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INSTITUTO FEDERAL Maranhão CERTEC Para ajudá-lo na organização dos seus estudos preencha o quadro a seguir estabelecendo suas metas e pontuando suas notas. DISCIPLINA: PERÍODO DE VIGÊNCIA: ATIVIDADE Data para realização Status MINHAS NOTAS ATIVIDADES VIRTUAIS NOTA ATIVIDADES PRESENCIAIS NOTA Seja diligente e perseverante no desenvolvimento de sua educação. Caso você encontre dificuldades, não deixe de entrar em contato com a equipe do curso por meio do ambiente virtual. Estaremos a postos para assessorá-lo no que for necessário. Desejamos sucesso nos estudos e alertamos para o fato de que o bom êxito dependerá muito da dedicação, comprometimento e empenho. Equipe UAB/Ifma FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO Autora: Mara Lucinéia Marques Correa Bueno 2 Prezados(as) Acadêmicos(as), É com alegria que iniciamos a disciplina de Fundamentos da Educação do Curso de Pedagogia, na modalidade de Educação a Distância, da Universidade Federal da Grande Dourados.A primeira Unidade será de caráter introdutório, cuja temática principal está focada na própria concepção de ensino. Nessa Unidade, vocês terão a oportunidade de se introduzirem no conceito de educação, compreender suas tendências contemporâneas e saber mais sobre os Fundamentos da Educação. Na sequência, após o estudo de todos os itens, vocês devem aplicar e praticar tais conhecimentos junto às atividades propostas no ambiente virtual de aprendizagem. Já a segunda Unidade, apresenta um estudo de leis que regem nossa educação desde os primórdios da história até chegar aos dias atuais. Para tanto, apresentaremos o conceito de lei e, em seguida, conheceremos tanto as leis que direcionaram quanto a que direciona atualmente o trabalho pedagógico desenvolvido nas escolas em todo o Brasil. Na terceira Unidade, veremos as concepções pedagógicas que orientaram e ainda orientam as práticas pedagógicas em nossas escolas. Estudaremos, também, o complexo processo de ensinar e aprender, bem como a estreita relação que deve ser estabelecida entre professor e aluno. Na quarta Unidade discutiremos sobre os grandes desafios postos para a Educação Brasileira, que vão desde o desafio pela qualidade do ensino, perpassando pela necessidade de profissionais com formação inicial e continuada, até a preocupação com a metodologia de trabalho a ser adotada pelo professor para ter êxito no processo de ensino e aprendizagem. E na quinta e última Unidade iremos realizar uma revisão das unidades anteriores, onde iremos então rever os pontos mais importantes de cada conteúdo trabalhado. Desta forma pretendemos buscar elucidar as possíveis dúvidas e também evidenciar a importância da nossa disciplina para o curso de Pedagogia. Portanto, vamos às nossas aulas! Façam as leituras com muita atenção e realizem as atividades com destreza e facilidade. Qualquer dúvida, estaremos à disposição. Antes, porém, observem todos os objetivos e assuntos que estruturam esta disciplina. Mãos à obra! Ótimo e proveitoso estudo a todos e a todas! Objetivos Unidades • Compreender o conceito de educação. • Conhecer a história da educação brasileira. • Identificar a relação existente entre infância e escola. • Conhecer a atual Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira e suas mudanças. • Compreender o conceito de concepção pedagógica e a estreita relação entre professor e aluno. • Conhecer a didática como forma de desenvolver o processo de ensino e aprendizagem. • Revisar os conteúdos estudados. 1. Educação: primeiras aproximações 2. Aspectos legais da educação brasileira 3. Concepções pedagógicas e implicações na relação professor/aluno 4. Desafios da educação brasileira atual 5. Revisão 3 Unidade 1.1 Conceitos de Educação e Ensino A palavra “educação”, de acordo com o Dicionário Online Aurélio, vem do latim educatione, é um substantivo feminino e tem como definição prévia o ato ou efeito de educar-se. Essa definição remete-se ao processo que se instaura a partir do ato/efeito que é o ensino e a aprendizagem. De acordo ainda com o Dicionário Online Aurélio a palavra “educação” pode ter três possíveis significações, que se definem como: um conjunto de normas pedagógicas tendentes ao desenvolvimento geral do corpo e do espírito; um conhecimento e prática dos usos da gente fina; ou ainda instrução, polidez, cortesia. Brandão (1981) salienta que: A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como ideia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos. (p. 10). Sendo assim, a educação simboliza um modo de vida dos grupos sociais que criam e recriam suas invenções em uma sociedade. Nessa perspectiva, Brandão (1981) ainda afirma que a educação representa um dos meios de que os homens possuem para formar ou criar guerreiros ou burocratas. E o mesmo autor ainda enfatiza: [...] a educação participa do processo de produção de crenças e ideias, de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que, em conjunto, constroem tipos de sociedades. E esta é sua força. (p. 11). Já Sodré (2012) define educação como: [...] processo de incorporação intelectual e afetiva, pelos indivíduos, dos princípios e das forças que estruturam o Bem de uma formação social. O Bem (to agathon, para o antigo grego) é simplesmente outro nome, de feição clássica, para o equilíbrio econômico, político e ético da comunidade humana, portanto, para a preservação da vida e para a continuidade do grupo de acordo com os princípios de sua fundação. (p. 15). 1 Esta unidade tem como objetivos: • Compreender o conceito de educação. • Conhecer a história da educação brasileira. • Identificar a relação existente entre infância e escola. Educação: primeiras aproximações Figura 1: Dictionary Fonte: www.dreamstime.com 4 Logo, percebemos que a educação, no decorrer de sua história, assume significados distintos, mas também mantém seu elo entre todas as definições. Sacristán (2007) afirma que a educação ocorre por meio de um traço da realidade econômica, cultural e da sociedade, e assim será afetada pelas mudanças que ocorrem por meio da globalização, implicando sistemas educacionais que não perderam sua essência, mas sofreram modificações. O fenômeno que nos ocupa projeta necessidades e consequências variadas e contraditórias sobre os sistemas educacionais. De imediato, são denunciados porque seus objetivos e suas práticas não são funcionais para a nova situação (mais do que já eram). Servem tanto para a ideologia e dinâmica globalizante quanto para a resistência a ela. (Sacristán, 2007, p. 30). Ainda de acordo com Sacristán (2007), a globalização afeta a educação e causa três efeitos distintos. O primeiro refere-se ao “esvaziamento do Estado posto a serviço da satisfação dos direitos básicos das pessoas e, em particular, o da educação em condições mínimas de igualdade” (p. 30). Nesse sentido, percebemos o aumento da desigualdade social, a má distribuição de renda e a falta de financiamento aos sistemas públicos de ensino. Como um segundo efeito, o mesmo autor salienta que a relação entre educação e trabalho nem sempre é favorável ao desenvolvimento infantil, mas as famílias não dispõem de tempo para dedicar-se aos filhos, pois o mercado de trabalho se torna a cada dia mais competitivo; logo, as pessoas precisam se qualificar para garantir seu espaço. A educação neste aspecto “tem de enfrentar o desafio de preparar não se sabe muito bem para que, ao se desconhecer que saberes e capacidades serão rentáveis no futuro das pessoas e ‘investir’ neles”. (p. 31) E, por fim, como um terceiro efeito do processo de globalização sobrea educação recai sobre as pessoas, os conteúdos do currículo e as formas de aprender, pois os educadores precisam estar atualizados tecnologicamente para atuar no atual modelo educacional vigente, em que a tecnologia da informação comanda a economia, a política, a educação, enfim, todas as áreas. Ao nos reportar à realidade local, no Brasil, a educação teve seu início com o fim do regime de Capitanias Hereditárias em 1549 e, de acordo com Ghiraldelli Jr. (2009), o país ficou sob o regime das capitanias entre 1532 a 1549. O Brasil passou por mudanças educacionais ao longo de sua história, as quais se chamaram reformas. A partir da Independência Política de 1822, nosso país esteve sob a influência de um Estado de Direito cuja referência externa está na Revolução Francesa de 1789 e que vem assinalar, no País, o surgimento de Curiosidade As Capitanias hereditárias foram um sistema de administração territorial criado pelo rei de Portugal, D. João III, em 1534. Este sistema consistia em dividir o território brasileiro em grandes faixas e entregar a administração para particulares (principalmente os nobres com relações com a Coroa Portuguesa). Esse sistema foi criado pelo rei de Portugal com o objetivo de colonizar o Brasil, evitando assim invasões estrangeiras. Ganharam o nome de Capitanias Hereditárias, pois eram transmitidas de pai para filho (de forma hereditária). Fonte: <http://www.historiadobrasil.net/capitaniashereditarias/> 5 um regime liberal e a passagem da condição individual e servil de súditos da Coroa Portuguesa, marca do Colonialismo, para a de cidadãos do Império. O Estado de Direito será, sobretudo, o resguardo das liberdades, das garantias individuais e dos direitos de cidadania, reforço também das proclamações liberais, entre as quais a da educação fundamental e gratuita, discurso, no século XIX, transcrito nos ordenamentos jurídicos das nações emancipadas, mas sem que isso resulte, concretamente, em direito público subjetivo. Mas ainda falta definirmos a palavra “ensino”, a qual ter por definição, segundo o Dicionário Online Aurélio, instrução, indicação, encaminhamento, castigo, reprimenda, enfim, educação. Sendo assim, torna-se relevante salientar que a educação e o ensino apresentam definições que preconizam os acontecimentos da história educacional do nosso país, como o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, a Conferência para a Declaração Universal da Educação para Todos, enfim, pilares que sustentam as mudanças e a evolução da educação brasileira, as quais veremos nos próximos tópicos. Finalizamos aqui uma breve definição da educação para que a partir de agora vocês tenham a oportunidade de melhor compreender a evolução da educação no Brasil. Para tanto, no próximo item será apresentado um pouco da história da educação brasileira. 