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dor controle

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Tratado de medicina interna veterinária 
Seção I
· Dor: controle
Depende de sua duração, o local onde surgem os impulsos dolorosos e o estado de consciência do animal.
ASPECTOS DA DOR 
· Aguda vs. crônica 
A aguda está associada a eventos como uma lesão: cirurgias, manipulação diagnóstica ou doença dolorosa de curta duração. Caso os impulsos dolorosos chegam até a medula espinhal, através de nociceptores, ocorre o que chamamos de acabamento, onde a intensidade e tamanho dos campos periféricos sensoriais aos impulsos são aumentados. Sempre que possível, é desejável no tratamento da dor aguda impedir que esses impulsos cheguem até SNC; caso não se cumpra essa meta, o objetivo se torna modificar a resposta do SNC a tais impulsos.
A dor crônica é definida como existente há mais de três meses, estando associada a um processo mórbido que pode ser controlado, mas não curado. O objetivo é modificar a sensação de dor sem exacerbar a doença causadora, porém alterações permanentes no SNC podem dificultar o tratamento. 
· Local de origem 
Se a lesão ou inflamação estiver localizada em uma região do corpo cujos impulsos nociceptivos possam ser bloqueados empregando analgesia epidural, a reação sistêmica à dor pode ser eliminada. 
· Estado de consciência 
Determina se há ou não processamento cortical da sensação dolorosa. A anestesia impede a resposta cortical à dor, mas nada faz para modificar o processamento periférico e espinhal dos impulsos dolorosos. É importante distinguir entre a capacidade de sentir dor, a resposta à dor e a consciência da dor. 
TÉCNICAS DE CONTROLES DA DOR 
· Anestésicos locais 
Usam-se lidocaína e bupivacaína na dor aguda, sua mistura com adrenalina prolonga a duração de sua ação e as mantêm no lugar, com poucos efeitos colaterais sistêmicos. Adota-se a lidocaína em casos de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos ligeiros, que requerem início de ação rápido e que se espera não causar dor após a realização; bupivacaína quando se espera que a dor se prolongue após o procedimento. 
Também pode ser adotados técnicas de infiltração.
· Injeções epidurais 
Com a intenção de modificar a transmissão espinhal do impulso nociceptivo, são necessárias doses muito baixas por essa via de administração do que pelas vias sistêmicas, o que reduz a incidência de efeitos colaterais. 
Fármacos lipossolúveis exercem efeito local e atuam sobre a metade caudal do animal; os hidrossolúveis se distribuem por várias horas em todo o canal espinhal. 
(É mais fácil controlar a dor de gatos por meio de um cateter epidural que por via sistêmica, por causa de efeitos colaterais reduzidos dos narcóticos.)
· Fármacos intravenosos e intramusculares 
Usam-se por via sistêmica para alívio da dor quando os impulsos nociceptivos não podem ser bloqueados no local ou em nível da medula espinhal, bem como no tratamento da dor recente e súbita associada a movimento ou aquela que surge além da controlada por um nível basal de analgesia. 
Os AINEs são os mais úteis em procedimentos cirúrgicos ou ortopédicos de pequeno porte, contudo devem ser usados com cautela pois seus efeitos de hipotensão podem aprofundar problemas renais tóxicos, assim como seu prolongado pode gerar efeitos colaterais gastrointestinais. Gatos, no geral, conseguem administrar uma única dose destes fármacos, mas desenvolvem efeitos tóxicos com a administração prolongada. 
Os alfa-agonistas podem exercer efeitos analgésicos pronunciados. Seu uso sistêmico prolongado pode ocasionar em efeitos colaterais cardiovasculares, porém são bastante eficazes em doses baixas, particularmente em éguas como parte de um “coquetel” analgésico. 
Os narcóticos são o tratamento para dor mais utilizado, seus efeitos são dosados pois há uma variação de até cinco vezes nas doses analgésicas em indivíduos normais. 
· Fármacos transdérmicos
Fentanil é um narcótico agonista disponível em forma de placa cutânea que libera o fármaco a uma taxa constante, podendo ser utilizada em casos de dores agudas ou crônicas. Em algumas pessoas que utilizaram as placas, desenvolveu-se depressão respiratória causadora de morte, entretanto isso não ocorre em cães e gatos, por isso esses fármacos se tornam seguros a esses animais. 
· Fármacos orais 
São utilizados em casos de dor crônica, no cão e gato, ou dor em transição em outros pacientes. Os mais comuns são o AINEs (somente ácido acetilsalicílico em gatos), combinações de opioides com AINEs para cães, narcóticos, agentes condroprotetores e corticosteroides para gatos.
Os AINEs são utilizados no tratamento da inflamação associada à cirurgia ou lesão, osteoartrite e como primeira etapa no tratamento progressivo da dor do câncer. Em cães, pode-se utilizar uma infinidade de AINEs, porém com efeitos colaterais monitorados. 
O butafernol oral é um fármaco útil para o controle da dor crônica em gatos, mas pode exercer efeitos colaterais sedativos. 
Os corticosteroides são usados no controle da dor em gatos com artrite em estágio terminal, mas seu uso crônico nesses casos pode acelerar o surgimento de destruição da cartilagem. Entretanto, em estágios terminais, o bem-estar do animal deve ser tomado com preocupação primordial. 
Os condroprotetores orais são bastante usados em casos de osteoartrite, com evidências sem comprovação em estágios já crônicos. 
· Dor neuropática 
Resultante de uma lesão ou doença do tecido nervoso. Normalmente é tratada com fármacos antidepressivos tricíclicos. 
· Terapia não medicamentosa 
A acupuntura trata tanto da dor crônica quanto aguda. Seu mecanismo de analgesia parece envolver a estimulação de interneurônios inibitórios na medula espinhal, bem como a liberação endógena de encefalinas, endorfinas e opiáceos.

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