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Enfermidades Cardiovasculares

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Enfermidades cardiovasculares
Professora Camila Costa
Universidade Estácio de Sá
Fisiopatologia da Nutrição e 
Dietoterapia II
Principais fatos
 Dados OMS
 As doenças cardiovasculares são a principal causa de 
morte no mundo: mais pessoas morrem anualmente por 
essas enfermidades do que por qualquer outra causa.
 Estima-se que 17,7 milhões de pessoas morreram por doenças 
cardiovasculares em 2015, representando 31% de todas as 
mortes em nível global.
 A maioria das doenças cardiovasculares pode ser prevenida 
por meio da abordagem de fatores comportamentais de risco 
– como o uso de tabaco, dietas não saudáveis e obesidade, 
falta de atividade física e uso nocivo do álcool –, utilizando 
estratégias para a população em geral.
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5638:10-
principais-causas-de-morte-no-mundo&Itemid=0
Doenças cardiovasculares
 Constitui um grupo de doenças inter-
relacionadas, que com frequência coexistem, e 
incluem:
DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA e 
ATEROSCLEROSE;
DOENÇA CARDÍACA ISQUÊMICA (IAM);
DOENÇA VASCULAR PERIFÉRICA;
HIPERTENSÃO ARTERIAL;
 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.
Doença arterial coronariana
 Os vasos sanguíneos são 
compostos de três túnicas. 
 A túnica íntima consiste em uma 
fina camada de células 
endoteliais (endotélio) que, no 
estado saudável, é lisa e 
responsiva. O endotélio funciona 
como uma barreira protetora 
entre os tecidos e o sangue 
circulante. Facilita a passagem 
bidirecional de macromoléculas e 
gases entre tecidos e sangue.
Doença arterial coronariana
 As células endoteliais detectam alterações no fluxo 
sanguíneo e respondem a essas mudanças com 
a liberação de substâncias bioativas que mantêm a 
homeostasia (estabilidade) vascular – óxido nítrico, 
por exemplo.
 Óxido nítrico (sintetizado a partir do aminoácido 
arginina) protege o endotélio contra 
substâncias nocivas (atua como um radical livre –
NO-) e promove vasodilatação dos vasos 
sanguíneos e aumento do fluxo sanguíneo.
Doença arterial coronariana
 A doença arterial 
coronariana é o 
resultado da 
formação de placas 
de tecido fibroso –
placa de ateroma –
que cresce e acumula 
na parede dos vasos 
(lesão endotelial) a 
ponto de dificultar ou 
mesmo impedir a 
passagem do sangue.
A formação da placa se inicia com uma 
agressão ao endotélio vascular devido 
aos múltiplos fatores de risco.
Doença arterial coronariana
 Principais fatores de risco que promovem lesão 
endotelial:
 História familiar e genética;
 Hipercolesterolemia;
 Colesterol LDL oxidado;
 Hipertensão arterial sistêmica (tensão acima do normal 
exercida pelo sangue sobre as paredes dos vasos de um 
determinado órgão);
 Fumo;
 DM;
Obesidade;
 Dietas ricas em colesterol e gorduras.
Doença arterial coronariana
 Síndrome metabólica 
(SM)
 Conjunto de fatores de risco 
metabólico que se manifestam 
em um indivíduo e aumentam 
as chances de desenvolver 
doenças cardíacas e diabetes. 
 A SM tem como base à 
resistência à ação da insulina.
 O diagnóstico é dado quando 
três ou mais fatores de risco 
estiverem presentes numa 
mesma pessoa.
Fator de risco Limite
Obesidade abdominal
Homens
Mulheres
> 102 cm
> 88 cm
Triglicerídeos ≥ 150 mg/dL
Colesterol HDL
Homens
Mulheres
< 40 mg/dl
< 50 mg/dl
Pressão sanguínea ≥ 130/ ≥ 85 mmHg
Glicose de jejum ≥ 100 mg/dl
Lipoproteínas
 Dislipidemia – perfil lipídico no sangue que aumenta o risco de 
desenvolver aterosclerose (colesterol anormalmente elevado 
no sangue/ outro lipídios alterados no sangue) – normalmente 
as concentrações de LDL estão altas e as de HDL baixas.
