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LT1 - SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL,CÂMBIO E FINANÇAS

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SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL, 
CÂMBIO E FINANÇAS 
 
UNIDADE I 
 
 
Prof. Enzo Fiorelli Vasques 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
I. SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL – CONCEITO E EVOLUÇÃO ............................... 3 
1.1 Primeira fase: o padrão-ouro (até os anos 1930) ......................................... 3 
1.2 Segunda fase: o sistema de Bretton Woods (1944 a 1973) ......................... 4 
1.3 Terceira fase: o sistema de taxas flutuantes (de 1973 até nossos dias) ...... 5 
II. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS GLOBAIS ................................................................... 6 
2.1 Fundo Monetário Internacional (FMI) ........................................................... 6 
2.2 Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) ............. 7 
2.3 Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) ................................... 8 
2.4 Corporação Financeira Internacional (CFI) .................................................. 8 
2.5 Banco de Compensações Internacionais (BCI) ........................................... 8 
III. MOEDA ............................................................................................................... 9 
3.1 Moedas conversíveis ................................................................................... 9 
3.2 Moedas inconversíveis .............................................................................. 10 
3.3 Moedas escriturais ou de convênio............................................................ 10 
3.4 Taxa e paridade ......................................................................................... 10 
3.5 “Cross rate” ............................................................................................... 11 
3.6 Arbitragem ................................................................................................. 11 
IV. BALANÇO DE PAGAMENTOS ............................................................................... 12 
4.1 Balança comercial ..................................................................................... 12 
4.2 Serviços..................................................................................................... 13 
4.3 Renda ........................................................................................................ 13 
4.4 Transações unilaterais realizadas sem contrapartida ................................ 13 
4.5 Saldo de transações correntes .................................................................. 13 
4.6 Conta capital e financeira .......................................................................... 14 
4.7 Erros e omissões ....................................................................................... 14 
4.8 Contabilização ........................................................................................... 14 
4.9 Déficits, superávits e ajustes no balanço de pagamentos .......................... 15 
V. LIQUIDEZ INTERNACIONAL ................................................................................. 16 
VI. O EURODÓLAR E O MERCADO DE EURODÓLARES ................................................ 16 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 18
 
 
I. SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL – CONCEITO E EVOLUÇÃO 
Sistema financeiro internacional pode ser entendido como o conjunto das 
interações de comércio, de meios de pagamento (moedas), de mercado de 
capitais entre outros, que se processam em todo o globo, independentemente 
das fronteiras nacionais entre diferentes agentes econômicos, reguladas por 
instrumentos e mecanismos de sustentação. Registram-se três fases principais 
da evolução do Sistema Financeiro Internacional no século XX: 
 
1.1 Primeira fase: o padrão-ouro (até os anos 1930) 
Sistema de câmbio fixo com o ouro como “mercadoria-padrão”. Neste 
sistema, as moedas dos diferentes países eram definidas por um determinado 
peso em ouro. Os particulares poderiam comprar ou vender ouro em qualquer 
quantidade, assim como a importação e a exportação de ouro eram totalmente 
liberadas. 
A emissão de dinheiro era lastreada no volume de ouro do país e havia 
conversibilidade das moedas em ouro. Os pagamentos internacionais eram 
efetuados em ouro, que era o meio de troca no comércio exterior. 
A taxa cambial era dada pelo par-metálico, que determinava a paridade 
monetária entre duas moedas. Aumentando-se a procura por determinada 
moeda, seu preço subiria acima do par-metálico, tornando vantajosa a 
liquidação mediante remessa de ouro ao exterior. Aumentando-se a oferta de 
moeda estrangeira no mercado cambial, o seu preço cairia e seria mais 
vantajosa a conversão dos saldos de moedas estrangeiras em ouro. 
As taxas cambiais no sistema padrão-ouro eram estáveis, devido ao 
funcionamento do mecanismo dos gold points. 
Os gold points determinavam os limites das variações acima ou abaixo 
do par-metálico, levando em consideração as despesas decorrentes da 
remessa de ouro como limite para as variações. Caso o montante das 
despesas fosse menor do que o montante das diferenças cambiais, ocorreria a 
saída de ouro de um país para outro, o que contrariava os objetivos do sistema. 
Assim, as diferenças eram sempre muito reduzidas, localizando-se muito 
próximas do par-metálico, podendo-se afirmar que as das taxas cambiais eram 
estáveis durante o sistema do padrão-ouro. 
Durante o período entre as guerras mundiais não existiu nenhum 
sistema monetário internacional. Os países adotavam taxas fixas ou flutuantes, 
de acordo com suas conveniências. 
 
