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Faculdade de Tecnologia Senai Cimatec ENSAIOS MECÂNICOS DOS MATERIAIS Aula 1 – Introdução / Ensaio de Tração Lucas Nao Horiuchi 22 de Julho de 2017 lucas.horiuchi@braskem.com 1. Ensaio de Tração INTRODUÇÃO ENSAIO MECÂNICOS DOS MATERIAIS 1. Ensaio de Tração O que é ensaio? É a operação técnica que consiste na determinação de uma ou mais características de um dado produto, processo ou serviço, de acordo com um procedimento especificado. Porque ensaiar? �Permitir a obtenção de informações rotineiras do produto (ensaio de controle), no recebimento de materiais de fornecedores e no controle final do produto acabado. �Desenvolver novas informações sobre os materiais – no desenvolvimento de novos materiais e novos processos. � Fornecedor X comprador ou usuário. � Organismo certificador. Introdução 1. Ensaio de Tração Todo projeto de componente mecânico requer conhecimentos sobre as características, propriedades e comportamento de diferentes materiais. O comportamento mecânico de qualquer material de engenharia é função de sua estrutura interna (características do material): As tensões obtidas num ensaio mecânico são respostas internas do material aos esforços externos que atuam sobre uma determinada área de um corpo. Características do Material Propriedades Mecânicas Comportamento Sob Solicitações Mecânicas Introdução 1. Ensaio de Tração Processo de fabricação de um material envolve etapas que requerem conhecimento de propriedade dos materiais: Introdução 1. Ensaio de Tração Ensaios mecânicos Propriedades mecânicas Conhecimento da resistência que cada material pode oferecer a esforços mecânicos. Fundamental para os cálculos estruturais, projetos de peças, processo de fabricação e estudo dos materiais em geral. Introdução 1. Ensaio de Tração Principais propriedades: � Resistência: representada por tensões suportadas pelo material; � Elasticidade: propriedade do material segundo o qual a deformação que ocorre em função da aplicação de tensão desaparece quando a mesma é retirada; � Plasticidade: capacidade do material sofrer deformação permanente sem se romper; � Resiliência: capacidade de absorção de energia no regime elástico; � Tenacidade: reflete a energia total necessária para provocar a fratura do material. Introdução 1. Ensaio de Tração Como conhecer as propriedades e o comportamento dos materiais sob condições de esforços? • Ensaios: realizar ensaios de laboratório e de campo. • Normas técnicas: estabelecem uma linguagem comum entre fornecedores e usuários dos materiais, além de garantir a reprodutibilidade dos resultados. • Métodos de ensaios: metodologia utilizada para a realização dos ensaios. • Especificações técnicas: especificam as propriedades mínimas exigidas dos materiais. Introdução 1. Ensaio de Tração Normalização de métodos Quais as vantagens de normalizar dos métodos de ensaios? �Tornar a qualidade do produto mais uniforme; �Reduzir os tipos similares de materiais; �Orientar o projetista na escolha do material adequado; �Permitir a comparação de resultados obtidos em diferentes laboratórios; �Reduzir desentendimentos entre produtor e consumidor. Introdução 1. Ensaio de Tração Normas técnicas: Principais normas de diferentes países / institutos / organizações: • ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas; • SAE – Society of Automotive Engineers (Sociedade dos engenheiros automotivos); • AISI – American Iron and Steel Institute (Instituto americano de aços e ferros fundidos); • ASTM – American Society for Testing Materials (Sociedade americana de testes de materiais); • ASME American Society of Mechanical Engineers; • Outros: DIN (norma alemã), JIS (norma japonesa), BS (norma britânica). • NTP: norma