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Crimes de perigo

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ESSE MATERIAL É COMPLEMENTAR (MERO APOIO) E ESTÁ BASEADO NAS OBRAS DE ROGÉRIO GRECCO E CESAR ROBERTO BITENCOURT INDICADAS NA BIBLIOGRAFIA E QUE COMPOEM O PLANO DE ENSINO. 
SERVE APENAS COMO REFERÊNCIA E DEVE SER LIDO EM CONJUNTO COM AS OBRAS REFERIDAS, O CÓDIGO PENAL E A JURISPRUDÊNCIA, NÃO DISPENSANDO AS OBSERVAÇÕES E DISCUSSÕES EFETUADAS EM AULA.
CRIMES DE PERIGO
“Da periclitação da vida e da saúde”
Esses crimes referem especificamente o perigo a uma pessoa ou a um grupo determinado de pessoas. (Obs: Quando o perigo for contra a coletividade, estamos diante dos crimes de perigo comum, previstos a partir do artigo 250 do CP). 
Antes da análise dos tipos, é necessário observar uma questão doutrinária fundamental que envolve diretamente o princípio da lesividade.
A doutrina divide os crimes de dano, dos crimes de perigo:
Crime de dano (de lesão): são crimes que exigem uma efetiva lesão a um bem jurídico, desse modo atendem perfeitamente ao princípio da lesividade.
Crimes de perigo: São crimes que não exigem uma efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. Tem por objetivo proibir ou impor comportamentos que tenham probabilidade de causar danos aos bens jurídicos penais. O que existe é uma probabilidade de dano de lesão a um bem jurídico. Desse modo, não podem ser tipificados em larga escala e possuem natureza subsidiária aos crimes de dano (ou seja, somente serão aplicados se o dano efetivo ao bem jurídico não tiver ocorrido). 
Os crimes de perigo se dividem em:
1-Crime de perigo abstrato: refere à periculosidade da conduta do agente sem efetivamente haver uma situação de perigo concreto. Essa espécie contraria expressamente o princípio da lesividade, havendo uma necessidade de reinterpretação desses tipos conforme a Constituição, uma vez que ferem além do princípio referido, o princípio da necessidade/intervenção mínima. 
2-Crime de perigo concreto: Nessa espécie, verifica-se efetivamente a ocorrência do risco do bem jurídico ser lesionado. 
Quanto aos tipos penais:
Perigo de contágio venéreo:
        Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
        Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
        § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
        Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
        § 2º - Somente se procede mediante representação.
     
Trata-se de tipo de forma vinculada, uma vez que prevê expressamente a necessidade de transmissão através de relação sexual. Além disso, requer a necessidade de transmissão de moléstia venérea[footnoteRef:1], a qual é definida através de lista publicada pelo Ministério da Saúde. Se não estiver nessa lista, não poderá ser tipificado nesse artigo 130 do CP. [1: A AIDS – HIV não é considerado moléstia venérea. No caso do agente estar contaminado com HIV e ter o dolo de transmitir para matar será considerado tentativa de homicídio. Vide Grecco.] 
Bem jurídico tutelado: Vida e a saúde.
Elemento subjetivo do tipo é o dolo. Não há previsão de modalidade culposa.
Sujeito ativo: a pessoa contaminada
Sujeito passivo: qualquer pessoa que não esteja contaminada com a mesma doença. Se a vítima já estiver contaminada será crime impossível.
Objeto material: confunde-se com o sujeito passivo, ou seja, é a pessoa com quem o contaminado mantém relações sexuais.
Esse tipo de crime requer a prova pericial de que o agente estava contaminado. A Constituição Federal garante o amplo direito à defesa, por isso o sujeito ativo não é obrigado a fazer exame pericial para realizar prova contra si mesmo. Contudo, se for possível a prova de que o sujeito ativo estava contaminado, poderá ser obtida de outra forma. 
O consentimento do ofendido afasta a ilicitude, desde que a moléstia venérea não tenha capacidade de lesionar gravemente ou matar.
Obs: Se houver resultado morte, quando o dolo era apenas de transmitir a moléstia venérea, será tipificado como lesão corporal seguida de morte e não será aplicado o art. 130 em questão (lembrar que o art. 130 é crime de perigo e tem natureza subsidiária, então, ocorrido o dano ao bem jurídico, no caso, a morte, aplica-se o tipo do crime de dano – lesão seguida de morte e afasta a incidência do crime de perigo). 
   	
