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VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA IDOSO


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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE 
UNIDADE ACADEMICA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
SCHIRLEY DOS SANTOS GARCIA 
 
 
 
 
 
VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA IDOSOS: 
PSICOPATOLOGIA DO INDICIADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRICIÚMA - SANTA CATARINA 
DEZEMBRO, 2008. 
 
 
 
 
 
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SCHIRLEY DOS SANTOS GARCIA 
 
 
 
 
 
 
 
VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA IDOSOS: 
PSICOPATOLOGIA DO INDICIADO 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Saúde da Universidade 
do Extremo Sul Catarinense para obtenção do título 
de Mestre em Ciências da Saúde. 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. João Luciano de Quevedo 
Co-orientador: Prof. Dr. Flavio Merino Xavier 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRICIÚMA - SANTA CATARINA 
DEZEMBRO, 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
 
F G216v Garcia, Schirley dos Santos. 
 Violência intrafamiliar contra idosos: psicopatologia do 
 indiciado / Schirley dos Santos Garcia; orientador: João 
 Luciano de Quevedo, co-orientador: Flavio Merino Xavier. 
 – Criciúma : Ed. do Autor, 2008. 
 72 f. : il. ; 30 cm. 
 
 Dissertação (Mestrado) - Universidade do Extremo Sul 
 Catarinense, Programa de Pós-Graduação em Ciências 
 da Saúde, Criciúma, 2008. 
 
 1. Psicopatologia. 2. Idosos – Maus tratos. 3. Violência 
 familiar. I. Título. 
 
 CDD. 21ª ed. 616.8914 
Bibliotecária Rosângela Westrupp – CRB 364/14ª - 
Biblioteca Central Prof. Eurico Back - UNESC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esta dissertação ao Professor João Luciano 
de Quevedo e ao seu Grupo de pesquisadores do 
Laboratório de Neurociência da UNESC. 
6 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A “Deus e aos meus anjos da guarda” pela luz e por guiar e proteger-me nesta grande 
caminhada que está somente começando. 
Aos meus pais pela educação e o alicerce que me passaram calcado no amor, carinho, 
humildade, compreensão, equilíbrio emocional e muito respeito pelas pessoas. 
Ao Professor Drº João L. de Quevedo pela atenção, carinho, paciência dedicação e ao 
seu vasto conhecimento. 
A Professora Drª Maria Inês Rosa pela sua atenção, conhecimento e paciência. 
A Clarissa C. Comim pelo seu conhecimento, disponibilidade desempenho e 
dedicação. 
Ao Delegado de Polícia Alan Amorim por ter confiado no meu trabalho e estendido a 
mão num dos momentos mais importantes da minha vida. 
Ao meu amigo, e marido Rogério pelo apoio, amor, carinho, paciência e muita 
compreensão nos momentos de muito stress. 
Aos meus queridos e amados gatos persa Adoshi e Pan, pelo companheirismo pelo 
afeto e por estarem sempre juntos a mim nos momentos de estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
RESUMO 
 
 
 A violência contra os idosos acontece na maioria das vezes no âmbito familiar passando a ser 
considerado muitas vezes pela vítima como um segredo familiar e 90% das agressões são 
praticados por filhos. O comportamento violento por parte dos agressores pode estar 
relacionado com a psicopatologia deste como: problemas de depressão, demência, história de 
álcool, drogas, problemas de saúde mental, história anterior de violência e problemas 
cognitivos. Esta pesquisa tem como objetivo identificar a freqüência de depressão maior e de 
dependência ao álcool entre os indiciados suspeitos de violência intrafamiliar contra os idosos 
que venham a depor na Delegacia e Polícia de Proteção ao idoso de Criciúma. Em relação aos 
objetivos específicos pretende-se identificar o perfil da vítima, averiguar a relação do 
indiciado com a vítima, conhecer os motivos e os tipos de violência mais praticados. 
Enquanto método de pesquisa foi realizado um estudo transversal com 24 indiciados suspeitos 
de violência intrafamiliar através da Delegacia do idoso do Município de Criciúma e com 26 
idosos vítimas de violência. Foram aplicado dois instrumentos de avaliação para os indiciados 
o Cage e o Scid. Através desta pesquisa pode-se constatar que a média de idade das vítimas de 
violência intrafamiliar foi de 72,1 anos, destas 53,8% do sexo feminino, 46,2% com estado 
civil estável, 100% aposentados e pensionistas e o nível de escolaridade até o ensino 
fundamental foi de 84,6%.Quanto aos indiciados a idade média foi de 39,75, destes 62.5% 
foram do sexo masculino, 48.5% não apresentaram profissão definida, 66,7% estudaram até o 
ensino fundamental, 75% dos indiciados eram filhos, e os tipos de violência mais praticados 
foram ameaça, abuso psicológico e abandono, sendo que destes 45,8% ingerem álcool com 
freqüência e 62,5% apresentam episódios de depressão. Podê-se concluir que os indiciados de 
violência contra os idosos são em primeiro lugar os filhos que apresentam depressão, ingerem 
bebida alcoólica com freqüência, e os motivos estão relacionados com vários fatores desde 
dependência financeira, emocional bem como e os tipos de violência mais freqüentes são 
ameaças, abuso psicológico e o abandono. 
 
Descritores: 1- Violência, 2- Idoso, 3- Psicopatologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The violence against the elderly occurs most often in the family going to be many times the 
victim as a family secret and 90% of assaults are committed by son. Violent behavior by the 
offenders may be related to the psychopathology of this as: problems of depression, dementia, 
a history of alcohol, drugs, mental health problems, previous history of violence and cognitive 
problems. This research aims to identify the frequency of major depression and alcohol 
dependence among the indicted suspects of family violence against the elderly who will 
testify at the Police Station and Police Protection of the elderly in Criciúma-SC. Regarding 
the specific goals are intended to identify the profile of the victim, to determine the 
relationship of indicted with the victim, know the reason and types of violence practiced 
more. While research method was a cross-sectional study with 24 indicted suspects of family 
violence through the Office of Aging and the city of Invercargill with 26 elderly victims of 
violence. Two instruments were applied to the evaluation of the Cage and Scid indicted. 
Through this research we can see that the average age of victims of family violence was 
72.1,years 53.8% of these females, 46.2% with stable marital status, 100% retirees and 
pensioners and the level of schooling even the elementary school was 84.6%. As for the 
indicted average age was 39.75, 62.5% of these were male, 48.5% showed no defined 
profession, 66.7% studied up to primary school, 75% the children were indicted, and the types 
of violence were charged more threats, psychological abuse and neglect, while alcohol intake 
of 45.8% and 62.5% often have episodes of depression. It was concluded that those indicted 
for violence against the elderly are primarily the children who have depression, often ingest 
alcoholic beverage, and the reasons are related to several factors from financial dependence, 
as well as emotional and types of violence more frequent are threats, psychological abuse and 
neglect. 
 
 
 