1.2 Origem da Educação Brasileira A educação brasileira inicialmente teve cunho religioso, de ordem franciscana, com a missão de catequizar os povos indígenas. Além de ensinar aos nativos princípios religiosos, os jesuítas buscavam também inserir a cultura portuguesa no modo de vida dessas pessoas. Foram a Companhia de Jesus que se destacaram como os primeiros fundadores de pequenos vilarejos, como evangelizadores e educadores dos povos indígenas. A intenção jesuítica pairava sobre a modificação cultural dos povos indígenas, através do ensino, da pregação e da escravidão à qual os índios deveriam se submeter (KERN, 2004). Em busca de novos meios de propagar a doutrina religiosa, os jesuítas instauraram sua hegemonia no Brasil Colônia, buscando meios de melhor trabalhar as questões pertinentes à religião. O ensino passou pelas doutrinas franciscanas e, posteriormente, os jesuítas assumiram a tarefa de, além de evangelizar, ensinar os nativos a ler e a escrever. O trecho transcrito de Sangenis (2004, p. 99) é ilustrativo da educação então propiciada: “Em 1586, fundaram um internato para os curumins onde, além de aprenderem a doutrina cristã, Curiosidade A Revolução Francesa foi um importante marco na História Moderna da nossa civilização. Significou o fim do sistema absolutista e dos privilégios da nobreza. O povo ganhou mais autonomia e seus direitos sociais passaram a ser respeitados. A vida dos trabalhadores urbanos e rurais melhorou significativamente. Por outro lado, a burguesia conduziu o processo de forma a garantir seu domínio social. As bases de uma sociedade burguesa e capitalista foram estabelecidas durante a Revolução. Os ideais políticos (principalmente iluministas) presentes na França antes da Revolução Francesa também influenciaram a independência de alguns países da América Espanhola e o movimento de Inconfidência Mineira no Brasil. Se quiser saber mais, pesquise na fonte abaixo! Fonte: <http://www.suapesquisa.com/francesa/> 6 eram ensinados a ler, escrever, fazer contas, cantar e tocar instrumentos musicais”. De acordo com Saviani (2004), uma íntima ligação entre o ensino elementar e a catequese ocorreu durante o processo de colonização brasileira. A educação nesse período tinha o objetivo de transmitir o conhecimento, a cultura e os costumes do povo português aos índios e a catequese representava um meio de difusão dos princípios religiosos, assim como se almejava a conversão dos indígenas à religião dos colonizadores. O mesmo autor ainda salienta que a educação ofertada no Brasil no período entre 1570 e 1759 não contemplava apenas os índios, mas também os filhos dos colonos portugueses. Nessa ótica, é possível caracterizar os colégios jesuítas como formadores de uma elite intelectualizada dos portugueses da Colônia. Romanelli (1986) afirma que a educação ministrada pelos jesuítas estava totalmente alheia à realidade vivenciada na Colônia, pois eles se preocupavam em trabalhar questões relacionadas à propagação da cultura geral básica. Sendo assim, o processo de ensino nesse período não tinha um objetivo determinado, não possuía um currículo estabelecido e um fim a se chegar com esse grau de “instrução”. A autora afirma que: [...] os padres acabaram ministrando, em princípio, educação elementar para a população índia e branca (salvo as mulheres), a educação média para os homens da classe dominante, parte da qual continuou nos colégios preparando-se para o ingresso na classe sacerdotal, e a educação superior religiosa só para esta última. A parte da população escolar que não seguia a carreira eclesiástica encaminhava-se para a Europa, a fim de completar os estudos, principalmente na Universidade de Coimbra, de onde deviam voltar letrados (ROMANELLI, 1986, p. 35). A mesma autora ainda faz ressalvas a respeito do ensino ofertado na Colônia, influenciado pela cultura europeia, em que se privilegiava uma educação para as elites coloniais. Sendo assim, a expulsão dos jesuítas do Brasil no século XVIII não representou uma ruptura dos modelos propostos de ensino, mas marcou uma das grandes características educacionais deste período, ou seja, “a educação de classes”. Com a expulsão dos jesuítas e a subida ao trono de Dom José I em 1750, foi anunciado também que o ministro de gabinete seria Sebastião José de Carvalho e Melo, intitulado Marquês de Pombal, que promoveu inúmeras reformas almejando um novo Estado. De acordo com Saviani (2007): [...] Pombal apresenta os nove princípios básicos do novo Estado por ele instituído: ‘o desenvolvimento da cultura geral, o incremento das indústrias, o progresso das artes, o progresso das letras, o progresso científico, a vitalidade do comércio interno, a riqueza do comércio externo, a paz política, a elevação do nível de riqueza e bem-estar’. (p. 81) Veiga (2003) lembra que o processo de escolarização presente no Brasil tinha por base a legislação vigente em Portugal, mas eram leis portuguesas aplicadas à terra colonizada, não sendo então normas instituídas pelo Império. Essas leis, que regiam a educação no Brasil Colônia, perduraram até o período que antecedeu a Constituição de 1824. A educaçãoescolar no período colonial, ou seja, a educação regular e mais ou menos institucional de tal época, teve três fases: a de predomínio dos jesuítas; a das reformas do Marquês de Pombal, principalmente a partir da expulsão dos jesuítas do Brasil em 1759; e a do período em que D. João VI, então rei de Portugal, trouxe a Corte para o Brasil (1808-1821). (GHIRALDELLI Jr., 2009, p. 24) Saiba mais! 7 Nessa ótica, de acordo com Saviani (2007), podemos afirmar que, no setor educacional, houve a instauração das aulas-régias, ou seja, estudos de nível primário que tinham o dever de enfatizar a cultura das ciências, deixando para trás o método jesuítico. De acordo com o mesmo autor, fazia parte da reforma o anúncio de algumas disposições sobre o método de ensino a ser adotado, o qual dispunha de um professor para cada área do conhecimento, escolhido de acordo com critérios pré-estabelecidos pelo documento intitulado Alvará. E, em julho de 1759, foi publicado o primeiro edital deste Alvará para a contratação dos professores para ministrar as aulas, a serem pagos pela Coroa Portuguesa. Com o passar do tempo, de acordo com Saviani (2007), percebeu-se que o ensino público idealizado pelos portugueses não atendia às dificuldades presentes na prática, além da demora no atendimento às demandas, a falta de livros didáticos, o número reduzido de professores, os baixos salários, bem como a falta de recursos para a reforma dos padrões educacionais. Tudo isso levou ao esgotamento da reforma pombalina, sendo que a segunda fase da reforma privilegiou o ensino superior. Logo, passou-se a tratar da educação primária. Viabilizou-se, então, um plano de ações para o setor que beneficiava os detentores de terras, classificando o grau de instrução a ser proferido. Foram selecionados os professores para ministrar as aulas régias em Portugal e em suas terras colonizadas. Com a chegada de D. João VI e sua Corte ao Brasil, o país passou a ser a sede do governo português, elevando assim a categoria das terras colonizadas a Reino Unido de Portugal. Sendo assim, a presença do Príncipe Regente no Brasil ocasionou mudanças significativas no ensino, sobretudo no ensino superior, bem como a permanência das aulas régias no ensino primário (ROMANELLI, 1986). O advento da Proclamação da Independência em 1822, segundo Xavier (1994), não trouxe grandes modificações para o quadro educacional do país. O fato de o Brasil se tornar um Império trouxe preocupações acerca da criação de um sistema de ensino, não direcionando o setor para uma reforma, mas com perspectivas de elaboração de um Sistema Nacional de Instrução Pública, embora os projetos elaborados e encaminhados para discussão na Assembleia Constituinte de 1823 não atendessem às propostas iniciais. Por fim, as discussões resultaram no Decreto de 15 de outubro de 1827, que contradizia a Constituição de 1824, em que se ambicionava assegurar o direito à instrução pública a todos os indivíduos do Império. Sendo assim, a educação pública no período imperial limitou-se a manter o modelo europeu de ensino, surgindo assim as Escolas de Primeiras Letras. Com a criação das Escolas de Primeiras Letras no Brasil, em 1827, houve a tentativa de instauração do método de ensino monitorial ou mútuo, pelo qual as crianças receberiam instrução umas das outras através de Figura 2: You must read books Fonte: www.dreamstime.com 8 um monitor, dentre outros métodos de ensino (BASTOS, 2005). Inúmeras foram as tentativas de se preconizar uma educação que atendesse às necessidades brasileiras, mas, de acordo com a mesma autora (p. 49), “[...] as práticas e exercícios escolares preconizados foram apropriados de tal modo que, em alguma medida, ainda hoje se fazem presentes”. As aulas nas Escolas de Primeiras Letras, de responsabilidade da Real Mesa Censória, eram voltadas ao ensino da leitura, da escrita e das quatro operações matemáticas, ressaltando também o ensino das regras gramaticais da língua portuguesa; também traziam noções de religião