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Fundamentos em Educação

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INSTITUTO FEDERAL
Maranhão CERTEC
Para ajudá-lo na organização dos seus estudos preencha o quadro a seguir
estabelecendo suas metas e pontuando suas notas.
DISCIPLINA: 
PERÍODO DE VIGÊNCIA: 
ATIVIDADE Data para realização Status 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MINHAS NOTAS 
ATIVIDADES VIRTUAIS NOTA ATIVIDADES PRESENCIAIS NOTA 
 
 
 
 
 
Seja diligente e perseverante no desenvolvimento de sua educação. Caso você encontre 
dificuldades, não deixe de entrar em contato com a equipe do curso por meio do ambiente virtual. 
Estaremos a postos para assessorá-lo no que for necessário.
Desejamos sucesso nos estudos e alertamos para o fato de que o bom êxito dependerá muito da 
dedicação, comprometimento e empenho.
Equipe UAB/Ifma
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO 
Autora: Mara Lucinéia Marques Correa Bueno
2
Prezados(as) Acadêmicos(as),
É com alegria que iniciamos a disciplina de Fundamentos da Educação do Curso de Pedagogia, na modalidade de Educação a Distância, da Universidade Federal da Grande Dourados.A primeira Unidade será de caráter introdutório, cuja temática principal está focada na própria 
concepção de ensino. Nessa Unidade, vocês terão a oportunidade de se introduzirem no conceito de educação, 
compreender suas tendências contemporâneas e saber mais sobre os Fundamentos da Educação. Na sequência, 
após o estudo de todos os itens, vocês devem aplicar e praticar tais conhecimentos junto às atividades propostas 
no ambiente virtual de aprendizagem.
Já a segunda Unidade, apresenta um estudo de leis que regem nossa educação desde os primórdios da 
história até chegar aos dias atuais. Para tanto, apresentaremos o conceito de lei e, em seguida, conheceremos 
tanto as leis que direcionaram quanto a que direciona atualmente o trabalho pedagógico desenvolvido nas 
escolas em todo o Brasil.
Na terceira Unidade, veremos as concepções pedagógicas que orientaram e ainda orientam as práticas 
pedagógicas em nossas escolas. Estudaremos, também, o complexo processo de ensinar e aprender, bem como 
a estreita relação que deve ser estabelecida entre professor e aluno.
Na quarta Unidade discutiremos sobre os grandes desafios postos para a Educação Brasileira, que vão 
desde o desafio pela qualidade do ensino, perpassando pela necessidade de profissionais com formação inicial 
e continuada, até a preocupação com a metodologia de trabalho a ser adotada pelo professor para ter êxito no 
processo de ensino e aprendizagem.
E na quinta e última Unidade iremos realizar uma revisão das unidades anteriores, onde iremos então 
rever os pontos mais importantes de cada conteúdo trabalhado. Desta forma pretendemos buscar elucidar as 
possíveis dúvidas e também evidenciar a importância da nossa disciplina para o curso de Pedagogia.
Portanto, vamos às nossas aulas! 
Façam as leituras com muita atenção e realizem as atividades com destreza e facilidade. Qualquer dúvida, 
estaremos à disposição.
Antes, porém, observem todos os objetivos e assuntos que estruturam esta disciplina. 
Mãos à obra!
Ótimo e proveitoso estudo a todos e a todas!
Objetivos
Unidades
• Compreender o conceito de educação.
• Conhecer a história da educação brasileira.
• Identificar a relação existente entre infância e escola.
 • Conhecer a atual Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira e suas mudanças.
 • Compreender o conceito de concepção pedagógica e a estreita relação entre professor e aluno.
 • Conhecer a didática como forma de desenvolver o processo de ensino e aprendizagem.
 • Revisar os conteúdos estudados.
1. Educação: primeiras aproximações
2. Aspectos legais da educação brasileira 
3. Concepções pedagógicas e implicações na relação professor/aluno
 4. Desafios da educação brasileira atual
 5. Revisão
3
Unidade
1.1 Conceitos de Educação e Ensino
A palavra “educação”, de acordo com o Dicionário 
Online Aurélio, vem do latim educatione, é um 
substantivo feminino e tem como definição prévia o 
ato ou efeito de educar-se. Essa definição remete-se ao 
processo que se instaura a partir do ato/efeito que é o 
ensino e a aprendizagem.
De acordo ainda com o Dicionário Online 
Aurélio a palavra “educação” pode ter três possíveis 
significações, que se definem como: um conjunto de 
normas pedagógicas tendentes ao desenvolvimento 
geral do corpo e do espírito; um conhecimento e 
prática dos usos da gente fina; ou ainda instrução, 
polidez, cortesia.
Brandão (1981) salienta que:
A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar 
comum, como saber, como ideia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou 
como vida. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle 
sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do 
trabalho, dos direitos e dos símbolos. (p. 10).
Sendo assim, a educação simboliza um modo de vida dos grupos sociais que criam e recriam suas invenções 
em uma sociedade. Nessa perspectiva, Brandão (1981) ainda afirma que a educação representa um dos meios 
de que os homens possuem para formar ou criar guerreiros ou burocratas. E o mesmo autor ainda enfatiza:
[...] a educação participa do processo de produção de crenças e ideias, de qualificações e especialidades 
que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que, em conjunto, constroem tipos de sociedades. 
E esta é sua força. (p. 11).
Já Sodré (2012) define educação como:
[...] processo de incorporação intelectual e afetiva, pelos indivíduos, dos princípios e das forças que 
estruturam o Bem de uma formação social. O Bem (to agathon, para o antigo grego) é simplesmente 
outro nome, de feição clássica, para o equilíbrio econômico, político e ético da comunidade humana, 
portanto, para a preservação da vida e para a continuidade do grupo de acordo com os princípios de sua 
fundação. (p. 15).
1
Esta unidade tem como objetivos:
• Compreender o conceito de educação.
• Conhecer a história da educação brasileira.
• Identificar a relação existente entre infância e escola.
Educação: primeiras aproximações
Figura 1: Dictionary
Fonte: www.dreamstime.com
4
Logo, percebemos que a educação, no decorrer de sua história, assume significados distintos, mas também 
mantém seu elo entre todas as definições.
Sacristán (2007) afirma que a educação ocorre por meio de um traço da realidade econômica, cultural e da 
sociedade, e assim será afetada pelas mudanças que ocorrem por meio da globalização, implicando sistemas 
educacionais que não perderam sua essência, mas sofreram modificações.
O fenômeno que nos ocupa projeta necessidades e consequências variadas e contraditórias sobre os 
sistemas educacionais. De imediato, são denunciados porque seus objetivos e suas práticas não são 
funcionais para a nova situação (mais do que já eram). Servem tanto para a ideologia e dinâmica 
globalizante quanto para a resistência a ela. (Sacristán, 2007, p. 30).
Ainda de acordo com Sacristán (2007), a globalização afeta a educação e causa três efeitos distintos. O 
primeiro refere-se ao “esvaziamento do Estado posto a serviço da satisfação dos direitos básicos das pessoas 
e, em particular, o da educação em condições mínimas de igualdade” (p. 30). Nesse sentido, percebemos o 
aumento da desigualdade social, a má distribuição de renda e a falta de financiamento aos sistemas públicos 
de ensino.
Como um segundo efeito, o mesmo autor salienta que a relação entre educação e trabalho nem sempre é 
favorável ao desenvolvimento infantil, mas as famílias não dispõem de tempo para dedicar-se aos filhos, pois o 
mercado de trabalho se torna a cada dia mais competitivo; logo, as pessoas precisam se qualificar para garantir 
seu espaço. A educação neste aspecto “tem de enfrentar o desafio de preparar não se sabe muito bem para que, 
ao se desconhecer que saberes e capacidades serão rentáveis no futuro das pessoas e ‘investir’ neles”. (p. 31)
E, por fim, como um terceiro efeito do processo de globalização sobrea educação recai sobre as pessoas, os 
conteúdos do currículo e as formas de aprender, pois os educadores precisam estar atualizados tecnologicamente 
para atuar no atual modelo educacional vigente, em que a tecnologia da informação comanda a economia, a 
política, a educação, enfim, todas as áreas.
Ao nos reportar à realidade local, no Brasil, a educação teve seu início com o fim do regime de Capitanias 
Hereditárias em 1549 e, de acordo com Ghiraldelli Jr. (2009), o país ficou sob o regime das capitanias entre 
1532 a 1549.
O Brasil passou por mudanças educacionais ao longo de sua história, as quais se chamaram reformas. 
A partir da Independência Política de 1822, nosso país esteve sob a influência de um Estado de Direito 
cuja referência externa está na Revolução Francesa de 1789 e que vem assinalar, no País, o surgimento de 
Curiosidade
As Capitanias hereditárias foram um sistema de administração 
territorial criado pelo rei de Portugal, D. João III, em 1534. Este 
sistema consistia em dividir o território brasileiro em grandes faixas e 
entregar a administração para particulares (principalmente os nobres 
com relações com a Coroa Portuguesa). 
Esse sistema foi criado pelo rei de Portugal com o objetivo de colonizar 
o Brasil, evitando assim invasões estrangeiras. Ganharam o nome de 
Capitanias Hereditárias, pois eram transmitidas de pai para filho (de 
forma hereditária).
Fonte: <http://www.historiadobrasil.net/capitaniashereditarias/>
5
um regime liberal e a passagem da condição individual e servil de súditos da Coroa Portuguesa, marca do 
Colonialismo, para a de cidadãos do Império. O Estado de Direito será, sobretudo, o resguardo das liberdades, 
das garantias individuais e dos direitos de cidadania, reforço também das proclamações liberais, entre as quais 
a da educação fundamental e gratuita, discurso, no século XIX, transcrito nos ordenamentos jurídicos das 
nações emancipadas, mas sem que isso resulte, concretamente, em direito público subjetivo.