 
 
1.2 Segunda fase: o sistema de Bretton Woods (1944 a 1973) 
Em julho de 1944, no Mount Washington Hotel, na cidade de Bretton 
Woods, Estado de New Hampshire, nos Estados Unidos da América, 730 
delegados, representando 44 países, entre os quais o Brasil, reuniram-se 
durante três semanas na Conferência Monetária e Financeira das Nações 
Unidas, para construir um padrão financeiro internacional objetivando evitar a 
repetição da depressão dos anos 1930 e promover crescimento econômico e 
prosperidade no pós-guerra, donde se destacam as seguintes resoluções: 
1. Instituição do dólar americano como moeda-pivô da nova 
modelagem econômica. 
2. Instituição das taxas de câmbio fixas, mas ajustáveis. 
3. Criação do Fundo Monetário Internacional (FMI). 
4. Criação do Banco Mundial. 
 
Este sistema monetário vigorou de 1946 a 1971, de acordo com as 
regras estipuladas pelo FMI, organismo criado pela conferência realizada em 
Bretton Woods. Baseava-se no sistema câmbio-ouro com as paridades das 
moedas estabelecidas em ouro ou dólares. Os Estados Unidos converteriam os 
dólares em ouro, quando solicitados. 
A estabilidade das taxas cambiais era obtida por meio de intervenção 
oficial no mercado cambial e não pelo mecanismo dos gold points. As 
intervenções eram feitas mediante a utilização dos pontos de sustentação ou 
pontos de intervenção. 
Os Estados Unidos não estavam obrigados a obedecer os pontos de 
sustentação em relação ao dólar. Em virtude do crescimento da economia dos 
Estados Unidos e pela estabilidade alcançada pela sua moeda, o sistema de 
Bretton Woods obteve sucesso durante vários anos. 
O sistema funcionou muito bem até o final da década de 1960, quando o 
surgimento de déficits no balanço de pagamentos dos Estados Unidos 
provocou problemas na conversão de dólares em ouro, surgindo desconfiança 
de desvalorizações do dólar. 
Os investidores começaram a trocar dólares por outras moedas, 
especialmente as europeias. Quando os Bancos Centrais da Europa 
começaram a converter os dólares em ouro, houve reduções drásticas das 
reservas de ouro norte-americanas. 
Em agosto de 1971, os Estados Unidos anunciaram que não mais 
efetuariam a conversão de dólares em ouro. Ao tomarem conhecimento de taldecisão, vários países fecharam seus mercados cambiais, o que representou o 
fim do sistema Bretton Woods. 
 
1.3 Terceira fase: o sistema de taxas flutuantes (de 1973 até nossos dias) 
Desde 1973, o sistema financeiro internacional convive com taxas de 
juros flutuantes determinadas pelos mercados sujeitas a intervenções dos 
bancos centrais e acordos multilaterais. 
Em janeiro de 1976, em Kingston (Jamaica), o FMI alterou seus 
estatutos para adaptar-se ao novo regime de taxas flutuantes, cujas principais 
alterações foram: 
1. Abolição do preço oficial para o ouro. 
2. Maior importância ao Direito Especial de Saque (DES) nas reservas 
internacionais. 
3. Ampla liberdade aos países-membros para administrar suas taxas 
de juros. 
4. O dólar americano, a libra esterlina e o iene japonês passaram a se 
pautar pelas forças do mercado. 
5. Muitos países ancoraram suas moedas ao dólar americano ou a 
outra moeda conversível. 
6. Estabelecimento, pelos membros da Comunidade Econômica 
Europeia (CEE), de acordos para restringir flutuações em relação a terceiras 
moedas. 
 