e regras de etiqueta. Contudo, desde as aulas régias houve poucas mudanças na instrução. A instrução pública no Império trouxe ao sistema público de ensino mudanças relacionadas a uma educação preocupada com a continuidade dos estudos dos alunos formandos, ainda que beneficiasse apenas as elites, bem como se preocupava com o financiamento dessa etapa da educação. Para garantir a manutenção das aulas régias a Mesa propunha a criação de um fundo pecuniário. Por ser bastante suave e proporcionar grandes vantagens, a Mesa acreditava que “os povos” iriam contribuir “com muita satisfação” para a constituição desse fundo (SAVIANI, 2007, p. 98). Sendo assim, efetivou-se um fundo que tinha por objetivo assegurar as necessidades financeiras de todos os níveis educacionais públicos, seja a educação dos menores (ensino primário), seja o ensino dos maiores (ensino universitário), além de custear o pagamento dos professores e a aquisição de livros didáticos, dentre outras despesas com o ensino. Xavier (1994) faz ressalvas acerca da qualidade do ensino ofertado no país, já que os investimentos no setor educacional não atendiam à demanda, impedindo assim a manutenção de mínimas condições para a oferta de um ensino público eficaz. Veiga (2003) ainda problematiza que as questões relacionadas à escolarização no Brasil estão intimamente ligadas à organização do Estado. A garantia da instrução primária gratuita a todos os cidadãos, a partir da constituição de 1824, indica para desdobramentos nas formas de governar as populações, num contexto em que se disseminaram as ideias do autogoverno como fundamentos para a formação da nação (p. 39). Portanto, o ensino público no período imperial foi marcado pela escassez de recursos para sustentar uma educação de qualidade em suas províncias, assim como o número insuficiente de escolas elementares caracterizava o setor educacional da época (XAVIER, 1994). No próximo item, será apresentada a relação entre infância e escola no contexto histórico da educação brasileira. 1.3 Infância e Escola Quando se fala em criança, podemos pensar em uma concepção já historicamente definida, mas que com o passar do tempo muitas mudanças vêm surgindo, considerando principalmente a sociedade e o período em que vivemos. Os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil (RCNEI) de 1998, em seu volume 1, afirmam que: A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que desenvolve, mas também o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais. (p. 21). A criança, nesse contexto apresentado pelo documento do Ministério da Educação (MEC), apresenta uma natureza singular e heterogênea, ou seja, cada criança pensa de um jeito; anda, fala e se expressa distintamente; enfim, cada uma possui características próprias. Como coadjuvante nesse processo, o convívio com outras 9 pessoas se estabelece muito cedo e dessa forma a criança começa a compreender o mundo que a cerca. Nesse contexto em que se insere a concepção de criança, torna-se difícil não vincular a figura acima, já que faz parte deste processo a educação infantil. O mesmo documento mencionado anteriormente ainda salienta a respeito dessa etapa da educação básica: Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem o mundo é o grande desafio da educação infantil e de seus profissionais. Embora os conhecimentos derivados da psicologia, antropologia, sociologia, medicina etc. possam ser de grande valia para desvelar o universo infantil apontando algumas características comuns de ser das crianças, elaspermanecem únicas em suas individualidades e diferenças. (p. 22). Contudo, cabe ainda dizer que a criança possui uma identidade e esta precisa ser respeitada pelo adulto; tem suas necessidades e devem consideradas, bem como vive a infância, que é considerada por especialistas em desenvolvimento infantil, principalmente psicólogos, como etapa primordial para o bom desenvolvimento cognitivo e interpessoal do indivíduo. De acordo com Ghiraldelli Jr. (2009): Criança sempre existiu, mas infância não. O mundo pré-moderno não tem uma noção de infância. Isto é: o mundo pré-moderno não mostra um vestuário próprio para as crianças e não apresenta uma literatura infantil, ao menos não no sentido atual, isto é, uma literatura para entretenimento das crianças enquanto crianças. (p. 17). A infância não era vista como uma fase e não tinha seus direitos assegurados, bem como a distinção de Figura 3: Children on playground Fonte: http://www.dreamstime.com/stock-photography- children-playground-image15235702 Você sabia? A Constituição Federal de 1988 afirma: Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 10 raça, cor e posição social influenciava o convívio em sociedade, conforme relata Espindola (2006): Na sociedade colonial-escravista, por um longo período da história brasileira, a infância esteve socialmente à margem de qualquer valorização. Consequentemente, sua educação não se traduziu em objetivo a ser alcançado. Ao contrário da criança escrava e indígena, a criança branca, filha do fazendeiro da casa-grande, tinha uma ama negra para dela cuidar. (p. 41). Dando continuidade ao desenrolar da história da infância no Brasil, vale salientar que no Brasil Império (1822-1889) houve a institucionalização da educação para a criança. Essa conquista está garantida até hoje por meio da Constituição Federal de 1988, pois está assegurado na lei o direito à educação a crianças a partir dos seis anos. Embora haja tramitação legal no legislativo federal para assegurar o direito à educação a partir dos quatro anos de idade, ainda há muita discussão a ser feita sobre a inserção da criança de quatro anos no ensino obrigatório. Ainda na evolução da história da infância no Brasil, houve um tempo no período do Brasil Império em que a educação das crianças estava a cargo de pessoas vinculadas à igreja, como padres-mestres e capelães de engenho, ou seja, pessoas portadoras de certo grau de instrução e que eram respeitadas perante a sociedade. Nesse período, também se encontram situações de abandono de crianças e, em função disso, criaram-se locais chamados de casas de abrigo, que eram apropriados para cuidar e educar. Veiga (2007) afirma que os cuidados coma infância ainda é recente em nossa história: No século XIX não apenas se definiu a responsabilidade privada e estatal dos adultos na educação e nos cuidados com a infância como se estabelecem os critérios científicos que embasaram esses cuidados. Como vimos, desde o final do século XVII pensadores como Comenius, Rousseau, Pestalozzi e Fröbel afirmaram que as crianças tinham necessidade específicas, mas foram as pesquisas da biologia e da psicologia que fundamentaram cientificamente essas concepções pedagógicas. (p. 210). Você sabia? Capelães de engenho eram pessoas que tinham a função de cuidar da vida espiritual da comunidade que vivia no engenho (grandes fazendas) e em terras vizinhas, bem como lavradores e mecânicos, com suas famílias que prestavam serviço ao engenho. Fonte: http://www.uel.br/grupo-estudo/processoscivilizadores/ portugues/sitesanais/anais9/artigos/mesa_redonda/art9.pdf Manoel Bergström Lourenço Filho (1897-1970) publicou vários livros, textos e artigos sobre a literatura infantil e juvenil, como: Juazeiro do Padre Cícero (1926), A Pedagogia de Rui Barbosa (1954), Introdução ao Estudo da Escola Nova (1930), dentre outras obras. Saiba mais! 11 Sendo assim, começou-se a pensar sobre a criação de um jardim-de-infância, que se tratava de um local propício ao desenvolvimento infantil e à formação de sua personalidade. Contudo, surgiram também as creches, que representavam espaços onde as mães trabalhadoras, pobres e operárias deixavam seus filhos antes de ir para o trabalho. Nessa nova perspectiva da educação para a infância, podemos perceber que a criança começou a ser vista com outros olhos, ou seja, com um olhar para a conscientização da sua importância e singularidade. Em 1878, um projeto de reforma de Leôncio de Carvalho tinha como ponto-chave a liberdade de ensino. O artigo 2.º do mesmo projeto garantia a obrigatoriedade de frequência às escolas primárias, a partir dos sete anos de idade. Percebemos que, a partir desse período da história da infância no Brasil, há uma preocupação com a sistematização da instrução pública no país. E a partir desse período a criança começou a receber o atendimento em instituições especializadas, conforme o modelo europeu de ensino, de certa forma ilustrada na figura 4, a seguir, já que o professor era o personagem mais importante do processo de ensino. Ainda na análise histórica, a partir da Primeira República (1889-1930), período de grande desenvolvimento econômico, por meio do café, viu-se que a política entrou em uma nova fase e a educação passou por muitas reformas, sem grandes progressos para a educação infantil. Para melhor expressar a afirmação acima, salienta Espíndola (2006, p. 106): Pode-se afirmar que a Educação Infantil tem um pouco mais de cem anos no Brasil. O primeiro jardim- de-infância oficial brasileiro, no período republicano, começou a funcionar em 18 de maio de 1896, anexo à Escola Normal Caetano de Campos, em São Paulo. (grifos do autor). Nesse período histórico, o jardim de infância representou uma oportunidade de desenvolvimento integral Carlos Leôncio de Carvalho, segundo Lira (1949), nasceu em 18 de junho de 1847, na cidade de Iguaçu, na província do Rio de Janeiro; era filho do Dr. Carlos Antônio de Carvalho. Reformou por meio do Decreto de 19 de abril de 1879 a instrução pública primária e secundária no Município da Corte. Sua reforma educacional marcou uma etapa importante na educação brasileira. Saiba mais! Figura 4: Children standing in row Fonte: http://www.dreamstime.com/stock-photography- children-standing-row-image20426242 