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Aleitamento Materno

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Pediatria 
 
PEDRIATRIA | Noemi Borges Andrade 
 Morfofisiologia da glândula mamária 
Ao engravidar, o corpo da mulher sofre diversas modificações, principalmente o 
processo de lactação que supri as necessidades do bebê durante os seis primeiros 
meses. A Lactação pode ser dividido em três etapas: mamogênese, é o desenvolvimento 
da glândula mamaria; lactogênese, inicio da lactação; e lactopoese, a manutenção da 
lactação. 
MAMOGÊNESE 
A mama é um conjunto de tecido glandular, gordura e tecido fibroso, situada acima dos 
músculos peitorais da parede torácica ao qual está aderida por traves de tecidos 
fibrosos, os ligamentos de Cooper. É uma camada de tecido adiposo envolve toda a 
glândula. 
As mamas serão glândulas sudoríparas modificadas, nas mamas temos o tecido celular 
subcutâneo e o tecido mamário, que é formado por um tecido glandular e por um 
estroma. No tecido glandular teremos os ductos e os lóbulos, formando as glândulas. Já 
o estroma vai ser formado por colágeno, tecido conjuntivo, adiposo, vasos e nervos, 
além dos fibroblastos, formará o tecido de sustentação. 
 
Tecido Glandular: 
 Será formado por um sistema de ductos, lobos que cada um terá alguns lóbulos, que 
serão formados por um sistema de ductos e pelos alvéolos, é como se fossem saquinhos 
no final de cada ducto. 
O sistema de ductos é formado por ductos simples que irão se unir e vão formar o ducto 
interlobular terminal que vão se unir e formar os ductos galactóforos, que serão os 
últimos ductos que vão se unir até formar os seios galactóforos que será a região da 
mama onde tem maior acumulo de leite. E assim, os seios galactóforos irão se juntar na 
papila para fazer a ejeção do leite. A mama madura possui de 15 a 20 lobos, subdivididos 
em diversos lóbulos que possuem de 10 a 100 alveolos. O mamilo e a aréola possuem 
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rica inervação sensitiva que propicia eventos neurais e neuro-humorais com a sucção do 
recém-nascido, estimulando a produção de leite. 
A mama ao chegar na puberdade ela se modifica, irá se desenvolver pelo ação dos 
hormônios como estrogênio, tendo alterações como deposição de gordura, rescimento 
e ramificação dos ductos. Mama adulta já estar desenvolvida com os lóbulos formados, 
ductos galactóforos e seios galactóforos. O que vai dar volume a mama é o tecido 
adiposo, e quando ocorre a gestação o que dar volume é o tecido mamário, que ocorre 
uma proliferação dos alvéolos. 
 LACTAÇÃO 
Durante a gestação as mamas têm um crescimento ainda maior em função dos altos níveis de 
estrogênio. No entanto, existe a ação de outros hormônios gestacionais que participam do 
processo de maturação mamária: progesterona, lactogênio placentário, gonadotrofina, 
corticoides placentários, hormônios tireoidianos e paratireoidianos, corticoides suprarrenais, 
insulina, prolactina e possivelmente o hormônio de crescimento hipofisário. 
A lactação será um processo que alguns estímulos externos vão auxiliar, como a sucção do bebê, 
o que demorar uns 30 segundos para essa ejeção. Nesse período, teremos um estimulo para a 
hipófise anterior que irá produzir principalmente a Prolactina. A prolactina ira agir na produção 
de leite dentro dos alvéolos. Além, desses hormônios teremos o hormônio ocitocina que irá 
atuar na saída do leite. O estimulo da sucção ira ativar a hipófise posterior a secretar ocitocina 
que promove a contração de células mioepiteliais para a ejeção do leite. 
 
Quando a mulher estar grávida ela não tem a produção de leite, devido a alta quantidade de 
progesterona e estrogênio circulante, que inibem a secreção do leite. Bom, ao final da gestação 
os níveis de hormônios estrogênio e progesterona diminuem e essa inibição acaba sendo 
reduzida. 
A ocitocina, liberada principalmente pelo estímulo provocado pela sucção da criança, também 
é disponibilizada em resposta a estímulos condicionados, tais como visão, cheiro e choro da 
criança, e a fatores de ordem emocional como motivação, autoconfiança e tranquilidade. A dor, 
o desconforto, o estresse, a ansiedade, o medo, a insegurança e a falta de autoconfiança podem 
inibir a liberação da ocitocina, prejudicando a saída de leite da mama. 
 
