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Módulo 3 - Gestão em serviços de saúde

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1 
 
CAPÍTULO 6 
 
 
 
Finanças e economia 
Stevens Eastaugh e Robert E. Burke 
 
APRESENTAÇÃO 
Como estudante de gestão de saúde pública, você pode estar se perguntando: “Por que um capítulo 
sobre finanças e economia?” A resposta é muito simples. Sem compreender os princípios gerais de 
finanças e economia, você não será um gestor eficaz capaz de tomar decisões e fazer escolhas difíceis 
entre os recursos escassos que são requeridos no dia a dia para assegurar a operação bem-sucedida do 
seu programa de saúde pública. O objetivo deste capítulo é introduzir conceitos básicos de finanças e 
economia da saúde como aplicados na saúde pública americana. Depois que você tiver dominado os 
conceitos básicos, o capítulo visa incentivá-lo aprofundar o estudo sobre finanças públicas, finanças da 
saúde pública e economia da saúde. 
 
Na cultura americana, expressões como “show me the money” (mostre-me o dinheiro) e “follow the 
money” (siga o dinheiro) foram incorporadas à linguagem do dia a dia. Sem saber como o dinheiro 
(finanças e economia) funciona, não importa o quão nobre seja um programa social ou de saúde; ele 
está destinado a falhar. O propósito deste capítulo é fornecer uma estrutura e um entendimento básico 
de como o dinheiro se movimenta dentro e fora da saúde pública e tratar das preocupações específicas 
do gestor de saúde pública. 
 
Conforme estabelecido no Capítulo 5, uma das funções do gestor de saúde pública é controlar os ativos 
que são necessários para financiar programas de saúde pública. As verbas da saúde pública não 
aparecem simplesmente pela boa sorte de alguma entidade. As verbas da saúde pública vêm de muitas 
fontes. Uma função principal deste capítulo é para que o gestor de saúde pública aprenda sobre essas 
fontes — como as verbas são obtidas, planejadas e garantidas. Os autores concordam que, para ser um 
gestor eficaz, ele precisa entender alguns princípios de finanças e economia. Esses princípios vêm de 
um longo histórico de pesquisa e aplicação. Dessa forma, a próxima etapa para o futuro gestor bem-
sucedido é ser capaz de entender e aplicar alguns princípios de finanças e economia. 
2 
 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Após a leitura deste capítulo, o leitor estará apto a: 
 
1. Descrever como os programas de saúde pública nos Estados Unidos recebem verbas. 
2. Discutir como os princípios de finanças impactam a gestão da saúde pública. 
3. Descrever como os princípios de economia se aplicam à gestão da saúde pública. 
 
FUNDAMENTOS DAS FINANÇAS DA SAÚDE 
A seção começa com uma breve história sobre como os programas de saúde pública são custeados nos 
Estados Unidos. O capítulo, então, apresenta os problemas de finanças da saúde pública, seguidos por 
uma apresentação de como os órgãos governamentais estaduais e federais dão suporte financeiro à 
saúde pública. Depois que os exemplos de finanças da saúde pública são apresentados, o capítulo 
conclui com uma discussão de como a economia da saúde pública é aplicada à saúde pública. 
 
Outros capítulos explicam a teoria e os conceitos de gestão. São apresentadas as fontes para 
programas de saúde pública. Este capítulo descreve como essas funções estão relacionadas às finanças 
e à economia da gestão de saúde pública. 
 
Há duas questões principais sobre finanças: (1) como o dinheiro é alocado ou enviado para uma 
organização para que possa exercer sua função ou realizar seu trabalho definido e aprovado, e (2) como 
determinar as diferentes fontes de verbas. O dinheiro para fazer funcionar uma empresa de saúde 
pública não aparece simplesmente. Em termos básicos, o dinheiro para fazer a empresa funcionar vem 
de órgãos públicos, incluindo os governos locais, estaduais e federais, e de fontes privadas, como 
doações de pessoas e organizações filantrópicas. Nos Estados Unidos, os governos locais, estaduais e 
federais determinam — por meio de um conjunto elaborado de fórmulas — a alocação de dólares para 
atender às necessidades da saúde pública de uma área ou região. Nem todas as regiões ou empresas 
de saúde pública recebem o mesmo valor de financiamento. As diferentes razões para essas diferenças 
são discutidas mais tarde neste capítulo. 
 