12 da criança, por meio de jogos, brincadeiras, música, cantos, pintura, criação de animais, contos, ou seja, a criança tinha todos os seus sentidos explorados. É o contrário do que se vê nos dias atuais, pois se preocupa muito com o processo de leitura e escrita, ou seja, as instituições de educação infantil estão fugindo da proposta inicial da Primeira República. Já na República Nova (1910-1920), a busca por melhores condições de vida e de trabalho marcaram essa nova fase da história brasileira, inclusive na educação, pois todas as camadas sociais reivindicavam creches para deixarem seus filhos no período em que estavam trabalhando. Logo, podemos afirmar que esse período da história da educação foi marcado por revoluções e grandes debates também no setor educacional. Nessa vertente, torna-se relevante salientar que nesse período tanto a educação infantil quanto o ensino primário não ganharam grande prospecção, uma vez que o ensino secundário e o ensino superior foram os que sofreram reformas. Diante dessa situação, educadores e intelectuais da época, que vislumbravam uma reforma educacional, organizaram um documento intitulado de Manifesto dos Pioneiros, o qual propunha ideais para uma escola pública, gratuita e obrigatória para ambos os sexos. Avançando um pouco no período histórico, entre as décadas de1930 e 1950, as instituições de educação infantil criadas se caracterizavam por sua postura paliativa, ou seja, preocupavam-se com alimentação, higiene e segurança das crianças, visto que a grande maioria dessas instituições eram organizações filantrópicas. Já na década de 1960 a educação foi marcada pelo movimento da Escola Nova, a qual trazia a preocupação de natureza pedagógica ao lidar com as crianças. Portanto, a fase da infância por que toda criança passa durante seu desenvolvimento aponta que essa etapa se apresenta como primordial no desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicológico. Por fim, concluímos a primeira unidade. Logo, solicitamos que vocês revelem suas leituras, estudos e reflexões mediante exposição de suas ideias no Fórum de Apresentação e também no Fórum de Debate. Agora vamos à Unidade 2! Você sabia? Escola Nova é um dos nomes dados a um movimento de renovação do ensino que foi especialmente forte na Europa, na América onde se encontra o Brasil, na primeira metade do século XX. “Escola Ativa” ou “Escola Progressiva” são termos mais apropriados para descrever esse movimento que, apesar de muito criticado, ainda pode ter muitas ideias interessantes a nos oferecer. Fonte: http://www.educacional.com.br/glossariopedagogico/ verbete.asp?idPubWiki=9577 13 Unidade 2.1 Definição de Lei De acordo com o Dicionário Aurélio online, a palavra “lei” pode ser definida como preceito ou regra estabelecida por direito, ou ainda como norma, obrigação, que deve ser cumprida, conforme a figura abaixo simboliza o veredito final de uma sentença por meio do martelo do juiz. No contexto educacional, as leis são formuladas para nortear as ações ligadas ao processo de ensino e aprendizagem. Esta unidade tem como objetivo: • Conhecer a atual Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira e suas mudanças. Aspectos Legais da Educação Brasileira 2 Guiraldelli Jr. (2009) salienta que o governo federal, nos tempos da “Primeira República”, buscava medidas dispersas em aspectos legais para o campo educacional: No campo legislativo, o governo republicano iniciou seus dias com a Reforma Benjamin Constant (1891), dirigida ao ensino do Distrito Federal (a cidade do Rio de Janeiro). Entre outras coisas, essa reforma criou o Ministério da Instrução, Correios e Telégrafos [...]. (p. 35). Figura 5: Law books F o n t e : h t t p : / / w w w. d re a m s t i m e . c o m / r o y a l t y - f r e e - s t o c k - p h o t o g r a p h y - l a w - b o o k s - i m a g e 8 4 9 4 1 8 7 Você sabia? A Reforma de Benjamin Constant tinha como princípios orientadores a liberdade e laicidade do ensino, como também a gratuidade da escola primária. Estes princípios seguiam a orientação do que estava estipulado na Constituição brasileira. Uma das intenções desta Reforma era transformar o ensino em formador de alunos para os cursos superiores, e não apenas preparador. Outra intenção era substituir a predominância literária pela científica. Fonte: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb06.htm 14 Logo, podemos perceber que as leis têm seu valor histórico e condicionam a educação a delinear ações prescritas nos documentos normativos que têm amparo legal. De acordo com Vieira (2009), quando nos reportamos às bases legais da educação, estamos tratando da estrutura e funcionamento e são elas que garantem a uma escola os elementos necessários para a promoção do sucesso dos alunos. E quando se fala em leis na educação, estamos tratando então das políticas educacionais que determinam como se conduzirá o processo educativo: A expressão Política Educacional pode assumir significados diversos. Quando usada com letras maiúsculas, refere-se ao setor da Ciência Política que estuda as iniciativas do Poder Público em educação. Estas, por sua vez, denominam-se políticas educacionais. As ações governamentais costumam ser denominadas de políticas públicas. Assim, há políticas públicas de saúde, de educação e outras. No âmbito social, também são chamadas de políticas sociais. As políticas educacionais (com letras minúsculas), portanto, são uma dimensão das políticas sociais. (Vieira, 2009. p. 21-22). Portanto, as políticas educacionais referem-se às ideias e também às ações ocorridas no âmbito do Poder Público. E a educação brasileira inicialmente sofria influência da Coroa Portuguesa, pois éramos colônia de Portugal, mas com o advento da Proclamação da República em 1889, muito se precisava fazer para estruturar nossa educação. Para conhecermos um pouco da realidade educacional brasileira, no próximo tópico será apresentada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira e sua finalidade. 2.2 LDB n.º 4.024/1961 Com a proclamação da República em 1889, continuaram os processos de reforma do ensino público no Brasil, ainda que de forma lenta, com vistas à instauração de uma educação pautada nas necessidades da população em nível escolar. Apesar disso, Xavier (1994) ressalta que ficava ainda evidente o desinteresse dos governantes da Nação em promover uma educação para as classes populares, ocorrendo assim a descentralização do sistema educacional: A descentralização escolar, definida em 1834, foi reafirmada na Constituição de 1891, apesar das fartas e antigas denúncias dos extensos diagnósticos e das estatísticas que revelavam o desastre que essa situação representara para o ensino elementar. Permaneceu como responsabilidade específica agora dos estados manter e legislar sobre a instrução pública elementar (p. 105). Houve a instauração de uma escola primária precária tanto em termos de qualidade como em sua expansão, pautada, sobretudo, no contexto político descentralizador e de autonomia dos estados (Xavier, 1994). A partir desse período, houve alterações na população atendida pela educação pública, pois as classes menos favorecidas buscavam, na instrução escolar, meios para a melhoria das suas condições sociais de vida (Romanelli, 1986). Segundo Vechia (2005), o processo educacional republicano teria a duração de sete anos, de acordo com o responsável pela alteração, Benjamin Constant, que seguia os ideais de Augusto Comte, que defendia a ordenação lógica de distribuição das ciências fundamentais. O ensino primário, ainda referenciado como Primeiras Letras, foi organizado em duas etapas, sendo que o primeiro grau compreendia a faixa etária entre sete e treze anos; já o segundo grau consistia no atendimento a alunos entre treze e quinze anos, de acordo com Xavier (1994). Segundo a mesma autora, dentre as reformas que marcaram a educação nesse período, podemos citar a Reforma Rocha Vaz, com a qual poderiam ser firmados acordos financeiros da União com os estados, visando ao pleno desenvolvimento do sistema escolar. Mas, apesar dessas mudanças legais, o ensino primário brasileiro permaneceria até 1920 em ensino de “primeiras letras”, como o definira o Decreto Imperial de 1827. Ficaria restrito, até as famosas reformas estaduais de 1920, ao aprendizado da leitura, da escrita e do cálculo, como mera alfabetização (p. 108, grifo no original). 