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Etapas necessária para estudo de Tempos e Movimentos ⇨Definições e Objetivos: O estudo de tempos e movimentos é estudo sistemático dos sistemas de trabalho com seguintes objetivos: desenvolver o sistema e método preferido, usualmente aquele de menor custo, padronizar esse sistema e método, determinar tempo gasto por uma pessoa qualificada e devidamente treinada, trabalhando num ritmo normal, para executar uma tarefa ou operação específica e orientar o treinamento do trabalhador no método preferido. ⇨ Passos necessários para o Projeto de Métodos: O projeto de método para realizar uma operação quando um novo produto deve entrar em produção, ou a melhoria de um método já estabelecido, é parte importante do estudo de movimentos e de tempos. Como o projeto de métodos é uma forma criativa de resolução de problemas, vamos apresentar em detalhes o processo geral de solução de problemas. Os cincos passos aqui descritos formam um modo lógico e sistemático de procurar a solução de qualquer problema. São eles: 1) Definição do problema. 2) Análise do problema. 3) Pesquisa de possíveis soluções. 4) Avaliação das alternativas. 5) Recomendação para ação. ⇨Projeto de Métodos Macroprocesso: È aplicação do método científico para determinar o melhor método para se produzir um produto e ou um serviço. ⇨ Medida do Trabalho e Tempo Padrão: Desenvolvimento do Método Preferido: Tempo Padrão O tempo padrão de uma operação, trata-se de uma técnica muito comum em ambientes industriais com tarefas repetitivas, sendo empregada para determinar metas de produção, estimar a capacidade produtiva e determinar custos de mão de obra. Mas o que é o tempo padrão? Muitas pessoas cometem o erro de pensar que o tempo padrão é o tempo que um funcionário muito ágil e rápido precisa para fazer todas as etapas de uma operação. Esse pensamento é errôneo, pois se adotarmos como padrão o tempo de um funcionário muito ágil, dificilmente os demais funcionários conseguirão atingir esse padrão. Portanto, esse tempo não é útil para obtermos boas estimativas da capacidade produtiva ou para determinar metas realistas para a força de trabalho. O tempo padrão deve ser visto como o tempo necessário para uma pessoa qualificada e bem treinada, trabalhando em ritmo normal, executar uma tarefa especificada. Além disso, o tempo padrão deve incluir o tempo gasto com paradas para descanso devido à fadiga, necessidades pessoais e outras paradas inevitáveis que compõem o tempo de trabalho do funcionário. Etapas de um estudo de cronoanálise: Um estudo de tempos usando cronoanálise pode ser dividido em seis etapas, conforme mostra a figura a seguir: A primeira etapa envolve a divisão da operação sendo estudada em elementos para facilitar a medição do tempo. Deve-se tomar muito cuidado nesta etapa, pois os elementos não podem ser nem muito longos, nem muito curtos. Elementos muito curtos dificultam a cronometragem. No caso de elementos muito longos, o analista de tempo poderia considerar subdividi-lo em elementos menores para aumentar o grau de detalhamento do estudo. É importante que os elementos sejam definidos de forma que seu início e término sejam bem claros para o analista, evitando assim erros de cronometragem e aumentando a confiabilidade dos resultados. A segunda etapa consiste na escolha do operador que participará do estudo. O analista deve escolher um trabalhador que tenha um desempenho considerado normal para facilitar a avaliação do ritmo. O supervisor da operação pode ser consultado para indicar o operador adequado ao estudo. Após isso, as medições de tempo devem ser feitas ao longo de 10 a 20 ciclos. Cada ciclo corresponde à realização de todos os elementos pertencentes à operação. As medições de tempo devem ser usadas para verificar se o operador trabalha de maneira consistente ao longo de todos os ciclos. Os dados também devem ser analisados para verificar se a quantidade de ciclos observados é suficiente, ou se mais observações são necessárias. Nas últimas duas etapas, o analista deve avaliar o ritmo do operador observado e determinar as tolerâncias da operação. Com isso, será possível calcular o tempo padrão e a capacidade produtiva. ⇨ As fórmulas e passos para determinar o tempo padrão ◉ Exemplo: Para entender melhor as etapas para calcular o tempo padrão, vamos