Mas ainda falta definirmos a palavra “ensino”, a qual ter por definição, segundo o Dicionário Online 
Aurélio, instrução, indicação, encaminhamento, castigo, reprimenda, enfim, educação.
Sendo assim, torna-se relevante salientar que a educação e o ensino apresentam definições que preconizam 
os acontecimentos da história educacional do nosso país, como o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, 
a Conferência para a Declaração Universal da Educação para Todos, enfim, pilares que sustentam as mudanças 
e a evolução da educação brasileira, as quais veremos nos próximos tópicos.
Finalizamos aqui uma breve definição da educação para que a partir de agora vocês tenham a oportunidade 
de melhor compreender a evolução da educação no Brasil. Para tanto, no próximo item será apresentado um 
pouco da história da educação brasileira.
1.2 Origem da Educação Brasileira
A educação brasileira inicialmente teve cunho religioso, de ordem franciscana, com a missão de catequizar 
os povos indígenas. Além de ensinar aos nativos princípios religiosos, os jesuítas buscavam também inserir a 
cultura portuguesa no modo de vida dessas pessoas. 
Foram a Companhia de Jesus que se destacaram como os primeiros fundadores de pequenos vilarejos, 
como evangelizadores e educadores dos povos indígenas. A intenção jesuítica pairava sobre a modificação 
cultural dos povos indígenas, através do ensino, da pregação e da escravidão à qual os índios deveriam se 
submeter (KERN, 2004).
Em busca de novos meios de propagar a doutrina religiosa, os jesuítas instauraram sua hegemonia no 
Brasil Colônia, buscando meios de melhor trabalhar as questões pertinentes à religião. O ensino passou pelas 
doutrinas franciscanas e, posteriormente, os jesuítas assumiram a tarefa de, além de evangelizar, ensinar 
os nativos a ler e a escrever. O trecho transcrito de Sangenis (2004, p. 99) é ilustrativo da educação então 
propiciada: “Em 1586, fundaram um internato para os curumins onde, além de aprenderem a doutrina cristã, 
Curiosidade
A Revolução Francesa foi um importante marco na História Moderna 
da nossa civilização. Significou o fim do sistema absolutista e dos 
privilégios da nobreza. O povo ganhou mais autonomia e seus direitos 
sociais passaram a ser respeitados. A vida dos trabalhadores urbanos e 
rurais melhorou significativamente. 
Por outro lado, a burguesia conduziu o processo de forma a garantir seu 
domínio social. As bases de uma sociedade burguesa e capitalista foram 
estabelecidas durante a Revolução. Os ideais políticos (principalmente 
iluministas) presentes na França antes da Revolução Francesa também 
influenciaram a independência de alguns países da América Espanhola 
e o movimento de Inconfidência Mineira no Brasil.
Se quiser saber mais, pesquise na fonte abaixo!
Fonte: <http://www.suapesquisa.com/francesa/>
6
eram ensinados a ler, escrever, fazer contas, cantar e tocar instrumentos musicais”. 
De acordo com Saviani (2004), uma íntima ligação entre o ensino elementar e a catequese ocorreu durante 
o processo de colonização brasileira. A educação nesse período tinha o objetivo de transmitir o conhecimento, 
a cultura e os costumes do povo português aos índios e a catequese representava um meio de difusão dos 
princípios religiosos, assim como se almejava a conversão dos indígenas à religião dos colonizadores.
O mesmo autor ainda salienta que a educação ofertada no Brasil no período entre 1570 e 1759 não 
contemplava apenas os índios, mas também os filhos dos colonos portugueses. Nessa ótica, é possível 
caracterizar os colégios jesuítas como formadores de uma elite intelectualizada dos portugueses da Colônia.
Romanelli (1986) afirma que a educação ministrada pelos jesuítas estava totalmente alheia à realidade 
vivenciada na Colônia, pois eles se preocupavam em trabalhar questões relacionadas à propagação da cultura 
geral básica. Sendo assim, o processo de ensino nesse período não tinha um objetivo determinado, não possuía 
um currículo estabelecido e um fim a se chegar com esse grau de “instrução”. A autora afirma que:
[...] os padres acabaram ministrando, em princípio, educação elementar para a população índia e branca 
(salvo as mulheres), a educação média para os homens da classe dominante, parte da qual continuou 
nos colégios preparando-se para o ingresso na classe sacerdotal, e a educação superior religiosa só para 
esta última. A parte da população escolar que não seguia a carreira eclesiástica encaminhava-se para a 
Europa, a fim de completar os estudos, principalmente na Universidade de Coimbra, de onde deviam 
voltar letrados (ROMANELLI, 1986, p. 35).
A mesma autora ainda faz ressalvas a respeito do ensino ofertado na Colônia, influenciado pela cultura 
europeia, em que se privilegiava uma educação para as elites coloniais. Sendo assim, a expulsão dos jesuítas 
do Brasil no século XVIII não representou uma ruptura dos modelos propostos de ensino, mas marcou uma 
das grandes características educacionais deste período, ou seja, “a educação de classes”.
Com a expulsão dos jesuítas e a subida ao trono de Dom José I em 1750, foi anunciado também que o 
ministro de gabinete seria Sebastião José de Carvalho e Melo, intitulado Marquês de Pombal, que promoveu 
inúmeras reformas almejando um novo Estado. De acordo com Saviani (2007):
[...] Pombal apresenta os nove princípios básicos do novo Estado por ele instituído: ‘o desenvolvimento 
da cultura geral, o incremento das indústrias, o progresso das artes, o progresso das letras, o progresso 
científico, a vitalidade do comércio interno, a riqueza do comércio externo, a paz política, a elevação do 
nível de riqueza e bem-estar’. (p. 81)
Veiga (2003) lembra que o processo de escolarização presente no Brasil tinha por base a legislação vigente 
em Portugal, mas eram leis portuguesas aplicadas à terra colonizada, não sendo então normas instituídas pelo 
Império. Essas leis, que regiam a educação no Brasil Colônia, perduraram até o período que antecedeu a 
Constituição de 1824.
A educaçãoescolar no período colonial, ou seja, a 
educação regular e mais ou menos institucional de tal 
época, teve três fases: a de predomínio dos jesuítas; a 
das reformas do Marquês de Pombal, principalmente 
a partir da expulsão dos jesuítas do Brasil em 1759; 
e a do período em que D. João VI, então rei de 
Portugal, trouxe a Corte para o Brasil (1808-1821). 
(GHIRALDELLI Jr., 2009, p. 24)
Saiba mais!
7
Nessa ótica, de acordo com Saviani (2007), podemos afirmar que, no setor educacional, houve a instauração 
das aulas-régias, ou seja, estudos de nível primário que tinham o dever de enfatizar a cultura das ciências, 
deixando para trás o método jesuítico.
De acordo com o mesmo autor, fazia parte da reforma o anúncio de algumas disposições sobre o método 
de ensino a ser adotado, o qual dispunha de um professor para cada área do conhecimento, escolhido de 
acordo com critérios pré-estabelecidos pelo documento intitulado Alvará. E, em julho de 1759, foi publicado 
o primeiro edital deste Alvará para a contratação dos professores para ministrar as aulas, a serem pagos pela 
Coroa Portuguesa.
Com o passar do tempo, de acordo com Saviani (2007), percebeu-se que o ensino público idealizado pelos 
portugueses não atendia às dificuldades presentes na prática, além da demora no atendimento às demandas, a 
falta de livros didáticos, o número reduzido de professores, os baixos salários, bem como a falta de recursos 
para a reforma dos padrões educacionais. Tudo isso levou ao esgotamento da reforma pombalina, sendo 
que a segunda fase da reforma privilegiou o ensino superior. Logo, passou-se a tratar da educação primária. 
Viabilizou-se, então, um plano de ações para o setor que beneficiava os detentores de terras, classificando o 
grau de instrução a ser proferido. Foram selecionados os professores para ministrar as aulas régias em Portugal 
e em suas terras colonizadas. 
Com a chegada de D. João VI e sua Corte ao Brasil, o país passou a ser a sede do governo português, 
elevando assim a categoria das terras colonizadas a Reino Unido de Portugal. Sendo assim, a presença do 
Príncipe Regente no Brasil ocasionou mudanças significativas no ensino, sobretudo no ensino superior, bem 
como a permanência das aulas régias no ensino primário (ROMANELLI, 1986).
O advento da Proclamação da Independência em 1822, segundo Xavier (1994), não trouxe grandes 
modificações para o quadro educacional do país. O fato de o Brasil se tornar um Império trouxe preocupações 
acerca da criação de um sistema de ensino, não direcionando o setor para uma reforma, mas com perspectivas 
de elaboração de um Sistema Nacional de Instrução Pública, embora os projetos elaborados e encaminhados 
para discussão na Assembleia Constituinte de 1823 não atendessem às propostas iniciais. Por fim, as 
discussões resultaram no Decreto de 15 de outubro de 1827, que contradizia a Constituição de 1824, em que se 
ambicionava assegurar o direito à instrução pública a todos os indivíduos do Império. Sendo assim, a educação 
pública no período imperial limitou-se a manter o modelo europeu de ensino, surgindo assim as Escolas de 
Primeiras Letras.
Com a criação das Escolas de Primeiras Letras no Brasil, em 1827, houve a tentativa de instauração do 
método de ensino monitorial ou mútuo, pelo qual as crianças receberiam instrução umas das outras através de 
Figura 2: You must read books
Fonte: www.dreamstime.com
8
um monitor, dentre outros métodos de ensino (BASTOS, 2005). Inúmeras foram as tentativas de se preconizar 
uma educação que atendesse às necessidades brasileiras, mas, de acordo com a mesma autora (p. 49), “[...] 
as práticas e exercícios escolares preconizados foram apropriados de tal modo que, em alguma medida, ainda 
hoje se fazem presentes”.
