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ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Henrique Martins Rocha Caracterização dos arranjos físicos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Expressar os aspectos relevantes na elaboração de arranjos físicos. � Contrastar as necessidades a serem consideradas na elaboração dos arranjos físicos de ambientes fabris e de serviços. � Identificar o efeito dos fatores variedade-volume sobre o tipo de processo produtivo. Introdução Neste texto, você vai estudar como o arranjo dos recursos produtivos influencia a produtividade das empresas, ao permitir que materiais, documentos e pessoas possam circular mais facilmente, como acon- tece quando, ao arrumar um armário de roupas, você tem mais facili- dade em achar e pegar determinadas peças. Além disso, um bom ar- ranjo dos recursos produtivos permite que diminuamos as distâncias a serem percorridas: materiais vão “andar” menos, ou seja, você ganha tempo nas atividades produtivas (essa é uma das principais causas de ganho de produtividade). Aspectos relevantes na elaboração de arranjos físicos Diversos fatores precisam ser considerados para definir e planejar os sistemas produtivos: o que deve ser produzido, em que quantidade, como produzir (que processo usar), que máquinas, equipamentos e ferramentas devem ser uti- lizadas e qual a quantidade de cada uma se faz necessário, que atividades devem ser executadas pelos operadores de produção, em que sequência, etc. Assim, o planejamento do processo produtivo é uma área de estudo bas- tante abrangente e complexa, lidando com grande número de variáveis. Em especial, o arranjo físico (também conhecido como layout ou leiaute) dos re- cursos produtivos, isto é, a forma como máquinas, equipamentos, instalações, materiais, pessoas, etc., são posicionados (arranjados). Princípios na elaboração de arranjos físicos: � acesso; � aproveitamento do espaço; � flexibilidade em longo prazo; � integração; � mínima distância; � obediência ao fluxo produtivo; � satisfação e conforto dos operadores; � segurança e ergonomia. Há softwares específicos para desenvolver arranjos físicos, que facilitam e agilizam essa atividade. Arranjos físicos de ambientes fabris e de serviços Os arranjos físicos de ambientes fabris buscam, principalmente, minimizar distâncias entre os recursos produtivos e facilitar o fluxo de materiais. A ló- gica é a de que recursos sejam utilizados para movimentação dos materiais (pessoas, carrinhos, empilhadeiras, esteiras, etc.). Por conseguinte, ao dimi- nuir os esforços de movimentação, seja pela redução das distâncias a serem percorridas, seja pela diminuição da energia gasta para a movimentação, você pode utilizar menos recursos. Como esses recursos têm um custo, a redução dos esforços implicaria na redução dos custos na produção, além do fato de ganhar tempo, imprimindo maior rapidez ao tempo total de produção. Administração da produção96 Já no ambiente de serviços (bem como nas áreas administrativas em geral), a movimentação de materiais não representa, de fato, um grande esforço. Por exemplo, em uma empresa de contabilidade, a movimentação é, basicamente, de documentos. Assim, a preocupação de reduzir os esforços de movimentação de materiais não é tão significativa; nesse caso, talvez não seja importante a diminuição das distâncias. Em outros casos, em que as pessoas se movimentam, isso consome tempo, tempo esse em que elas poderiam estar produzindo, em vez de estarem se deslocando (caso isso não seja estritamente necessário). Em suma, o objetivo é adotar um arranjo físico que facilite o fluxo de tra- balho, agilizando e melhorando a qualidade dos serviços em geral. Tanto no ambiente de serviços quanto no ambiente fabril, ainda que você busque di- minuir as distâncias, certos limites devem ser respeitados: o espaço pessoal de trabalho de cada empregado (qualidade de vida no trabalho e conforto), facilidade de acesso, aspectos ergonômicos, etc. Além disso, você precisa respeitar as distâncias entre as má- quinas para possibilitar a manutenção das mesmas, evitar superaquecimento, vibração e ruído excessivo, etc. Por último, fatores de segurança, também, devem ser respeitados. Por exemplo, afastar áreas com gases de áreas em que podem surgir fagulhas, etc. Efeito da variedade-volume sobre o tipo de processo produtivo A definição do arranjo físico ocorre a partir da caracterização do processo produtivo. Isso envolve o posicionamento do projeto do processo nos eixos de variedade e de volume. Você tem, em um extremo da matriz volume-va- riedade (também conhecida como processo-produto), os sistemas produtivos orientados a processos produtivos intermitentes, com volume e padronização baixos (ou seja, alta variedade), geralmente com uso intensivo de mão de obra e maquinário flexível, de uso universal ( job shop). Passamos pelos sistemas produtivos em lotes (também conhecidos como batelada ou batch) e, avançando na direção do outro extremo, chegamos aos sistemas produtivos orientados a produtos, produção em massa e de fluxo contínuo, com alto volume de produção e de padronização (baixa variedade), com aplicação intensiva de capital, na forma de maquinário específico, dedi- cado ao produto. 