 
Keywords: Violence; Elder; Psicopathology 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
CAGE - Validation of a New Alcoholism Screening Instrument 
DPCAPM- Delegacia de Polícia da Criança do Adolescente e Proteção à Mulher 
DSM-IV - Diagnóstico deSaúde Mental 
DPCAPM- Delegacia de Polícia da Criança do Adolescente e Proteção à Mulher 
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 
IP- Inquérito Policial 
OMS - Organização Mundial da Saúde 
SCID - Structured Clinical Interview 
SC- Estado de Santa Catarina. 
SPSS - Statistical Package for the Social Sciences 
TC- Termo Circunstanciado. 
UNESC - Universidade do Extremo Sul Catarinense 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
PARTE I ..................................................................................................................................10 
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................10 
 1.1 VIOLÊNCIA E SUAS DEFINIÇÕES..........................................................................10 
 1.2 PREVALÊNCIA E MAUS TRATOS CONTRA O IDOSO......................................13 
 1.3 VIOLÊNCIA E FATORES DE RISCO.......................................................................14 
 1.4 OS INDICIADOS E A PSICOPATOLOGIA..............................................................17 
2 OBJETIVOS.........................................................................................................................21 
 2.1 OBJETIVO GERAL.....................................................................................................21 
 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................................21 
PARTE II.................................................................................................................................23 
3 ARTIGOS CIÊNTIFICOS..................................................................................................23 
 3.1 ARTIGO I......................................................................................................................23 
4 DISCUSSÃO.........................................................................................................................41 
5 CONCLUSÃO......................................................................................................................47 
REFERÊNCIAS......................................................................................................................49 
ANEXOS..................................................................................................................................49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
PARTE I 
1 INTRODUÇÃO 
1.1 Violência e suas definições 
 A população idosa vem crescendo a cada ano e conforme dados do IBGE até 
2050 o país atingirá o número de 259,8 milhões de brasileiros com uma expectativa de vida de 
81,3 anos, demonstrando um envelhecimento acentuado da população. No ano de 2000 a 
população idosa era de apenas 5% em relação à população jovem e até 2050 estes dois grupos 
serão igualados em 18% da população brasileira (IBGE 2000). 
O envelhecimento juntamente com a violência vem crescendo e conforme dados 
da National Center on Elder Abuse (2005), a violência contra idosos passa a ser considerado 
um problema mundial que atinge a todas as populações independente dos fatores sócios, 
econômicos e culturais (Gibbs e Mosqueda 2007), (Nelson et al 2004) e ( Levine 2003). 
O presente estudo tem como objetivo geral identificar a freqüência de depressão 
maior e de dependência ao álcool entre os indiciados suspeitos de violência contra os idosos 
que venham a depor na Delegacia de Polícia de Proteção ao idoso do município de Criciúma. 
Sendo que através dos objetivos específicos pretende-se identificar o perfil da vítima que 
sofre violência intrafamiliar, averiguar a relação do indiciado por abuso com a pessoa idosa 
vítima de violência intrafamiliar e identificar os motivos e os tipos de violências praticadas 
pelo agressor em relação às pessoas idosas no contexto intrafamiliar. 
A existência de atos violentos de negligência e maus tratos contra o idoso é um 
fenômeno que somente nas duas décadas começou a despertar o interesse da comunidade 
(Caldas, 2003). 
 A violência sempre existiu, mas muitos setores da saúde pública percebiam o 
fenômeno da violência como expectadores. Somente na década de 1960 com o surgimento das 
políticas públicas esta realidade começou a ser modificada (Minayo, 2003). Em 1993 e 1994, 
12 
a Organização Mundial da Saúde (OMS), incorporou a violência como um dos cinco 
problemas principais a serem objetos de políticas específicas para a América Latina até o 
século XXI. A criação do Estatuto do Idoso através da Constituição Federal, Política Nacional 
do Idoso surge em consonância com esta realidade, pois se sabe que o idoso hoje é vitima dos 
mais variados tipos de violência e são poucos os estudos voltados para esta realidade em 
nosso país. No plano internacional e nacional, a violência passa a ser reconhecida como uma 
questão social e de saúde pública. É considerada mundialmente como violação de direitos 
embora com expressões variadas em diferentes contextos. (Schraiber, D’ Oliveira e Couto, 
2006). 
Para Lachs e Pillemer (2004), a violência ou abuso podem ser definidos como uso 
intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça contra si próprio, contra outra 
pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha possibilidade de causar 
lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. A violência nas 
relações de grupo, classe ou gênero se estabelecem nas mais diferentes formas, meio e 
métodos de aniquilamento do outro ou de sua coação direta ou indireta, trazendo como 
conseqüências, danos físicos, mentais e morais. 
 Conforme National Center on Elder Abuse (2008), existem seis tipos de abusos 
contra os idosos, o abuso físico, abuso sexual, abuso psicológico, abuso material, negligência, 
abandono e auto-negligência. 
De acordo com Ahmad e Lachs (2002) existem muitas controvérsias nas 
definições referentes ao abuso de idosos. Em 1987 a Associação Americana de Medicina 
(AMA) associou o abuso com dano ou ato de omissão que resulte em ameaça, dano físico e 
prejuízo à saúde mental do idoso. O abuso ou maus tratos também inclui agressão física e 
mental, retenção de alimentos, vestuário, falta de assistência médica em que coloquem em 
risco ou não o idoso. 
13 
 Kurrie (2004) classifica a violência contra os idosos em maus-tratos físicos e 
psicológicos, abuso financeiro ou material, abuso sexual, negligência e abandono. 
Wei e Herbers (2004) definem a violência intrafamiliar contra o idoso como abuso 
físico, abuso psicológico, abuso financeiro e negligência. O abuso físico pode ser entendido 
como ações agressivas e brutais que podem ocasionar prejuízo na saúde física, como fraturas, 
hematomas entre outros. Por abuso psicológico entende-se por privações ambientais, sociais, 
e verbais, bem como negação de direitos, humilhações, ou o uso de palavras e expressões que 
insultem ou ofendam o idoso com preconceito e exclusão do convívio social. A exploração 
econômica ou abuso financeiro pode ser definido como apropriação de rendimentos ou uso 
ilícito de fundos e propriedades e outros ativos que pertencem ao idoso. A negligência pode 
ser entendida quando existe uma situação na qual o idoso experimenta sofrimento por omissão 
de atenção do cuidador. É considerada negligência ativa quando o ato é deliberado e passivo 
quando resulta de conhecimento inadequado das necessidades do idoso ou de stress do 
cuidador em atender prolongadamente o idoso. Por abuso sexual entende-se por qualquer 
contato sexual sem o consentimento da pessoa, expondo-a em constrangimento pessoal. O 
abandono significa ausência da pessoa responsável pelo idoso à prestação dos cuidados 
necessários (National Center on Abuse 2008). 
Os tipos de abusos mais freqüentes em idosos conforme Ghent e Farren. (1995) 
são abuso físico, negligência,sonegação de alimentos, descuidado no manuseamento, 
isolamento, confinamento, falta de atenção, intimidação, abuso verbal ou psicológico, roubo, 
desvio de fundos, sonegação de fiança, fraude, abuso financeiro, cuidados médicos, 
sonegação de alimentos ou pessoais. 
 De acordo com Jayawardena e Liao (2006), os tipos de maus tratos mais 
freqüentes contra os idosos são a negligência com 49% se tornando muitas vezes um fator de 
14 
risco para a morte, o abuso emocional ou psicológico com 35%, o abuso fisco com 30%, o 
abuso financeiro com 26% o abandono com 4% e o abuso sexual com 1% . 
 
1.2 Prevalência e Maus Tratos contra Idosos 
 
A prevalência de abuso em idosos variam de 2% a 10%, dependendo do tipo de 
população estudada bem como os locais de pesquisa como comunidades, ou em lares 
protegidos. Nelson (2008) menciona que 4% a 6% da população idosa experimentam alguma 
forma de abuso doméstico. 
Muitos jovens e idosos estão vulneráveis fisicamente e emocionalmente a 
violência, estima-se que nos EUA, um milhão de idosos são vitimas de negligência e abuso 
financeiro por membros da família. As violências mais freqüentes incluem a negligência, 
ameaça, abuso financeiro, roubo e abuso psicológico (Ghent et al., 1995). Até 2030 cerca de 
3% a 4% dos idosos nos Estados Unidos ou seja quase 2,5 milhões da população de idosos 
serão vítimas de maus tratos (Gibbs e Mosqueda 2007). 
Estima-se que no Canadá 4% da população idosa já sofreu algum tipo de 
violência, e as formas de maus tratos mais freqüentes inclui desde agressão física, abuso 
financeiro, exploração de propriedade e abuso verbal, negligência e violência familiar 
(Goodbloom et al.,1994). 
 De acordo com Minayo (2003) acidentes e a violência são consideradas a sexta 
causa de morte em idosos no Brasil. Para Gibbs e Mosqueda (2007) e Jogerst (2003) os idosos 
vítimas de abuso físico e negligência tem mais risco de mortalidade do que os idosos que não 
são vítimas de violência e os que sobrevivem podem ficar com várias seqüelas. 
 Brandl e Daniels (2002) afirmam que foi realizado um estudo com vinte e oito 
artigos com o objetivo de levantar a prevalência e os tipos de violência mais freqüentes contra 
os idosos. Esta pesquisa envolveu vários autores considerados pioneiros de estudos voltados 
15 
para a violência doméstica como Greenberg, Anetzberger ,Wolf, Mckibben, Raymond, 
Raymond, Brownell, Berman, Salamone, Pan, Ristock, Patterson, Lachs, Pillemer entre 
outros desde do ano de 1997 até o ano de 2000. E foi através de análises destes artigos que 
foi possível constatar a dificuldade em fazer comparações sobre a freqüência dos diferentes 
tipos de violência, pois a maioria dos estudos utilizaram definições e métodos diferentes 
sobre os significado de abuso contra os idosos e o contexto sócio-cultural também se tornou 
um fator relevante nos resultados. 
Como cita Gonçalves (2006) o abuso contra o idoso esta relacionado com muitas 
transformações que vem ocorrendo nas últimas décadas na sociedade, desde alterações na 
estrutura social, até alterações nos valores e atitudes das pessoas perante a vida. 
Conforme a Organização Mundial da Saúde (2002), o desencadeamento da 
violência pode estar relacionado com alguns fatores de risco como relações familiares 
desgastadas, dificuldades financeiras, dependência financeira do idoso, fatores culturais e 
sócio-econômico, distribuição de heranças e migração de alguns componentes familiares. 
 Segundo Karsch (2003), as famílias vêm sofrendo uma série de modificações 
estruturais por diversos motivos como separações, divórcios, instabilidade financeira, 
crescimento da população feminina no mercado de trabalho, migrações nacionais e 
internacionais em busca de oportunidade em grandes capitais e muitas modificações como 
estas estão relacionadas com a deteriorização na qualidade das relações familiares, 
contribuindo para as mais variadas situações conflituosas com os idosos. 
 