Perigo de contágio de moléstia grave
        Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
        Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Esse tipo diferencia-se do anterior pois possui um especial fim de agir em relação ao tipo anterior do artigo 130, que é o fim de transmitir a moléstia que está contaminado.
Além disso, aqui no art. 131 estamos tratando de “moléstia grave”, que se constitui nas moléstias que o regulamento de saúde pública declara a necessidade de notificação compulsória, como a varíola e tuberculose, por exemplo. O HIV está inserido aqui como moléstia grave. Trata-se de norma penal em branco, pois o complemento do tipo fica a cargo dessa lista. 
Obs: Se o agente tem intenção de transmitir a moléstia venérea, será tipificado no §1º do artigo 130, pois aqui no art. 131 se trata de “moléstia grave”.
	
Bem jurídico tutelado: integridade física e a saúde.
Elemento subjetivo do tipo é o dolo. Não há previsão de modalidade culposa nem aceita dolo eventual.
Sujeito ativo: a pessoa contaminada, crime formal, próprio com relação ao sujeito ativo.
Sujeito passivo: qualquer pessoa que não esteja contaminada com a mesma doença. Se a vítima já estiver contaminada será crime impossível.
Objeto material: confunde-se com o sujeito passivo, ou seja, é a pessoa para quem o contaminado transmite a moléstia grave.
Consumação: Ocorre com a prática dos atos destinados à transmissão da moléstia. 
	Também exige a comprovação pericial.
	Esse delito pode ser praticado de forma livre, uma vez que os atos de transmissão podem ser de qualquer natureza, seja diretamente (contato pessoal), seja indiretamente (utiliza instrumento como uma seringa contaminada, com a própria moléstia grave, por exemplo). Pode inclusive ser transmissão via relação sexual, desde que seja de “moléstia grave”, pois se for de moléstia venérea via relação sexual, se enquadra no tipo do artigo 130 e §1º do CP. 
	Obs: Se o agente usar uma seringa ou outro instrumento contaminado com uma moléstia grave da qual não está contaminado (obteve de outrem) será lesão corporal.
	Obs2: Casos de crime impossível: Ineficácia absoluta do meio (quando o agente ativo não é portador da doença – está curado, por exemplo); absoluta impropriedade do objeto (a vítima já está contaminada).
	Obs3: Se a vítima morre em virtude da moléstia, é necessário observar o dolo. Se o dolo anterior do sujeito ativo era de lesão, estaremos diante do crime de lesão corporal seguida de morte. Se o dolo era de homicídio, será o caso do crime de homicídio consumado. Nesse caso, o artigo 131 do CP não será aplicado, devido a sua natureza subsidiária. 
 
	 Perigo para a vida ou saúde de outrem
        Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
        Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
       
 Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. Esse parágrafo visa coibir o transporte clandestino e perigoso de passageiros (casos de boias-frias).
Trata-se de delito que possui natureza totalmente subsidiária em relação aos demais, ou seja, somente será aplicado se o fato não constituir crime mais grave. 
A exposição ao perigo, prevista nesse tipo deve ser a pessoa ou pessoas determinadas, ou seja, a inserção de uma vítima certa em situação de perigo real, concreto e iminente.
Ex: Guia que leva turista por uma trilha e os expõe a atravessar uma ponte, a qual ele sabe que tem o risco dedesabar.
Se a ponte desabar, o guia responderá pelo crime de dano que vier a ocorrer (morte ou lesão culposa), caso contrário, responde somente pelo art. 132. Obs: O dolo anterior de matar ou lesionar não pode existir. 
Bem jurídico tutelado: integridade física e a saúde.
Elemento subjetivo do tipo é o dolo. Não há previsão de modalidade culposa nem aceita dolo eventual.
	O consentimento do ofendido pode, eventualmente, afastar a ilicitude, desde que não haja probabilidade de lesão grave ou gravíssima.
	Se houver o resultado morte ou lesão, o sujeito ativo responderá por homicídio ou lesão.
	Leis especiais que regulam situações específicas de exposição a perigo: O disparo de arma de fogo em locais habitados está regulado pela Lei 10.826/03, art. 15[footnoteRef:2]. E o art. 311 da Lei 9.503/97 proíbe trafegar em via pública em alta velocidade. [2: Se o disparo for em local não habitado, considera-se fato atípico.] 
  Abandono de incapaz 
        Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
        Pena - detenção, de seis meses a três anos.
        § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
        Pena - reclusão, de um a cinco anos.
        § 2º - Se resulta a morte:
        Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
        Aumento de pena
        § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
        I - se o abandono ocorre em lugar ermo; aquele afastado.
        II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.Essa situação deve ser comprovada no processo por documento. A união estável não pode ser considerada para fins de aumento devido ao princípio da legalidade estrita. 
        III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
      
