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153 ISSN 0103-4235 ISSN 2179-4448 on line Alim. Nutr.= Braz. J. Food Nutr., Araraquara v. 24, n. 2, p. 153-158, abr./jun. 2013 AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS PREPARAÇÕES DO CARDÁPIO DE UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO HOSPITALAR DE VITÓRIA DA CONQUISTA, BAHIA Laís Ferraz BRITO* Vanessa Moraes BEZERRA** *Graduação em nutrição. Instituto Multidisciplinar em Saúde – Campus Anísio Teixeira – Universidade Federal da Bahia – 45029-094 – Vitória da Conquista – BA – Brasil. **Núcleo Complexo Produtivo em Saúde – Instituto Multidisciplinar em Saúde – Campus Anísio Teixeira – Universidade Federal da Bahia – 45029-094 – Vitória da Conquista – BA – Brasil. email: vanessa.moraes@ufba.br. RESUMO: O objetivo deste trabalho foi analisar qua- litativamente os cardápios servidos aos acompanhantes e servidores de uma Unidade de Alimentação e Nutrição de um hospital público do município de Vitória da Con- quista, Bahia. Foi realizada uma pesquisa exploratória, durante cinco semanas entre os meses de agosto e setem- bro de 2011. Foram analisados os cardápios do almoço de 31 dias, de acompanhantes e servidores do hospital, com base no método de Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio. Uma oferta reduzida de folhosos foi obser- vada nos cardápios dos acompanhantes (19,4%) e servido- res (41,9%), bem como um grande fornecimento de doces, 64,5% e 70,9%, respectivamente. Repetições de pratos principais foram encontradas em ambos os cardápios dos grupos avaliados e no cardápio dos servidores destacam- -se refeições ricas em alimentos sulfurados (48,4%). Tais inconformidades confi guram um risco à saúde da cliente- la dado a gama de doenças crônicas desencadeadas pelo desequilíbrio nutricional relativo ao consumo açúcares e gorduras, em detrimento da ingestão de frutas e verduras. Torna-se necessário, a implementação de medidas correti- vas, como o planejamento adequado do cardápio, de modo a padronizar o processo de produção de refeições e melho- rar a qualidade nutricional e sensorial das preparações. PALAVRAS-CHAVE: Cardápio; análise qualitativa; ali- mentação; doenças crônicas; promoção da saúde. INTRODUÇÃO A Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) cons- titui em uma empresa o setor responsável pela oferta de refeições à clientela, variando de acordo com o perfi l des- ta, com a estrutura física local, os equipamentos presen- tes, além dos recursos humanos, materiais e fi nanceiros disponíveis (LANZILOTTI et al., 2004; CARDOSO et al., 2005). Assim, o objetivo da UAN deve ser cuidar da alimentação e nutrição ao ofertar refeições sensorialmen- te agradáveis, equilibradas do ponto de vista nutricional e com garantia de qualidade higienicossanitária (VEIROS, 2002; TRANCOSO; TOMASIAK, 2004). O contexto hospitalar confere à UAN a responsa- bilidade de fornecer uma alimentação equilibrada visando à manutenção, recuperação e promoção da saúde da popu- lação enferma (NONINO-BORGES et al., 2006) e sadia, geralmente composta por funcionários e acompanhantes dos pacientes. Ao se abordar esta conjuntura, o cardápio desponta como uma ferramenta de fundamental importân- cia para o planejamento de refeições para diferentes coleti- vidades (GARÓFOLO et al., 2004). Ricarte et al. (2008) afi rmam que a composição de um cardápio deve basear-se na clientela e na época do ano, ao passo que Vanin et al. (2007) defi nem o planejamento do cardápio como uma atividade contínua e fundamental que, no entanto, caracteriza-se pela difi culdade em atender à cri- térios técnicos, operacionais e administrativos, bem como custos e preferências do comensal simultaneamente. Assim, ressalta-se a importância do planejamento correto, pois falhas nesta etapa de construção do cardápio podem inferir na qualidade das refeições servidas, podendo resultar em preparações monótonas, pouco atrativas devido à repetição e desequilibradas quanto ao aspecto nutricional (AKUTSU et al., 2005), em razão de inadequações no pla- nejamento. Nesse contexto, um instrumento bastante útil para avaliar qualitativamente a composição do cardápio é o método de Avaliação Qualitativa das Preparações do Car- dápio - AQPC (PASSOS, 2008). Elaborado por Veiros et al. (2006) com vista a auxiliar o nutricionista a construir cardápios mais adequados do ponto de vista nutricional e sensorial, pois o mesmo, ao verifi car os critérios como cores, técnicas de preparo, combinações, oferta de frutas, folhosos e teor de enxofre, o profi ssional contribui para a melhoria das características organolépticas e da qualidade nutricional das preparações. Mudanças inesperadas nos cardápios caracterizam falta de planejamento o que dista dos objetivos da UAN ao prejudicar a qualidade nutricional das preparações, 154154 BRITO, L.F.; BEZERRA, V.M. Avaliação qualitativa do cardápio. Alim. Nutr.