As décadas de 1980 e 1990 apresentaram crescente globalização dos 
fluxos comerciais e financeiros e o fortalecimento dos blocos comerciais 
regionais (no final dos anos 1990 havia mais de oitenta acordos regionais ao 
redor do mundo). 
A abundância de recursos, a proliferação de instrumentos financeiros de 
captação de recursos por parte dos países chamados “emergentes”, aliada à 
especulação, desencadeou uma série de “crises” financeiras internacionais: 
1. Crise do Peso Mexicano 1994 - 1995 (mercados emergentes). 
2. Crise Financeira do Leste Asiático, no final dos anos 1990, 
envolvendo Tailândia, Malásia, Indonésia, Filipinas e Coreia do Sul (1997-
1998). 
3. Crise da Rússia e América Latina (1998-1999). 
 
 
II. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS GLOBAIS 
 
2.1 Fundo Monetário Internacional (FMI) 
Iniciou suas operações em 1947, já com um problema a ser resolvido: a 
regulamentação do comércio entre países. Assim se deu o Acordo Geral sobre 
Tarifas e Comércio, que vigorou por cinquenta anos. As finalidades do Fundo 
Monetário Internacional são: 
1. Estabelecer um sistema de cooperação monetária internacional 
através de uma instituição permanente; 
2. Facilitar o crescimento equilibrado do comércio internacional, 
contribuindo na obtenção de níveis mais altos de produção, renda e emprego; 
3. Promover a estabilidade cambial e evitar uma corrida competitiva de 
desvalorizações cambiais. 
4. Estabelecer um sistema multilateral de pagamentos das trocas 
internacionais e eliminar as restrições ao comércio internacional; 
5. Proporcionar recursos financeiros em forma temporária para facilitar 
aos seus membros a correção dos desequilíbrios no balanço de pagamentos; 
6. Reduzir a duração e a intensidade dos desequilíbrios nos balanços 
internacionais de pagamentos. 
Seu capital é composto pelas quotas constituídas pelos países 
associados, integralizadas em ativos de reservas (Direitos Especiais de 
Saques) e em moeda nacional do país associado. Esta quota-parte é fixada em 
função do peso econômico do estado, tendo em vista seu desenvolvimento 
industrial e sua participação no campo financeiro internacional. Os maiores 
quotistas são: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Grã-Bretanha e França. 
Durante as duas guerras mundiais alguns países tiveram flutuações de 
taxas de câmbio, que estimularam a desvalorização competitiva gerando 
redução do volume de comércio internacional, assim, o fundo esta centrado na 
manutenção da estabilidade das taxas de câmbio e na provisão de liquidez. 
As linhas básicas de atuação do FMI estão centradas em sete tipos de 
operações de crédito: 
1. Acordos stand-by: frequentemente, com duração entre doze e vinte e 
quatro meses, são destinados a corrigir desequilíbrios no setor externo dos 
países e seu desembolso em parcelas é condicionado ao desempenho 
econômico segundo metas pré-definidas. 
 
 
2. Extended fund facilitie: créditos de três anos, originalmente 
programados como fonte de crédito de longo prazo para lidar com 
desequilíbrios externos. 
3. Structural adjustment facility: criado em março de 1986, destina-se a 
países de baixa renda com problemas recorrentes de balanço de pagamentos. 
4. Compensatory and contingency financing facility: mecanismo de 
crédito criado em 1963 para países (sobretudo exportadores de produtos 
primários) com dificuldades de balanço de pagamentos derivadas de queda 
nas relações de troca. 
5. Enhanced structural adjustment facility: criado em 1988 para apoio a 
financiamentos e empréstimos. 
6. Buffer stock financing facility: criado em 1969 para financiar a 
amortização do capital. 
7. Oil facility: criado em 1974, permite ao FMI receber empréstimos de 
exportadores de petróleo e emprestá-los a países deficitários. 
 
