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CASOS 09 A 16

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CASO 09
Na recuperação judicial de Têxtil Sonora S/A, o Banco Japurá S/A, titular de 58% dos créditos com garantia real, indicou ao juiz os representantes e suplentes de sua classe no Comitê de Credores. 
Xinguara Participações S/A, credora da mesma classe, impugnou a referida indicação, alegando descumprimento do Art. 35, inciso I, alínea b, da Lei nº 11.101/2005, porque a assembleia-geral de credores tem por atribuições deliberar sobre a constituição do Comitê de Credores, assim como escolher seus membros e sua substituição, não tendo havido deliberação nesse sentido. Ademais, aduz a impugnante que não houve manifestação do Comitê de Credores, já constituído apenas com representantes dos credores trabalhistas e quirografários, sobre a proposta do devedor de alienação de unidade produtiva isolada não prevista no plano de recuperação. 
Ouvido o administrador judicial, este não se manifestou sobre a primeira impugnação e, em relação à segunda, opinou pela sua improcedência em razão de não constar do rol de atribuições legais do Comitê manifestar-se sobre a proposta do devedor.
 
Com base na hipótese apresentada, responda aos itens a seguir.
 
A) Deveria ter sido convocada assembleia de credores para eleição dos representantes da classe dos credores com garantia real, como sustenta a credora Xinguara Participações S/A? (Valor: 0,45).
R: A)                 Não. O juiz determinará, mediante requerimento subscrito por credores que representem a maioria dos créditos de uma classe (no caso o Banco Japurá tem 58% do total dos créditos da classe II), independentemente da realização de assembleia, a nomeação do representante e dos suplentes da respectiva classe ainda não representada no Comitê. Consta do enunciado que o Comitê ainda não tem representante da classe dos credores com garantia real, portanto não deve ser convocada assembleia de credores, com fundamento no Art. 26, § 2º, inciso I, da Lei nº 11.101/2005.
 