As aulas nas Escolas de Primeiras Letras, de responsabilidade da Real Mesa Censória, eram voltadas 
ao ensino da leitura, da escrita e das quatro operações matemáticas, ressaltando também o ensino das regras 
gramaticais da língua portuguesa; também traziam noções de religião e regras de etiqueta. Contudo, desde as 
aulas régias houve poucas mudanças na instrução.
A instrução pública no Império trouxe ao sistema público de ensino mudanças relacionadas a uma educação 
preocupada com a continuidade dos estudos dos alunos formandos, ainda que beneficiasse apenas as elites, 
bem como se preocupava com o financiamento dessa etapa da educação.
Para garantir a manutenção das aulas régias a Mesa propunha a criação de um fundo pecuniário. Por ser 
bastante suave e proporcionar grandes vantagens, a Mesa acreditava que “os povos” iriam contribuir 
“com muita satisfação” para a constituição desse fundo (SAVIANI, 2007, p. 98). 
 
Sendo assim, efetivou-se um fundo que tinha por objetivo assegurar as necessidades financeiras de todos 
os níveis educacionais públicos, seja a educação dos menores (ensino primário), seja o ensino dos maiores 
(ensino universitário), além de custear o pagamento dos professores e a aquisição de livros didáticos, dentre 
outras despesas com o ensino.
Xavier (1994) faz ressalvas acerca da qualidade do ensino ofertado no país, já que os investimentos no 
setor educacional não atendiam à demanda, impedindo assim a manutenção de mínimas condições para a 
oferta de um ensino público eficaz. 
Veiga (2003) ainda problematiza que as questões relacionadas à escolarização no Brasil estão intimamente 
ligadas à organização do Estado. 
A garantia da instrução primária gratuita a todos os cidadãos, a partir da constituição de 1824, indica 
para desdobramentos nas formas de governar as populações, num contexto em que se disseminaram as 
ideias do autogoverno como fundamentos para a formação da nação (p. 39).
Portanto, o ensino público no período imperial foi marcado pela escassez de recursos para sustentar 
uma educação de qualidade em suas províncias, assim como o número insuficiente de escolas elementares 
caracterizava o setor educacional da época (XAVIER, 1994).
No próximo item, será apresentada a relação entre infância e escola no contexto histórico da educação 
brasileira.
1.3 Infância e Escola
Quando se fala em criança, podemos pensar em uma concepção já historicamente definida, mas que com 
o passar do tempo muitas mudanças vêm surgindo, considerando principalmente a sociedade e o período em 
que vivemos.
Os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil (RCNEI) de 1998, em seu volume 1, afirmam que:
A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar 
que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento 
histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que desenvolve, mas também o marca. A 
criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade 
de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais. (p. 21).
A criança, nesse contexto apresentado pelo documento do Ministério da Educação (MEC), apresenta uma 
natureza singular e heterogênea, ou seja, cada criança pensa de um jeito; anda, fala e se expressa distintamente; 
enfim, cada uma possui características próprias. Como coadjuvante nesse processo, o convívio com outras 
9
pessoas se estabelece muito cedo e dessa forma a criança começa a compreender o mundo que a cerca.
Nesse contexto em que se insere a concepção de criança, torna-se difícil não vincular a figura acima, 
já que faz parte deste processo a educação infantil. O mesmo documento mencionado anteriormente ainda 
salienta a respeito dessa etapa da educação básica:
Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem o mundo é o 
grande desafio da educação infantil e de seus profissionais. Embora os conhecimentos derivados da 
psicologia, antropologia, sociologia, medicina etc. possam ser de grande valia para desvelar o universo 
infantil apontando algumas características comuns de ser das crianças, elaspermanecem únicas em suas 
individualidades e diferenças. (p. 22).
Contudo, cabe ainda dizer que a criança possui uma identidade e esta precisa ser respeitada pelo adulto; 
tem suas necessidades e devem consideradas, bem como vive a infância, que é considerada por especialistas 
em desenvolvimento infantil, principalmente psicólogos, como etapa primordial para o bom desenvolvimento 
cognitivo e interpessoal do indivíduo.
De acordo com Ghiraldelli Jr. (2009):
Criança sempre existiu, mas infância não. O mundo pré-moderno não tem uma noção de infância. 
Isto é: o mundo pré-moderno não mostra um vestuário próprio para as crianças e não apresenta uma 
literatura infantil, ao menos não no sentido atual, isto é, uma literatura para entretenimento das crianças 
enquanto crianças. (p. 17).
A infância não era vista como uma fase e não tinha seus direitos assegurados, bem como a distinção de 
Figura 3: Children on playground 
Fonte: http://www.dreamstime.com/stock-photography-
children-playground-image15235702
Você sabia?
A Constituição Federal de 1988 afirma:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado 
assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta 
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, 
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência 
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de 
toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão. 
10
raça, cor e posição social influenciava o convívio em sociedade, conforme relata Espindola (2006):
Na sociedade colonial-escravista, por um longo período da história brasileira, a infância esteve 
socialmente à margem de qualquer valorização. Consequentemente, sua educação não se traduziu 
em objetivo a ser alcançado. Ao contrário da criança escrava e indígena, a criança branca, filha do 
fazendeiro da casa-grande, tinha uma ama negra para dela cuidar. (p. 41).
Dando continuidade ao desenrolar da história da infância no Brasil, vale salientar que no Brasil Império 
(1822-1889) houve a institucionalização da educação para a criança. Essa conquista está garantida até hoje 
por meio da Constituição Federal de 1988, pois está assegurado na lei o direito à educação a crianças a partir 
dos seis anos. Embora haja tramitação legal no legislativo federal para assegurar o direito à educação a partir 
dos quatro anos de idade, ainda há muita discussão a ser feita sobre a inserção da criança de quatro anos no 
ensino obrigatório.
Ainda na evolução da história da infância no Brasil, houve um tempo no período do Brasil Império em 
que a educação das crianças estava a cargo de pessoas vinculadas à igreja, como padres-mestres e capelães de 
engenho, ou seja, pessoas portadoras de certo grau de instrução e que eram respeitadas perante a sociedade.
Nesse período, também se encontram situações de abandono de crianças e, em função disso, criaram-se 
locais chamados de casas de abrigo, que eram apropriados para cuidar e educar.
Veiga (2007) afirma que os cuidados coma infância ainda é recente em nossa história:
No século XIX não apenas se definiu a responsabilidade privada e estatal dos adultos na educação e nos 
cuidados com a infância como se estabelecem os critérios científicos que embasaram esses cuidados. 
Como vimos, desde o final do século XVII pensadores como Comenius, Rousseau, Pestalozzi e Fröbel 
afirmaram que as crianças tinham necessidade específicas, mas foram as pesquisas da biologia e da 
psicologia que fundamentaram cientificamente essas concepções pedagógicas. (p. 210).
Você sabia?
Capelães de engenho eram pessoas que tinham a função de cuidar 
da vida espiritual da comunidade que vivia no engenho (grandes 
fazendas) e em terras vizinhas, bem como lavradores e mecânicos, 
com suas famílias que prestavam serviço ao engenho.
Fonte: http://www.uel.br/grupo-estudo/processoscivilizadores/
portugues/sitesanais/anais9/artigos/mesa_redonda/art9.pdf
Manoel Bergström Lourenço Filho (1897-1970) 
publicou vários livros, textos e artigos sobre a 
literatura infantil e juvenil, como: Juazeiro do Padre 
Cícero (1926), A Pedagogia de Rui Barbosa (1954), 
Introdução ao Estudo da Escola Nova (1930), dentre 
outras obras.
Saiba mais!
11
Sendo assim, começou-se a pensar sobre a criação de um jardim-de-infância, que se tratava de um local 
propício ao desenvolvimento infantil e à formação de sua personalidade. Contudo, surgiram também as 
creches, que representavam espaços onde as mães trabalhadoras, pobres e operárias deixavam seus filhos 
antes de ir para o trabalho.
Nessa nova perspectiva da educação para a infância, podemos perceber que a criança começou a ser vista 
com outros olhos, ou seja, com um olhar para a conscientização da sua importância e singularidade.
Em 1878, um projeto de reforma de Leôncio de Carvalho tinha como ponto-chave a liberdade de ensino. 
O artigo 2.º do mesmo projeto garantia a obrigatoriedade de frequência às escolas primárias, a partir dos sete 
anos de idade.
Percebemos que, a partir desse período da história da infância no Brasil, há uma preocupação com a 
sistematização da instrução pública no país. E a partir desse período a criança começou a receber o atendimento 
em instituições especializadas, conforme o modelo europeu de ensino, de certa forma ilustrada na figura 4, a 
seguir, já que o professor era o personagem mais importante do processo de ensino.
Ainda na análise histórica, a partir da Primeira República (1889-1930), período de grande desenvolvimento 
econômico, por meio do café, viu-se que a política entrou em uma nova fase e a educação passou por muitas 
reformas, sem grandes progressos para a educação infantil.
Para melhor expressar a afirmação acima, salienta Espíndola (2006, p. 106):
Pode-se afirmar que a Educação Infantil tem um pouco mais de cem anos no Brasil. O primeiro jardim-
de-infância oficial brasileiro, no período republicano, começou a funcionar em 18 de maio de 1896, 
anexo à Escola Normal Caetano de Campos, em São Paulo. (grifos do autor).
Nesse período histórico, o jardim de infância representou uma oportunidade de desenvolvimento integral 
Carlos Leôncio de Carvalho, segundo Lira (1949), 
nasceu em 18 de junho de 1847, na cidade de Iguaçu, 
na província do Rio de Janeiro; era filho do Dr. 