técnica Petrobras Introdução ABNT http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=196800 1. Ensaio de Tração Classificação dos ensaios: 1. Quanto à integridade geométrica e dimensional da peça ou componente: �Destrutivo: provocam inutilização parcial ou total da peça; ex.: tração, dureza, fadiga, fluência. �Não destrutivo: não comprometem a integridade da peça; ex.: raio X, ultra-som. 2. Quanto à velocidade de aplicação da carga: �Estático: carga aplicada de maneira suficientemente lenta, induzindo a uma sucessão de estados de equilíbrio; ex.: tração, compressão, flexão, dureza. � Dinâmico: carga aplicada rapidamente ou ciclicamente; ex.: fadiga, impacto. � Carga constante: carga aplicada durante longo período; ex.: fluência. 1. Ensaio de Tração Ensaios a serem estudados: �Ensaio de tração �Ensaio de compressão �Ensaio de flexão �Ensaio de impacto �Ensaio de dureza �Fadiga �END: visual, ultrassom, termografia, partículas magnéticas, radiografia. Introdução 1. Ensaio de Tração Métodos de Ensaio: determinam que tipo de ensaios devem ser realizados em função da geometria da peça, do processo de fabricação e de acordo com as normas técnicas vigentes. Pode ser: �Ensaios da própria peça; �Ensaios de modelos; �Ensaios em amostras; �Ensaios em corpos de prova retirados de parte da estrutura. Introdução 1. Ensaio de Tração Unidade: Sistema Internacional (SI) De acordo com decreto nº81.621, de maio de 1978, ficou estabelecido o uso, em todo o território brasileiro, do Sistema Internacional de Unidades, que compreende: 1) Metro (m) 2) Quilograma (kg) 3) Segundos (s) 4) Ampere (A) 5) Kelvin (K) 6) Mol (mol) 7) Radiano (rd) Existem outra unidades aceitas/admitidas pelo SI: ex. área mm2 e cm2. Além destas unidades principais, existem as unidades derivativas: ex. área mm2 e cm2, força (newton, N), pressão (N/mm2), tensão (pascal, Pa), etc. 1. Ensaio de Tração Unidade: Sistema Internacional (SI) Tabela de conversão de unidades: 1. Ensaio de Tração ENSAIO DE TRAÇÃO 1. Ensaio de Tração O ensaio de tração consiste na aplicação de força de tração uniaxial crescente em uma amostra do material (corpo de prova) até a ruptura. 1. Ensaio de Tração Características mecânicas dos materiais que podem ser determinadas pelo ensaio de tração: � Limite de resistência à tração; limite de escoamento; módulo de elasticidade; módulo de resiliência; módulo de tenacidade; ductilidade; coeficiente de encruamento e coeficiente de resistência. Os resultados são influenciados: � Temperatura, velocidade de deformação, anisotropia do material, tamanho dos cristais, presença de impurezas e condições ambientais. 1. Ensaio de Tração Normas técnicas As propriedades obtidas no ensaio de tração podem ser determinadas pelos métodos da: � ASTM (American Society for Testing and Materials): ASTM E8 Standard Test Methods for Tension Testing of Metallic Materials. ASTM D-638 Standard Test Method for Tensile Properties of Plastics � ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas): ABNT NBR ISO 6892 Materiais Metálicos-Ensaio de Tração 1. Ensaio de Tração Tarefa 1: Leitura e interpretação das normas NBR ISO 6892 e ASTM E8 / E8M 1. Ensaio de Tração 1. Tensão X Deformação σ = F/Ao Kgf/cm2 ou Kgf/mm2 ou N/ mm2 Força ou carga Área inicial da seção reta transversal Como efeito da aplicação de uma tensão tem-se a deformação (variação dimensional). A deformação pode ser expressa: • O número de centímetros de deformação por centímetro de comprimento • O comprimento deformado como uma percentagem do comprimento original Lo= comprimento inicial L= comprimento final 00 0 L L L LL c ∆ = − =ε 1. Ensaio de Tração 2. Lei de Hooke Sabemos que no movimento harmônico simples (MHS), a força resultante num objeto é opostamente dirigida