Lipoproteínas
 Para circular no meio aquoso plasmático, os lipídios 
precisam sofrer solubilização e, para tal, ligam-
se a proteínas específicas denominadas 
apolipoproteínas (APOs) formando as 
LIPOPROTEÍNAS.
 Apo-A está associada ao colesterol-HDL, 
facilitando o transporte 
de colesterol dos tecidos para o fígado. 
 Apo-B é constituinte do colesterol-LDL e é a 
responsável pela ligação destes aos receptores 
celulares, podendo levar a acumulação nas artérias e 
entupimento das mesmas (aterosclerose).
Lipoproteínas
Lipoproteína Principais 
componentes
Síntese Funções
QM 90% TG Intestinal Transporte de lipídios da 
dieta
VLDL 65% TG Hepática Transporte de lipídios 
endógenos
IDL 35% fosfolipídios
25% colesterol
Produto da quebra 
da VLDL
Precursores de LDL
Receptores do colesterol 
esterificado
LDL 50% colesterol
25% proteína
Produto da quebra 
da VLDL
Transporte de colesterol
HDL 55% proteína
25% fosfolipídio
Hepática e intestinal Transporte do colesterol 
livre dos tecidos periféricos 
para o fígado
Lipoproteínas
Exame Valor (mg/dL) Classificação
Triglicerídeos
< 150 Desejável
150 a 199 Limite superior
200 a 499 Alto
> 499 Muito alto
Colesterol total
< 190 Desejável
200 a 239 Limite superior
≥ 240 Alto
LDL
< 100 Ótimo
100 a 129 Próximo do ótimo/ acima do ótimo
130 a 159 Limite superior
160 a 189 Alto
≥ 190 Muito alto
HDL
< 40 Baixo
> 40 Desejável
Valores de referência 
(adultos > 20 anos)
Lipoproteínas
Classificação das dislipidemias:
 Primária (causas genéticas associadas ou não a fatores 
ambientais):
Hipercolesterolemia isolada;
Hipertrigliceridemia isolada;
Hiperlipidemia mista (↑ CT e TG);
 Redução isolada de HDL ou em associação com ↑ LDL 
ou TG.
 Secundária (decorrente de outras doenças ou do uso 
de medicamentos):
DM, doença renal, obesidade, alcoolismo, uso de 
anticoncepcionais, corticoides, etc.
Doença arterial coronariana
 A lesão das células endoteliais vai promover uma 
resposta inflamatória e proliferativa que envolve 
fagócitos e monócitos.
 Os macrófagos ingerem o colesterol oxidado e se 
transformam em células espumosas e, a seguir, em 
estrias gordurosas (formação de depósitos dentro das 
células). 
 Uma camada de tecido fibroso (ateroma) se forma 
entre o depósito de gordura e o revestimento da 
artéria produzindo enzimas que fazem a artéria 
aumentar de tamanho (aneurisma) com o passar do 
tempo, compensando o estreitamento causado pela 
placa.
Doença arterial coronariana
 A lesão das células endoteliais vai promover uma 
resposta inflamatória e proliferativa que envolve 
fagócitos e monócitos.
 Os macrófagos ingerem o colesterol oxidado e se 
transformam em células espumosas e, a seguir, em 
estrias gordurosas (formação de depósitos dentro das 
células). 
 Uma camada de tecido fibroso (ateroma) se forma 
entre o depósito de gordura e o revestimento da 
artéria produzindo enzimas que fazem a artéria 
aumentar de tamanho (aneurisma) com o passar do 
tempo, compensando o estreitamento causado pela 
placa.
Doença arterial coronariana
 Os ateromas podem sofrer rupturas ou fragmentação 
formando um trombo (agregação plaquetária).
 Apenas as placas de alto risco ou vulneráveis 
(imaturas – fina camada de tecido fibroso) formam 
trombos.
Doença arterial coronariana
 Evolução clínica da aterosclerose:
 Artérias coronárias: angina (dor no peito causada pela 
redução do fluxo sanguíneo para o coração); IAM (bloqueio 
do fluxo sanguíneo – isquemia miocárdica) e morte súbita 
(imprevisível e inesperada);
 Artérias cerebrais: acidente vascular encefálicos (dano 
ao cérebro devido à interrupção do fornecimento de 
sangue); ataque isquêmico transitório (bloqueio arterial 
temporário no cérebro – falso AVC);
 Circulação periférica: claudicação intermitente (dor, 
desconforto e cãibra e sensação de queimação nos membros 
inferiores), isquemia (suprimento sanguíneo inadequado) 
dos membros e gangrena (morte do tecido).
