 
de sintomas é fortemente incentivado. Por exemplo, se 
o complexo sintomático de um paciente for dominado 
pela dor e distúrbio do sono, é desejável utilizar um 
agente que exerça efeitos tanto analgésicos quanto de 
promoção do sono.

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