Buscar

FARMACOLOGIA DA METABOLOGIA E ENDOCRINOLOGIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Farmacologia da metabologia e 
endocrinologia
Elaboração
Carolina Biz Rodrigues Silva
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 5
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA................................................................................ 9
CAPÍTULO 1 
HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE ............................................................................................................ 9
CAPÍTULO 2
PÂNCREAS ........................................................................................................................... 20
CAPÍTULO 3
TIREOIDE .............................................................................................................................. 26
CAPÍTULO 4
FISIOLOGIA SEXUAL ............................................................................................................... 31
UNIDADE II
FARMACOLOGIA ENDÓCRINA ........................................................................................................... 35
CAPÍTULO 1
FARMACOLOGIA DO EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE ................................................................. 35
CAPÍTULO 2
FARMACOLOGIA DO PÂNCREAS ENDÓCRINO ....................................................................... 40
CAPÍTULO 3
FARMACOLOGIA DO METABOLISMO DO COLESTEROL E DAS LIPOPROTEÍNAS .......................... 43
CAPÍTULO 4
FARMACOLOGIA DA GLÂNDULA TIREOIDE ............................................................................. 47
CAPÍTULO 5
FARMACOLOGIA DA REPRODUÇÃO ..................................................................................... 49
PARA (NÃO) FINALIZAR ...................................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 56
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
Há no organismo algumas glândulas das quais a função é essencial para a vida. São conhecidas pelo 
nome de “glândulas endócrinas” ou de secreção interna, porque as substâncias por elas elaboradas 
passam diretamente para o sangue. Estas glândulas não têm, portanto, um ducto excretor, mas 
são os próprios vasos sanguíneos que, capilarizando-se nelas, recolhem as secreções. As glândulas 
endócrinas secretam substâncias particulares que provocam no organismo funções biológicas de 
alta importância: os hormônios. As principais glândulas endócrinas do organismo são o pâncreas, a 
tireoide, as suprarrenais, a hipófise e as gônadas.
As atividades das diferentes partes do corpo estão integradas pelo sistema nervoso e os hormônios 
do sistema endócrino. As glândulas do sistema endócrino secretam hormônios que difundem ou são 
transportados pela corrente circulatória a outras células do organismo, regulando suas necessidades. 
As glândulas de secreção interna desempenham papel primordial na manutenção da constância da 
concentração de glucose, sódio potássico, cálcio, fosfato e água no sangue e líquidos extracelulares. 
Entre as doenças endócrino-metabólicas mais frequentes podemos citar a diabetes, os distúrbios da 
glândula tireoide e a dislipidemia. Diante disto, os profissionais que trabalham nessa área devem 
estar bem preparados para atender a estes pacientes, uma vez que muitas destas doenças não têm 
cura e a medicação é uma das formas de melhorar a qualidade de vida dos pacientes. 
Este caderno busca suprir de várias maneiras os conhecimentos de farmacologia endócrina.
Objetivos
 » Apresentar conceitos gerais sobre a fisiologia endócrina.
 » Compreender a importância do correto uso dos medicamentos.
 » Favorecer o aprendizado de uso dos fármacos.
 » Refletir sobre o uso dos fármacos nas doenças endócrinas.
8
9
UNIDADE I
CONCEITOS BÁSICOS 
DE FISIOLOGIA 
ENDÓCRINA
CAPÍTULO 1 
Hipotálamo-hipófise
Introdução
Os hormônios peptídicos da adeno-hipófise são essenciais para a regulação do crescimento e do 
desenvolvimento, para a reprodução, para as respostasao estresse e para o metabolismo intermediário. 
Sua síntese e sua secreção são controladas por hormônios hipotalâmicos e por hormônios dos 
órgãos endócrinos periféricos. As interações complexas entre o hipotálamo, a hipófise e as glândulas 
endócrinas periféricas fornecem exemplos primorosos de regulação integrada por retroalimentação. 
Anatomicamente a hipófise é constituída por dois órgãos associados: adeno-hipófise (hipófise anterior) 
e a neuro-hipófise (hipófise posterior), sendo que o órgão controlador dos dois órgãos é o hipotálamo. 
Este eixo é uma importante ligação entre dois sistemas: nervoso e endócrino. 
O hipotálamo atua como transdutor neuroendócrino, integrando sinais neurais provenientes do 
cérebro e convertendo-os em mensagens químicas (em grande parte, peptídeos) que regulam a 
secreção dos hormônios hipofisários. Por sua vez, os hormônios hipofisários alteram as atividades 
dos órgãos endócrinos periféricos. O controle hipotalâmico da adeno-hipófise ocorre por meio da 
secreção hipotalâmica de hormônios no sistema vascular porta-hipotalâmico-hipofisário. 
Existe uma conexão neural direta entre o hipotálamo e a neuro-hipófise. Os neurônios no 
hipotálamo sintetizam hormônios – destinados ao armazenamento na neuro-hipófise. Em seguida, 
esses hormônios são transportados pelos axônios até a neuro-hipófise, onde são armazenados em 
terminações neuronais até a ocorrência de um estímulo de liberação. 
Figura 1. Hipotálamo e hipófise
10
UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA
A adeno-hipófise é constituída por uma coleção heterogênea de numerosos tipos celulares, 
tendo cada um a capacidade de responder a estímulos específicos, com consequente liberação de 
hormônios específicos na circulação sistêmica. Há diversos fatores hipotalâmicos de liberação 
ou de inibição dos hormônios na adeno-hipófise. Exemplo desses fatores é a somatostatina 
que inibe primariamente a liberação do hormônio do crescimento (GH), mas também pode 
inibir a liberação do hormônio tireoestimulante (TSH) e da prolactina. Por outro lado, o 
hormônio de liberação da tireotropina (TRH) estimula primariamente a liberação de TSH, mas 
também pode induzir a liberação de prolactina. As atividades superpostas de alguns fatores 
de liberação e fatores de inibição da liberação, com as ações antagonistas de alguns fatores 
hipotalâmicos de estimulação e de inibição são importantes para a regulação precisa das 
vias secretoras.
Os hormônios da adeno-hipófise são divididos em três grupos, de acordo com suas características 
estruturais. Os hormônios somatotróficos, que consistem no GH e na prolactina, possuem 191 e 
198 aminoácidos de comprimento, respectivamente, e ocorrem como proteínas monoméricas. Os 
hormônios glicoproteicos, que consistem no hormônio luteinizante (LH), no hormônio folículo-
estimulante (FSH) e no hormônio tireoestimulante (TSH), são proteínas heterodiméricas, com 
carboidratos fixados a certos resíduos. A adrenocorticotropina (ACTH) pertence a uma classe 
distinta, visto que é processada por proteólise a partir de uma proteína precursora maior. A resposta 
da adeno-hipófise a um fator hipotalâmico é sinalizada através da ligação do fator hipotalâmico 
a receptores específicos acoplados à proteína G, que estão localizados na membrana plasmática 
do tipo celular apropriado da adenohipófise. Esses receptores alteram, em sua maioria, os níveis 
intracelulares de cAMP ou IP3 e de cálcio.
Os hormônios de liberação hipotalâmicos incluem: Hormônio Liberador de Tireotropina (TRH), 
Hormônio Liberador de Gonadotropina (GnRH), Hormônio Liberador de Corticotropina (CRH), 
Hormônio Liberador do Hormônio de Crescimento (GHRH), Hormônio Inibidor do Hormônio do 
Crescimento (Somatostatina) e Fator Inibidor da Prolactina (PIF) – Dopamina.
Os hormônios liberados pela adeno-hipófise incluem:
 » TSH – Hormônio estimulador da tireoide, Tireotropina Glicoproteína cuja função 
consiste em regular o crescimento e o metabolismo da tireoide e a secreção de seus 
hormônios (Tiroxina:T4 e Triiodotironina: T3). 
 » LH – Estimula as células intersticiais ovarianas e as células de Leyding testiculares 
a secretarem testosterona e outros produtos que desempenham papéis importantes 
na reprodução.
 » FSH – Estimula as células da granulosa ovariana e as células de Sertoli testiculares 
a sintetizarem e secretarem estradiol e a diversos produtos proteicos essenciais a 
ovogênese e a espermatogênese.
 » ACTH – Hormônio polipeptídio cuja função é de regular o crescimento e a 
secreção do córtex da suprarrenal. Os corticotrofos constituem 20% da adeno-
hipófise, parte distal.
11
CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA │ UNIDADE I
 » Prolactina – Hormônio proteico participa na estimulação e desenvolvimento das 
mamas e na produção do leite. Ocorre hiperplasia dos lactotrofos na gravidez e 
lactação (resposta ao estrogênio). A prolactina inibe a síntese e liberação GnRH 
(inibir a ovulação)
 » GH – Hormônio Somatrotópico – Causa crescimento de todos os tecidos capazes de 
crescer e promove o aumento do número de células e seu aumento. Efeitos do GH: 
aumento da síntese proteica em todas as células corporais, maior mobilização de 
ácidos graxos a partir do tecido adiposo e sua maior utilização para fins energéticos 
(lipolítico), redução da utilização da glicose em todo o corpo, aumento da reabsorção 
tubular de fosfato (aumentando a concentração plasmática do fosfato), aceleração 
da absorção de Cálcio pelo intestino. O GH induz a produção hepática de diversas 
pequenas proteínas, somatomedinas, que agem sobre as cartilagens e ossos 
promovendo o seu crescimento, o GH também sensibiliza as gônadas ao LH e ao 
FSH e, dessa forma, promove a maturação sexual puberal.
Os hormônios liberados pela neuro-hipófise incluem:
 » ADH – Tem o papel de conservar a água corporal e regular a tonicidade dos 
líquidos corporais. Sintetizado nos corpos celulares dos neurônios hipotalâmicos, 
principalmente no núcleo supraóptico. Atua nas células que revestem os 
túbulos contornados distais e ductos coletores da medula renal, aumentando a 
permeabilidade à água.
