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DIREITO PENAL III - 263

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Prévia do material em texto

autor 
CARLOS EDUARDO ADRIANO JAPIASSU
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
DIREITO PENAL III
Conselho editorial rafael iorio, roberto paes e paola gil de almeida
Autor do original carlos eduardo adriano japiassu
Projeto editorial roberto paes
Coordenação de produção paola gil de almeida, paula r. de a. machado e aline 
karina rabello 
Projeto gráfico paulo vitor bastos
Diagramação bfs media
Revisão linguística bfs media
Revisão de conteúdo cristiane dupret filipe
Imagem de capa andrey burmakin | shutterstock.com
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida 
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em 
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
J11d Japiassu, Carlos Eduardo Adriano
 Direito Penal III / Carlos Eduardo Adriano Japiassu.
 Rio de Janeiro: SESES, 2016.
 264 p: il.
 isbn: 978-85-5548-359-2
 1. Direito Penal. 2. Direito Penal - Brasil. I.SESES. II.Estácio.
cdd 341.5
Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento
Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário
Prefácio 7
1. Crimes contra a vida 11
1.1 Homicídio 13
1.2 Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio 35
1.3 Infanticídio 40
1.4 Aborto 43
2. Lesões corporais, periclitação da vida e da 
saúde e rixa 51
2.1 Outros crimes contra a pessoa 52
2.2 Lesões corporais (art. 129) 52
2.3 Crimes de perigo para a vida e para a saúde 63
3. Crimes contra a honra, a liberdade individual, a 
liberdade pessoal, a violação de domicílio e a 
invasão de dispositivo informático 81
3.1 Crimes contra a honra 82
3.2 Crimes contra a liberdade individual 91
3.3 Violação de domicílio 102
3.4 Invasão de dispositivo informático 105
4. Crimes contra o patrimônio 111
4.1 Considerações iniciais 112
4.2 Furto (art. 155) 113
4.3 Roubo (art. 157) 121
4.4 Extorsão (art. 158) 127
4.5 Extorsão mediante sequestro (art. 159) 130
4.6 Dano (art. 163) 132
4.7 Apropriação indébita (art. 168) 134
4.8 Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A) 136
4.9 Da apropriação indébita de coisa havida por erro, caso fortuito 
ou força da natureza (art. 169) 138
4.10 Estelionato (art. 171) 139
4.11 Receptação (art. 180) 144
4.12 Disposições finais dos crimes patrimoniais 147
5. Crimes contra a dignidade sexual 149
5.1 Crimes contra a liberdade sexual 150
5.2 Estupro (art. 213) 150
5.3 Violação sexual mediante fraude (art. 215) 152
5.4 Assédio sexual (art. 216-A) 154
5.5 Estupro de vulnerável (art. 217-A) 156
5.6 Mediação de vulnerável para servir à lascívia de outrem 
(art. 218) 157
5.7 Satisfação de lascívia mediante a presença de criança ou 
adolescente (art. 218-A) 158
5.8 Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração 
sexual de vulnerável (art. 218-B) 160
5.9 Disposições gerais 162
5.10 Mediação para servir a lascívia de outrem (art. 227) 162
5.11 Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração 
sexual (art. 228) 164
5.12 Casa de prostituição (art. 229) 166
5.13 Rufianismo (art. 230) 168
5.14 Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual 
(art. 231) 169
5.15 Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual 
(art. 231-A) 171
5.16 Ato obsceno (art. 233) 173
5.17 Escrito ou objeto obsceno (art. 234) 174
5.18 Disposições gerais 176
5.19 Crimes contra a Família 176
6. Crimes contra a incolumidade pública, a saúde 
pública e a paz pública 191
6.1 Noção 192
6.2 Incêndio (art. 250) 194
6.3 Explosão (art. 251) 196
6.4 Uso de gás tóxico ou asfixiante (art. 252) 197
6.5 Fabrico, fornecimento, aquisição, posse ou transporte de 
explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante (art. 253) 199
6.6 Inundação (art. 254) 200
6.7 Perigo de inundação (art. 254) 202
6.8 Desabamento ou desmoronamento (art. 256) 203
6.9 Subtração, ocultação ou inutilização de material de 
salvamento (art. 257) 205
6.10 Formas qualificadas de perigo comum (art. 258) 206
6.11 Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de 
substância ou produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais 207
6.12 Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica 
(art. 282) 209
6.13 Charlatanismo (art. 283) 210
6.14 Curandeirismo (art. 284) 212
6.15 Formas qualificadas (art. 285) 213
6.16 Crimes contra a paz pública 214
6.17 Apologia de crime ou criminoso (art. 287) 216
6.18 Associação criminosa (art. 288) 217
6.19 Constituição de milícia privada (art. 288-A) 220
7. Crimes contra a fé pública 223
7.1 Noção 224
7.2 Crimes assimilados ao de moeda falsa (art. 290) 230
7.3 Petrechos para fabricação de moeda (art. 291) 232
7.4 Emissão de título ao portador sem permissão legal (art. 292) 233
7.5 Falsificação de papéis públicos (art. 293) 234
7.6 Petrechos de falsificação (art. 294) 237
7.7 Causa especial de aumento de pena (art. 295) 238
7.8 Falsificação do selo ou sinal público (art. 296) 238
7.9 Falsificação de documento público (art. 297) 241
7.10 Falsificação de documento particular (art. 298) 244
7.11 Falsidade ideológica (art. 299) 247
7.12 Falso reconhecimento de firma ou letra (art. 300) 250
7.13 Certidão ou atestado ideologicamente falso (art. 301) 251
7.14 Falsidade de atestado médico (art. 302) 253
7.15 Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica 
(art. 303) 255
7.16 Uso de documento falso (art. 304) 255
7.17 Supressão de documento (art. 305) 257
7.18 Falsificação do sinal empregado no contraste de metal 
precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins 
(art. 306) 258
7.19 Falsa identidade (art. 307) 260
7.20 Uso de documento de identidade alheio (art. 308) 262
7
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
O presente livro inicia o estudo da chamada Parte Especial. Após a análise 
da Parte Geral do Direito Penal, que corresponde aos artigos 1º a 120 do Código 
Penal brasileiro e apresenta as regras gerais aplicáveis a quaisquer crimes, ini-
cia-se o estudo das infrações em espécie.
Assim, pode-se dizer que a Parte Especial, que vai do artigo 121 até o artigo 
361, é um verdadeiro catálogo de crimes. Se é verdade que existem muitos ou-
tros dispositivos penais em outras normas do direito interno, a chamada legis-
lação penal especial, certo é que a Parte Especial tem uma enumeração ampla, 
tratando de diversos crimes e tutelando distintos bens jurídicos.
No presente texto, serão examinados os dispositivos previstos dos artigos 
121 até o artigo 311, passando pelos crimes contra a pessoa, crimes contra o 
patrimônio, crimes contra a dignidade sexual, crimes contra a família, crimes 
contra a incolumidade pública, crimes contra a saúde pública, crimes contra a 
paz pública e crimes contra a fé pública. 
Ressalve-se que, embora sejam crimes muito distintos em vários aspectos 
(gravidade, autores, vítimas, repercussão social etc.), todos apresentam a mes-
ma estrutura e a sua análise se fará a partir da chamada Chave Mestra, que é 
apresentada abaixo.
A Parte Especial
No Direito Penal, distinguem-se Parte Geral e Especial. A Parte Geral é cons-
tituída por um corpo de disposições genéricas, compostas por normas de apli-
cação da lei penal, da teoria do crime e da teoria da pena. Já na Parte Especial, 
estão contidos os crimes em espécie e as suas sanções correspondentes, além 
de regras particulares ou mesmo exceções a princípios gerais, bem como nor-
mas explicativas. 
Tal divisão era desconhecida das antigas legislações. A Parte Geral surgiu 
com o desenvolvimento da técnica legislativa e da elaboração doutrinária. O 
primeiro código a apresentar uma Parte Geral foi o Codex iuris bavarici crimi-
nalis, de 17511. 
Na doutrina, o aparecimento da Parte Geral remonta à obra de Deciano. 
1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2: parte especial: dos crimes contra apessoa. 15. ed. 
rev., ampl. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2015, p. 27.
Tratactus criminalis, editada em 1590, após sua morte, e que só veio encontrar 
seguidores nos jus naturalistas do século XVIII2. 
A Parte Especial precedeu historicamente a Parte Geral por uma exigência 
de ordem prática. As leis eram elaboradas à medida que se julgava que exigiam 
repressão penal, sem que estivessem organizadas em um sistema. Foi justa-
mente o estudo de determinados crimes, como, por exemplo, o homicídio, que 
levou à formação dos conceitos constantes da Parte Geral.
Tem-se afirmado que nessa parte do sistema acha-se o verdadeiro Direito 
Penal. Encontram-se aqui descritas as condutas que, a juízo do legislador, de-
vem ser reprimidas com a mais grave sanção jurídica por atingirem os valores 
sociais de maior relevância e significação. Compete, portanto, à Parte Especial, 
descrever e delimitar os fatos puníveis, indicando a pena cominada3. 
Frise-se que não há uma teoria geral da Parte Especial, mas, sim, uma teoria 
geral dos delitos em espécie, que são aí estudados. 