Carlos Antônio de Carvalho. Reformou por meio do 
Decreto de 19 de abril de 1879 a instrução pública 
primária e secundária no Município da Corte. Sua 
reforma educacional marcou uma etapa importante 
na educação brasileira.
Saiba mais!
Figura 4: Children standing in row
Fonte: http://www.dreamstime.com/stock-photography-
children-standing-row-image20426242
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da criança, por meio de jogos, brincadeiras, música, cantos, pintura, criação de animais, contos, ou seja, a 
criança tinha todos os seus sentidos explorados. É o contrário do que se vê nos dias atuais, pois se preocupa 
muito com o processo de leitura e escrita, ou seja, as instituições de educação infantil estão fugindo da proposta 
inicial da Primeira República.
Já na República Nova (1910-1920), a busca por melhores condições de vida e de trabalho marcaram essa 
nova fase da história brasileira, inclusive na educação, pois todas as camadas sociais reivindicavam creches 
para deixarem seus filhos no período em que estavam trabalhando. Logo, podemos afirmar que esse período 
da história da educação foi marcado por revoluções e grandes debates também no setor educacional.
Nessa vertente, torna-se relevante salientar que nesse período tanto a educação infantil quanto o ensino 
primário não ganharam grande prospecção, uma vez que o ensino secundário e o ensino superior foram os que 
sofreram reformas. Diante dessa situação, educadores e intelectuais da época, que vislumbravam uma reforma 
educacional, organizaram um documento intitulado de Manifesto dos Pioneiros, o qual propunha ideais para 
uma escola pública, gratuita e obrigatória para ambos os sexos.
Avançando um pouco no período histórico, entre as décadas de1930 e 1950, as instituições de educação 
infantil criadas se caracterizavam por sua postura paliativa, ou seja, preocupavam-se com alimentação, higiene 
e segurança das crianças, visto que a grande maioria dessas instituições eram organizações filantrópicas.
Já na década de 1960 a educação foi marcada pelo movimento da Escola Nova, a qual trazia a preocupação 
de natureza pedagógica ao lidar com as crianças.
Portanto, a fase da infância por que toda criança passa durante seu desenvolvimento aponta que essa etapa 
se apresenta como primordial no desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicológico.
Por fim, concluímos a primeira unidade. Logo, solicitamos que vocês revelem suas leituras, estudos e 
reflexões mediante exposição de suas ideias no Fórum de Apresentação e também no Fórum de Debate.
Agora vamos à Unidade 2!
Você sabia?
Escola Nova é um dos nomes dados a um movimento de 
renovação do ensino que foi especialmente forte na Europa, 
na América onde se encontra o Brasil, na primeira metade do 
século XX. “Escola Ativa” ou “Escola Progressiva” são termos 
mais apropriados para descrever esse movimento que, apesar 
de muito criticado, ainda pode ter muitas ideias interessantes 
a nos oferecer.
Fonte: http://www.educacional.com.br/glossariopedagogico/
verbete.asp?idPubWiki=9577
13
Unidade
2.1 Definição de Lei
De acordo com o Dicionário Aurélio online, a palavra “lei” pode ser definida como preceito ou regra 
estabelecida por direito, ou ainda como norma, obrigação, que deve ser cumprida, conforme a figura abaixo 
simboliza o veredito final de uma sentença por meio do martelo do juiz. No contexto educacional, as leis são 
formuladas para nortear as ações ligadas ao processo de ensino e aprendizagem.
Esta unidade tem como objetivo:
• Conhecer a atual Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira e suas mudanças.
Aspectos Legais da Educação Brasileira
2
Guiraldelli Jr. (2009) salienta que o governo federal, nos tempos da “Primeira República”, buscava 
medidas dispersas em aspectos legais para o campo educacional:
No campo legislativo, o governo republicano iniciou seus dias com a Reforma Benjamin Constant 
(1891), dirigida ao ensino do Distrito Federal (a cidade do Rio de Janeiro). Entre outras coisas, essa 
reforma criou o Ministério da Instrução, Correios e Telégrafos [...]. (p. 35).
Figura 5: Law books 
F o n t e : h t t p : / / w w w. d re a m s t i m e . c o m /
r o y a l t y - f r e e - s t o c k - p h o t o g r a p h y -
l a w - b o o k s - i m a g e 8 4 9 4 1 8 7
Você sabia?
A Reforma de Benjamin Constant tinha como princípios orientadores a liberdade e laicidade do ensino, 
como também a gratuidade da escola primária. Estes princípios seguiam a orientação do que estava 
estipulado na Constituição brasileira. 
Uma das intenções desta Reforma era transformar o ensino em formador de alunos para os cursos 
superiores, e não apenas preparador. Outra intenção era substituir a predominância literária pela científica.
Fonte: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb06.htm
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Logo, podemos perceber que as leis têm seu valor histórico e condicionam a educação a delinear ações 
prescritas nos documentos normativos que têm amparo legal.
De acordo com Vieira (2009), quando nos reportamos às bases legais da educação, estamos tratando da 
estrutura e funcionamento e são elas que garantem a uma escola os elementos necessários para a promoção do 
sucesso dos alunos. E quando se fala em leis na educação, estamos tratando então das políticas educacionais 
que determinam como se conduzirá o processo educativo:
A expressão Política Educacional pode assumir significados diversos. Quando usada com letras 
maiúsculas, refere-se ao setor da Ciência Política que estuda as iniciativas do Poder Público em 
educação. Estas, por sua vez, denominam-se políticas educacionais. As ações governamentais costumam 
ser denominadas de políticas públicas. Assim, há políticas públicas de saúde, de educação e outras. 
No âmbito social, também são chamadas de políticas sociais. As políticas educacionais (com letras 
minúsculas), portanto, são uma dimensão das políticas sociais. (Vieira, 2009. p. 21-22).
Portanto, as políticas educacionais referem-se às ideias e também às ações ocorridas no âmbito do Poder 
Público. E a educação brasileira inicialmente sofria influência da Coroa Portuguesa, pois éramos colônia de 
Portugal, mas com o advento da Proclamação da República em 1889, muito se precisava fazer para estruturar 
nossa educação.
Para conhecermos um pouco da realidade educacional brasileira, no próximo tópico será apresentada a 
primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira e sua finalidade.
2.2 LDB n.º 4.024/1961
Com a proclamação da República em 1889, continuaram os processos de reforma do ensino público no 
Brasil, ainda que de forma lenta, com vistas à instauração de uma educação pautada nas necessidades da 
população em nível escolar. Apesar disso, Xavier (1994) ressalta que ficava ainda evidente o desinteresse dos 
governantes da Nação em promover uma educação para as classes populares, ocorrendo assim a descentralização 
do sistema educacional:
A descentralização escolar, definida em 1834, foi reafirmada na Constituição de 1891, apesar das fartas 
e antigas denúncias dos extensos diagnósticos e das estatísticas que revelavam o desastre que essa 
situação representara para o ensino elementar. Permaneceu como responsabilidade específica agora dos 
estados manter e legislar sobre a instrução pública elementar (p. 105).
Houve a instauração de uma escola primária precária tanto em termos de qualidade como em sua expansão, 
pautada, sobretudo, no contexto político descentralizador e de autonomia dos estados (Xavier, 1994).
A partir desse período, houve alterações na população atendida pela educação pública, pois as classes 
menos favorecidas buscavam, na instrução escolar, meios para a melhoria das suas condições sociais de vida 
(Romanelli, 1986).
Segundo Vechia (2005), o processo educacional republicano teria a duração de sete anos, de acordo com 
o responsável pela alteração, Benjamin Constant, que seguia os ideais de Augusto Comte, que defendia a 
ordenação lógica de distribuição das ciências fundamentais.
O ensino primário, ainda referenciado como Primeiras Letras, foi organizado em duas etapas, sendo que o 
primeiro grau compreendia a faixa etária entre sete e treze anos; já o segundo grau consistia no atendimento a 
alunos entre treze e quinze anos, de acordo com Xavier (1994). Segundo a mesma autora, dentre as reformas 
que marcaram a educação nesse período, podemos citar a Reforma Rocha Vaz, com a qual poderiam ser 
firmados acordos financeiros da União com os estados, visando ao pleno desenvolvimento do sistema escolar.
Mas, apesar dessas mudanças legais, o ensino primário brasileiro permaneceria até 1920 em ensino de 
“primeiras letras”, como o definira o Decreto Imperial de 1827. Ficaria restrito, até as famosas reformas 
estaduais de 1920, ao aprendizado da leitura, da escrita e do cálculo, como mera alfabetização (p. 108, 
grifo no original).
15
Romanelli (1986) salienta ainda que a Constituição de 1891 promoveu a descentralização da educação, 
segundo a qual a União seria responsável por criar e manter as instituições de ensino superior, assim como 
as escolas de ensino secundário acadêmico. Já aos estados caberia a responsabilidade do ensino primário e 
profissional. A autora considera ter havido aí a instauração de uma divisão classista da educação, entre aqueles 
que ambicionavam o ensino superior e aqueles que se restringiam ao ensino profissionalizante.
Sendo assim, mudanças para a proposta curricular da educação primária não tiveram forças para superar 
o contexto político da época, bem como o desinteresse de alguns estados em expandir a educação em seus 
domínios. De acordo com a mesma autora, levando em consideração os aspectos econômicos, políticos e 
sociais instaurados na Primeira República, podemos verificar que os índices de crescimento das cidadese o 
processo de industrialização ainda não apresentavam números expressivos. Mas com a reversão desse quadro, 
houve também o aumento da procura por escolas, principalmente após a Primeira Guerra Mundial.
A autora ainda menciona que o aumento da procura pela educação atrelada ao aumento da demanda 
de pessoal para o trabalho nas cidades ocasionou uma crise de ordem educacional, instaurando-se assim 
problemáticas relacionadas ao acesso, atreladas à falta de estrutura das escolas para atender às necessidades 
da sociedade em expansão.