 » Ocitocina – Promove a ejeção do leite pela mama lactante, por estimular a contração 
das células mioepiteliais que revestem os ductos mamários. Contração uterina. 
Estímulos para sua secreção: ato mamar, visão, som ou odor da criança, dilatação 
da cérvice uterina.
12
UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA
Figura 2. Hormônios hipotálamo-hipofisários e suas ações em órgãos-alvos.
A inibição pelo produto final controla rigorosamente a liberação de hormônios do hipotálamo e da 
hipófise. Para cada sistema hipotalâmico-hipofisário – órgão-alvo, pode-se construir um quadro 
integrado de como cada conjunto de hormônios afeta o sistema. Cada uma dessas vias, incluindo 
um ou mais fatores hipotalâmicos, seu tipo de célula-alvo da hipófise e a glândula ou glândulas-
alvo finais, é designada como eixo endócrino. O termo “eixo” é utilizado para referir-se a um 
dos múltiplos sistemas homeostáticos controlados pelo hipotálamo e pela hipófise. Um modelo 
simplificado consiste em cinco eixos endócrinos, com um único tipo de célula adeno-hipofisária no 
centro de cada eixo.
Hormônio do crescimento
O eixo hipotalâmico-hipofisário – hormônio do crescimento (Fig. 2) regula diversos processos 
gerais que promovem o crescimento. O hormônio do crescimento é inicialmente expresso em 
13
CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA │ UNIDADE I
altas concentrações durante a puberdade; nessa ocasião, a secreção de hormônio do crescimento 
é pulsátil, e os maiores pulsos são habitualmente observados à noite, durante o sono. O GH atua 
diretamente sobre os adipócitos para aumentar a lipólise e sobre os hepatócitos para estimular 
a gliconeogênese. Os efeitos anabólicos do hormônio do crescimento são mediados, em sua 
maioria, por fatores de crescimento semelhantes à insulina, especialmente o fator de crescimento 
semelhante à insulina 1 (IGF-1), um hormônioliberado pelos hepatócitos em resposta à estimulação 
pelo hormônio do crescimento.
A secreção de hormônio do crescimento é intensificada pelo GHRH e inibida pela somatostatina. 
Um segundo peptídio endógeno de liberação do hormônio do crescimento, a grelina, promove a 
secreção de hormônio do crescimento pelos somatótrofos, estimulando o receptor secretagogo do 
hormônio do crescimento (receptor GH-S), um receptor que é distinto do receptor de GHRH. A 
grelina e o GHRH atuam de modo sinérgico sobre a liberação do hormônio do crescimento.
Figura 3. Eixo hipotalâmico-hipofisário-hormônio do crescimento
Todos os efeitos do GH resultam de suas interações com o receptor de GH. Este é um receptor de 
superfície celular de ampla distribuição, que pertence à superfamília dos receptores de citocinas 
e compartilha uma semelhança estrutural com o receptor de prolactina. A ativação do receptor 
ocorre com a ligação de uma única molécula de GH a 2 moléculas receptoras idênticas. O dímero de 
receptores acoplados por ligante leva à fosforilação de uma série de proteínas citoplasmáticas que 
medeiam eventos da sinalização celular.
A incapacidade de secretar hormônio do crescimento ou de aumentar a secreção de IGF-1 durante a 
puberdade resulta em retardo do crescimento. A deficiência de hormônio do crescimento resulta mais 
comumente da liberação hipotalâmica deficiente de GHRH (doença terciária) ou de insuficiência 
hipofisária (doença secundária). 
14
UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA
Uma vez diagnosticado o retardo e a deficiência hormonal o tratamento é, em sua maioria, por 
reposição hormonal através de hormônio de crescimento humano recombinante também conhecido 
como somatropina. 
Existem casos clínicos que resultam no excesso de hormônio do crescimento. Em geral, o excesso 
de hormônio do crescimento apresenta duas formas diferentes de apresentação da doença, 
dependendo da ocorrência do excesso de hormônio do crescimento antes ou depois do fechamento 
das epífises dos ossos. Ocorre gigantismo quando o hormônio do crescimento é secretado em 
níveis anormalmente altos antes do fechamento das epífises, visto que o aumento dos níveis de 
IGF-1 promove um crescimento longitudinal excessivo dos ossos. Após o fechamento das epífises, 
os níveis anormalmente altos de hormônio do crescimento provocam acromegalia. A acromegalia 
ocorre em consequência do fato de que o IGF-1, embora não possa mais estimular o crescimento 
dos ossos longos, ainda tem a capacidade de promover o crescimento dos órgãos profundos e do 
tecido cartilaginoso.
Nos dois casos citados, tanto na acromegalia como no gigantismo, o tratamento padrão para o 
adenoma de somatótrofos consiste na remoção cirúrgica do tumor, porém, será necessária terapia 
adjuvante que pode ser com análogos da somatostatina, agonistas da dopamina e antagonistas de 
receptores de GH.
Prolactina
As ações fisiológicas da prolactina envolvem a regulação do desenvolvimento da glândula mamária 
e a biossíntese e secreção das proteínas do leite. Ela é secretada pelas células lactotróficas da adeno-
hipófise. A síntese e a secreção de prolactina na hipófise fetal começam durante as primeiras semanas 
de gestação. Os níveis séricos de prolactina declinam logo após o nascimento. 
Enquanto os níveis séricos de prolactina permanecem baixos durante toda a vida nos indivíduos 
normais do sexo masculino, apresentam-se ligeiramente elevados nas mulheres com ciclos normais. 
Os níveis de prolactina aumentam acentuadamente durante a gravidez, atingem um valor máximo 
a termo e depois caem, a não ser que a mãe amamente a criança. Durante a lactação, a secreção 
de prolactina é estimulada pela sucção ou pela manipulação da mama. Os níveis aumentados de 
prolactina acabam suprimindo a síntese de estrógeno uma vez que a mesma antagoniza a liberação 
de GnRH, como resultado há diminuição dos hormônios LH e FSH, mecanismo este importante 
para inibir ovulação da mulher enquanto estiver amamentando. 
Muitos dos fatores fisiológicos que influenciam a secreção de prolactina assemelham-se aos que 
afetam a secreção de GH. Assim, o sono, o estresse, a hipoglicemia, o exercício e o estrogênio 
aumentam a secreção de ambos os hormônios. A atividade das células lactotróficas diminui em 
resposta à secreção hipotalâmica de dopamina. O TRH pode aumentar a liberação de prolactina. 
Ao contrário de outras células da adeno-hipófise, os lactótrofos sofrem inibição tônica pelo 
hipotálamo, que é presumivelmente mediada pela liberação hipotalâmica de dopamina. Por 
conseguinte, uma doença capaz de interromper o sistema porta hipotalâmico-hipofisário resulta 
em diminuição da secreção da maioria dos hormônios da adeno-hipófise, porém, causa aumento 
da liberação de prolactina.
15
CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA │ UNIDADE I
Os efeitos da prolactina resultam de interações com receptores específicos amplamente distribuídos 
entre uma variedade de tipos de células em muitos tecidos. O receptor de prolactina é estruturalmente 
relacionado com os receptores de GH e utiliza mecanismos semelhantes de sinalização, a dimerização 
induzida pelo hormônio recruta e ativa JaK cinases.
Eixo hipotalâmico – hipofisário – tireoide
A tireoide é a glândula endócrina encontrada em quase todos os vertebrados e localizada na parte 
anterior do pescoço e em cada lado da traqueia, com dois lóbulos ligados por um istmo. Os dois 
hormônios tireoidianos, tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), afetam a maioria dos órgãos, incluindo 
o coração, cérebro, fígado, rins e pele, entre outros. 
O funcionamento da tireoide é controlado pela ação do TSH (hormônio estimulante da tireoide), 
que é um hormônio produzido pela hipófise, que, por sua vez, é estimulada pelo TRH (tireotropina) 
produzido no hipotálamo. A partir da 11ª a 12ª semana de idade gestacional ela é capaz de sintetizar 
e secretar hormônios tireoidianos sob estímulo do (TSH) fetal. Tanto o TSH quanto o hormônio 
tireoidiano fetais são necessários para o desenvolvimento intrauterino normal do sistema nervoso 
central (SNC) e do esqueleto. 
A regulação da secreção de hormônio tireoidiano pelo TSH está sob controle por retroalimentação 
negativa (efeito feedback). O T3 e T4 circulantes agem na hipófise para diminuir a secreção de TSH; 
se os níveis destes caírem, a secreção de TSH aumenta. O T3 e T4 quando livres, e não as porções 
ligadas a proteínas, regulam o débito hipofisário de TSH. A hipófise é capaz de desiodar T4 em T3, e 
este último age como efetor final do bloqueio do TSH. Na circulação, a forma do hormônio em maior 
quantidade é o T4, devido a sua menor velocidade de depuração metabólica e renovação fracional 
em comparação à T3.
As ações biológicas do TSH são deflagradas por meio da sua interação com receptores, acoplados a 
proteína Gs, localizados na membrana das células foliculares tireoidianas. Dessa interação resulta 
a ativação do sistema enzimático adenilil-ciclase e consequente aumento da geração intracelular 
de AMPc. 