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 COMPOSIÇÃO DO LEITE MATERNO 
A composição do leite depende de mulher para mulher, por causa da sua nutrição e as fases da 
lactação. As fases de lactação correspondem a produção do colostro, o leite de transição e o 
leite maduro. 
O colostro é o leite produzido nos primeiros dias após o parto, até 3º dia. É espesso e de cor 
amarelada, possui maior conteúdo de proteína, vitaminas lipossolúveis (A e E), sódio e zinco, e 
menor teor de gordura, lactose e vitaminas hidrossolúveis, quando comparado com o leite 
maduro. Possui altas concentrações de fatores de defesa, como as imunoglobulinas (IgA) e 
agentes antiinflamatórios, conferindo proteção ao recém-nascido. O colostro também é laxativo 
favorecendo a eliminação do mecônio (as primeiras fezes escuras), retirando a bilirrubina do 
intestino, ajudando a prevenir a icterícia. 
O leite de transição é aquele produzido no período intermediário entre o colostro e o leite 
maduro, ou seja, aquele produzido entre o 7º e o 14º dia após o parto. Nesta fase, a composição 
nutricional se modifica até se transformar em leite maduro. 
O leite maduro é constituído de 87,5% de água, o que promove a adequada hidratação do 
lactente durante os 6 meses de vida, não necessitando ofertar água ao bebê. Esse leite também 
oferece a quantidade adequada de carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais para 
garantir adequado crescimento e desenvolvimento da criança. Elevada concentração de lactose 
e gordura, menor concentração de imunoglobulinas e proteínas, possui volume maior (700 a 
900ml/dia) e coloração mais esbranquiçada. 
O leite materno é constituído de IgA secretora, lizosima, 6-caseína, oligossacarídeos, fatores de 
crescimento epidérmico, de transformação e neural, enzimas como acetilhidrolase, glutationa 
peroxidase, nucleotídeos, vitaminas A, C e E, glutamina e lipídios. Além disso, seu conteúdo é 
modificado ao longo do dia e de acordo com a idade da criança. 
 