15 Romanelli (1986) salienta ainda que a Constituição de 1891 promoveu a descentralização da educação, segundo a qual a União seria responsável por criar e manter as instituições de ensino superior, assim como as escolas de ensino secundário acadêmico. Já aos estados caberia a responsabilidade do ensino primário e profissional. A autora considera ter havido aí a instauração de uma divisão classista da educação, entre aqueles que ambicionavam o ensino superior e aqueles que se restringiam ao ensino profissionalizante. Sendo assim, mudanças para a proposta curricular da educação primária não tiveram forças para superar o contexto político da época, bem como o desinteresse de alguns estados em expandir a educação em seus domínios. De acordo com a mesma autora, levando em consideração os aspectos econômicos, políticos e sociais instaurados na Primeira República, podemos verificar que os índices de crescimento das cidadese o processo de industrialização ainda não apresentavam números expressivos. Mas com a reversão desse quadro, houve também o aumento da procura por escolas, principalmente após a Primeira Guerra Mundial. A autora ainda menciona que o aumento da procura pela educação atrelada ao aumento da demanda de pessoal para o trabalho nas cidades ocasionou uma crise de ordem educacional, instaurando-se assim problemáticas relacionadas ao acesso, atreladas à falta de estrutura das escolas para atender às necessidades da sociedade em expansão. Então, o período republicano compreendido entre 1889 a 1930, segundo Saviani (2007), representou um tempo destinado à reorganização curricular da educação brasileira, que vai desde a educação de caráter ao papel da mulher como uma agente educadora dos novos tempos. Romanelli (1986) salienta que: A I República teve, assim, um quadro de demanda educacional que caracterizou as necessidades sentidas pela população e, até certo ponto, representou as exigências educacionais de uma sociedade cujo índice de urbanização e de industrialização ainda era baixo. A permanência, portanto, da velha educação acadêmica e aristocrática e a pouca importância dada à educação popular fundavam-se na estrutura e organização da sociedade. (p. 45). Os aspectos políticos, econômicos e sociais influenciaram nitidamente os novos rumos tomados pela educação escolar, instaurando-se, assim, de acordo com a autora, uma crise que expressou a necessidade de reorganização do sistema de ensino da época, que tomou forma na Revolução de 1930. Esta foi marcada pela ruptura com os conceitos da velha oligarquia e o surgimento do capitalismo no Brasil, aliado à grande expansão cafeeira. Além da necessidade em expandir a exploração da agricultura para o desenvolvimento econômico no país, havia a obrigação do poder público em melhor atender os cidadãos em suas necessidades educacionais. Mas, de acordo com Xavier (1994): Durante os quatro séculos de predomínio da economia agroexportadora, o sistema educacional brasileiro constituiu-se no agente exclusivo de formação das camadas superiores para o exercício das atividades político-burocráticas e das profissões liberais, consolidando um padrão de ensino humanístico e elitista (p. 59). Tendo em vista o processo de industrialização instaurado no país, as classes emergentes intensificaram a procura por escolas, ocorrendo desta forma uma necessidade de reformas e crescimento do sistema educacional, com vistas a atender a demanda vigente, segundo a mesma autora anteriormente mencionada. A autora salienta que o processo de modernização e progresso do Brasil representava novos rumos políticos, econômicos, sociais e, principalmente, para setor educacional. Já que investir na educação representa: [...] difundir a escola primária para “redimir os analfabetos” e criar base para o exercício da democracia e para a recomposição do poder, quer se tratasse de remodelar o sistema educacional para criar uma nova ordem econômico-social, estava subjacente a idéia de que o progresso possível dependia das vontades e das consciências. (p. 65). Até a década de 1930, o ensino no Brasil esteve estruturado em sistemas estaduais, não havendo organização 16 de um sistema nacional de educação (Xavier, 1990). A autora ressalta que tanto o Manifesto dos Pioneiros como a Reforma Capanema privilegiavam o ensino secundário e o superior, ficando o ensino primário a cargo dos estados, exclusivamente. O fato de não haver diretrizes gerais para nortear a educação primária fez com que esta etapa do ensino ocorresse diferentemente em cada estado. A autora ainda faz ressalvas à Lei Orgânica do Ensino Primário, que, pelo seu cunho autoritário, embutiu os ideais de garantir conhecimentos úteis para a vida em família, visando a garantir a saúde, bem como espaço no mercado de trabalho. Já a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino primário foram asseguradas somente com na Constituição Federal de 1934. Nesse momento, segundo Saviani (2006), tinha-se em vista a instauração de diretrizes da educação nacional. Para tanto, no ano de 1961, a Lei n.º 4.024 previu quatro anos de ensino obrigatório. Essa Lei procurava, segundo Romanelli (1986), atender às classes menos favorecidas, assim como colocava o Estado como órgão responsável maior em educar. No próximo item, será apresentada uma nova lei que veio reger a educação brasileira a partir de 1971, a Lei n.º 5.692. 2.3 LDB n.º 5.692/1971 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação n.º 5.692 de 1971 foi implementada em um contexto de regime militar. Nogueira (1999) salienta que o Acordo de Punta Del Este e Santiago, no contexto da “Aliança para o Progresso”, obrigou o Brasil a aumentar para seis anos o ensino primário, até 1970, especificamente para a faixa etária de 7 a 14 anos. Com a ditadura militar instaurada em 1964, surgiu também uma nova Constituição Federal em 1967. Esta nova Constituição propunha uma reorganização do ensino superior que, por meio de um conjunto de documentos, configurou a chamada Reforma Universitária em 1968. Em 1971, apresentou-se a Reforma do Ensino de 1.º e 2.º Graus, voltada para a reestruturação do ensino primário, ginasial e secundário. “A legislação do regime militar foi de duração relativamente longa, projetando-se ao início da chamada “transição democrática”, ou seja, o período compreendido entre o final da ditadura e a retomada da democracia plena” (Vieira, 2009. p. 34). Você sabia? O Tratado “Aliança para o Progresso” foi proposto pelo Governo Kennedy na Conferência de Punta Del Este em 1961 e previa assistência técnica norte- americana como ajuda financeira, sob a forma de empréstimo e doações. 17 Somente a partir da Lei n.º 5.692, de 1971, a obrigatoriedade do ensino se estendeu para oito anos, sendo então denominada de ensino de primeiro grau, atendendo assim a faixa etária de sete a catorze anos. Nessa Lei, preocupava-se sumariamente com a formação do cidadão, no desenvolvimento de suas potencialidades, para se atender as exigências do mercado de trabalho e o exercício pleno da cidadania. Enfatizava-se também a continuidade dos estudos e a conclusão desta etapa da educação, considerando o nível de aproveitamento dos estudos. Os recursos destinados ao provimento do ensino de primeiro e segundos graus, nessa lei, eram um dever do Poder Público em consonância com estados e municípios. É fato que a evolução do processo educacional no Brasil teve avanço significativo nos últimos 50 anos, principalmente no tocante à democratização do acesso ao ensino obrigatório. Mas diversos mecanismos operaram e ainda operam, dificultando, aos que têm acesso, a permanência e a conclusão desse ensino. Oliveira (2007) lembra que um mecanismo de “exclusão feita pela escola” foram os antigos exames de admissão ao ginásio, que foi superado com a organização do ensino de 1.º Grau pela Lei n.º 5.692/1971. No entanto, persistiu a “exclusão na escola”, de acordo com Ferraro (1987), que referencia a questão do sucesso ou não durante o período escolar, caracterizando assim os fatores que levam à reprovação e à evasão escolar, dificultando dessa forma a conclusão dessa etapa do ensino. Portanto, a Lei n.º 5.692/71 representou um grande avanço para a educação brasileira, já que as reformas educacionais significativas começaram a ser implementadas nesse período. No próximo tópico, veremos as principais mudanças postas pela nossa atual LDB, a de n.º 9.394/96. Boa leitura! 2.4 LDB n.º 9.394/1996 Vale a pena reiterar, para que possamos compreender melhor os termos a serem utilizados a partir da década de 1990, que a educação brasileira passou por reformas importantes para termos hoje o que chamamos de educação básica. Logo, cabe enfatizar que o conceito de escolarização básica surgiu nos tempos da reforma protestante e seu precursor Martinho Lutero defendia uma alfabetização para as camadas populares, representando uma maneira de estes terem acesso às santas escrituras.Também na visão de Lutero era responsabilidade dos príncipes cristãos a oferta dessa escolarização. Em 1967, foi sancionada em Massachusetts (Estados Unidos) a primeira lei que garantia a educação elementar a todos. Embora houvesse uma preocupação protestante em garantir o direito à alfabetização, no catolicismo havia o padre que traduzia os textos escritos, dificultando assim a disseminação da escolarização: Mesmo em países de capitalismo avançado, porém de maioria católica, a garantia de escolarização para a população fez-se mais lentamente, quando comparada aos países de orientação protestante: apenas a partir do final do século XIX, e, no Brasil, a partir da década de 1930. (OLIVEIRA; ADRIÃO, p. 34). Logo, percebe-se que o ideal traçado para a educação seria o de ser um instrumento de redução das desigualdades sociais, assim como serviria para a moldagem da identidade nacional, já que os processos Você sabia? A reforma educacional sempre é concebida, por aqueles que a defendem, como uma necessidade de atualização e, às vezes, de modernização do aparelho escolar. Muitas vezes é justificada como uma necessária intervenção, com a finalidade de introduzir inovações nos diferentes níveis do sistema educacional. Através da reforma, a administração central procura ordenar e controlar a organização e o funcionamento da educação em todo o país, principalmente por meio da unificação de conteúdos e estabelecimento de objetivos educacionais comuns. (Palma Filho, 2003, p. 171). 