Eixo hipotalâmico – hipofisário – suprarrenal
Os neurônios do núcleo paraventricular do hipotálamo sintetizam e secretam o hormônio de 
liberação da corticotropina (CRH). Após ser transportado pelo sistema porta hipotalâmico 
hipofisário, o CRH liga-se a receptores de superfície celular localizados nos corticótrofos da adeno-
hipófise. A ligação do CRH estimula a síntese e a liberação do hormônio adrenocorticotrópico 
(ACTH) pelos corticótrofos. O ACTH é sintetizado como parte da proopiomelanocortina (POMC), 
um polipeptídio precursor que é clivado em múltiplas moléculas efetoras. Além do ACTH, a clivagem 
da POMC produz o hormônio melanócito-estimulante (MSH), a lipotropina e a endorfina. O MSH 
possui efeitos sobre a pigmentação da pele, o comportamento alimentar e o peso corporal. Devido a 
semelhanças estruturais entre o ACTH e o MSH, o ACTH em altas concentrações pode ligar-se aos 
receptores de MSH e ativá-los. 
16
UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA
Umavez secretado, o ACTH liga-se a receptores de ACTH localizados sobre células do córtex da 
suprarrenal. O ACTH estimula a síntese e a secreção de hormônios esteroides adrenocorticais, 
incluindo glicocorticoides, androgênios e mineralocorticoides. O efeito do ACTH sobre a 
secreção de mineralocorticoides é transitório, porém, o ACTH é necessário para a secreção de 
glicocorticoides e de androgênios suprarrenais. O cortisol, o glicocorticoide suprarrenal, constitui 
o principal inibidor de retroalimentação da liberação hipofisária de ACTH. O CRH é utilizado 
clinicamente para estabelecer se a secreção excessiva de cortisol resulta de adenoma hipofisário 
ou de tumor suprarrenal. 
Os glicocorticoides apresentam uma liberação basal. Pela manhã apresentam-se mais concentrados 
no plasma sanguíneo e à noite (por volta da meia-noite) em baixas concentrações. Diversos 
fatores podem interferir na secreção dos glicocorticoides. Por exemplo, os peptídios opiódes 
inibem a secreção de CRH. Tanto o calor e frio em excesso quanto fatores psicológicos podem 
afetar a liberação de CRH. Logo, o sistema hipofisiário suprarrenal é ativado em resposta a um 
ambiente hostil.
O ACTH exerce seus efeitos nas células alvo através da interação com receptores específicos 
localizados na membrana plasmática. A ocupação desses receptores resulta na ativação do sistema 
adenilil-ciclase-AMPc e da via do fosfatidil-inisitol; segue-se a fosforilação de proteínas especificas 
e a consequente manifestação de seus efeitos biológicos, que se resumem na estimulacapo 
da secreção de glicocorticoides, mineralocorticoides e esteroides androgênicos pelo córtex 
da adreanl.
Eixo hipotalâmico – hipofisário – sistema 
reprodutor
Entre as células da adeno-hipófise, os gonadótrofos são singulares, uma vez que secretam dois 
hormônios glicoprotéicos: o LH e o FSH. Esses hormônios, em seu conjunto, são designados como 
gonadotropinas. Tanto o LH quanto o FSH são heterodímeros compostos de subunidades α e β. Os 
gonadótrofos regulam independentemente a secreção de FSH e de LH. 
Uma vez secretadas, as gonadotropinas controlam a produção de hormônios pelas gônadas, 
promovendo a síntese de androgênios e de estrogênios. A seguir, os gonadótrofos são inibidos 
através de retroalimentação pela testosterona e pelo estrogênio. Os efeitos dos estrogênios sobre 
a adeno-hipófise são complexos. Dependendo da taxa de alteração e da concentração absoluta de 
estrogênio, bem como a fase do ciclo menstrual, podem ser produzidos efeitos tanto inibitórios 
quanto excitatórios. A inibina e a activina são dois hormônios secretados pelo ovário que 
parecem ter efeitos de inibição e liberação, respectivamente, sobre a secreção de FSH, mas não 
de LH.
Na puberdade, a secreção de esteroides sexuais estrogênicos é estimulada por um aumento na 
secreção dos hormônios do hipotálamo (GnRH) e da adeno-hipófise (FSH e LH). Os esteroides sexuais 
estrogênicos são responsáveis pela maturação dos órgãos reprodutores e pelo desenvolvimento das 
características sexuais secundárias, bem como por uma fase de crescimento acelerado, seguida de 
17
CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA │ UNIDADE I
fechamento das epífises dos ossos longos. A partir deste momento, os esteroides sexuais estão 
envolvidos na regulação das alterações cíclicas expressas no ciclo menstrual e são importantes 
durante a gravidez.
O hormônio de liberação das gonadotropinas (GnRH) do hipotálamo atua sobre a adeno-hipófise, 
liberando as gonadotropinas – o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante 
(LH) – , que atuam no ovário.
As gonadotropinas estimulam o desenvolvimento do folículo. O FSH é o principal hormônio que 
estimula a liberação de estrogênio. O LH estimula a ovulação na metade do ciclo e constitui o 
principal hormônio que controla a secreção subsequente de progesterona pelo corpo lúteo.
O estrogênio controla a fase proliferativa do endométrio e exerce efeitos de retroalimentação 
negativa sobre a adeno-hipófise. A progesterona controla a fase secretária posterior e exerce efeitos 
de retroalimentação negativa tanto no hipotálamo quanto na adeno-hipófise.
Se houver implantação de um óvulo fertilizado, o corpo lúteo continua secretando progesterona. 
Após a implantação, a gonadotropina coriônica humana (HCG) do córion toma-se importante, e, 
mais tarde, durante a gravidez, a progesterona e outros hormônios são secretados pela placenta.
Hormônio antidiurético (ADH) e ocitocina
O ADH é um hormônio peptídico produzido por células magnocelulares do hipotálamo. As 
células nessa região possuem osmorreceptores que têm a capacidade de perceber mudanças 
na osmolaridade extracelular. O aumento da osmolaridade estimula a secreção de ADH das 
terminações nervosas na neuro-hipófise. O ADH liga-se a dois tipos de receptores, V1 e V2. 
Os receptores V1, que se localizam nas arteríolas sistêmicas, medeiam a vasoconstrição. 
Essa propriedade deu ao ADH o seu nome alternativo, vasopressina. Os receptores V2, que 
se localizam no néfron, estimulam a expressão de canais de água na superfície celular para 
aumentar a reabsorção de água no ducto coletor. Essas duas ações do ADH combinam-se para 
manter o tônus vascular através de: (1) elevação da pressão arterial; e (2) aumento da reabsorção 
de água.
A ruptura da homeostasia do ADH resulta em duas situações fisiopatológicas importantes. A 
secreção excessiva de ADH provoca a síndrome de secreção inapropriada de ADH (SIADH). A 
secreção deficiente de ADH ou a resposta diminuída ao hormônio provoca diabetes insípido.
18
UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA
A ocitocina é um hormônio peptídico produzido pelas células paraventriculares do hipotálamo. 
Muitas das funções fisiológicas conhecidas da ocitocina envolvem a contração muscular; dois desses 
efeitos consistem na liberação de leite durante a lactação e nas contrações uterinas. Na resposta de 
ejeção do leite, os estímulos para o hipotálamo provocam a liberação de ocitocina das terminações 
nervosas para o sangue na neuro-hipófise. A ocitocina provoca contração das células mioepiteliais 
que circundam os alvéolos da glândula mamária, constituindo uma importante ação fisiológica 
durante a amamentação.
19
CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA │ UNIDADE I
Faca agora um resumo com os principais hormônios secretados pelo eixo hipotálamo-
-hipófise.
20
CAPÍTULO 2
Pâncreas
Introdução
O pâncreas é um órgão glandular que contém tecido tanto exócrino quanto endócrino. A porção 
exócrina – que constitui 99% da massa pancreática – secreta bicarbonato e enzimas digestivas no 
trato gastrintestinal (GI). 
A primeira alusão ao tecido insular pancreático foi feita em 1869 por Paul Langerhans, que descreveu 
aglomerados de células formando estruturas arredondas ou ovoides, dispersas no tecido acinar 
pancreático. Essas estruturas passaram para a literatura com o nome de ilhotas de Langerhans 
ou simplesmente ilhotas pancreáticas. Verificou-se posteriormente que essas estruturas eram 
formadas por pelo menos quatro tipos de células; as células A ou a secretam o glucagon, as células 
B ou b secretam a insulina, constituindo de 60 a 80% das ilhotas, as células d ou D secretam a 
somatostatina e as células PP ou F secretam o polipeptídeo pancreático (Fig. 4).
O armazenamento de nutrientes para posterior liberação na circulação permite que a vida 
prossiga na ausência de ingestão contínua de alimentos. A insulina e o glucagon constituem os 
principais hormônios envolvidos no controle da captação, utilização, armazenamento e liberação 
desses nutrientes. A insulina promove a captação e o armazenamento da glicose e de outras 
pequenas moléculas que contêm energia. Os hormônios “contrarreguladores” – glucagon, 
catecolaminas (isto é, norepinefrina e epinefrina do sistema nervoso simpático e da medula 
suprarrenal), glicocorticoides (isto é, cortisol do córtex da suprarrenal) e hormônio do crescimento 
(da hipófise) – antagonizam a ação da insulina e promovema liberação de nutrientes. O nível de 
glicemia é facilmente medido e proporciona uma orientação acurada sobre o equilíbrio da insulina e 
dos hormônios contrarreguladores. Esse equilíbrio normalmente mantém os níveis de glicose numa 
faixa estreita (70–120 mg/dL), independentemente da ingestão recente de alimentos. A hipoglicemia 
é perigosa, visto que os órgãos do corpo – particularmente o cérebro – dependem de um suprimento 
constante de glicose para o seu funcionamento apropriado. Por outro lado, a hiperglicemia crônica 
é tóxica para numerosas células e tecidos.
