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DIREITO TRIBUTÁRIO ISS. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA. Marcelo Carlos Zampieri. Prof. de Direito Tributário. UFSM e FADISMA. 1. Critério Material. 1.1. Competência Constitucional Artigo 156, inciso II da Constituição Federal. 1.2. Legislação infraconstitucional Decreto-Lei 406, de 1968. Lei Complementar 116, de 2003 (Alterada pela Lei Complementar nº 157, de 2016). Código Tributário Municipal. (Obs. Em Santa Maria a Lei Complementar 002, de 2001 dispõe sobre o Código Tributário do Município. 1. Critério Material. Art. 1o O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. Dispõe o § 4º desse artigo que a incidência do imposto não depende da denominação dada ao serviço prestado. (Lei Complementar 116/03) 1. Critério Material. Lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. 1 – Serviços de informática e congêneres. 1.01 – Análise e desenvolvimento de sistemas. 1.02 – Programação. 1.03 – Processamento de dados e congêneres. (...) 4 – Serviços de saúde, assistência médica e congêneres. 4.01 – Medicina e biomedicina. 4.02 – Análises clínicas, patologia, eletricidade médica, radioterapia, quimioterapia, ultra-sonografia, ressonância magnética, radiologia, tomografia e congêneres. 4.03 – Hospitais, clínicas, laboratórios, sanatórios, manicômios, casas de saúde, prontos-socorros, ambulatórios e congêneres. 12 – Serviços de diversões, lazer, entretenimento e congêneres. 12.01 – Espetáculos teatrais. 12.02 – Exibições cinematográficas. (...) 12.03 – Espetáculos circenses. 17 – Serviços de apoio técnico, administrativo, jurídico, contábil, comercial e congêneres. (...) 17.14 – Advocacia. 17.15 – Arbitragem de qualquer espécie, inclusive jurídica. 17.19 – Contabilidade, inclusive serviços técnicos e auxiliares. 1. Critério Material. Novos Serviços trazidos pela Lei Complementar 157, de 2016. 11.02 - Vigilância, segurança ou monitoramento de bens, pessoas e semoventes. (Redação dada pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 25.02 - Translado intramunicipal e cremação de corpos e partes de corpos cadavéricos. (Redação dada pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 25.03 – Planos ou convênio funerários. 25.04 – Manutenção e conservação de jazigos e cemitérios. 25.05 - Cessão de uso de espaços em cemitérios para sepultamento. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 1. Critério Material. 1.03 - Processamento, armazenamento ou hospedagem de dados, textos, imagens, vídeos, páginas eletrônicas, aplicativos e sistemas de informação, entre outros formatos, e congêneres. (Redação dada pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 1.04 - Elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos, independentemente da arquitetura construtiva da máquina em que o programa será executado, incluindo tablets, smartphones e congêneres. (Redação dada pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 1.09 - Disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdos de áudio, vídeo, imagem e texto por meio da internet, respeitada a imunidade de livros, jornais e periódicos (exceto a distribuição de conteúdos pelas prestadoras de Serviço de Acesso Condicionado, de que trata a Lei no 12.485, de 12 de setembro de 2011, sujeita ao ICMS). (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 1. Critério Material. (...) 6.06 - Aplicação de tatuagens, piercings e congêneres. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 11.02 - Vigilância, segurança ou monitoramento de bens, pessoas e semoventes. (Redação dada pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 1. Critério Material. Taxatividade da listagem. Em decorrência de claras limitações constitucionais ao poder de tributar e à competência tributária dos entes federativos, é taxativa a lista de serviços prevista na Lei Complementar nº 116/03, sobre os quais deve incidir o ISS. Com isso o legislador municipal não poderá ultrapassar os limites da Lei Complementar (vide Artigo 146, inciso III, letra “a” da CF/88) 1. Critério Material. Interpretação extensiva. A Primeira Seção deste Tribunal Superior, ao julgar o REsp 1.111.234/PR, sob o regime dos regime do art. 543-C do CPC, reconheceu que a lista de serviços anexa ao Decreto-Lei 406/1968 e à Lei Complementar 116/2003, para fins de incidência do ISS sobre serviços bancários, é taxativa, admitindo-se, porém, uma leitura extensiva de cada item, para que se possam enquadrar os serviços correlatos nos previstos expressamente, de modo que prevaleça a efetiva natureza do serviço prestado e não a denominação utilizada pela instituição financeira. (AgRg no AREsp 350.300/PR, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/10/2013, DJe 11/10/2013) 1. Critério Material. Interpretação extensiva. O STJ editou a Súmula 424 para definir a extensão da expressão congêneres constantes na lista anexa: “É legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários congêneres da lista anexa ao DL n. 406/1968 e à LC n. 56/1987.”). 