18 de industrialização e urbanização se intensificaram. Sendo assim, o consenso de escolarização básica é disseminado pelo mundo ocidental, culminando em um documento chamado Declaração Universal dos Direitos do Homem, oficializado em 1948. No setor educacional, criou-se a Declaração Universal da Educação para Todos, assinada em 1990. Embora houvesse a preocupação em assegurar o direito à escolarização básica aos indivíduos, não há consenso a respeito da precisão dos conteúdos, valores e habilidades a serem oferecidos. O importante a ser mencionado seria que todos os cidadãos têm direito ao ensino básico, assegurado por uma legislação que ampara legalmente educação elementar. Nesse contexto de educação básica que surge o termo “ensino obrigatório” e, de acordo com Horta (1998), a obrigatoriedade do ensino fundamental, atentando para um direito público subjetivo, é garantida às crianças em idade escolar coerente à sua faixa etária; já para aqueles em situação de distorção idade/série, o ensino torna-se um direito assegurado em lei e uma obrigatoriedade em todas as instituições públicas. O Estado e a família têm o dever de garantir essa educação a todas as crianças em idade escolar. A Constituição de 1988 referencia a educação como um direito de todos, sendo dever do Estado e da família, tendo como colaboradores a sociedade e objetivando o desenvolvimento pleno do indivíduo, com vistas a qualificá-lo para o trabalho. O ensino fundamental tem caráter obrigatório e gratuito perante a lei, mesmo àqueles que não tiveram acesso em idade própria, de acordo com o artigo n.º 208, inciso I. E o inciso VII, § 1.º trata o acesso ao ensino obrigatório como um direito público subjetivo. Horta (1998) salienta que as questões de obrigatoriedade escolar relacionada ao nível de ensino dos estudantes, bem como o “conceito de direito público subjetivo”, tinham sido esquecidas desde a década de 1930. E enfatiza: [...] o direito à educação deixa de ser respeitado não só quando o ensino obrigatório não é oferecido pelo Poder Público, mas também quando esta oferta se faz de forma “irregular”. Torna-se, assim, de suma importância determinar, de forma clara, o que caracteriza a “oferta irregular de escolarização”. (p. 26-27). Nessa ótica do autor, torna-se evidente que há discussões jurídicas em torno da obrigatoriedade e da garantia do direito à educação em qualquer faixa etária, sendo enfatizado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Contudo, a Emenda Constitucional n.º 14 alterou o artigo 208 da Constituição de 1988, ficando assim suspensa a obrigatoriedade do ensino fundamental para aqueles com defasagem idade/série. Dessa forma, de acordo com o autor, o caráter de direito público subjetivo dispensado a essa modalidade da educação foi sucumbido. Apesar disso, ainda de acordo com o autor, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n.º 9.394 de 1996, em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código Penal, referencia a educação como um direito público subjetivo, de caráter obrigatório e gratuito em instituições públicas. Essa LDB traz em seu artigo 32 que o ensino fundamental terá a duração de nove anos, sendo de caráter obrigatório e gratuito em escolas públicas, visando sumariamente à formação básica do cidadão. No artigo 34, salienta que o tempo diário de estudos será de quatro horas, podendo ser ampliado para tempo integral, aumentando assim a permanência da criança na escola, embora essa ampliação fique a cargo dos sistemas escolares. Já a Lei n.º 10.172 de 09 de janeiro de 2001 trata da aprovação do Plano Nacional de Educação, bem como articula a necessidade de os estados e municípios elaborarem seus planos decenais para o provimento da educação em seus domínios, em consonância com o estabelecido pelo Plano, de acordo com o artigo 6.º da referida Lei: Os Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios empenhar-se-ão na divulgação deste Plano e da progressiva realização de seus objetivos e metas, para que a sociedade o conheça amplamente e acompanhe sua implementação. O Plano Nacional de Educação (PNE) referencia a necessidade de universalização do ensino fundamental, sendo um dever do Poder Público a garantia do acesso, da permanência e da qualidade do ensino ofertado, uma 19 vez que, de acordo com Plano, o direito à educação fundamental não se limita à matrícula, mas também abarca a garantia de qualidade, objetivando a conclusão nessa etapa de ensino. O Plano ainda enfatiza o estudo em tempo integral e as classes de aceleração como mecanismos de garantia de maior tempo da criança na escola e da universalização de fato da educação, bem como da redução dos números de repetência e evasão escolar. Nessa perspectiva, há possibilidades de atualização do currículo escolar de forma a torná-lo mais abrangente, com possibilidades de desenvolver habilidades e potencialidades dos educandos. Portanto, o PNE tinha como meta universalizar o atendimento ao ensino fundamental, num prazo máximo de cinco anos a contar a partir da aprovação e instauração deste, bem como ambicionava ampliar para nove anos essa etapa da educação, com vistas a mobilizar estados e municípios para a elaboração de projetos pedagógicos em consonância com o expresso nas Diretrizes Curriculares para o ensino fundamental e com os Parâmetros Curriculares Nacionais. Na próxima Unidade, vocês conhecerão as concepções pedagógicas que estiveram e ainda estão presentes. 20 Unidade 3.1 Conceito e Categorias das Concepções Pedagógicas Nesta Unidade estudaremos o conceito de concepção pedagógica em um ambiente educativo, bem como suas categorias de apresentação. Leia com atenção e bons estudos! Concepção pedagógica significa, dentro da história da educação brasileira, uma tendência a ser seguida por muitos professores nas salas de aula de todo o país para assim conduzir o processo de ensino e aprendizagem. Gadotti (2006, p. 14) salienta que “Há sempre uma teoria da pesquisa que condiciona o método e os próprios resultados”, ou seja, a escolha por uma concepção, tendência ou método de ensino implica pesquisa, sua aplicação e resultados, que implicam sucesso ou fracasso do processo de ensino. Nessa perspectiva, podemos elencar tendências pedagógicas que tiveram sua vigência em períodos específicos da história da educação brasileira: [...] tendências: até 1930: predomínio da tendência humanista tradicional; de 1930 a 1945: equilíbrio entre as tendênciashumanista tradicional e humanista moderna; de 1945 a 1960: predomínio da tendência ‘humanista’ moderna; de 1960 a 1968: crise da tendência ‘humanista’ moderna e articulação da tendência tecnicista; a partir de 1968: predomínio da tendência tecnicista e a concomitante emergência de críticas à pedagogia oficial e à política educacional que busca implementá-la. (SAVIANI apud GADOTTI, 2006, p. 16). Sendo assim, podemos afirmar que as concepções pedagógicas são as teorias da educação que tiveram seu auge na relação em que se precisa estabelecer entre professor e aluno durante o processo de ensino e aprendizagem. A primeira concepção pedagógica a vigorar no Brasil foi o modelo tradicional de ensino, cujo foco era o método de ensino utilizado; o professor era considerado o dono do saber e o aluno precisava esforçar-se ao máximo para concluir seus estudos. Entre os anos de 1584 e 1599, surgiu o movimento do Ratio Studiorum, que visava a organizar um plano geral de estudo, organizando regras para todo o ensino. Os precursores do movimento foram Tomás de Aquino e Aristóteles e eles buscavam a superação de práticas medievais em direção a uma pedagogia (prática) moderna. Esta unidade tem como objetivo: • Compreender o conceito de concepção pedagógica e a estreita relação entre professor e aluno. Concepções pedagógicas e implicações na relação professor/aluno3 Você sabia? Ratio Sudiorum representava um conjunto de normas criado para regulamentar o ensino nos colégios jesuíticos. Tinha por finalidade ordenar as atividades, as funções e os métodos de avaliação nas escolas jesuíticas. Não estava explícito no texto o desejo de que ela se tornasse um método inovador que influenciasse a educação moderna; mesmo assim, foi ponte entre o ensino medieval e o moderno. Antes de o documento em questão ser elaborado, a ordem tinha suas normas para o regimento interno dos colégios, os chamados Ordenamentos de Estudos, que serviram de inspiração e ponto de partida para a elaboração da Ratio Studiorum. Fonte: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_ratio_studiorum.htm 21 A Pedagogia ou Concepção Tradicional foi dominante até o final do século XIX, mas em meados de 1759 se iniciou no Brasil o movimento das Reformas Pombalinas, que foram contraposições ao predomínio de ideias religiosas, dando espaço às ideias laicas inspiradas no Iluminismo. Essa corrente preza pela razão, instituindo o privilégio do Estado para a instrução. Outro ponto importante da história das teorias da educação foi o surgimento da Pedagogia do Humanismo, em que ainda permanece o vínculo com as ideias religiosas, mas algo inovador ocorre com o surgimento das Aulas Régias, em 1772, que pagavam os professores pelas aulas por meio de subsídio literário. Surge também nesse período o método mútuo, em que o ensino se dava pela monitoria. Com o surgimento do método intuitivo de ensino, buscou-se organizar lições por meio da elaboração de manuais pedagógicos. Ainda discorrendo sobre a Pedagogia Tradicional, a seguir apresentamos na Tabela 1, a concepção correspondente do mundo, do homem, da sociedade e da escola, tendo como direcionamento as constatações de Mizukami (1986). Tabela 1. O mundo, o homem, a sociedade e a escola - Pedagogia Tradicional Este movimento surgiu na França do século XVII e defendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, essa forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade. Os pensadores que defendiam esses ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser levado adiante, substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que, até então, eram justificadas somente pela fé. Fonte: http://www.suapesquisa.com/historia/iluminismo/ Saiba mais! Homem O homem é um receptor passivo com informações necessárias, podendo assim repeti-las às outras pessoas que ainda não as possuam, assim como pode ser eficiente em sua profissão, quando de posse dessas informações e conteúdos. Mundo A realidade é algo que será transmitido ao indivíduo principalmente pelo processo de educação formal, além de outras agências, tais como família e a igreja. Sociedade O diploma pode ser tomado como um instrumento de hierarquização. Dessa forma, o diploma iria desempenhar um papel mediador entre a formação cultural e o exercício de funções sociais determinadas. Pode-se afirmar que as tendências englobadas por esse tipo de abordagem possuem uma visão individualista do processo educacional, não possibilitando, na maioria das vezes, trabalhos de cooperação nos quais o futuro cidadão possa experienciar a convergência de esforços. 