1.3 Violência e Fatores de Risco 
 
Ramos et al (2005) e World Health Organization (2008) salientam que a existência 
de alguns fatores de risco para a ocorrência da violência e maus tratos contra o idoso pode-se 
incluir também a demência, o controle financeiro, a depressão e a limitação física dos idosos. 
16 
Carney et al (2003), ressalta que a violência contra o idoso indiferente dos sexos 
vem crescendo por se tratar de pessoas que não mais se encontram no sistema produtivo, e 
muitas vezes passam a ser vista como um estorvo social, vulnerável à exploração econômica 
pelos familiares e pelo próprio estado, recebendo pensões injustas sem o direito de se 
aposentar com conforto e dignidade. A violência contra o idoso é decorrente conforme Freitas 
et al., (2006), da fragilidade, do estado fisiológico e da vulnerabilidade da própria velhice, 
podendo ser decorrente muitas vezes também pelo despreparo da família e pelas condições 
sócias econômicas precárias. 
Para Fay e Barbosa (2003) e World Health Organization (2008) os indicativos de 
risco para a violência contra o idoso podem estar relacionados com a idade elevada, com a 
deficiência no estado de saúde, com a deteriorização cognitiva, com as mudanças 
comportamentais no ambiente familiar, com a dependência física e psíquica, isolamento social 
e antecedentes de maus tratos. 
Swagerty et al (2006) ressaltam que a utilização de álcool, falta de privacidade e 
autonomia por parte dos idosos também representam um fator relevante para a ocorrência da 
violência. Para Laks et al (2006), os fatores de riscos envolvidos no caso da violência variam 
conforme o tipo de abuso ou maus-tratos, sendo que a prevalência seria maior entre idosos 
que apresentam demência e que vivem em famílias marcadas pelos conflitos e tensões. 
Espindola e Blay (2007) e Ahmad e Lachs (2002) salientam que o medo é um forte aliado da 
violência contra os idosos, pois os mesmos temem a denúncia e a possível perda dos laços 
afetivos e assim permanecem em silêncio sem se manifestar. Na maioria dos casos o idoso 
vítima de violência recusa ajuda, desejam por privacidade, escondem de outros componentes 
da família e se tornam tolerantes a denuncia para evitar conflitos no seio da família. 
 Muitos apresentam receio de represálias por parte dos familiares, medo da perda 
de autonomia e de alteração do local em que habitam. Subjacente ao silêncio estariam 
17 
sentimentos de culpa, baixa auto-estima e vergonha em denunciar os maus tratos (Paterson et 
al., e Ahmad e Lachs 2002). 
 Melo et al (2006) destacam que um dos principais problemas relacionados com a 
violência contra o idoso esta ligado intimamente com este silêncio da vítima. Mendes et al 
(2005), ressaltam que com a chegada do envelhecimento começa há existir perdas na posição 
de comando e poder, se tornando visível a inversão de papéis nas relações entre pais e filhos. 
O arranjo domiciliar mostra que o idoso em nosso país vive majoritariamente dividindo o 
domicílio com os filhos e netos, diferentemente de países desenvolvidos onde a maioria mora 
com os cônjuges ou vive só (Ramos, 2003). Os idosos que vivem com as famílias são os que 
mais possuem probabilidade de serem vítimas de violência, uma vez que as situações de 
vulnerabilidade e dependência são predisponentes da fadiga e da tensão (Saliba, 2007). 
Diferentemente dos sexos homens e mulheres estão sujeitos à violência, e o 
indiciado geralmente tem algum grau de parentesco com a vitima de violência. Os maus 
tratos podem ocorrer também através dos conjugues, sendo que as agressões sofridas pelos 
homens tendem a ser a mais grave do que pela mulher. As idosas vítimas de maus tratos têm 
aproximadamente 75 anos de idade, são pessoas que precisam de muito atenção, não possui 
bom relacionamento com a família, estão com a saúde fragilizada e possui histórico de 
violência familiar (Goodbloom et al;1994 ). 
As vítimas de maus tratos geralmente estão na idade de65 a 75 com mais 
prevalência do sexo feminino do que masculino, vivem com os agressores, sentimentos de 
culpa e vontade de morrer, depressão, infelicidade, vergonha são constantes em suas vidas. 
Idosos com depressão são mais propensos aos maus tratos, e muitos morrem um ano após as 
agressões (Brandl e Daniels 2002). 
18 
De acordo com Powel e Berman (2006), 50% dos idosos que sofrem violência 
estão na idade de 70 a 89 anos de idade, 10% estão na idade de 60 a 69 anos de idade e apenas 
1% estão na idade de 90 a 99 anos de idade. 
Estudos mostram que muitas mulheres hoje idosas vítimas de violência há dez 
anos atrás já sofriam algum tipo de violência por parte do marido na relação conjugal e 4% 
dos inquéritos policiais de delegacias envolvem mulheres idosas vítimas de violência 
doméstica. Os idosos vítimas de abuso físico e negligência podem ficar com várias seqüelas, 
desde feridas pelo corpo, fraturas, depressão, isolamento social, resistência ao tratamento 
(Gibbs e Mosqueda 2007). 
Acierno et al (2003) ressaltam que os idosos vítima de violência física, psicológica 
e sexual podem desenvolver alguns tipos de transtorno como depressão maior, síndrome de 
pânico, fobia social, transtorno de ansiedade generalizada e depressão maior. 
De acordo com Zilberman (2005), a violência pode ser evidenciada em lares que 
oferecem risco tanto para sua saúde, como segurança e o bem estar do idoso. Segundo este 
autor, os maus tratos em relação aos velhos praticados pela família e cuidadores são causados 
mais freqüentemente pela falta de preparo do que pela intenção de mal tratá-los. 
Reay e Browne (2001) afirmam que a inexperiência do cuidador e falta de vontade 
de cuidar do idoso, conflitos familiares, cuidador que também tem uma família para cuidar, o 
cuidador que esta desempregado passando por uma alto nível de stress, que sofre problemas 
de saúde física e mental, história de abuso sexual, violência familiar, abuso de álcool e drogas 
e problemas com depressão e ansiedade no geral são os que mais praticam violência nos 
idosos. 
 