2.2 Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) 
Assim como o FMI, o BIRD, também conhecido como Banco Mundial, 
surgiu a partir da Conferência de Bretton Woods, apresentando administração 
semelhante. Seus países-membros devem inscrever-se antes como membros 
do FMI. 
Criado com os objetivos de financiar projetos de alta qualidade ou 
programas com contribuição direta para o desenvolvimento econômico, mas 
não atrativos ao capital privado em condições satisfatórias. 
Os empréstimos são realizados de governo a governo, ou instituições 
garantidas pelo governo, ou seja, trata-se de uma instituição 
intergovernamental. 
O BIRD não visa lucros. Os juros e comissões cobrados são destinados 
a despesas da instituição e constituição de um fundo de reserva. Tem como 
principais funções: 
 Contribuir para o desenvolvimento dos países associados. 
 Promover investimentos de capitais estrangeiros, mediante sua 
participação em empréstimos. 
 Promover o crescimento equilibrado do comércio internacional, 
incentivando os investimentos internacionais no desenvolvimento dos países 
associados. 
 
 
 Coordenar os empréstimos feitos ou garantidos. 
 
A política do BIRD é só dar empréstimos aos Estados que mantiverem 
em ordem o pagamento de suas dívidas públicas externas, bem como aqueles 
que pagam indenização em caso de nacionalização. Não concede 
financiamentos a empresas públicas ou estatais. 
 
2.3 Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) 
A Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) surgiu para 
atender ao desenvolvimento, pois o BIRD não atende, em muitas 
oportunidades, a esta finalidade, uma vez que ele só fornece empréstimos com 
juros altos e em moedas fortes. 
Ao contrário, a AID fornece empréstimos com juros baixos, a longo 
prazo, podendo ser pagos na moeda de quem contraiu o empréstimo, pois visa 
atender a necessidades de desenvolvimento não suficientemente rendosas 
para se contrair empréstimos de curto prazo e juros de mercado. 
Oferece empréstimos de longo prazo (até quarenta anos, com dez anos 
de carência) aos países considerados pobres, dentro do conceito de “fundo 
perdido”, embora cobrando pequena taxa de administração. 
 
2.4 Corporação Financeira Internacional (CFI) 
Promover o empreendimento privado nos países em desenvolvimento e 
suplementar as atividades do BIRD voltadas a empréstimos governamentais. 
Participar de fundos de investimento usados para adquirir participações 
em empresas e desenvolver as bolsas de valores em países em 
desenvolvimento. 
Atuar nos países em desenvolvimento, desenvolvendo o mercado de 
capitais, auxiliar na reestruturação e privatização das participações estatais e 
promover o desenvolvimento das pequenas e médias empresas. 
 
2.5 Banco de Compensações Internacionais (BCI) 
O BIS foi criado em 1930, com o objetivo de ser um banco dos bancos 
centrais, mas em algumas situações opera como um banco comercial. 
Os bancos centrais depositam parte das reservas oficiais em moeda, 
que as reinvesteno mercado de euromoedas e em outros grandes mercados 
internacionais. 
 
 
O BIS promove a cooperação dos bancos centrais, desenvolve 
facilidades adicionais para as operações financeiras internacionais e atua como 
garantidor e/ou agente nos acordos financeiros internacionais. Quando 
solicitado, atua como facilitador em acordos internacionais. 
 
III. MOEDA 
É a unidade de valor aceita como instrumento de troca numa 
comunidade, desempenhando as seguintes funções: 
a) Instrumento de troca. 
b) Poder de compra. 
c) Medida comum de valor. 
d) Instrumento de crédito. 
e) Reserva de valor. 
 