= Braz. J. Food Nutr., v.24, n.2, p. 153-158, abr/jun. 2013. bem como a aceitação pelos comensais (SAYUR; PINTO, 2009). Diante disto, este trabalho objetivou analisar qua- litativamente os cardápios servidos aos acompanhantes e servidores de um UAN hospitalar do município de Vitória da Conquista, Bahia. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizada uma pesquisa exploratória, em uma UAN localizada em hospital público do município de Vi- tória da Conquista, Bahia, durante cinco semanas entre os meses de agosto e setembro de 2011. O serviço de alimentação do hospital é terceirizado. Os cardápios eram elaborados trimestralmente sendo esta- belecido o sistema de rodízio no planejamento, de modo que as preparações do primeiro dia só voltassem a aparecer, em conjunto, no fi nal de três meses. O sistema de distribui- ção é do tipo self-service para os funcionários do hospital, com exceção do prato protéico que é porcionado, e cafete- ria fi xa para os acompanhantes. Estes últimos têm direito a três refeições por dia (desjejum, almoço e jantar), sendo o almoço composto por pratos base (arroz e feijão), uma salada ou guarnição, um prato principal e uma sobremesa. Já os servidores do hospital têm acesso a três refeições diá- rias, que variam de acordo com o turno de trabalho, sendo o almoço composto por arroz, feijão, uma guarnição, um tipo de salada, um prato principal e uma segunda opção, uma sobremesa e um suco. Foram analisados os cardápios do almoço durante 31 dias, com base no método AQPC proposto por Veiros et al. (2006). Avaliou-se a presença de folhosos, alimentos ricos em enxofre, frutas, doces, frituras e monotonia de co- res, assim como repetições de pratos principais. Alguns critérios foram adotados para cada item da avaliação qualitativa Veiros et al. (2006). A presença de fru- tas foi considerada adequada quando estas foram ofertadas em, pelo menos, quatro dias na semana, e a de presença de verduras e legumes foi caracterizada como correta quando presente diariamente. Foram analisados, também, os fo- lhosos e estes foram classifi cados como adequados quando abrangiam uma porção diária para os acompanhantes e ser- vidores do hospital. Quanto à cor, os cardápios foram considerados monótonos quando apresentavam preparações com cores semelhantes no mesmo dia, com exceção das carnes e do feijão. Para o enxofre, foram considerados inadequados os cardápios que continham duas ou mais preparações sulfu- radas diariamente, sem contar o feijão, visto que o mesmo é consumido diariamente por praticamente toda a população. Ao contrário do descrito para as frutas, os doces de- veriam compor poucos dias de um cardápio. Então, a oferta excessiva de preparações doces foi classifi cada como ina- dequada. A presença de carnes gordurosas ou frituras foi destacada quando ultrapassou 25% do total de opções de carnes e do total de acompanhamentos. Além dos quesitos característicos do método AQPC, avaliou-se ainda a repeti- ção dos pratos principais. A avaliação do cardápio obedeceu à frequência re- lativa de ocorrência semanal dos critérios acima descritos e à frequência acumulada destes itens em todos os dias averiguados. Todosos dados foram tabulados no programa Microsoft Excel® 2010. RESULTADOS As análises sobre os cardápios ofertados aos acom- panhantes permitiram observar que foram oferecidos pou- cos alimentos folhosos, inclusive, nas semanas 2 e 3 não houve a oferta destes itens em um único dia (Tabela 1). Nos cardápios avaliados ao longo das semanas foi observado um baixo percentual de cores iguais (16,1%) e de preparações ricas em enxofre (9,7%). Porém, foi identi- fi cada uma reduzida oferta de frutas e maior disponibilida- de de doces nas refeições. Isto pode ser confi rmado pelos Tabela 1 – Análise dos cardápios oferecidos aos acompanhantes de pacientes de um hospital do município de Vitória da Conquista – Bahia, 2011. AQPC Dias de cardápio Folhosos (dias) Cores iguais (dias) Ricos em S (dias) Fruta (dias) Doce (dias) Doce + Fritura (dias) Fritura (dias) Semana 1 4 1 1 1 0 4 2 2 Semana 2 7 0 1 0 2 5 3 3 Semana 3 7 0 1 0 2 5 4 4 Semana 4 7 3 1 2 3 3 1 2 Semana 5 6 2 1 0 3 3 1 3 Total de dias 31 6 5 3 10 20 11 14 % de ocorrência 19,4% 16,1% 9,7% 32% 64,5% 35,5% 45,1% APQC= Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio; S= Enxofre. 