Dessa maneira, o estudo da Parte Especial se faz a partir da decomposição 
dos delitos nos seus elementos constitutivos. Assim, deve-se, em cada um dos 
tipos penais, lançar mão daquilo que Roberto Lyra convencionou chamar de 
Chave Mestra, ou seja, os elementos que necessitam análise em cada crime. Os 
elementos são, em regra, os seguintes: 
a) Objetividade jurídica – o que o tipo penal pretende proteger (o bem jurí-
dico); 
b) Sujeitos do delito – quem pode praticar (sujeito ativo) e quem pode ser 
vítima do crime (sujeito passivo); 
c) Tipo objetivo – elementos objetivos do tipo em questão, o que se exterio-
riza da conduta praticada; 
d) Tipo subjetivo – elementos subjetivos do tipo (por ex.: dolo e culpa); 
e) Consumação e tentativa – em que momento se consuma o crime e se ad-
mite forma tentada; 
f) Classificação do crime; 
g) Ementares do tipo – se existem tipos derivados (por ex.: qualificados e 
privilegiados); 
h) Pena; 
i) Ação penal.
2 Idem, p. 3.
3 Idem, p. 4.
9
Em todos os capítulos, os crimes serão apresentados a partir da Chave Mes-
tra e, pode-se dizer que a conhecendo, é possível decompor qualquer tipo penal 
e mais facilmente compreendê-lo.
Bons estudos!
10
Crimes contra 
a vida
1
12 • capítulo 1
1. Crimes contra a vida
OBJETIVOS
O aluno deverá ser capaz de:
•  Identificar o bem jurídico-penal vida extrauterina e intrauterina, para fins de respectiva tipi-
ficação da conduta típica, ilícita e culpável;
•  Aplicar, nos casos concretos apresentados, a incidência de conflito aparente de normas ou 
concurso de crimes com os demais crimes contra a pessoa;
•  Identificar as figuras típicas de homicídio, induzimento, instigação e auxílio ao suicídio; in-
fanticídio e aborto.
MULTIMÍDIA
Filme recomendado sobre modalidades de homicídio: O Poderoso Chefão (1972).
O Código Criminal do Império inaugurava sua Parte Especial tipificando os 
crimes contra o Estado, e a encerrava com os crimes contra a pessoa. Mesma 
orientação foi seguida pelo Código Penal republicano de 1890, o que revela, em 
ambos os diplomas legais, uma preeminência do Estado sobre a pessoa4. 
Tal hierarquia de valores foi rompida pelo Código Penal de 1940, cuja Parte 
Especial vigora até a presente data. Assim, a Parte Especial do CP se inicia, em 
seu Título I (artigos 121 a 154) com os chamados crimes contra a pessoa, os 
quais o sujeito passivo é a pessoa física. Os bens físicos ou morais que eles ofen-
dem ou ameaçam estão intimamente ligados à personalidade humana.
Por exceção, a pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de difamação; de vio-
lação de domicílio (local onde a pessoa exerce sua moradia ou profissão, que 
pode ser pertencente à pessoa jurídica); violação de correspondência (art. 151); 
e correspondência comercial (art. 152).
No seio dos crimes contra a pessoa, há os chamados crimes contra vida, pois 
a sua supressão consiste no mais grave atentado à pessoa e se encontram no 
CP, Título I, capítulo I, - artigos 121 a 128.
4 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2: parte especial: dos crimes contra a pessoa. 15. ed. rev., 
ampl. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2015, p. 27.
capítulo 1 • 13
Tais crimes decorrem do fato de que o direito protege a vida, a incolumi-
dade física (artigo 129) e a incolumidade moral (crimes contra a honra), assim 
como a liberdade individual (artigo 146).
A ideia fundamental é de que a vida humana é protegida desde o momento 
da nidação (fixação do óvulo fecundado no útero) até o último suspiro. A vida 
não pode ser interrompida por ação de outrem, dolosa ou culposamente.
Estão previstos, no CP, os seguintes crimes contra a vida: homicídio (art. 
121), induzimento ao suicídio (art. 122), infanticídio (art. 123) e aborto (arts. 
124 a 128). Além deles, o genocídio, que foi definido pela Lei 2.889/56 e é um 
crime contra a humanidade, pode ser definido, em sua figura essencial, como 
crime contra a vida. 
Por sua vez, o crime de homicídio é previsto também no Código Penal 
Militar, sendo considerado crime militar quando praticado em algumas si-
tuações definidas pelo próprio Código Penal Militar. Já a Lei de Segurança 
Nacional (Lei nº 7.170, art. 29) refere-se ao homicídio de determinadas pessoas 
(autoridades), desde que esteja presente o objetivo político do agente de atingir 
a estrutura política do Estado Democrático.
1.1 Homicídio
1.1.1 Noção
A exemplo do Código Penal republicano, o Código Penal brasileiro de 1940 
adotou a terminologia homicídio para definir o delito de matar alguém – ao 
contrário do que, não raro, é a orientação adotada em alguns diplomas legais 
estrangeiros, que criam as categorias de assassinato e homicídio para definir, 
respectivamente, a conduta de maior ou menor gravidade que envolve matar 
alguém.5 Portanto, para o ordenamento brasileiro, homicídio é a injusta morte 
de uma pessoa (vida extrauterina) praticada por outrem (destruição da vida hu-
mana por outro homem).6 Os elementos subjetivos e a antijuridicidade estão 
implícitos no próprio tipo.
O homicídio, quanto ao tipo, divide-se em:
a) Tipo simples – artigo 121, caput – quando não houver nenhuma cir-
cunstância especial que agrave ou atenue a pena (6 a 20 anos)
5 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2: parte especial: dos crimes contra a pessoa. 15. ed. rev., 
ampl. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2015, p. 51.
6 CUNHA, Rogério Sanches. Direito penal: parte especial. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 22.
14 • capítulo 1
b) Tipos derivados 
i. Homicídio privilegiado - § 1º - pena especialmente atenuada – moti-
vo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emo-
ção, logo em seguida a injusta provocação da vítima;
ii. Homicídio qualificado - § 2º - pena agravada (escala de 12 a 30 anos);
Quanto ao elemento subjetivo: 
iii. Homicídio doloso – artigo 121, § § 1º e 2º: há intenção de matar 
(animus necandi) ou assume-se o risco de matar (dolo eventual),
iv. Homicídio culposo – artigo 121, § 3º - pena detenção de 1 a 3 anos 
(imprudência, negligência, imperícia).
ATENÇÃO
(1) Quando a vítima for Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos De-
putados ou do Supremo Tribunal Federal, e o agente tiver motivação e objetivos políticos, o 
crime, em face do princípio da especialidade, será o do art. 29 da Lei de Segurança Nacional 
(Lei 7.170/83).7 
(2) Com o advento da Lei 9.503/97, o homicídio culposo decorrente da direção de veícu-
lo automotor passou a subsumir-se ao disposto no art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro 
(princípio da especialidade), punido com detenção de 2 a 4 anos e suspensão ou proibição 
de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir. 8
1.1.1.1 Bem Jurídico
Vida (preservação da vida humana extrauterina, considerada a partir do início 
do parto).
Se o crime for praticado contra a vida, a partir da concepçãoaté o início do 
parto, o crime é de aborto. A partir do começo do parto até o último suspiro 
é homicídio, embora o bem jurídico atingido seja a vida, este crime atinge a 
vida extrauterina.
O critério prevalente é o do início do parto. Nesse sentido, é considerado o 
parto iniciado com o rompimento da bolsa d’água, do saco amniótico. 
7 Idem, p. 23.
8 Idem, p. 31.
capítulo 1 • 15
Pontualmente, o artigo 123 prevê o infanticídio, que diz respeito ao homi-
cídio especial praticado pela mãe – sob a influência do estado puerperal - e que 
tem como vítima o próprio filho, durante ou logo após o parto.
Tanto no homicídio quanto no infanticídio é irrelevante a potencialidade 
de sobreviver. Portanto, basta que a criança tenha nascido com vida, mesmo 
que se apure que ela não teria condições de sobreviver.
Recaindo a conduta sobre pessoa já sem vida (cadáver), o crime é impossível 
por absoluta impropriedade do objeto (art. 17 do CP). Impossível também será 
no caso de utilizar o agente meio absolutamente ineficaz (ex.: acionar arma de 
fogo inapta ou descarregada).
No direito brasileiro, não é permitida a eutanásia (morte piedosa), praticada 
por meio de ação ou omissão. A capitulação legal seria o artigo 121, § 1º.
Há previsão de aumento de pena no Art. 121, § 4º, 2ª parte, se o crime doloso 
de homicídio é praticado contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 60 anos 
(redação dada pela Lei n. 10.741/03). Para tanto, é indispensável que a idade da 
vítima seja de conhecimento notório do agente do delito ao tempo da ação ou 
omissão, sob pena de atribuição de responsabilidade objetiva (em detrimento 
da responsabilidade subjetiva do mesmo). Significa dizer, preserva-se, assim, o 
nexo de causalidade entre a conduta e o evento. Logo, a aplicação do dispositivo 
não pode ser "objetiva", automática. Há, sim, a exigência do elemento subjetivo 
do autor do crime. A primeira parte do artigo 121, parágrafo 4º prevê causas de 
aumento de pena para o homicídio culposo (se o crime resulta de inobservân-
cia de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar 
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, 
ou foge para evitar prisão em flagrante).
É interessante ressaltar que além do cap. I do título I da Parte Especial (isto 
é, “Dos crimes contra a vida”), o CP prevê outros crimes qualificados pelo even-
to morte, quando este figura uma condição de maior punibilidade, ou mesmo 
resulta de violência empregada para assegurar a execução, impunidade ou a 
vantagem de outro crime (por exemplo, o art. 157, § 3º, que versa sobre o cri-
me de latrocínio: matar para roubar). Institutos que serão estudados oportuna-
mente na presente disciplina (DP1).