Os nutrientes do leite materno são de fácil digestão o que faz com que o bebê mame várias 
vezes ao dia. A concentração de gordura é mais elevada no fim da mamada, sendo necessário o 
esvaziamento completo da mama para que o bebê receba um leite mais rico em gordura, 
importante para o desenvolvimento cerebral, adequado ganho de peso e sensação de 
saciedade. 
A concentração de gordura no leite aumenta no decorrer de uma mamada. Assim, o leite do 
final da mamada (chamado leite posterior) é mais rico em energia (calorias) e sacia melhor a 
criança, daí a importância de a criança esvaziar bem a mama. O leite humano possui numerosos 
fatores imunológicos que protegem a criança contra infecções. 
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A IgA secretória é o principal anticorpo, atuando contra microrganismos presentes nas 
superfícies mucosas. Os anticorpos IgA no leite humano são um reflexo dos antígenos entéricos 
e respiratórios da mãe, ou seja, ela produz anticorpos contra agentes infecciosos com os quais 
já teve contato, proporcionando, dessa maneira, proteção à criança contra os germens 
prevalentes no meio em que a mãe vive. A concentração de IgA no leite materno diminui ao 
longo do primeiro mês, permanecendo relativamente constante a partir de então. Além da IgA, 
o leite materno contém outros fatores de proteção, tais como anticorpos IgM e IgG, 
macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisosima e fator bífido. Esse favorece o 
crescimento do Lactobacilus bifidus, uma bactéria não patogênica que acidifica as fezes, 
dificultando a instalaçãode bactérias que causam diarreia, tais como Shigella, Salmonella e 
Escherichia coli. Alguns dos fatores de proteção do leite materno são total ou parcialmente 
destruídos pelo calor, razão pela qual o leite humano pasteurizado (submetido a uma 
temperatura de 62,5o C por 30 minutos) não tem o mesmo valor biológico que o leite cru. 
POR QUE AMAMENTAR? 
1- Imunidade: começando através do colostro até o leite maduro. Ajuda na imunidade da 
criança em quesito de proteção pela passagem de imunoglobulinas. Temos a 
Lactoferrina- inibe o crescimento do E coli no intestino e Fator bífido- baixa o pH 
intestinal destruindo germes patogênicos, Lisozima e interferon- substancias Antivirais 
e bactericidas, Leucócitos – macrófagos (80%), linfócitos B e T (20%) 
2- Alergias: Menos frequentes no aleitamento materno exclusivo até 6 meses 
3- Desenvolvimento facial: A posição do mamilo do bebê promove adequado 
desenvolvimento do palato, do maxilar e da linguagem. 
4- Equilíbrio emocional: Contato pele a pele e sugar o mamilo leva ao prazer, segurança, 
bem estar. A amamentação pode promover para criança um melhor desenvolvimento, 
atividade muscular, sociabilidade,, rendimento escolar e facilidade nas relações 
matrimoniais e sexuais. 
5- Menor probabilidade de anemias: Ferro na quantidade adequada, na melhor forma de 
absorção e fatores facilitadores da absorção (vit.C e E) 
6- Economia: Não precisa ser comprado 
 LEITE MATERNO X LEITE DA VACA X FORMULAS 
Existem situações clínicas excepcionais em que a amamentação não é indicada ou situações em 
que foram esgotadas todas as possibilidades de reverter um desmame precoce. Nesses casos, 
faz-se necessária a utilização de substitutos do leite materno e o profissional de saúde deve estar 
apto a apoiar essas famílias de forma individualizada, buscando minimizar os riscos por meio de 
avaliação de cada caso. 
Com relação às proteínas o que mais diferencia o leite de vaca do leite humano (LH) é o tipo e 
quantidade deste nutriente. O leite de vaca possui três vezes mais proteína que o LH, 