155155 BRITO, L.F.; BEZERRA, V.M. Avaliação qualitativa do cardápio. Alim. Nutr.= Braz. J. Food Nutr., v.24, n.2, p. 153-158, abr/jun. 2013. maiores percentuais encontrados nos cardápios de acom- panhantes na tríade doce, fritura e fritura associada a doce, destacando que os doces apresentaram percentuais mais elevados (Tabela 1). Quanto às repetições de pratos principais, dos 31 cardápios de acompanhantes avaliados, 10 apresentaram pratos principais repetidos (carne de sol com ervas, bife acebolado e frango assado), o que equivaleu a um índice de 32,2%. Já as avaliações dos cardápios disponíveis para os servidores, revelaram uma maior oferta de folhosos quando comparado aos dos acompanhantes. Contudo, na terceira semana estes itens estiveram ausentes nos cardápios. Os servidores usufruíram, ainda, de refeições com cores seme- lhantes e ricas em enxofre, onde quase 50% dos cardápios continham duas ou mais preparações sulfuradas (Tabela 2). Também foram verifi cadas ofertas excessivas de doces e frituras, em detrimento de frutas e preparações cozidas, grelhadas ou assadas (Tabela 2). Quanto à repe- tição dos pratos principais, aos servidores foram ofertadas preparações frequentemente monótonas, tal que 77,4% das preparações se repetiram ao longo do mês, sendo o fi lé de frango ao molho e o bife na manteiga as mais comumente ofertadas. DISCUSSÃO No presente trabalho foi possível observar que à população em questão foram ofertados poucos alimentos folhosos e frutas, alta quantidade de doces e frituras e ín- dices variados de alimentos sulfurados, estando estes mais presentes nos cardápios dos servidores. Um ponto positivo a ser ressaltado foi a distribuição de cores ao longo das re- feições, a qual mostrou-se aceitável e pouco monótona. Os baixos percentuais de consumo de frutas e fo- lhosos despontam como um fato preocupante, pois é reco- mendada a ingestão de, pelo menos, três porções diárias de frutas e vegetais (ANTUNES et al., 2010) e, em alguns dias, estes itens não estiveram presentes nas refeições. O World Cancer Research Foundation (2007) enfatiza a im- portância do consumo de frutas e hortaliças e a restrição da ingestão de carnes vermelhas como um fator protetor contra o desenvolvimento de neoplasias (GARÓFOLO et al., 2004; ANTUNES et al., 2010). Ademais, a Organização Mundial de Saúde – OMS – (2005) afi rma que o consumo precário de frutas e verduras responde por 2,7 milhões de óbitos por ano, em decorrência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). O caráter preventivo dos alimentos vegetais se deve, principalmente, à presença de fi bras, uma vez que estas reduzem a absorção de colesterol e glicose, e, assim, diminuem o risco de dia- betes mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares; previnem a obstipação e melhoram os quadros de diarreia, através do estímulo à motilidade intestinal (MIRA et al., 2009). Partindo do pressuposto que uma alimentação co- lorida é sinônimo de variedade (DINIZ; MIGUEL, 2010), os cardápios analisados mostraram-se aceitáveis quanto ao quesito cor. Os cardápios dos servidores apresentaram um índice de monotonia de cores mais elevado do que dos acompanhantes, provavelmente, pelo fato de possuírem um maior número de preparações nos cardápios, e, assim, mais chances de repetição. Em um estudo realizado por Passos (2008) o total de repetição de cores das preparações dos cardápios obser- vados foi de 58,6%, valores superiores ao encontrado no presente trabalho. A presença de cores repetitivas prejudica a apresentação visual dos pratos e pode interferir na satis- fação do cliente com a refeição, desestimulando a vontade de consumir os alimentos (ASSIS, 2008). A literatura sobre a temática em questão ainda é escassa, fator