1.1.2 Sujeito ativo
Qualquer pessoa (crime comum), sozinho ou com o auxílio de alguém.
16 • capítulo 1
1.1.3 Sujeito passivo
Ser vivo, nascido de mulher. É preciso que a vítima estivesse com vida ao tempo 
do cometimento da conduta, do contrário, a tentativa de matá-la configurará 
crime impossível (art. 17, CP).
1.1.4 Tipo objetivo
A Ação incriminada é matar, que faz com o homicídio seja um crime de forma 
livre (sem forma determinada), podendo ser utilizados meios diretos ou indire-
tos, ou mesmo meios psíquicos. Pode ser por ação (disparo de tiro, punhalada, 
envenenamento, estrangulamento), ou omissão (artigo 13, § 2º, no caso de o 
sujeito ativo ser garantidor da não ocorrência do resultado, como, p. ex.: deixar 
de fornecer alimentos a um recém-nascido, tendo a obrigação de fazê-lo).
Pode ser praticado também por meios morais ou psíquicos ou mesmo por 
meio de palavras, desde que idôneos a causar a morte. Por ex.: violenta emoção 
provocada dolosamente por outrem e que ocasione a morte.9 
Por meios indiretos, entende-se a utilização de animais ou pessoas que não 
responderão por suas condutas. O estímulo de um cachorro furioso por parte 
de seu dono, ou a instigação de um louco inimputável, para que tirem a vida 
de determinada pessoa, são exemplos de cometimento do homicídio por via 
indireta.10 
É um crime material (exige o resultado naturalístico para a sua consuma-
ção), que deixa vestígios (art. 158, CPP). A lei brasileira, a partir da lição do erro 
judiciário, exige nos crimes que deixam vestígios o exame de corpo de delito. 
Excepcionalmente, admite-se o exame de corpo de delito indireto, que é a prova 
testemunhal da morte.11 Mesmo que haja confissão, isto não basta para conde-
nar por homicídio.
9 Sobre o tema, vide, NORONHA, Edgard Magalhães. Direito penal. Vol. 2. São Paulo: Saraiva, 1972, p. 18.
10 GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte especial, volume II: Introdução à teoria geral da parte especial: 
crimes contra a pessoa. 11. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2014, p. 146.
11 O fato de inexistir nos autos exame de corpo de delito não afasta a materialidade delitiva, porquanto aplicável 
ao caso o disposto no artigo 167 do Código de Processo Penal, que assim dispõe: “Não sendo possível o exame 
de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta”. (TJRS, 1ª 
Câm., Rese 70027447374, Rel. Des. Marco Antonio Ribeiro de Oliveira, DJ 25/3/2009)
capítulo 1 • 17
Pode haver concurso material12 de homicídio com outros delitos, tal como 
o de lesões corporais em terceiro, ocultação de cadáver etc.
ATENÇÃO
Quanto ao crime continuado, o art. 71, parágrafo único, se refere aos crimes dolosos, contra 
vítimas diferentes, praticados com violência ou grave ameaça, e permite que o juiz, com base 
nas circunstâncias judiciais aumente a pena até o triplo (o aumento é maior do que o previsto 
no caput deste mesmo artigo (1/6 a 2/3). Entende Delmanto que a Reforma Penal de 1984 
tornou prejudicada a Súmula nº 605, STF, que vedava a continuidade delitiva nos crimes 
contra a vida. Atualmente, já se admite conforme decisões mais recentes (v.g. RTJ 121/659, 
HC 83.575).
1.1.5 Tipo subjetivo
Dolo, consistente na vontade consciente de matar. Pode ser direto (o agente 
quer o resultado) ou indireto (assume o risco de produzi-lo). A consciência e a 
vontade representam a essência do dolo, devendo estar presentes tanto no dolo 
direto quanto no eventual. Para que se configure este último, é insuficiente a 
mera ciência da probabilidade do resultado morte ou a atuação consciente da 
possibilidade concreta da produção desse resultado: é indispensável que haja 
certa relação de vontade entre o resultado e o agente, sendo este elemento voli-
tivo o diferenciador entre dolo e culpa. 13
O tipo básico do caput não exige qualquer finalidade específica do sujeito, 
podendo eventualmente constituir uma causa de diminuição de pena (§ 1º) ou 
qualificadora (§ 2º).
A modalidade culposa encontra previsão no parágrafo 3º do artigo 121.
12 Hipótese prevista no art. 69, CP: “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou 
mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. 
No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquele.”. Trata-se da 
forma mais rigorosa de tratamento do concurso de crimes, e, por este motivo, a lei penal a considera como limite 
máximo a ser observado no terreno do concurso de crimes. (SOUZA, Artur de Brito Gueiros; JAPIASSÚ, Carlos 
Eduardo Adriano. Curso de direito penal: parte geral. 2. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 
536).
13 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2: parte especial: dos crimes contra a pessoa. 15. ed. 
rev., ampl. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2015, p. 66.
18 • capítulo 1
1.1.6 Consumação
Com a morte da vítima (crime material). Com o advento da Lei 9.434/97, regula-
mentada pelo decreto 368/97, seu artigo 3º dispõe que a morte se dá com a ces-
sação da atividade encefálica. Sua execução pode ser fracionada em vários atos.
A determinação do momento da morte (definiçãooperacional da morte 
para o direito) já foi controvertida na doutrina. Assim, hoje, devido à necessida-
de de transplantes, a medicina enaltece o critério da chamada morte cerebral 
(em detrimento do parâmetro anterior, atinente à parada cardiorrespiratória), 
que ocorre quando não há nenhuma atividade cerebral, nem circulação espon-
tânea, sendo necessários aparelhos para que a pessoa continue viva. Ressalte-
se, novamente, que a morte cerebral da vítima será objeto de comprovação por 
meio de exame de corpo de delito direto ou indireto (art. 158 CPP).
1.1.7 Tentativa
Uma vez que se trata de crime material, o homicídio doloso admite tentativa. 
Devem estar presentes o animus necandi e o início da execução. Esta pode ser 
cruenta (com ferimentos) ou branca (sem ferimentos). Sendo oportuno lem-
brar que o instituto da tentativa é uma regra ampliativa da tipicidade penal14 
– uma vez que as normas penais incriminadoras, em regra, não preveem a for-
ma tentada –, consistindo em causa geral de diminuição de pena prevista no II 
do art. 14, da Parte Geral do Código Penal, no qual se diz o crime “II – tentado, 
quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à von-
tade do agente” (grifo nosso).
IMPORTANTE
No caso concreto, para a distinção entre lesão corporal consumada e tentativa de homicídio 
deve-se avaliar o elemento subjetivo (dolo). Em caso de dúvida entre tentativa e lesão corpo-
ral, ou entre aquela e exposição da vida ao perigo, opta-se pelo menos grave.
14 SOUZA, Artur de Brito Gueiros; JAPIASSÚ, Carlos Eduardo Adriano. Curso de direito penal: parte geral. 2. ed. 
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 329.
capítulo 1 • 19
1.1.8 Classificação
Crime comum quanto ao sujeito, doloso ou culposo, de forma livre, instantâ-
nea, material de resultado. 
1.1.9 Ação penal
Pública incondicionada, competindo ao júri seu julgamento.
1.1.10 Justiça Militar
Com a Lei 9.299/96, o artigo 9º, parágrafo único do CPM foi alterado, passando 
os crimes dolosos contra a vida e cometidos contra civil à competência da Jus-
tiça Comum. Assim, o critério para aferição da competência da justiça militar 
dá-se em razão de crime praticado por militar contra militar (sujeito passivo).
1.1.11 Crime hediondo
O homicídio simples quando praticado em atividade típica de grupos de ex-
termínio, ainda que cometido por um só agente (artigo 1º, I, 1ª parte, da Lei 
8.072/90, com as alterações da Lei 8.930/94) é considerado crime hediondo. O 
homicídio qualificado também é parte constitutiva do rol dos crimes hediondos.
1.1.12 Ementas do tipo
a) Homicídio privilegiado
É uma causa especial de diminuição de pena (art. 121, § 1º, CP) à qual a 
doutrina se encarregou de chamar de homicídio privilegiado. As circunstâncias 
especialíssimas elencadas no referido parágrafo minoram a sanção aplicável 
ao homicídio – trata-se, portanto, de minorantes, e não de elementares típicas, 
motivo pelo qual as privilegiadoras não se comunicam na hipótese de concurso 
de pessoas (art. 30, CP).15 Se estiverem presentes os pressupostos, o juiz deverá 
reduzir a pena de 1/6 a 1/3, de modo que – diante das circunstâncias - a pena 
poderá ficar abaixo do mínimo legal.
15 SOUZA, Artur de Brito Gueiros; JAPIASSÚ, Carlos Eduardo Adriano. Curso de direito penal: parte geral. 2. ed. 
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 329.
20 • capítulo 1
As duas primeiras formas privilegiadas de homicídio estão ligadas aos mo-
tivos determinantes do crime, que dizem respeito aos interesses ou fins da vida 
coletiva que revelam menor desajuste e menor periculosidade (motivo de rele-
vante valor social ou moral). O outro caso é o do homicídio emocional (sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima). 
