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DISCIPLINA DE HEMATOLOGIA CLÍNICA PROFESSORA: ELAINE GROPP NOÇÕES DE IMUNOHEMATOLOGIA São conhecidos mais de 270 antígenos diferentes no ERI, além do ABO e Rh proteínas ou outras biomoléculas ligadas à membrana do ERI grande diversidade antigênica. Com base na distribuição dos grupos sanguíneos determinados por estes antígenos nas famílias e populações os grupos são reunidos em SISTEMAS. o 2 ou mais grupos sanguíneos constituem um sistema quando os antígenos por eles responsáveis estão relacionados a um grupo comum de alelos. Existem mais de vinte sistemas sanguíneos: ABO, MNS, P, Rh, Lutheran (Lu), Kell, Lewis (Le), Duffy (Fy), Kidd (Jk), Diego (Di), Yt (Cartwright), Xg, Scianna (Sc), Dombrock (Do), Colton (Co), Landesteiner-Wiener (LW), Chido/Rogers (Ch/Rg), Hh (H), Kx (Xk), Gerbich (Ge), Cromer (Crom), Knops (Kn), Indian (In), Ok e Raph. Transfusões ABO/Rh(D) compatíveis 98% de sucesso ( Hb do receptor). ANTÍGENOS PÚBLICOS Comuns a todos os seres humanos ANTÍGENOS FAMILIARES (ou privados) Extremamente raros A intensidade das reações AGxAC é variável de indivíduo para indivíduo e é dependente do: o TIPO e ESPECIFICIDADE do AC o REVERSIBILIDADE da ligação forças de interação molecular fracas (não covalentes). o ESTABILIDADE da ligação (equilíbrio de associação química) o TERMODINÂMICA da reação AC frios e quentes. Não necessariamente um indivíduo produz AC contra AG que não possui depende da IMUNOGENICIDADE do AG (capacidade do AG estimular a síntese de AC) e da ANTIGENICIDADE do AC (capacidade do AC de ligar-se facilmente ao AG) Os AC contra AG eritrocitários são ESPECÍFICOS fixam-se em sítios antigênicos determinados, com os quais reagem especificamente (ex: um AC anti-A nunca reagirá contra um antígeno diferente do A). Nas REAÇÕES in vitro têm-se: - 1ª ETAPA hemácias SENSIBILIZADAS: AC ligado ao sítio eritrocitário. - 2ª ETAPA Aglutinação (quando AC é uma AGLUTININA) ou Hemólise (quando o AC é uma HEMOLISINA) OBSERVAÇÃO: Um AC pode sensibilizar os ERI a TA e provocar hemólise somente a 37ºC, ou ainda, sensibilizar os ERI em solução salina, mas somente produzir a aglutinação com a adição de soro humano ou solução de albumina bovina ou humana a 22% (meio protéico). AC NATURAIS Se formam num indivíduo sem aparentemente ter havido previa exposição ao AG (sem imunização prévia), provavelmente por exposição a alimentos e microrganismos após o nascimento (AG estão amplamente distribuídos na natureza). Ex: AC do sistema ABO. São geralmente IgM (ABO): Moléculas grandes, não atravessam placenta, geralmente não causam reação imune perinatal. Quando há contato com AG há ativação de complemento e hemólise intravascular (10 mL de SG transfundido em receptor ABO incompatível pode levar a óbito). Reagem melhor com AG a temperaturas < 37ºC (podendo inclusive não reagir in vivo) AC FRIOS Se o tempo de exposição ao AG for prolongado, os IgM são gradualmente substituídos por IgG. São capazes de aglutinar in vitro ERI com AG correspondente, tanto em solução salina como em meio protéico AC COMPLETOS ou SALINOS. AC IMUNES ocorrem após a inoculação parenteral de ERI contendo AG que não estão presentes nos ERI do receptor (AG não próprio). São tão numerosos quanto maior a diversidade entre os AG do doador e do receptor. São geralmente IgG (Rh): Moléculas pequenas, atravessam a placenta doença hemolítica perinatal é perigosa. Maioria das IgG é identificada pelo teste de COOMBS INDIRETO (cerca de 25 tipos de IgG mais raras não são identificados pelo teste usual) Alguns tipos de IgG ativam complemento, mas a maioria produz hemólise extravascular e somente depois de novo contato com AG (após sensibilização prévia) segunda gestação ou transfusão. Reagem melhor com AG a temperaturas de 37ºC (mas podem reagir também em temperaturas inferiores) AC QUENTES São incapazes de