1. Critério Material. Ausência de previsão. O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN não incide sobre a cessão de direito autoral, porquanto não se trata de hipótese contemplada na lista anexa à Lei Complementar 116/03. A interpretação extensiva é admitida pela jurisprudência quando a lei complementar preconiza a hipótese de incidência do ISS sobre serviços congêneres, correlatos, àqueles expressamente previstos na lista anexa, independentemente da denominação dada pelo contribuinte. Se o serviço prestado, não se encontra ali contemplado, não constitui fato gerador do tributo e, por conseguinte, não há falar em interpretação extensiva. É natureza do serviço prestado que determina a incidência do tributo. (REsp 1183210/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/02/2013, DJe 20/02/2013) 1. Critério Material. Conflito de competência. Em alguns serviços em que há o fornecimento de materiais com prestação de serviços poderá ocorrer dúvida sobre a incidência do ICMS ou do ISS, gerando um conflito de competência entre Estados e Município. Esse conflito deverá ser solucionado por meio de Lei Complementar conforme artigo 146, inciso I da Constituição Federal. 1. Critério Material. O § 2o do artigo 1º da Lei Complementar 116/03 dispõe que ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias. 1. Critério Material. Exemplos: Incidência do ICMS 14.01 – Lubrificação, limpeza, lustração, revisão, carga e recarga, conserto, restauração, blindagem, manutenção e conservação de máquinas, veículos, aparelhos, equipamentos, motores, elevadores ou de qualquer objeto (exceto peças e partes empregadas, que ficam sujeitas ao ICMS). 14.03 – Recondicionamento de motores (exceto peças e partes empregadas, que ficam sujeitas ao ICMS). 17.11 – Organização de festas e recepções; bufê (exceto o fornecimento de alimentação e bebidas, que fica sujeito ao ICMS). 1. Critério Material. Conflito de competência. O STJ já se pronunciou em algum casos com objetivo de solucionar conflitos de competência entre Estados e Municípios: Súmula nº 163: O FORNECIMENTO DE MERCADORIAS COM SIMULTANEA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM BARES, RESTAURANTES E ESTABELECIMENTOS SIMILARES CONSTITUI FATO GERADOR DO ICMS A INCIDIR SOBRE O VALOR TOTAL DA OPERAÇÃO Súmula 156: A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE COMPOSIÇÃO GRAFICA, PERSONALIZADA E SOB ENCOMENDA, AINDA QUE ENVOLVA FORNECIMENTO DE MERCADORIAS, ESTA SUJEITA, APENAS, AO ISS. Súmula 167: O FORNECIMENTO DE CONCRETO, POR EMPREITADA, PARA CONSTRUÇÃO CIVIL, PREPARADO NO TRAJETO ATE A OBRA EM BETONEIRAS ACOPLADAS A CAMINHÕES, E PRESTAÇÃODE SERVIÇO, SUJEITANDO-SE APENAS A INCIDENCIA DO ISS. Súmula 274: O ISS INCIDE SOBRE O VALOR DOS SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA, INCLUINDOSE NELES AS REFEIÇÕES, OS MEDICAMENTOS E AS DIÁRIAS HOSPITALARES 1. Critério Material. A regra matriz de incidência tributária do ISS envolve uma obrigação de fazer. Assim, na locação de bem móvel, como envolve uma “obrigações de dar”, não ocorre a incidência do ISS conforme Súmula Vinculante número 31 do STF:"É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) sobre operações de locação de bens móveis" 1. Critério Material. Locação com prestação de serviços. Dessa forma a locação de carros, máquinas e outros bens não têm a incidência do ISS por não se caracterizar serviço e não ter previsão de incidência em Lei Complementar. Porém, se a empresa locar máquinas com operador, carros com motorista, etc. haverá a incidência do ISS, pois há a prestação do serviço. 2. Critério Quantitativo A alíquota máxima de incidência do ISS foi fixada em 5% pelo artigo 8º, II, da Lei Complementar 116/203. 3. Critério Quantitativo Artigo. 8-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento). (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 3. Critério Quantitativo: Concessão de incentivos. Artigo 8º (...) § 1o O imposto não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima estabelecida no caput, exceto para os serviços a que se referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 3. Critério Quantitativo: Concessão de incentivos. Artigo 8º (...) § 2o É nula a lei ou o ato do Município ou do Distrito Federal que não respeite as disposições relativas à alíquota mínima previstas neste artigo no caso de serviço prestado a tomador ou intermediário localizado em Município diverso daquele onde está localizado o prestador do serviço. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 3. Critério Quantitativo O ISS tem formas de cálculos distintas. Observada a legislação de cada Município, o ISS pode ter valor fixo ou variável. Em regra autônomos e profissionais liberais recolhem um valor fixo, enquanto que as sociedades de profissionais e pessoas jurídicas em geral um valor variável. Na hipótese de valor variável haverá a incidência de uma alíquota sobre a base de calculo. A base de calculo, segundo o artigo 7º da Lei Complementar 116, de 2003, é o preço do serviço. 3. Critério Quantitativo. Base de calculo. Faturamento. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS. ISS. BASE DE CÁLCULO. VALOR DO SERVIÇO. EXIBIÇÕES CINEMATOGRÁFICAS. INCIDÊNCIA SOBRE PREÇO DO INGRESSO. DESCONTOS. IMPOSSIBILIDADE. 1. Nos termos da Lei Complementar n. 116/2003, o ISS incidirá sobre a prestação de serviços relacionados em lista anexa, determinando a sua base de cálculo como o valor do serviço (art. 7º). 2. Nos casos de exibições cinematográficas, o valor do serviço é o preço pago pelos consumidores, ou seja, a quantia paga por ingresso, pelo serviço prestado (exibição de filme). 3. Hipótese em que a base de cálculo do ISS é o faturamento bruto do contribuinte, o somatório de todos os ingressos pagos pelos consumidores sem nenhuma dedução.(AgRg no REsp 1226472/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/04/2011, DJe 26/04/2011) 3. Critério Quantitativo. Questões Polêmicas. Na definição quanto a forma de recolhimento do ISS e definição da base de calculo a jurisprudência revela algumas polêmicas, como por exemplo nas sociedades de profissionais, possibilidade ou não de dedução de materiais ou serviços na base de calculo, tributação dos notariais e cartorários, entre outros, senão vejamos. 1. Critério Material. Revogação. Tributação Privilegiada. A Lei Complementar 116, de 2003, não revogou totalmente o Decreto-Lei 406, de 1968, mantendo em vigência o artigo 9º, §§1º e 3º, que tratam da tributação privilegiada de determinadas atividades, ainda que os serviços sejam prestados por sociedades. 1. Critério Material. Súmula 663 do STF: “Os §§ 1º e 3º do art. 9º do Dec.-lei 406/68 foram recebidos pela Constituição.” 1. Critério Material. Posição do STJ. "Admitida a manutenção do regime de tributação privilegiada após a entrada em vigor da Lei Complementar 116/03, nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, que sedimentou compreensão de que o art. 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei 406/68, o qual trata da incidência do ISSQN sobre sociedades uniprofissionais por alíquota fixa, não foi revogado pela Lei Complementar 116/03, quer de forma expressa, quer tácita, não existindo nenhuma incompatibilidade”.(AgRg no REsp 1242490/PB, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 17/09/2013). 3. Critério Quantitativo. Sociedades de Profissionais. APELAÇÃO CÍVEL / REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO. ISS. BASE DE CÁLCULO. SOCIEDADE UNIPROFISSIONAL. MÉDICOS. AUSÊNCIA DE CARÁTER EMPRESARIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. A Constituição Federal de 1988 implicou a recepção do Decreto-Lei n. 406/68, no que, mediante os preceitos do art. 9º, §§ 1º e 3º, rege o ISS devido pelas sociedades civis, constituídas apenas por profissionais que prestem serviços em nome destas, devendo o cálculo do tributo se dar por cota fixa ou variável, não compreendida a importância paga a título de remuneração. A Lei Complementar n. 116/2033, não revogou o citado artigo. A sociedade civil, ainda que composta por médicos, faz jus ao benefício previsto no art. 9º, § 3º, do DL n. 406/68, apenas se prestar serviço especializado, com responsabilidade pessoal e sem caráter empresarial. Precedentes do STJ. No caso dos autos, há prova desta situação, portanto, a parte autora tem direito ao tratamento tributário diferenciado de que trata o citado dispositivo legal. (Apelação e Reexame Necessário Nº 70053245338, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio Heinz, Julgado em 27/03/2013) 3. Critério Quantitativo. Serviços cartorários e notariais. Posição do STJ. A 1a. Seção desta Corte, que concluiu por reafirmar o entendimento jurisprudencial segundo o qual a prestação de serviços de registros públicos (cartorário e notarial) não se enquadra no regime especial previsto no art. 9o., § 1o. do Decreto-Lei 406/68, pois, além de manifesta a finalidade lucrativa, não há a