Então, o período republicano compreendido entre 1889 a 1930, segundo Saviani (2007), representou um 
tempo destinado à reorganização curricular da educação brasileira, que vai desde a educação de caráter ao 
papel da mulher como uma agente educadora dos novos tempos. 
Romanelli (1986) salienta que:
A I República teve, assim, um quadro de demanda educacional que caracterizou as necessidades 
sentidas pela população e, até certo ponto, representou as exigências educacionais de uma sociedade 
cujo índice de urbanização e de industrialização ainda era baixo. A permanência, portanto, da velha 
educação acadêmica e aristocrática e a pouca importância dada à educação popular fundavam-se na 
estrutura e organização da sociedade. (p. 45).
Os aspectos políticos, econômicos e sociais influenciaram nitidamente os novos rumos tomados pela 
educação escolar, instaurando-se, assim, de acordo com a autora, uma crise que expressou a necessidade 
de reorganização do sistema de ensino da época, que tomou forma na Revolução de 1930. Esta foi marcada 
pela ruptura com os conceitos da velha oligarquia e o surgimento do capitalismo no Brasil, aliado à grande 
expansão cafeeira.
Além da necessidade em expandir a exploração da agricultura para o desenvolvimento econômico no país, 
havia a obrigação do poder público em melhor atender os cidadãos em suas necessidades educacionais. Mas, 
de acordo com Xavier (1994):
Durante os quatro séculos de predomínio da economia agroexportadora, o sistema educacional brasileiro 
constituiu-se no agente exclusivo de formação das camadas superiores para o exercício das atividades 
político-burocráticas e das profissões liberais, consolidando um padrão de ensino humanístico e elitista 
(p. 59).
Tendo em vista o processo de industrialização instaurado no país, as classes emergentes intensificaram a 
procura por escolas, ocorrendo desta forma uma necessidade de reformas e crescimento do sistema educacional, 
com vistas a atender a demanda vigente, segundo a mesma autora anteriormente mencionada.
A autora salienta que o processo de modernização e progresso do Brasil representava novos rumos políticos, 
econômicos, sociais e, principalmente, para setor educacional. Já que investir na educação representa:
[...] difundir a escola primária para “redimir os analfabetos” e criar base para o exercício da democracia 
e para a recomposição do poder, quer se tratasse de remodelar o sistema educacional para criar uma 
nova ordem econômico-social, estava subjacente a idéia de que o progresso possível dependia das 
vontades e das consciências. (p. 65).
Até a década de 1930, o ensino no Brasil esteve estruturado em sistemas estaduais, não havendo organização 
16
de um sistema nacional de educação (Xavier, 1990). A autora ressalta que tanto o Manifesto dos Pioneiros 
como a Reforma Capanema privilegiavam o ensino secundário e o superior, ficando o ensino primário a cargo 
dos estados, exclusivamente. O fato de não haver diretrizes gerais para nortear a educação primária fez com 
que esta etapa do ensino ocorresse diferentemente em cada estado.
A autora ainda faz ressalvas à Lei Orgânica do Ensino Primário, que, pelo seu cunho autoritário, embutiu 
os ideais de garantir conhecimentos úteis para a vida em família, visando a garantir a saúde, bem como espaço 
no mercado de trabalho.
Já a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino primário foram asseguradas somente com na Constituição 
Federal de 1934. Nesse momento, segundo Saviani (2006), tinha-se em vista a instauração de diretrizes da 
educação nacional.
Para tanto, no ano de 1961, a Lei n.º 4.024 previu quatro anos de ensino obrigatório. Essa Lei procurava, 
segundo Romanelli (1986), atender às classes menos favorecidas, assim como colocava o Estado como órgão 
responsável maior em educar. 
No próximo item, será apresentada uma nova lei que veio reger a educação brasileira a partir de 1971, a 
Lei n.º 5.692.
2.3 LDB n.º 5.692/1971
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação n.º 5.692 de 1971 foi implementada em um contexto de regime 
militar. Nogueira (1999) salienta que o Acordo de Punta Del Este e Santiago, no contexto da “Aliança para 
o Progresso”, obrigou o Brasil a aumentar para seis anos o ensino primário, até 1970, especificamente para a 
faixa etária de 7 a 14 anos.
Com a ditadura militar instaurada em 1964, surgiu também uma nova Constituição Federal em 1967. 
Esta nova Constituição propunha uma reorganização do ensino superior que, por meio de um conjunto de 
documentos, configurou a chamada Reforma Universitária em 1968. Em 1971, apresentou-se a Reforma 
do Ensino de 1.º e 2.º Graus, voltada para a reestruturação do ensino primário, ginasial e secundário. “A 
legislação do regime militar foi de duração relativamente longa, projetando-se ao início da chamada “transição 
democrática”, ou seja, o período compreendido entre o final da ditadura e a retomada da democracia plena” 
(Vieira, 2009. p. 34).
Você sabia?
O Tratado “Aliança para o Progresso” foi proposto 
pelo Governo Kennedy na Conferência de Punta 
Del Este em 1961 e previa assistência técnica norte-
americana como ajuda financeira, sob a forma de 
empréstimo e doações.
17
Somente a partir da Lei n.º 5.692, de 1971, a obrigatoriedade do ensino se estendeu para oito anos, sendo 
então denominada de ensino de primeiro grau, atendendo assim a faixa etária de sete a catorze anos. Nessa 
Lei, preocupava-se sumariamente com a formação do cidadão, no desenvolvimento de suas potencialidades, 
para se atender as exigências do mercado de trabalho e o exercício pleno da cidadania. Enfatizava-se também 
a continuidade dos estudos e a conclusão desta etapa da educação, considerando o nível de aproveitamento 
dos estudos. Os recursos destinados ao provimento do ensino de primeiro e segundos graus, nessa lei, eram 
um dever do Poder Público em consonância com estados e municípios.
É fato que a evolução do processo educacional no Brasil teve avanço significativo nos últimos 50 anos, 
principalmente no tocante à democratização do acesso ao ensino obrigatório. Mas diversos mecanismos 
operaram e ainda operam, dificultando, aos que têm acesso, a permanência e a conclusão desse ensino.
Oliveira (2007) lembra que um mecanismo de “exclusão feita pela escola” foram os antigos exames de 
admissão ao ginásio, que foi superado com a organização do ensino de 1.º Grau pela Lei n.º 5.692/1971. No 
entanto, persistiu a “exclusão na escola”, de acordo com Ferraro (1987), que referencia a questão do sucesso 
ou não durante o período escolar, caracterizando assim os fatores que levam à reprovação e à evasão escolar, 
dificultando dessa forma a conclusão dessa etapa do ensino.
Portanto, a Lei n.º 5.692/71 representou um grande avanço para a educação brasileira, já que as reformas 
educacionais significativas começaram a ser implementadas nesse período. 
No próximo tópico, veremos as principais mudanças postas pela nossa atual LDB, a de n.º 9.394/96. Boa 
leitura!
2.4 LDB n.º 9.394/1996
Vale a pena reiterar, para que possamos compreender melhor os termos a serem utilizados a partir da 
década de 1990, que a educação brasileira passou por reformas importantes para termos hoje o que chamamos 
de educação básica.
 Logo, cabe enfatizar que o conceito de escolarização básica surgiu nos tempos da reforma protestante 
e seu precursor Martinho Lutero defendia uma alfabetização para as camadas populares, representando uma 
maneira de estes terem acesso às santas escrituras.Também na visão de Lutero era responsabilidade dos 
príncipes cristãos a oferta dessa escolarização.
Em 1967, foi sancionada em Massachusetts (Estados Unidos) a primeira lei que garantia a educação 
elementar a todos. Embora houvesse uma preocupação protestante em garantir o direito à alfabetização, no 
catolicismo havia o padre que traduzia os textos escritos, dificultando assim a disseminação da escolarização:
Mesmo em países de capitalismo avançado, porém de maioria católica, a garantia de escolarização para 
a população fez-se mais lentamente, quando comparada aos países de orientação protestante: apenas a 
partir do final do século XIX, e, no Brasil, a partir da década de 1930. (OLIVEIRA; ADRIÃO, p. 34).
Logo, percebe-se que o ideal traçado para a educação seria o de ser um instrumento de redução das 
desigualdades sociais, assim como serviria para a moldagem da identidade nacional, já que os processos 
Você sabia?
A reforma educacional sempre é concebida, por aqueles que a defendem, como uma necessidade de 
atualização e, às vezes, de modernização do aparelho escolar. Muitas vezes é justificada como uma 
necessária intervenção, com a finalidade de introduzir inovações nos diferentes níveis do sistema 
educacional. Através da reforma, a administração central procura ordenar e controlar a organização e 
o funcionamento da educação em todo o país, principalmente por meio da unificação de conteúdos e 
estabelecimento de objetivos educacionais comuns. (Palma Filho, 2003, p. 171).
18
de industrialização e urbanização se intensificaram. Sendo assim, o consenso de escolarização básica é 
disseminado pelo mundo ocidental, culminando em um documento chamado Declaração Universal dos Direitos 
do Homem, oficializado em 1948. No setor educacional, criou-se a Declaração Universal da Educação para 
Todos, assinada em 1990.
Embora houvesse a preocupação em assegurar o direito à escolarização básica aos indivíduos, não há 
consenso a respeito da precisão dos conteúdos, valores e habilidades a serem oferecidos. O importante a ser 
mencionado seria que todos os cidadãos têm direito ao ensino básico, assegurado por uma legislação que 
ampara legalmente educação elementar. 
