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Direito Civil - Pessoas e Bens

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Direito Civil
Unus homo, nullus homo
um homem, homem nulo
Ubi homo... ibi societas,
Ubi societas...
... ibi jus!
UBI JUS, IBI SOCIETAS!
"Ubi homo ibi societas; ubi societas, ibi jus"
Onde está o Homem, há sociedade; onde há sociedade, há direito.
Onde há Direito, há sociedade!
“Ulpiano - Corpus Iuris Civilis"
Contextualização
Unus homo, nullus homo (Um homem, homem nulo)
Ubi societas, ibi jus (Onde há sociedade, aí há direito)
· Direito é a ciência que tem por objeto o estudo das regras que disciplinam a convivência social. 
· É o conjunto de normas vigentes em um país (positivo).
· “É o direito um sistema de disciplina social fundado na natureza humana que, estabelecendo nas relações entre os homens uma proporção de reciprocidade nos poderes e deveres que lhes atribui, regula condições existenciais dos individuais e dos grupos sociais e, em consequência, da sociedade, mediante normas coercitivamente impostas pelo poder público. ” (Vicente Raò)
· Direito natural é o conjunto de princípios, regras e prescrições de natureza abstrata, formuladas por uma força superior ou pela própria razão humana, não escrito e sem existência decorrente do Estado, fundado na natureza humana fundamental (Caio Mário, Paulo Nader). 	
· Direito positivo é o conjunto de leis e normas objetivas, de caráter obrigatório e cujo cumprimento é garantido pelo Estado por meio de seus órgãos coercitivos. “Conjunto de princípios que pautam a vida social de determinado povo em determinada época” (Caio Mário)
· Direito objetivo (direito normativo) é o direito formado por conjunto de normas - leis em vigor numa ordem jurídica determinada e que estabelece e rege as relações entre os indivíduos daquela sociedade. “é a norma de ação ditada pelo poder público” (Caio Mário). É a lei, a norma estatal – ius est norma agendi (o direito é a norma de agir)
· Direito subjetivo é a faculdade assegurada a qualquer pessoa de realizar o comando previsto na norma em seu favor – ius est facultas agendi.
· É a prerrogativa de alguém invocar o direito positivo a seu favor. É o poder de exigir, de exercer um direito
· Direito Público - relações que envolvem o interesse público, em regra com a presença do Estado.
· As relações acontecem no sentido vertical, impondo ao Poder Público uma situação de superioridade frente aos particulares, em função da manutenção do interesse público.
· Direito Privado - trata das relações jurídicas entre os cidadãos particulares. Trata da predominância de interesses individuais, viabilizando a coexistência social.
· As relações de direito privado aconteceriam no sentido horizontal, entre pares.
· DIREITO CIVIL é o principal ramo do Direito Privado. É o ramo que regula a vida dos cidadãos comuns nas suas relações do dia a dia.
DIREITO CIVIL
· O Direito Civil é o direito comum que rege as relações entre os particulares. Disciplina o modo de ser e agir das pessoas, bem como suas relações pessoais e patrimoniais.
· Etimologicamente “civil” refere-se ao cidadão (Stolze)
· O direito civil trata dos interesses individuais.
· Regula as relações entre as pessoas privadas:
· estado;
· capacidade;
· contratos e obrigações;
· família e sucessões;
· propriedade,
· Viabilizar o interesse individual, isoladamente, e o pleno desenvolvimento da liberdade a sua atividade econômica.
· Regras para permitir a convivência social.
· “O Direito civil consagra-se como o reino da liberdade individual.” (Maria Celina Bodin de Moraes)
· As relações do direito público com o direito privado apresentam-se bem definidas.
· O direito privado insere-se no âmbito dos direitos naturais e inatos dos indivíduos.
· O direito público é aquele emanado pelo Estado para a tutela de interesses gerais.
· As duas esferas são quase impermeáveis, atribuindo-se ao Estado o poder de impor limites aos direitos dos indivíduos somente em razão de exigências dos próprios indivíduos. (Bodin)
· Princípios – Liberdade (irrestrita)/ Igualdade (isonomia formal)/ Fraternidade (boa-fé) 
· Autonomia da vontade
· Pacta sunt servanda
· LIBERALISMO – cabe ao Estado a tarefa de manter a coexistência pacífica entre os indivíduos para que atuem livremente.
· Relações patrimoniais estão no centro
· Descompasso entre a liberdade irrestrita e a dignidade do indivíduo (civil/constitucional)
· Necessidade de um Estado intervencionista e regulamentador;
· Evolução dos Princípios: Liberdade (autonomia privada) /Igualdade (isonomia substancial) / Fraternidade (solidarismo constitucional).
· Dignidade da pessoa humana;
· Visão sistêmica do direito e diálogo das fontes; 
DIREITO CIVIL CONSTITUCIONAL
· A interpenetração do Direito Público e Privado por meio da adoção dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, solidariedade social e igualdade substancial promoveu a chamada Constitucionalização do Direito Civil, que reflete a análise do direito privado à luz das regras constitucionais.
· As relações patrimoniais deixam se ser o centro da ordem jurídica privada para se associarem ao princípio da dignidade da pessoa humana.
· A Constitucionalização do Direito Civil representa um novo caminho metodológico que procura analisar os institutos privados a partir da Constituição.
· CARACTERÍSTICAS:
· tutela da pessoa humana,
· desenvolvimento da personalidade e
· justiça distributiva.
· “Fortalece-se, assim, a cada dia, a tendência de não mais se permitir a utilização das normas constitucionais apenas em sentido negativo, isto é, como limites dirigidos somente ao legislador ordinário, sustentando-se, ao contrário, o seu caráter transformador, entendendo-as como fundamento conjunto de toda a disciplina normativa infraconstitucional, como princípio geral de todas as normas do sistema.” (Bodin)
TABELA 1
EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
· Representa a eficácia irradiante dos direitos fundamentais que não são oponíveis apenas ao Estado mas a todos os pares;
· Aplicação direta dos direitos fundamentais nas relações privadas, especialmente em atividades de caráter público;
· A Constituição e os Direitos Fundamentais não estão dirigidos apenas ao Estado, mas também aos particulares.
· Precedentes:
· STF- RE 201.819 – exclusão de associado;
· STF – RE 160.222-8 – revista em fábrica de lingerie;
PRINCÍPIOS DO NOVO CÓDIGO CIVIL
· Socialidade – reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais (função social);
· Eticidade – prioriza a equidade, a boa-fé, a justa causa e os demais critérios éticos;
· Operabilidade – efetividade das normas, afastamento de critérios complexos e inseguranças no texto legal. Concretitude.
· Boa-fé e probidade como vetores de interpretação do Código Civil.
· Eficácia horizontal dos direitos fundamentais (RE 201819 /STF).
· Diálogo das Fontes (CF – CC – CDC)
CODIFICAÇÃO DO DIREITO CIVIL
· Codificação é o processo de organização, que reduz e sistematiza em um único diploma várias e diferentes regras jurídicas da mesma natureza.
· Código é uma unidade orgânica que centraliza as normas aplicáveis a cada relação jurídica. (STOLZE)
· A ideia de codificação surgiu na Idade Moderna com a redescoberta do Direito Romano e a necessidade de organização e unificação de diplomas para regular a vida em sociedade.
· No Sec. XIX iniciou-se o movimento de Codificação:
· Prussiano – 1794
· Francês – 1804 (Napoleônico)
· Austríaco – 1811
· Português – 1867 (Seabra)
· Alemão – 1896/1900 (BGB)
· Brasileiro – 1916
· O Direito Romano é o antecedente histórico mais importante para a Codificação – Corpus Iuris Civilis;
· Na Idade Média com o surgimento do Direito Canônico retoma-se a importância do Direito Natural e a codificação civil é relegada a um plano menor;
· Com a Idade Moderna surgem as Universidades e há uma redescoberta do Direito Romano, concluindo-se pela necessidade de criação de diplomas unificados para reger as relações sociais.
· O Código Napoleônico e o B.G.B. (Burgerlich Gesetzbuch) traduzem grande influência e importância no processo de codificação - Seu conteúdo foi fonte de inspiração tanto para o projeto do CC – 16 quantopara o do CC – 02.
TABELA 2
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
· Como o Brasil era uma Colônia, antes da sua declaração de independência, todo o sistema normativo Português era aplicado no território Brasileiro.