1.4 Os indiciados e a Psicopatologia 
 
19 
A maior parte das agressões sofrida pelos idosos é de natureza intrafamiliar, 
geralmente praticada por filhos ou netos. De acordo com Sanches (2008), os responsáveis em 
90% da agressão contra o idoso (maus tratos, abandono ou exploração financeira) são 
familiares mais próximos como os filhos. Minayo (2003) destaca que o perfil do abusador 
familiar com freqüência costuma ser em primeiro lugar os filhos homens mais que as filhas 
mulheres e a seguir noras, genros e esposas. Powell e Berman (2006) e Moon et al (2006), 
ainda que esta situação de agressão por parte dos filhos se caracteriza pelo fato dos mesmos 
viverem em coabitação com o idoso, e serem filhos dependentes financeiramente da família. 
Também Lachs e Pillemer (2004) afirmam que a violência contra idosos é em geral praticada 
por parte dos filhos homens ou parentes próximos que residem no mesmo local que a vítima. 
Ahmad e Lachs (2002) discordam com o autor acima e salientam que as mulheres 
são as que mais causam violência nos idosos e que o stress nem sempre esta relacionado com 
as agressões que o meio social e cultural destas famílias influenciam bastante na procedência 
da violência contra os idosos. 
Powell e Berman (2006), através dos seus estudos, indicam que 44% dos 
agressores estão na idade de 40 a 59 anos de idade, que 30% estão na idade de 20 a 39 anos, 
com 15 anos a 29 anos correspondem a 20% e com 60 a 79 anos de idade estão 9% e com 
apenas 2% estão com idade de 80 a 89 anos. 
As causas do abuso vêm sendo estudadas há algum tempo e pesquisas mostram 
que os agressores de idosos são pessoas dependentes. E que a depressão, a incontinência 
urinária a prevalência de doenças crônicas não estão associadas com o motivo do abuso. Que 
o motivo principal do abuso são os problemas emocionais relacionado com a família, que 
quando crianças foram vitimas de agressões físicas ou até mesmo sofreram humilhações e 
quando adultos não conseguem vencer estas dificuldade passando a assumir o papel de 
agressor. Que o envolvimento com substancias psicoativas, problemas mentais, problemas 
20 
cognitivos, e a depressão podem também estar relacionados com os motivos das agressões, 
são pessoas com dificuldade de relacionamento social e costumam negar o comportamento 
abusivo (Brandl e Daniels 2002). 
Collins (2006) destaca como fatores de risco do agressor para o abuso os recursos 
econômicos escassos, a baixa escolaridade, as alterações psicológicas e a personalidade 
patológica, a história anterior de violência. 
Existem ligações entre álcool e o abuso contra os idosos, inclusive os usuários são 
pessoas financeiramente dependentes das vítimas e costumam ser negligentes, violentos com 
os idosos e costumam explora-los financeiramente (World Health Organization 2008). Nos 
EUA 44% dos abusadores de idosos que ingerem álcool são do sexo masculino e apenas 14% 
do sexo feminino. No Canadá cerca de 15% a 20% das vítimas sofreram abuso físico, 
psicológico e financeiro por causa do envolvimento do agressor com álcool. No Reino Unido 
o consumo do álcool por parte do agressor resulta mais em abuso físico do que a negligência, 
enquanto que nos EUA está mais estreitamente associado com a auto-negligencia do idoso. 
Na África do Sul os abusos mais freqüentes em decorrência do álcool é a negligência, o abuso 
físico e o sexual. 
Para Ramos et al. (2005), Dyer (2002), Homer e Gilleard(1990), Compton (1997), 
Williamson e Shaffer (2001) e Lachs e Pillemer (2004), o comportamento do agressor pode 
ser relacionado com a psicopatologia deste: problemas de depressão, demência, história de 
álcool, drogas e problemas de saúde mental. Souza et al. (2004), ressaltam que o problema da 
violência praticada pelo o agressor esta intimamente relacionada com a utilização de álcool. 
Anderson et al., (2007) salienta que muitos agressores apresentam problemas mentais e 
envolvimento com drogas e álcool . 
Wolf (1997) destaca a dificuldade em estabelecer a patologia mental como fator de 
risco para a agressão, uma vez que existem resultados de pesquisa insuficientes e pouca 
21 
pesquisa nesta área. Segundo este autor os agressores apresentariam além de uma dependência 
financeira e psicológica do idoso, também um isolamento social e familiar bem como uma 
história anterior de violência, problemas cognitivos e dependência de álcool e drogas. Que o 
abusador de idosos possui antecedentes de violência física e sexual Acierno et al. (2003). 
Segundo dados da OMS, o agressor portador de doença mental na família é uma 
grande sobrecarga e se tornar de grande periculosidade para todos que habitam o mesmo 
contexto familiar. Homer e Gilleard (1990) os agressores intrafamiliares teriam preferência 
por vítimas mulheres acima de 65 anos, e que os tipos de violência mais utilizados são abuso 
físico, abuso psicológico e os fatores associados são transtornos de personalidade e algumas 
doenças mentais. 
Bell et al (2006) afirmam que um dos motivos principais para a proliferação da 
violência domestica é a utilização do álcool por parte do agressor, que os homens costumam 
beber mais que as mulheres. E que a depressão e a discórdia conjugal também aparecem com 
freqüência como motivo das agressões. 
O mito da casa como porto seguro vem sendo repensado e os maus tratos, no 
entanto aparece apenas como uma parte da constelação familiar. Atualmente 90% dos 
agressores foram vitimas de violência quando criança incluindo muitas vezes também a 
violência sexual são usuários de álcool, drogas e tem problemas psiquiátricos na qual muitas 
vezes a forma de resolver o problema e com a internação do agressor (Gilmore 1983) . 
Wyandt (2004) afirma que existem cinco tipos de abusadores de idosos, os 
oprimidos, aqueles que prejudicam, os narcisistas, os dominadores, e os sádicos.O oprimido é 
o cuidador que ultrapassa os seus limites em cuidar do idoso e desenvolve um nível de stress 
na qual ultrapassa a sua capacidade de cuidar. Ele passa agredir verbalmente o idoso e não 
mais oferece os cuidados básicos e pode ser tornar até mesmo negligente com a vítima. O 
Abusador que prejudica é aquele que inicialmente está bem intencionado mais tem 
22 
dificuldades em prestar o cuidado necessário ao idoso dependente devido a problemas com 
doença mental, idade avançada e a própria incapacidade em gerenciar as finanças da casa, uso 
de medicamentos entre outros, resultando às vezes em agressão verbal e física. Os narcisistas 
são motivados pelo ganho pessoal e não pelo desejo de ajudar o idoso, eles são pessoas 
egoístas e tratam os idosos como objetos com o único objetivo de usufruir os bens matérias 
dos idosos com meio para atingir suas posses. O abusador narcisista está preocupado com a 
herança, com a pensão, o salário dos idosos e todos os aspectos relacionado com dinheiro, os 
maus tratos mais freqüentes são a negligência e a exploração financeira. O dominador é um 
abusador manipulador que tem poder e autoridade com os idosos, frequentemente tem surtos 
de raiva e desvio de comportamento e fazem acreditar que o idoso vítima da violência são 
merecedores do abuso e podem se tornar pessoas violentas quando não respeitados e 
cumpridas a suas ordens. As características do abusador sádico é a falta de humildade, a falta 
de culpa, vergonha, nem remorso de nenhum tipo de comportamento. Ele infringe a lei e pode 
ser caracterizado como um psicopata que se envolve em torturas e até mesmo assassinato. 
 
 2 OBJETIVOS 
2.1 Geral 
Identificar a freqüência de depressão maior e dependência ao álcool entre os 
indiciados suspeitos de violência contra os idosos que venham a depor na Delegacia e Polícia 
de Proteção ao idoso de Criciúma. 
2.2 Específicos 
Identificar o perfil da vítima que sofre violência intrafamiliar; 
Averiguar a relação do indiciado por abuso com a pessoa idosa vítima de violência 
intrafamiliar; 
Identificar os motivos da violência praticada pelo indiciado; 
23 
Pesquisar os tipos de violência sofrida pelos idosos no contexto intrafamiliar. 
24 
PARTE II 
3 ARTIGOS CIENTÍFICOS 
3.1 Artigo Científico I 
 
Violência intrafamiliar contra idosos: Psicopatologia do Indiciado 
 
Schirley S. Garcia¹, Clarissa M. Comim¹, Maria I. Rosa², 
Flavio M. F. Xavier¹, João Quevedo¹ 
 
¹Laboratório de Neurociências, Universidade do Extremo Sul Catarinense, 88806-000 Criciúma 
,SC,Brasil; 
²Laboratório de Epidemiologia, Universidade do Extremo Sul Catarinense, 88806-000 Criciúma, 
SC,Brasil; 
 
 
 
 
 
Autor Correspondente: 
Prof. João Luciano de Quevedo. 
Laboratório de Neurociências,Universidade do Extremo Sul Catarinense, 88806-000, Criciúma, SC, 
Brasil. 
Fax: 48 33412157. 
E-mail: quevedo1@terra.com.br 
 
 
 
25 
RESUMO 
Introdução: A violência contra os idosos acontece na maioria das vezes no âmbito familiar 
podendo estar relacionado a problemas de depressão, demência, história de álcool, drogas, 
problemas de saúde mental, história anterior de violência e problemas cognitivos. Objetivo: 
identificar a freqüência de depressão maior e de dependência ao álcool entre os indiciados suspeitos de 
violência intrafamiliar contra os idosos, verificando o perfil da vítima, relação do indiciado com a 
vítima, motivos e tipos de violência. Métodos: Foi realizado um estudo transversal com 24 indiciados 
suspeitos de violência intrafamiliar através da Delegacia do idoso do Município de Criciúma e com 26 
idosos vítimas de violência. Foram aplicados dois instrumentos de avaliação: Cage e Scid. 
Resultados: Observou-se que a média de idade das vítimas de violência intrafamiliar foi de 72,1 anos, 
53,8% do sexo feminino, 46,2% com estado civil estável, 100% aposentados/pensionistas e 84,6% 
com escolaridade até o ensino fundamental. Nos indiciados a idade média foi de 39,75 anos, 62.5% do 
sexo masculino, 48.5% não tinham profissão definida, 66,7% estudaram até o ensino fundamental, 
75% são filhos, e os tipos de violência mais praticados são: ameaça, abuso psicológico e abandono, 
45,8% ingerem álcool com freqüência e 62,5% apresentam episódios de depressão. Conclusão: 
constatou-se que os indiciados são em primeiro lugar os filhos que apresentam depressão e ingerem 
bebida alcoólica com freqüência, os motivos estão relacionados com vários fatores como dependência 
financeira e emocional e os tipos de violência mais freqüentes são a ameaça, abuso psicológico e o 
abandono. 
 