São as seguintes modalidades de homicídio privilegiado:
I. Motivo de relevante valor social: é aquele que corresponde aos interes-
ses coletivos, ou é suscitado por específicas paixões ou preocupações sociais, 
nobres em si mesmas e condizentes com a atual organização da sociedade; 
motivo altruísta que acarreta menor reprovabilidade. Cuida-se, aqui, do moti-
vo que não interessa somente ao agente, e sim a todo o corpo social, devendo 
ser, ainda, relevante, notável, importante.16 Por ex.: Matar o traidor da pátria, 
o tirano, o facínora ou perigoso bandido para que se assegure a tranquilidade 
da comunidade.
II. Motivo de relevante valor moral: tem uma motivação ligada a senti-
mentos de piedade, misericórdia e compaixão, ligado a interesse particular 
ou individual. É o valor considerado enobrecedor em qualquer cidadão em cir-
cunstâncias normais, conforme os princípios éticos dominantes, isto é, aquilo 
que a moral média considera merecedora de indulgência.17 Por ex.: homicídio 
de um doente terminal para livrá-lo dos sofrimentos que o atormentam (euta-
násia); matar o estuprador de sua filha.
III. Violenta emoção logo em seguida à injusta provocação da vítima: por 
emoção entende-se um estado afetivo que produz momentânea perturbação 
da personalidade do indivíduo e afeta seu equilíbrio psíquico, acarretando-lhe 
alterações somáticas.18 Neste sentido, convém destacar a previsão do art. 28, I, 
do CP, segundo o qual a emoção (assim como a paixão) não exclui a responsa-
bilidade penal do agente a quem acomete. A “violenta emoção” a que se refere 
o presente dispositivo significa cólera ou ira que, desde que não sejam passa-
geiras, atribuem ao homicídio a condição de privilegiado, minorando a pena de 
quem o pratica.
A reação deve ser imediata, já que não pode haver um intervalo entre a ação 
e a provocação. A provocação deve ser injusta e consistir em: ofensas à honra, 
16 GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte especial, volume II: Introdução à teoria geral da parte especial: 
crimes contra a pessoa. 11. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2014, p. 148.
17 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2: parte especial: dos crimes contra a pessoa. 15. ed. 
rev., ampl. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2015, p. 76-77.
18 SOUZA, Artur de Brito Gueiros; JAPIASSÚ, Carlos Eduardo Adriano. Curso de direito penal: parte geral. 2. ed. 
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 295.
capítulo 1 • 21
vias de fato, ameaças, risos de escárnio ou desprezo, apelidos vilipendiosos, ex-
pressões ambíguas, indiretas mordazes, revelação de segredos, exercício abusi-
vo de direito, atos emulativos, entre outros.
Em termos precisos, a "provocação" referida no parágrafo em comento não 
traduz, necessariamente, agressão, mas compreende todas e quaisquer con-
dutas incidentes, desafiadoras e injuriosas. Pode, inclusive, ser indireta, isto é, 
dirigida contra terceira pessoa ou até contra um animal. Reitera-se, ainda, a ne-
cessidade de preencher os dois requisitos complementares a essa situação: (a) 
domínio de violenta emoção (tal emoção deve ser violenta, intensa, absorvente, 
exatamente aquela que oblitera os sentidos, aquela que, na linguagem popular, 
“cega”. Se decorrer na prática do homicídio apenas uma influência da emoção, 
é de se reconhecer apenas a atenuante prevista no art. 65, III, "c", do CP) 19; e 
(b) reação imediata (logo depois da provocação da vítima, sem hiato temporal, 
devendo perdurar o estado de violenta emoção).
O homicídio passional ou emocional era mais comum no passado e aceito. 
Atualmente, com as mudanças dos costumes, rejeita-se com mais frequência. 
Na hipótese de concurso de pessoas, as circunstâncias subjetivas são inco-
municáveis entre os agentes (art. 30). 
b) Homicídio qualificado
As qualificadoras criam um tipo penal derivado, com penas próprias. As 
circunstâncias que qualificam o homicídio podem ser subjetivas ou objetivas. 
As circunstâncias subjetivas dizem respeito aos motivos reprováveis. Exemplo: 
motivo torpe (inciso I) e motivo fútil (inciso II); e aos fins com que a ação é prati-
cada: facilitar ou assegurar a execução,ocultação, vantagem ou impunidade de 
outro crime (inciso V). Já as circunstâncias objetivas dizem respeito aos meios 
que envolvam dissimulação, crueldade, perigo de maior dano (inciso III) e aos 
modos que dificultem ou tornem a defesa impossível (inciso IV). A Lei 13.104/15 
incluiu a qualificadora do Inciso VI, denominado feminicídio, enquanto a Lei 
13142/15 incluiu o Inciso VII, quando o homicídio é praticado contra autoridade 
19 JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRIVILÉGIO NEGADO PELOS JURADOS. ATENUANTE DA VIOLENTA 
EMOÇÃO RECONHECIDA. DECISÃO COMPATÍVEL COM A PROVA. REGIME PRISIONAL. 1. INCONFUNDÍVEL 
O PRIVILÉGIO PREVISTO NO § 1º DO ART. 121 DO CÓDIGO PENAL COM A ATENUANTE REFERIDA NO ART. 
65, INCISO III, ALÍNEA C, DO MESMO DIPLOMA LEGAL. A PRIMEIRA REGRA INCIDE QUANDO O AGENTE 
COMETE O CRIME SOB O DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO, LOGO EM SEGUIDA A INJUSTA PROVOCAÇÃO 
DA VÍTIMA; A SEGUNDA, QUANDO APENAS INFLUENCIADO POR ESSE SENTIMENTO, DISPENSADO O 
REQUISITO TEMPORAL. (TJ-DF - APR: 19980110369450 DF, Relator: GETULIO PINHEIRO. Data de Julgamento: 
22/02/2007, 2ª Turma Criminal, Data de Publicação: DJU 22/03/2007. Pág. : 116).
22 • capítulo 1
ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do 
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da 
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren-
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição
ATENÇÃO
Muitas das situações do § 2º são previstas também como agravantes. Deve-se seguir a regra 
do non bis in idem. Por ex.: se o homicídio for qualificado por motivo fútil, não haverá aumento 
na 2ª fase pelo agravante do motivo fútil porque este fato já qualificou o crime (vide artigo 
61, do código penal).
O fato de não haver razão para matar não significa que a pena deve ser agravada, pois de 
outra forma, teríamos apenas dois tipos de homicídio, qualificado e privilegiado, quando, na 
verdade, além destes, há o tipo simples.
Circunstâncias qualificadoras
I. Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo tor-
pe (inciso I)
Motivo torpe é aquele que repugna o senso comum, o senso ético, abjeto, 
moralmente condenável, indigno, asqueroso, desprezível e que causa aver-
são.20 Trata-se do motivo que deriva de uma paixão antissocial: inveja, cobiça 
etc. Ex.: Matar para ganhar herança.
O inciso I faz referência, ainda, a qualquer situação análoga ao motivo tor-
pe, que tenha equivalência em torpeza à situação de matar mediante paga.
Homicídio mercenário é aquele em que o agente não tem motivos para que-
rer a morte da vítima, mas mata apenas em função de dinheiro. Requer a par-
ticipação de duas pessoas (“crime de concurso necessário” ou “bilateral”), no 
qual é indispensável a participação de, no mínimo, duas pessoas (mandante e 
executor: aquele paga ou promete futura recompensa; este aceita, praticando 
o combinado). Existe divergência tanto na doutrina quanto na jurisprudência 
sobre se a qualificadora em tela é simples circunstância, com aplicação restrita 
20 SOUZA, Artur de Brito Gueiros; JAPIASSÚ, Carlos Eduardo Adriano. Curso de direito penal: parte geral. 2. ed. 
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 492.
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O crime plurissubjetivo (ou de concurso necessário) é o que exige necessariamente o concurso de várias pessoas (associação criminosa, rixa etc). As condutas dessas várias pessoas podem ser paralelas (quadrilha ou bando), convergentes (bigamia) ou contrapostas (rixa).
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Nota
CRIME BILATERAL
É aquele que, por sua própria natureza, exige, para que se consuma, o concurso de dois agentes.

Crime que para ser praticado exige, para a sua consumação, a participação de dois agentes. É o caso da bigamia, adultério e outros.
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capítulo 1 • 23
ao executor do crime,21 que é quem mata motivado pela remuneração, ou se 
será aplicada também ao mandante, configurando verdadeira elementar sub-
jetiva do tipo.22 
Na paga, o agente recebe previamente a recompensa pelo cometimento do 
crime; o que não ocorre na promessa de recompensa, em que há a expectativa 
de paga, condicionada à concretização do homicídio conforme combinado.23 
Neste sentido, ressalte-se que a natureza da paga feita ou promessa de recom-
pensa também é bastante discutida:
a) Para uns, pode ser ela de qualquer espécie, compreendendo tudo 
quanto possa ser objeto de paga ou promessa. Não depende igualmente 
de prévia fixação. Pode ser deixada à escolha do mandante. Não constitui 
condição essencial da recompensa ter valor econômico, bastando, por 
exemplo, a simples promessa de futuro casamento, com a própria pes-
soa instigadora ou com terceira. 
b) Predomina, no entanto, o entendimento segundo o qual a recom-
pensa deve ter natureza econômica.
Quanto a ciúme e vingança, Celso Delmanto afirma que o ciúme não pode 
ser considerado um motivo torpe, pois o ciúme “advém do amor, que não pode 
ser considerado sentimento vil”. 
Para a maioria dos autores, o ciúme não deve ser considerado fútil, pois não 
é motivo de irrelevante importância.
A vingança por si só, desacompanhada de outros motivos, não basta para 
caracterizar o delito como torpe, vai depender do motivo da vingança, da natu-
reza do mal. 