· Ordenações Afonsinas (1446)
· Ordenações Manoelinas (1521)
· Ordenações Filipinas (1603)
· Com a Independência do Brasil (1822) foi ordenado que continuasse a vigorar no Império a legislação do Reino até que existisse legislação própria.
· As Ordenações Filipinas deixaram de viger no Reino em 1867, quando foi editado o primeiro Código Civil Português (Código de Seabra), mas continuaram a vigorar no Brasil até 1916.
· A Constituição brasileira de 1824 referiu a necessidade de criação de um Código Civil baseado na Justiça e na Equidade.
· Em 1855 foi nomeado Teixeira de Freitas para elaboração de um esboço do Cod. Civil;
· Em 1858 Teixeira de Freitas apresentou a “Consolidação das Leis Civis”, um trabalho irretocável de compilação e sistematização da legislação vigente que, aprovado pelo Imperador em 1858, passou a preencher a lacuna do Código Civil.
· Em 1867 Teixeira de Freitas apresenta o Esboço do Código Civil, com mais de 3 mil artigos e a proposta de unificação do Direito Privado (reunião do Código Civil com o Comercial). Depois de severas críticas, Teixeira abandonou o trabalho de elaboração do CC.
· O esboço de Teixeira de Freitas não foi aproveitado no Brasil mas foi utilizado na elaboração do CC Argentino.
· Na República foi designado, pelo Presidente Epitácio Pessoa, Clóvis Beviláqua para elaboração no Código Civil.
· Em outubro de 1899 Beviláqua encaminhou o Projeto que foi encaminhado ao Congresso em 1900 e que após longa tramitação foi promulgado em 1916, entrando em vigor em 1917.
CÓDIGO CIVIL DE 1916
· Influenciado pelo Código Napoleônico (Francês) e pelo BGB (Alemão).
· Código conservador que reproduz costumes, moral e ética do século XIX e não do Sec. XX:
· Predomínio do pensamento econômico liberal com a valorização do indivíduo e do patrimônio;
· Predominância do marido sobre a mulher (a mulher era considerada relativamente incapaz) e a família (pátrio poder)
· Indissolubilidade do casamento (nulidade ou morte)
· O desquite resolvia apenas a questão matrimonial e liberava o cônjuge do dever de fidelidade e coabitação mas não extinguia a relação conjugal (Lei do Divórcio 1977);
· Casamento era a única fonte de família legítima;
· Categoria de filhos: legítimos (casamento), naturais (pessoas solteiras sem impedimento), Ilegítimos (pessoas impedidas de casar) e adulterinos.
· Estrutura do Código:
· Parte Geral (pessoas, bens e fatos jurídicos)
· Parte Especial – 4 livros ( Direito de Família, Coisas, Obrigações e Sucessões).
· CC 1916 foi revogado pelo CC 2002, que entrou em vigor em 2003.
NOVO CÓDIGO CIVIL – 2002
· Comissão de elaboração nomeada em 1967, sob a supervisão de Miguel Reale.
· Estrutura, conteúdo e elaboradores:
· Parte Geral (José Carlos Moreira Alves)
· Parte Especial
· Obrigações (Agostinho Alvim)
· Empresarial (Sylvio Marcondes)
· Coisas (Ebert Vianna Chamoun)
· Família (Clóvis Couto e Silva)
· Sucessões (Torquato Castro)
· Composição:
· Livro
· Título
· Capítulo
· Seção
· Principais características:
· Preserva, no possível, a estrutura do CC 1916;
· Excluí matéria de ordem processual;
· Reorganiza e agrupa matérias de natureza semelhantes;
· Implementa o sistema de cláusulas gerais (genéricas e abstratas) cujos valores devem ser preenchidos pelos interprete em face do caso concreto e da realidade social;
· Ex. responsabilidade objetiva (art. 927);
· Ex. probidade e boa-fé (art. 422)
· Ex. Função social do contrato (art. 421)
PRINCÍPIOS DO NOVO CÓDIGO CIVIL
· Socialidade ou solidariedade – reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais (função social);
· redução do foco patrimonialista;
· conciliação e equilíbrio entre os direitos individuais e a justiça social (bem comum)
· Ex. redução do prazo para o usucapião, análise dos fins sociais da propriedade; poder familiar...
· Eticidade – prioriza a equidade, a boa-fé, a justa causa e os demais critérios éticos;
· Ex. equilíbrio econômico dos contratos; exigência de lealdade das partes (art. 113)
· Operabilidade – simplificação dos textos, dar efetividade as normas por meio do afastamento de critérios complexos e inseguranças no texto legal. Concretude.
· Adoção da Dignidade da Pessoa humana como princípio fundamental;
· Boa-fé e probidade como vetores de interpretação do Código Civil;
· Direito civil Constitucional e eficácia horizontal dos D. Funda.
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO - Decreto-Lei nº 4.657/42
CONTEÚDO E FUNÇÃO
· Era conhecida como Lei de Introdução ao Código Civil. Denominação que foi corrigida pela Lei 12.376 de 2010 em face do texto possuir um caráter geral e não restrito às normas relativas ao Código Civil.
· Trata-se de um conjunto de normas sobre normas, aplicáveis a todos os ramos do Direito, salvo naquilo que for regulado de forma diferente pela legislação específica.
· Abrange princípios que regem a aplicação das normas de direito privado e de direito público no tempo e no espaço. 
 FUNÇÕES:
· Regular a vigência e a eficácia das normas jurídicas (art. 1º e 2º), apresentando soluções ao conflito de leis no tempo (art. 6º) e no espaço (art. 7º a 19);
· Fornecer critérios de hermenêutica (art. 5º);
· Estabelecer mecanismos de integração de normas quando houver lacunas (art. 4º);
· Garantir não só a eficácia global da ordem jurídica, não admitindo o erro de direito (art. 3º) que compromete a segurança e estabilidade da ordem jurídica (art. 6º);
FONTES DO DIREITO
· “Fonte do direito é o meio técnico de realização do direito objetivo”. (Caio Mário)
· São os elementos de onde deriva/surge o direito;
· No sistema da Civil Law (Romano-Germânico) a Lei é a fonte principal;
· No sistema da Common Law os costumes e o precedente são as principais fontes do Direito;
· Fontes: 
· Lei;
· Costume;
· Analogia;
· Princípios Gerais do Direito;
· Doutrina;
· Jurisprudência ?
· Lei - A lei é o preceito jurídico escrito, emanado do legislador e dotado de caráter geral e obrigatório. 
· Costume – conduta reiterada e aceita socialmente pela consciência do povo sem interferência do Poder Público.
· Analogia – utilização de dispositivos legais a casos análogos/semelhantes diante dos casos de anomia, ou seja, ausência de normas que regulem o caso concreto.
· Princípios Gerais do Direito - são cânones interpretativos que não foram positivados explicitamente na Lei, mas que estão contidos no ordenamento jurídico.
· Doutrina – resultado da pesquisa/estudo dos cientistas jurídicos.
· Jurisprudência - entendimento resultante de decisões reiteradas dos Tribunais sobre um determinado assunto.
CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES
· Tabelas
· 
LEI
· LEI é a norma posta pelo Estado, com caráter geral e coercitivo.
· Para Diniz “norma jurídica é um imperativo autorizante”.
· Em sentido amplo a Lei é considerada como sinônimo de norma jurídica; em sentido estrito, todavia, lei indica tão somente a norma jurídica elaborada pelo Poder Legislativo por meio do processo adequado.
· “Lei é um ato do Poder Legislativo que estabelece normas de comportamento social (...) é um conjunto ordenado de regras que se apresenta como um texto escrito.” (Francisco Amaral)
CARACTERÍSTICAS:
· Escrita: é sempre escrita e com publicidade; 
· Generalidade e Abstração: dirige-se a todos os cidadãos;
· Imperatividade: impõe um dever de conduta obrigatório (uma ordem, um comando de ação ou abstenção) ou seja, coercitivo;
· Autorizamento: autoriza e legitima o uso da faculdade de coagir (não é sanção nem coação);
· Permanência: produz seus efeitos até ser revogada ou pelo período previsto no seu texto;
· Emana de autoridade competente: competência definida pelo texto constitucional e exigência de processo formal de elaboração;
PRINCIPAL CLASSIFICAÇÃO:
· QUANTO A HIERARQUIA:
· Constitucionais – constantes na CF, contemplam as normas definidoras do próprio Estado, sua organização, sistema de governo, divisão dos poderes, processolegislativo, direitos e garantias fundamentais…
· Complementares – destina-se a regulamentação do texto constitucional quando necessária explicitação para aplicação;
· Ordinárias – são as leis comuns que compõe a grande maioria das normas do ordenamento;
· Delegadas – elaboradas pelo Executivo por autorização expressa do poder Legislativo (Art. 68, § 1º a 3º CF)
· Medidas Provisórias – editadas pelo Executivo em caso de relevância e urgência (art. 84 CF)
· Decretos Legislativos (art. 59, IV, CF)
· Resoluções (art. 51 CF)
· Normas internas.