	Crime de perigo concreto, por isso, não se pode presumir o abandono.
	O agente não pode, no momento do abandono, ter o dolo de matar ou lesionar, senão será outro crime (homicídio ou lesão corporal).
	
	Abandonar significa deixar à própria sorte;
	A incapacidade da vítima pode ser absoluta (perene. Ex: criança) ou relativa (momentânea. Ex: doente).
	Bem jurídico tutelado é a vida, saúde, incolumidade física. 
	Crime próprio com relação ao sujeito ativo e passivo, pois necessita a situação (obrigação legal ou contratual) entre ambos de guarda, cuidado, vigilância ou autoridade. 
	Objeto material: Pessoa sobre a qual recai o abandono. 
Consuma-se no momento de efetiva situação de risco à vítima abandonada. A tentativa é mais difícil de caracterizar, ex: A mãe abandona o filho, mas antes que esse esteja em perigo alguém o encontra. 
Elemento subjetivo é o dolo. Não admite a forma culposa. Somente responderá culposamente pelo resultado de dano que vier a gerar, na forma dos § 1º e 2º do artigo 133 do CP. A situação dos §1º e §2ºé crime preterdoloso: dolo antecedente de abandono – culpa no resultado lesão ou morte.
 Obs: Se o dolo de homicídio ou lesão era anterior ao abandono, responderá diretamente pelo 121 ou 129 dependendo do caso concreto. 
  Exposição ou abandono de recém-nascido
        Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:
        Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
       
 § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
        Pena - detenção, de um a três anos.
        § 2º - Se resulta a morte:
        Pena - detenção, de dois a seis anos. 
        
Trata-se de modalidade especial de abandono de incapaz, na qual existe um especial fim de agir “ocultar desonra própria”. Em certas ocasiões o legislador entende por aplicar o princípio da especialidade e tipificar situações específicas. 
Houve uma época em que era muito comum a situação de desonra no casamento, o qual era concebido para toda vida, por isso, a pena dessa modalidade especial de abandono, prevista no 134 do CP é mais branda. (Esse tipo penal está ultrapassado). 
	Se o abandonado ou exposto não for recém-nascido não será esse tipo penal e sim aquele previsto no artigo 133 do CP (princípio da legalidade estrita).
	É necessário demonstrar o perigo concreto, decorrente da situação de exposição ou abandono. 
Somente a mãe poderá ser o sujeito ativo – crime próprio. Admite tentativa (Ex: O recém-nascido é abandonado, mas alguém vê e não chega a sofrer a exposição ao perigo)
A situação dos §1º e §2º: Crime Preterdoloso – dolo antecedente de abandono – culpa no resultado lesão ou morte.
		
Omissão de socorro
        Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
        Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
        Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. (Preterdoloso – dolo antecedente de omissão – culpa no resultado lesão ou morte).
 
	Trata-se de crime comum, de perigo concreto. Também é crime omissivo próprio, ou seja, a situação de omissão é narrada expressamente no tipo penal. Nessa modalidade, entram todos aqueles que não são os garantidores previstos no §2º do art. 13 do CP. 
	
