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Pâncreas Professora Camila Costa Universidade Estácio de Sá Fisiopatologia da Nutrição e Dietoterapia II Fisiologia pancreática Glândula longa com 10 a 15 cm (peso entre 60 e 100 gr) que se localiza no abdômen. Sendo uma das glândulas retroperitoneais, ele é localizado posteriormente ao estômago e está em associação próxima ao duodeno. Divisão – cabeça, corpo e cauda. Ligamento de Treitz Fisiologia pancreática Glândula mista: Endócrina – hormônios que regulam a glicemia (Ilhotas de Langerhans); Exócrina (80% do órgão) – liberação de enzimas que digerem o alimento. Pâncreas exócrino Síntese e secreção de enzimas: proteases, enzimas amilolíticas, lipases e nucleases. Sintetizadas e armazenadas na forma de precursores inativos – toxicidade dos produtos ativos para o pâncreas (autodigestão - pancreatite). Constituintes do suco pancreático: Bicarbonato – mantém o pH do duodeno, neutralizando a acidez do suco gástrico; Enzimas digestivas: Amilase pancreática – converte o amido em moléculas de maltose; Pâncreas exócrino Lipase – hidrolisa os triglicerídeos; Nucleases – hidrólise de ácidos nucléicos; Tripsinogênio – sua forma ativa, tripsina, hidrolisa ligações peptídicas; Quimiotripsinogênio – sua forma ativa, quimiotripsina, hidrolisa ligações peptídicas. Carboxipeptidades e elastases – hidrólise de ligações peptídicas. A conversão de tripsinogênio em enzima ativa – tripsina – acontece pelo contato com enteroquinases (células do duodeno). Fases da secreção pancreática Fase cefálica – mediada pelo nervo vago – fatores sensoriais (visão, olfato e paladar) estimulam pequeno volume de suco pancreático (secreção de bicarbonato e enzimas). Fase gástrica – alimentos sólidos e líquidos – distensão gástrica – antro – liberação de gastrina (estimula a secreção de HCl e a motilidade) – estímulo pancreático. Fase intestinal – alimento no intestino – liberação de CCK (relaxa o esfíncter de Oddi) e secretina – efeito mais potente sobre as secreções pancreáticas. Pâncreas endócrino Ilhotas de Langerhans: Insulina (↓ glicemia) (células beta); Glucagon (↑ glicemia) (células alfa); Somatostatina (células delta) – modula a secreção de insulina e glucagon; Polipeptídeo pancreático (células PP – 1 % da Ilhota) – inibe o pancreas exócrino. Pancreatite aguda Etiologia: Cálculos biliares (impedem liberação das secreções); Alcoolismo crônico (etiologia desconhecida); Traumas; Excesso de trabalho podem causar inflamação no pâncreas que possui baixa taxa de regeneração (peso corporal, hipertrigliceridemia, dieta – estímulo de insulina); Infecções virais (caxumba, herpes); Medicamentos. Pancreatite aguda Definição – inflamação do pâncreas (extravasamento de enzimas para o interstício). Fisiopatologia: Fator desencadeante → lesão da célula acinar → ativação de tripsinogênio e outras enzimas no pâncreas → substâncias vasoativas e ativação enzimática → lesão pancreática com autodigestão, reação inflamatória, edema, necrose e hemorragia → pancreatite aguda. Leve – sem complicações ou disfunções (mortalidade < 2%) – 5 a 7 dias; Grave – necrotizante, com complicações locais e sistêmicas (síndrome da resposta inflamatória sistêmica) – libertação de mediadores inflamatórios, enzimas e substâncias tóxicas na circulação. Pancreatite aguda Caracterizada por: Aumento dos níveis séricos de amilase e lipase (> 3 x dos valores de referência); Edema pancreático (dor abdominal intensa – parte alta do abdômen e que se irradia para a região dorsal); Exsudação celular (passagem de células em direção ao interstício); Autodigestão; Necrose gordurosa (as lipases extravasam os ácinos e caem na cavidade peritoneal e no parênquima hepático); Hemorragia; Náuseas, vômitos, febre e elevação dos níveis de enzimas pancreáticas no sangue. Pancreatite aguda Objetivos do tratamento: Manter o pâncreas “em repouso”; Monitorização glicêmica – pacientes podem apresentar resistência a ação da insulina; Monitorização do pH sanguíneo – pacientes podem apresentar ↓ do pH sanguíneo; Monitorização de hipocalcemia – cálcio é regulador dos processos metabólicos de exocitose de insulina (canais de cálcio) – reação entre cálcio e os ácidos graxos pela ativação das lipases causando digestão das membranas dos adipócitos – hipoalbuminemia (enzimas proteolíticas) (40 a 50% do cálcio circula ligado a albumina). Pancreatite aguda Terapia nutricional: Suspensão da via oral + hidratação endovenosa (reposição de volume e eletrólitos para assegurar bom estado hemodinâmico – frequência cardíaca e respiratória, pressão arterial, diurese e pressão venosa central) ; Caso não haja remissão dos sintomas em 5 a 7 dias iniciar TNE ou TNP; Remissão de sintomas ocorre quando o paciente deixa de apresentar vômitos, dor e distensão abdominal, normalização de amilase, lipase, cálcio e glicemia. Terapia nutricional Recomendações AGA, 2018: Iniciar