· QUANTO A AMPLITUDE TERRITORIAL
· Federais,
· Estaduais
· Municipais
· QUANTO À IMPERATIVIDADE:
· Cogentes, de ordem pública ou de imperatividade absoluta: não podem ser afastadas pela vontade das partes;
· Mandamentais
· Proibitivas
· Não cogentes, dispositivas ou de imperatividade relativa:
· Permissivas: permitem que os interessados disponham como lhe convier sobre determinada relação;
· Supletivas: (salvo disposição em contrário)
· QUANTO À NATUREZA :
· Substantivas ou materiais: definem direitos e deveres, estabelecendo seus requisitos; (art. 130, 189...)
· Adjetivas, processuais ou formais: São as que definem a forma de realização do direito (normas de natureza processual)
· QUANTO AO AUTORIZAMENTO:
· Mais que perfeitas: estabelecem ou autorizam a aplicação de duas sanções ex. pensão (prisão e pagamento)
· Perfeitas: estabelecem a nulidade do ato sem aplicar pena. Ex. nulidade do negócio jurídico praticado pelo incapaz.
· Menos que perfeitas: não anulam mas aplicam pena.
· Imperfeitas ou sui generis: cuja violação não acarreta nenhuma consequência. Ex. art. 814 - dívida prescrita; 
· VIGÊNCIA DA LEI: é um critério temporal de validade da lei; Processo: elaboração – tramitação – aprovação – promulgação – publicação.
· A lei nasce com a promulgação e se completa com a publicação, momento em que inicia sua vigência ou a sua postergação por certo período (vacatio legis).
· Vigência é o tempo de duração da lei, é o período em que a lei produz seus efeitos;
· A vigência inicia com a publicação e se estende até a revogação da norma ou o término do prazo estabelecido para sua validade.
· VACATIO LEGIS (período de vacância) – período transcorrido entre a publicação da lei e o início de sua vigência, ou seja, sua efetiva entrada em vigor, cuja finalidade é permitir que os destinatários da lei tenham conhecimento de seu texto e seus efeitos.
· Regra geral – 45 dias (se não for estabelecido outro prazo)
· Contagem: inclui a data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente a sua consumação integral.
· Atenção aos prazos constitucionais: hipóteses em que há vacatio legis obrigatória:
· a) a lei que cria ou aumenta contribuição social para a seguridade social. Esta lei só pode entrar em vigor após 90 (noventa dias) de sua publicação (art. 195, §6º da CF).
· b) a lei que cria ou aumenta tributo, que só entra em vigor após 90 (noventa) dias da data da publicação (art. 150, inciso III, alínea c da CF). Observe que tal lei deve observar o princípio da anterioridade
· Art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
A partir da Lei Complementar nº 95/98 (art. 8º) a vigência da lei deverá vir indicada de forma expressa, estabelecida em dias e contemplando prazo razoável para dar amplo conhecimento de seu texto e seus efeitos. 
A imediata entrada em vigor só é possível se se verificar que a lei é de pequena repercussão, reservando-se para esses casos a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação“.
Na falta de disposição expressa da cláusula de vigência, aplica-se como regra supletiva a do art. 1º da LINDB, que dispõe que a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada.
- Cláusula padrão: “ Esta lei entra em vigor após decorridos (número de dias) de sua publicação”.
· LC 95/98 - Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão.
· § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral. 
· § 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’ .
· § 1º. Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.
· Não havendo prazo para entrada em vigor a obrigatoriedade da lei brasileira no exterior se dará após o prazo de 3 meses, contados de sua publicação no Diário Oficial, passando a ser reconhecida pelo Direito Internacional.
· Em relação às circulares e instruções dirigidas a autoridades e funcionários brasileiros no exterior, são aplicáveis desde o momento em que cheguem ao conhecimento dessas pessoas de forma autêntica.
· § 3º. Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada à correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
· Correção de erros de ortografia ou de sentido da lei em vacatio legis ensejarão nova publicação e os prazos passam a contar da nova data.
· § 4º. As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
· As emendas ou correções em lei que já esteja em vigor são consideradas leis novas, ou seja, para corrigi-la é preciso passar por todo o processo de criação de uma lei, devendo para isso obedecer aos requisitos essenciais e indispensáveis para a sua existência e validade, inclusive a vacatio legis.
· REVOGAÇÃO DA LEI: cessar a vigência da lei ou seja, o período de produção de efeitos. Tornar sem efeito uma lei.
· Revogação total ou ab-rogação: supressão integral da norma anterior;
· Revogação parcial ou derrogação: atinge só parte da norma, permanecendo em vigor o restante;
· Expressa – previsão taxativa e inequívoca da perda de efeitos da lei ou de parte dela;
· Tácita - quando não há declaração de revogação, mas sim edição de nova lei incompatível com a lei anterior;
· Critério Cronológico – lei posterior revoga a anterior;
· Critério Hierárquico – lei superior revoga a inferior;
· Critério da Especialidade – Lei especial revoga a lei geral;
· Caducidade: superveniência de circunstância prevista no próprio texto da lei;
· A lei não é revogada pelo desuso;
· LC 95/98 - Art. 9º Quando necessária a cláusula de revogação, esta deverá indicar expressamente as leis ou disposições legais revogadas.
· Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
· A vigência da lei pode ser determinada (quando o texto informa o período de vigência de forma expressa) ou pode ser por período indeterminado, ou seja, uma vez vigente ela é válida até que outra lei a modifique ou revogue.
· A lei não é revogada pela jurisprudência, pelos costumes ou atos regulamentares, portarias, avisos...
· Segundo Diniz, no caso de vigência determinada, ter-se-á cessação da lei por causas intrínsecas em face de:
· a) decurso do tempo para o qual a lei foi promulgada, por se tratar de lei temporária;
· b) consecução do fim a que a lei se destina (transitórias);
· c) cessação do estado de coisas não permanente (p. ex. lei emanada para atender estado de sítio ou guerra, ou para prover situação de emergência oriunda de calamidade pública);
· § 1º. A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
· Revogação total (ab-rogação) ou revogação parcial (derrogação)
· § 2º. A lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
· ambas coexistem pacificamente, excetose disciplinarem de maneira distinta a mesma matéria ou se a revogarem expressamente.
· § 3º. Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
· A ordem jurídica brasileira não admite, como regra, a repristinação. Não há REPRISTINAÇÃO automática/implícita;
· Repristinação é o instituto através do qual se restaura a vigência de uma lei revogada por ter a lei revogadora perdido vigência: norma “B” revoga a norma “A”; posteriormente uma norma “C” revoga a norma “B”; a norma “A” não volta a viger.
· Não há o efeito repristinatório, restaurador, da primeira lei revogada, salvo quando houver pronunciamento expresso do legislador nesse sentido.
· Se a norma revogadora for declarada inconstitucional há efeito repristinatório (restaura-se a lei revogada)
· “A declaração de inconstitucionalidade in abstracto e a suspensão cautelar de eficácia do ato reputado inconstitucional, importam - considerado o efeito repristinatório que lhes é inerente - em restauração das normas revogadas pelo diploma objeto do processo de controle normativo abstrato.” (STF) – Lei 9868/99 – art. 11, § 2ª. 
OBRIGATORIEDADE DA LEI
· Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece.
· Princípio da inescusabilidade por ignorância da lei.
· Teorias
· Presunção legal – presume-se que a lei, uma vez publicada, torna-se conhecida por todos;
· Ficção Legal – trata-se da ficção do conhecimento por todos;
· Necessidade social – é a mais adotada. A lei é obrigatória por elevadas razões de interesse público e para garantir a eficácia global do ordenamento jurídico.