 Descritores: 1- Violência, 2- Idosos, 3-Psicopatologia. 
 
 
 
 
 
 
26 
 
ABSTRAT 
Introduction: The violence against the elderly occurs most often in the family may be related to 
problems of depression, dementia, a history of alcohol, drugs, mental health problems, previous 
history of violence and cognitive problems. Objective: To identify the frequency of major depression 
and alcohol dependence among the indicted suspects of family violence against the elderly, evaluating 
the profile of the victim, indicted in connection with the victim, reasons and types of violence. 
Methods: This was a cross-sectional study with 24 indicted suspects of family violence through the 
Office of Aging and the city of Invercargill with 26 elderly victims of violence. Two instruments were 
used for evaluation: Cage and Scid. Results: We found that the average age of the victims of family 
violence was 72.1 years, 53.8% female, 46.2% with stable marital status, 100% retirees/pensioners and 
84.6% with schooling to primary school. Indicted in the average age was 39.75 years, 62.5% male, 
48.5% had no defined profession, 66.7% studied up to primary school, 75% are children, and the types 
of violence more effective: threat, psychological abuse and neglect, alcohol intake 45.8% and 62.5% 
often have episodes of depression. Conclusion: it was found that those indicted are primarily the 
children that presented depression and are alcoholic, the reasons are related to several factors such as 
financial and emotional dependence and types of violence are the most frequent threats, psychological 
abuse and abandonment. 
 
Descritores: 1- Violence, 2- Elder,3-Psychological 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
INTRODUÇÃO 
Conforme dados do IBGE, a população idosa vem crescendo a cada ano, até 2050 o país 
atingirá o número de 259,8 milhões de brasileiros com expectativa de vida de 81,3 anos1. Conforme 
dados da National Center on Elder Abuse, a violência contra idosos passa a ser considerado um 
problema mundial que atinge a todas as populações independente dos fatores sócios, econômicos e 
culturais2. Nos Estados Unidos, 3 a 4% da população idosa é vítima de algum tipo de violência no 
contexto familiar3-5, como maus-tratos físicos e psicológicos, abuso financeiro ou material, abuso 
sexual, negligência, abandono e auto-abandono2,6-8 . 
Dentre os fatores de risco destacam-se as relações familiares desgastadas, recursos 
econômicos escassos, fatores culturais e sócio-econômicos, distribuição de heranças e migração de 
alguns componentes familiares, baixa escolaridade, história anterior de violência, demência, 
depressão, dependência financeira e psiquica, limitação física e idade avançada9-12. 
 Diante esta realidade o presente estudo objetiva identificar a freqüência de depressão 
maior e dependência ao álcool entre os indiciados suspeitos de violência intrafamiliar contra os idosos 
assim como se identificar o perfil da vítima que sofre violência intrafamiliar, averiguar a relação do 
indiciado por abuso com a pessoa idosa e identificar os motivos e os tipos de violência praticadas em 
relação às pessoas idosas no contexto intrafamiliar que venham a depor na Delegacia de Polícia de 
Proteção ao idoso do município de Criciúma. 
 
MÉTODOS 
 Trata-se de um estudo quantitativo, transversal comfoco na freqüência de depressão 
maior e de dependência ao álcool dos familiares suspeitos de violência (habitantes da mesma 
residência, independentemente do grau de parentesco) contra idosos. A População estudada foi 
composta por indiciados, suspeitos de autoria de violência intrafamiliar contra Idosos na Delegacia do 
idoso do Município de Criciúma-SC. A amostra foi constituída de sujeitos consecutivamente 
intimados entre os meses de abril e outubro de 2008, sendo aprovado pelo Comitê de Ética da 
Universidade do Extremo Sul Catarinense, sob o protocolo 155/2008. A cada sujeito avaliado, foi 
explicado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que concordaram em participar deste estudo. 
28 
Os participantes foram informados a respeito de todos os aspectos da pesquisa e após foram 
convidados a participar voluntariamente do estudo. 
Após as informações fornecidas aos sujeitos e a assinatura concordando em participar, 
foram entrevistados 26 idosos vítimas de violência intrafamiliar e 24 indiciados por crimes de 
violência intrafamiliar contra idosos. Os demais foram excluídos seguindo os seguintes critérios: 
indiciados com idade inferior a 18 anos, indiciados que colocavam em risco a saúde do entrevistador 
tanto no âmbito físico como social, indiciados que estavam sobre o efeito de substancias psicoativa ou 
algum tipo de demência. Os critérios de inclusão envolveram: Todos os indiciados que aceitaram 
participar da pesquisa e coabitavam ou não na mesma residência e que tinham algum tipo de grau de 
parentesco e que estavam disponíveis aceitar a participar da pesquisa. Aqueles que se dispuseram a 
participar da pesquisa foram convidados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
e aqueles que não concordaram com sua participação foram excluídos do estudo. 
Para a realização da pesquisa utilizou-se uma entrevista composta de perguntas 
estruturadas com questões pertinentes às variáveis envolvidas para as idosas vítimas de violência 
intrafamilair e indiciados de violência contra os idosos. Foram aplicados dois instrumentos de 
avaliação para os indiciados, o Cage13 para suspeita de alcoolismo, composto por quatro perguntas de 
fácil memorização capaz de suprir dificuldade de detecção do alcoolismo e o Scid13, um instrumento 
de rastreio clínico de diagnóstico da DSM-IV, visando à identificação dos casos de episódio 
depressivo maior transtorno distímico, transtorno depressivo menor, transtorno pelo uso de álcool e 
transtorno de ansiedade generalizada. A coleta de dados foi realizada em uma sala cedida pelo 
delegado de polícia em local arejado com ambiente. A coleta foi realizada por uma psicóloga treinada 
para o uso dos instrumentos de pesquisa. As análises foram realizadas através do programa estatístico 
SPSS versão 12.0 e os dados apresentados na forma de média e porcentagem. 
 
RESULTADOS 
Conforme Tabela 1, a média de idade das vitimas foi de 72,1(±8.23) anos, com 53,8% do 
sexo feminino. Dos avaliados, 84,6% possuíam o ensino fundamental completo e 46,2% situação 
marital estável. Em relação à ocupação 16(61,5) eram aposentados, 7(26,9) aposentados e pensionistas 
29 
e 2(7,7) pensionistas, onde 16(61,5) recebiam dois ou mais salários, 9(34,6) um salário mínimo e 
1(3,8) não souberam informar o salário. Dos indiciados, 14(53,8) foram filhos, 5(19,2) genros, 2(7,7) 
esposas, 2(7,7) maridos, 2(7,7) sobrinhos e 1(3,8) netos onde 57,50% não eram sustentados pelos 
idosos. Os tipos de violência mais freqüentes incluíram 6(23,1) ameaça, 5(19,21) abuso psicológico e 
abandono, 3(11,5) abandono, abuso psicológico e perturbação de sossego, 2(7,7) abuso financeiro, 
2(7,7), abuso psicológico, 2(7,7) abandono e abuso financeiro, 1(3,8) vias de fato, 1(3,8), negligência 
e abuso financeiro, 1(3,8) abuso psicológico abuso, lesão corporal dolosa e abandono, 1 (3,8) 
abandono, abuso psicológico e negligência e em relação ao ambiente onde aconteceram à violência, 
80.8% foram em ambientes fechados. Os sentimentos mais freqüentes no momento das agressões 
foram 13(50,0) raiva, 12(46,2) tristeza e 1(3,8) sentimento de pena. Conforme os boletins de 
ocorrência registrados, 20(76,9) não foram feitos Termos Circunstanciados e destes, foram instaurados 
4(15,4) Inquéritos Policiais. 
De acordo com a Tabela 02 a idade média dos indiciados foi de 39,7(9,55) anos, destes 
62,5% do sexo masculino, 66,7% possuíam o ensino fundamental completo e 75,5% apresentaram 
situação marital estável. Em relação à profissão 13(54,1) eram remunerados, 9(37,5) não quiseram 
informar 2(8.3) disseram não ter profissão e 62,0% não eram sustentados pela vítima. Dos 
entrevistados, 61,5% usaram medicamentos, 38.5% realizavam tratamento psiquiátrico, 87,5 não 
foram internados em clínicas psiquiátricas e 15(62,5) relataram não ter utilizado nenhum tipo de 
substancia psicoativa. Quanto aos procedimentos policiais, 87,5% responderam o Termo 
Circunstanciado e 91,7% não estavam responderam Inquérito Policial. Na aplicação dos instrumentos 
Cage e Scid pode-se constatar que 45,8% ingeriram álcool e 62,5% já tiveram algum episódio de 
depressão, respectivamente. 
Conforme Tabela 03 dos indiciados que praticaram a violência contra os idosos 18(75,0) 
foram filhos, 3(12,50) esposas, 2(8,3) genros e 1(4,2) nora, onde 41,7% eram os cuidadores principais, 
onde 37,5% residiam na mesma casa, 41,7% sabiam a senha do cartão beneficio e 25,0% de 
beneficiavam do salário da vítima. Foi verificado que 58,3% dos indiciados que não moravam na 
mesma residência com a vítima fazia visitas frequentemente, mas 73,3% visitavam até duas vezes na 
semana, 75,0% conheciam os medicamentos da vítima e 58,3% auxiliaram na dosagem. Em relação 
30 
aos sentimentos vivenciados com mais freqüência no momento das agressões foram 37.5% tristeza, 
33,3% raiva, 25,0% não lembravam e 4,2% disseram se sentir arrependido. 
 