21 III - Os dados que compõem o tipo básico ou fundamental (inserido no caput) são elementares (essentialia 
delicti); aqueles que integram o acréscimo, estruturando o tipo derivado (qualificado ou privilegiado) são 
circunstâncias (accidentalia delicti). IV - No homicídio, a qualificadora de ter sido o delito praticado mediante paga 
ou promessa de recompensa é circunstância de caráter pessoal e, portanto, ex vi art. 30 do C.P., incomunicável. V - É 
nulo o julgamento pelo Júri em que o Conselho de Sentença acolhe a comunicabilidade automática de circunstância 
pessoal com desdobramento na fixação da resposta penal in concreto. Ordem concedida. (STJ - HC: 78404 RJ 
2007/0049121-0, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 27/11/2008, T5 - QUINTA TURMA, 
Data de Publicação: DJe 09/02/2009)
22 CUNHA, op. cit., p. 27.
23 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2: parte especial: dos crimes contra a pessoa. 15. ed. 
rev., ampl. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2015, p. 76-77. 
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24 • capítulo 1
II. Motivo fútil (inciso II) 
É o motivo insignificante (não significa injusto), que normalmente não leva 
a este tipo de reação por parte do agente; é o motivo notavelmente despropor-
cionado ou inadequado com relação ao crime. Diz-se que, na futilidade, não há 
simetria relevante entre a razão delinquente e o fato perpetrado pelo agente.24 
Ex.: matar porque a vítima tinha rido do acusado ao vê-lo caindo do cava-
lo; rompimento de namoro ou noivado; desentendimento banal e corriqueiro; 
porque a companheira se recusou a acompanhá-lo na visita a parentes; matar 
um garoto porque ele furtava goiabas.
III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro 
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum (inciso III)
Diz respeito aos meios (instrumentos) utilizados pelo agente para a prática 
do delito (é diferente de modo, que é forma de conduta).
Veneno é qualquer substância mineral, vegetal ou animal que, introduzida 
no organismo, seja capaz de causar perigo de vida, dano à saúde por meio de 
ação química, bioquímica ou mecânica. Bitencourt ressalta que “uma substân-
cia teoricamente inócua pode assumir a condição de venenosa, segundo as con-
dições especiais da vítima”25, logo, o termo veneno para fins penais representa 
aquilo que funciona como um veneno no organismoda vítima. Para a incidên-
cia da qualificadora, deve ser comprovado pela perícia que a causa mortis foi a 
administração de veneno. Ainda, o envenenamento somente constituirá meio 
insidioso (dando, portanto, aplicabilidade à presente qualificadora) se a vítima 
desconhecer a circunstância de estar sendo envenenada – uma vez que o êxito 
deste meio reside justamente na dissimulação de seu uso.26 
Explosivo “qualquer corpo capaz de se transformar rapidamente em gás à 
temperatura elevada”. Ex.: derivados de nitroglicerina (dinamite).
Asfixia resulta de obstáculo à passagem do ar por meio das vias respiratórias 
ou dos pulmões. Exemplos: enforcamento, estrangulamento, afogamento, sub-
mersão e esganadura.
24 SOUZA, Artur de Brito Gueiros; JAPIASSÚ, Carlos Eduardo Adriano. Curso de direito penal: parte geral. 2. ed. 
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 492.
25 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2: parte especial: dos crimes contra a pessoa. 15. ed. 
rev., ampl. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2015, p. 87.
26 Idem, mesma página.
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Afinal, conceitua-se MEIO INSIDIOSO como sendo algo camuflado, uma conduta verdadeiramente traiçoeira, como ocorre no referido caso do emprego de substância venenosa.
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capítulo 1 • 25
Tortura é meio supliciante empregado, a exasperação do sofrimento da ví-
tima por atos de inútil crueldade. Se o agente atuar com dolo com relação à 
tortura, responderá pelo crime de tortura qualificado pelo resultado (art. 1º, § 
3º, da Lei 9.455/97).
Meio insidioso é o meio “dissimulado em sua eficiência maléfica”27 . 
Consiste no instrumento escolhido para que o agente consiga êxito em sua em-
preitada criminosa sem que a vítima tome conhecimento disso. 28
Meio cruel é o que “aumenta o sofrimento da vítima, ou revela uma brutali-
dade fora do comum, em contraste com o mais elementar sentimento de pieda-
de”29. Ou seja, para além do fato de o indivíduo ter sua vida ceifada pela conduta 
criminosa de outro, há a causação de inútil e desnecessário sofrimento para 
esta vítima, o que torna o fato ainda mais reprovável.
Meio de que podia resultar perigo comum, é aquele que além de atingir a 
vítima escolhida, pode criar uma situação de perigo a indistinto número de pes-
soas, sendo o fogo e o explosivo indicados como exemplos de meios cuja capa-
cidade de destruição não pode ser controlada pelo agente.
IV. À traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso 
que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido (inciso IV)
Refere-se ao modo da atividade executiva, de que resulte dificuldade ou im-
possibilidade de defesa da vítima.
Traição é deslealdade, a forma inesperada: pode ser tanto objetiva (o agen-
te ataca a vítima de costas, ou enquanto ela dorme), como também subjetiva 
(vítima moralmente surpreendida, pois é atacada por um agente em quem con-
fiava, até então), perfídia. A vítima não tem motivos para desconfiar, o ataque é 
súbito e sorrateiro. Ex.: atacar a vítima pelas costas, de forma inesperada.
Emboscada: espreita, tocaia, o agente aguarda, oculto, sua vítima, para 
surpreendê-la. 
Dissimulação: o agente, em seu modo de agir, encobre sua intenção, ocul-
tação da intenção hostil, utilização de um ardil para surpreender sua vítima, 
enganando-a. 
Ex.: Demonstrar falsa amizade, simular que vai fazer as pazes com outro an-
tes de atirar.
27 Exposição de Motivos do Código Penal, item 38.
28 GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte especial, volume II: Introdução à teoria geral da parte especial: 
crimes contra a pessoa. 11. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2014, p. 160.
29 Exposição de Motivos do Código Penal, item 38.
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Exaspração= Agravar, tornar mais intenso
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perfídia. ato ou qualidade de pérfido; deslealdade.
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26 • capítulo 1
Outro meio ou recurso: análogo aos anteriores, que dificultem a defesa da 
vítima. 
Ex.: atacar a vítima enquanto dorme, ou por esta estar imobilizada por ação 
de terceiros, ou mesmo incapacitada de se defender.
V. Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de 
outro crime (inciso V)
Assegurar a execução: o que agrava a pena não é a prática efetiva de outro 
crime, mas o fim de cometer outro crime. 
Para tentar um sequestro, mata uma pessoa que tenta evitá-lo → responde-
rá pela forma qualificada ainda que desista de consumar o rapto. 
Ex.: mata quem vai impedir o roubo.
Assegurar a ocultação/impunidade: a intenção do agente é destruir a prova 
de outro crime, ou evitar as consequências penais dele decorrentes. Ex.: matar 
a testemunha de um crime; matar o marido para estuprar a mulher; matar o 
perito que descobriu o crime.
Garantir vantagem: o propósito do agente é garantir a fruição de qualquer 
vantagem, patrimonial ou não, direta ou indireta, resultante de outro crime. 
Ex.: mata um parceiro para ter mais vantagens com o produto do crime.
Não é necessário que o crime fim chegue efetivamente a ser praticado, basta 
que o crime meio tenha sido com aquela finalidade. Caso ambos (crimes meio 
e fim) sejam praticados, haverá concurso de crimes. 
O especial fim de agir constitui elemento subjetivo do tipo (dolo específico).
Conforme o artigo 108 do CP, subsiste a qualificadora ainda que venha a 
extinguir-se, por qualquer causa, a punibilidade do outro crime.
VI. Feminicídio (inciso VI)
A Lei 13.104/2015 incluiu o crime de feminicídio, no Código Penal, como 
hipótese qualificadora do homicídio. Acrescentou-se, assim, ao art. 121, § 2°, 
a alínea VI, bem assim o do art. 121 e o § 2°-A. O feminicídio foi incluído no 
Código em decorrência de compromissos internacionais que o Brasil assu-
miu na ratificação de tratados e convenções que buscam promover a igualda-
de de gênero e reprimir a violência à mulher, como por exemplo, a Convenção 
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher 
ou Convenção de Belém, no âmbito latino americano e, na esfera universal, a 
Declaração sobre a Eliminação da Violência contra a Mulher de 1993 adotada 
pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
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O concurso de crimes ocorre quando o agente pratica crimes da mesma espécie e em condições de execução semelhantes, os subsequentes serão continuação dos anteriores, sendo aplicada a pena de um só dos crimes, ou a mais grave, se diversas, aumentada de um sexto a dois terços
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capítulo 1 • 27
Cumpre agregar que femicídio ou feminicídio é utilizado indistintamente 
nos países latino-americanos para designar a morte de mulheres em razão de 
gênero. No entanto, cuidar-se-iam de expressões distintas. O femicídio teria 
sido a designação dada por Diane Russel (femicide, em inglês), em 1970, para 
destacar a morte violenta de mulheres, com o fito de dar visibilidade à opres-
são, discriminação e morte de mulheres em razão da condição de gênero. Dessa 
forma, o femicídio é toda morte de mulher por motivo sexista. 30
Por outro lado, a palavra feminicídioteria sido criada por Marcela Lagarde 
para designar igualmente a morte de mulheres em razão de gênero. No entan-
to, o feminicídio denotaria uma conotação política, qual seja, o descaso do 
Estado em dar efetivo cumprimento aos compromissos internacionais assumi-
dos nessa matéria, bem como a omissão em processar e punir os executores de 
fatos dessa natureza. Para Marcela Lagarde, o feminicídio seria um verdadeiro 
crime de Estado. 31
De toda sorte, em ambos os casos – femicídio ou feminicídio –, o que se pre-
tende destacar é a morte de mulheres em razão da sua condição de gênero no 
contexto de uma cultura de violência sistemática contra a mulher. Nesse senti-
do, existiriam modalidades de feminicídio, quais sejam: o íntimo, não-íntimo, 
infantil, familiar, por conexão, sexual sistêmico, por prostituição ou ocupação 
estigmatizada, por tráfico de pessoas, por contrabando de pessoas, transfóbi-
co, lesbofóbico, racista e, por fim, por mutilação genital feminina. 32
Nesse contexto social e criminológico, cumpre ressaltar que todo femini-
cídio é um homicídio, mas nem todo homicídio de mulher é um feminicídio. 