Figura 4. Pâncreas e ilhotas de Langerhans
21
CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA │ UNIDADE I
O hormônio leptina recém-identificado regula o balanço energético em longo prazo e a resposta 
neuroendócrina ao armazenamento de energia. A leptina é secretada pelos adipócitos, e a sua 
concentração no plasma é proporcional à massa total de gordura. Por conseguinte, a leptina sinaliza 
ao sistema nervoso central a quantidade de energia – na forma de tecido adiposo – que é armazenada 
no corpo. A leptina promove a anorexia (diminuição do apetite) e permite ao sistema endócrino 
desempenhar funções que consomem energia, como crescimento, reprodução e manutenção de uma 
alta intensidade de metabolismo. Alternativamente, a ausência de leptina nos estados de inanição 
resulta em aumento do apetite e comprometimento das funções que consomem energia.
Insulina
A síntese da insulina inicia-se no retículo endoplasmático rugoso das células B pancreáticas, a partir 
de uma molécula precursora contendo 110 aminoácidos, denominada pré-proinsulina, que logo 
sofre clivagem perdendo 24 aminoácidos do peptídeo sinal da região aminoterminal da cadeia B 
transformando em proinsulina. A molécula da proinsulina sofre modificações, as duas cadeias de 
peptídeos A e B são ligadas por duas pontes de dissulfeto, A7-B7 e A20-B19, e na cadeia A também é 
observada outra ponte de dissulfeto entre A7 e A11. A proinsulina é transportada em vesículas para o 
complexo de Golgi, onde é armazenada, juntamente com as enzimas endopeptidases dependentes de 
Ca++, PC2 e PC3, responsáveis pela clivagem proteolítica em quatro aminoácidos básicos, liberando 
o peptídeo de conexão, peptídeo C, dando origem a insulina. A insulina é transportada envolvida 
pela membrana originária do aparelho de Golgi, formando os grânulos de secreção. Esses grânulos 
movimentam-se em direção à membrana citoplasmática por meio de um sistema de microtúbulos 
e microfilamentos. A insulina existe como monômeros, dímeros e hexameros, coordenadas pelo 
zinco e estocadas nas vesículas. O monômero é a forma biológica mais comum. Assim, a forma da 
insulina circulante é um monômero, consistindo de duas cadeias de peptídeos A e B com 21 e 30 
aminoácidos, respectivamente, na espécie humana e um peso molecular de 5734 Da.
A secreção de insulina é estimulada por substratos energéticos metabolizáveis pela célula B 
pancreática, sendo a glicose o secretagogo mais importante. A glicose é transportada para o interior 
da célula B por uma proteína integral de membrana, denominada Glut2. Após entrar na célula B, a 
glicose é fosforilada à glicose-6-fosfato (G-6-P) por duas enzimas: a hexoquinase IV (glicoquinase) 
de baixa afinidade (Km entre 6 a 11mmol/L) e a hexoquinase I de alta afinidade (Km < 0,1mmol/L). 
Entretanto, a enzima de alta afinidade é fortemente inibida pela glicose-6-fosfato e, em menor grau, 
pela frutose-1-6-difosfato, o que transfere para a glicoquinase o papel preponderante na fosforilação 
da glicose nas células B. Esse mecanismo funciona como “válvula de segurança”, permitindo a 
formação de glicose-6-fosfato, em concentrações fisiológicas e suprafisiológicas de glicose no sangue. 
Confere ainda à glicoquinase papel fundamental na regulação do fluxo glicolítico e, portanto, na 
secreção de insulina, o que caracteriza essa enzima como o sensor da glicose nas células secretoras 
de insulina. 
O destino preferencial da G-6-P na célula B é a glicólise. Menos de 10% da G-6-P vai para a via 
da pentose fosfato e, além disso, as enzimas da síntese de glicogênio apresentam atividade baixa 
na célula B. O piruvato formado no citoplasma é transportado à mitocôndria, onde é convertido 
a acetil-CoA pela piruvato desidrogenase (PDH). Subsequentemente, acetil-CoA entra no ciclo de 
22
UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA
Krebs levando a um aumento de nicotinamida adenina dinucleotídeo (NADH) e flavina adenina 
dinucleotídeo (FADH2). O metabolismo de glicose gera ATP e a fração ATP/ADP aumenta no 
citoplasma. Essa relação ATP/ADP aumentada provoca o fechamento dos canais de potássio e a 
consequente despolarização da membrana celular que abre canais de cálcio, sensíveis à voltagem. O 
aumento do influxo de cálcio para a célula B resulta em despolarização suplementar da membrana 
plasmática e desencadeamento do processo exocitótico A estimulação das células B pela glicose leva 
à ativação de isoformas da fosfolipase C (PLC), promovendo a hidrólise de fosfolípides de membrana 
e gerando inositol 1-4-5-trifosfato (IP3) e diacilglicerol (DAG). O IP3 ativa os canais de cálcio 
localizados na membrana do retículo endoplasmático com a saída de cálcio da organela e aumento 
da concentração desse íon no citossol. O DAG, por sua vez, também produz o mesmo efeito sobre a 
concentração de cálcio intracelular, ao ativar os canais de cálcio sensíveis à voltagem da membrana 
plasmática, permitindo a passagem do cátion do meio extracelular para o intracelular. O DAG 
também ativa a proteína quinase C (PKC) que, por sua vez, ativa proteínas dos grânulos secretórios 
de insulina que, juntamente com o Ca++, promoverão a ativação do sistema de microtúbulos e 
microfilamentos, responsável pela translocação desses grânulos para as proximidades da membrana 
plasmática e consequente exocitose. 
Outra função proposta para a PKC é de ativação da adenilato ciclase (que também ocorre por outros 
mecanismos, durante a glicólise) com o consequente aumento do conteúdo intracelular de AMPc. A 
indução da produção de AMPc ativa a proteína quinase A (PKA), que parece agir nos processos de 
síntese protéica da célula. A PKA pode, ainda, estimular a secreção de insulina por duas maneiras 
distintas: 1) pela fosforilação do canal de Ca++, sensível à voltagem, permitindo a entrada do íon na 
célula; 2) pela fosforilação de alguns componentes não tão específicos da maquinaria secretória, 
mas que garantem a sua eficiência. Nas condições de jejum a concentração no sangue é de 0,5 ng/
ml. Após alimentação a secreção aumenta rapidamente. Circula como monômeros chegando aos 
tecidos alvos de sua ação, que será posteriormente discutida. Há um acúmulo principalmente no 
fígado e rim, pouco no cérebro e hemácias. A meia vida é de 5 a 6 min. A degradação da insulina 
ocorre no fígado, rim e músculos. Nos hepatócitos, 50% da degradação ocorre via internalização da 
insulina e receptor por endocitose; mas, nas células endoteliais, a insulina pode ser liberada intacta. 
A excreção é feita pela via urinária.
Quando liberada no plasma, a insulina pode interagir com diversos tecidos como músculo esquelético, 
fígado, tecido adiposo, SNC, pâncreas, coração, entre outros. Esse hormônio liga-se a um receptor 
do tipo tirosina-quinase localizado na superfície da membrana plasmática e provoca uma cascata 
de reações que vai culminar na translocação da proteína transportadora de glicose (GLUTs) até a 
superfície da membrana onde a glicose será internalizada.
Em nível molecular, a sinalização intracelular da insulina (Fig. 5) começa com a sua ligação a 
um receptor específico de membrana, uma proteína heterotetramérica com atividade quinase, 
composta por duas subunidades α e duas subunidades β, que atua como uma enzima alostérica 
onde a subunidade α inibe a atividade tirosina quinase da subunidade β. A ligação da insulina 
à subunidade a permite que a subunidade b adquira atividade quinase levando a alteração 
conformacionale autofosforilação, que aumenta ainda mais a atividade quinase do receptor. Uma 
vez ativado, o receptor de insulina fosforila vários substratos protéicos em tirosina. Atualmente, dez 
substratos do receptor de insulina já foram identificados.
23
CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA │ UNIDADE I
Quatro desses pertencem à família dos substratos do receptor de insulina, as proteínas IRSs. Outros 
substratos incluem Shc, Gab-1, p60dok,Cbl, JAK2 e APS. A fosforilação em tirosina das proteínas 
IRSs cria sítios de reconhecimento para moléculas contendo domínios com homologia a Src 2 (SH2). 
Dentre estas se destaca a fosfatidilinositol 3–quinase (PI 3-quinase). A PI 3-quinase é importante 
na regulação da mitogênese, diferenciação celular e transporte de glicose estimulada pela insulina.
A PI-3 quinase foi originalmente identificada como um dímero composto de uma subunidade 
catalítica (p110) e uma subunidade regulatória (p85). A ligação dos sítios YMXM e YXXM (onde 
Y= tirosina, M= metionina e X= qualquer aminoácido) fosforilados das proteínas IRSs ao domínio 
SH2 da subunidade p85 da PI 3 –quinase ativa o domínio catalítico associado. A enzima catalisa 
fosforilação dos fosfoinositídeos na posição 3 do anel de inositol produzindo fosfatidilinositol-3-
fosfato, fosfatidilinositol-3,4-difosfato e fosfatidilinositol- 3,4,5-trifosfato. Então a enzima PI3-K 
fosforila em serina a proteína AKT tendo como um dos efeitos a translocação das vesículas de GLUT 
4 até a superfície da membrana, onde ocorrerá a internalização da glicose.
Efeitos da insulina no metabolismo dos carboidratos
 » Aumento no transporte de glicose através da membrana celular;
 » aumento na disponibilidade de glicose no líquido intracelular;
 » aumento na utilização de glicose pelas células;
 » aumento na glicogênese (polimerização de glicose, formando glicogênio), 
principalmente no fígado e nos músculos;
 » aumento na transformação de glicose em gordura.