As moedas, sob o aspecto cambial, classificam-se em: 
 
3.1 Moedas conversíveis 
Moedas conversíveis são aceitas por outros países, sem qualquer 
restrição e em qualquer mercado. As principais são: 
 
150 Dólar australiano AUD Austrália B 
165 Dólar canadense CAD Canadá A 
055 Coroa dinamarquesa DKK Dinamarca A 
220 Dólar dos EUA USD Estados Unidos A 
470 Iene JPY Japão A 
065 Coroa norueguesa NOK Noruega A 
540 Libra esterlina GBP Reino Unido B 
070 Coroa sueca SEK Suécia A 
425 Franco suíço CHF Suíça A 
 
 
978 Euro EUR Comunidade Europeia A 
 
3.2 Moedas inconversíveis 
Moedas inconversíveis não têm fácil curso internacional ou não são 
aceitas por outros países nas transações cambiais, como exemplo: 
 
Moeda País 
Metical Moçambique 
Dinar argentino Argélia 
Cólon costarriquenho Costa rica 
Rúpia Índia 
Shekel Israel 
 
O intercâmbio comercial entre países de moeda inconversível é, como 
regra geral, conduzido em moeda conversível de terceiro país. 
 
3.3 Moedas escriturais ou de convênio 
Moedas escriturais ou de convênio decorrem de acordos bilaterais ou 
multilaterais de pagamentos, geralmente firmados com o objetivo de 
desenvolver ou regular o intercâmbio comercial entre países de moedas 
inconversíveis. A moeda geralmente utilizada nos convênios é o dólar dos 
Estados Unidos. Ex.: CCR – Convênios de Pagamentos e Créditos Recíprocos. 
 
3.4 Taxa e paridade 
Taxa é definida como o preço de uma moeda estrangeira em relação à 
moeda nacional. Paridade, por sua vez, pode ser definida como o preço de 
uma moeda estrangeira em relação a outra. A mais utilizada é a paridade em 
relação ao dólar dos Estados Unidos. Exemplificando: 
Se, para comprar um dólar dos Estados Unidos (US$), são necessários 
2,00 reais, diz-se que a paridade do real em relação ao dólar dos Estados 
Unidos é 2,00. Então, para transformar R$100,00 em US$, aplica-se a 
 
 
paridade, isto é, divide-se a quantidade de reais pela paridade, o que resulta 
em US$50,00. 
 
3.5 “Cross rate” 
Cross rate é a taxa de câmbio embutida entre duas moedas, derivada de 
suas respectivas taxas de câmbio, relativa a uma terceira moeda. Por exemplo, 
para transformar 80,00 dólares canadenses (CAD) em francos suíços (SwFr), 
como as paridades usualmente divulgadas são em relação ao dólar dos 
Estados Unidos, deve-se fazer o seguinte cálculo: 
 
US$1,00 = CAD 2,00 (paridade do dólar canadense) 
US$1,00 = SwFr 1,80 (paridade do franco suíço) 
Então: 
CAD 2,00 = SwFr 1,80 
CAD1,00 = “x” SwFr 
Logo: 
“x” SwFr = 1,00 x 1,80 = 0,90 
 2,00 
CAD 1,00 = SwFr 0,90 
 
 A “cross rate” do dólar canadense em relação ao franco suíço é SwFr 
0,90. Isto significa que os CAD 80,00 valem: CAD 80,00 x 0,90 = SwFr 72,00. 
 
3.6 Arbitragem 
Arbitragem é a troca de determinada moeda estrangeira por outra, no 
sentido de obter vantagens de temporárias diferenças de preços. A arbitragem 
nada mais é do que a compra de uma moeda na praça onde seu preço estiver 
mais baixo e sua venda em outra praça, onde o preço for mais elevado, 
obtendo com isso lucro na transação. 
Essas transações são efetuadas, geralmente, para: 
 
 
 Suprir o saldo em determinada moeda estrangeira junto ao 
banqueiro que não tem disponibilidade para cumprir compromissos nessa 
moeda, mas tem disponibilidade em outra. 
 Obter vantagens em transações envolvendo duas ou mais praças. 
 Evitar riscos com determinadas moedas que, no mercado cambial, 
oscilam com frequência, ou se avalia que se desvalorizarão. 
 
