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RESUMO CIRURGIA – AULA 20/04/2020 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO CIRÚRGICO DAS FRATURAS DE MAXILA E NARIZ Nas fraturas faciais, os objetivos do tratamento incluem a rápida cicatrização óssea; o retorno das funções ocular, mastigatória e nasal normais; a recuperação da fala e um resultado estético facial e dental aceitável. Para alcançar esses objetivos, os seguintes princípios cirúrgicos básicos devem ser vir de guia para o tratamento das fraturas faciais: redução da fratura e fixação dos segmentos ósseos para imobilizar os segmentos no local da fratura. Além disso, a oclusão original deve ser restaurada e qualquer infecção na área da fratura deve ser erradicada ou prevenida. Fraturas favoráveis: não ocorre deslocamento dos fragmentos na ação muscular. Fraturas desfavoráveis: Ocorre o deslocamento dos fragmentos na ação muscular. TRATAMENTO DAS FRATURAS MANDIBULARES Posicionar cada segmento em correto relacionamento; Restabelecer relacionamento oclusal; Redução da fratura: Aberta: Fraturas desfavoráveis; fraturas múltiplas e formação inadequada do calo ósseo. Fechada: Fraturas favoráveis sem deslocamento dos segmentos ósseos; fratura cominutiva. O terço médio da face é funcional e cosmeticamente importante. Ele tem um papel importante na ressonância vocal dentro dos seios dos ossos faciais, bem como na função dos sistemas ocular, olfativo, respiratório e digestivo. O complexo do terço médio da face é constituído por uma série de pilares verticais que fornecem principalmente proteção contra forças direcionadas verticalmente. Estes incluem os pilares nasomaxilar (nasofrontal), zigomatomaxilar e pterigomaxilar. Esses pilares verticais são ainda suportados pelos horizontais − o supraorbital ou barra frontal, o rebordo infraorbital e os arcos zigomáticos. FRATURAS DO TERÇO MÉDIO DA FACE Pode ser dividido naqueles das fraturas que afetam a relação oclusal ⎯ como as fraturas Le Fort I, II ou III ⎯ e naqueles das fraturas que não necessariamente afetam a oclusão, como as fraturas isoladas de zigoma, arco zigomático e do complexo naso-órbito-etmoidal (NOE). Dificilmente a fratura de terço médio de face apresenta-se como um único bloco ósseo. A maioria mostra um padrão de fraturas conjugadas, o que dificulta a padronização da metodologia de tratamento. Cuidados de emergência devem ser imediatamente iniciados, aplicando-se os princípios de Suporte Avançado à Vida em Trauma (ATLS). As vias aéreas devem ser imediatamente avaliadas. A cavidade oral pode estar cheia de secreções ou detritos, o que pode contribuir para a obstrução supraglótica e aspiração. A orofaringe deve ser limpa manualmente de quaisquer dentes fraturados, dentaduras e/ou coágulos sanguíneos. Se estável, o paciente pode ser colocado em posição de decúbito lateral e suave posição de Trendelemburg (posição de decúbito dorsal onde a parte superior do dorso é abaixada e os membros inferiores são elevados) para permitir melhor drenagem. Se o sangramento oral ou nasal for encontrado, estes locais devem ser tamponados. Caso o sangramento seja incontrolável, uma via aérea definitiva deve ser estabelecida imediatamente. Após a estabilização inicial, um exame facial completo é realizado. Isso inclui componentes clínicos e radiográficos para diagnóstico. O complexo craniomaxilofacial deve ser palpado bimanualmente de maneira sistemática, e qualquer descontinuidade ou irregularidade é anotada. A área frontal e o rebordo supraorbital são examinados em primeiro lugar, com uma progressão lógica para baixo, incluindo os rebordos lateral e infraorbital, embora o edema extenso nesta área possa dificultar o exame. Edema periorbital e equimoses são frequentemente sinais iniciais de trauma orbital. Um cuidadoso exame visual deve ser realizado, e a função do músculo extraocular é avaliada. A presença e direção de diplopia ou estrabismo são anotadas. Tamanho da pupila, forma e reação à luz são gravados. Crepitação (estalos) à palpação é sugestiva de enfisema orbital. Este achado de exame é mais comumente observado quando as lesões resultam em comunicação com os seios maxilares e etmoidais e não requer tratamento. DIAGNÓSTICO CLÍNICO DAS FRATURAS FACIAIS – INSPEÇÃO TERÇO MÉDIO Proptose: é a protrusão do globo ocular. Esbugalhamento dos olhos, fazendo com que se dilatem para fora da cavidade ocular em um ou ambos os olhos. Distopia: consiste no deslocamento do globo ocular num plano coronal. As órbitas encontram-se a níveis diferentes, resultando em globos oculares desalinhados a níveis diferentes. Enoftalmo: o globo ocular apresenta-se afundado na órbita. Pode ocorrer devido a uma atrofia da gordura ou consequente a uma fratura orbitária. Exoftalmo: consiste na protusão do globo ocular. Oftalmoplegia: paralisia dos músculos do olho. Os músculos pterigoides interno e externo, em conjunto, têm sido responsabilizados pela tração posterior e inferior nas fraturas da maxila. No entanto, ao contrário da mandíbula, o terço médio da face está mais sujeito ao deslocamento causado pelo trauma do que ao tracionamento muscular. O fornecimento de sangue para a maxila é feito pelas artérias maxilares internas, que, em conjunto com as artérias alveolares superior e posterior, fornecem suprimento vascular aos palatos duro e mole. Anteriormente, a artéria nasopalatina atinge o forame incisivo e supre o mucoperiósteo anterior do palato. O fornecimento neurosensorial é feito através da segunda divisão do nervo trigêmeo, que sai do forame infraorbital e supre as regiões nasal lateral, superior, labial, palpebrais e regiões inferiores, bem como as mucosas labiais e os dentes anteriores. LE FORT I – FRATURA HORIZONTAL Começa na base da abertura piriforme correndo pelos seios maxilares, bilateralmente, até a porção inferior da apófise pterigoideo do osso esfenoide. O segmento fraturado contém o rebordo alveolar, partes das paredes dos seios maxilares, palato e parte inferior do processo pterigoideo do osso esfenoide. O padrão de fratura Le Fort tipo I resulta de uma força direcionada acima dos dentes superiores, induzindo uma flutuação do palato. Características Clínicas: • Desoclusão dentária; • Mordida aberta anterior (deslocamento posterior) • Comunicação Buco-sinusal; • Enfisema facial. LE FORT II - FRATURA PIRAMIDAL Trauma na região da sutura fronto-nasal, onde a fratura desce pelo assoalho infra orbital, correndo para a parte posterior da maxila, até a fossa pterigo- maxilar. Características Clínicas: Mobilidade da maxila, incluindo a pirâmide nasal; Edema; Equimose periorbital; Dor; Rinorréia LE FORT III – DISJUNÇÃO CRÂNIO-FACIAL Trauma na região da sutura fronto-nasal, desce pelo assoalho da órbita, osso lacrimal, correndo pela sutura fronto-zigomática, passando pela parede posterior da maxila alcançando a fossa pterigoide. Características Clínicas • Equimose periorbitária bilateral (olhos de guaxinim); • Queixas e achados oftalmológicas (enoftalmo, limitação de movimentos, diplopia); • Telecanto e hipertelorismo traumático; • Epistaxe; • Rino (lesão da lâmina crivos do etmoide) ou otorréia (lesão do soalho do canal auditivo) cérebro-espinhal; • Sinal de Battle (equimose pós auricular, indicativo de fratura da base do crânio). Quando a maxila é examinada em relação à fratura, a cabeça é estabilizada e o processo dentoalveolar é manipulado de modo que se detectem movimentos grosseiros dos segmentos fraturados. A verificação das fraturas Le Fort I, II ou III requer que uma mão segure a ponte do nariz enquanto a outra manipula a maxila. O movimento da sutura frontonasal sugere fratura Le Fort II ou III. TRATAMENTO A fixação intermaxilar (em mandíbula intacta) é a técnica mais confiável para o estabelecimentoda projeção anterior da maxila. Embora muitas técnicas de amarria tenham sido descritas no passado, a fixação interna rígida é o tratamento padrão. No nível de Le Fort I, a fixação é colocada ao longo dos pilares verticais da maxila, nos pilares piriforme e