aglutinar ERI in vitro em solução salina, apenas sensibilizam o ERI (somente ocorre aglutinação em meio protéico: dissipa carga elétrica do ERI) AC INCOMPLETOS, AC BLOQUEADORES ou AC ALBUMÍNICOS AUTO-ANTICORPO AC do indivíduo contra antígeno do mesmo indivíduo (desregulação imune). HALO-ANTICORPOS AC de um indivíduo contra antígeno não próprio, porém de indivíduo da mesma espécie. AC HETERÓFILO AC proveniente de indivíduo de outra espécie que reage contra AG humano (ex: coelho, cavalo) SORO DE COOMBS (antiglobulina humana). AC REGULARES De ocorrência esperada em dada população: ex: anti-A, anti-B, anti-AB. AC IRREGULARES Ocorrência não é esperada incomuns. - AC formados por aloimunização após transfusão normalmente tem importância clínica, porém os formados naturalmente sem nenhuma razão prévia específica geralmente não tem valor clínico. - Quanto mais transfusões um indivíduo recebe, maior a chance deste desenvolver AC irregulares e rejeitar o mesmo sangue na transfusão seguinte. PESQUISA DE ANTICORPOS IRREGULARES (PAI) – TESTE DE COOMBS INDIRETO Pesquisa de AC contra proteínas de membrana de eritrócitos (em especial anti-D), em exames pré- transfusionais ou pré-natais (quando mãe for Rh -). Acompanhamento de pacientes sensibilizados por antígenos de qualquer sistema imunohematológico, principalmente do sistema Rh. Recomenda-se a utilização de suspensões comerciais de hemácias do grupo “O” a 3%, que devem permitir a detecção dos AC clinicamente relevantes no soro do paciente em teste (Rh, Duffy, Kidd, MNS, Lewis, KEL3). MATERIAL BIOLÓGICO: soro (plasma) CONSERVAÇÃO: refrigerar (máx. 48h) ou congelar (-20ºC) REAGENTES: - Soro de Coombs (soro antiglobulina humana poliespecífico) - Albumina bovina a 22% - Solução salina 0,9% - Hemácias-teste I e II (comerciais) PROCEDIMENTO: 1) AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE ANTICORPOS COMPLETOS: A) FASE SALINA: 1) Identificar 2 tubos de ensaio com o nome e nº do paciente TUBO I e II 2) Em cada tubo, colocar 100 L do soro do paciente. 3) Adicionar aos tubos I e II: - 1 gota de hemácias-teste I no tubo I - 1 gota de hemácias-teste II no tubo II OBS 1: Se a pesquisa for destinada a investigar AC no soro de um receptor que responderão a antígenos nos eritrócitos de um doador (PROVA CRUZADA) fazer um terceiro tubo colocando 1 gota da suspensão de hemácias a 3% do doador no lugar da hemácia-teste resultados positivos indicam incompatibilidades transfusionais. OBS 2: É recomendável a realização de um tubo autocontrole com 1 gota de suspensão de hemácias do próprio paciente no lugar das hemácias-teste deve dar resultado NEGATIVO. OBS 3: É recomendável a realização de tubos soro controle positivo com 100 L de soro controle comercial (ex: Coombs Control IgG - DiaMed) no lugar do soro do paciente nos tubos com hemácias-teste I e II devem dar resultado POSITIVO. 4) Homogeneizar e aguardar 5’ TA. 5) Centrifugar por 1 minuto a 1.000 rpm. 6) Ressuspender delicadamente o botão de hemácias e verificar a presença de aglutinação e/ou hemólise. Aglutinação/hemólise presente Teste de Coombs positivo Aglutinação/hemólise ausente Pesquisar anticorpos incompletos - continuar reação (item 7) 2) AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE ANTICORPOS INCOMPLETOS: B) FASE ALBUMINA 7) Adicionar 3 gotas de albumina bovina 22% aos tubos I e II. 8) Homogeneizar e incubar 15’ em B-M 37 ºC. 9) Centrifugar por 1 minuto a 1.000 rpm. 10) Ressuspender delicadamente o botão de hemácias formado e verificar a presença de aglutinação. Aglutinação presente Teste de Coombs positivo Aglutinação ausente continuar reação (item 11) C) FASE COOMBS (avaliação da presença de anticorpos incompletos): 11) Lavar o conteúdo dos tubos I e II 3 vezes com solução salina 0,9%: marcar volume nos tubos, centrifugar por 2’ a 1.000 rpm, retirar o sobrenadante após cada etapa da lavagem, ressuspendero botão e completar novamente o volume com salina até a marca. 