DISCUSSÃO 
Conforme a literatura, o índice de agressões contra idosos é maior no sexo feminino, 
principalmente acima dos 70 anos15, ou seja, não estavam no meio produtivo, tornando-se alvo da 
violência16. Nesta pesquisa, constatou-se que 53,8% dos idosos entrevistados foram do sexo feminino 
e a média da idade de 72.31 anos, sendo que todos os idosos agredidos estavam fora do meio 
produtivo. 
Quando a prevalência dos suspeitos, em primeiro lugar encontram-se os filhos, sendo que 
estes eram os cuidadores principais, moravam ou visitavam constantemente a vítima17,18. Estudo relata 
como fator de risco principal, a coabitação do idoso com um membro familiar, especialmente se este 
membro detiver todo o controle da situação de saúde e de cuiodados19. A violência, segundo a 
literatura pesquisada, ocorre na maior parte em ambientes fechados, sendo estes dentro da própria 
residência20,21 . Neste estudo observou-se que os filhos eram os cuidadores principais e que praticavam 
a violência contra os idosos principalmente em ambientes fechados. 
Estudos mostram que estes idosos foram ameaçados e sofrem algum tipo de abuso 
psicológico e abandono antes de serem agredidos fisicamente22, 23. Um estudo realizado em um serviço 
de psiquiatria geriátrica de um hospital Canadiano, durante um ano completo, constatou-se que o 
abuso tinha uma prevalência de 16%, relatando fortes indicações de que entre os pacientes de 
psiquiatria geriátrica o abuso pode ser um fenômeno comum e observando a etiologia do abuso, o 
financeiro foi o mais extenso com 13%, negligência de 6%, abuso emocional em 4%, abuso físico em 
2% e abuso múltiplo de 6%24. Estes dados corroboram com os dados encontrados nesta pesquisa, onde 
contatou-se que os idosos muitas vezes, foram ameaçados ou abandonados. 
No que se refere à idade dos suspeitos, a maior parte deles é do sexo masculino25 e não 
possuem renda fixa26. Neste estudo, constataram-se estes dados, sendo que mais da metade dos 
indiciados eram do sexo masculino e sem renda fixa. 
31 
Segundo a literatura,parte dos fatores de risco para a ocorrência da violência e a 
psicopatologia é o uso de substâncias psicoativas, uso abusivo de álcool, depressão maior, sendo que 
mais de 40% dos agressores já haviam realizado algum tratamento psiquiátrico27. Na aplicação dos 
instrumentos Cage e Scid pode-se constatar que 45,8% ingeriram álcool e 62,5% já tiveram algum 
episódio de depressão, respectivamente, afirmando os dados da literatura. 
Estudo mostra que os dois principais fatores de risco também de relacionam com o 
cuidador, nomeadamente a dependência que o abusador tenha da vítima, especialmente se for suporte 
financeiro e o estado psicológico do abusador, nomeadamente se praticar abuso de substâncias ou tiver 
história de doença mental16. No transcorrer das entrevistas foi verificado que 37,5% dos suspeitos já 
utilizaram algum tipo de substancia psicoativa onde 45,8% ingeriam álcool, 62,5% já apresentaram 
algum tipo de depressão e 38,5% já realizaram tratamento psiquiátrico, dados estes que corroboram 
com a literatura pesquisada. Sobre o Termo Circunstanciado, processo este em que o suspeito passa a 
ser considerado autor do fato, foi constatado que dos 24 indiciados de violência, 87,5% estavam 
respondendo o Termo, onde apenas 8,3% foram instaurados Inquéritos Policiais. 
Os maus-tratos e a negligência aos idosos serão um dos problemas de saúde pública onde 
será mais certo um aumento nas próximas décadas. Conforme dados do IBGE, existem atualmente 
11.351 idosos no município de Criciúma para uma população de 185.506 pessoas, significando que 
dentre estes muitas devem estar sendo vítimas de violência, mas continuam se mantendo no silêncio 
dentro do contexto familiar1. Nesta pesquisa, o número pequeno de amostra justifica-se aconteceram 
entre os meses de fevereiro à março de 2008, e por ter sido pioneiro no município e no Estado de 
Santa Catarina dificultou no número da população estudada, pois este atendimento especializado aos 
idosos ainda estava em processo de divulgação. Porém, percebeu-se a necessidade da criação de 
instituições as quais se possa referenciar o abuso detectado ou muito provável e que sirvam, assim, 
inequivocamente, de proteção aos idosos. Por outro lado, deve haver condições e oportunidade para 
tornar algumas atitudes culturais mais ecléticas e inclusivas da exigência de uma sociedade para todas 
as idades, no qual a perspectiva forense do abuso de idosos não se restrinja a casos individuais e a 
ocorrências micro-relacionais, mas podendo ser alargada, permitindo a identificação dos estereótipos 
culturais, de omissões e de mitos, causando danos aos idosos, significando que algumas atitudes 
32 
culturais que se mantêm face aos idosos são verdadeiros casos forenses, não permitindo uma 
verdadeira igualdade de oportunidades existenciais de respeito, consideração e proteção para todas as 
idades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
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35 
LEGENDAS 
Tabela 1: Características das 26 Vítimas de Violência Intrafamiliar no município de Criciúma no 
período de Março de 2008 a Outubro de 2008. 
 
Tabela 2: Características dos Indiciados por Violência Intrafamiliar contra os Idosos no município de 
Criciúma no período de Março de 2008 à Outubro de 2008. 
 
Tabela 3: Relações do Intimado com a Vítima 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
TABELAS 
TABELA 01 
Variavéis n (%) 
Idade (média e desvio padrão) 72.31(8,23) 
Escolaridade 
 Até fundamental completo 22 (84,6) 
 Ensino médio ou mais 4 (15,4) 
Sexo 
 Feminino 14(53,8) 
 Masculino 12(46,2) 
Estado Civil 
 Não estável 14(53.8) 
 estável 12(46.2) 
Ocupação 
 Aposentado 16(61.5) 
 Aposentado e Pensionista 7(26.9) 
 Pensionista 2(7.7) 
Valor do salário da Vitima 
 Dois ou mais 16(61,5) 
 Um salário minímo 9(34.6)Não soube informar 1(3,8) 
Parentesco com o intimado 
 Filho 14(53.8) 
 Genro 5(19.2) 
 Esposa 2(7.7) 
 Marido 2(7.7) 
 Sobrinho 2(7.7) 
 Neto 1(3.8) 
Sustenta o Intimado 
 Sim 11(42.3) 
 Não 15(57.7) 
Tipo de violência sofrida 
 Ameaça 6(23,1) 
 Abuso Psicológico e Abandono 5(19,2) 
 Abandono, Abuso Psicológico e Perturbação de Sossego 3(11,5) 
 Abuso Financeiro 2(7,7) 
37 
 Abuso Psicológico 2(7,7) 
 Abandono e Abuso Financeiro 2(7,7) 
 Vias de Fato 1(3,8) 
 Negligência 1(3,8) 
 Abuso Psicológico, Abuso Financeiro e Apropriação 
Indébita 
1(3,8) 
 Negligência e Abuso Financeiro 1(3,8) 
 Abuso Psicológico, Lesão Corporal Dolosa e Abandono 1(3,8) 
 Abandono, Abuso Psicológico e Negligência 1(3,8) 
Ambiente da Violência 
 Fechado 21(80,8) 
 Aberto 5(19,2) 
Sentimentos 
 Raiva 13(50,0) 
 Tristeza 12(46,2) 
 Sentimento de Pena 1(3,8) 
Termo Circusntanciado 
 Sim 6(23,1) 
 Não 20(76.9) 
Inquérito Policial 
 Sim 4 (15,4) 
 Não 22 (84,6) 
 