considerar a seguinte situação: Um operador é responsável pela separação de pedidos a serem atendidos em um armazém. O sistema de informação possui a relação de todos os pedidos pendentes. Para cada pedido o operador separa os itens solicitados, coloca-os numa caixa, imprime uma etiqueta com o destinatário e coloca a caixa em uma esteira. Tal situação é muito comum em empresas que precisam atender muitos pedidos de clientes todos os dias. Neste exemplo, vamos considerar que 1.800 pedidos devem ser processados diariamente e vamos calcular quantos funcionários a empresa precisa alocar nesta operação. O primeiro passo para realizar o estudo de cronoanálise é dividir a operação em elementos. Para isso, é necessário que o método atual de trabalho seja observado in-loco pelo analista, que em seguida fará a subdivisão em elementos para facilitar a cronometragem. Neste exemplo, suponha que a operação tenha sido dividida em 5 elementos, como mostra a figura abaixo. ◉ Medição dos tempos: Após dividir a tarefa em elementos, o analista deve escolher o trabalhador que participará do estudo de tempos. O funcionário escolhido deve ser capacitado no método em estudo. Ele deve ser instruído do objetivo do estudo de tempos e ser informado que pode trabalhar em seu ritmo normal. É comum funcionários que funcionários tentem “enganar” o analista de duas formas: em alguns casos, ele trabalhará rápido demais, achando que o objetivo do estudo é avaliar seu desempenho na função; em outros casos, o funcionário poderá trabalhar muito lentamente, para forçar o aumento do tempo padrão da operação. Por isso, a escolha do operador deve priorizar aqueles que já participaram de estudos anteriores e possuem um espírito de colaboração com a empresa.O funcionário escolhido deve repetir a operação em seu ritmo normal ao longo de 10 a 20 ciclos para que uma medição preliminar dos tempos seja obtida. Em nosso exemplo, considere que 10 ciclos tenham sido medidos, com os tempos dados na tabela a seguir: Cada ciclo corresponde à execução dos 5 elementos que compõem a tarefa. Em outras palavras, cada ciclo corresponde ao processamento de um pedido. Note que os tempos da tabela acima estão em minutos decimais para facilitar o cálculo dos tempos médios. Se você tiver alguma dificuldade em lidar com minutos decimais, leia este artigo. ◉Avaliação do Ritmo e Concessão de Tolerâncias Após realizar as medições de tempo, o analista precisa avaliar o ritmo do trabalhador observado. Esta é uma das etapas mais difíceis do estudo de tempo, pois está sujeita a um alto grau de subjetividade. O ritmo do trabalhador deve ser avaliado usando um fator de ritmo, tomando como referência 100% para um trabalhador em ritmo normal. Se o analista considerar que o trabalhador observado teve um ritmo mais lento que o considerado normal, uma avaliação inferior a 100% deve ser feita. Se o analista considerar que o trabalhador teve um ritmo mais rápido que o normal, uma avaliação superior a 100% deve ser concedida. Esse método pode parecer muito subjetivo e sujeito a falhas, mas se o analista de tempos tiver experiência e bom conhecimento sobre a atividade sendo estudada, há grande possibilidade que a avaliação do ritmo seja justa e precisa. O analista também deve determinar as tolerâncias que serão dadas para cobrir o tempo gasto pelos trabalhadores com necessidades pessoais e descanso devido à fadiga básica. Em operações que envolvam baixo grau de esforço físico e que ofereçam uma posição confortável de trabalho, é comum conceder entre 7% a 10% de tolerância. Valores maiores devem ser concedidos caso a tarefa envolva maiores graus de esforço físico ou quando o trabalhador precisa ficar em posições desconfortáveis, tais como inclinar o corpo ou levantar pesos com frequência. ◉Cálculo do Tempo Padrão: Para calcular o tempo padrão, é necessário ter em mãos as medições dos tempos, a avaliação do ritmo do operador observado e a definição das tolerâncias que serão concedidas para a atividade em estudo. A figura a seguir ilustra o passo a passo para determinar o tempo padrão. As medições de tempo permitem o cálculo do tempo observado (TO) da operação. Esse tempo observado permite estimar quanto tempo o trabalhador que participou do estudo leva em média para executar cada elemento da operação. Veja na figura abaixo que o tempo médio de cada elemento