Explica-se: a morte, ainda que violenta, de uma mulher decorrente, por exem-
plo, de um acidente de trabalho, em nada se relaciona a sua condição de mu-
lher. Portanto, para caracterizar a qualificadora do feminicídio, deve-se atentar 
para especial motivação que move a conduta contra o sujeito passivo: a condi-
ção de mulher. “Isto significa que o agente femicida, ou seus atos, reúne um ou 
vários padrões culturais arraigados em ideias misóginas de superioridade mas-
culina, de discriminação contra a mulher e de desprezo a ela ou à sua vida.”33 
30 Disponível em: <http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2013/01/protocolo_ feminicidio.pdf>. 
Acessado em: dez. 2015
31 Idem, ibidem.
32 Para mais informações ver: <http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/ 2013/01/protocolo_
feminicidio.pdf>. Acessado em: dez. 2015.
33 Idem, ibidem
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28 • capítulo 1
A lei é taxativa ao designar a mulher como sujeito passivo desse crime. É 
controverso assinalar se a doutrina ou a jurisprudência poderia interpretar o 
elemento “mulher” como normativo ao invés de descritivo, incluindo, assim, 
o homicídio contra transgênico. Ademais, a lei especifica em quais circunstân-
cias há “condição de sexo feminino”: 1º nos casos de violência doméstica e fa-
miliar; e 2º quando há menosprezo ou discriminação à condição de mulher (cf. 
art. 121, § 2-A, inc. I e II, do CP). Na primeira hipótese – violência doméstica e fa-
miliar –, por uma interpretação teleológica, faz-se referência à Lei 11.340/2006 
(Lei Maria da Penha). Nesse sentido, o art. 5° da Lei Maria da Penha define a 
violência doméstica e familiar. 34
A segunda hipótese caracterizadora do feminicídio diz respeito ao menos-
prezo ou discriminação à condição de mulher. Menosprezo significa deprecia-
ção, desdém, indiferença, e discriminação é o ato de tratar de forma injusta, 
desigual. Nesse inciso, especificamente, não há necessidade de vínculo afetivo 
entre a mulher e agente misógino, diferentemente da hipótese anterior.
Em que pesem a relevância e a gravidade da questão, duas críticas podem 
ser formuladas à inovação trazida pela Lei n. Lei 13.104/2015. A primeira diz 
respeito a tendência, verificada nos últimos anos, de reformas penais pontuais 
– ou securitárias –, que, no escopo de proteger determinado segmento ou setor 
da sociedade, olvida de igual proteção de outros grupos, no caso, igualmente 
vulneráveis e igualmente vítimas de mortes violentas. 35
A segunda crítica, também relacionada com os efeitos negativos de um 
Direito Penal securitário, consiste na carência de uma visão sistemática da 
codificação penal. Isto redunda, não raro, em termos práticos, em uma maior 
desproteção ao invés de um maior rigor punitivo pretendido pelo legislador. 
Explica-se. As hipóteses, agora enquadradas na qualificadora do feminicídio, 
conduziam – como visto nos exemplos anteriores –, a imputação de homicídios 
dupla ou até triplamente qualificado (motivo torpe ou fútil, meio insidioso, 
34 Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou 
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou 
patrimonial: I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, 
com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II - no âmbito da família, compreendida como a 
comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade 
ou por vontade expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido 
com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo 
independem de orientação sexual.”
35 Nesse sentido, o PLS n. 236, acima referido, prevê a inclusão de uma qualificadora, no homicídio, nos seguintes 
termos: “por preconceito de raça, cor, etnia, orientação sexual e identidade de gênero, deficiência, condição de 
vulnerabilidade social, religião, procedência regional ou nacional, ou por outro motivo torpe; ou em contexto de 
violência doméstica ou familiar.”
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capítulo 1 • 29
cruel ou perigoso, ou de forma covarde ou traiçoeira), além da circunstância 
agravante do art. 61, inc. II, al. “e” ou “f”, do CP. Doravante, é possível se que 
possa sustentar – inclusive com efeitos benéficos da lei penal no tempo –, a fa-
vor do autor do crime contra a mulher, ter o mesmo dado a morte à vitima tão 
somente em razão da sua condição de sexo feminino, especializando, pois, esta 
qualificadora e afastando a incidência das demais (princípio da especialidade), 
bem assim da mencionada agravante (princípio do ne bis in idem).
VII. Contra autoridades e agentes das Forças Armadas e de segurança pú-
blica, sistema prisional, Força Nacional e seus familiares (inciso VII)
A Lei 13.142/2015 inseriu ao § 2° do art. 121, a alínea VII. Trata-se de uma 
qualificadora quando o crime é praticado contra autoridade ou agente das 
Forças Armadas, da segurança pública, integrantes do sistema prisional ou da 
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrên-
cia dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até ter-
ceiro grau, em razão dessa condição. 
Registra-se que esta qualificadora faz expressa referência a dois dispositi-
vos da Constituição Federal de 1988: o art. 142 e o art. 144. O primeiro dispõe 
sobre as Forças Armadas e diz: “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, 
pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e re-
gulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade 
suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garan-
tia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da 
ordem”. 
Por sua vez, o art. 144, dispõe sobre as autoridades e agentes de segurança 
pública: “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de 
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - 
polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V 
- polícias militares e corpos de bombeiros militares.” 
Cumpre mencionar que o § 8°, do art. 144, da Constituição, faz referência 
à guarda municipal e, o § 10, refere-se à segurança viária. Considerando que a 
qualificadora não faz menção somente ao caput do 144 da Constituição Federal, 
deve-se entender que ela abarcaria,igualmente, as autoridades e agentes da 
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O princípio da especialidade revela que a norma especial afasta a incidência da norma geral. Lex specialis derogat legi generali. A norma se diz especial quando contiver os elementos de outra (geral) e acrescentar pormenores. Não há leis ou disposições especiais ou gerais, em termos absolutos.
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30 • capítulo 1
guarda municipal36 e da segurança viária37, e pessoas a eles relacionados, o que 
ampliaria, sobremodo, o raio de incidência dessa qualificadora.
Por outro lado, como visto, os integrantes do sistema prisional também são 
mencionados pela qualificadora em questão. Como membros do sistema prisio-
nal entende-se “não apenas os agentes presentes no dia a dia da execução penal 
(diretor da penitenciária, agentes, guardas etc.), mas também aqueles que atuam 
em certas etapas da execução penal (integrantes da comissão técnica de classifi-
cação, comissão de exame criminológico, conselho penitenciário etc.)”.38 
A alteração do tipo penal do homicídio foi resultante do Projeto de Lei n. 
846 de 2015. É interessante observar que a redação originária do PL 846 previa 
apenas uma hipótese majorante ao crime de homicídio, e tão somente quando 
o crime fosse cometido contra as autoridades do artigo 144, da Constituição 
Federal. Na ocasião, o argumento era o de que se fazia necessário o recrudes-
cimento da pena para crimes cometidos contra as autoridades de segurança 
pública. Portanto, conforme os motivos que ensejaram o Projeto de Lei, a al-
teração normativa seria um elemento a ser agregado ao combate ao crime or-
ganizado, “fortalecendo a sociedade e gerando sensível aumento da sensação 
de segurança e efetiva sensação de diminuição da impunidade.”39 Todavia, em 
razão de emendas no curso de sua tramitação, a ideia original foi abandonada, 
passando, assim, a constar como uma nova qualificadora do homicídio.
As críticas a serem dirigidas a esta qualificadora assemelham-se à anterior. 
Cuida-se de uma tendência securitária do Direito Penal, em detrimento de uma 
concepção sistêmica da disciplina. Nesse passo, duas observações podem ser 
feitas. A primeira é a de que, de fato, a morte de uma autoridade ou agente das 
Forças Armadas, segurança pública etc., ou de pessoas a elas relacionadas, em 
razão dessa condição, é altamente reprovável. Há, indubitavelmente, torpeza 
nesse tipo de homicídio. Contudo, não se deve olvidar de uma perspectiva mais 
36 Art. 144, § 8°, Constituição Federal: Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção 
de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
37 Art. 144, § 10, Constituição Federal: A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e 
da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: I - compreende a educação, engenharia e 
fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade 
urbana eficiente; e II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos 
ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.
38 BITENCOURT, Cezar Roberto. Qualificadora de homicídio contra policial não protege a pessoa, e sim a função. 
2015. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2015-jul-29/cezar-bitencourt-homicidio-policial-protege-funcao-
publica>. Acessado em: dez. 2015.