e diretamente proporcional ao seu deslocamento,de uma posição de equilíbrio, na qual a força resultante é zero, ou seja F = Força K = constante da mola X = deslocamento 1. Ensaio de Tração Dentro de certos limites, a deformação é proporcional à tensão (a lei de Hooke é obedecida) 1. Tensão X Deformação Lei de Hooke: σ = E ε σ=Tensão ε = Deformação E =Constante (módulo elástico) 1. Ensaio de Tração Deformação Elástica e Plástica DEFORMAÇÃO ELÁSTICA • Prescede à deformação plástica • É reversível • Desaparece quando a tensão é removida • É praticamente proporcional à tensão aplicada (obedece a lei de Hooke) DEFORMAÇÃO PLÁSTICA • É provocada por tensões que ultrapassam o limite de elasticidade • É irreversível porque é resultado do deslocamento permanente dos átomos e portanto não desaparece quando a tensão é removida Elástica Plástica 1. Ensaio de Tração A B C D Deformação Tensão Curva Tensão X Deformação �Reta AB- Região de Comportamento elástico �Ponto B – Limite de proporcionalidade (Limite de elasticidade) �BC – região de transição �Ponto C – tensão de escoamento �Ponto D – Resistência à tração máxima �Ponto E– tensão de ruptura �Região BE – região plástica E 1. Ensaio de Tração Principais dados quantitativos �limite de resistência à tração �limite de escoamento �módulo de elasticidade (E), �módulo de resiliência �módulo de tenacidade � ductilidade. uσ eσ rU ( )tu 1. Ensaio de Tração Definições importantes � Tensão ( ): representa a força capaz de produzir deformação em uma unidade de área da amostra em teste. � Deformação ( ) (alongamento específico): relação entre a variação do comprimento por unidade do comprimento inicial ( ) � Região de Comportamento elástico (reta AB): representa a região que segue a Lei de Hooke, isto é, uma região em que a tensão resultante da aplicação de uma força em um material é diretamente proporcional à sua deformação. Dentro desta região, após a retirada da força aplicada o material será capaz de retornar às suas dimensões originais livre de deformação residual ou permanente. σ ε ol l∆ 1. Ensaio de Tração � Limite de proporcionalidade (Limite de elasticidade) (ponto C): Representa a maior tensão acima da qual o material não mais obedece à Lei de Hooke, isto é, perde-se a linearidade entre a relação tensão- deformação. � Módulo de Elasticidade (módulo de Young) (E): Fornece uma indicação da rigidez do material e depende fundamentalmente das forças de ligação interatômicas, o que explica seu comportamento inversamente proporcional à temperatura. É determinado pela inclinação da reta (tangente) na região linear da curva como mostrado na Figura a seguir. As principais valores definidos na região elástica Definições importantes 1. Ensaio de Tração Módulo de Elasticidade (módulo de Young) (E): 2σ 1σ 1ε 2ε 12 12tan εε σσ α − − ==E Definições importantes 1. Ensaio de Tração � Limite de escoamento: o escoamento é um fenômeno localizado, que se caracteriza por um aumento relativamente grande na deformação, acompanhado por uma pequena variação na tensão. Principal medida: Tensão no escoamento ( ) - a máxima tensão atingida na região de escoamento, eσ Definições importantes 1. Ensaio de Tração O procedimento para se determinar o limite de escoamento é: � Construir uma linha paralela à região elástica da curva, partindo de uma deformação de 0,002 ou 0,2% � Definir na interseção da reta paralela ao eixo x a partir da reta correspondente á deformação 0,002 ou 0,2%. ne σ ne σ Definições importantes 1. Ensaio de Tração Quando não é nítido, utiliza-se da convenção de um deformação padrão: Metais e ligas em geral : n = 0,2 % (ε = 0,002) Cobre e suas ligas: n = 0,5 % (ε = 0,005) Ligas metálicas duras: n = 0,1 % (ε = 0,001) Cerâmicos : n = 0,1 % (ε = 0,001) Polímeros: n = 0,5 % (ε = 0,005) 1. Ensaio de Tração Resiliência: é a propriedade de um corpo de devolver a energia armazenada devido a uma determinada deformação na elástica. Principal medida: módulo de resiliência ( ) é a energia que pode ser absorvida por unidade de volume do material sem que se tenha uma deformação permanente deste. Representa o caráter elástico do material e é calculada através do cálculo da área ru Definições importantes 1. Ensaio de Tração As principais valores definidos na região Plástica � Limite de resistência à tração: é a tensão máxima suportada pelo material. � Limite de ruptura: é a tensão onde ocorre a ruptura do material. � Alongamento na ruptura: é a diferença entre o comprimento final (Lf) e o comprimento inicial (Lo). ∆L = Lf - Lo � Coeficiente de estricção ( ): é a diferença entre as seções inicial (So) e final (S) após a ruptura do corpo de prova, expressa em porcentagem de seção inicial. ϕ 100 0 0 x S SS f− =ϕ Definições importantes 1. Ensaio de Tração 1. Ensaio de Tração As principais valores definidos na região Plástica � Tenacidade: é a capacidade do material de absorver energia devido à deformação até a ruptura. É uma propriedade desejável para casos de peças sujeitas a choques e impactos, como engrenagens, correntes, etc. Em geral, não é definido numericamente. Pode-se considerar de forma similar ao módulo de resiliência , como a área total abaixo da curva, Definições importantes 1. Ensaio de Tração As principais valores definidos na região Plástica � Ductilidade: É também em geral uma característica não definida numericamente. Corresponde à elongação total do material devido à deformação plástica (% elongação)= (lf-lo/lo)x100 Definições importantes 1. Ensaio de Tração 1. Ensaio de Tração 1. Ensaio de Tração ENSAIO DE TRAÇÃO Aparelhagem: Máquina de teste de tração: compreende essencialmente uma travessa fixa (ou estacionária que carrega uma garra), uma travessa móvel (que carrega a segunda garra), as garras (para prender o corpo de prova), uma célula de carga (medição da força), motor e um sistema métrico (para medição do alongamento). 1. Ensaio de Tração ENSAIO DE TRAÇÃO 1. Ensaio de Tração Corpos de prova ASTM E8 / E8M: corpo de prova cilíndrico E8 E8M 1. Ensaio de Tração Corpos de prova ASTM E8: corpo de prova retangular 1. Ensaio de Tração Procedimento 1. Colocar o corpo de prova nas garras da máquina de teste, 2. Apertam-se as garras de maneira uniforme e suficientemente forte para evitar um deslizamento do corpo de prova, sem, entretanto, esmagá-lo. 3. Ajusta-se a velocidade do teste com as especificações requeridas. 4. Seleciona-se uma escala de carga tais que a falha do corpo de prova ocorra dentro da parte útil do corpo de prova. 5. Acionado o equipamento de forma a gerar diagramas de tensão x deformação de onde poderão ser colhidos todos os dados citados anteriormente. 1. Ensaio de Tração Detalhes das garras 1. Ensaio de Tração Fatores que afetam os resultados do teste de tração Velocidade de realização do ensaio: Um aumento na velocidade de carregamento no ensaio de tração promoverá um aumento na resistência à tração e módulos, porém o oposto acontece com o alongamento. Temperatura: As propriedades dos materiais poliméricos são afetadas rapidamente por pequenas mudanças na temperatura. De maneira geral um aumento na temperatura no ambiente do ensaio de tração promoverá um aumento no alongamento e diminuição de resistência à tração e módulos. 1. Ensaio de Tração 1. Ensaio de Tração 1. Ensaio de Tração Tarefa 1: Tratamento dos dados de ensaios de tração realizado em compósitos de polipropileno com sisal. (GRAFICO 1) 1. Ensaio de TraçãoTarefa 1: O que pode ser avaliado?????? Final deste capítulo.... Obrigado pela atenção!! Dúvidas?