 
 
 
 
 
 
38 
TABELA 02 
Variavéis n (%) 
Idade (media e desvio padrão) 39,75(9.55) 
Escolaridade 
 até fundamental completo 16 (66,7) 
 Ensino médio ou mais 8 (33,3) 
Sexo 
 Masculino 15(62,5) 
 Feminino 9(37,5) 
Estado Civil 
 Estável 18(75,0) 
 Não estável 6(25,0) 
Profissão 
 Remunerada 13(54,1) 
 Sem profisão 2(8,3) 
 Não informada 9(37,5) 
É sustentado pela vítima 
 Sim 9(37,5) 
 Não 15(62,5) 
Utiliza medicamentos para os nervos 
 Sim 16(61,5) 
 Não 10(38,5) 
Faz tratamento psiquiátrico 
 Sim 10(38,5) 
 Não 16(61,5) 
Foi internado em Clínica Psiquiátrica 
 Sim 3(12.5) 
 Não 21(87.5) 
Utiliza substância psicoativa 
 Sim 9(37.5) 
 Não 15(62.5) 
Tipo de substância 
 Nenhuma substância 15(62.5) 
 Álcool 9(37.5) 
Termo Circunstanciado 
39 
 Sim 21(87,5) 
 Não 3(12,5) 
Inquérito Policial 
 Sim 2(8,3) 
 Não 22(91,7) 
 Instrumento Cage 
 Positivo 11(45,8) 
 Negativo 13(54,2) 
Instrumento Scid 
 Positivo 15(62,5) 
 Negativo 9(37,5) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
TABELA 03 
Variavéis N(%) 
Parentesco com a vítima 
 Filho 18(75,0) 
 Esposa 3(12,50) 
 Genro 2(8,3) 
 Nora 1(4,2) 
É o cuidador principal da vítima 
 Sim 10(41,7) 
 Não 14(58.3) 
Reside na mesma casa da vítima 
 Sim 9(37.5) 
 Não 15(62.5) 
Sabe a senha do Banco da Vítima 
 Sim 10(41.7) 
 Não 14(58.3) 
O salário da Vítima fica sob seus cuidados 
 Sim 6(25.0) 
 Não 18(75.0) 
Faz visitas para a Vítima 
 Sim 14(58.3) 
 nao 10 (41,7) 
Quantas vezes na semana 
 Até 2 vezes 11(73,3) 
 Mais de 2 vezes 3(26.7) 
Conhece os medicamentos da Vítima 
 Sim 18(75.0) 
 Não 6(25.0) 
Auxilia na dosagem dos medicamentos 
 Sim 10(41.7) 
 Não 14(58.3) 
Ambiente da Violência 
 Fechado 22(91.7) 
 Aberto 2(8.3) 
Sentimentos 
 Raiva 8(33.3) 
41 
 Tristeza 9(37.5) 
 Não lembra 6(25.0) 
 Arrependimento 1(4,2) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
DISCUSSÃO 
A população idosa vem crescendo a cada ano que passa e juntamente com ela 
cresce a violência contra os idosos. Os primeiros estudos realizados referente às pessoas 
idosas surgiram somente na década de 70 com a publicação do artigo Granny battered 
(espancamento de avós). Outro momento importante como marco de atenção à violência dos 
idosos foi a criação da revista “Jounal of Elder Abuse & Neglect”, mas foi somente com a 
criação do Estatuto do Idoso ( Lei 10.741 de 1º de Outubro de 2003) que os idosos passaram a 
receber plena proteção. E foi baseado nesta realidade que a presente pesquisa surgiu com 
intuito de conhecer o perfil das vítimas de violência e averiguar a relação das mesmas com os 
indiciados, as patologias envolvidas e assim conhecer melhor o contexto onde ocorre a 
violência intrafamiliar. 
Na referida pesquisa conforme Tabela 1 das 26 vítimas de violência intrafamiliar, 
podê-se perceber que a média de idade das vitimas foi de 72,1(±8.23) dessas, 53,8% eram do 
sexo feminino, ou seja, estes resultados, vieram corroborar com as pesquisas realizadas por 
Brandl e Daniels (2002) na qual afirmam que os idosos vítimas de violência na maioria das 
vezes são de sexo feminino e apresentam idade acima de 70 anos. O envelhecimento passa a 
ser um forte fator de risco porque junto a ele surgem as limitações físicas, algumas demências, 
dependência financeira e muitas vezes também emocional. 
 Os níveis de escolaridade até o ensino fundamental completo foram de 84,6% e 
quanto ao estado civil 46,2% apresentaram situação marital estável, ou seja, casados ou 
vivendo juntos há mais de dois anos. 
 Em relação à ocupação 16(61,5) eram aposentados, 7(26,9) aposentados e 
pensionistas e 2(7,7) eram apenas pensionistas e conforme estes dados, Wolf (2001) afirma 
que muitos idosos vítimas de violência já não estão mais no meio produtivo e por serem 
muitas vezes aposentados e pensionistas se tornam alvo da mais diversas violências e dentre 
43 
estes 16(61,5) recebiam dois ou mais salários, 9 (34,6) um salário mínimo e 1(3,8) não 
souberam informar o seu salário. 
Dos indiciados que praticaram violência contra a vítima 14(53,8) eram filhos, 
5(19,2) genros, 2(7,7) esposas, 2(7,7) maridos, 2(7,7) sobrinhos, 1(3,8) neto ou seja este 
resultado vem elucidar estudos de vários autores como Nelson et al.,(2004), Freitas et 
al.,(2006) e Moon (2006) na qual salientam que os filhos se encontram em primeiro lugar na 
escala de violência cometida entre os idosos, depois vem os genros e por último as noras e 
todas estas pessoas que agridem os idosos apresentam laços familiares com as vítima e 
muitas destas moram debaixo do mesmo teto que os idosos. 
 Dos parentes envolvidos 57,50% não foram sustentados pelos idosos estes dados 
resultantes vem em consonância às literaturas de Kennedy (2004) e Kahan (2003) em que 
afirmam que 40% dos parentes que praticam algum tipo de violência contra os idosos são 
pessoas que dependem financeiramente dos idosos e não possuem emprego fixo. 
 Os tipos de violência mais freqüentes incluíram 6(23,1) ameaça, 5(19,21) abuso 
psicológico e abandono, 3(11,5) abandono, abuso psicológico e perturbação de sossego, 
2(7,7) abuso financeiro, 2(7,7), abuso psicológico, 2(7,7) abandono e abuso financeiro, 1(3,8) 
vias de fato, 1(3,8), negligência e abuso financeiro, 1(3,8) abuso psicológico abuso, lesão 
corporal dolosa e abandono, 1 (3,8) abandono, abuso psicológico e negligência corroborando 
com os estudos de Wei e Herbers (2004) e Rodrigues(2006). Conforme o Estatuto do Idoso e 
a lei 10.741 todos estes crimes citados acima estão contemplados nos Crimes em espécie que 
vai do artigo 93 até o artigo 108, em que protegem o idoso dos crimes de negligência, abuso 
psicológico, abuso sexual, ameaça abuso financeiro, abuso físico entre outros crimes. 
Em relação ao ambiente onde aconteceram a violência 80.8% foram em ambientes 
fechados, ou seja, dentro da residência e ou no pátio da casa. Os sentimentos mais freqüentes 
44 
no momento das agressões foram 13(50,0) raiva, 12(46,2) tristeza, 1(3,8) sentimento de pena, 
sentimentos estes comentados por Kahan (2003) . 
 Conforme os boletins de ocorrência registrados na Delegacia do idoso 20(76,9) 
não foram feito Termos Circunstanciados e destes foram instaurados apenas 4(15,4) 
Inquéritos Policiais, ou seja a maioria das vítimas registraram boletins de ocorrência, mas 
praticamente a maioria não representaram criminalmente contra os indiciados ou seja não 
deram continuidade no processo. 
 Atualmente existem apenas três Delegacias de Proteção a Criança ao Adolescente 
e Proteção a Mulher que estão prestando atendimentos aos idosos no Estado de Santa 
Catarina, sendo que o Município de Criciúma está sendo considerado o pioneiro entre os 
municípios de Joinville e Tubarão. No município de Criciúmana Delegacia de Proteção a 
Criança ao Adolescente e proteção a Mulher (DPCAPM) foi construído um espaço exclusivo 
para o atendimento especializado ao idoso. Além de pioneiro está sendo considerado algo 
novo no município e no Estado de Santa Catarina. As autoridades policiais juntamente com o 
conselho do idoso e o Ministério Público tem o poder de averiguar qualquer tipo de abuso 
contra idoso, geralmente o procedimento inicial é o registro de boletim de ocorrência para a 
averiguação dos fatos, instauração de Termos Circunstanciados e ou Inquéritos Policiais e 
encaminhamento para Ministério Público. Em casos de denuncia de abuso contra idosos, 
geralmente é realizado investigação policial e acionado o Conselho do Idoso do município 
(Secretária de Segurança Pública e Defesa do Cidadão 2008). 
“È obrigação do Estado e da sociedade assegurar à pessoa idosa a liberdade, o 
respeito e a dignidade como pessoa humana e sujeito de diferentes civis, políticos individuais 
e sociais garantidos na Constituição e nas Leis” ( Lei 10.741 Estatuto do Idoso ). 
 