Arbitragens quanto à natureza Arbitragens quanto ao prazo 
 Diretas ou simples – 
troca/conversão de US$ por 
outra moeda, utilizando-se 
diretamente a paridade. 
 Prontas (spots) – operações em que a 
entrega das moedas se dará dentro de 
dois dias úteis. 
 Indiretas – envolvendo três 
moedas, utilizando-se “cross-
rate”. 
 Futuras (forwards) – operações em que 
a entrega das moedas transacionadas se 
dará em um prazo superior a dois dias 
úteis (ex.: 180 dias). 
 
IV. BALANÇO DE PAGAMENTOS 
O balanço de pagamentos é uma demonstração contábil e funciona com 
o mecanismo de partilhas dobradas, ou seja, registra o ativo e o passivo das 
contas. Toda saída financeira é registrada com valor negativo, toda entrada é 
registrada com valor positivo. 
O balanço de pagamento de um país pode ser definido como o 
levantamento sistemático de todas as transações econômicas realizadas em 
um determinado período de tempo entre os residentes em um país (pessoas 
físicas, jurídicas, instituições com ou sem fins lucrativos e entidades 
governamentais) e os residentes em outros países. 
O FMI recomenda a estruturação das transações econômicas nas 
seguintes categorias: 
 
4.1 Balança comercial 
A balança comercial registra os fluxos comerciais de mercadorias e de 
prestações de serviços, com as correspondentes contrapartidas monetárias. As 
exportações são os valores monetários que representam a venda dos produtos 
nacionais para outros países. As importações são os valores monetários que 
 
 
representam a compra dos produtos de outros países. Quando as exportações 
superam as importações a balança comercial é superavitária. Quando as 
importações superam as exportações a balança comercial é deficitária. A 
balança de serviços e renda antes era denominada apenas por serviços. 
 
4.2 Serviços 
Esta categoria registra os serviços relativos a transportes, viagens 
internacionais, seguros, financeiros, computação e informações, royalties e 
licenças, aluguel de equipamentos, serviços governamentais e outros serviços. 
Os serviços financeiros correspondem às intermediações bancárias, tais como 
corretagens, comissões, garantias e fianças e outros encargos acessórios 
sobre o endividamento externo. Na rubrica outros serviços estão consolidadas 
as informações referentes a serviços de corretagens e comissões mercantis, 
serviços técnicos profissionais, pessoais, culturais e recreação. 
 
4.3 Renda 
A categoria “Renda” registra a remuneração do trabalho assalariado 
(salários e ordenados) e as rendas de investimentos, que correspondem à 
remuneração das modalidades de aplicação detalhadas na conta financeira. 
Desta maneira, as rendas de investimento direto abrangem os lucros e 
dividendos relativos a participações no capital de empresas e os juros 
correspondentes aos empréstimos intercompanhias nas modalidades de 
empréstimos diretos e títulos de qualquer prazo. Não incluem os ganhos de 
capital, classificados como investimento direto na conta financeira. 
 
4.4 Transações unilaterais realizadas sem contrapartida 
São doações, depósitos feitos entre familiares, não significando uma 
troca. Correspondem às transferências unilaterais, na forma de bens e moeda, 
para consumo corrente. Excluem-se as transferências relativas a patrimônio de 
migrantes internacionais, alocadas na conta capital. 
 
4.5 Saldo de transações correntes 
As transações correntes correspondem à soma dos resultados da 
balança comercial, balança de serviços e renda e as transações unilaterais. 
Esse resultado é muito importante para um país, pois representa o que de fato 
este produz. 
 