22 Já no século XX surge a Concepção Pedagógica Renovada ou Escola Nova (1932-1969). Nessa tendência, o foco era o aluno e como levá-lo a aprender por meio de atividades práticas, ou seja, da espontaneidade. Em 1932, também ocorreu o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que pregava uma nova psicologia, desenhada a partir de um conceito de aprender, pois, de acordo com ideais do movimento, só se aprende aquilo que traz prazer. O movimento da Escola Nova trouxe o aluno para o centro do processo de aprendizagem, no qual as experiências concretas remetem-se à autonomia do alunado. A referência da Escola Nova foi John Dewey (1859-1952), o qual prezava pela liberdade, individualismo, igualdade e democracia na educação. Na sequência, a seguir apresentamos resumidamente, na Tabela 2, uma abordagem de Mizukami (1986), sobre o homem, o mundo, a sociedade e a escola na Concepção Pedagógica Renovada. Tabela 2. O homem, o mundo, a sociedade e a escola - Concepção Pedagógica Renovada ou Escola Nova Já na década de 1960 ocorre o esgotamento do modelo renovador e assim se articula a Tendência Tecnicista de base produtivista, assumida com a orientação de grupos de militares e tecnocratas. Nesse período, também ocorreu o golpe militar (1964) e assim a educação assume o cunho de preparar pessoas para o mercado de trabalho. A educação apresentou influência da Teoria do Capital Humano, que passou a ser valorizada, e surgiu a definição de que a educação é um bem de produção. Escola A escola é o lugar por excelência onde se realiza a educação, a qual se restringe a um processo de transmissão de informações em sala de aula e funciona como uma agência sistematizadora de uma cultura complexa. Considera o ato de aprender como uma cerimônia e acha necessário que o professor se mantenha distante dos alunos. Uma escola desse tipo é frequentemente utilitarista quanto a resultados e programas preestabelecidos. Fonte: Texto adaptado de Mizukami (1986) Homem Busca soluções práticas em seu cotidiano. Mundo Favorece as situações que levam a questões da prática e do pragmatismo, ou seja, a aplicação da teoria à prática. Sociedade Oferece autonomia para que as pessoas possam formar opinião própria e percepção da realidade. Escola Tem a função de formar atitudes. Fonte: Texto adaptado de Mizukami (1986) 23 Para melhor compreensão, descrevemos de forma sintética, na Tabela 3 a seguir, os estudos de Mizukami (1986), relativos ao homem, ao mundo, a sociedade e a escola na Tendência Tecnicista. Tabela 3. O homem, o mundo, a sociedade e a escola - Tendência Tecnicista Mas, na década de 1970, surge a Concepção Crítico-Reprodutivista, numa tentativa de empreender uma crítica à teoria do capital humano, trazendo assim à tona um novo contexto, denominado de neoliberalismo. Curiosidade Aplicada ao campo educacional, a ideia de capital humano gerou toda uma concepção tecnicista sobre o ensino e sobre a organização da educação, o que acabou por mistificar seus reais objetivos. Sob a predominância desta visão tecnicista, passou-se a disseminar a ideia de que a educação é o pressuposto do desenvolvimentoeconômico, bem como do desenvolvimento do indivíduo, que, ao educar-se, estaria “valorizando” a si próprio, na mesma lógica em que se valoriza o capital. Leia mais sobre o assunto! Fonte: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/ verb_c_teoria_%20do_capital_humano.htm> Homem Preocupação em formar indivíduos técnicos em distintas áreas de conhecimento. Mundo Expansão das indústrias. Sociedade Busca por espaço no mercado de trabalho. Escola Preocupação em formar indivíduos técnicos em determinadas frentes/área de trabalho. Fonte: Texto adaptado de Mizukami (1986) Neoliberalismo é uma redefinição do liberalismo clássico, influenciado pelas teorias econômicas neoclássicas, e é entendido como um produto do liberalismo econômico clássico. O neoliberalismo pode ser uma corrente de pensamento e uma ideologia, ou seja, uma forma de ver e julgar o mundo social ou um movimento intelectual organizado, que realiza reuniões, conferências e congressos. Na política, o neoliberalismo é um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não-participação do estado na economia e que deve haver total liberdade de comércio, para garantir o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país. O neoliberalismo defende a pouca intervenção do governo no mercado de trabalho, a política de privatização de empresas estatais, a livre circulação de capitais internacionais e a ênfase na Saiba mais! 24 No contexto do neoliberalismo, surgem concepções pedagógicas contra-hegemônicas as quais tratam a relação teoria e prática como algo indissociável e que contrapõem os ideais da Teoria do Capital Humano. As novas concepções pedagógicas vieram da luta de classes e da busca por melhores condições de trabalho das pessoas que fizeram a história que hoje conhecemos. Cabe ainda enfatizar algumas informações relevantes sobre esta concepção, registradas de forma sintética na Tabela 4, a seguir: Tabela 4. O homem, o mundo, a sociedade e a escola- Concepção Crítico-Reprodutivista Um exemplo da concepção neoliberal é a Concepção Pedagógica Libertadora, idealizada por Paulo Freire (1971-1976), a qual aponta a função reprodutora da escola, mas um ponto muito positivo dessa concepção paira na consideração do conhecimento prévio do indivíduo para, a partir daí, iniciar o processo de aprendizagem. Enfatizam-se algumas informações relevantes sobre essa concepção, na Tabela 5 a seguir, segundo Mizukami (1986): Tabela 5. O homem, o mundo, a sociedade e a escola- Concepção Pedagógica Libertadora globalização, a abertura da economia para a entrada de multinacionais, a adoção de medidas contra o protecionismo econômico, a diminuição dos impostos e tributos excessivos etc. Fonte: http://www.significados.com.br/neoliberalismo/ Vídeo Ainda está com dúvidas sobre o neoliberalismo? Então veja o vídeo que explica melhor o que vem a ser neoliberalismo: <http://www.youtube.com/watch?v=X1uEvjyMaIM> Homem Existem aqueles de lideram e aqueles que são liderados. Mundo Prevalece a ideologia dominante e as massas (proletariado) são responsáveis pelo trabalho. Sociedade Existe a burguesia e o proletariado. Escola A escola cumpre a missão de formar a força de trabalho para atuar no sistema. Fonte: Texto adaptado de Mizukami (1986) 25 Já na década de 1980 surge a Concepção Pedagógica Histórico-Crítica, que representou uma concepção dialética que considerava o materialismo histórico, apresentando grande afinidade com a Psicologia (Vygotsky). Por fim, nos anos 1990, mantém-se a hegemonia do capital humano, em que educação é considerada um instrumento de crescimento econômico. Os ideais de Émile Durkheim (1858-1917) representaram esse período, pois a educação se apresentava como um mecanismo adaptativo, ou seja, a busca por equilíbrio social. Esta última concepção traz uma visão de homem, mundo, sociedade e escola, conforme destaques na Tabela 6, a seguir: Tabela 6. O homem, o mundo, a sociedade e a escola- Concepção Pedagógica Histórico-Crítica Concepção Pedagógica Libertadora No próximo item, trataremos do processo de ensinar e aprender, contextualizando assim a educação e os percalços da aprendizagem. Leiam com muita atenção! 3.2 Relação Professor e Aluno Inicialmente, é importante trazer o significado da palavra “professor”. O Dicionário Online Priberam afirma que professor é aquele que ensina uma arte, uma atividade. Significa também aquela pessoa que ensina Homem O homem encontra-se em um contexto histórico, ou seja, é sujeito da educação, e a ação educativa promove o indivíduo, representando assim um ser único dentro de uma sociedade/ambiente. Mundo A elaboração e o desenvolvimento do conhecimento estão ligados ao processo de conscientização das pessoas. Sociedade O homem alienado não se relaciona com a realidade objetiva, como um verdadeiro sujeito, ou seja, o pensamento está distanciado da ação. Escola Pretende ser um local onde seja possível o crescimento mútuo, ou seja, do professor e dos alunos, no processo de conscientização, o que indica uma escola diferenciada, apresentando seus currículos e prioridades. Fonte: Texto adaptado de Mizukami (1986) Homem O homem e o mundo serão analisados conjuntamente, já que o conhecimento é o produto da interação entre eles. Mundo A organização do conhecimento, processamento de informações estilos de pensamento, ou seja, havia comportamentos relativos à tomada de decisões. Sociedade Os fatos sociológicos, valores, normas, símbolos representam posicionamento, variam de grupo para grupo, de acordo como o desenvolvimento mental das pessoas que constituem a sociedade. Escola A escola deveria começar ensinando a criança a observar. Fonte: Texto adaptado de Mizukami (1986) 26 em escola, universidade ou noutro estabelecimento de ensino, ou seja, docente. Já “aluno”, de acordo com o mesmo dicionário, simboliza aquele que recebe de outrem educação e instrução, discípulo ou aprendiz. A profissão de professor no Brasil, segundo Guiraldelli Jr. (2009), foi instituída na década de 1970 e conferia prestígio significativo perante a sociedade, mas com a desvalorização salarial da carreira do magistério, devido ao surgimento da profissão de professor universitário, houve grande