Doença arterial coronariana
Principais manifestações clínicas da doença aterotrombótica
Angina pectoris
 Sintoma de isquemia miocárdica (dor ou 
desconforto no peito).
 Não é uma doença, mas sim um sintoma que 
ocorre por conta do baixo suprimento de sangue –
e, consequentemente, de oxigênio – ao músculo 
cardíaco.
 Pode ser classificada em 
angina estável e angina 
instável.
Angina pectorisEstável Instável
 É a forma mais comum de angina;
 Normalmente ocorre em situações de 
esforço físico, como subir escadas ou 
durante exercícios;
 Acontece quando o coração recebe 
menos oxigênio do que precisa 
porque o sangue bombeado não é 
suficiente para oxigenar o órgão;
 Desaparece com o repouso;
 Também pode ser desencadeada por 
perturbações emocionais, exposição a 
baixas temperaturas, refeições 
pesadas, tabagismo.
 O desconforto ou a dor no peito não 
cessam com o repouso;
 Surge de forma súbita, normalmente 
quando a pessoa está em repouso;
 Ocorre devido a um bloqueio ou 
diminuição do fluxo sanguíneo nas 
artérias que irrigam o coração;
 Trata-se de uma condição perigosa, 
pois geralmente antecede um infarto;
 Além do entupimento das artérias 
cardíacas, a angina instável também 
pode ser causada por: tabagismo, 
estresse, uso de drogas, como cocaína, 
medicamentos que provocam 
contração das artérias, diminuindo o 
calibre das mesmas.
Angina pectoris
 Tratamento:
Os pacientes com angina instável devem ser 
hospitalizados para se afastar o IAM e na maioria 
dos casos serem submetidos à angiografia 
coronária;
Farmacológico: beta-bloqueadores, heparina e ácido 
acetilsalicílico (AAS) – anticoagulantes e diminuição 
da contratilidade;
Não-farmacológico: modificação de estilo de vida e 
fatores de risco como hipertensão, diabetes, 
obesidade.
Infarto agudo do miocárdio (IAM)
 Definição – a isquemia é mais intensa e duradoura. 
 Fluxo de sangue bloqueado por um tempo prolongado, o que 
pode causar danos ao músculo cardíaco ou necrose resultante 
da oferta inadequada de oxigênio.
 O IAM pode causar insuficiência cardíaca, arritmia 
cardíaca ou paragem cardiorrespiratória.
 O sintoma mais importante e típico do IAM é a dor ou 
desconforto intenso no peito que é muitas vezes referida 
como aperto ou queimação, podendo irradiar para pescoço e 
membros superiores.
 Frequentemente esses sintomas são acompanhados por 
náuseas, vômitos, sudorese, palidez e sensação de morte 
iminente. 
Infarto agudo do miocárdio (IAM)
 Tratamento
 Angioplastia
 Utilizada para abrir artérias 
estreitadas ou obstruídas;
 Pode melhorar o fluxo 
sanguíneo para o coração, aliviar 
a dor torácica, e possivelmente 
prevenir um infarto;
 Algumas vezes um stent é 
colocado na artéria para garantir 
que se mantenha 
adequadamente aberta após o 
procedimento.
Infarto agudo do miocárdio (IAM)
 Tratamento
 Revascularização do 
miocárdio
 Conhecida popularmente 
como "ponde de safena", é 
um procedimento cirúrgico 
que visa aumentar o fluxo 
sanguíneo em locais 
afetados pelo estreitamento 
ou "entupimento" das 
artérias que são 
responsáveis pela irrigação 
sanguínea do miocárdio.
Dietoterapia
 Fator injúria doença cardiovascular – 1,3 a 1,5
 Após o IAM o paciente deverá permanecer em 
jejum nas primeiras 12 horas;
 Se hemodinamicamente estável a alimentação 
pode ser iniciada;
 Fracionar a dieta oferecendo pequenos volumes 
várias vezes ao longo do dia;
 Consistência pastosa para melhor mastigação, 
deglutição e digestão, afastando o risco de 
broncoaspiração.