pode ser obtido calculando a média dos valores de cada coluna. Após somar os valores médios dos elementos, podemos concluir que o funcionário estudado levou, em média, 2,76 minutos para realizar cada ciclo. No entanto, este valor ainda não considera a avaliação do ritmo de trabalho do operador e a concessão de tolerâncias. Suponha que o analista tenha avaliado o ritmo do trabalhador como 95%, ou seja, considerou que o ritmo observado foi um pouco abaixo do ritmo de um trabalhador normal. A avaliação de ritmo deve ser usada para determinar o Tempo Normal (TN) da operação. Isso é feito da seguinte maneira: Com isso, sabemos que um operador trabalhando em ritmo normal levaria 2,622 minutos para realizar cada ciclo. Neste caso, o tempo normal (TN) é menor que o tempo observado (TO). Isso é natural, pois como o trabalhador estudado foi avaliado como mais lento que o normal, um trabalhador em ritmo normal fará o mesmo trabalho mais rapidamente, ou seja, precisará de menos tempo. Esse é um dos aspectos que mais confundem os iniciantes em estudos de tempo. Para facilitar o entendimento, basta lembrar-se das duas regras seguintes: Observação 1: Se o ritmo for menor que 100%, o tempo normal (TN) será menor que o tempo observado (TO), pois um funcionário em ritmo normal (100%) faria a tarefa mais rapidamente (demoraria menos tempo) Observação 2: Se o ritmo for maior que 100%, o tempo normal (TN) será maior que o tempo observado (TO), pois um funcionário em ritmo normal (100%) faria a tarefa mais lentamente (demoraria mais tempo) Para chegarmos ao Tempo Padrão (TP), precisamos adicionar as tolerâncias ao Tempo Normal (TN). Em nosso exemplo, considere que uma tolerância de 10% será concedida para a operação de processamento de pedidos. O tempo padrão pode ser calculado da seguinte maneira: Assim, chegamos à conclusão que o tempo padrão para processar um pedido é de 2,8842 minutos, o que equivale a 2 minutos e 53 segundos. Esse é o tempo que deve ser usado no planejamento da capacidade dos funcionários e definição dos custos de mão de obra direta dessa atividade. ◉Determinação da Capacidade: Imagine que os funcionários trabalham 8 horas por dia, o que equivale a 480 minutos de trabalho. Isso significa que um funcionário trabalhando em ritmo normal será capaz de processar 166 pedidos. Essa estimativa já considera os 10% do tempo gasto com tolerâncias. Podemos considerar que 166 pedidos processados por dia é uma estimativa justa e realista para um trabalhador treinado trabalhando em ritmo normal. Anteriormente, dissemos que a empresa sendo estudada precisa processar 1.800 pedidos por dia. Isso significa que a empresa precisará ter 11 funcionários trabalhando na área de processamento de pedidos. ◉Considerações Finais Neste artigo utilizamos um exemplo simples para entender o procedimento básico de um estudo de cronoanálise. Se você conseguiu entender bem este exemplo, você está apto a estudar algumas variações dos estudos de cronoanálise. É importante destacar que este exemplo pulou uma etapa muito importante, que diz respeito à avaliação da estabilidade das avaliações e determinação do tamanho da amostra. Isso foi feito para simplificar as explicações do procedimento básico. Porém, um estudo completo de cronoanálise não pode deixar de considerar essas duas etapas. https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/176473/pdf/0?code=CcRl7NDwm5KHP1TcWNgbxWIyBED5HJ/PNj2TCfSIDMulcfvvV4Ol4qIPSdZGWW2cBniE2SWa1Y WAxl4Syl33nQ== https://pt.slideshare.net/alebonna/engenharia-de-mtodos-conceitos BARNES, R.M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. FREIVALDS, A.; NIEBEL, B. Niebel’s Methods, Standards, and Work Design, McGraw-Hill, 2013. KANAWATY, G. Introduction to work study. Geneva: International Labor Organization, 1992. https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/176473/pdf/0?code=CcRl7NDwm5KHP1TcWNgbxWIyBED5HJ/PNj2TCfSIDMulcfvvV4Ol4qIPSdZGWW2cBniE2SWa1YWAxl4Syl33nQ== https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/176473/pdf/0?code=CcRl7NDwm5KHP1TcWNgbxWIyBED5HJ/PNj2TCfSIDMulcfvvV4Ol4qIPSdZGWW2cBniE2SWa1YWAxl4Syl33nQ== https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/176473/pdf/0?code=CcRl7NDwm5KHP1TcWNgbxWIyBED5HJ/PNj2TCfSIDMulcfvvV4Ol4qIPSdZGWW2cBniE2SWa1YWAxl4Syl33nQ== https://pt.slideshare.net/alebonna/engenharia-de-mtodos-conceitos