 
 
4.6 Conta capital e financeira 
Nesta rubrica é registrado o fluxo de entrada e saída de capital que não 
se destina a compra e venda de bens e serviços.A conta de capital contabiliza 
as transferências de capital relacionadas com patrimônio de migrantes e a 
aquisição/alienação de bens não financeiros não produzidos, tais como cessão 
de patentes e marcas. Já a conta financeira registra fluxos decorrentes de 
transações com ativos e passivos financeiros entre residentes e não-
residentes. 
 
4.7 Erros e omissões 
As partidas a crédito e a débito lançadas no balanço de pagamentos 
provêm de diversas fontes de informações, gerando, na prática, um total líquido 
diferente de zero. A principal razão está nas discrepâncias temporais das 
diversas origens dos dados utilizados. Com isso, torna-se necessário o 
lançamento de partida equilibradora para o balanceamento das contas. Os 
erros e omissões se prestam, portanto, a compensar toda sobrestimação ou 
subestimação dos componentes registrados. 
 
4.8 Contabilização 
O balanço de pagamentos adota os mesmos procedimentos contábeis 
usuais na elaboração de um balanço contábil. O método das partidas 
dobradas, ou seja, o total dos créditos deve ser igual ao total dos débitos e 
para todo lançamento correspondente a um crédito deve ser compensado outro 
lançamento a débito. 
 Débito = transações que resultarem em saídas de divisas do país. 
 Crédito = entrada correspondente de divisas para o país. 
 
Exemplificando: 
1. O Brasil exporta mercadorias no valor de US$500.000 para os EUA. 
Como corresponde ao aumento dos haveres no exterior, o valor deve ser 
lançado a débito da conta “Movimento de capitais” e, como há entrada de 
divisas, a crédito da conta “Exportações”. 
2. O país efetua um empréstimo de US$20 bilhões junto ao FMI para 
cobertura de déficit em seu balanço de pagamento. Houve aumento das 
obrigações no exterior, devendo ser debitada a conta “Movimento de capitais – 
longo prazo” e, pelo ingresso de divisas no país, deve ser creditada a conta 
“Movimento de capitais – curto prazo”. 
 
 
4.9 Déficits, superávits e ajustes no balanço de pagamentos 
Os desequilíbrios dos balanços de pagamentos podem ser de natureza 
conjuntural ou estrutural. 
 
1. Desequilíbrios conjunturais 
São resultados de flutuações associadas ao nível de desempenho das 
atividades econômicas internas ou externas, decorrentes do consumo, da 
produção e dos investimentos, ocorrências que modificam os dados gerais da 
situação econômica. 
 
2. Desequilíbrios estruturais 
Por sua vez, desequilíbrios estruturais refletem processos mais amplos e 
diversos, ligados à formação histórica da economia do país, das 
disponibilidades de recursos e ao seu estágio de desenvolvimento, sendo de 
difícil solução. 
 
3. Ajustes no balanço de pagamentos 
Haverá a ocorrência de déficit no balanço de pagamentos quando a 
oferta de divisas for menor do que a procura por divisas, ou seja, a somatória 
dos saldos das exportações, das receitas de serviços e dos ingressos de 
capitais for menor do que a somatória dos saldos das importações, das 
despesas de serviços e de saídas de capitais. 
Para que ocorra superávit, a oferta de divisas deverá ser maior do que a 
procura por divisas. Ou seja, se a somatória dos saldos das exportações, das 
receitas de serviços e de ingresso de capitais for maior do que a somatória dos 
saldos das importações, das despesas de serviços e das saídas de capitais. 
As autoridades monetárias dos países intervêm por meio da 
administração das taxas de câmbio para corrigir as perturbações provocadas 
por estes fatores. Com as taxas cambiais administradas, as cotações de 
compra e venda de divisas deixam de resultar dos livres mecanismos do 
mercado cambial para se subordinarem a decisões governamentais aplicadas 
na área monetária. 
Administrando a taxa de câmbio, as autoridades monetárias podem 
mantê-la fixa ou permitir que ela varie dentro de reduzidos limites de tolerância. 
Podem também alterá-la substancialmente para mais ou para menos, 
procedendo a ajustamentos de valorização ou desvalorização. As taxas fixas 
 
 
ou estáveis mantêm a relação de preço entre a moeda nacional e as divisas 
estrangeiras. 
O regime de taxa de câmbio flutuante é praticado em situações em que 
as variações do mercado cambial são suficientes para neutralizar os 
desequilíbrios do saldo do balanço de pagamentos, sem que isto acarrete 
situações irreversíveis. O equilíbrio advém da oferta e demanda por divisas por 
parte dos operadores do mercado cambial. 
 