Nesse contexto de educação básica que surge o termo “ensino obrigatório” e, de acordo com Horta (1998), 
a obrigatoriedade do ensino fundamental, atentando para um direito público subjetivo, é garantida às crianças 
em idade escolar coerente à sua faixa etária; já para aqueles em situação de distorção idade/série, o ensino 
torna-se um direito assegurado em lei e uma obrigatoriedade em todas as instituições públicas. O Estado e a 
família têm o dever de garantir essa educação a todas as crianças em idade escolar.
A Constituição de 1988 referencia a educação como um direito de todos, sendo dever do Estado e da 
família, tendo como colaboradores a sociedade e objetivando o desenvolvimento pleno do indivíduo, com 
vistas a qualificá-lo para o trabalho. O ensino fundamental tem caráter obrigatório e gratuito perante a lei, 
mesmo àqueles que não tiveram acesso em idade própria, de acordo com o artigo n.º 208, inciso I. E o inciso 
VII, § 1.º trata o acesso ao ensino obrigatório como um direito público subjetivo.
Horta (1998) salienta que as questões de obrigatoriedade escolar relacionada ao nível de ensino dos 
estudantes, bem como o “conceito de direito público subjetivo”, tinham sido esquecidas desde a década de 
1930. E enfatiza:
[...] o direito à educação deixa de ser respeitado não só quando o ensino obrigatório não é oferecido 
pelo Poder Público, mas também quando esta oferta se faz de forma “irregular”. Torna-se, assim, de 
suma importância determinar, de forma clara, o que caracteriza a “oferta irregular de escolarização”. 
(p. 26-27).
Nessa ótica do autor, torna-se evidente que há discussões jurídicas em torno da obrigatoriedade e da garantia 
do direito à educação em qualquer faixa etária, sendo enfatizado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Contudo, a Emenda Constitucional n.º 14 alterou o artigo 208 da Constituição de 1988, ficando assim suspensa 
a obrigatoriedade do ensino fundamental para aqueles com defasagem idade/série. Dessa forma, de acordo 
com o autor, o caráter de direito público subjetivo dispensado a essa modalidade da educação foi sucumbido.
Apesar disso, ainda de acordo com o autor, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n.º 
9.394 de 1996, em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código Penal, referencia a 
educação como um direito público subjetivo, de caráter obrigatório e gratuito em instituições públicas.
Essa LDB traz em seu artigo 32 que o ensino fundamental terá a duração de nove anos, sendo de caráter 
obrigatório e gratuito em escolas públicas, visando sumariamente à formação básica do cidadão. No artigo 
34, salienta que o tempo diário de estudos será de quatro horas, podendo ser ampliado para tempo integral, 
aumentando assim a permanência da criança na escola, embora essa ampliação fique a cargo dos sistemas 
escolares.
Já a Lei n.º 10.172 de 09 de janeiro de 2001 trata da aprovação do Plano Nacional de Educação, bem 
como articula a necessidade de os estados e municípios elaborarem seus planos decenais para o provimento 
da educação em seus domínios, em consonância com o estabelecido pelo Plano, de acordo com o artigo 6.º da 
referida Lei:
Os Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios empenhar-se-ão na divulgação 
deste Plano e da progressiva realização de seus objetivos e metas, para que a sociedade o conheça 
amplamente e acompanhe sua implementação. 
O Plano Nacional de Educação (PNE) referencia a necessidade de universalização do ensino fundamental, 
sendo um dever do Poder Público a garantia do acesso, da permanência e da qualidade do ensino ofertado, uma 
19
vez que, de acordo com Plano, o direito à educação fundamental não se limita à matrícula, mas também abarca 
a garantia de qualidade, objetivando a conclusão nessa etapa de ensino.
O Plano ainda enfatiza o estudo em tempo integral e as classes de aceleração como mecanismos de 
garantia de maior tempo da criança na escola e da universalização de fato da educação, bem como da redução 
dos números de repetência e evasão escolar. Nessa perspectiva, há possibilidades de atualização do currículo 
escolar de forma a torná-lo mais abrangente, com possibilidades de desenvolver habilidades e potencialidades 
dos educandos.
Portanto, o PNE tinha como meta universalizar o atendimento ao ensino fundamental, num prazo máximo 
de cinco anos a contar a partir da aprovação e instauração deste, bem como ambicionava ampliar para nove 
anos essa etapa da educação, com vistas a mobilizar estados e municípios para a elaboração de projetos 
pedagógicos em consonância com o expresso nas Diretrizes Curriculares para o ensino fundamental e com os 
Parâmetros Curriculares Nacionais.
Na próxima Unidade, vocês conhecerão as concepções pedagógicas que estiveram e ainda estão presentes.
20
Unidade
3.1 Conceito e Categorias das Concepções Pedagógicas
Nesta Unidade estudaremos o conceito de concepção pedagógica em um ambiente educativo, bem como 
suas categorias de apresentação. Leia com atenção e bons estudos!
Concepção pedagógica significa, dentro da história da educação brasileira, uma tendência a ser seguida por 
muitos professores nas salas de aula de todo o país para assim conduzir o processo de ensino e aprendizagem. 
Gadotti (2006, p. 14) salienta que “Há sempre uma teoria da pesquisa que condiciona o método e os próprios 
resultados”, ou seja, a escolha por uma concepção, tendência ou método de ensino implica pesquisa, sua 
aplicação e resultados, que implicam sucesso ou fracasso do processo de ensino.
Nessa perspectiva, podemos elencar tendências pedagógicas que tiveram sua vigência em períodos 
específicos da história da educação brasileira:
[...] tendências: até 1930: predomínio da tendência humanista tradicional; de 1930 a 1945: equilíbrio 
entre as tendênciashumanista tradicional e humanista moderna; de 1945 a 1960: predomínio da 
tendência ‘humanista’ moderna; de 1960 a 1968: crise da tendência ‘humanista’ moderna e articulação 
da tendência tecnicista; a partir de 1968: predomínio da tendência tecnicista e a concomitante 
emergência de críticas à pedagogia oficial e à política educacional que busca implementá-la. (SAVIANI 
apud GADOTTI, 2006, p. 16).
Sendo assim, podemos afirmar que as concepções pedagógicas são as teorias da educação que tiveram 
seu auge na relação em que se precisa estabelecer entre professor e aluno durante o processo de ensino e 
aprendizagem.
A primeira concepção pedagógica a vigorar no Brasil foi o modelo tradicional de ensino, cujo foco era 
o método de ensino utilizado; o professor era considerado o dono do saber e o aluno precisava esforçar-se ao 
máximo para concluir seus estudos.
Entre os anos de 1584 e 1599, surgiu o movimento do Ratio Studiorum, que visava a organizar um plano 
geral de estudo, organizando regras para todo o ensino. Os precursores do movimento foram Tomás de Aquino 
e Aristóteles e eles buscavam a superação de práticas medievais em direção a uma pedagogia (prática) moderna.
Esta unidade tem como objetivo:
• Compreender o conceito de concepção pedagógica e a estreita relação entre professor e aluno.
Concepções pedagógicas e implicações na 
relação professor/aluno3
Você sabia?
Ratio Sudiorum representava um conjunto de normas criado para regulamentar o ensino nos colégios 
jesuíticos. Tinha por finalidade ordenar as atividades, as funções e os métodos de avaliação nas 
escolas jesuíticas. Não estava explícito no texto o desejo de que ela se tornasse um método inovador 
que influenciasse a educação moderna; mesmo assim, foi ponte entre o ensino medieval e o moderno. 
Antes de o documento em questão ser elaborado, a ordem tinha suas normas para o regimento interno 
dos colégios, os chamados Ordenamentos de Estudos, que serviram de inspiração e ponto de partida 
para a elaboração da Ratio Studiorum.
Fonte: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_ratio_studiorum.htm
21
A Pedagogia ou Concepção Tradicional foi dominante até o final do século XIX, mas em meados de 
1759 se iniciou no Brasil o movimento das Reformas Pombalinas, que foram contraposições ao predomínio 
de ideias religiosas, dando espaço às ideias laicas inspiradas no Iluminismo. Essa corrente preza pela razão, 
instituindo o privilégio do Estado para a instrução.
Outro ponto importante da história das teorias da educação foi o surgimento da Pedagogia do Humanismo, 
em que ainda permanece o vínculo com as ideias religiosas, mas algo inovador ocorre com o surgimento 
das Aulas Régias, em 1772, que pagavam os professores pelas aulas por meio de subsídio literário. Surge 
também nesse período o método mútuo, em que o ensino se dava pela monitoria. Com o surgimento do método 
intuitivo de ensino, buscou-se organizar lições por meio da elaboração de manuais pedagógicos.
Ainda discorrendo sobre a Pedagogia Tradicional, a seguir apresentamos na Tabela 1, a concepção 
correspondente do mundo, do homem, da sociedade e da escola, tendo como direcionamento as constatações 
de Mizukami (1986).
Tabela 1. O mundo, o homem, a sociedade e a escola - Pedagogia Tradicional
Este movimento surgiu na França do século XVII e defendia o domínio da razão sobre a visão 
teocêntrica que dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, essa 
forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade.
Os pensadores que defendiam esses ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser 
levado adiante, substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a 
evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que, 
até então, eram justificadas somente pela fé.
Fonte: http://www.suapesquisa.com/historia/iluminismo/
Saiba mais!
Homem O homem é um receptor passivo com informações 
necessárias, podendo assim repeti-las às outras 
pessoas que ainda não as possuam, assim como pode 
ser eficiente em sua profissão, quando de posse dessas 
informações e conteúdos.
Mundo A realidade é algo que será transmitido ao indivíduo 
principalmente pelo processo de educação formal, 
além de outras agências, tais como família e a igreja.
Sociedade O diploma pode ser tomado como um instrumento 
de hierarquização. Dessa forma, o diploma iria 
desempenhar um papel mediador entre a formação 
cultural e o exercício de funções sociais determinadas. 