· Erro de direito: é o conhecimento falso da lei, como causa de anulação do negócio jurídico, mas não servirá como argumento para manutenção do negócio. A ninguém pode ser permitido subtrair-se dos efeitos da lei. O Erro não serve para, a pretexto de desconhecimento da lei, pretender a sua violação (excepcionalidade). Só pode ser invocado quando não houver o objetivo de furtar-se o agente ao cumprimento da lei. Serve para justificar, por exemplo, a boa-fé em caso de inadimplemento contratual, sem a intenção de descumprir a lei. (Carlos Roberto Gonçalves)
INTEGRAÇÃO DA NORMA
· O DIREITO NÃO É LACUNOSO MAS EXISTEM LACUNAS...
· Lacunas são situações não previstas de modo específico pelo legislador mas que exigem solução por parte do juiz.
· Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
· Nos casos em que a lei for omissa, cabe ao magistrado utilizar-se das fontes integradoras do direito, que incluem a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
· ANALOGIA: aplicação de caso semelhante – O juiz busca em outra lei, que tenha suporte fático semelhante, disposições aptas à solução do caso concreto.
· Requisitos:
· inexistência de dispositivo legal disciplinando o caso concreto;
· Semelhança entre a relação não contemplada e outra regulada na lei;
· Identidade de fundamentos lógicos e jurídicos no ponto comum;
· Analogia legis (aplicação de apenas uma norma próxima);
· Analogia iuris (aplicação de um conjunto de normas);
· Ex. art. 25 do CC – estender à companheira a legitimidade conferida ao cônjuge no caso de ausência.
· COSTUME: representa uma conduta reiterada (prática reiterada de um hábito coletivo, público e notório) que acaba sendo utilizada como fonte supletiva para integrar a norma;
· Costume secundum legem – previsão de utilização do costume expressa na lei
· Costume Praeter Legem – Ex. cheque pós-datado;
· Costume Contra Legem – que se opõe à lei
· PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: são os princípios básicos que devem harmonizar os valores de determinada cultura em determinado tempo. São cânones que emergem do direito natural, regras de valor genérico que se transmitem no tempo e orientam a compreensão do sistema jurídico através de subsídios morais e éticos inspiradores do ideal de Justiça.
ANTINOMIAS
· Antinomia é a presença de duas leis conflitantes (normas contraditórias) na ordem jurídica, por tratarem do mesmo caso com soluções incompatíveis;
· Critérios de solução:
· Critério Cronológico – mais fraco
· Critério da Especialidade - intermediário
· Critério Hierárquico – mais forte
· Principal classificação de Antinomias:
· Aparente – quando o conflito se resolve com normas integrantes do próprio sistema jurídico;
· Real – quando o conflito não se resolve pelos critérios normativos. Ex. uma norma superior geral e uma norma inferior especial. 
· Exige a aplicação de meta-critérios;
ANTINOMIAS DE SEGUNDO GRAU E OS METACRITÉRIOS PARA SOLUÇÃO:
· TABELA
CONFLITOS DE LEI NO TEMPO
· Dúvida quanto a aplicação da lei nova em situações jurídicas já constituídas e ainda vigentes:
· DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS- o próprio legislador cria caminhos para solucionar o problema. Ex. art. 2028 – prazos prescricionais;
· IRRETROATIVIDADE DAS NORMAS – não aplicar a lei nova a situações jurídicas já constituídas legalmente;
· A irretroatividade é a regra mas a retroatividade pode ser utilizada em alguns casos; ex. beneficiar o réu;
ATO JURÍDICO PERFEITO, COISA JULGADA E DIREITO ADQUIRIDO
· Art. 6º. A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
· A lei nova só incidirá sobre os fatos ocorridos durante seu período de vigência, não alcançando efeitos produzidos por relações jurídicas anteriores a sua entrada em vigor, ou seja, atinge apenas situações futuras.
· § 1º. Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo que se efetuou.
· Ato jurídico perfeito – já consumado segundo a lei vigente;
· !!! A proteção do ato jurídico perfeito representa um instrumento de salvaguarda dos direitos subjetivos formados sob a égide da norma anterior, ou seja, de preservação dos direitos legítimos de seus titulares
· § 2º. Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
· Direito Adquirido – é o direito que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e a personalidade do seu titular;
· Não há direito adquirido contra a Constituição (STF)
· Não se confunde com Expectativa de Direito.
· Direito adquirido é aquele que já integrou ao patrimônio e não pode ser atingido pela lei nova;
· Expectativa de direito é a mera possibilidade ou esperança de adquirir um direito pois dependente de acontecimento futuro para sua constituição.
· § 3º. Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
· Coisa julgada – imutabilidade dos efeitos da sentença; A coisa julgada é o instituto processual que se caracteriza pela imutabilidade e indiscutibilidade da decisão consolidando seus efeitos e promovendo a segurança jurídica.
· Em determinados casos a jurisprudência vem mitigando os efeitos da coisa julgada. Ex. investigação de paternidade;
· Confere presunção jure et de jure de que o direito foi aplicado de forma correta ao caso concreto, garantindo a impossibilidade de sua reforma e viabilizando sua executoriedade.
APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO
· Tratam dos limites territoriais da aplicação da lei brasileira e da estrangeira;
· Art. 7º a 19 da LINDB
· Território é o limite espacial dentro do qual o Estado exerce de modo efetivo e exclusivo o poder de império sobre pessoas e bens. Ou, como expressa Kelsen: é o âmbito de validez da ordenação jurídica chamada Estado”. (SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 27ª ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 98).
· PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE – a lei tem aplicação dentro de território delimitado pelas fronteiras do Estado que a editou. (art. 8º e 9º)
· Estende-se às embaixadas, consulados, navios de guerra (em qualquer lugar), navios mercantes em águas territoriais ou em alto mar, aeronaves no espaço aéreo brasileiro;
· Não é um princípio absoluto;
· O Brasil segue o sistema da territorialidademoderada (mitigada ou temperada): admite, em circunstâncias especiais, que a lei estrangeira tenha eficácia dentro do nosso território, sem que isso comprometa a soberania do país.
· PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE: admite a aplicabilidade no território nacional de leis de outros Estados, segundo princípios e convenções internacionais (art. 7º e 10)
· Estatuto pessoal: situação jurídica que rege o estrangeiro pelas leis de seus país de origem. Baseia-se na lei da nacionalidade ou do domicílio.
PESSOAS - PERSONALIDADE JURÍDICA - SUJEITO DE DIREITOS
DEFINIÇÕES
· Analisar aqueles que potencialmente titularizam relações jurídicas representa “o ponto inicial do estudo do Direito, eis que este decorre da necessidade social de regular os conflitos que surgem do paradoxo de um ser individual que vivendo em sociedade põe-se em choque com outras pessoas ou com o próprio grupo” (THOMPSON FLORES) 
· PESSOA é todo aquele considerado como sujeito de direitos. É quem titulariza relações jurídicas.
· Pessoa é todo e qualquer “ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações”.
· Animais e plantas não são sujeito de direitos, não titularizam direitos e obrigações, embora sejam tutelados pela ordem jurídica. 
· O Direito examina a pessoa sob o prisma de ser o elemento primário das relações jurídicas e como potencial detentora de direitos e obrigações.
· Relação Jurídica é toda a relação da vida social regulada pelo Direito.
· A ordem jurídica reconhece duas espécies de pessoas:
· Pessoa Natural ou Física – considerado o ser humano, ou seja, aquele ente dotado de estrutura biopsicológica;
· Pessoa Jurídica ou Moral – é a entidade formada pela soma de esforços de pessoas naturais ou por um acervo patrimonial afetado para uma finalidade ; 
· Para ser considerado sujeito de direito é necessário estar dotado de personalidade jurídica.
· “A expressão jurídica do ser pessoa é a personalidade” (Flores)
· PERSONALIDADE é a qualidade ou atributo do ser humano, representam a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações na ordem jurídica, ou seja, é a qualidade para ser sujeito de direito. É pressuposto para a inserção e atuação da pessoa na ordem jurídica.
· Personalidade é a face jurídica da pessoa.
· PERSONALIDADE é um atributo que permite as pessoas serem titulares de relações jurídicas, ao mesmo tempo em que dispõem de tutela jurídica.
· Trata-se de uma aptidão genericamente reconhecida a toda e qualquer pessoa conforme disposto no art. 1º do Código Civil e que possibilita ao titular o exercício de direitos e obrigações.