FINANCIAMENTO DA SAÚDE E ALOCAÇÃO DE RECURSOS 
Nos Estados Unidos, a empresa de saúde pública tem sua própria história. As diferentes modalidades de 
financiamento refletem essa história. A primeira pergunta que os dirigentes políticos devem fazer é: 
quanto do dinheiro disponível deve e pode ser alocado para tarefas de saúde pública? Em uma 
sociedade capitalista, a pergunta poderia ser formulada da seguinte maneira: quanto investimento 
3 
 
precisa ser feito pelos setores público e privado para manter e fazer a economia crescer? Para que uma 
sociedade capitalista prospere e cresça, os ativos precisam ser reservados para garantir que tenhamos 
uma força de trabalho saudável. Além daqueles que estão trabalhando atualmente, a pipeline de futuros 
trabalhadores precisa ser saudável. Quando a entidade empresarial está crescendo mais rapidamente 
do que o número de trabalhadores disponíveis e o manancial/a fonte a pipeline de futuros trabalhadores 
não pode fornecer novos trabalhadores com rapidez suficiente para atender à demanda, uma solução é 
buscar em outros países trabalhadores que sejam saudáveis e que não tragam doenças nem 
contaminem a força de trabalho existente e atual. Ao longo dos anos, a saúde desses empregados foi 
uma tarefa que se tornou competência da saúde pública. 
 
Independentemente de quem se beneficia dos postos de saúde pública locais e estaduais, como é 
financiada a empresa de saúde pública? Frequentemente, os representantes eleitos delegam ao 
profissional da saúde as tarefas de determinar quantos e que tipos de serviços são necessários. Uma 
alocação de taxas e outros impostos, como “taxas e licenças do usuário”, então, é designada à empresa 
de saúde pública (Gabinete de Auditoria Legislativa, 2004). Inicialmente, o governo local era a principal 
fonte de financiamento da empresa de saúde pública. No início, as principais funções da saúde pública 
eram: (1) a coleta e interpretação de estatísticas vitais; (2) saneamento; (3) esforços de controle de 
doenças transmissíveis, como imunização e quarentena; (4) saúde materna e infantil; (5) educação para 
a saúde e (6) serviços laboratoriais (Shonick, 1995). 
 
Um ensaio analisando os primeiros esforços em saúde pública observou a principal preocupação em 
torno do controle de doenças transmissíveis e os esforços coordenados da saúde pública para usar 
métodos de saneamento para resolver problemas de saúde seculares: 
 
Quando Sir John Simon iniciou o movimento moderno de saúde pública em Londres há três 
quartos de século, sua principal tarefa era a eliminação do volume de sujeira acumulada que 
mantinha vivas as epidemias da Idade Média. Quando o General Gorgas assumiu a tarefa de 
tornar segura e viável a construção do Canal do Panamá, ele também foi confrontado com 
problemas que eram principalmente os de saneamento ambiental. A remoção de resíduos de 
excreção, o saneamento de esgotos, a proteção de recursos hídricos e a eliminação de 
condições que permitem a reprodução de insetos portadores de doenças — estas são sempre e 
em todos os lugares as primeiras tarefas para o especialista em saúde pública; e nas primeiras 
fases do movimento de saúde pública em qualquer país é natural visualizar a saúde pública 
principalmente em termos de saneamento. 
 
Ainda há muito que fazer no setor mais fundamental da saúde pública. Aquele terrível flagelo da 
Idade Média, a febre tifoide, foi mantida sob controle durante a guerra apenas por uma tentativa 
4 
 
sistemática e organizada de destruir o piolho que carrega o parasita dessa doença; apesar disso, 
a peste bubônica, a peste negra da Idade Média, tem se propagado em todo o mundo durante os 
últimos vinte e cinco anos e é mantida sob controleapenas por uma vigorosa campanha contra 
os ratos, esquilos terrestres e outros roedores que abrigam o germe dessa peste peculiar. O 
controle da malária, que cobra um alto preço de força e vitalidade das populações de nossos 
estados do sul e tem uma estimativa de custo à nação de mais de US$ 100.000.000 por ano, é 
uma das maiores tarefas enfrentadas pelos órgãos de saneamento, mas uma tarefa que, como 
os demonstrativos apresentados pelo International Health Board deixaram claro, facilmente se 
encontra ao alcance da realização prática, por drenagem sistemática e outras medidas tomadas 
contra os mosquitos que abrigam os germes dessa doença. A malária está sempre conosco, 
mas existem muitas doenças que, como a febre amarela, surgem de focos endêmicos em 
determinadas regiões específicas do globo, e daí se espalham para onde quer que os navios a 
vapor e os trens possam levar suas causas fomentadoras. Nos últimos anos, uma ideia ousada 
sugeriu realizar uma ofensiva contra esses focos endêmicos primários da doença sem esperar 
até que os invasores cruzassem nossas fronteiras nacionais. Dessa forma, o General Gorgas 
levou a guerra contra a febre amarela para o país do inimigo em Guaiaquil, e uma campanha 
organizada contra essa doença com cooperação mundial, talvez pela mediação da Cruz 
Vermelha Internacional, tem grande chance de ser bem-sucedida no futuro (Winslow, 1920). 
 