Dietoterapia
 Padrão alimentar e estilo de vida saudável 
ganharam evidência no tratamento das doenças 
cardiovasculares: DASH (Dietary Approachs to Stop 
Hypertension) e o PREDIMED (PREvención con 
DIeta MEDiterránea), reforçaram as diretrizes 
nutricionais que preconizam dieta isenta de ácidos 
graxos trans, o consumo de < 10% do valor 
calórico total de ácidos graxos saturados para 
indivíduos saudáveis e < 7% do valor calórico 
total para aqueles que apresentarem risco 
cardiovascular aumentado.
Dietoterapia
 Controle do peso corporal;
 Redução de bebida alcoólica;
 Redução de açúcares e de carboidratos;
 Substituição parcial de ácidos graxos saturados por mono e poli-
insaturados;
 Ácidos graxos trans – os ácidos graxos trans devem ser excluídos da 
dieta por aumentarem a concentração plasmática de LDL-c e induzirem 
intensa lesão aterosclerótica (sorvetes, margarinas, cremes vegetais, 
batatas-fritas, salgadinhos de pacote, pastelarias, bolos, biscoitos, bem como 
gorduras hidrogenadas e margarinas, e os produtos preparados com esses 
ingredientes);
 Colesterol alimentar – recente metanálise mostrou que o colesterol 
alimentar exerce pouca influência na mortalidade cardiovascular, embora 
neste estudo tenha sido demonstrada linearidade entre o consumo de 
colesterol alimentar e a concentração plasmática de LDL;
Dietoterapia
 Krause (14ª edição – 2018):
 As recomendações anteriores eram diminuir o colesterol da 
dieta para diminuir a concentração do LDL colesterol e reduzir o 
risco de doença cardiovascular. As diretrizes atuais a partir de 
2015 não fazem diretamente essa recomendação. No entanto, é 
importante lembrar que a maior parte dos alimentos ricos em 
colesterol também apresentam alto teor de gorduras saturadas 
QUE DE FATO ELEVAM as concentrações de LDL colesterol.
 * 5 unidades
Alimento LIP (g) SAT (g) Colesterol (mg)
Ovo galinha (und 50 gr) 4,75 1,45 198,5
Ovo codorna (und 10 gr) 1,27 (6,35)* 0,89 (4,45)* 56,8 (284)*
Alcatra, sem gordura, grelhada 
(1 pd pq – 100 gr)
11,6 5,1 92
Dietoterapia
Dietoterapia
 Dieta DASH
 Dieta com baixa ingestão de sódio, gordura saturada 
e colesterol: carne vermelha, alimentos 
industrializados, embutidos, doces, bebidas açucaradas 
e álcool devem ser evitadas.
 Dieta que incentiva o consumo de frutas, verduras, 
legumes, grãos integrais, peixes, aves, leite e derivados 
com baixo teor de gordura e alimentos fontes de 
gordura monoinsaturada.
 Máximo de 2300 mg de sódio/dia (1g de sal tem 400 
mg de sódio).
Dietoterapia
0 1 2 3 4
Biscoito cream craker (8 unidades)
Mortadela (2 fatias)
Peito de peru (2 fatias)
Hambúrguer industrializado (2 unidades)
Nuggets de frango (6 unidades)
Pipoca de microondas (1 unidade)
Molho de tomate (1 unidade)
Macarrão instantâneo (unidade)
Tempero em pó para carnes (1 unidade)
Sal (sachê)
Dietoterapia
 Dieta Mediterrânea – SEM INDUSTRIALIZADOS.
 Baixo consumo de carnes vermelhas, gorduras de origem animal, 
alimentos ricos em gordura e açúcar.
 Pilares:
 Azeite de oliva. O óleo advindo das azeitonas é uma fonte de 
gordura abundante na maioria das preparações da dieta 
mediterrânea;
 Peixes de água salgada (salmão, sardinha, atum e bacalhau); 
 Oleaginosas;
 Frutas e legumes;
 Grãos integrais;
 Leguminosas;
 Queijos e iogurtes.

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