prestação de serviço sob a forma de trabalho pessoal do próprio contribuinte, especialmente porque o art. 236 da CF/88 e a legislação que o regulamenta permitem a formação de uma estrutura economicamente organizada para a prestação do serviço de registro público, assemelhando-se ao próprio conceito de empresa: REsp.1.328.384/RS, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 29.05.2013, representativo da controvérsia. (AgRg no AREsp 305.039/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe 11/11/2013) 3. Critério Quantitativo. Construção Civil. Após o julgamento do RE nº 603.497, MG, a jurisprudência do Tribunal passou a seguir o entendimento do Supremo Tribunal Federal quanto à legalidade da dedução do custo dos materiais empregados na construção civil da base de cálculo do imposto sobre serviços, incluído o serviço de concretagem. Agravo regimental desprovido." (AgRg no AREsp 409.812/ES, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, DJe 11/04/2014) 2. Os precedentes desta Corte pontuam que a pendência de apreciação de recursos opostos contra acórdãos cujo julgamento se deu sob rito dos recursos repetitivos, repercussão geral ou ADI não implica direito ao sobrestamento de recursos no âmbito do STJ Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 634.871/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,julgado em 05/03/2015, DJe 11/03/2015). 3. Critério Quantitativo. Atividade fim e atividade meio. TRIBUTÁRIO. AFASTAMENTO DA SÚMULA 7/STJ. MATÉRIA DE DIREITO. ISS.SERVIÇO DE TELECOMUNICAÇÃO. ATIVIDADE-MEIO. NÃO INCIDÊNCIA. Não incide ISS sobre serviços prestados que caracterizam atividade-meio para atingir atividades-fim, no caso a exploração de telecomunicações" (REsp 883254/MG, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, julgado em 18.12.2007, DJ 28.2.2008 p. 74). Neste julgado, em voto-vista proferido pelo Min. Luiz Fux, o entendimento foi corroborado ao firmar que "...as atividades enquadradas como de secretaria, expediente e processamento de dados, instalação e atividades enquadradas como manutenção e conserto de aparelhos telefônicos são notoriamente atividades-meio em confronto com a atividade-fim, que é a telecomunicação em si, porquanto não criam relação jurídica diversa." Agravo regimental provido. (AgRg no REsp 1192020/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/10/2010, DJe 27/10/2010) 4. Critério Pessoal. Contribuinte. Segundo o artigo 5º da Lei Complementar 116, de 2003, o Contribuinte é o prestador do serviço. Porém, o próprio legislador (Lei Complementar 116/03), seguindo a orientação do Código Tributário Nacional, prevê a possibilidade do responsável tributário: Artigo 6º: Os Municípios e o Distrito Federal, mediante lei, poderão atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação, inclusive no que se refere à multa e aos acréscimos legais. 4. Critério Pessoal. Responsável. Os responsáveis estão obrigados ao recolhimento integral do imposto devido, multa e acréscimos legais, independentemente de ter sido efetuada sua retenção na fonte. O legislador arrolou como responsáveis: I – o tomador ou intermediário de serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País; II – a pessoa jurídica, ainda que imune ou isenta, tomadora ou intermediária. 4. Critério Pessoal. Responsável. Mudanças trazidas pela Lei Complementar 157, de 2016. No caso dos serviços descritos nos subitens 10.04 (10.04 – Agenciamento, corretagem ou intermediação de contratos de arrendamento mercantil (leasing), de franquia (franchising) e de faturização (factoring)) e 15.09 (Arrendamento mercantil (leasing) de quaisquer bens, inclusive cessão de direitos e obrigações, substituição de garantia, alteração, cancelamento e registro de contrato, e demais serviços relacionados ao arrendamento mercantil (leasing)), o valor do imposto é devido ao Município declarado como domicílio tributário da pessoa jurídica ou física tomadora do serviço, conforme informação prestada por este 4. Critério Pessoal. Responsável. Mudanças trazidas pela Lei Complementar 157, de 2016. No caso dos serviços prestados pelas administradoras de cartão de crédito e débito, descritos no subitem 15.01 (Administração de fundos quaisquer, de consórcio, de cartão de crédito ou débito e congêneres, de carteira de clientes, de cheques pré-datados e congêneres) os terminais eletrônicos ou as máquinas das operações efetivadas deverão ser registrados no local do domicílio do tomador do serviço. 