Os subvencionadores da saúde pública também tratam de verificar se os montantes alocados são 
suficientes para manter a sociedade saudável. Se os montantes não forem suficientes, pode ser 
necessário modificar o plano de alocação ou procurar encontrar fontes adicionais de receita. Às vezes, 
as receitas adicionais estão na forma de impostos. Em outros momentos, depende da legislatura fazer 
algumas difíceis escolhas de realocação. Algumas vezes, uma eleição foi ganha ou perdida pelo plano 
de realocação do candidato (Aidt et al., 2007). 
 
Atualmente, as despesas com serviços de saúde pública excedem US$ 10 bilhões para todos os 
estados. A média de gastos com saúde pública é de aproximadamente 3% do total de gastos do Estado 
com serviços de saúde (a maioria das despesas vem de programas da Medicaid administrados pelo 
Estado). Uma análise recente dos gastos do Estado com saúde revelou que as despesas com saúde 
pública variaram de 0,6% a 6,4% do total de gastos do Estado com saúde. Em dólares reais, isso 
representa uma variação de US$ 5,3 milhões (Dakota do Sul) a US$ 1,7 bilhão (Califórnia) no ano fiscal 
(FY) de 2003 (Milbank Memorial Fund, 2005). 
 
5 
 
PRINCÍPIOS DE ECONOMIA DA SAÚDE 
Fontes de financiamentos para saúde pública 
Há quatro fontes principais para financiar os departamentos de saúde locais: impostos locais, subsídios 
estaduais, subsídios federais e taxas para serviços (Wallace & Kohatsu, 2008). Ocorreram mudanças 
significativas nas partes vindas de cada área durante toda a década de 1990 e na década atual. Em 
1992, as receitas locais foram responsáveis por apenas 34% dos financiamentos; no entanto, até 2000 
esse valor aumentou para 44% (Wallace & Kohatsu, 2008). Durante esse mesmo período, a contribuição 
das receitas estaduais diminuiu de 40% para 30%, enquanto os financiamentos federais também 
diminuíram de 6% para 3%. Os impostos para serviços aumentaram um pouco com o passar do tempo 
de 17% para 19% dos orçamentos dos departamentos de saúde locais (Wallace & Kohatsu, 2008). 
 
Com um modelo de alocação em mãos, os gestores de saúde pública precisam determinar a fonte de 
receita, ou seja, de onde virá o dinheiro. Muitos estudantes de saúde pública têm a ideia equivocada de 
que os financiamentos aparecem do governo como que por mágica. 
 
Nos séculos 19 e 20, o escopo do que a empresa de saúde pública deveria fazer se tornou mais 
definido. Com o incentivo do governo federal no final dos anos 1980, os financiamentos da empresa de 
saúde pública se tornaram mais padronizados e eram mantidos por órgãos governamentais federais. Até 
1998, as principais fontes de dinheiro eram financiamentos federais, financiamentos gerais estaduais e 
outras fontes de financiamentos estaduais, incluindo receitas de impostos para serviços. O Milbank 
Memorial Fund tem acompanhado as porcentagens de contribuição de cada fonte para os 
financiamentos de saúde pública do Estado. A Tabela 6–1 revela que um nível crescente de 
financiamentos federais atingiu um patamar de pouco mais de 50% das despesas relacionadas à saúde 
pública. 
 
Esforços organizados de saúde pública em nível federal apontam para 1798, quando o presidente John 
Adams aprovou o Act for the Relief of Sick and Disabled Seamen (Lei para assistência a marinheiros 
doentes e incapacitados). Até 1798, existiam hospitais navais espalhados ao longo das cidades 
portuárias na Costa Leste, que a lei formalizou como rede. Os hospitais estavam sob a administração do 
recém-criado Serviço Hospitalar Marítimo (MHS). O serviço era responsável por fornecer assistência 
médica a marinheiros mercantes, especialmente àqueles que tinham alguma doença ou incapacitação. 
 