97Caracterização dos arranjos físicos Figura 1. Matriz volume-variedade. Fonte: Chase, Jacobs e Aquilano (2006, p. 174). Processos produtivos Diferentes tipos de processos produtivos exigirão diferentes tipos de arranjos físicos. Por exemplo, o arranjo físico utilizado para se produzir um foguete, uma plataforma de petróleo ou um navio é completamente diferente do ar- ranjo físico utilizado para produzirmos automóveis, aço, vidro, etc. Administração da produção98 Projeto: plataforma de petróleo; Lotes: empresa de usinagem; Massa: automóveis; Contínuo: siderúrgica. Implicações práticas Desconsiderar a caracterização dos processos produtivos ao definir os ar- ranjos físicos pode inviabilizar os processos produtivos. Por exemplo, como produzir um navio em uma linha contínua de produção? Ou como produzir vergalhões de aço em um estaleiro naval? Tais comparações podem parecer exageradas, mas elas mostram a impor- tância da compreensão e definição dos processos produtivos antes da defi- nição dos arranjos físicos. Mesmo produto, diferentes arranjos Os aspectos referentes a variedade-volume são as linhas mestras para de- finição dos tipos de processos produtivos e, consequentemente, dos arranjos físicos. Assim, o mesmo produto pode ter diferentes tipos de processos e ar- ranjos. Por exemplo, pensando no produto “automóvel”, você pode ter um pro- cesso produtivo do tipo produção em massa, como ocorre nas grandes mon- tadoras; mas se forem veículos personalizados, com produção praticamente artesanal, o tipo de processo será projeto ou job shop. 99Caracterização dos arranjos físicos 1. A caracterização dos arranjos físicos tem como base a caracterização dos processos produtivos. Quanto a esses processos, temos como base duas análises fundamentais, que são: a) Oferta e demanda b) Custo e preço de venda do pro- duto/serviço c) Qualidade e garantia d) Variedade e volume e) Tecnologia e inovação 2. Os arranjos físicos representam a forma como os recursos produtivos são posicionados (arranjados) no espaço previsto para a produção. Assinale a alternativa que contém so- mente itens que podem ser caracteri- zados como recursos produtivos: a) Matéria-prima, furadeira e ope- rador em uma fábrica de gela- deiras. b) Matéria-prima, furadeira e gerente em uma empresa de entrega de geladeiras. c) Peças, recibos de compra e vendedor em uma loja de peças de geladeiras. d) Café para os clientes, computa- dores e vendedores em uma loja de eletrodomésticos. e) Chaves de fenda, Internet e peças em uma loja de conserto de geladeiras. 3. No arranjo físico de supermercados, é comum que os produtos básicos (açúcar, pão, etc.) fiquem no fundo da loja e separados uns dos outros. Isso obrigaos clientes a se deslocarem muito, o que não aconteceria se ficassem próximos e logo na entrada. A razão é que isso: a) Reduz o risco de contaminação entre os produtos. b) Obriga os clientes a levar mais tempo para fazer as compras, desobstruindo as filas. c) Facilita o reabastecimento das prateleiras desses itens. d) Desobstrui a visão dos clientes para os demais itens. e) Obriga os clientes a passar por outros produtos até chegar nos que desejam comprar, aumen- tando muito a possibilidade de comprarem outras coisas, princi- palmente itens de maior margem. 4. Nos arranjos físicos em ambiente fabris, busca-se diminuir as distân- cias entre os recursos produtivos. A principal razão para isso é: a) Melhorar o controle visual dos supervisores e gestores sobre a área produtiva. b) Economizar na conta de energia elétrica: com os recursos mais próximos, precisamos de menos lâmpadas e, consequentemente, reduz-se o gasto com energia. c) Ao ter os recursos mais próximos, você gasta menos tempo para movimentar materiais, pessoas, equipamentos, documentos, etc., agilizando (e, muitas vezes, barateando) a operação. Administração da produção100 CHASE, R. B.; JACOBS, F. R.; AQUILANO, N. J. Administração da produção para a vantagem competitiva. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. Leituras recomendadas DAVIS, M. M.; AQUILANO, N. J.; CHASE, R. B. Fundamentos da administração da produção. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. SILVA, A. L.; RENTES, A. F. Um modelo de projeto de layout para ambientes job shop com alta variedade de peças baseado nos conceitos da produção enxuta. Gestão & Produção, São Carlos, v. 19, n. 3, p. 531-541, 2012. Disponível em: <http://www.scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2012000300007&lng=en&nrm=iso>. Accesso em: 16 ago. 2016. VILLAR, A. M.; PORTO, E. S. Análise do arranjo físico geral como base para racionaliza- ção da produção: um estudo de caso. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 26., 2007, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: ABREPO, 2007. p. 1-11. Dis- ponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2007_tr570429_0377.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2016. d) Reduzir os custos de manutenção e limpeza, pois tudo fica mais próximo, reduzindo a área total que precisa de limpeza e manu- tenção. e) Aproximar o estoque de matéria- -prima de todas as máquinas e equipamentos. 5. Uma empresa que monte computa- dores terá seu arranjo físico caracte- rizado em função de seu processo produtivo, o qual será: a) Processo de projeto. b) Processo de tarefa. c) Processo de lote. d) Processo em massa. e) Não há como afirmar: faltam informações. 101Caracterização dos arranjos físicos Conteúdo:
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