Efeitos da insulina no metabolismo das proteínas
 » Aumento no transporte de aminoácidos através da membrana celular;
 » maior disponibilidade de aminoácidos no líquido intracelular;
 » aumento na quantidade de RNA no líquido intracelular;
 » aumento na atividade dos ribossomas no interior das células;
 » aumento na síntese proteica;
 » redução na lise proteica;
 » aumento no crescimento.
Efeitos da insulina no metabolismo das gorduras
 » Aumento na transformação de glicose em gordura;
 » redução na mobilização de ácidos graxos dos tecidos adiposos;
 » redução na utilização de ácidos graxos pelas células.
24
UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA
Figura 5. Mecanismo de ação da insulina
Glucagon
Secretado pelas células alfa das ilhotas de Langerhans, é muito importante principalmente para 
evitar que ocorra uma hipoglicemia acentuada no organismo de uma pessoa. Quando a concentração 
de glicose no sangue atinge valores baixos, as células alfa das ilhotas de Langerhans liberam uma 
maior quantidade de glucagon. O glucagon, então, faz com que a glicose sanguínea aumente e 
retorne aos valores aceitáveis como normal. Os principais mecanismos através dos quais o glucagon 
faz aumentar a glicemia são:
 » aumento na glicogenólise (despolimerização do glicogênio armazenado nos tecidos, 
liberando glicose para a circulação);
 » aumento na gliconeogênese, através do qual elementos que não são carboidratos 
(proteínas e glicerol) transformam-se em glicose.
Resistência à insulina e diabetes
O termo resistência à insulina é definido como uma resposta biológica subnormal a uma determinada 
concentração deste hormônio. Na maioria dos casos, o termo resistência à insulina é empregado 
tendo-se como referência o controle glicêmico, refletindo um efeito inadequado da insulina na 
homeostase da glicose, ocorrendo uma falha no mecanismo de transdução do sinal levando a uma 
menor captação de glicose nos tecidos periféricos. Estudos mostram que a fosforilação em serina 
dos IRS poderiam atenuar o sinal insulínico, e ser uma provável causa de resistência à insulina. 
25
CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA │ UNIDADE I
Resultados indicam que a fosforilação em serina das proteínas IRS serve como um mecanismo de 
feedback negativo inibindo a atividade das proteínas IRS. A fosforilação em serina pode induzir a 
dissociação das proteínas IRS a partir do receptor de insulina, bloqueando os sítios de fosforilação em 
tirosina de proteínas IRSs e induzindo a degradaçâo dessas proteínas. Agentes como ácidos graxos 
livres, citocinas, angiotensina II, endotelina-1, aminoácidos, estresse celular e hiperinsulinemia 
induzem a resistência à insulina, por levarem a fosforilação em serina de irs1.
Diabetes Melito (DM) é a doença mais conhecida e frequente que acomete o pâncreas endócrino; 
existem outras patologias com distúrbios da função endócrina pancreática por lesão direta desse 
órgão, tais como insulinoma, nesidioblastose, glucagonoma, somatostatinoma. DM é uma síndrome 
metabólica, uma doença crônica (a previsão é que em 2025 haja 300 milhões de indivíduos com a 
doença, hoje o número está por volta de 170 milhões, 20% dos diabéticos no Brasil seguem orientação 
médica), caracterizada por hiperglicemia, como consequência de uma deficiência na secreção de 
insulina, diminuição na resposta do tecido periférico à insulina (resistência à insulina) ou ambos. 
Embora vários processos patológicos podem levar ao DM, como, por exemplo, doenças do pâncreas 
exócrino, endocrinopatias, drogas e produtos químicos, a grande maioria da DM pode ser classifica 
em Diabetes tipo 1 (insulina dependente) e tipo 2 (não insulina dependente). A nova classificação 
baseia-se na etiologia do diabetes melito.
DM 1 – a deficiência da insulina é consequência da destruição das células B pancreáticas, doença 
autoimune. A manifestação clínica é abrupta, hiperglicemia e cetoacidose, porém, sabe-se que as 
primeiras manifestações clínicas são precedidas por um período silencioso ou pré-hiperglicêmico de 
duração variável, com perda da massa e função das células B com participação de fatores genéticos 
e ambientais. Esta fase é caracterizada pelo aparecimento de anticorpos contra ilhotas (ICA), anti-
insulina (IAA), antidescarboxilase do ácido glutâmico (GAD) e contra tirosina fosfatase (IA2). DM 1 
idiopática também é observada, não havendo evidência da presença destes anticorpos.
DM 2 – é a mais comum, 7,6% em indivíduos 30-69 anos no Brasil. Normalmente acomete 
indivíduos com resistência à insulina, mas não aparece em todas as pessoas com resistência, mas 
somente naquelas com defeito na capacidade de secretar a insulina, tal que a secreção pancreática 
falhou em compensar a resistência à insulina. Os estudos da medida da concentração plasmática, 
após o estímulo com glicose (teste de tolerância à glicose) mostram a perda do primeiro pico da 
secreção da insulina e graus variados da diminuição do segundo pico de secreção de insulina 
são observados. A resistência à insulina pode ser manifestada como consequência da obesidade, 
vida sedentária, envelhecimento, resultando hiperglicemia e diabetes, hipertensão, dislipidemia 
(aumenta triglicérides e LDL, diminui HDL). Mesmo no DM 2 há uma progressiva perda das células 
beta, resultando na deficiência de insulina necessitando da terapia com a insulina.
 
26
CAPÍTULO 3
Tireoide
Introdução
Etimologicamente o seu nome deriva de Tireos (escudo das falanges romanas) e oide (em forma 
de) uma vez que na espécie humana se encontra sobreposta à cartilagem do mesmo nome, que tem 
essa configuração. A tireoide é a glândula endócrina encontrada em quase todos os vertebrados e 
localizada na parte anterior do pescoço e em cada lado da traqueia, com dois lóbulos ligados por um 
istmo. Os dois hormônios tireoidianos, tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), afetam a maioria dos 
órgãos, incluindo o coração, cérebro, fígado, rins e pele, entre outros. 
Esses dois hormônios armazenam-se no interior dos folículos e, aos poucos, são liberadospara a corrente sanguínea, por onde atingem todos os tecidos, promovendo um importante 
estímulo no metabolismo celular. São responsáveis, respectivamente, por 90% e 10% do débito 
total da tireoide. Além desses dois, a tireoide produz o chamado T3 reverso, ou rT3, que atua 
de forma conjugada com T3 e T4. O T4 atua, sobretudo, como um pré-hormônio, sendo que a 
monodeiodinação do anel externo de sua estrutura molecular fornece 75% da produção diária 
de T3, que é o principal hormônio ativo. Alternativamente, à monodeiodinação do anel interno 
fornece rT3, que é biologicamente inativo.
Produção e secreção dos 
hormônios tireoidianos
As células da tireoide possuem uma única camada de células epiteliais cubóides produtoras de T4 e 
T3, e células C (células parafoliculares) as quais são responsáveis pela síntese de calcitonina. Dentro 
da luz folicular os hormônios são sintetizados a partir da tireoglobulina (formada por uma cadeia 
de aminoácidos tirosina) e armazenados na forma de um material colóide. A tirosina é incorporada 
em ligações peptídicas dentro da glicoproteína (tireoglobulina). À medida que as moléculas de 
tireoglobulina vão sendo produzidas, as moléculas de iodo vão se ligando quimicamente aos radicais 
tirosina das proteínas, sendo necessária a atividade da enzima iodinase para que essas moléculas 
de iodo se liguem com a devida rapidez e em quantidade satisfatória. A formação de T4 ocorre pela 
ligação de 2 radicais tirosina, ligados entre si, com 2 íons iodetos em cada uma de suas moléculas; 
e a de T3 por 2 radicais tirosina, ligados entre si, sendo um com 2 íons iodeto e outro com apenas 1 
íon iodeto. 
A face da célula folicular tireoideana, voltada para o interior do folículo, faz constantemente o 
processo de pinocitose. Por meio desse processo, diversas moléculas de tireoglobulina acabam 
retornando para o citoplasma da célula, desta vez carregando moléculas de hormônio tireoideano 
em sua estrutura. No interior da célula, a tireoglobulina sofre ação de enzimas proteolíticas, 
fragmentando-se em segmentos pequenos, liberando os hormônios tireoideanos (T3 e T4) na 
27
CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA │ UNIDADE I
circulação, através da outra face celular. Os hormônios, então, ligam-se a proteínas plasmáticas e 
assim circulam em nossa rede vascular, atingindo quase todas as células do corpo. 
Figura 6. Síntese, armazenamento e liberação dos hormônios da tireoide.
T3 e T4 circulam ligados a proteínas plasmáticas, sendo a fração ativa a que se encontra na forma livre 
na circulação, ou seja, T3 é a molécula responsável pela maioria das ações tissulares do hormônio 
tireoidiano por ser a forma ativa. A proporção de T4 entre T3 e rT3 regula a disponibilidade do 
hormônio tireoideano ativo.
A principal proteína de fixação é a globulina fixadora de tiroxina (TBG), que é uma globulina 
sintetizada no fígado. Além de transportar os hormônios, ele também tampona as modificações 
agudas na função da tireoide e evita que os hormônios sejam depurados e eliminados pela urina, 
ajudando a conservar o iodeto.
Para exercer seu efeito, os hormônios tireoideanos necessitam entrar nas células. Por esse motivo, 
a magnitude das respostas celulares é totalmente dependente da concentração intracelular dos 
hormônios tireoideanos, que, por sua vez, está relacionada ao transporte de T3 e T4 na membrana 
plasmática das células. O controle da entrada e/ou saída de hormônios tireoideanos pode 
alterar sua concentração no interior da célula e, assim, ser um ponto regulador para sua ação 
final. A importância do transporte e da concentração intracelular dos hormônios tireoideanos 
como fator regulador de sua ação foi demonstrada em células derivadas de hepatoma de rato 
28
UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA
que apresentavam resistência à ação de T3 por não o acumularem em seu interior. A diminuição 
da concentração de T3 intracelular nestas células foi devida ao aumento do seu efluxo pela 
membrana plasmática.