que difi culta maiores comparações. O estudo revela que o percentual de alimentos ricos em enxofre dos cardápios dos acompanhantes estava ade- quado, em apenas cinco dias do mês houve a oferta dema- siada de alimentos sulfurosos. Em contrapartida, o almoço dos servidores era composto por um teor de enxofre quase Tabela 2 – Análise dos cardápios oferecidos aos servidores de um hospital do município de Vitória da Conquista – Bahia, 2011. AQPC Dias de cardápio Folhosos (dias) Cores iguais (dias) Ricos em S (dias) Fruta (dias) Doce (dias) Doce + Fritura (dias) Fritura (dias) Semana 1 4 2 2 2 1 3 2 3 Semana 2 7 4 0 2 1 6 4 5 Semana 3 7 0 2 1 2 5 5 6 Semana 4 7 4 3 4 2 5 3 5 Semana 5 6 3 2 1 3 3 2 4 Total de dias 31 13 9 10 9 22 16 23 % de ocorrência 41,9% 29% 48,4% 29% 70,9% 51,6% 74,2% APQC= Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio; S= Enxofre. 156156 BRITO, L.F.; BEZERRA, V.M. Avaliação qualitativa do cardápio. Alim. Nutr.= Braz. J. Food Nutr., v.24, n.2, p. 153-158, abr/jun. 2013. cinco vezes maior. Dados de Menegazzo et al. (2011) apre- sentam valores bem inferiores aos resultados aqui descri- tos, quando a presença destas preparações correspondeu a apenas 4%. É interessante que valores baixos, como este supracitado, sejam almejados e encontrados, apesar da lite- ratura designar aos alimentos sulfurados propriedades an- ticarcinogênicas e antimutagênicas (MORAES; COLLA, 2006), o consumo destes em excesso pode causar descon- forto gástrico (VEIROS et al., 2002). Quanto à sobremesa, foi observado que num cardá- pio de sete dias, ocorreu uma oferta média de frutas em dois dias e de doces em cinco dias, corroborando com os achados de Veiros et al. (2002), que observou a oferta de doces em detrimento de frutas como sobremesa. Do ponto de vista nutricional, este dado foi considerado inadequado, pois a maior oferta de doces pode contribuir para o aumento do valor calórico da refeição e para o desenvolvimento de obesidade e outras DCNT (BRASIL, 2006a). Além disso, o resultado encontrado para sobremesas não atende ao pre- conizado para alimentação de coletividades pelo Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) (BRASIL, 2006b), que estabelece a oferta de no mínimo, duas porções de fru- tas por dia, sendo uma nas refeições principais (desjejum, almoço e jantar) e outra nas pequenas refeições (colação e lanche). Os maiores percentuais observados nos cardápios estão relacionados à oferta de doce, fritura e fritura asso- ciada a doce, o que não diferiu dos resultados de Veiros & Proença (2003), quando discutiu a possibilidade do car- dápio apresentar alto valor calórico, devido à combinação de açúcares simples e gorduras. O consumo frequente de alimentos ricos em carboidratos e lipídeos concorre para o desenvolvimento de aterosclerose e outros eventos co- ronarianos por infl uenciarem o aumento dos níveis séricos de colesterol e triglicerídeos (MATOS; PROENÇA, 2003). É sabido que os lipídeos oriundos dos alimentos ricos em gorduras são fontes potenciais de energia e con- tribuemsubstancialmente para o aumento da densidade energética da refeição através do fornecimento de 2,25 ve- zes mais energia do que os demais macronutrientes (carboi- dratos e proteínas) (AMORIM; JUNQUEIRA, 2005). No entanto, Riekes (2004) destaca estudos epidemiológicos que associam o consumo demasiado de óleos e gorduras ao aumento do risco de DCNT. Dados do relatório sobre estatísticas sanitárias da OMS (2012) revelam que a população obesa do planeta au- mentou 100% entre 1980 e 2008, como refl exo das transfor- mações nos padrões de produção e consumo de alimentos e bebidas, assim como do sedentarismo. Por isso, tamanha apreensão quanto à oferta excessiva de fontes hipercalóri- cas nos cardápios analisados, uma vez que contribuem para o armazenamento de energia na forma de tecido adiposo e, consequente, ganho de peso ponderal. Quanto à repetição dos pratos principais, mais evi- denciada nos cardápios dos servidores, ressalta-se que esta monotonia constitui um dos itens que merece atenção, uma vez que pode interferir na aceitação das preparações pela clientela. Na UAN em questão, foi observado que diaria- mente eram feitas alterações na composição das refeições de acordo com o conteúdo do estoque e que este fato pode ter sido um dos grandes responsáveis