39 <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1312213&filename=Avulso+-
PL+846/2015>. Acessado em: dez. 2015.
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capítulo 1 • 31
ampla e, consequentemente, mais grave, qual seja, a de que o Brasil é um país 
extremamente violento, ou seja, que nós temos uma das maiores taxas de poli-
ciais que morrem em serviço, mas, também, uma das polícias que mais matam 
no mundo.40 Diante dessa lamentável constatação, parece pouco crível que a 
mera introdução dessa hipótese qualificadora possa servir a fins preventivos 
ou, de todo modo, deter a espiral da violência no cotidiano brasileiro.
Demais disso, critica-se a previsão da qualificadora operar quando o homi-
cídio é praticado contra autoridade ou agente das Forças Armadas, da seguran-
ça pública, integrantes do sistema prisional ou da Força Nacional de Segurança 
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônju-
ge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição, olvidando-se de igual proteção para outras autoridades e agentes que 
exerçam funções públicas na órbita penal e processual penal. Dito por outras 
palavras, não se compreende o porquê do legislador penal não estender a hipó-
tese para magistrados, membros do Ministério Público, Defensores Públicos, 
advogados criminalistas, respectivos servidores que auxiliam em tais misteres, 
bem assim pessoas a eles relacionados, quando a morte é dada em razão de tais 
funções. 
DESTAQUES
1. Comunicabilidade das circunstâncias qualificadoras aos partícipes
As qualificadoras referentes aos motivos determinantes do crime (subjetivas) são inco-
municáveis entre os partícipes, por serem de caráter pessoal (art. 26).
As qualificadoras objetivas só se comunicam quando entram na esfera de conhecimen-
to do co-autor ou partícipe, já que todas as qualificadoras devem estar cobertas pelo dolo 
dos agentes.
2. Coexistência de homicídio qualificado com privilegiado
Há um consenso no sentido de que as qualificadoras subjetivas (motivo fútil, torpe e o 
inciso V) são inconciliáveis com o privilégio, pois há impossibilidade concreta de coexistirem.
A jurisprudência dos Tribunais Superiores é pacífica no sentido de considerar possível o 
homicídio privilegiado-qualificado (STF, HC 71.147).
40 Cf. GOMES, Luiz Flavio. <http://institutoavantebrasil.com.br/letalidade-da-acao-policial-notas-para-reflexao> 
Acessado em: dez. de 2015.
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O privilégio pode concorrer com as qualificadoras objetivas (fogo, veneno, meio cruel) 
do homicídio, mas não com as subjetivas, e como este privilégio é subjetivo deve prevalecer. 
Logo, neste caso, aplica-se a pena do homicídio qualificado com a redução de 1/6 a 1/3.
 
c) Homicídio culposo
A vida é protegida de toda forma ilícita de ataque. Apenas colocar a vida em 
perigo já constitui crime previsto no artigo 132, por exemplo.
A pessoa que vive em sociedade tem o dever objetivo de cuidado, o dever 
de ser cauteloso. Sempre que uma conduta traduzir uma violação do dever ob-
jetivo de cuidado, sendo previsível ao homem mediano que aquilo causaria a 
morte de alguém, ocorre o homicídio culposo.
No crime culposo a conduta é violadora do dever objetivo de cautela, muito 
mais que o resultado, uma vez que este não é visado pelo agente, apesar de só 
existir crime culposo se há o resultado concreto. Não existe tentativa.
O resultado tem que ser ao menos previsível e não ter sido previsto para que 
seja caracterizado o crime culposo (culpa inconsciente), ou então ter sido pre-
visto mas não ter sido evitado, acreditando o agente levianamente que o resul-
tado não ocorreria (culpa consciente).
i. Elementos do crime culposo
a) comportamento humano voluntário, positivo ou negativo;
b) descumprimento do cuidado objetivo necessário, manifesta-
do pela imprudência, negligência ou imperícia;
c) previsibilidade objetiva do resultado;
d) morte involuntária.
ii. Homicídio Culposo no Código Brasileiro de Trânsito
A maioria dos crimes culposos ocorre em acidentes de trânsito, mas apenas 
infringir a norma de trânsito não basta, é preciso que ocorra o resultado. 
Os crimes de trânsito atualmente estão regulados na Lei 9.503/97, sendo o 
homicídio culposo na condução de veículo automotor previsto no artigo 302. 
Há situações em que a morte causada a título de culpa não constitui homi-
cídio culposo, mas sim qualificaoutro crime: 
Ex.: lesão corporal seguida de morte (artigo 129, § 3º), estupro seguido de 
morte (artigo 213 c/c artigo 223, parágrafo único).
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O crime de lesão corporal seguida de morte, previsto no art. 129, § 3º do CP, é considerado um delito preterdoloso, em que exige o dolo no ato antecedente (lesão corporal) e a culpa no fato subseqüente (morte da vítima). ... Logo, no homicídio a conduta do agente é realizada com o objetivo de causar a morte de outrem.
capítulo 1 • 33
d) Homicídio culposo majorado
O homicídio culposo será majorado, sendo sua pena aumentada de 1/3 (um 
terço) se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou 
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura 
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. 
i. Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, 
arte ou ofício 
Para Damásio de Jesus, esta qualificadora citada na letra “a” só se aplica aos 
profissionais no exercício de suas funções.
É a chamada culpa profissional, a causa de aumento só tem aplicação no 
caso de homicídio culposo.
ii. Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, ou não pro-
cura diminuir as consequências de seu ato
Caso o agente fuja, mesmo que a vítima posteriormente tenha recebido so-
corro de 3º, responderá pela qualificadora. 
Em vez de aplicar-se o crime artigo 135, a omissão de socorro configura cau-
sa especial de aumento de pena. A norma do artigo 121, § 4º é especial em rela-
ção à do artigo 135.
Se o cidadão atropelar sem culpa e não prestar socorro, responderá por 
omissão de socorro (artigo 135) e não por homicídio culposo.
Quando o próprio agente, dolosa ou culposamente, cria a situação de perigo 
para a vítima, ele não responde pelo artigo 135. O deixar de prestar socorro, nos 
casos de dolo, é pós fato não punível. Quando for culposo, ele criou a situação, 
e por isso poderá ser punido, prevalecendo a norma do artigo 121, § 4º, sobre a 
do artigo 135.
Ingerência: artigo 13, § 2º, c, junto com a qualificadora do artigo 121, § 4º:
Tudo dependerá do dolo do agente. Se omitir socorro com dolo, responderá 
pelo artigo 13, § 2º, c: atropela um inimigo sem saber e deixar de prestar socor-
ro depois de reconhecer o desafeto, deixando-o morrer. 
iii. Foge para evitar prisão em flagrante
Trata-se de elemento subjetivo do tipo, que é a finalidade de evitar a prisão. 
Se o agente fugir para não ser linchado por populares, sob a ameaça de pessoas 
em volta, há estado de necessidade que exclui o crime.
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Ingerência é uma modalidade de crime omissivo impróprio, prevista no art. 13, § 2º, alínea c, do Código Penal. O agente, em virtude de comportamento anterior, cria o risco de ocorrência do resultado. Ex.: trote acadêmico. Aluno joga o outro que não sabe nadar na piscina. Deve agir, caso contrário, responderá pelo resultado.
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Elemento subjetivo do tipo: Há crimes em que além do dolo (vontade) ainda se exige uma finalidade específica, para a qual a prática se determina. É o que move o sujeito.
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34 • capítulo 1
d) Perdão judicial
O perdão judicial previsto no parágrafo 5º do artigo 121, aplicável ao homi-
cídio culposo (quando as consequências do crime já atingem o agente de forma 
tão grave que a sanção penal se torna desnecessária), é um instituto que permi-
te ao juiz deixar de aplicar a pena (é causa de extinção da punibilidade (era. 107, 
IX, CP e Súmula 18, STJ).
É também previsto no caso de lesão culposa, (§ 8º do artigo 129).
e) Homicídio praticado por milícia privada ou por grupo de extermínio
Consoante o art. 121, § 6º, do CP, a pena do homicídio deve ser aumenta, de um 
terço até a metade, “se o crime for praticado por milícia privada, sob pretexto 
de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio”. Cuida-se de 
causa de aumento de pena – destinada ao homicídio doloso – que foi introduzi-
da pela Lei n. 12.720/2012, com o objetivo de dispor sobre o “crime de extermí-
nio de seres humanos”, bem assim introduzir o citado § 6º, do art. 121, e o § 7º, 
do art. 129, ambos do CP. 
A propósito, o art. 288-A, do CP – introduzido, como dito, pela Lei n. 
12.720/12 – tipifica a constituição de milícia privada: “Constituir, organizar, 
integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo 
ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste 
Código. Pena: reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.”
Caso o integrante da “milícia privada” ou do “grupo de extermínio”, confor-
me acima definido, perpetre, de fato, delito de homicídio, além de estar incurso 
na pena de reclusão do art. 288-A, do CP, responderá pela morte dolosa, com a 
incidência da majorante ora analisada.41 Cumpre acrescentar, no particular, 
que além da causa de aumento de pena sob consideração, o homicídio prati-
cado em “situação de grupo de extermínio”, seja simples ou qualificado, pas-
sou a ser considerado “crime hediondo”, consoante o art. 1º, inc. I., da Lei n. 
8.072/90, com a redação dada pela Lei n. 8.930/94.