B) Deve ser acatada a opinião do administrador judicial sobre a dispensa de oitiva do Comitê de Credores por falta de previsão legal? (Valor: 0,80)
R: B)                 Não. De acordo com o Art. 27, inciso I, alínea f, da Lei nº 11.101/2005, o Comitê de Credores terá a atribuição, na recuperação judicial, de se manifestar nas hipóteses previstas nesta Lei. Uma dessas hipóteses está consignada no Art. 66, que se refere exatamente à proposta de alienação de bens do ativo permanente pelo devedor, caso o bem não esteja previamente relacionado no plano de recuperação. Portanto, não deve ser acolhida a opinião do administrador judicial de dispensa de manifestação do Comitê por não constar do rol de suas atribuições
CASO 10
Em 29/01/2010, ABC Barraca de Areia Ltda. ajuizou sua recuperação judicial, distribuída à 1ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro.
Em 03/02/2010, quarta-feira, foi publicada no Diário de Justiça Eletrônico do Rio de Janeiro (“DJE-RJ”) a decisão do juiz que deferiu o processamento da recuperação judicial e, dentre outras providências, nomeou o economista João como administrador judicial da sociedade.
Decorridos 15 (quinze) dias, alguns credores apresentaram a João as informações que entenderam corretas acerca da classificação e do valor de seus créditos.
Quarenta e cinco dias depois, foi publicado, no DJE-RJ e num jornal de grande circulação, novo edital, contendo a relação dos credores elaborada por João.
No dia 20/04/2010, você é procurado pelos representantes de XYZ Cadeiras Ltda., os quais lhe apresentam um contrato de compra e venda firmado com ABC Barraca de Areia Ltda., datado de 04/12/2009, pelo qual aquela forneceu a esta 1.000 (mil) cadeiras, pelo preço de R$ 100.000,00 (cem mil reais), que deveria ter sido pago em 28/01/2010, mas não o foi.
Diligente, você verifica no edital mais recente que, da relação de credores, não consta o credor XYZ Cadeiras Ltda.
E, examinando os autos em cartório, constata que o quadro-geral de credores ainda não foi homologado pelo juiz.
Na qualidade de advogado de XYZ Cadeiras Ltda., elabore a peça adequada para regularizar a cobrança do crédito desta sociedade.
R: Assim sendo, a peça cabível é “HABILITAÇÃO DE CRÉDITO RETARDATÁRIA”, com fundamento no art. 10, caput, da Lei n. 11.101/05 (“Não observado o prazo estipulado no art. 7º, § 1º, desta Lei, as habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias”).
Alternativamente, admite-se a propositura de “IMPUGNAÇÃO À RELAÇÃO DE CREDORES” ou “IMPUGNAÇÃO”, com base no parágrafo 5º do art. 10, sob o fundamento de que as habilitações serão recebidas e autuadas como impugnação à relação de credores (arts. 13 a 15). Sem embargo, é fundamental precisar que já foi exaurido o prazo do art. 7º, § 1º da Lei n. 11.101/05 OU foi exaurido o prazo de 15 dias da publicação do edital, mas ainda não foi homologado o quadro geral de credores pelo juiz.
CASO 11
(BNDES – Advocacia – 2010)Uma empresa propôs aos seus credores recuperação extrajudicial em 15 de janeiro de 2014, solicitando a homologação judicial 2 (dois) meses depois, com a assinatura de 2/3 (dois terços) das dívidas com credores trabalhistas e 3/5 (três quintos) das dívidas com credores quirografários. Esse pedido foi acompanhado do respectivo plano de recuperação, nos mesmos moldes do que havia sido concedido em dezembro de 2012 pelo mesmo Juízo. O procedimento adotado pela empresa teve como principal finalidade afastar qualquer possibilidade de pedido de falência, bem como priorizar o recebimento dos créditos que estavam vencidos em detrimento dos vincendos, caso a falência fosse decretada. Considerando esses dados, emita sua opinião legal, de maneira fundamentada, com base no pedido formulado pela empresa, à luz do ordenamento jurídico em vigor.
R: O pedido de homologação da recuperação extrajudicial deve ser indeferido, vez que, primeiro a empresa no caso em tela já obteve uma recuperação extrajudicial há menos de cinco anos (em dezembro de 2012), em confronto com ao que fala o artigo 48, II, lei de falências (lei 11.101/05).
O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se es tiv er pendente ped ido de recuperaç ão judic ial ou s e houv er obtido rec uperaç ão jud icial ou hom ologação de outro plano de rec uperaç ão extrajudicial há m enos de 2 (dois ) anos
§ 1 º Não se aplica o disposto neste Capítulo a titulares de cr éditos de natureza tributár ia, derivados da legislação do trabalho ou decor rentes de acidente de trabalho, a ssim com o àqueles previstos nos arts. 49, § 3º, e 86, inciso II do caput, desta Lei. 
CASO 12
(TJRJ – Juiz - 2013) Determinada empresa ingressa com pedido de recuperação judicial perante uma das Varas Empresarias do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, tendo o juiz deferido seu processamento. 
a) Discorra sobre a possibilidade, ou não, da prorrogação do prazo de 180 dias previsto no art. 6º, parágrafo 4º da Lei nº 11.101/2005. 
R: Inobstante o §4º do a rtigo 6º afirme que o prazo é improrrogável, o CJ F na I Jornada de Direito Comercial, instituiu o Enunciado 42 permite que "pode excepcionalmente ser prorrogado, se o retardamento do feito não puder ser imputado ao devedor". (Lei 11.101/2005)
b) Responda, de forma fundamentada, se o crédito decorrente de adiantamento de contrato de câmbio se sujeita à recuperação judicial
R: Não se sujeita a recuperação judicial por determinação expressa do § 4º do artigo 49, que remete ao inciso II do artigo 86, ambos da 11.101/05
CASO CONCRETO 13
José, empresário individual que teve sua falência decretada em 20.10.2011, vendeu um sítio de sua propriedade para Antônio, em agosto de 2011.
Antônio prenotou a escritura de compra e venda do sítio em 18.10.2011, mas o registro da transferência imobiliária só foi efetuado em 05.11.2011, 15 (quinze) dias após a decretação da falência.
Isto posto, responda aos itens a seguir.
A) É válida e eficaz a compra e venda acima referida? (Valor: 0,75)
R: A. Oexaminando deverá responder que, sob o ponto de vista formal, a dita compra e venda é válida e eficaz, uma vez que se insere na exceção ao ato ineficaz previsto no art. 129, VII, da Lei n. 11.101/05, em razão de sua prenotação ter ocorrido anteriormente à data da decretação da falência.
B) A referida compra e venda poderia eventualmente vir a ser revogada? (Valor: 0,50)
R:O examinando deve indicar que tal compra e venda poderia ser revogada, por meio de ação revocatória com base no art. 130 da Lei n. 11.101/05, na hipótese de se tratar de ato com o intuito de prejudicar credores, mediante prova de eventual conluio fraudulento entre José e Antônio e do prejuízo sofrido pela massa.
CASO CONCRETO 14
(FGV – OAB - XV Exame de Ordem Unificado – 2014 - Adaptada) João Lima
Artigos Esportivos Ltda. celebrou contrato de locação de imóvel comercial,
localizado na Galeria Madureira, para a instalação do estabelecimento
comercial da sociedade. Atingida por forte crise setorial, a sociedade
acumulou dívidas vultosas e não conseguiu honrá-las. Com a decretação da
falência, como ficaria a situação do contrato de locação comercial celebrado
pelo locatário?
	
R: O contrato de locação poderá ser mantido, podendo ser denunciado, a qualquer tempo, pelo administrador judicial da massa falida. Observe o que determina o art. 119, VII: Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes regras: (…) VII – a falência do locador não resolve o contrato de locação e, na falência do locatário, o administrador judicial pode, a qualquer tempo, denunciar o contrato;
CASO CONCRETO 16
FGV – OAB - XIV Exame de Ordem Unificado – 2014 - Adaptada) Passa Sete Serviços Médicos S/A apresentou a seus credores plano de recuperação extrajudicial, que obteve a aprovação de mais de quatro quintos dos créditos de todas as classes por ele abrangidas. O plano estabeleceu a produção de efeitos anteriores à homologação judicial, exclusivamente, em relação à forma de pagamento dos credores signatários que a ele aderiram, alterando o valor dos créditos com deságio de 30% (trinta por cento). Diante do caso em tela, a companhia questiona sobre a possibilidade e a licitude do plano de recuperação judicial apresentado. Responda ao questionamento da companhia, fundamentando sua resposta.
R: 
R: A possibilidade do plano ser homologado é total, uma vez que o devedor conseguiu 4/5 dos créditos e só precisava de 3/5, logo, atendeu ao requisito do artigo 163 d a 11.101/05. Quanto a licitude, inobstante o artigo 165 informe que os efeitos do plano só valer ap ós a homologação j udicial, o dev edor pode p roduzir efeitos a nteriores a sua homologação por expressa previsão d o §1º do artigo 165, todos d a 11.101/05, logo, é lícito.

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