5. Temporal. Fato Gerador. Momento da ocorrência. O momento da ocorrência do fato gerador se dá com a prestação do serviço constante da lista. Não pode haver ISS sobre serviço potencial, mas apenas sobre o serviço real (efetivo, concretamente verificado, ocorrido, prestado). Logo, quando firmado o contrato de prestação de serviço entre as partes temos um dever, uma obrigação de fazer, mas que não tem nenhuma implicação tributária para fins de incidência do ISS. Em outras palavras, não se pode exigir o imposto municipal apenas com base na celebração do contrato, sem que haja a efetiva prestação do serviço. Nesse sentido, já decidiu o antigo 1º TAC de São Paulo: "O imposto municipal sobre serviços de qualquer natureza somente incide quando da efetiva prestação das atividades..." "... a simples assinatura da avença que põe na disponibilidade do contratante aderente o futuro e potencial atendimento..." "... não se confunde com a efetiva prestação do serviço respectivo. " (AC 380.230 da 3ª C. No mesmo sentido, AC 352.986 da 5ª C., AC 361.254 da 1ª C., AC 363.148 da 8ª C., todas do 1º TAC.). 5. Temporal. Fato Gerador. Posição STJ. O Superior Tribunal de Justiça, ao julgar questão que envolvia a legalidade ou não da cobrança do ISS das empresas cinematográficas, entendeu haver ofensa à lei na exigência desse imposto por ocasião da chancela dos ingressos pelo município, antes da sua venda ao consumidor, conforme demonstra o seguinte trecho do Resp 4.962-00/SP: "Assim, tratando-se de ISS incidente sobre diversões públicas, o fato imponível se configura no momento da venda do ingresso ao consumidor, pelo que ilegítima a antecipação do recolhimento, quando da chancela prévia dos bilhetes pelo município". Em um outra decisão deixou assentado o entendimento de que "Em se tratando de ISS incidente sobre diversões públicas, o fato imponível se configura no momento da venda do ingresso, sendo inviável deslocar este momento antecipando-o para a emissão dos bilhetes uma vez que a natureza do evento não possibilita prever com segurança a concretização no mundo real da hipótese de incidência" (Resp. 198.182/SP. No mesmo sentido, Resp 159.861/SP e 302.534/SP). 5. Temporal. Fato Gerador. Inadimplemento. O fato gerador do ISS é a "prestação do serviço", não importando para a incidência o surgimento de circunstâncias factuais dificultando ou impedindo o pagamento devido ao prestador dos serviços. Tais questões são estranhas à tributação dos serviços prestados. (REsp 189227 - Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ 24/06/2002). Assim, é defeso ao prestador do serviço alegar o inadimplemento pelo tomador ou mesmo o recebimento parcelado do preço do serviço para, com isso, esquivar-se do pagamento integral do ISS. O ISS incide quando da ocorrência do fato gerador, sendo devido independentemente do recebimento do numerário por parte do contribuinte. 5. Aspecto Temporal. Lançamento tributário. O ISS é um tributo sujeito ao lançamento por homologação, o contribuinte efetua o pagamento antes da ocorrência do lançamento do crédito tributário e diante deste pagamento a Fazenda Pública tem o prazo de cinco anos após o fato gerador, para homologar o crédito de forma tácita ou expressa, conforme artigo 150, parágrafo 4º do Código Tributário Nacional Artigo 150 - O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa". (...) Parágrafo 4º - Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador ; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação." 5. Aspecto Temporal. Lançamento tributário. Decadência. TRIBUTÁRIO - ISSQN - DECADÊNCIA - DECLARAÇÃO DE TRIBUTO - AUSÊNCIA - ART. 173, I, DO CTN. 1. Na trilha da jurisprudência desta Corte, inexistindo declaração tributária de tributo lançado por homologação, o prazo de decadência rege-se pelo art. 173, I, do CTN. Precedentes. 2. Agravo regimental não provido.(AgRg no Ag 1117318/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/06/2009, DJe 29/06/2009) 5. Aspecto Temporal. Lançamento tributário. Decadência. PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES. 1. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, havendo o pagamento, aindaque insuficiente, considera-se como dia inicial da decadência o da ocorrência do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4º, do CTN. 2. Assim, haja vista que, efetivamente, houve recolhimento de ISS, e tendo a ação fiscal iniciado em 2 de julho de 1996, deve ser reconhecida a decadência do direito de o Fisco efetuar os lançamentos referentes a tributos anteriores a 2 de julho de 1991, e, de conseqüência, negar seguimento ao recurso especial.(EDcl no REsp 697.101/MG, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/08/2007, DJ 17/09/2007, p. 212) 6. Critério Territorial. O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos itens I a XXII do artigo 3º da Lei Complementar 116/2003. 