sobrecarregando os rins quando consumido em alta quantidade, aumentando a excreção de 
cálcio pela urina. O leite de vaca possui ainda uma proteína potencialmente alergênica, a 
betalactoglobulina. 
As fórmulas infantis foram criadas com o intuito de se assemelhar ao leite materno, no entanto 
sua composição não se iguala as propriedades fisiológicas do LH, que são específicas da mãe 
para o próprio filho. As fontes de carboidratos, proteínas e outros componentes presentes nas 
fórmulas infantis diferem em identidade e qualidade dos componentes do LH. 
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Em relação a digestibilidade dos leites, temos que o leite Humano temos menos proteína, como 
40% de caseína e 60% de lactoalbumina. A caseína possui flocos grandes o que acomete difícil 
digestão em quanto a lactoalbumina possui flocos menores. Já o leite da vaca temos queé 
composto por 63% de caseína e 37% de lactoalbumina, o que dificulta a digestão, formando 
coágulos grande de difícil digestão. 
Sobrecarga Renal, o leite de vaca possui maior concentração de minerais e proteínas, sendo 
uma desvantagem por sobrecarregar o rim do RN. O LV (leite de Vaca) também possui baixa 
quantidade de ferro, o que pode ocasionar anemia ferropriva nos lactentes. 
 
Se a criança não estiver sendo alimentada com leite materno e nem fórmula infantil, a partir dos 
quatro meses de vida deve-se iniciar a introdução de outros alimentos para suprir suas 
necessidades nutricionais. A partir dessa idade, a criança deverá receber duas de papas salgadas 
(almoço e jantar) e duas frutas, além do leite sem adição de açúcar. A composição das papas, 
forma de introdução e consistência devem seguir as mesmas orientações contidas no Guia 
alimentar para crianças menores de dois anos. 
Apesar de proporcionar o conteúdo nutricional necessário, as fórmulas não são estéreis e estão 
sujeita às mesmas preocupações de segurança, como cuidados com a higiene na preparação e 
abastecimento de água potável. Por isso, é importante destacar a necessidade do consumo de 
água (tratada, fervida e filtrada) nos intervalos das refeições para criança menores de seis 
meses, não amamentadas. 
 TECNICAS DE AMAMENTAÇÃO 
Há várias posições para amamentar, mas o importante é o conforto materno e a execução da 
técnica adequada. Ao oferecer o seio, o recém- -nascido deve abocanhar toda a aréola, com a 
boca bem aberta e o lábio inferior evertido, com o queixo tocando a mama. Isso evita o 
aparecimento de fissuras e permite o esvaziamento dos seios lactíferos situados sob a aréola. 
Posição da Mãe relaxada e confortável em posição a escolher: 
 A mãe pode ficar DEITADA, SENTADA ou EM PÉ. O importante é a mãe e o bebê se sentirem 
bem confortáveis; O corpo do bebê deve estar inteiramente de frente para a mãe e bem próximo 
(barriga do bebê voltada para o corpo da mãe); O bebê deve estar alinhado, a cabeça e a coluna 
em linha reta, no mesmo eixo. A mãe deve apoiar com o braço e mão o corpo e o “bumbum” do 
bebê; O nariz do bebê deve estar apontado para o mamilo; Aproximar a boca do bebê de frente 
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para a mama, para que ele possa abocanhála, ou seja, colocar a maior parte da aréola (área mais 
escura e arredondada da mama) dentro da boca. 
Além da postura da mãe, é preciso saber a Pega Adequada : 
 Boca bem aberta; Lábios virados para fora; Queixo tocando a mama da mãe; Aréola mais visível 
na parte superior que na inferior (a pega é assimétrica); Bochecha redonda (“cheia”), sem 
estalidos ou covinhas. 
 