O transporte de hormônios tireoideanos pode compensar a diminuição de seus níveis plasmáticos 
observada, por exemplo, em pacientes com insuficiência renal crônica. Assim, hemácias de pacientes 
urêmicos apresentam aumento do influxo e diminuição do efluxo de T3, favorecendo, ao final, o 
acúmulo do hormônio em seu interior. Recentemente, foi demonstrado que a hiperexpressão de 
proteínas transportadoras, que estão envolvidas no influxo de T3, aumentam seu influxo para o 
interior da célula e, consequentemente, sua resposta transcricional. No sentido oposto, o bloqueio 
deste sistema por inibidores específicos reduz a concentração intracelular de T3, assim como sua 
ação farmacológica sobre TR. 
Principais efeitos metabólicos
Os hormônios tireoideanos possuem ação, direta ou indireta, em quase todos os tecidos. O 
metabolismo basal pode aumentar até 100% acima do normal, quando é secretada grande quantidade 
desses hormônios. Utilização de oxigênio, produção de CO2 e termogênese são estimuladas por 
mecanismos de desacoplamento entre a síntese de ATP e a oxidação de substratos, aumento no 
tamanho e número de mitocôndrias, atividade aumentada de Na+, K+ -ATPase e taxas aumentadas 
de oxidação e síntese de glicose e ácidos graxos.
O aumento do número e tamanho das mitocôndrias desencadeia um aumento na velocidade de 
formação de ATP (trifosfato de adenosina) para manter a função celular, aumentando a temperatura 
corporal. Entretanto, pode representar tanto o resultado da atividade aumentada das células como 
a causa do aumento.
Os hormônios tireoideanos causam grandes efeitos no sistema cardiovascular, como o aumento do 
fluxo sanguíneo e do débito cardíaco, aumento da frequência e da força cardíaca, além de importante 
efeito no metabolismo das gorduras, aumentando a concentração de ácidos graxos livres no plasma 
e acelerando acentuadamente a oxidação desses ácidos graxos livres pelas células. 
A forma ativa, ou seja, T3, também aumenta a síntese proteica e, com isso, a síntese de enzimas, 
aumentando a atividade contrátil do coração, promovendo a absorção rápida de glicose pelas células 
e, consequentemente, aumento na glicólise, gliconeogênese e mobilização de lipídios, aumentando a 
disponibilidade de ácidos graxos livres para oxidação como forma de obtenção de energia. O T3 tem 
papel importante na maturação, estimulando a ossificação endocondral, o crescimento linear do 
osso e a maturação dos centros ósseos epifisários. Além disso, o T3, especificamente, pode acelerar 
o crescimento facilitando a síntese e secreção do (hormônio gonadotrófico) GH.
Receptores dos hormônios tireoidianos
O receptor de TSH (TSH-R) é uma glicoproteína de 764 aminoácidos, sendo uma sequência de 
744 aminoácidos e 20 aminoácidos sinalizadores. O TSH-R é caracterizado por uma porção extra-
29
CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA │ UNIDADE I
membranosa, sete alças trans-membrana e um domínio intra-celular que se liga a subunidade GS 
da adenilciclase. Segmentos do domínio extra-celular comportam a subunidade “A”, incluindo 
aminoácido 12-30 e 324-344 envolvidos na ligação do TSH. 
Existem dois genes distintos que codificam os receptores dos hormônios tireoideanos, TRa e TRb, 
que, nos humanos, localizam-se nos cromossomos 17 e 3, respectivamente. Cada um destes genes 
codifica várias proteínas, que são o resultado do processamento alternativo do RNA mensageiro 
(splicing alternativo) ou da utilização de promotores alternativos. A expressão dos mRNAs dos TRs 
varia com o desenvolvimento e com a diferenciação celular. Os mRNAs do TRa, TRa e TRb são 
expressos em quase todos os tecidos, ainda que em níveis diferentes. Assim, o TRa é abundante 
nos músculos esqueléticos, gordura marrom e no coração, o TRa é particularmente abundante no 
cérebro e o TRb é expresso em grande quantidade no fígado, rim e cérebro. Já o TRb é expresso 
principalmente na glândula pituitária e em outras áreas do cérebro. Em ratos, o TRb é expresso no 
fígado, rim e pulmão, enquantoo TRb, no músculo esquelético, coração, baço e cérebro. 
Essa expressão variada dos TRs pode constituir um mecanismo usado pelo T3 para a regulação 
da transcrição de forma seletiva para alguns tecidos. Os receptores TR possuem papéis funcionais 
distintos na fisiologia hormonal tireoideana.
Conforme mencionado anteriormente, os efeitos do TR na regulação da expressão gênica são inicialmente 
obtidos com a ligação do receptor a sequências de DNA específicas, presentes na região regulatória 
dos genes alvo. Aproximadamente 30 TREs naturais já foram identificados. A importância fisiológica 
da ligação de TR como homodímero ainda não está clara, principalmente na ativação da transcricão, 
pois, foi demonstrado que a adição de T3 promove a dissociação de homodímeros de TR favorecendo, 
subsequentemente, a formação de heterodímeros com o RXR. Em contraste, o T3 não altera a ligação 
de homodímeros de TR. Dessa forma, o T3 em concentrações fisiológicas modifica o equilíbrio entre os 
TRs que se ligam ao DNA como homodímeros e heterodímeros. Os produtos secretados pela tireoide 
são iodotironinas, uma série de compostos resultantes da ligação de duas moléculas de tirosina 
iodadas. Aproximadamente 90% do débito hormonal tireoidiano são de 3,5,3’,5’-tetraiodotironina 
(tiroxina ou T4); 10% são 3,5,3’-triiodotironina (T3); e menos de 1% é 3,3’,5’-triiodotironina (T3 
reverso ou rT3). No entanto, o T3 é a molécula responsável pela maioria das ações tissulares do 
hormônio tireoidiano.
Hipertireoidismo e hipotireoidismo
As principais doenças relacionadas à tireoide são o hipertireoidismo e o hipotireoidismo. Uma é, 
quase sempre, o oposto da outra.
O hipotireoidismo é uma doença da tireoide que é caracterizada pela baixa produção dos hormônios 
tireoidianos. A falta desses hormônios ocasiona o baixo metabolismo característico dos portadores 
dessa doença. É mais comum em mulheres, principalmente as de mais idade.
Hipertireoidismo é uma doença que, ao contrário do hipotireoidismo, é caracterizada pela produção 
excessiva dos hormônios tireoidianos. Essa alta produção leva ao chamado hipermetabolismo. 
Também é mais comum em mulheres, porém, de idade entre 20 e 40 anos.
30
UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA
SISTEMA RESPIRATÓRIO
HIPERTIREOIDISMO HIPOTIREOIDIS
Frequência respiratória » aumenta (taquipneia) » diminui (bradipneia)
Profundidade da respiração » aumenta (hiperpneia) » diminui (hipopneia)
SISTEMA CARDIOVASCULAR
HIPERTIREOIDISMO HIPOTIREOIDISMO
Tônus vascular » vaso-dilatação » vaso-constrição
Fluxo sanguíneo tecidual » aumenta » diminui
Temperatura corporal » aumenta » diminui
Frequência cardíaca » aumenta (taquicardia) » diminui (bradicardia)
Força de contração do coração » aumenta » diminui
Débito cardíaco » aumenta » diminui
Pressão arterial (sistólica) » aumenta » diminui
Pressão arterial (diastólica) » diminui » aumenta
SISTEMA NEURO-MUSCULAR
HIPERTIREOIDISMO HIPOTIREOIDISMO
Contrações musculares » mais fortes, mais rápidas » mais fracas, mais lentas
Reflexos » hiper-reflexia » hipo-reflexia
Sono » reduzido (insônia) » aumentado
Manifestações psicológicas » ansiedade,
 » tendências psiconeuróticas 
taquipsiquismo
 » depressão 
bradipsiquismo
SISTEMA REPRODUTOR
 » HIPERTIREOIDISMO » HIPOTIREOIDISMO
Masculino » disfunção erétil » redução da libido
Feminino » amenorreia 
 » oligomenorreia 
 » menorragia 
 » polimenorreia 
 » redução da libido
31
CAPÍTULO 4
Fisiologia sexual
Fisiologia reprodutor masculino
As funções reprodutivas masculinas podem ser divididas em três subníveis: a espermatogênese, 
o ato sexual masculino e a regulação das funções sexuais masculinas por diversos hormônios. 
A espermatogênese ocorre em todos os túbulos seminíferos durante a vida sexual ativa, como 
consequência da estimulação pelos hormônios gonadotrópicos da hipófise anterior. 
A espermatogênese começa por volta dos 13 anos e continua pelo resto da vida. Os túbulos seminíferos 
contêm grande número de células epiteliais germinativas denominadas espermatogônias. Uma 
parte delas se diferencia para formar os espermatozoides. Após sua formação os espermatozoides 
passam para o epidídimo e uma parte deles ficam armazenados e uma parte fica no canal deferente. 
As vesículas seminais são glândulas secretoras de material mucoide contendo muita frutose, ácido 
cítrico e outros nutrientes. 
Durante o processo da ejaculação, cada vesícula seminal lança seu conteúdo no ducto ejaculatório 
logo após o canal deferente ter expelido os espermatozoides. Isso aumenta muito o volume do 
sêmen ejaculado. A glândula prostática secreta um líquido importante para a fertilização eficaz 
do óvulo. 
O sêmen, que é ejaculado durante o ato sexual masculino, é constituído pelos líquidos oriundos 
do canal deferente, das vesículas seminais, da próstata e das glândulas mucosas, especialmente as 
glândulas bulbouretrais. 