via oral precoce (até 24h), conforme tolerado; Em paciente com inviabilidade de via oral, optar por TNE ao invés de TNP; Paciente com pancreatite grave ou necrosante, que necessitem de TNE, optar por sonda com posicionamento gástrico ou jejunal; Nutrição precoce → mantém a integridade da barreira intestinal → ↓ translocação bacteriana → ↓ risco de infecção peripancreática. Pancreatite aguda Terapia nutricional Recomendações BRASPEN, 2018: Avaliar a gravidade da pancreatite aguda a fim de guiar a estratégia nutricional; Início precoce de suporte TNE, lançando mão de estratégias de tolerância conforme sintomatologia do TGI; Associar TNP quando não atingir 60% das necessidades em até 3 dias em pacientes desnutridos e até 7 dias em eutróficos; Pancreatite aguda Terapia nutricional →VET normo a hipercalórico → Hiperproteica → Hipolipídica ou com TCM Em caso de via oral, adaptar características conforme sintomatologia: - Consistência (avaliar dieta líquida); - Avaliar restrição de carboidratos simples (flatulentos), lactose, fibras, lipídios. Pancreatite aguda Pancreatite aguda Terapia de nutrição enteral – sonda de alimentação no jejuno, além do ligamento de Treitz, com fórmula hidrolisada e baixo teor de gordura (no caso de esteatorreia, suplementar com TCM porque a absorção intestinal independe da presença de lipase pancreática e sais biliares). Via: nasojejunal/ infusão contínua Calorias: normo ou hipercalórica (DC de 1,3 a 1,5 kcal/mL) Carboidratos: normoglicídica; Proteínas: normo ou hiperprotéica (1,0-1,5g/kg/dia); Lipídios: hipo a normolipídica (até 30% do VET). Importante: Observar possível retorno da sintomatologia na transição da via. Terapia nutricional parenteral (pancreatite grave prolongada) – promove maior repouso pancreático; no entanto, não mantém integridade intestinal e barreira mucosa além de apresentar alto custo. Pancreatite aguda Terapia nutricional oral: Critérios para introdução da via oral: Ausência de dor e sensibilidades abdominais; Redução das concentrações de amilases (próximo ao normal); Ausência de complicações. Início da via oral (dieta líquida com redução de lipídios): 100 a 300mL de líquidos não calóricos a cada 4h durante 24h; Mesmo volume de líquidos com nutrientes; Alimentos brandos alimentos de consistência normal (a cada 3 a 4 dias). Pancreatite aguda Terapia nutricional oral: Características químicas: Calorias: hiper (FI: 1,3 a 1,5) Carboidratos: normo a hiper (> 50% do VET) Proteínas: normo a hiper (1 a 1,5g/kg/dia) Lipídios: hipo a normolipídica (até 30% do VET) (0,7 a 1,0g/kg/dia). (na esteatorréia – TCM < 17% do VET) Fibras: restrita em fibras (10 a 15g/dia) (lentifica o esvaziamento gástrico, reduzindo a ingestão alimentar). Vitaminas: reposição das lipossolúveis (devido à esteatorréia) Minerais: atentar para suplementação com gluconato de cálcio. Pancreatiteaguda Terapia nutricional oral: Características químicas: Calorias: hiper (FI: 1,3 a 1,5) Carboidratos: normo a hiper (> 50% do VET) Proteínas: normo a hiper (1 a 1,5g/kg/dia) Lipídios: hipo a normolipídica (até 30% do VET) (0,7 a 1,0g/kg/dia). (na esteatorréia – TCM < 17% do VET) Fibras: restrita em fibras (10 a 15g/dia) (lentifica o esvaziamento gástrico, reduzindo a ingestão alimentar). Vitaminas: reposição das lipossolúveis (devido à esteatorréia) Minerais: atentar para suplementação com gluconato de cálcio. É uma doença progressiva lenta, que leva à fibrose no pâncreas, destruição do parênquima exócrino e em alguns pacientes destruição do parênquima endócrino. O acometimento das ilhotas de Langerhans é menor que o do tecido acinar. Quadro clínico: Dor abdominal (por obstrução dos ductos pancreáticos) Esteatorreia Diabetes mellitus (mais tardiamente) Perda de peso Pancreatite prévia Pancreatite crônica Principais etiologias Álcool em grande quantidade por tempo prolongado – 6 a 10 anos (70% dos casos) Idiopática Pancreatite crônica Complicações Má absorção (principalmente gorduras e vitaminas lipossolúveis); Desnutrição; Agudização (pancreatite aguda) – mais suave; Pseudocistos (que podem evoluir com infecção, sangramento, fístula...); Maior risco de neoplasia pancreática; O prognóstico é pior para os que não cessam o alcoolismo; Pancreatite crônica Tratamento clínico Analgésicos; Enzimas pancreáticas; Tratamento para diabetes; - As enzimas devem ser ingeridas junto com as refeições; - A dose é individualizada para cada paciente; - Geralmente, são necessários 4 a 8 comprimidos por refeição; - As enzimas agem em pH > 6 (duodeno), porém podem ser inativadas pelo ácido gástrico. Pancreatite crônica Terapia nutricional Dieta hipercalórica, hiperproteica e hipolipídica; TCM; Avaliar restrição de flatulentos (distensão abdominal→ dor); Avaliar necessidade de suplementação de vitaminas lipossolúveis; Avaliar deficiência de vitamina B12. Pancreatite crônica
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