pelas inadequações encontradas com a aplicação do método AQPC. Compete às unidades produtoras de refeições forne- cer subsídios que garantam ao nutricionista possibilidades de realizar um planejamento bem elucidado do cardápio e, assim, oferecer refeições variadas e atrativas para os co- mensais, de modo a estimular o apetite por alimentos nu- tritivos. CONCLUSÃO As mais importantes inadequações encontradas nos cardápios avaliados consistiram na reduzida oferta de ve- getais e no fornecimento excessivo de alimentos altamente calóricos, como doces e frituras. Tais itens confi guram um risco à saúde da clientela visto a gama de doenças crônicas desencadeadas pelo desequilíbrio nutricional relativo ao consumo açúcares e gorduras em detrimento da ingestão de frutas e verduras. Diante disto, faz-se necessária a implementação de medidas preventivas e corretivas, por parte das unidades produtoras de refeições, em conjunto com o profi ssional da nutrição, visando o fornecimento de refeições mais saudá- veis e atrativas. As compras devem ser realizadas de modo a atender as preparações previstas nos cardápios que devem ser previamente planejados, o que evitaria intercorrências relacionadas ao estoque e, consequentemente, substituição de preparações adequadamente previstas do ponto de vista nutricional. Obviamente, mais estudos fazem-se necessários para aprimorar a ferramenta do AQPC e até criar outras ca- pazes de minudenciar ainda mais os itens de avaliação dos cardápios, no intuito de melhorar as características nutri- cionais e psicossensoriais dos mesmos. AGRADECIMENTOS À Katiane Batista Araújo pela colaboração durante a coleta de dados. BRITO, L.F.; BEZERRA, V.M. Qualitative evaluation of menu preparations of a food and nutrition unit of a hospital from Vitória da Conquista, Bahia. Alim. Nutr.= Braz. J. Food Nutr., v.24, n.2, p. 153-158, abr./jun. 2013. ABSTRACT: The objective of this study was to analyze qualitatively the menus served to patients accompanying and servants of a Food and Nutrition Unity from a public hospital in the city of Vitoria da Conquista, Bahia. Was conducted an exploratory study, during fi ve weeks between the months of August and September of 2011. Were analyzed lunch menus offered to patient’s accompanying 157157 BRITO, L.F.; BEZERRA, V.M. Avaliação qualitativa do cardápio. Alim. Nutr.= Braz. J. Food Nutr., v.24, n.2, p. 153-158, abr/jun. 2013. and hospital staff during 31 days, based on the method of Qualitative Evaluation of Menu Components. It was observed a reduced supply of leafy vegetables in the menus of the escorts (19.4%) and employees (41.9%), such as a high supply of sweet, 64.5% and 70.9%, respectively. Repetitions of main dishes were found in both groups of menus evaluated and, in the menu of hospital staff stand out rich meals in sulfur foods (48.4%). Those unconformities are a risk to customers’ health, seen the range of chronic diseases triggered by nutritional imbalance based on high consumption of sugar and lipids at the expense of eating fruits and vegetables. Therefore, it is necessary to implement corrective measures such as adequate the menus’ planning, in order to standardize the production of meals and improve nutritional and sensory quality of preparations. KEYWORDS: Menu; qualitative analysis feeding; chronic diseases; health promotion. REFERÊNCIAS AKUTSU, R.C. et al. Adequação das boas práticas de fabricação em serviços de alimentação. Rev. Nutr., Campinas, v.18, n.3, p. 419-427, 2005. AMORIM, M.M.A.; JUNQUEIRA, R.G.; JOKL, L. Adequação nutricional do almoço self-service de uma empresa de Santa Luzia, MG. Rev. Nutr., Campinas, v. 18, n. 1, p. 145-156, 2005. ANTUNES, D.C.; SILVA, I.M.L.; CRUZ, W.M.S. Quimioprevenção do câncer gástrico. Rev. Bras. Cancerol., v. 56, n. 3, p. 367-374, 2010. Disponível em: http://www.inca.gov.br/rbc/n_56/v03/pdf/10_revisao_ quimioprevencao_cancer_gastrico.pdf. Acesso em: 09 set. 2010. ASSIS, J. Análise qualitativa das preparações oferecidas no cardápio da unidade produtora de refeições de um hospital universitário. Nutr. Foco, São Paulo, 2008. Disponível em: http://www.nutricaoemfoco.com.br/pt-br/ site. php?secao=auan-nefdebate&pub=860. Acesso em: 13 out. 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. 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