Antes de poder fertilizar o óvulo, o espermatozoide deve primeiro, atravessar a camada de células da 
granulosa e, depois, penetrar no espesso revestimento do óvulo propriamente dito, a zona pelúcida. 
O acrossomo do espermatozoide libera, então, a enzima hialuronidase que abre espaço entre as 
células da granulosa de modo que o espermatozoide possa chegar até o óvulo. 
Os sinais nervosos para desencadear o ato sexual masculino originam-se na glande, pois ela contém 
um sistema altamente organizado de órgãos terminais sensitivos, que transmitem para o sistema 
nervoso central assim conhecido como sensação sexual. 
A ação sobre a glande estimula os órgãos terminais sensitivos, enquanto os sinais sexuais, por sua 
vez, transitam pelo nervo pudendo, e daí para a porção sacra da medula espinhal, por meio do plexo 
sacro, subindo, por fim, pela medula, até áreas não determinadas do cérebro. 
A estimulação do escroto e das estruturas perineais, por exemplo, pode enviar à medula impulsos 
que aumentam a sensação sexual. A medula através de mecanismos reflexos próprios integrados é 
suficiente para a realização do ato sexual. A ereção é a primeira consequência da estimulação sexual 
masculina. Ela ocorre através dos nervos parassimpáticos. 
32
UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA
Os sinais parassimpáticos dilatam as artérias do pênis, assim permitindo que o sangue arterial 
flua com alta pressão para o tecido erétil do pênis. A ejaculação é uma função nervosa simpática. 
Quando o estímulo sexual se torna extremamente intenso, os centros reflexos da medula espinhal 
começam a emitir impulsos simpáticos, que deixam a medula através de L1 e L2 e chegam aos órgãos 
genitais. Os testículos secretam vários hormônios sexuais masculinos, que são coletivamente 
denominados androgênios. 
O mais significativo é a testosterona, responsável pelos efeitos hormonais masculinos. A testosterona 
é formada pelas células intersticiais de Leydig, situada nos interstícios entre os túbulos seminíferos. 
Em geral, a testosterona é responsável pelas características distintivas do corpo masculino. Os 
testículos geralmente descem para o escroto durante os últimos dois ou três meses de gravidez, 
quando estão secretando quantidade adequada de testosterona. 
A glândula hipófise anterior secreta dois hormônios gonadotrópicos principais: o hormônio folículo-
estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH). Ambos desempenham papéis importantes no 
controle da função sexual masculina. O LH estimula as células intersticiais de Leydig a produzirem 
testosterona. A gonadotrofina coriônica, produzida pela placenta, estimula a formação de células 
de Leydig durante a gestação. A conversão das espermatogônias em espermatócitos nos túbulos 
seminíferos é estimulada pelo FSH. A regulação da secreção hipofisária de LH e FSH é feita pelo 
hipotálamo através do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH). 
Fisiologia feminina antes da gravidez e os 
hormônios femininos
Nos meados de cada ciclo mensal, um único óvulo é expelido para a cavidade abdominalpor um 
folículo ovariano. Esse óvulo segue, então, até o útero passando por uma das tubas uterinas e, caso 
tenha sido fertilizado por um espermatozoide, implanta-se no útero, onde se transforma num feto, 
com placenta e membranas fetais. 
Durante todo o período reprodutivo da mulher, apenas cerca de 400 dos folículos se desenvolvem o 
suficiente para expelir seus óvulos, enquanto os demais se degeneram. À época do final do período 
reprodutivo, que é denominado menopausa, apenas alguns folículos primordiais permanecem 
nos ovários e degeneram-se logo depois. No sistema hormonal feminino, o hipotálamo produz o 
hormônio liberador de gonadotropinas que estimulam a hipófise anterior a produzir o hormônio 
folículo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH). 
No início de cada mês do ciclo sexual feminino, imediatamente após a menstruação, as concentrações 
dos hormônios hipofisários FSH e LH aumentam. Na mulher que apresenta um ciclo sexual normal, 
a ovulação ocorre 14 dias após o início da menstruação. Aproximadamente dois dias antes da 
ovulação a secreção de LH pela hipófise anterior aumenta acentuadamente elevando-se de 6 a 10 
vezes. Simultaneamente, o FSH aumenta cerca de duas vezes. A massa de células da granulosa que 
permanece no ovário no local da ruptura do folículo transforma-se no corpo lúteo. 
Ele então secreta grandes quantidades de progesterona e estrogênio, principalmente progesterona. 
Após vários dias da fase lútea do ciclo ovariano, a grande quantidade de estrogênio e progesterona 
33
CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA │ UNIDADE I
secretada pelo corpo lúteo causa efeito de feedback sobre o hipotálamo, reduzindo a secreção de LH 
e FSH. Segue-se então um novo ciclo ovariano. Os estrógenos e as progestinas constituem os dois 
tipos de hormônios sexuais ovarianos. 
Sem dúvida, o mais importante dos estrógenos é o estradiol, e a progestina mais importante é 
a progesterona. Os estrógenos promovem principalmente a proliferação e o crescimento de 
células corporais especificamente ligadas ao sexo, sendo responsáveis pelo desenvolvimento 
da maioria das características sexuais secundárias femininas. Por outro lado, as progestinas 
destinam-se quase totalmente à preparação final do útero para a gravidez e das mamas para 
a amamentação. 
Gravidez e amamentação
Quando ocorre a ovulação, o óvulo é expelido diretamente para a cavidade peritoneal e entra 
numa das tubas uterinas. A fertilização do óvulo ocorre normalmente logo depois que ele penetra 
na tuba uterina. Em seguida, são normalmente necessários três a quatro dias para que o ovo seja 
transportado ao longo da tuba até a cavidade do útero. Esse demorado transporte pela tuba uterina 
permite que ele passe por várias etapas de divisão, transformando-se em mórula e blastocisto logo 
após a chegada ao útero. 
Após chegar ao útero, a mórula e, depois, o blastocisto em desenvolvimento permanecem na cavidade 
uterina por mais dois a cinco dias antes de ocorrer a implantação no endométrio, o que significa que 
a implantação se dá normalmente no sétimo ou oitavo dia após a ovulação. A implantação decorre 
da ação das células trofoblásticas que se desenvolvem na superfície do blastocisto. 
Após ocorrer a implantação, as células trofoblásticas e as células blastocísticas subjacentes 
proliferam rapidamente; juntamente com células do endométrio materno, elas formam a placenta 
e as diversas membranas próprias da gravidez. A principal função da placenta é a de possibilitar a 
difusão de substâncias alimentares do sangue da mãe para o do feto e a difusão dos produtos de 
excreção do feto para a mãe. Além disso, ela também realiza o transporte de oxigênio da mãe para o 
feto e de dióxido de carbono do feto para a mãe. 
Na gravidez, a placenta forma grande quantidade de gonadotrofina coriônica humana, estrogênios, 
progesterona e somatomamotropina coriônica humana. A gonadotrofina coriônica humana provoca 
a persistência do corpo lúteo e o impedimento da menstruação. 
A presença no útero de um feto em crescimento significa para a mãe uma carga fisiológica extra. 
Entre os efeitos incluem-se o aumento do débito cardíaco devido ao aumento do fluxo sanguíneo 
através da placenta, o aumento do fluxo sanguíneo da mãe e a presença do líquido amniótico. 
Parto: O aumento da contratilidade uterina próximo ao termo pode ser explicado por alterações 
hormonais progressivas que causam maior excitabilidade da musculatura uterina e, segundo, 
alterações mecânicas progressivas causadas pelo aumento do bebê. O principal hormônio 
responsável pelo aumento das contrações uterinas é a ocitocina, produzida pela hipófise posterior. 
Durante a maior parte da gravidez, o útero apresenta episódios periódicos de contrações rítmicas 
34
UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA
fracas e lentas, denominadas contrações de Braxton Hicks. Essas contrações tornam-se cada vez 
mais fortes no período que antecede o parto e durante o parto. 
O trabalho de parto é dividido em três períodos: período de dilatação, período expulsivo e período 
de dequitação ou secundamento. Durante as primeiras quatro a cinco semanas que se seguem ao 
parto, o útero involui. Nesse período de involução são produzidos os lóquios, corrimento vaginal 
inicialmente sanguinolento e depois seroso, que persiste por cerca de uma semana e meia. O 
hormônio prolactina estimula o início da lactação. 
A ocitocina estimula a descida do leite através de estímulos neurogênicos que terminam por provocar 
a contração das células mioepiteliais que circundam as paredes externas dos alvéolos.
35
UNIDADE IIFARMACOLOGIA 
ENDÓCRINA
CAPÍTULO 1
Farmacologia do eixo 
hipotálamo-hipófise
Hormônio do crescimento
A deficiência de hormônio do crescimento resulta mais comumente da liberação hipotalâmica 
deficiente de GHRH (doença terciária) ou de insuficiência hipofisária (doença secundária). A 
sermorrelina (GHRH sintético) pode ser administrada por via parenteral para determinar a 
etiologia da doença. Se um paciente apresenta uma liberação deficiente de GHRH pelo hipotálamo, 
porém, somatótrofos da adeno-hipófise normalmente funcionantes, a administração de GHRH 
exógeno resulta em liberação aumentada de GH.