zigomático. Nas fraturas de Le Fort com classificação mais elevada, pode ser necessário usar fixação nos ossos nasais, arcos orbitais ou suturas coronozigomáticas. Embora os níveis de Le Fort sejam mencionados com frequência em discussões sobre o tratamento do paciente, as TC de alta qualidade e o uso disseminado da fixação rígida têm levado ao tratamento das fraturas faciais múltiplas como unidades separadas. Por exemplo, uma fratura Le Fort I/II seria tratada como uma fratura Le Fort I, uma fratura na órbita esquerda ou uma fratura complexa zigomático-maxilar esquerda. Nesses casos, é aconselhável restaurar a projeção da porção média da face com o reparo das fraturas orbitais ou zigomáticas antes da fixação da maxila. Complicações associadas às fraturas da maxila: • Parestesia do nervo infra orbital; • Enoftalmo; • Infecção; • Estruturas faciais expostas; • Septo desviado; • Obstrução nasal; • Visão alterada; • Maloclusão; • Epífora; • Reações de corpo estranho; • Formação de cicatrizes; • Sinusite. FRATURAS BLOW-OUT Impacto no olho, com forças transmitidas para os tecidos moles da órbita para baixo. O assoalho é o caminho de menor resistência. Fraturas para dentro do seio maxilar. Normalmente acometem uma parede orbital (em geral a porção medial ou anterior do assoalho da órbita) e têm menos de 2 cm de diâmetro. A enoftalmia associada às fraturas orbitais tipo blow-out decorre de uma ampliação do volume da órbita óssea, que enseja à gordura orbital ser distribuída dentro de um compartimento maior. Sinais clínicos: • Equimose periórbitária; • Limitação de movimentos oculares; • Assimetria facial; • Parestesia do nervo infra-orbitário, diminuição da acuidade visual; • Enoffalmia e diplopia; • Sinal da sobrancelha. Os objetivos da reconstrução primária das fraturas tipo blow-out é restaurar a configuração das paredes orbitais, retornar o conteúdo orbital prolapsado para a órbita propriamente dita e eliminar qualquer interposição ou pinçamento dos tecidos moles orbitais. A área mais difícil para reparar em fraturas tipo blowout do assoalho da órbita é a extensão posterior e medial, que se situa além do eixo do bulbo ocular. FRATURA DE LANNELONGUE São fraturas causadas por um impacto num dos lados contra a parede anterior da maxila ou do palato. Fratura mediana da maxila; Diastema traumático presente entre os incisivos; com laceração da mucosa da rafe palatina; possui uma prevalência em combinação com outras fraturas, geralmente ocorre em associação à fratura transversa baixa. FRATURA DE RICHET Caracteriza-se por uma associação entre uma fratura transversa baixa unilateral e uma fratura mediana da maxila. Características clínicas: • Movimento posterior causado pelo impacto anterolateral; • Mal oclusão do tipo mordida cruzada unilateral; FRATURA TIPO WALTHER Caracteriza-se por uma associação entre fratura horizontal transversa completa e uma fratura mediana da maxila. É composta pela associação de uma fratura do tipo vertical, com uma fratura Le Fort I e ainda uma fratura do tipo Le Fort II ou Le Fort III. • Descrita como fratura em quatro fragmentos; • Grande dificuldade para estabilização dos fragmentos em posição. FRATURA NASAL O exame do complexo nasal é feito por avaliação detalhada das partes internas e externas do nariz. Todos os pacientes com traumatismo nasal complexo apresentarão epistaxe. A observação da região facial pode revelar sinais clínicos de fraturas subjacentes, como equimose periorbital, inchaço nasal, desvio do complexo nasal, rinorreia de líquido cefalorraquidiano (LCR) e falta de projeção nasal. Atualmente, o exame de imagem padrão de atendimento para os traumatismos maxilofaciais dos terços médio e superior da face é a tomografia computadorizada (TC) sem contraste. Usando um fórceps de redução nasal adequado, os ossos e o septo devem ser reduzidos em um vetor adequado. A redução deve ser mantida por meio de tamponamento intranasal e/ou por osteossíntese.
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