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Introdução à Lógica Jurídica

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Aluna: Adriana de Souza Carmo
Livro: LÓGICA JURÍDICA – Nova Retórica 
Autor: Chaim Prelman
SÍNTESE – Introdução
		A atividade intelectual, que exercita sobremaneira a mente, se projeta num contexto que identificamos como o raciocínio. A lógica é a ciência do raciocínio. Esse por sua vez, busca analisar o estatuto das premissas e da conclusão, bem como a validade do vínculo que as une. As análises dos raciocínios foi empreendida sistematicamente por Aristóteles que diferencia os raciocínios analíticos, conclusões necessárias e verdadeiras nas quais é impossível que ela seja falsa se decorrente de premissas corretas – o silogismo, dos dialéticos que se referem às deliberações e controvérsias.
		O raciocínio dialético traz formas de vencer e convencer pelo discurso, formas de criticar as teses do adversário e sustentar/defender suas próprias teses.
		O silogismo, forma de raciocínio dedutivo, trata-se de um argumento no qual se chega à conclusão depois da inferência de duas premissas, assim pelo fato de a conclusão vir das premissas, essas, por sua vez, devem ser verdadeiras para que também o seja aquilo que se conclui.
		Para Perelman a estrutura da argumentação que motiva uma decisão judicial difere da estrutura do silogismo, pois, no silogismo a passagem das premissas a uma conclusão é obrigatória na transformação dos argumentos em decisão não a essa obrigatoriedade até por que em uma decisão sempre pressupõe uma discricionariedade em escolher modos de decidir.
		A lógica jurídica é ligada à ideia que fazemos do direito que se adapta aos pensamentos, questões e anseios sociais constantemente.
		Perelman ressalta a possibilidade de transformar um argumento em silogismo agregando uma ou várias premissas suplementares, resultando numa argumentação não coercitiva mas que permite justificar com razões sólidas uma opinião plausível, um raciocínio dialético. E a premissa acrescentada, por sua generalidade e rigidez leva a uma conclusão contraditória mas com um argumento enrustido de valores.
		Assim, se considerarmos a lógica jurídica nos arriscamos a essa redução do argumento ao silogismo que nega o interesse ao argumento não coercitivo.
Kalinowski traz uma controvérsia sobre a existência da lógica jurídica restringindo-a numa lógica pura e simples, mas Perelman faz um adendo trazendo o qualitativo formal ao conceito.
		Do ponto de vista de Tammelo trata-se de uma lógica dos especialistas considerados em si mesmos e se considerarmos a lógica como formal o termo lógica jurídica restaria inadequado resultando numa renúncia ao termo, dando lugar ao raciocínio jurídico, pensamento jurídico.
		Para Lévi o raciocínio jurídico tem uma lógica específica dando sentido à ambiguidade tratando de argumentações pelo exemplo e por analogia. Engisch defende uma lógica material na qual, na medida do possível, leva a reflexão do que cabe fazer quando se quer chegar a juízos jurídicos verdadeiros ou corretos.
		Entretanto, Perelman até aceitaria essa definição se houvesse uma troca dos termos verdadeiros/corretos por equitativos/razoáveis/justos, pois, a consagração da lógica jurídica decorre desses conceitos. 
		Pensarmos na evolução do direito associando às técnicas de raciocínio é fundamental para a construção desta lógica jurídica, uma vez que, ela está ligada à ideia que fazemos do direito e se, de certa forma, lhe adapta.
		Os raciocínios jurídicos, a contrário do raciocínio dedutivo puramente formal, sofrem incessantes controvérsias que se faz necessário, na maioria das vezes, impor soluções mediante autoridade da maioria ou de instâncias superiores, que dada a relatividade do raciocínio jurídico raramente poderá ser considerado correto ou incorreto, mas sempre vinculando a decisão ao legislador/magistrado.
		Essa relatividade nos leva a constatação de que o direito traz um histórico evidente de uma justiça absoluta definindo como uma arte de determinar o que é justo e equitativo em cada caso específico. O que não deixa de suscitar controvérsias entre os mais qualificados intérpretes do direito. Mas essas controvérsias bem como as oposições dialéticas e as argumentações de modo geral é que se elabora o direito.
		E as controvérsias, por sua vez, resultava numa exclusão de certos argumentos e soluções preconizadas sem impor um gênero de argumentos e uma única solução impositiva.