Os casos de retardo do crescimento dependente de hormônio do crescimento são tratados, em 
sua maioria, através de reposição com hormônio do crescimento humano recombinante, 
designado pelo nome genérico de somatropina. Um congênere da somatropina, denominado 
somatrem, é quimicamente idêntico, à exceção de uma metionina N-terminal adicional. Os 
esquemas típicos de doses envolvem uma injeção subcutânea ou intramuscular, três vezes por 
semana. Para superar essa inconveniência, foram desenvolvidos métodos de liberação alternativos 
para o hormônio do crescimento, incluindo uma injeção de depósito de hormônio do crescimento 
de liberação lenta, que só exige uma injeção uma vez por mês. Entretanto, no momento atual, essa 
formulação não está sendo produzida comercialmente, visto que provoca reações locais no local de 
injeção. Os peptidomiméticos do hormônio do crescimento, que são biodisponíveis por via oral, 
constituem uma área ativa de pesquisa. 
O IGF-1 recombinante, conhecido pelo nome genérico de mecasermina, constitui um tratamento 
efetivo para pacientes com insensibilidade ao hormônio do crescimento (o denominado nanismo de 
Laron). A mecasermina também foi aprovada para uso em pacientes com deficiência de hormônio 
do crescimento e anticorpos dirigidos contra o hormônio do crescimento. A administração de 
mecasermina está associada a hipoglicemia e a hipertensão intracraniana rara.
Em geral, o excesso de hormônio do crescimento resulta de adenoma somatotrófico. Essa entidade 
apresenta duas formas diferentes de apresentação da doença, dependendo da ocorrência do excesso 
36
UNIDADE II │ FARMACOLOGIA ENDÓCRINA
de hormônio do crescimento antes ou depois do fechamento das epífises dos ossos, como já dito 
anteriormente. O tratamento padrão para o adenomade somatótrofos consiste na remoção cirúrgica 
transesfenoidal do tumor.
As opções clínicas incluem análogos da somatostatina, agonistas da dopamina e antagonistas dos 
receptores de GH. A somatostatina inibe fisiologicamente a secreção de hormônio do crescimento, 
razão pela qual constitui um tratamento lógico para os adenomas de somatótrofos. Entretanto, a 
somatostatina em si é raramente utilizada em clínica, visto que possui uma meia-vida de apenas 
alguns minutos. A octreotida é um análogo peptídico sintético da somatostatina de ação longa, 
que demonstrou diminuir o crescimento de adenomas hipofisário em pacientes acromegálicos. 
Na Europa, dispõe-se de um análogo sintético semelhante da somatostatina, a lanreotida. Como 
a somatostatina e seus análogos afetam numerosos processos secretores, a octreotida pode ser 
utilizada para diversas indicações, incluindo tratamento de varizes esofágicas e certos tumores 
secretores de hormônios. O mecanismo pelo qual a octreotida melhora as varizes esofágicas não é 
conhecido, porém, acredita-se que envolva uma vasoconstrição seletiva dos esfíncteres arteriolares 
na circulação esplâncnica. A administração sistêmica de octreotida pode resultar em efeitos adversos, 
incluindo náusea e diminuição da motilidade gastrintestinal. Uma fórmula de liberação prolongada 
da octreotida, como aquela utilizada no caso descrito na introdução, permite o uso de doses menos 
frequentes, porém, não parece alterar o perfil de efeitos adversos. Apesar de a dopamina estimular 
a liberação de GH em condições fisiológicas, os pacientes com acromegalia apresentam uma 
diminuição paradoxal da secreção do hormônio de crescimento em resposta à dopamina. Com base 
nessa observação, os análogos da dopamina, a bromocriptina e a cabergolina, são algumas vezes 
utilizados como agentes adjuvantes no tratamento da acromegalia. Esses agentes são discutidos 
adiante, na seção sobre o eixo hipotalâmico-hipofisário – prolactina.
O pegvisomanto é um análogo do GH que foi modificado para ligar-se ao receptor de GH 
transmembrana sem ativar a sinalização intracelular subsequente; por conseguinte, trata-se de um 
antagonista competitivo da atividade do GH. O pegvisomanto também contém múltiplos resíduos 
de polietilenoglicol (PEG); essa modificação química prolonga a sua meia-vida e, por conseguinte, 
permite a sua administração uma vez ao dia. Nos estudos clínicos conduzidos, o pegvisomanto 
diminuiu significativamente os níveis séricos de IGF-1. Os níveis de GH aumentam uma a duas 
vezes durante o tratamento com pegvisomanto, devido à inibição diminuída da secreção de GH 
mediada pelo IGF. Em uma pequena porcentagem de pacientes, o adenoma hipofisário subjacente 
pode aumentar de tamanho durante a terapia com pegvisomanto, exigindo uma monitorização 
anual por IRM. As provas de função hepática também devem ser efetuadas periodicamente, visto 
que alguns pacientes podem apresentar elevações nos níveis séricos de aminotransferase. Na 
atualidade, estão sendo pesquisadas aplicações mais disseminadas do pegvisomanto, incluindo 
o seu possível uso na prevenção das complicações tardias do diabetes melito, algumas das quais 
podem ser mediadas pelo GH.
Prolactina e ocitocina
Níveis aumentados de prolactina suprimem a síntese de estrogênio, visto que antagonizam a 
liberação hipotalâmica de GnRH e também diminuem a sensibilidade dos gonadótrofos ao GnRH. 
37
FARMACOLOGIA ENDÓCRINA │ UNIDADE II
Isso resulta em liberação diminuída de LH e de FSH e, portanto, em diminuição da estimulação 
do órgão-alvo do eixo hipotalâmico-hipofisário – sistema reprodutor. Isso parece constituir um 
mecanismo fisiológico para suprimir a ovulação enquanto uma mulher estiver amamentando. 
A secreção cronicamente elevada de prolactina por um prolactinoma também suprime o eixo 
hipotalâmico – hipofisário–sistema reprodutor. Por esse motivo, os prolactinomas constituem uma 
causa comum de infertilidade, particularmente em mulheres.
A bromocriptina é um agonista sintético dos receptores de dopamina que inibe o crescimento das 
células lactotróficas, constituindo uma terapia clínica estabelecida para pequenos prolactinomas 
(microadenomas). A bromocriptina é biodisponível por via oral. A exemplo da octreotida, muitos 
dos efeitos adversos da terapia com bromocriptina resultam de ações sistêmicas do fármaco. Os 
efeitos adversos consistem em náusea e vômitos, presumivelmente pelo fato de que a área postrema 
na medula, que estimula a náusea, possui receptores de dopamina. Outros membros da classe 
dos agonistas dos receptores de dopamina incluem a pergolida e a cabergolina. A quinoglida é 
um agente estruturalmente semelhante, disponível na Europa. A cabergolina, pelo fato de diferir 
estruturalmente dos outros agonistas dos receptores de dopamina, pode causar menos náusea e 
vômitos do que os outros agentes. Os estudos clínicos iniciais também sugerem que a cabergolina 
pode ser mais efetiva do que a bromocriptina na redução dos níveis de prolactina, podendo induzir 
também uma remissão em longo prazo dos adenomas de lactótrofos.
A administração de ocitocina causa contração uterina. A liberação de ocitocina provavelmente não 
é o estímulo fisiológico para o início do trabalho de parto durante a gravidez; entretanto, a ocitocina 
é utilizada farmacologicamente para indução artificial do parto.
TRH, TSH, GNRH e CRH
Como a reposição de hormônio tireoidiano constitui uma terapia efetiva para o hipotireoidismo, 
tanto o TRH quanto o TSH são utilizados principalmente para o diagnóstico da etiologia da doença. 
Se o hipotireoidismo for causado por uma ausência de resposta da glândula tireoide, os níveis de TSH 
estarão elevados, devido à diminuição da retroalimentação negativa do hormônio tireoidiano. Se a 
adeno-hipófise for incapaz de produzir TSH em resposta ao TRH, a administração farmacológica de 
TSH deve resultar na produção e liberação de hormônio tireoidiano. Por fim, se o distúrbio for de 
origem hipotalâmica (distúrbio endócrino terciário), a adição de TRH exógeno ou de TSH exógeno 
irá estimular o aumento dos níveis plasmáticos de hormônio tireoidiano.
O controle endócrino do processo reprodutivo é discutido de modo mais pormenorizado mais a 
frente, porém, os análogos peptídicos do GnRH com meias-vidas curtas podem ser administrados 
de modo pulsátil para estimular a liberação padronizada de gonadotropinas, enquanto os análogos 
com meias-vidas mais longas são utilizados para suprimir a produção de hormônios sexuais através 
de dessensibilização da hipófise à atividade estimuladora do fator de liberação.
A principal diferença farmacológica entre os agonistas atualmente aprovados do GnRH é o método 
de administração. A leuprolida e a histrelina são injetadas uma vez ao dia; a nafarrelina é 
administrada na forma de spray nasal; e a goserrelina é uma injeção de depósito administrado uma 
38
UNIDADE II │ FARMACOLOGIA ENDÓCRINA
vez por mês. Dispõe-se também de implantes de bombas osmóticas que liberam o acetato de leuprolida 
numa taxa controlada por um período de até 12 meses. Os agonistas de ação prolongada são utilizados 
terapeuticamente para o tratamento de diversas condições dependentes de gonadotropinas, incluindo 
endometriose, fibroides uterinos, puberdade precoce e câncer de próstata dependente de androgênios. 
A principal desvantagem é que a supressão dos gonadótrofos não ocorre imediatamente; com efeito, 
verifica-se um aumento (“exacerbação”) transitório (de vários dias) nos níveis de hormônios sexuais, 
seguido de supressão duradoura da síntese e secreção hormonais.
O CRH é utilizado clinicamente para estabelecer se a secreção excessiva de cortisol resulta de 
adenoma hipofisário ou de tumor suprarrenal (ectópico ou primário). Quando o hipercortisolismo 
deriva de um adenoma hipofisário, a administração de CRH aumenta habitualmente os níveis 
sanguíneos de ACTH e de cortisol. Essa resposta não é observada no caso de um tumor ectópico, 
que secreta ACTH de modo autônomo e numa taxa constante.

Outros materiais