6. Critério Territorial. Art. 3º O serviço considera-se prestado, e o imposto, devido, no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXV, quando o imposto será devido no local: (Redação dada pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 6. Critério Territorial. Algumas situações em que o ISS é devido no local da prestação do serviço. Da instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas, no caso dos serviços descritos no subitem Das edificações em geral, estradas, pontes, portos Da execução da limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres. Da execução da decoração e jardinagem, do corte e poda de árvores; 6. Critério Territorial. O artigo 4º da Lei Complementar 116 define o que seja estabelecimento prestador: Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas. 6. Critério Territorial. Posição do STJ. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial 1.117.121/SP (Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 29/10/2009), processado nos moldes do art. 543-C do CPC, firmou o entendimento de que, a partir da LC/2003, "como regra geral, o imposto é devido no local do estabelecimento prestador, compreendendo-se como tal o local onde a empresa que é o contribuinte desenvolve a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação, contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas". (AgRg no AREsp 413.578/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 06/03/2014). 6. Critério Territorial. Posição do STJ. 1. A Primeira Seção/STJ, ao apreciar o REsp 1.060.210/SC (Rel. Min.Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 5.3.2013), pacificou entendimento no sentido de que: "o sujeito ativo da relação tributária, na vigência do DL 406/68, é o Município da sede do estabelecimento prestador (art.12); (c) a partir da LC 116/03, é aquele onde o serviço é efetivamente prestado, onde a relação é perfectibilizada, assim entendido o local onde se comprove haver unidade econômica ou profissional da instituição financeira com poderes decisórios suficientes à concessão e aprovação do financiamento - núcleo da operação de leasing financeiro e fato gerador do tributo".(REsp 1221309/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/04/2013, DJe 10/04/2013) 6. Critério Territorial. Posição do STF. Notícias STF/março de 2018 Liminar suspende novas regras sobre incidência do ISS de planos de saúde e atividades financeiras O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5835 para suspender dispositivos de lei complementar federal relativos ao local de incidência do Imposto Sobre Serviços (ISS). (Vide Decisão liminar) 3. Critério Quantitativo. Alíquota. Emenda Constitucional 37/2002, em seu artigo 3º, incluiu o artigo 88 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, fixando a alíquota mínima do ISS em 2% (dois por cento), a partir da data da publicação da Emenda (13.06.2002). (vide Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 190 STF. 6. Atividade de Franquia. Posição do STF. RE 603136 RG / RJ - RIO DE JANEIRO REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. GILMAR MENDES EMENTA: Recurso extraordinário. Tributário. ISS. Franquia. Fato gerador. Lei Complementar 116/2003. Repercussão geral reconhecida. Obs. Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.784/DF, proposta pela Associação Nacional das Franquias Postais do Brasil (Anafpost), em maio de 2012. 6. Atividade de Franquia. Posição do TJRGS. APELAÇÃO. DIREITO TRIBUTÁRIO E FISCAL. PROVA EMPRESTADA. CONTRATO DE FRANQUIA EMPRESARIAL. ISS. NÃO INCIDÊNCIA. (...) II - Não incide o ISS em contrato defranquia. De natureza complexa, seu conteúdo abrange obrigações de fazer, de não fazer e de dar, que se entrelaçam formando contrato típico que o afasta da caracterização de mera prestação de serviço em si considerado. Preliminar desacolhida. Apelo desprovido. Unânime. (Apelação Cível Nº 70052488459, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Genaro José Baroni Borges, Julgado em 11/09/2013) 6. Atividade de Farmácias de Manipulação. Posição do STF. RE 605552 RG / RS - RIO GRANDE DO SUL REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI EMENTA Tributário. ISS. ICMS. Farmácias de manipulação. Fornecimento de medicamentos manipulados. Hipótese de incidência. Repercussão geral. 1. Os fatos geradores do ISS e do ICMS nas operações mistas de manipulação e fornecimento de medicamentos por farmácias de manipulação dão margem a inúmeros conflitos por sobreposição de âmbitos de incidência. Trata-se, portanto, de matéria de grande densidade constitucional. 2. Repercussão geral reconhecida.