		O argumentum a silimi traz consigo dois outros argumentos apoiados de certa maneira sobre precedentes e/ou sobre um texto legal, o argumentum a fortiori, que permite guiar o juiz e justificar sua decisão, se apoia sobre a ratio decidendi e sobre o espírito da lei fazendo com que a razão utilizada para se pautar determinadas condutas seja imposta coercitivamente, “quem com ferro fere com ferro será ferido”, esse argumento não é por si só jurídico. O Outro argumento “a contrario” quase que com aplicabilidade “a simili” faz-se necessário a distinção entre os casos em que os argumentos se aplicam a uma regra (aplicação e não aplicação) e aqueles em que se aplicam a um precedente. 
		Contudo, seja qual for a técnica de raciocínio não se pode desinteressar da reação das consciências diante da iniquidade do resultado ao qual tal raciocínio conduziria. E salientamos que a busca da equidade pode introduzir ao raciocínio jurídico elementos de incerteza, dificilmente aceitos pelos lógicos.
		O método de aprendizado trazido por São Tomás, tradição escolástica (modo de conciliar a fé cristã com um sistema de pensamento racional) opunha claramente os raciocínios dialéticos aos raciocínios analíticos.
		Por muito tempo, a justiça primitiva foi condicionada a formulas sacras demonstrando que o direito se relacionava diretamente para o justo, assim como o piedoso para o sagrado. A autonomia do direito deu-se progressivamente, a separação entre direito, moral e religião jamais se realizou completamente. Mais do que o direito arcaico, as leis votadas por assembléia politicas foi o conjunto de opiniões das fórmulas, axiomas e das regras elaboradas por juristas que deu estrutura ao Direito Romano que influenciou o direito canônico.
		Para Cícero a formulação de um sistema de justiça válido, um direito natural, no qual existe uma lei verdadeira, imutável eterna. Não sendo permitido sua invalidação por outras leis, nem derrogar um só de seus preceitos, impossível ab-rogá-la por inteiro, um direito ideal que nada mais é senão um sistema de moral universal. Sem intenção de substituir o direito romano mas sim de o limitar as consequências injustas de sua aplicação formalista.
		Já os racionalistas queriam elaborar um sistema de direito justo, jurisprudência universal fundada em princípios racionais.
		Hobbes coloca o direito como manifestação da vontade do soberano, sem se ater à expressão da razão, e que o direito natural se projeta como a lei da selva “guerra de todos contra todos”. E para evitar essa guerra permanente eles criam um Estado e colocam suas forças reunidas à disposição do soberano, que, encarregará os padres e educadores a ensinar o respeito às leis por ele promulgada, e se ainda assim não forem suficientes para evitar os inconvenientes da guerra permanente tribunais serão encarregados de ditar a justiça, punir a violação das leis, bem como, se for o caso auxiliados pelas forças armadas.
		Montesquieu que não rejeita a ideia de uma justiça objetiva, atacou fortemente a ideia de uma jurisprudência universal. Para ele a concentração de poderes nas mãos de um só era um tanto quanto perigoso, pois, haveria o risco de ele impor leis que favorecesse o próprio interesse do legislador. Nesse contexto, é que Montesquieu preconiza como ideal político a doutrina da separação dos poderes, a independência dos poderes. Para ele as leis serão a expressão mais da razão do que de uma vontade arbitrária e soberana. Embora defenda que para as leis serem justas deverão respeitar as relações de equidade que preexistem à elaboração das leis positivas.
		Como condição da segurança jurídica, Montesquieu aborda quanto aos juízes sendo apenas a boca que profere aspalavras da lei não podendo moderar nem a força nem o rigor.
Rosseau diferentemente de Montesquieu não identificou o soberano com um monarca todo poderoso, mas com a nação, com a sociedade política organizada, cuja vontade geral aposta às vontades particulares dos cidadãos decide do justo e do injusto, promulga as leis e nomeia aqueles que executarão vontades da nação e gerindo o Estado e distribuirão a justiça.
		Por fim a revolução Francesa, associando uma combinação dessas diversas ideologias, identificará o direito com o conjunto de leis, expressão da soberania nacional, com evidente redução do papel dos juízes em virtude do princípio da separação dos poderes.
		Os juízes se restringirão apenas ao poder de aplicar a lei ao caso concreto, bem como, não poderiam recusar a julgar com alegação de silêncio, obscuridade ou insuficiência da lei, sujeito a punição como culpado por denegação de justiça.

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