Pode-se afirmar que as tendências englobadas por esse 
tipo de abordagem possuem uma visão individualista 
do processo educacional, não possibilitando, na 
maioria das vezes, trabalhos de cooperação nos quais 
o futuro cidadão possa experienciar a convergência 
de esforços.
22
Já no século XX surge a Concepção Pedagógica Renovada ou Escola Nova (1932-1969). Nessa tendência, 
o foco era o aluno e como levá-lo a aprender por meio de atividades práticas, ou seja, da espontaneidade. Em 
1932, também ocorreu o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que pregava uma nova psicologia, 
desenhada a partir de um conceito de aprender, pois, de acordo com ideais do movimento, só se aprende aquilo 
que traz prazer.
O movimento da Escola Nova trouxe o aluno para o centro do processo de aprendizagem, no qual as 
experiências concretas remetem-se à autonomia do alunado. A referência da Escola Nova foi John Dewey 
(1859-1952), o qual prezava pela liberdade, individualismo, igualdade e democracia na educação.
Na sequência, a seguir apresentamos resumidamente, na Tabela 2, uma abordagem de Mizukami (1986), 
sobre o homem, o mundo, a sociedade e a escola na Concepção Pedagógica Renovada. 
Tabela 2. O homem, o mundo, a sociedade e a escola - Concepção Pedagógica Renovada ou Escola 
Nova 
Já na década de 1960 ocorre o esgotamento do modelo renovador e assim se articula a Tendência Tecnicista 
de base produtivista, assumida com a orientação de grupos de militares e tecnocratas. Nesse período, também 
ocorreu o golpe militar (1964) e assim a educação assume o cunho de preparar pessoas para o mercado de 
trabalho. A educação apresentou influência da Teoria do Capital Humano, que passou a ser valorizada, e surgiu 
a definição de que a educação é um bem de produção.
Escola A escola é o lugar por excelência onde se realiza 
a educação, a qual se restringe a um processo de 
transmissão de informações em sala de aula e 
funciona como uma agência sistematizadora de uma 
cultura complexa. Considera o ato de aprender como 
uma cerimônia e acha necessário que o professor se 
mantenha distante dos alunos. Uma escola desse tipo 
é frequentemente utilitarista quanto a resultados e 
programas preestabelecidos.
Fonte: Texto adaptado de Mizukami (1986)
Homem Busca soluções práticas em seu cotidiano.
Mundo Favorece as situações que levam a questões da 
prática e do pragmatismo, ou seja, a aplicação da 
teoria à prática.
Sociedade Oferece autonomia para que as pessoas possam 
formar opinião própria e percepção da realidade.
Escola Tem a função de formar atitudes.
Fonte: Texto adaptado de Mizukami (1986)
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Para melhor compreensão, descrevemos de forma sintética, na Tabela 3 a seguir, os estudos de Mizukami 
(1986), relativos ao homem, ao mundo, a sociedade e a escola na Tendência Tecnicista. 
Tabela 3. O homem, o mundo, a sociedade e a escola - Tendência Tecnicista
Mas, na década de 1970, surge a Concepção Crítico-Reprodutivista, numa tentativa de empreender uma 
crítica à teoria do capital humano, trazendo assim à tona um novo contexto, denominado de neoliberalismo.
Curiosidade
Aplicada ao campo educacional, a ideia de capital humano gerou 
toda uma concepção tecnicista sobre o ensino e sobre a organização 
da educação, o que acabou por mistificar seus reais objetivos. Sob a 
predominância desta visão tecnicista, passou-se a disseminar a ideia 
de que a educação é o pressuposto do desenvolvimentoeconômico, 
bem como do desenvolvimento do indivíduo, que, ao educar-se, 
estaria “valorizando” a si próprio, na mesma lógica em que se valoriza 
o capital.
Leia mais sobre o assunto!
Fonte: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/
verb_c_teoria_%20do_capital_humano.htm>
Homem Preocupação em formar indivíduos técnicos em 
distintas áreas de conhecimento.
Mundo Expansão das indústrias.
Sociedade Busca por espaço no mercado de trabalho.
Escola Preocupação em formar indivíduos técnicos em 
determinadas frentes/área de trabalho.
Fonte: Texto adaptado de Mizukami (1986)
Neoliberalismo é uma redefinição do liberalismo clássico, influenciado pelas teorias econômicas 
neoclássicas, e é entendido como um produto do liberalismo econômico clássico. O neoliberalismo 
pode ser uma corrente de pensamento e uma ideologia, ou seja, uma forma de ver e julgar o mundo 
social ou um movimento intelectual organizado, que realiza reuniões, conferências e congressos.
Na política, o neoliberalismo é um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que 
defende a não-participação do estado na economia e que deve haver total liberdade de comércio, 
para garantir o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país.
O neoliberalismo defende a pouca intervenção do governo no mercado de trabalho, a política 
de privatização de empresas estatais, a livre circulação de capitais internacionais e a ênfase na 
Saiba mais!
24
No contexto do neoliberalismo, surgem concepções pedagógicas contra-hegemônicas as quais tratam a 
relação teoria e prática como algo indissociável e que contrapõem os ideais da Teoria do Capital Humano. As 
novas concepções pedagógicas vieram da luta de classes e da busca por melhores condições de trabalho das 
pessoas que fizeram a história que hoje conhecemos.
Cabe ainda enfatizar algumas informações relevantes sobre esta concepção, registradas de forma sintética 
na Tabela 4, a seguir:
Tabela 4. O homem, o mundo, a sociedade e a escola- Concepção Crítico-Reprodutivista
Um exemplo da concepção neoliberal é a Concepção Pedagógica Libertadora, idealizada por Paulo 
Freire (1971-1976), a qual aponta a função reprodutora da escola, mas um ponto muito positivo dessa 
concepção paira na consideração do conhecimento prévio do indivíduo para, a partir daí, iniciar o processo de 
aprendizagem.
Enfatizam-se algumas informações relevantes sobre essa concepção, na Tabela 5 a seguir, segundo 
Mizukami (1986):
Tabela 5. O homem, o mundo, a sociedade e a escola- Concepção Pedagógica Libertadora
globalização, a abertura da economia para a entrada de multinacionais, a adoção de medidas contra 
o protecionismo econômico, a diminuição dos impostos e tributos excessivos etc.
Fonte: http://www.significados.com.br/neoliberalismo/
Vídeo
Ainda está com dúvidas sobre o neoliberalismo?
Então veja o vídeo que explica melhor o que vem a ser neoliberalismo:
<http://www.youtube.com/watch?v=X1uEvjyMaIM> 
Homem Existem aqueles de lideram e aqueles que são 
liderados.
Mundo Prevalece a ideologia dominante e as massas 
(proletariado) são responsáveis pelo trabalho.
Sociedade Existe a burguesia e o proletariado.
Escola A escola cumpre a missão de formar a força de 
trabalho para atuar no sistema.
Fonte: Texto adaptado de Mizukami (1986)
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Já na década de 1980 surge a Concepção Pedagógica Histórico-Crítica, que representou uma concepção 
dialética que considerava o materialismo histórico, apresentando grande afinidade com a Psicologia (Vygotsky).
Por fim, nos anos 1990, mantém-se a hegemonia do capital humano, em que educação é considerada 
um instrumento de crescimento econômico. Os ideais de Émile Durkheim (1858-1917) representaram esse 
período, pois a educação se apresentava como um mecanismo adaptativo, ou seja, a busca por equilíbrio social.
Esta última concepção traz uma visão de homem, mundo, sociedade e escola, conforme destaques na 
Tabela 6, a seguir: 
Tabela 6. O homem, o mundo, a sociedade e a escola- Concepção Pedagógica Histórico-Crítica 
Concepção Pedagógica Libertadora
No próximo item, trataremos do processo de ensinar e aprender, contextualizando assim a educação e os 
percalços da aprendizagem. Leiam com muita atenção!
3.2 Relação Professor e Aluno
Inicialmente, é importante trazer o significado da palavra “professor”. O Dicionário Online Priberam 
afirma que professor é aquele que ensina uma arte, uma atividade. Significa também aquela pessoa que ensina 
Homem O homem encontra-se em um contexto histórico, 
ou seja, é sujeito da educação, e a ação educativa 
promove o indivíduo, representando assim um ser 
único dentro de uma sociedade/ambiente.
Mundo A elaboração e o desenvolvimento do conhecimento 
estão ligados ao processo de conscientização das 
pessoas.
Sociedade O homem alienado não se relaciona com a realidade 
objetiva, como um verdadeiro sujeito, ou seja, o 
pensamento está distanciado da ação.
Escola Pretende ser um local onde seja possível o crescimento 
mútuo, ou seja, do professor e dos alunos, no 
processo de conscientização, o que indica uma 
escola diferenciada, apresentando seus currículos e 
prioridades.
Fonte: Texto adaptado de Mizukami (1986)
Homem O homem e o mundo serão analisados conjuntamente, 
já que o conhecimento é o produto da interação entre 
eles.
Mundo A organização do conhecimento, processamento de 
informações estilos de pensamento, ou seja, havia 
comportamentos relativos à tomada de decisões.
Sociedade Os fatos sociológicos, valores, normas, símbolos 
representam posicionamento, variam de grupo para 
grupo, de acordo como o desenvolvimento mental 
das pessoas que constituem a sociedade.
Escola A escola deveria começar ensinando a criança a 
observar.
Fonte: Texto adaptado de Mizukami (1986)
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em escola, universidade ou noutro estabelecimento de ensino, ou seja, docente. Já “aluno”, de acordo com o 
mesmo dicionário, simboliza aquele que recebe de outrem educação e instrução, discípulo ou aprendiz.