 
 
O Aleitamento Materno é uma prática fundamental para a criança, para a nutriz e para 
sociedade. É notório, a relação entre o Aleitamento Materno e a prevenção de doenças e a 
diminuição da mortalidade infantil, bem como os benefícios para a mãe. 
 ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL NO PRIMEIRO ANO DE VIDA 
A alimentação, principalmente no 1º ano de vida, é fator determinante na saúde da criança. 
Durante os primeiros meses faz-se necessário que o bebê se alimente exclusivamente de leite 
materno, até os 6 meses de idade, após isso pode oferecer alimentação complementar sem 
retirar o leite. Para essa introdução alimentar, deve-se observar a maturidade neurológica da 
criança, como sustentação do tronco e deglutição adequada. Lembrando que o leite deve ser 
mantido até os 2 anos de idade. 
A introdução da alimentação complementar deve ser da seguinte maneira: 
• Até 6 meses - leite materno exclusivo 
• 6 meses completos - papa de frutas e 1ª refeição (almoço) 
• 7º ao 8º mês - 2ª refeição (jantar) 
• 9º ao 11º mês - gradativamente, passar para refeição da família adaptando a consistência 
• 12º mês - alimentação da família (orientar práticas saudáveis) 
Em relação aos novos alimentos, teremos basicamente classe de líquidos e sólidos. Em relação 
aos líquidos, é de suma importância oferecer água, para a hidratação, não oferecer 
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industrializados como refrigerantes, sucos, e nem sucos naturais, pois isso irá acostumar a 
criança com bebidas saborizadas o que contribui com obesidade, caries e diabetes tipo 2. 
Já os sólidos, é ideal oferecer alimentos com consistência, para desenvolver a musculatura oral, 
para estimular a mastigação, começando com papinhas, depois pedacinhos. Em relação aos 
temperos pode utilizar, como cebola, alho, salsa e não deve utilizar sal nem açúcar. 
Temos os Dez Passos para uma Alimentação Saudável preconizada pelo MS: 
Passo 1: Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer 
outro alimento. 
Passo 2: A partir dos 6 meses, oferecer de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o 
leite materno até os dois anos de idade ou mais.Passo 3: A partir dos 6 meses, dar alimentos complementares três vezes ao dia, se a criança 
receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada. 
Passo 4: A alimentação complementar deve ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-
se sempre a vontade da criança. 
Passo 5: A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; 
começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência 
até chegar à alimentação da família. 
Passo 6: Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma 
alimentação colorida. 
Passo 7: Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. 
Passo 8: Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras 
guloseimas, nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação. 
Passo 9: Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o armazenamento e 
a conservação adequados. 
Passo 10: Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua 
alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação. 
 DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR 
No Brasil, o MS incluiu na caderneta da criança uma seleção com os marcos do 
desenvolvimento. A criança deve atravessar cada fase seguindo uma sequência com certa 
regularidade e, se não for estimulada no momento apropriado, não conseguirá superar esse 
atraso no desenvolvimento. Por isso, a avaliação do desenvolvimento faz parte do conjunto de 
cuidados que visam promover uma infância saúde] 
Para avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor de cada criança, foi desenvolvido algumas 
escalas como Teste de Gesell, teste de triagem de Denver, a escala de Bayley. 
TESTE DE GESELL: O teste de Gesell é um teste de referência, envolvendo a avaliação direta e a 
observação da qualidade e da integração de comportamentos. Pode ser aplicado em crianças de 
quatro semanas até 36 meses de idade cronológica. As categorias de análise dessa escala 
referem-se às seguintes áreas: comportamento adaptativo (organização e adaptação sensório-
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motora, cognição); comportamento motor grosseiro e delicado (sustentação da cabeça, sentar, 
engatinhar, andar, manipulação de objetos com as mãos); comportamento de linguagem 
(expressiva ou receptiva); comportamento pessoal-social (relação com o meio-ambiente) 
TESTE DENVER: O teste pode ser aplicado por vários profissionais da saúde em crianças de zero 
a seis anos, classificando-a dicotomicamente em risco ou normal. Composto por 125 itens 
distribuídos na avaliação de quatro áreas distintas do desenvolvimento neuropsicomotor: 
motricidade ampla, motricidade fina-adaptativa, comportamento pessoal-social e linguagem. 
Esses itens são registrados por meio da observação direta da criança e, para alguns deles, 
solicita-se que a mãe informe se o filho realiza ou não determinada tarefa. O teste Denver II 
apresenta bons índices de validade e confiabilidade (0,99 interobservador e 0,9 em teste 
reteste) e, portanto, largamente utilizado tanto em pesquisas quanto na prática clínica. 
O Teste de Triagem de Denver II (Denver II) é a versão mais recente, cujo principal 
objetivo é detectar algum desvio/alteração de desenvolvimento, sendo utilizado no 
acompanhamento de todas as crianças, de risco ou não. O teste não fornece 
diagnóstico e leva em consideração o avanço da idade, avaliando quatro áreas do 
desenvolvimento: "Motor Grosso", "Motor Fino-Adaptativo", "Pessoal Social" e 
"Linguagem". 
O Denver II é recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria para o 
acompanhamento do desenvolvimento infantil. É um instrumento de integração da 
equipe multidisciplinar, na qual cada profissional pode atuar com sua visão específica. 
Para aplicá-lo é faz-se necessário realizar um treinamento de capacitação de acordo 
com os pré-requisitos dos autores. Assim, apesar de não ter sido padronizado 
formalmente para a criança brasileira (está traduzido no idioma para fins de 
pesquisa), é um teste usado e reconhecido internacionalmente, fazendo-se, portanto, 
necessário investigar a adequação dos itens e o padrão de resposta de cada país. 
ESCALA DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL DE BAYLEY (BSID): As Escalas de Desenvolvimento 
Infantil de Bayley foram desenvolvidas por Nancy Bayley e colaboradores em 1933, sendo uma 
revisão das publicações de Bayley em 196913. É um meio abrangente de avaliar o atual estado 
de desenvolvimento de uma criança em estado particular. 
BSID-III corresponde a Escala de Bayley - III e ao Teste de Triagem Bayley-III (Screeningtest). Ao 
ser aplicado está subdividido em cinco domínios: Cognição, Linguagem (comunicação expressiva 
e receptiva), Motor (grosso e fino), Social-emocional e Componente adaptativo. Os três 
primeiros domínios são observados com a criança em situação de teste e os dois últimos são 
observados por meio de questionários preenchidos pelos pais ou cuidadores. 
 Dentre estes domínios está a Escala Cognitiva que determina como a criança pensa, reage e 
aprende sobre o mundo ao seu redor e está composta de 91 itens; a Escala de Linguagem está 
subdividida em dois subtipos: Comunicação Receptiva - parte que determina como a criança 
reorganiza sons e como a criança entende, fala e direcionam palavras, composta de 49 itens - e 
a Comunicação Expressiva - parte que determina como a criança se comunica usando sons, 
gestos e palavras, composta de 48 itens. A Escala Motora está subdividida em Escala Motora 
Grossa e Fina. A Escala Motora Grossa determina como a criança movimenta seu corpo em 
relação à gravidade, composta de 72 itens, e a Escala Motora Fina determina como a criança usa 
suas mãos e dedos para fazer algo, composta de 66 itens. 
 