· Todo ser humano nascido vivo é pessoa e portanto detentor de personalidade.
· PESSOA + PERSONALIDADE = SUJEITO DE DIREITO
· SUJEITO DE DIREITO é a pessoa que, dotada de personalidade, possui a titularidade da direitos e responde pelas suas obrigações.
· PERSONALIDADE não se confunde com CAPACIDADE. Enquanto a personalidade diz respeito a um valor jurídico reconhecido a todas as pessoas, a CAPACIDADE refere-se a possibilidade daqueles dotados de personalidade de serem sujeitos de direito.
· “Enquanto a personalidade é um valor, a capacidade é a projeção desse valor que se traduz em um quantum. Pode-se ser mais ou menos capaz, mas não se pode ser mais ou menos pessoa” (AMARAL)
· CAPACIDADE significa a idoneidade para adquirir direitos e contrair obrigações, bem como a qualidade para exercer por si só seus direitos e praticar atos da vida civil.
· A capacidade se desdobra em capacidade de direito e de fato. Quando ambas estão reunidas, diz-se que a pessoa tem capacidade civil plena.
· Capacidade de DIREITO ou de gozo ou de aquisição: A capacidade de direito confunde-se com o próprio conceito de personalidade visto ser genericamente reconhecida a qualquer pessoa, sem distinção.
· Capacidade de FATO ou de exercício ou de ação: Traduz a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil. Nem toda pessoa tem, é necessário completar os requisitos legais para sua aquisição. 
· CAPACIDADE não se confunde com LEGITIMAÇÃO
· LEGITIMAÇÃO – é uma espécie de capacidade especial exigida para determinados atos.
· “o ser humano é pessoa; portanto tem personalidade, do que resulta ser sujeito de direito, cuja consequência é a capacidade para adquirir direitos (...) pode ser sujeito de direito, a pessoa, porque tem personalidade e possui capacidade.” (FLORES)
PESSOA NATURAL 
· Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
· Pessoa Natural ou Física é o ser humano considerado como sujeito de direitos e deveres.
· Basta o nascimento com vida para ser considerada pessoa natural e adquirir personalidade jurídica.
INÍCIO DA PERSONALIDADE
· Fixar o início da personalidade é fixar o momento a partir do qual se é considerado sujeito de direitos e se está apto a titularizar direitos e obrigações. 
· Há dois momentos cientificamente sustentáveis para definir o início da personalidade jurídica da pessoa: a concepção e o nascimento.
· Teorias :
· Concepcionista;
· Natalista
· Da personalidade condicional;
· TEORIA CONCEPCIONISTA – defende a aquisição da personalidade com a concepção, ressalvados os direitos patrimoniais que ficam condicionados ao nascimento com vida.
· Para os Romanos o infans conceptus é detentor de personalidade.
· Nascituro é o ser já concebido mas que ainda se encontra no ventre materno.
· Considera a concepção com o início da vida.
· Defendida por Teixeira de Freitas na Consolidação das Leis Civis;
· Apresenta reflexos no ordenamento jurídico pátrio:
· Fundamentava a legitimidade processual no nascituro de propor ação de investigação de paternidade com pedido de alimentos antes da Lei nº 11.804/08. Atualmente a mãe está legitimada para a propositura da ação de alimentos gravídicos.
· STJ entende que o nascituro também tem direito a indenização por danos morais.
· O direito à vida é constitucionalmente protegido à todos, inclusive ao nascituro. O ECA garante o direito à Assistência Pré-natal, garantindo-lhe condições para o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. (Gonçalves)
· CJF – Enunciado 1. Art. 2º a proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura.
· Crítica: a proteção do direito do nascituro é na verdade proteção a expectativa que se tornará direito se ele nascer vivo 
· Vida – depende de atividade cerebral (ADPF 54)
· TEORIA NATALISTA: é considerada a teoria tradicional. Sustenta que a personalidade inicia com o nascimento com vida. Literalmente foi adotada pelo art. 2º do CC.
· Antes do nascimento não há personalidade mas pode-se ressalvar os direitos desde a concepção se cumprido o nascimento com vida.
· Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
· NASCIMENTO – quando a criança é separada do ventre materno, quando ocorre o rompimento da unidade biológica constituindo mãe e filho dois corpos com vida orgânica própria.
· NASCIMENTO COM VIDA – além da separação biológica é necessário que haja respiração e atividade cerebral (ADPF 54). 
· NATIMORTO – nascimento sem vida, impede a aquisição de personalidade jurídica.
· Lei 6015/73. Art. 53. No caso de ter a criança nascido morta ou no de ter morrido na ocasião do parto, será, não obstante, feito o assento com os elementos que couberem e com remissão ao do óbito. 
· § 1º No caso de ter a criança nascido morta, será o registro feito no livro "C Auxiliar", com os elementos que couberem. 
· § 2º No caso de a criança morrer na ocasião do parto, tendo, entretanto, respirado, serão feitos os dois assentos, o de nascimento e o de óbito, com os elementos cabíveis e com remissões recíprocas. 
· Exame para verificação da respiração – dentre outros é utilizada a Docimasia hidrostática de Galeno.
· STF não definiu posicionamento a respeito, ora aceitando a teoria natalista ora a teoria concepcionista.
· Distinguir NASCITURO (já concebido) de CONCEPTURO (ainda não concebidomas com direito resguardado à sucessão).
· Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
· I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;
· TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL: sustenta que os direitos assegurados ao nascituro encontram-se em estado potencial, sob condição suspensiva.
· Considera o nascituro uma “pessoa condicional” pois a aquisição da personalidade depende do nascimento com vida.
· Representa uma forma de antecipação da personalidade.
· É um desdobramento da teoria natalista;
· Defende que o nascituro não tem direitos efetivos, apenas expectativa de direito;
· Crítica: Tecnicamente só se pode considerar condição a cláusula voluntária, ou seja, decorrente da vontade da parte o que impediria o nascituro de ter direitos condicionais. Não existe condição legal no ordenamento jurídico brasileiro.
· INICIO DA VIDA E SITUAÇÃO JURÍDICA DO NASCITURO
"O Magno Texto Federal não dispõe sobre o início da vida humana ou o preciso instante em que ela começa. Não faz de todo e qualquer estádio da vida humana um autonomizado bem jurídico, mas da vida que já é própria de uma concreta pessoa, porque nativiva (teoria ‘natalista’, em contraposição às teorias ‘concepcionista’ ou da ‘personalidade condicional’). E, quando se reporta a ‘direitos da pessoa humana’ e até a ‘direitos e garantias individuais’ como cláusula pétrea, está falando de direitos e garantias do indivíduo-pessoa, que se faz destinatário dos direitos fundamentais ‘à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade’, entre outros direitos e garantias igualmente distinguidos com o timbre da fundamentalidade (como direito à saúde e ao planejamento familiar). Mutismo constitucional hermeneuticamente significante de transpasse de poder normativo para a legislação ordinária. A potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-la, infraconstitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas de obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa humana. O embrião referido na Lei de Biossegurança (in vitro apenas) não é uma vida a caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. O Direito infraconstitucional protege por modo variado cada etapa do desenvolvimento biológico do ser humano. Os momentos da vida humana anteriores ao nascimento devem ser objeto de proteção pelo direito comum. O embrião pré-implanto é um bem a ser protegido, mas não uma pessoa no sentido biográfico a que se refere a Constituição." (ADI 3.510, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 29-5-2008, Plenário, DJE de 28-5-2010.)
FIM DA PERSONALIDADE - MORTE
· Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
· MORTE REAL – é o fim da atividade humana (cardíaca e cerebral), declarada em atestado médico (declaração de óbito) e levada a registro .
· Para a Medicina o fim da atividade cerebral define a morte da pessoa visto ser impossível sua recuperação - art. 3º Lei 9434/97.
· Feto anencéfalo é considerado natimorto em face de não ter viabilidade de vida extrauterina.
· “o critério de morte encefálica permite o reconhecimento da irreversibilidade do estado de morte ao mesmo tempo em que reconhece o funcionamento de outras partes do organismo humano, mas que em breve sucumbirão. Também na morte encefálica vê-se que o critério é utilitário, ainda que baseado na certeza atual sobre a irreversibilidade da perda da atividade cerebral. Nada impediria que, com a continuidade do funcionamento dos órgãos, ainda que por aparelhos e apoio médico, se considerasse o indivíduo vivo, mas apto a doar porque a morte é iminente” (ADPF 54)
· MORTE PRESUMIDA – quando não existe prova cabal da morte. Pode ser com ou sem declaração de ausência.
· Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
· I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
· II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
· Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
· JUSTIFICAÇÃO DE ÓBITO – É o procedimento judicial utilizado para declarar a morte presumida com fulcro no art. 7º do CC e art. 88 da Lei 6015/73. Nesta oportunidade o juiz fixará a data provável dá morte.
· A morte presumida não é automática e depende de sentença judicial. 
· Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame. 
· Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito.
COMORIÊNCIA
· Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
· A comoriência traduz uma hipótese de morte simultânea.
· Caso não haja comprovação da ordem cronológica das mortes, nos termos do art. 8º, considera-se que tenha havido morte simultânea, de maneira que um comoriente não herda do outro, abrindo-se cadeias sucessórias autônomas e distintas.
· Em tese, os comorientes podem morrer em lugares distintos. 
TEORIA DAS INCAPACIDADES: DOS INCAPAZES
PESSOA CIVILMENTE CAPAZ E INCAPAZ
· CAPAZES – são as pessoas que possuem capacidade de direito (gozo ou aquisição) e capacidade de fato (exercício ou ação), o que lhes permite, além de titularizar direitos e obrigações, exercê-los por si só, ou seja, praticar atos da vida civil. 
· CAPACIDADE é a aptidão/condição para adquirir direitos e contrair obrigações, bem como a qualidade para exercer por si só seus direitos e praticar atos da vida civil. Se desdobra em capacidade de direito e de fato e só a comunhão das duas caracteriza a CAPACIDADE CIVIL PLENA.
· INCAPAZES são as pessoas que possuem capacidade limitada, ou seja, limitação na capacidade de fato ou exercício. 
· Não existe limitação da capacidade de direito (art. 1º CC).
· INCAPACIDADE é a restrição legal ao exercício pessoal dos atos da vida civil, imposta pela lei somente aos que, excepcionalmente, necessitam de proteção em face de circunstâncias previstas em lei. 
· A lei estabelece circunstâncias que impedem o exercício pessoal de direitos por parte dos incapazes, exigindo que sejam representados ou assistidos nos atos jurídicos em geral.
· A capacidade se presume em face do critério etário.
· A incapacidade é a exceção e, salvo questão etária, deverá ser declarada por sentença judicial.
PRINCÍPIOS RELATIVOS À INCAPACIDADE
· A capacidade e a incapacidade dizem respeito a prática de atos jurídicos e não fatos jurídicos;
· A capacidade é a regra e a incapacidade é a exceção: somente se consideram incapazes aqueles que a lei expressamente assim considerar;
· A incapacidade é um instituto de proteção ao incapaz: não deve ser considerada como uma punição ou estigma, pois representa medida protetiva que visa impedir a lesão aos direitos daqueles desprovidos de discernimento;
INCAPACIDADES
· A incapacidade pode ser classificada em face do grau de imaturidade (condição etária) ou por situações pessoais específicas (impossibilidade de manifestar a vontade de forma livre e consciente):· INCAPACIDADE ABSOLUTA (art. 3º) – Alcança todo e qualquer ato jurídico. Acarreta a proibição total do exercício por si só dos atos da vida civil sob pena de nulidade do ato - REPRESENTAÇÃO
· INCAPACIDADE RELATIVA (art. 4º) – alcança apenas alguns atos jurídicos, permitindo ao relativamente incapaz praticar determinados atos da vida civil e dando validade a todos os atos em que o mesmo for assistido por seu representante. Salvo os atos cuja prática é permitida diretamente ao incapaz, conforme previsão legal (testemunha, celebração de contrato de trabalho, votar), os atos praticados sem assistência são considerados anuláveis - ASSISTÊNCIA
ABSOLUTAMENTE INCAPAZES
· Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
· Menores impúberes. Por questão etária a lei presume a falta de discernimento/maturidade necessário para a prática de atos da vida civil por si só, necessitando da representação pelos pais ou responsáveis legais.
· Art. 166, inciso I: “é nulo o negócio jurídico, quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz”.
· Admite-se, excepcionalmente, a manifestação de vontade do absolutamente incapaz, como no caso de adoção de menor acima de 12 anos cujo consentimento do menor é indispensável para validade da adoção.
· III Jornada de Direito Civil - Enunciado 138 A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3º é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento bastante para tanto.
· REPRESENTAÇÃO LEGAL – Poder familiar (pais )
· TUTELA – ausência/impossibilidade dos pais 
RELATIVAMENTE INCAPAZ
· A incapacidade relativa permite que o incapaz pratique os atos da vida civil com assistência do seu representante legal, sob pena de anulabilidade.
· Art. 171, inciso I: “além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: por incapacidade relativa do agente;”
· Existem atos que podem ser praticados sem assistência: ser testemunha, fazer testamento, celebrar contrato de trabalho...
· Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
· I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
· II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
· III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
· IV - os pródigos.
· Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
· Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
· I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
· A maioridade foi reduzida de 21 para 18 anos no CC 2002;
· Menores Púberes. Possuem discernimento suficiente para manifestar sua vontade, mas devem exercê-la de forma correta para garantir a proteção legal.
· A vontade do menor é relevante, o ato é praticado pelo menor assistido pelo seu representante, que assina juntamente com o menor para garantir a validade do ato.
· Se houver conflito de interesse entre o menor e o representante legal o juiz nomeará um curador especial. 
· A incapacidade só pode ser invocada pelo incapaz ou seu representante (art. 105, 180 e 181 do CC);
· Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
· Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
· Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.
· A ninguém é lícito beneficiar-se da sua própria torpeza;
· Venire contra factum proprium (vedação do comportamento contraditório)
· Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
· Sociedades – art. 972 a 976 do CC. 
INCAPACIDADE E SOCIEDADES:
· Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.
· Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.
· Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
· § 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.
· § 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.
· § 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: 	 (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
· I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; 	 (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
· II – o capital social deve ser totalmente integralizado; 	 (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
· III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
· Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes.
· § 1o Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser conveniente.
· § 2o A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados.
· Art. 976. A prova da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art. 974, e a de eventual revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro Público de Empresas Mercantis.
· Parágrafo único. O uso da nova firma caberá, conforme o caso, ao gerente; ou ao representante do incapaz; ou a este, quando puder ser autorizado.
· II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
· Alcoólatras ou dipsômanos (impulsão irresistível para beber), toxicômanos (dependentes de substância entorpecente)
· Antigamente os fracos da mente ou fronteiriços eram considerados relativamente incapazes em face do discernimento reduzido – hoje não mais!
· Os limites da curatela serão fixados pelo juiz no pronunciamento na interdição;
· III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
· causa transitória (embriaguez eventual, uso eventual, fortuito e excessivo de entorpecentes, hipnose, boa noite cinderela, coma...) ou patologia (arteriosclerose, ELA...)
· A pessoa que voluntariamente utiliza substância entorpecente ou congêneres (embriaguez preordenada) coloca-se em estado de incapacidade e não pode alegar isenção de responsabilidade, conforme previsto no art. 26 CP. Aplicação da teoria da actio libera in causa (análise da consciência na hora da determinação da conduta).
· Causa transitória não gera incapacidade permanente (processo de interdição), ensejando apenas a nulidade do ato praticado.
· IV - os pródigos.
· Pródigo é o indivíduo que dissipa o seu patrimônio desvairadamente com o risco de reduzir-se a miséria.
· A interdição só afeta os atos de disposição e oneração do seu patrimônio,pode administrá-lo mas não poderá desfalcá-lo sem a participação do seu assistente.
· Todos os outros atos da vida civil ficam resguardados, podendo ser praticados pessoalmente pelo pródigo sem risco de anulabilidade.
· Casamento: assistente participa do pacto antenupcial.
· Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
· Estatuto do Índio (Lei 6001/73). Considera absolutamente incapaz o índio que não estiver integrado até que (art. 9º):
· Complete 21 anos, tenha conhecimento da língua portuguesa; tenha habilitação para o exercício de atividade útil à comunidade nacional; tenha razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional; seja liberado por ato judicial ou por ato da FUNAI homologado pelo Poder Judiciário. 
ANTIGA REDAÇÃO DO CÓDIGO CIVIL
· Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
· I - os menores de dezesseis anos; 
· II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
· III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
· Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
· I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
· II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
· III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
· IV - os pródigos.
· Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
· Absolutamente incapazes (CC 2002 – antiga redação)
· Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
· I - os menores de dezesseis anos; (mantido)
· Presunção etária. Menores impúberes. Por questão etária a lei presume a falta de discernimento necessário para a prática de atos da vida civil por si só, necessitando da representação pelos pais ou responsáveis legais.
· II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; (foi excluído) 
· Insanidade permanente e duradoura caracterizada por graves alterações das faculdades psíquicas; Enfermidade mental congênita ou adquirida;
· III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. (passou para relativamente capaz)
LEI 13.146/2015
· A nova lei de inclusão dos deficientes (Estatuto da Pessoa com Deficiência) alterou significativamente a Teoria das Incapacidades, revogando os incisos do art. 3º do CC com o qual se mantém como absolutamente incapazes apenas os menores de 16 anos. E incluindo dois incisos no art. 4º, dentre os relativamente incapazes.
· Segundo Tartuce
· “Em suma, não existe mais, no sistema privado brasileiro, pessoa absolutamente incapaz que seja maior de idade. Como consequência, não há que se falar mais em ação de interdição absoluta no nosso sistema civil, pois os menores não são interditados. Todas as pessoas com deficiência, das quais tratava o comando anterior, passam a ser, em regra, plenamente capazes para o Direito Civil, o que visa a sua plena inclusão social, em prol de sua dignidade.” 
· A consequência dessa alteração é declarar o deficiente (físico ou mental) pessoa absolutamente capaz, salvo quando não puder expressar sua vontade, caso em que será considerado relativamente incapaz e terá a nomeação de curador (art. 84)
· O Estatuto da Pessoa com Deficiência assegura e promove, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais pelas pessoas com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania, e estabelece que a deficiência não afeta a capacidade civil plena
· Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
· Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
· I - casar-se e constituir união estável;
· II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
· III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
· IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
· V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
· VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
DO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI - CURATELA
· Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas.
· § 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei.
· § 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada.
· § 3o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível.
· § 4o Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano.
· Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial.
· § 1o A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto.
· § 2o A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado.
· § 3o No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado.
· Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não será exigida a situação de curatela da pessoa com deficiência.
· Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim de proteger os interesses da pessoa com deficiência em situação de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o Ministério Público, de oficio ou a requerimento do interessado, nomear, desde logo, curador provisório, o qual estará sujeito, no que couber, às disposições do Código de Processo Civil.
PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA
· As pessoas portadoras de deficiência (excepcionais) não são mais considerados incapazes, sendo considerados pela nova lei pessoas capazes.
· Pode ter sua capacidade limitada para a prática de certos atos (curatela)
· Seus direitos estão regulados no Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015)
· Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
· § 1o A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará: (Vigência)
· I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
· II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
· III - a limitação no desempenho de atividades; e
· IV - a restrição de participação.
· Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
· I - casar-se e constituir união estável;
· II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
· III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
· IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
· V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
· VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com asdemais pessoas.
REDAÇÃO ANTIGA
· Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:
· I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
· II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade; (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
· III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
· IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental; (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
· V - os pródigos.
NOVA REDAÇÃO (VIGENTE)
· “Art. 1.767. ..................................................................
· I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
· II - (Revogado);
· III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
· IV - (Revogado);
· V – os pródigos;
PROCESSO DE INTERDIÇÃO - CURATELA
· A curatela, que se estabelece a partir do processo de interdição, visa determinar os limites da incapacidade do sujeito para a prática de certos atos, bem como constituir um curador que venha a representá-lo ou assisti-lo nos atos jurídicos que venha a praticar.
· Trata-se de uma ação de natureza cível cujo objeto é a declaração da incapacidade de determinada pessoa.
· Após a interdição o interditado não mais poderá comandar/praticar os atos a sua vida civil, razão pela qual será necessário nomear um curador para a representação e/ou assistência do interdito.
· A sentença de interdição produz efeitos futuros (ex nunc)
· Levantar-se-á a curatela quando cessar a causa que a determinou.
· As regras da interdição estão dispostas no CPC
PROCESSO DE INTERDIÇÃO – CPC
· Art. 747. A interdição pode ser promovida:
· I - pelo cônjuge ou companheiro;
· II - pelos parentes ou tutores;
· III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando;
· IV - pelo Ministério Público.
· Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por documentação que acompanhe a petição inicial.
· Art. 748. O Ministério Público só promoverá interdição em caso de doença mental grave:
· I - se as pessoas designadas nos incisos I, II e III do art. 747 não existirem ou não promoverem a interdição;
· II - se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas nos incisos I e II do art. 747.
· Art. 749. Incumbe ao autor, na petição inicial, especificar os fatos que demonstram a incapacidade do interditando para administrar seus bens e, se for o caso, para praticar atos da vida civil, bem como o momento em que a incapacidade se revelou.
· Parágrafo único. Justificada a urgência, o juiz pode nomear curador provisório ao interditando para a prática de determinados atos.
· Art. 750. O requerente deverá juntar laudo médico para fazer prova de suas alegações ou informar a impossibilidade de fazê-lo.
· Art. 751. O interditando será citado para, em dia designado, comparecer perante o juiz, que o entrevistará minuciosamente acerca de sua vida, negócios, bens, vontades, preferências e laços familiares e afetivos e sobre o que mais lhe parecer necessário para convencimento quanto à sua capacidade para praticar atos da vida civil, devendo ser reduzidas a termo as perguntas e respostas.
· § 1o Não podendo o interditando deslocar-se, o juiz o ouvirá no local onde estiver.
· § 2o A entrevista poderá ser acompanhada por especialista.
· § 3o Durante a entrevista, é assegurado o emprego de recursos tecnológicos capazes de permitir ou de auxiliar o interditando a expressar suas vontades e preferências e a responder às perguntas formuladas.
· § 4o A critério do juiz, poderá ser requisitada a oitiva de parentes e de pessoas próximas.
· Art. 752. Dentro do prazo de 15 (quinze) dias contado da entrevista, o interditando poderá impugnar o pedido.
· § 1o O Ministério Público intervirá como fiscal da ordem jurídica.
· § 2o O interditando poderá constituir advogado, e, caso não o faça, deverá ser nomeado curador especial.
· § 3o Caso o interditando não constitua advogado, o seu cônjuge, companheiro ou qualquer parente sucessível poderá intervir como assistente.
· Art. 753. Decorrido o prazo previsto no art. 752, o juiz determinará a produção de prova pericial para avaliação da capacidade do interditando para praticar atos da vida civil.
· § 1o A perícia pode ser realizada por equipe composta por expertos com formação multidisciplinar.
· § 2o O laudo pericial indicará especificadamente, se for o caso, os atos para os quais haverá necessidade de curatela.
· Art. 754. Apresentado o laudo, produzidas as demais provas e ouvidos os interessados, o juiz proferirá sentença.
· Art. 755. Na sentença que decretar a interdição, o juiz:
· I - nomeará curador, que poderá ser o requerente da interdição, e fixará os limites da curatela, segundo o estado e o desenvolvimento mental do interdito;
· II - considerará as características pessoais do interdito, observando suas potencialidades, habilidades, vontades e preferências.
· § 1o A curatela deve ser atribuída a quem melhor possa atender aos interesses do curatelado.
· § 2o Havendo, ao tempo da interdição, pessoa incapaz sob a guarda e a responsabilidade do interdito, o juiz atribuirá a curatela a quem melhor puder atender aos interesses do interdito e do incapaz.
· § 3o A sentença de interdição será inscrita no registro de pessoas naturais e imediatamente publicada na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 6 (seis) meses, na imprensa local, 1 (uma) vez, e no órgão oficial, por 3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição, os limites da curatela e, não sendo total a interdição, os atos que o interdito poderá praticar autonomamente.
· Art. 756. Levantar-se-á a curatela quando cessar a causa que a determinou.
· § 1o O pedido de levantamento da curatela poderá ser feito pelo interdito, pelo curador ou pelo Ministério Público e será apensado aos autos da interdição.
· § 2o O juiz nomeará perito ou equipe multidisciplinar para proceder ao exame do interdito e designará audiência de instrução e julgamento após a apresentação do laudo.
· § 3o Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da interdição e determinará a publicação da sentença, após o trânsito em julgado, na forma do art. 755, § 3o, ou, não sendo possível, na imprensa local e no órgão oficial, por 3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, seguindo-se a averbação no registro de pessoas naturais.