A profissão de professor no Brasil, segundo Guiraldelli Jr. (2009), foi instituída na década de 1970 e 
conferia prestígio significativo perante a sociedade, mas com a desvalorização salarial da carreira do magistério, 
devido ao surgimento da profissão de professor universitário, houve grande abalo no prestígio dessa classe 
trabalhadora. Contudo, essa profissão até os dias atuais é fundamental e dela depende o sucesso ou fracasso do 
aluno em sua aprendizagem, conforme aponta a figura abaixo, que demonstra a proximidade entre professor e 
aluno durante o processo de ensino.
A figura do professor atualmente tem a função de promover a mediação do conhecimento e não a 
transmissão do conhecimento de acordo com o modelo tradicional de ensino. O professor representa um 
facilitador do processo de ensino e aprendizagem em todas as etapas da educação básica.
Cabe ao professor também ser um eterno pesquisador, buscando formações continuadas para melhor 
prover suas aulas e planejamento de ensino, conforme salienta Casassus (2007): “A capacitação em serviço dos 
docentes foi detectada como um aspecto muito importante em diversos estudos de efetividade, em particular 
em suas interações com os anos de formação inicial” (p. 118).
Retomando o significado da palavra “aluno” nesse dicionário (Priberam Online), “o que recebe de outrem 
educação e instrução, discípulo, aprendiz”, podemos afirmar que da relação professor e aluno depende o 
sucesso do processo de aprendizagem.
A figura do aluno remonta aos nossos primórdios, com a catequização dos indígenas pelos jesuítas, pois 
nesse período se precisava ensinar o cristianismo para os povos recém-colonizados, estabelecendo assim uma 
relação entre professor e aluno.
Figura 6: Teacher Holding Globe 
Fonte: http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-image-teacher-
holding-globe-image12536316
Figura 7: Teacher helping student in classroom 
Fonte: http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-photography-
teacher-helping-student-classroom-image17048687
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Logo, percebe-seque professor e aluno apresentam significados que se completam e dão sentido ao 
complexo processo de ensinar e aprender visto no tópico anterior.
Sendo assim, a relação que se precisa estabelecer entre professor e aluno perpassa as carteiras de uma 
sala de aula: há a necessidade de criar um vínculo afetivo, em que o desenvolvimento do processo de ensino e 
aprendizagem se dará de forma harmoniosa. Asseverando isso, Libâneo (2003) salienta que a relação professor-
aluno precisa ser próxima para que se instaure realmente o processo de ensino e aprendizagem:
[...] O que se afirma é que o professor medeia a relação ativa do aluno com a matéria, inclusive 
com conteúdos próprios de sua disciplina, mas considerando os conhecimentos, a experiência e os 
significados que os alunos trazem à sua sala de aula, seu potencial cognitivo, suas capacidades e 
interesses, seus procedimentos de pensar, seu modo de trabalhar. Ao mesmo tempo, o professor ajuda 
no questionamento dessas experiências e significados, provê condições e meios cognitivos para sua 
modificação por parte dos alunos e orienta-os, intencionalmente, para objetivos educativos. Está 
embutida aí a ajuda do professor para o desenvolvimentos das competências do pensar, em função 
do que coloca problemas, pergunta, dialoga, ouve os alunos, ensina-os argumentar, abre espaço para 
expressarem seus pensamentos, sentimentos, desejos, de modo que tragam para a aula sua realidade 
vivida. (p. 29)
Podemos perceber o quanto é árdua a missão do professor no processo de aprendizagem do aluno. Libâneo 
(2003) ainda enfatiza que cabe ao professor mediar “[...] uma formação que ajude o aluno a transformar-
se num sujeito pensante, de modo que aprenda a utilizar seu potencial de pensamento por meio de meios 
cognitivos de construção e reconstrução de conceitos, habilidades, atitudes, valores” (p. 30).
Não podemos deixar de mencionar que a escola é uma criação nova na história do homem, apresenta pouco 
mais de duzentos anos e surgiu com “a grande missão de transmitir às novas gerações o saber sistematizado 
pela humanidade”, de acordo com Castro; Carvalho (2001, p. 34). Sendo assim, a escola apresenta-se como 
um dos grandes elos entre professor e aluno no contexto educacional.
Portanto, a relação professor e aluno necessita ser de estreita amizade para que, por meio do vínculo 
afetivo, instaure-se o processo de ensino e aprendizagem e assim se possa garantir o desenvolvimento integral 
do alunado em seu período escolar.
No próximo tópico, analisaremos o complexo processo de ensinar e aprender a partir dessa relação entre 
professor e aluno já vista neste último tópico estudado. Agora, vamos à leitura!
3.3 O Complexo Processo de Ensinar e Aprender
Neste item, traremos para discussão a relação existente entre ensinar e aprender no contexto educacional, 
já que, de acordo com Gadotti (2006, p. 55), “Educar é desinstalar. O educador não é aquele que reproduz os 
sermões prontos e acabados, mas aquele que desperta consciência, motiva para a existência”.
Sendo assim, podemos salientar que o educador apresenta papel fundamental nesse processo, pois, ainda 
segundo Gadotti (2006), o educar surge com seu alunado no mundo impessoal em que se vive.
Nesse contexto, Castro e Carvalho (2001) relatam que:
Ensinar é uma realidade que pode ser interrogada e pesquisada não só pela percepção de atos visíveis 
em sua execução, em suas modalidades, seus sucessos e fracassos, mas também pela reflexão sobre o 
seu significado na formação da personalidade e suas consequências para a vida social. É uma realidade 
de natureza relacional, envolvendo muitas variáveis, embora dependente da intencionalidade que a 
conduz. (p. 20).
Nesse sentido, torna-se relevante salientar que grandes problemas podem afetar o processo de ensino e 
aprendizagem, tais como:
• o desenvolvimento cognitivo da criança/aluno;
• as limitações da criança/aluno;
• a falta de preparo do professor;
• o método de ensino adotado;
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• prática pedagógica inadequada em sala de aula.
Dessa forma, percebemos que muitos são os problemas que podem ser atribuídos à ineficácia do processo 
de ensinar e aprender. Diante disto, verificamos que a criança/aluno está no centro, conforme Castro; Carvalho 
(2001, p. 21) salientam:
É a própria educação que está em jogo, a formação da personalidade integral do ser humano, frase esta 
que, de tão repetida, tende a perder sua significação. Se educar consiste em liberar o indivíduo para 
escolher seus rumos, inventar e criar, dentro de um projeto de vida social, vê-se que a tarefa é complicada 
e afeta a tríplice relação entre quem aprende, quem ensina e o conteúdo ensinado/aprendido. [...].
Severino (apud LIMA, 2006, p. 292) afirma que: 
No seu relacionamento com o universo simbólico da existência humana, a prática educativa revela-
se, em sua essencialidade, como modalidade técnica e política de expressão desse universo, e como 
investimento formativo em todas as outras modalidades de práticas. Como modalidade de trabalho, 
atividade técnica, essa prática é estritamente cultural, uma vez que se realiza mediante o uso de 
ferramentas simbólicas. Desse modo, é como prática cultural que a educação se faz mediadora da 
prática produtora e da prática política, ao mesmo tempo em que responde também pela produção 
cultural. (p. 292).
 Perrenoud (2001) também apresenta sua definição para o ato de ensinar: “fazer parte de um sistema e 
trabalhar em diversos níveis” (p. 57). Nesse sentido, podemos então salientar que ensinar perpassa a proposta 
de se ter cultura, como professor, apenas a partir da porta da sala; atualmente, o professor encontra-se num 
contexto em que se vê obrigado a questionar seus hábitos e competências com a finalidade de oferecer um 
ensino pautado na qualidade.
 Portanto, a concepção de ensinar, aprender e o processo de educação nesse contexto perpassam o papel 
que cada um exerce no contexto educacional e relacionam-se, sim, com os rumos que o processo de ensino 
tomará, já que o objetivo maior é a aprendizagem realmente efetivada.
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Unidade
4.1 Qualidade do Ensino
Estamos em nossa penúltima aula! E para isso precisamos falar um pouco sobre os desafios históricos 
da educação brasileira. Para tanto, iniciaremos este tópico tratando de um dos assuntos mais polêmicos no 
contexto atual da educação no Brasil: a qualidade do ensino.
Os desafios propostos ao sistema educacional brasileiro são pertinentes e pairam sobre a falta de recursos 
para subsidiar a educação nos quesitos relacionados à capacitação de profissionais para o trabalho em sala de 
aula, à necessidade da garantia de uma merenda de qualidade, à falta de livros didáticos para atender a toda a 
demanda estudantil presente no país, dentre outras prerrogativas.
Nessa perspectiva de desafio, o Brasil praticamente universalizou o acesso à educação básica pública, 
mas, mesmo com o amparo legal, ainda há sérios problemas relacionados à qualidade, bem como situações em 
que as crianças estão fora do ambiente escolar. E ainda que se vença a barreira da exclusão por falta de escolas 
em lugares periféricos, há dificuldades na conclusão dessa etapa da educação pela criança, ora pelos elevados 
índices de reprovação seguida da evasão escolar, ora pelo desestímulo relacionado à defasagem idade/série.
A educação é essencialmente uma prática social presente em diferentes espaços e momentos da produção 
da vida social. Nesse contexto, a educação escolar, objeto de políticas públicas, cumpre destacado papel 
nos processos formativos por meio dos diferentes níveis, ciclos e modalidades educativas. Mesmo 
na educação formal, que ocorre por intermédio de instituições educativas, a exemplo das escolas de 
educação básica, são diversas as finalidades educacionais estabelecidas, assim como são distintos os 
princípios que orientam o processo ensino-aprendizagem, pois cada país, com sua trajetória histórico-
cultural e com o seu projeto de nação, estabelece diretrizes e bases para o seu sistema educacional.

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