41 Em sentido contrário: “(...) se o agente for condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada, 
ainda que tenha cometido um homicídio, não poderá sofrer a majorante por tal crime ter sido praticado por integrante 
de milícia privada, pois representaria uma dupla punição por um mesmo fundamento. Em outros termos, essa 
majorante somente pode ser aplicada se o autor do homicídio for reconhecido no julgamento do homicídio como 
suposto integrante de milícia privada, mas que não tenha sido condenado por esse crime.” (BITENCOURT, Cezar 
Roberto. Op. cit., p. 119).
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capítulo 1 • 35
f) Aumento de pena no feminicídio
Conforme exposto acima, a Lei n. 13.104/2015 introduziu a hipótese qualifica-
dora do feminicídio, no art. 121, § 2º, inc. VI, consistente na morte dolosa con-
tra mulher por razões da sua condição de sexo feminino. Nestes termos, a Lei 
n. 13.104 também dispôs da elevação da pena do homicídio qualificado nessas 
circunstâncias, quando o fato for praticado: 1º durante a gestação ou nos três 
meses posteriores ao parto; 2º contra mulher menor de quatorze anos, maior 
de sessenta ou com deficiência; e 3º na presença de descendente ou de ascen-
dente da vítima.
Como se pode verificar, cuidar-se-iam de situações nas quais a morte por 
razões da condição de sexo feminino guardariam maior reprovabilidade. No 
primeiro caso, justifica-se a majorante em razão do estado gravídico da mu-
lher, bem assim pelo período de amamentação. Na segunda hipótese, ao lado 
da condição de mulher, haveria uma maior vulnerabilidade em função da idade 
(menor de quatorze ou maior de sessenta anos de idade) ou de deficiências físi-
cas ou psíquicas. Por fim, a prática do feminicídio na presença de parentes na 
linha vertical (descendente ou ascendente) evidenciaria inequívoco desvalor da 
ação, em função do abalo psíquico diante da violência de viso. Deve-se atentar, 
contudo, no tocante à dosimetria da pena, para que não se incorra em indevido 
bis in idem, na medida em que os dados constantes da majorante ora analisada 
também podem constituir circunstância judicial ou agravante do crime.
g) Ação penal
Em quaisquer das modalidades do homicídio,a ação penal é pública 
incondicionada. 
1.2 Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio
Suicídio é a supressão voluntária e consciente da própria vida. Compõe-se da 
vontade que a pessoa tem de se matar e da prática de certos atos por parte des-
ta pessoa. O fato de uma pessoa se matar é um indiferente legal. Não sendo 
incriminada a ação de matar-se ou a tentativa de suicídio, a participação em 
tais atos não poderia ser punível, pois não há participação punível senão em 
fato delituoso.
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Todavia, as legislações modernas, atendendo ao valor excepcional da vida 
humana, passaram a prever uma figura sui generis, que é a participação no 
suicídio de outra pessoa. A maioria das legislações não pune a tentativa de 
suicídio, que é, entretanto, considerada como fato ilícito por atingir um bem 
jurídico indisponível, e por não ser o exercício de nenhum direito subjetivo, 
permitindo a lei a coação para impedi-lo.
Em seu estudo sobre o suicídio, Emile Durkheim sustenta que o suicídio é 
resultado de distúrbio entre o indivíduo e a sociedade. Tanto mais fortemen-
te esteja o indivíduo integrado no grupo social, menor será a probabilidade 
de suicídio.
Quem se depara com uma pessoa tentando se matar pode tentar impedir 
o ato. O crime de constrangimento ilegal está previsto no art. 146 do CP, e a lei 
exclui expressamente desta disposição, em seu § 3º, II: “a coação exercida para 
impedir suicídio”.
No artigo 122 do CP, a lei impõe uma sanção àquele que colabora no suicí-
dio de outrem. Se há a intervenção do agente no suicídio da vítima, desde que 
não seja na fase de execução, esta colaboração é punida por este artigo.
Este auxílio deve ser doloso e prestado nos atos preparatórios. Se a colabo-
ração se der na fase de execução será homicídio. É exemplo emprestar a arma 
sem saber que a pessoa vai se matar não é crime. Ao mesmo tempo, o agente 
responderá por homicídio no caso em que praticar atos de execução, tais como 
ajudar a dar um tiro, acabar de enterrar a faca, abrir a torneira de gás e o suicida 
fechar a janela.
Agora, passar-se-á à análise dos elementos do tipo penal em questão. 
1.2.1 Bem jurídico
Preservação da vida humana, bem indisponível.
1.2.2 Sujeito ativo
Qualquer pessoa, excluindo-se aquele que se suicida ou tenta se matar. Trata-se 
de uma forma especial do delito de homicídio, com a diferença de que o agente 
não pratica o ato consumativo da morte, que cabe à própria vítima.
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sujeito ativo aquele que induz, instiga ou auxilia 
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capítulo 1 • 37
1.2.3 Sujeito passivo
O homem capaz de ser induzido, instigado ou auxiliado, ou seja, que tenha al-
guma capacidade de resistência à conduta do sujeito ativo, sendo indispensá-
vel que tenha capacidade de discernimento para entender o ato que pratica.
Quando o suicida é inimputável ou menor sem compreensão, não ocorre-
rá este delito, mas, sim, um homicídio típico, face à nula capacidade de resis-
tência da vítima. Neste caso, fala-se até em autoria mediata, na qual a vítima é 
mero instrumento do agente.
O induzimento deve ser dirigido para uma pessoa determinada ou a um gru-
po determinado, não ocorre o crime quando se trata de induzimento/instiga-
ção de caráter geral e indeterminado. Ex.: Quando um autor de obra literária 
leva os leitores ao suicídio, tal como ocorreu com Goethe, em Werther, livro que 
teve sua venda proibida na cidade de Leipzig, em razão dos inúmeros suicídios 
que a leitura motivou.
1.2.4 Tipo objetivo
Induzir é criar a ideia do suicídio na cabeça do agente; instigar é reforçar uma 
ideia preexistente (participação moral); auxiliar é ajudar materialmente. É um 
tipo misto alternativo: se instigar e também auxiliar responderá por um só crime.
O meio deve ser idôneo, capaz de influir moralmente sobre a vítima, sendo 
esta uma das causas do suicídio, caso contrário, não haveria nexo causal. 
Se a vontade da pessoa for irreversível, a instigação não é punida, só o sendo 
se a pessoa ainda estiver em dúvida.
Pratica crime ainda quem auxilia o suicida. O auxílio deve ter sido efetivo 
para o suicídio, para que o agente seja punido.
Deve-se diferenciar, entretanto, o suicídio quando o ato consumativo da 
morte for praticado pela própria vítima, do homicídio em que o agente pratica 
ato ou colabora diretamente no próprio ato executivo do suicídio.
É indispensável, para a existência do crime, o resultado naturalístico: a mor-
te ou lesão corporal de natureza grave. Este resultado é imprescindível à tipici-
dade, e deve ser querido pelo agente.
Alguns entendem que a ocorrência da morte ou da lesão grave não integra o 
tipo, mas constitui condição de punibilidade. A consequência é a mesma, pois 
se estas não ocorrerem, não há crime.
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Suicida
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38 • capítulo 1
A maioria da doutrina nega a possibilidade da prática deste crime por omis-
são, enquanto que outros, como Nelson Hungria, admitem-na se o agente for 
de alguma forma garantidor, tendo a obrigação de impedir o resultado. Se dei-
xar de fazê-lo, estará de alguma forma instigando. Ex.: pai que vê o filho se sui-
cidar e nada faz; guarda que deixa o preso suicidar-se.
Da mesma maneira para formas omissivas de instigação, nas quais o não 
fazer reforçaria a ideia de suicídio. Ex.: enfermeiro que, violando as regras do 
estabelecimento, que manda recolher as armas de todas as pessoas internadas, 
deixa o revólver para que o doente se mate.
Há provocação direta ao suicídio nos casos de coação, física ou moral, resis-
tível, e quando o agente inflige à vítima maus-tratos e sofrimento, para o fim de 
levá-la, em desespero, ao suicídio. Frise-se que não basta a ameaça de revelar 
determinados fatos ou o rompimento amoroso, é necessário o dolo.
Ainda, haverá homicídio e não induzimento, se a vítima age por erro pro-
vocado pelo agente. Ex.: Tício entrega a Caio arma carregada, alegando que é 
inofensiva e levando o outro a dispará-la contra si mesmo.
1.2.5 Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de induzir, instigar, ou auxiliar a vítima na prática do suicí-
dio. Elemento subjetivo do tipo: conduta séria do agente no sentido de que a ví-
tima venha a se matar. Para Hungria, nada impede a prática do crime com dolo 
eventual: por exemplo, carcereiro que não toma providências quanto à greve de 
fome de um preso. 
Não há forma culposa.
1.2.6 Consumação e tentativa
A consumação se dá com a morte da vítima ou com a produção de lesões graves. 
Se a vítima, ao tentar o suicídio auxiliada pelo agente sofre lesões corporais de 
natureza leve, ou não sofre nenhuma lesão, o fato não é punível, por ser atípico.
Impossível a tentativa, pois a lei subordina a incriminação do fato à superve-
niência do suicídio ou ao menos da lesão corporal.
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ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO
Há crimes em que além do dolo (vontade) ainda se exige uma finalidade específica, para a qual a prática se determina. É o que move o sujeito.
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capítulo 1 • 39
1.2.7 Formas qualificadas
O Artigo 122, parágrafo único estabelece que a pena é duplicada, se o crime 
é praticado por motivo egoístico, que significa que o agente vai obter alguma 
vantagem pessoal com o suicídio (ex.: induz o marido

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