· § 4o A interdição poderá ser levantada parcialmente quando demonstrada a capacidade do interdito para praticar alguns atos da vida civil.
· Art. 757. A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens do incapaz que se encontrar sob a guarda e a responsabilidade do curatelado ao tempo da interdição, salvo se o juiz considerar outra solução como mais conveniente aos interesses do incapaz.
· Art. 758. O curador deverá buscar tratamento e apoio apropriados à conquista da autonomia pelo interdito.
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE: MAIORIDADE E EMANCIPAÇÃO
MAIORIDADE CIVIL
· “Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.”
· A maioridade civil é estabelecida pelo critério meramente etário (cronológico), quando a pessoa completa 18 anos.
· Presunção etária de capacidade civil plena.
· A maioridade é atingida no primeiro instante do dia do natalício, ou seja, no primeiro minuto da primeira hora do dia do nascimento (quem nasceu no dia 29 de fevereiro e no ano que completa 18 anos e não é ano bissexto completa a maioridade no dia 1º de março).
· Com a maioridade o indivíduo é considerado civilmente capaz!
EMANCIPAÇÃO
· Consiste na antecipação da aquisição da capacidade de fato ou exercício viabilizando a capacidade civil plena, ou seja, é a antecipação da conjugação da capacidade de direito e da capacidadede fato ou de exercício.
· é o ato jurídico que antecipa os efeitos da aquisição a maioridade e da consequente capacidade civil plena, para data anterior àquela em que o menor atinge a idade de 18 anos para fins civis.
· A emancipação permite a antecipação da capacidade civil plena.
· Características:
· definitiva;
· irretratável;
· irrevogável;
· ato formal e solene;
· Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
· I - pela concessão dos pais (VOLUNTÁRIA) ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz (JUDICIAL), ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
· II - pelo casamento; (LEGAL)
· III - pelo exercício de emprego público efetivo; (LEGAL)
· IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; (LEGAL)
· V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. (LEGAL)
· Espécies de emancipação:
· Voluntária: é a concedida pelos pais, se o menor tiver 16 anos completos, por meio de escritura pública. (art.5º, parágrafo único, I, CC)
· Judicial: é a deferida por sentença, ouvido o tutor, em favor do tutelado que já completou 16 anos. (art. 5º, parágrafo único, I, CC)
· Legal: é a que decorre dos casos expressos na lei (art. 5º, parágrafo único, II, III, IV e V, CC)
· O rol dos casos que permitem a emancipação é taxativo.
· As emancipações voluntária e judicial devem ser registradas no Registro Civil das pessoas naturais sob pena de não produzirem efeitos. Antes do registro, tais emancipações não produzirão efeito.
· A emancipação legal independe de registro e produzirá efeitos desde logo, isto é, a partir do ato ou fato que a provocou.
· VOLUNTÁRIA: (art. 5º, parágrafo único, I, primeira parte) é concedida pelos pais, por instrumento público, independentemente de homologação judicial, desde que o menor tenha 16 anos completos.
· É um ato conjunto dos pais: se um dos genitores esta morto, ausente ou destituído do poder familiar o ato cabe ao outro genitor. Se ambos estiverem vivos o ato é conjunto dos pais, mesmo que um deles detenham a guarda do filho.
· Caso haja divergência no consentimento, tal questão deve ser dirimida pelo juiz.
· É um ato unilateral dos pais: A lei não exige a participação do menor para emancipação voluntária, mas é recomendável que ele participe do ato. 
· A emancipação voluntária é ATO IRREVOGÁVEL.
· Não representa direito subjetivo do menor, é uma benesse concedida pelos genitores.
· É feita por instrumento público, independentemente de homologação judicial, mas para produzir efeitos deve ser registrada. 
· JUDICIAL: A emancipação judicial é aquela concedida pelo juiz, ouvido o tutor, desde que o menor tenha 16 anos completos.
· Aplica-se para os menores que não estão sob o poder familiar dos pais (o menor está sob tutela).
· Está regulada no art. 5º, § ún., I, segunda parte.
· Não é o tutor que emancipa e sim o juiz. O tutor é ouvido, também deve intervir o Ministério Público.
· LEGAL: art. 5º, parágrafo único, II a V. Por força de lei
· II – casamento: entre 16 e 18 anos há a necessidade de autorização e contraindo matrimonio os cônjuges estão emancipados por força de lei.
· Ainda que haja separação ou divórcio a emancipação é mantida, pois separação e divórcio desfazem vínculo válido, a sentença tem efeito para o futuro, por isso a emancipação continua.
· Não é possível o casamento de pessoa com idade inferior a 16 anos.
· Nulidade do casamento (Stolze, Tartuce... defende que a sentença de nulidade retroage e enseja o retorno a situação de incapaz). 
· III – do exercício de emprego público efetivo:
· É necessário que haja nomeação de forma definitiva.
· Afastam-se as hipóteses de serviços temporários ou de cargos comissionados.
· A hipótese de emancipação legal por exercício de emprego ou cargo público efetivo é de difícil ocorrência, podendo se apontar como exemplo a assunção de função pública em carreira militar (jovem que ingressa em carreira militar aos 17 anos).
· IV – pela colação de grau em curso de ensino superior:
· O curso superior tem que ser reconhecido pelo MEC.
· V – por estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria.
· O menor deve possuir 16 anos completos;
· Precisa ter economia própria em virtude do estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência da relação de emprego;
· Economia própria = receber um salário mínimo;
· Atividade empresária: Artigo 492, CC: “Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”.
· Relação de emprego: a idade mínima para trabalhar é 16 anos, mas é permitido o trabalho a partir de 14 anos na condição de aprendiz.
· 439, CLT- “É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento de salário”, mas não poderá dar quitação das verbas trabalhistas sem seu assistente, salvo no caso de emancipado.
DIREITOS DA PERSONALIDADE
DIREITOS DA PERSONALIDADE
· A personalidade não é um direito mas sim um atributo genérico para titularizar direitos e obrigações. 
· É da personalidade que derivam os direitos.
· Segundo Pontes de Miranda os “direitos da personalidade são todos os direitos necessários à realização da personalidade”.
· Ao nascer com vida a pessoa adquire personalidade e junto com ela muitos direitos que lhe são inerentes.
· Os direitos da personalidade são aqueles inerentes à pessoa e à sua dignidade (Tartuce)
· “São direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física, intelectual e moral”. (Gonçalves/Diniz)
· Estão dispostos no texto constitucional, incluídos dentre os direitos fundamentais, e na legislação infraconstitucional, codificada ou extravagante.
· Os direitos fundamentais são diretrizes gerais, garantias de todo o povo para, especialmente, limitar os excessos do Estado e concretizar o princípio da dignidade da pessoa humana. Os direitos da personalidade são fruto da captação desses valores fundamentais regulados pela disciplina civilística. (Tartuce).
· Ainda, segundo Tartuce, “alguns direitos da personalidade, quando analisados sob o aspecto do relacionamento com o Estado e constantes no ordenamento positivo, recebem o nome de liberdades públicas, sendo, contudo, os mesmos direitos do ponto de vista de sua tipificação, mas examinados em planos distintos. Os primeiros estão no relacionamento de uma pessoa diante de outra, isto é, nas relações privadas (direitos de personalidade); e os últimos perante o Estado (liberdades públicas), acrescidas de outros direitos econômicos, sociais se políticos.” 
· O rol dos direitos da personalidade apresentado no Código Civil (art. 11 a 21) é exemplificativo e não taxativo;
· IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 274-Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação.
· !O princípio da dignidade da pessoa humana (Art. 1º, III da CF) é uma cláusula geral de tutela que permite a existência de outros direitos da personalidade que não os elencados no Código Civil.
· NATUREZA JURÍDICA:
· INATOS: decorrentes da própria natureza humana (vida, integridade física e moral) independentemente de estarem positivados (dimensão supra legal - teoria naturalista);
· ADQUIRIDOS: somente se reconhecem quando positivados pela ordem jurídica (direito positivo); 
· Os direitos da personalidade estão ligados à pessoa nas suas dimensões mais íntimas e fundamentais do ser humano, razão pela qual são considerados, pela maioria da doutrina, como inerentes à pessoa humana (inatos). 
· CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE:
· INATOS, ILIMITADOS E

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