abalo no prestígio dessa classe trabalhadora. Contudo, essa profissão até os dias atuais é fundamental e dela depende o sucesso ou fracasso do aluno em sua aprendizagem, conforme aponta a figura abaixo, que demonstra a proximidade entre professor e aluno durante o processo de ensino. A figura do professor atualmente tem a função de promover a mediação do conhecimento e não a transmissão do conhecimento de acordo com o modelo tradicional de ensino. O professor representa um facilitador do processo de ensino e aprendizagem em todas as etapas da educação básica. Cabe ao professor também ser um eterno pesquisador, buscando formações continuadas para melhor prover suas aulas e planejamento de ensino, conforme salienta Casassus (2007): “A capacitação em serviço dos docentes foi detectada como um aspecto muito importante em diversos estudos de efetividade, em particular em suas interações com os anos de formação inicial” (p. 118). Retomando o significado da palavra “aluno” nesse dicionário (Priberam Online), “o que recebe de outrem educação e instrução, discípulo, aprendiz”, podemos afirmar que da relação professor e aluno depende o sucesso do processo de aprendizagem. A figura do aluno remonta aos nossos primórdios, com a catequização dos indígenas pelos jesuítas, pois nesse período se precisava ensinar o cristianismo para os povos recém-colonizados, estabelecendo assim uma relação entre professor e aluno. Figura 6: Teacher Holding Globe Fonte: http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-image-teacher- holding-globe-image12536316 Figura 7: Teacher helping student in classroom Fonte: http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-photography- teacher-helping-student-classroom-image17048687 27 Logo, percebe-seque professor e aluno apresentam significados que se completam e dão sentido ao complexo processo de ensinar e aprender visto no tópico anterior. Sendo assim, a relação que se precisa estabelecer entre professor e aluno perpassa as carteiras de uma sala de aula: há a necessidade de criar um vínculo afetivo, em que o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem se dará de forma harmoniosa. Asseverando isso, Libâneo (2003) salienta que a relação professor- aluno precisa ser próxima para que se instaure realmente o processo de ensino e aprendizagem: [...] O que se afirma é que o professor medeia a relação ativa do aluno com a matéria, inclusive com conteúdos próprios de sua disciplina, mas considerando os conhecimentos, a experiência e os significados que os alunos trazem à sua sala de aula, seu potencial cognitivo, suas capacidades e interesses, seus procedimentos de pensar, seu modo de trabalhar. Ao mesmo tempo, o professor ajuda no questionamento dessas experiências e significados, provê condições e meios cognitivos para sua modificação por parte dos alunos e orienta-os, intencionalmente, para objetivos educativos. Está embutida aí a ajuda do professor para o desenvolvimentos das competências do pensar, em função do que coloca problemas, pergunta, dialoga, ouve os alunos, ensina-os argumentar, abre espaço para expressarem seus pensamentos, sentimentos, desejos, de modo que tragam para a aula sua realidade vivida. (p. 29) Podemos perceber o quanto é árdua a missão do professor no processo de aprendizagem do aluno. Libâneo (2003) ainda enfatiza que cabe ao professor mediar “[...] uma formação que ajude o aluno a transformar- se num sujeito pensante, de modo que aprenda a utilizar seu potencial de pensamento por meio de meios cognitivos de construção e reconstrução de conceitos, habilidades, atitudes, valores” (p. 30). Não podemos deixar de mencionar que a escola é uma criação nova na história do homem, apresenta pouco mais de duzentos anos e surgiu com “a grande missão de transmitir às novas gerações o saber sistematizado pela humanidade”, de acordo com Castro; Carvalho (2001, p. 34). Sendo assim, a escola apresenta-se como um dos grandes elos entre professor e aluno no contexto educacional. Portanto, a relação professor e aluno necessita ser de estreita amizade para que, por meio do vínculo afetivo, instaure-se o processo de ensino e aprendizagem e assim se possa garantir o desenvolvimento integral do alunado em seu período escolar. No próximo tópico, analisaremos o complexo processo de ensinar e aprender a partir dessa relação entre professor e aluno já vista neste último tópico estudado. Agora, vamos à leitura! 3.3 O Complexo Processo de Ensinar e Aprender Neste item, traremos para discussão a relação existente entre ensinar e aprender no contexto educacional, já que, de acordo com Gadotti (2006, p. 55), “Educar é desinstalar. O educador não é aquele que reproduz os sermões prontos e acabados, mas aquele que desperta consciência, motiva para a existência”. Sendo assim, podemos salientar que o educador apresenta papel fundamental nesse processo, pois, ainda segundo Gadotti (2006), o educar surge com seu alunado no mundo impessoal em que se vive. Nesse contexto, Castro e Carvalho (2001) relatam que: Ensinar é uma realidade que pode ser interrogada e pesquisada não só pela percepção de atos visíveis em sua execução, em suas modalidades, seus sucessos e fracassos, mas também pela reflexão sobre o seu significado na formação da personalidade e suas consequências para a vida social. É uma realidade de natureza relacional, envolvendo muitas variáveis, embora dependente da intencionalidade que a conduz. (p. 20). Nesse sentido, torna-se relevante salientar que grandes problemas podem afetar o processo de ensino e aprendizagem, tais como: • o desenvolvimento cognitivo da criança/aluno; • as limitações da criança/aluno; • a falta de preparo do professor; • o método de ensino adotado; 28 • prática pedagógica inadequada em sala de aula. Dessa forma, percebemos que muitos são os problemas que podem ser atribuídos à ineficácia do processo de ensinar e aprender. Diante disto, verificamos que a criança/aluno está no centro, conforme Castro; Carvalho (2001, p. 21) salientam: É a própria educação que está em jogo, a formação da personalidade integral do ser humano, frase esta que, de tão repetida, tende a perder sua significação. Se educar consiste em liberar o indivíduo para escolher seus rumos, inventar e criar, dentro de um projeto de vida social, vê-se que a tarefa é complicada e afeta a tríplice relação entre quem aprende, quem ensina e o conteúdo ensinado/aprendido. [...]. Severino (apud LIMA, 2006, p. 292) afirma que: No seu relacionamento com o universo simbólico da existência humana, a prática educativa revela- se, em sua essencialidade, como modalidade técnica e política de expressão desse universo, e como investimento formativo em todas as outras modalidades de práticas. Como modalidade de trabalho, atividade técnica, essa prática é estritamente cultural, uma vez que se realiza mediante o uso de ferramentas simbólicas. Desse modo, é como prática cultural que a educação se faz mediadora da prática produtora e da prática política, ao mesmo tempo em que responde também pela produção cultural. (p. 292). Perrenoud (2001) também apresenta sua definição para o ato de ensinar: “fazer parte de um sistema e trabalhar em diversos níveis” (p. 57). Nesse sentido, podemos então salientar que ensinar perpassa a proposta de se ter cultura, como professor, apenas a partir da porta da sala; atualmente, o professor encontra-se num contexto em que se vê obrigado a questionar seus hábitos e competências com a finalidade de oferecer um ensino pautado na qualidade. Portanto, a concepção de ensinar, aprender e o processo de educação nesse contexto perpassam o papel que cada um exerce no contexto educacional e relacionam-se, sim, com os rumos que o processo de ensino tomará, já que o objetivo maior é a aprendizagem realmente efetivada. 29 Unidade 4.1 Qualidade do Ensino Estamos em nossa penúltima aula! E para isso precisamos falar um pouco sobre os desafios históricos da educação brasileira. Para tanto, iniciaremos este tópico tratando de um dos assuntos mais polêmicos no contexto atual da educação no Brasil: a qualidade do ensino. Os desafios propostos ao sistema educacional brasileiro são pertinentes e pairam sobre a falta de recursos para subsidiar a educação nos quesitos relacionados à capacitação de profissionais para o trabalho em sala de aula, à necessidade da garantia de uma merenda de qualidade, à falta de livros didáticos para atender a toda a demanda estudantil presente no país, dentre outras prerrogativas. Nessa perspectiva de desafio, o Brasil praticamente universalizou o acesso à educação básica pública, mas, mesmo com o amparo legal, ainda há sérios problemas relacionados à qualidade, bem como situações em que as crianças estão fora do ambiente escolar. E ainda que se vença a barreira da exclusão por falta de escolas em lugares periféricos, há dificuldades na conclusão dessa etapa da educação pela criança, ora pelos elevados índices de reprovação seguida da evasão escolar, ora pelo desestímulo relacionado à defasagem idade/série. A educação é essencialmente uma prática social presente em diferentes espaços e momentos da produção da vida social. Nesse contexto, a educação escolar, objeto de políticas públicas, cumpre destacado papel nos processos formativos por meio dos diferentes níveis, ciclos e modalidades educativas. Mesmo na educação formal, que ocorre por intermédio de instituições educativas, a exemplo das escolas de educação básica, são diversas as finalidades educacionais estabelecidas, assim como são distintos os princípios que orientam o processo ensino-aprendizagem, pois cada país, com sua trajetória histórico- cultural e com o seu projeto de nação, estabelece diretrizes e bases para o seu sistema educacional.
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