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DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES: 
É importante entender o desenvolvimento para memorizar os marcos importantes. 
Contudo, No lactente nascido a termo, ao nascimento há mielinização no tronco 
cerebral dorsal, pedúnculos cerebelares e perna posterior da cápsula interna. A 
substância branca cerebelar se mieliniza por volta do primeiro mês e se completa no 
3o. Já a substância branca subcortical do córtex parietal, frontal posterior, temporal, 
e calcarina está parcialmente mielinizada aos 3 meses. A mielinização significa a 
aquisição de movimentos mais coordenados e complexos nas estruturas e domínios 
influenciados pelas regiões encefálicas mielinizadas. 
As aquisições motoras iniciais, como movimentos dos membros é basicamente 
contrações descontroladas. O RN, começa com um padrão motor muito imaturo, com 
reflexo tônico cervical assimétrico, o que confere postura assismétrica e predomínio 
do tônus flexor e hipotonia intensa da musculatura paravertebral. Com o tempo o 
tônus flexor vai sendo substituído pela padrão extensor de forma gradual, e isso 
ocorre de maneira craniocaudal. 
Além de craniocaudal, o amadurecimento também ocorre na direção proximodistal. 
Primeiro com aquisições mais simples e, posteriormente, mais complexas. A primeira 
musculatura a ser controlada é a ocular. Depois, a musculatura do controle da cabeça 
e, depois, do tronco. Finalmente, no 3o trimestre o bebê adquire a posição 
ortostática. 
Marcos mais importantes: 
15 dias  Entre 1 e 2 meses: predomínio do tônus flexor, assimetria postural e preensão 
reflexa.; Reflexos: • Apoio plantar, sucção e preensão palmar: desaparecem até o 6º mês.; • 
Preensão dos artelhos: desaparece até o 11º mês.; • Reflexo cutâneo plantar: obtido pelo 
estímulo da porção lateral do pé. No RN, desencadeia extensão do hálux. A partir do 13º mês, 
ocorre flexão do hálux. A partir desta idade, a extensão é patológica.; • Reflexo de Moro: medido 
pelo procedimento de segurar a criança pelas mãos e liberar bruscamente seus braços. Deve ser 
sempre simétrico. É incompleto a partir do 3º mês e não deve existir a partir do 6ºmês.; • 
Reflexo tônico-cervical: rotação da cabeça para um lado, com consequente extensão do 
membro superior e inferior do lado facial e flexão dos membros contralaterais. A atividade é 
realizada bilateralmente e deve ser simétrica. Desaparece até o 3º mês. 
1 mês  Entre 1 e 2 meses: percepção melhor de um rosto, medida com base na distância entre 
o bebê e o seio materno 
2 meses  Entre 2 e 3 meses: sorriso social. Entre 2 e 4 meses: bebê fica de bruços, levanta a 
cabeça e os ombros. Em torno de 2 meses: inicia-se a ampliação do seu campo de visão (o bebê 
visualiza e segue objetos com o olhar). 
4 meses  preensão voluntária das mãos. Entre 4 a 6 meses: o bebê vira a cabeça na direção 
de uma voz ou de um objeto sonoro. Aos 3 meses: o bebê adquire noção de profundidade. 
6 meses  Em torno dos 6 meses: inicia-se a noção de “permanência do objeto”.* A partir do 
7º mês: o bebê senta-se sem apoio. Entre 6 e 9 meses: o bebê arrasta-se, engatinha. Entre 6 e 8 
meses: o bebê apresenta reações a pessoas estranhas. 
9 meses Entre 9 meses e 1 ano: o bebê engatinha ou anda com apoio. Em torno do 10º mês: 
o bebê fica em pé sem apoio 
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12 meses  Entre 1 ano e 1 ano e 6 meses: o bebê anda sozinho. Em torno de 1 ano: o bebê 
possui a acuidade visual de um adulto 
15 meses  Entre 1 ano e 6 meses a 2 anos: o bebê corre ou sobe degraus baixos 
2 anos  Entre 2 e 3 anos: o bebê diz seu próprio nome e nomeia objetos como seus. Em torno 
dos 2 anos: o bebê reconhece-se no espelho e começa a brincar de faz de conta (atividade que 
deve ser estimulada, pois auxilia no desenvolvimento cognitivo e emocional, ajudando a criança 
a lidar com ansiedades e conflitos e a elaborar regras sociais). Entre 2 e 3 anos: os pais devem 
começar aos poucos a retirar as fraldas do bebê e a ensiná-lo a usar o penico.

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