Esse tipo penal deve conjugar a omissão quando o sujeito ativo PODE agir e não o faz.
A criança referida no tipo é entendida aquela com até 12 anos incompletos.
O tipo penal dá uma escolha, ou socorre ou pede a uma autoridade que o faça, porém, a situação fática deve sempre ser observada, pois o socorro, quando possível, deve ser feito pelo agente imediatamente, apenas não o fazendo quando não é possível. Ex: A pessoa é a primeira a passar por um acidente na rua. A vítima caiu do prédio em cima da via. O agente deve alertar para a situação de risco, evitando que algum carro passe por cima da vítima, mas deve chamar o socorro médico imediatamente, pois se manusear a vítima poderá colocá-la em maior risco. 
Ex2: O agente vê alguém se afogando e não sabe nadar. Deve chamar a autoridade ou alguém que o faça urgente. 
Ex3: Sabe nadar, mas o local onde a vítima está é de extremo perigo (corredeiras). Deve chamar a autoridade competente, pois se entrar para salvar colocará a própria vida em risco.
Autoridade pública descrita no tipo é aquela competente para os casos de socorro imediato, como bombeiros, polícia militar, defesa civil. Não é qualquer autoridade. Ex: Não adianta chamar o prefeito para tirar os moradores da área de desabamento. 
Se a vítima não quiser ser socorrida (suicida, por exemplo) o agente deverá fazê-lo à força (desde que possua meios para isso).
O bem jurídico é a vida e a saúde. Obs: Se o agente se omite para evitar um furto (não sendo o garante) não incorre no crime do art. 135 do CP, pois o bem jurídico envolvido no furto é o patrimônio. 
Consumação: No momento em que se verifica o inadimplemento do dever de assistência, e que essa omissão venha a trazer perigo para a vida ou saúde da vítima. Se a situação de perigo não existir, o delito não se consuma. 
A maioria da doutrina não admite tentativa. 
Elemento subjetivo: Dolo direto ou eventual. 
Modalidades especiais: 
	Art. 304 da Lei 9.503/97 (aqui é qualquer motorista que, vendo o acidente, não socorre).
Não confundir com o caso daquele motorista que atropela alguém. Se esse motorista responsável pelo acidente não socorrer, responderá pelo parágrafo único, III do artigo 302 ou 303 da Lei de Trânsito.
Art. 97 da Lei 10.741/03 – Omissão de socorro prevista no Estatuto do Idoso (Lei especial prevalece)
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial 
(Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
        Art. 135-A.  Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:  (Incluído pela Leinº 12.653, de 2012).
        Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Parágrafo único.  A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
       O núcleo do tipo é “exigir”. 
 A exigência pode ser feita ao próprio paciente ou a terceiro.
O atendimento deve ser emergencial, no qual há risco de vida ou sofrimento intenso.
	Urgência é diferente de emergência. A urgência não é abrangida por esse tipo penal.
Essas situações são definidas na Resolução 1451/95 do Conselho Federal de Medicina.
Artigo 1º - Os estabelecimentos de Prontos Socorros Públicos e Privados deverão ser estruturados para prestar atendimento a situações de urgência-emergência, devendo garantir todas as manobras de sustentação da vida e com condições de dar continuidade à assistência no local ou em outro nível de atendimento referenciado.
Parágrafo Primeiro - Define-se por URGÊNCIA a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata.
Parágrafo Segundo - Define-se por EMERGÊNCIA a constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo portanto, tratamento médico imediato.
	Sujeito ativo: diretor do local de atendimento que determina a exigência ou atendente que a faz.
	A Lei 12.653/12, no artigo 2º, determina que devem ser afixados cartazes a respeito do crime do art. 135-A do CP. 
 Maus-tratos
        Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
        Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
        § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
        Pena - reclusão, de um a quatro anos.
        § 2º - Se resulta a morte:
        Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
        § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990)
Crime próprio – somente poderá ser cometido por quem tinha autoridade, guarda (dever de cuidar) e que exerça vigilância (vigia segurança) sobre a vítima.
Objeto jurídico: a incolumidade da pessoa humana.
Sujeito ativo: Aquele que tem a vítima sob sua autoridade, guarda ou vigilância;
Sujeito passivo: Somente quem se encontra sob aquela subordinação.
Tipo subjetivo: dolo de perigo direito ou eventual.
Consumação: O crime consuma com a exposição a perigo a vítima na qual exista a probabilidade de dano a sua vida ou saúde.
Pode haver confusão com o crime de tortura (Lei 9.455/97). É necessário observar o intuito do agente. Conduta visando correção (habitualmente entendido como maus tratos) ou outro motivo pode vir a caracterizar o crime de tortura (na tortura, o dolo é visando o sofrimento da vítima).
Leis especiais:
O artigo 99 da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso) traz modalidade especial de maus tratos.
Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/90, prevê em seus artigos 13, 56, 87, 101 e 130 as medidas a serem adotadas no caso de verificação de maus tratos a crianças e adolescentes.

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