A presente pesquisa também conforme Tabela 02 avaliou as características dos 
indiciados por Violência Intrafamiliar contra os idosos e dos 24 indiciados a idade média foi 
45 
de 39,7(9,55), destes 62,5% eram do sexo masculino. No que se refere à idade dos indiciados 
por violência estes dados vem de encontro com os escritos de Kennedy (2004) e Anderson et 
al., (2007) quando afirmam que a prevalência da faixa etária dos indiciados por violência 
contra idosos é de 30 a 40 anos de idade e 80% são do sexo masculino. 
 O nível de escolaridade até o ensino fundamental completo foram de 66,7%, 
quanto ao estado civil 75,5% apresentaram situação marital estável, ou seja, casados ou 
vivendo juntos há mais de dois anos. Em relação à profissão 13(54,1) eram remunerados, 
9(37,5) não quiseram informar a remuneração 2(8.3) disseram não ter profissão e dentre estes 
62,0% não foram sustentados pela vítima. 
Dos indiciados em pesquisa 61,5% usaram medicamentos para os nervos, 38.5% 
fizeram tratamento psiquiátrico bem como 87,5 não foram internados em clínicas 
psiquiátricas e conforme estudos de Brandl e Daniels (2002), Paterson et al.,(1994), Wolf 
(2001) entre outros a depressão e outras patologias estão associadas com o ato violento do 
indiciado contra os idosos. 
 Em relação à substância psicoativa, 15(62,5) relataram não ter utilizado nenhum 
tipo de substancia psicoativa e destes apenas 9(37,5) responderam que já haviam usado, em 
relação a estes dados muitas dúvidas permanecem uma vez que a maioria das literatura 
surgem como oposição a este resultado. Autores como Homer e Gilleard (1990), Pasinato 
et.,(2004), Rodriguez(2006) afirmam que o comportamento agressor pode estar relacionado 
com o uso abusivo de drogas e álcool. 
Quanto aos procedimentos policiais 87,5% estavam responderam Termo 
Circunstanciado e 91,7% não estavam responderam Inquérito Policial. De acordo com dados 
do IBGE existem atualmente 11.351 idosos no município de Criciúma para uma população de 
185.506 pessoas significando que dentre estes muitos devem estar sendo vítimas de violência 
dentro do contexto familiar mais muito se mantém no silêncio por não conhecerem os seus 
46 
direitos. O violência e os maus tratos contra os idosos tornou-se um problema de saúde 
pública e cabe não somente ao Estado e os Governantes cuidar desta situação mas sim todo o 
cidadão brasileiro. 
 Na aplicação do instrumento Cage pode-se constatar que 45,8% ingeriram álcool e 
62,5% já tiveram algum episódio de depressão ou seja mais uma vez estes dados confirmam 
as pesquisas realizadas por Lachs e Pillemer (2004), Comptom(1997) e Williamson (2001), 
quando destacam que os maus tratos contra idosos está relacionado com a patologia do 
indiciado que inclui desde problemas de depressão, demência, uso de álcool, envolvimento 
com drogas e até mesmo problemas mentais. 
Conforme a Tabela 03 na qual faz a relação do intimado com a vítima mostra que 
os indiciados que praticaram a violência contra os idosos 18(75,0) foram os filhos, 3(12,50) 
esposas, 2(8,3), genros, 1(4,2) nora, destes 41,7% eram os cuidadores principais e 37,5% 
residiam na mesma casa com a vítima. Estes dados vem demonstrar mais uma vez que os 
filhos estão em primeiro lugar novamente em relação as agressões dos idosos e que destes 
quase a metade são os cuidadores principais ou seja residem na mesma casa com a vítima. E 
de acordo com Wyandt (2004) existem cinco tipos de cuidadores de idosos que se tornam os 
abusadores que vai desde os oprimidos até os narcisistas, os que prejudicam os dominadores 
os sádicos. Conforme Zilberman (2005) os maus-tratos oriundos dos cuidadores estão mais 
relacionados com a falta de preparo, a insegurança a ansiedade do que a intenção de mal 
tratar. 
Através da coleta de dados foi possível constar que 41,7% dos indiciados sabiam a 
senha do cartão beneficio das vítimas e destes, 25,0% ficavam com o salário da vítima. A 
prevalência de abuso financeiro aparece em terceiro lugar em vários países e através de alguns 
estudos estima-se que no EUA um milhão de idosos é vítima de abuso financeiro e 
negligência (Ghent e Farren 1995) e (Gibs e Mosqueda 2007). Para o Estatuto do Idoso 
47 
conforme o artigo 102 e 104 da lei 10.741, “Apropria-se ou desviar bens, proventos, pensão, 
reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios bem como desviar qualquer 
outro tipo de documento com o objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida 
é crime e a pena pode ser de detenção de 6(seis) meses à 4(quatro) anos. 
 Foi verificado que 58,3% dos indiciados que não moravam na mesma residência 
com a vítima faziam visitas frequentemente, ou seja, 73,3% visitavam até duas vezes na 
semana e 26.7% mais de duas vezes na semana e 75,0% conheciam os medicamentos da 
vítima e 58,3% auxiliaram na dosagem dos medicamentos. Este resultado vem elucidar mais 
uma vez que um dos fatores de risco para a ocorrência da violência contra idosos é presença 
constante dos familiares na vida dos idosos (Sjostrom 2004). 
Em relação ao local da violência 91,7% aconteceram em ambientes fechados e os 
sentimentos vivenciados com mais freqüência no momento das agressões foram 37.5% 
tristeza e 33,3% raiva, 25,0% não lembravam e 4,2% disseram se sentir arrependido. 
Resultados que de acordo com Brandl e Daniels (2002) se tornam evidentes com a presença 
dos maus-tratos, pois sentimentos de culpa, infelicidade, tristeza, vergonha são constantes na 
vida dos idosos vítima de qualquer tipo de violência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
CONCLUSÃO 
A violência não é considerada um fator novo em nossa sociedade, ela existe há 
muitos séculos e continuará existindo se os Municípios, o Estado e os nossos Governantes 
nada fizerem. Sabemos o quanto às camadas com menos recursos financeiros são afetados 
pela proliferação da violência. Pôde-se constatar através de vários autores pesquisados que 
atualmente a violência ocorre em vários paises, em alguns com mais e outros com menos 
freqüência, ou seja, ela se tornou globalizada e compartilhada em todo o nosso planeta. 
Neste contexto o idoso devido à própria fragilidade do envelhecimento se torna 
vítima deste cenário impregnado de maus tratos que ocorre nas mais variadas formas que vai 
desde agressões verbais até agressões físicas. O Estatuto do Idoso criando em 1 de Outubro 
de 2003 através da Lei 10.741 surge com o intuito de proteger os idosos, mas infelizmente 
muitos idosos devido a esta situação desumana e decadente não conseguem sobreviver e 
morrem antes da Lei ser aplicada. O silêncio das vítimas é um outro fator alarmante, pois 
muitos idosos não denunciam a violência por medo de represálias dos agressores que na 
maioria das vezes são os próprios cuidadores estes, filhos, noras, genros e netos, ou seja os 
próprios familiares. Não podemos deixarde salientar que ficou constado que tanto através das 
literaturas utilizadas como a própria pesquisa de campo os indiciados são pessoas que 
apresentam quadro patológico com históricos de álcool, drogas, problemas neurológicos, 
transtornos de personalidades entre outros. São pessoas que cuidam dos idosos, mas ao invés 
de proteger coloca em risco a saúde tanto física como psíquica do idoso. 
Diante está situação cabe ao Ministério Público aos Conselhos de idosos, as 
Delegacias especializadas e a própria comunidade supervisionar, fiscalizar, averiguar, avaliar 
e denunciar os crimes cometidos contra os idosos. Pois sabê-se que atualmente de 2% a 4% 
da população idosa são vítimas de violência e muitas destas se mantém no silêncio até a 
49 
chegada da morte e o idosos como qualquer outra pessoa tem o direito à vida, a saúde e a 
dignidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50 
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