13) Pipetar 100 L (2 gotas) do soro de Coombs em cada tubo e homogeneizar. 14) Centrifugar 2’ a 1.000 rpm 14) Ressuspender delicadamente o botão de hemácias formado e verificar a presença de aglutinação. Aglutinação presente Teste de Coombs positivo Aglutinação ausente Teste de Coombs negativo INTERPRETAÇÃO: - Reação NEGATIVA os tubos com as hemácias-teste I e II e NEGATIVA no tubo “autocontrole” indica ausência de anticorpos irregulares detectáveis no soro ou plasma do paciente ou doador. - Reação POSITIVA em um ou ambos os tubos com as hemácias-teste e NEGATIVA no tubo “autocontrole” indica sensibilização prévia do paciente (presença de AC irregulares). - Reação POSITIVA em ambos os tubos com as hemácias-teste e POSITIVA no tubo “autocontrole” indica presença de auto-anticorpos FAZER COOMBS DIRETO. - Reação POSITIVA em ambos os tubos com as hemácias-teste e POSITIVA no tubo “autocontrole”, sendo a reação no tubo “autocontrole” menos intensa que a das hemácias-teste pode indicar a presença de alo-anticorpos (AC irregulares) mascarados por auto-anticorpos FAZER COOMBS DIRETO. LIMITAÇÕES: Reações F(-): - Presença de AC irregular não detectável pela hemácia-teste utilizada. - Lavagem incorreta ou presença de globulinas humanas nos tubos podem neutralizar o soro de Coombs - Agitação inadequada Reações F(+): - Medicamentos - Quadro infeccioso ou outras condições patológicas com produção de AC - Excesso de centrifugação PESQUISA DE ANTICORPOS E COMPLEMENTO NA MENBRANA DE ERITRÓCITOS – TESTE DE COOMBS DIRETO Pesquisa de AC aderidos aos eritrócitos (hemácias sensibilizadas) em sangue de recém-natos com suspeita de eritroblastose fetal anemias hemolíticas do recém-nascido por incompatibilidade ABO ou Rh. Investigação de processos hemolíticos anemias hemolíticas adquiridas Avaliação de transfusões incompatíveis MATERIAL BIOLÓGICO: sangue total (EDTA) CONSERVAÇÃO: utilizar amostras recém-colhidas REAGENTES: - Soro de Coombs (soro antiglobulina humana poliespecífico) - Hemácias “O” Rh D (+) a 3% em salina ou hemácias-teste I comercial - Solução salina 0,9% PROCEDIMENTO: 1) Tomar 2 tubos de ensaio e identificar: a) TUBO TESTE (colocar nome e nº de identificação do paciente) b) TUBO CONTROLE (-) 2) Preparar uma suspensão a 5% de hemácias do paciente. - 1 ml salina + 50 L de sangue do paciente OBS: Fazer o mesmo com uma amostra conhecida “O” Rh D (+) ou hemácias-teste I comercial CONTROLE NEGATIVO 3) Lavar a suspensão de hemácias do paciente e de hemácias “O” Rh D (+) com salina por 3 vezes, utilizando centrifugação de 1.000 rpm por 1’ em cada etapa da lavagem. Ao final, desprezar completamente o sobrenadante (ficar somente com a papa de hemácias). lavagem é necessária para que se retire do meio reacional proteínas que podem promover falsa aglutinação (garantir que só sobrem hemácias com os AC adsorvidos). 3) Transferir 100 L da papa de hemácias lavadas do paciente para o TUBO TESTE. 4) Transferir 100 L da papa de hemácias lavadas “O” Rh D (+) para o TUBO CONTROLE (-). 6) Colocar 2 gotas de soro de Coombs poliespecífico nos dois tubos homogeneizar 7) Incubar os tubos em B-M 37 ºC por 15’ 8) Centrifugar por 1 minuto a 1.000 rpm. 9) Ressuspender delicadamente o botão de hemácias formado e verificar a presença de aglutinação: Aglutinação presente Teste de Coombs positivo Aglutinação ausente Teste de Coombs negativo OBS: O TUBO CONTROLE (-) não deve aglutinar. INTERPRETAÇÃO: Resultados positivos indicam presença de AC adsorvidos às hemácias sensibilização prévia dos eritrócitos. REAÇÕES (+) PRODUZIDAS POR OUTRAS CONDIÇÕES DO PACIENTE: - Medicamentos: metildopa, levodopa, ácido mefenâmico, penicilina, cefalosporinas, quinina, digitálicos e insulina. - Mieloma múltiplo, macroglobulinemia de Waldeström.
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