V. LIQUIDEZ INTERNACIONAL 
Os países necessitam manter um volume compatível de divisas 
(reserva) para exercer o controle de preço das moedas estrangeiras 
necessárias ao pagamento das trocas efetuadas no mercado internacional, ou 
seja, dispor de estoques suficientes de meios de pagamento prontamente 
aceitáveis pelos fornecedores internacionais. 
A relação entre o volume de liquidez e o volume do comércio tem de ser 
mantida em níveis adequados, pois a expansão sem controle gera pressões 
inflacionárias e o crescimento insuficiente da liquidez prejudica as 
oportunidades de expansão do comércio internacional. 
As reservas cambiais correspondem ao montante de moeda estrangeira 
(e ouro) acumulado pelo país. Constituem-se do resultado do balanço de 
pagamentos, que reflete o resultado monetário das transações de bens e 
serviços realizadas pelos brasileiros com o exterior (saldo em transações 
correntes), assim como o fluxo de capitais entre o país e o exterior (sejam 
empréstimos, financiamentos, aplicações em mercado financeiro, investimento 
direto em plantas industriais etc.). Exprimem se houve acúmulo ou perda de 
moeda estrangeira no período, refletindo, portanto, a variação das reservas 
cambiais. 
A maior parte das reservas monetárias mundiais é constituída de ouro e 
haveres em moedas estrangeiras fortes. A outra parte é formada por créditos 
criados por convenção multilateral entre os membros do sistema monetário 
internacional. 
 
VI. O EURODÓLAR E O MERCADO DE EURODÓLARES 
O termo “eurodólares” refere-se aos depósitos efetuados em dólares 
americanos em bancos localizados fora do território dos Estados Unidos, 
principalmente na Europa. Portanto, o termo não se refere apenas a depósitos 
feitos em bancos europeus, mas a depósitos feitos em qualquer banco, desde 
que fora do território norte-americano. Da mesma forma, os depósitos feitos em 
 
 
outras moedas estrangeiras fora do seu território originário serão denominados 
euromoedas. 
Em virtude da importância e função do dólar nas transações 
internacionais e pelo fato de os depósitos em dólar terem originado esse tipo 
de operação, o mercado de depósitos é chamado de mercado de eurodólares. 
Nos anos de 1970, as desvalorizações do dólar, provocadas pelos 
déficits no balanço de pagamentos dos Estados Unidos contribuíram para o 
crescimento do mercado de eurodólares, pois os bancos estrangeiros que 
lucraram com estas desvalorizações efetuaram transferências de elevadas 
somas em dólares americanos para os bancos europeus, incrementando as 
operações do mercado e elevando as taxas para os seus investidores. 
Como o mercado de eurodólares não é um mercado cambial, mas sim 
um mercado de bancos, com operações bancárias comuns, não existem taxas 
cambiais, mas sim taxas de juros, remunerando os depósitos e onerando os 
empréstimos, assemelhando-se aos mercados interbancários existentes. 
A grande confiança depositada no dólar americano e no sistema 
bancário europeu aliada à não-intervenção das autoridades monetárias, 
permitiu o extraordinário desenvolvimento do mercado de eurodólares nas 
últimas décadas, transformando-se no mais importante mercado monetário 
internacional. Fornece recursos para o crescimento do comércio internacional e 
incrementa as atividades de investimentos, contribuindo para o 
desenvolvimento da economia internacional. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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