Os novos Estados Unidos emprestaram o mecanismo de financiamentos da Inglaterra, que entendeu a 
importância de manter a saúde dos marinheiros. Os ingleses financiaram seus programas tributando os 
salários dos marinheiros a cada mês e incluíram tanto os marinheiros mercantes quanto os marinheiros 
da Marinha Real. O MHS recebeu financiamento principalmente de um imposto de 20 centavos 
6 
 
americanos por mês dos salários dos marinheiros. Os recursos eram destinados ao pagamento de 
serviços que os marinheiros precisavam, como medicamentos, tratamentos médicos e alojamento e 
alimentação. Os recursos eram destinados também a ajudar a financiar a expansão do programa para 
outras cidades portuárias. 
 
TABELA 6–1 Despesas diretas com saúde pública 
 
Fonte: Milibank State Health Care Expenditure Reports, 2001, 2003, 2005. 
 
À medida que o serviço cresceu, cresceu também a necessidade de serviços médicos. O serviço cedeu 
à pressão da demanda e aumentou os impostos para 40 centavos americanos por mês. O MHS foi 
forçado a impor restrições ao sistema na forma de limitar os marinheiros a quatro meses de assistência. 
Os marinheiros com doenças crônicas ou incuráveis foram completamente excluídos da assistência. 
 
Além disso, o aumento dos impostos não pôde acompanhar a demanda, então, em 1884, o MHS mudou 
o esquema de tributação. Em vez de tributar os salários dos marinheiros por mês, um imposto sobre a 
tonelagem na carga que entrava nos portos através de navios foi colocado em vigor. Esse método de 
financiamento foi usado até 1906, quando os impostos não eram mais a fonte de recursos. Em vez disso, 
o Congresso destinou verbas para o serviço. A fonte de recursos do programa era significativa porque foi 
um dos primeiros impostos cobrados na nação e era também o primeiro programa de seguro médico. 
 
FINANCIAMENTO DO GOVERNO FEDERAL 
Ao longo dos anos, o governo federal assumiu um papel crescente no financiamento da saúde pública. 
Esses programas federais garantem que alguns dos serviços e programas básicos de saúde pública 
estejam disponíveis em cada estado, distrito e território dos Estados Unidos. Os dois maiores programas 
de assistência médica são Medicare1 e Medicaid2. Embora não financiem as unidades estaduais e 
locais de saúde pública, eles melhoram a saúde da população e muitos americanos se beneficiam de 
seus programas. 
 
Com esse conhecimento básico sobre financiamento da saúde pública, a teoria geral de economia da 
saúde vem a seguir. Como sua definição mais básica, a economia trata das escolhas que uma 
sociedade faz sobre como usa seus recursos. A economia da saúde trata das escolhas que uma 
Fonte FY 1998 FY 1999 FY 2000 FY 2001 FY 2002 FY 2003 
Recursos federais 
Recursos gerais estaduais 
Outros recursos estaduais 
Fonte não designada 
 
7 
 
sociedadee seus indivíduos fazem sobre assistência médica. Lembre-se de que, em uma sociedade 
capitalista, uma força por trás dessas escolhas é o avanço do sucesso crescente da empresa, conforme 
indicado pelo aumento nos lucros, os preços dos estoques e até mesmo pela satisfação do funcionário 
no trabalho. 
 
ECONOMIA E MODELAGEM DOS SISTEMAS DE SAÚDE PÚBLICA 
A economia está preocupada com a maneira como os recursos são alocados entre usos alternativos 
para satisfazer os desejos humanos. A economia nos ajuda a entender a natureza e a organização de 
nossa sociedade, os argumentos subjacentes a muitos dos grandes problemas públicos do dia, e a 
operação e o comportamento de órgãos governamentais e organizações privadas. O que significam 
esses termos? Desejos humanos são as coisas, serviços, bens e circunstâncias que as pessoas 
desejam. Os desejos variam muito entre os indivíduos e ao longo do tempo para o mesmo indivíduo. 
Algumas pessoas gostam de um estado de saúde melhor; outras desejam salários melhores. O desejo 
de um indivíduo por um bem particular durante um período de tempo determinado não é infinito, mas, no 
conjunto, os desejos humanos parecem ser insaciáveis. Além dos desejos básicos de saúde, 
alimentação, abrigo e vestuário, que devem ser atendidos de certo modo se o organismo humano tiver 
que manter sua existência, os desejos surgem de fatores culturais. Por exemplo, a sociedade, 
frequentemente auxiliada pela propaganda e outros mecanismos para modificar preferências, promove 
certas imagens da “vida plena e rica” — essas imagens frequentemente envolvem a posse e o consumo 
de certos bens e serviços. Recursos são as coisas ou serviços usados para produzir serviços e bens que 
possam ser usados para satisfazer desejos. Recursos econômicos são escassos, enquanto recursos 
livres, como o ar, são tão abundantes que podem ser obtidos sem encargos. O teste para comprovar se 
um recurso é um recurso econômico ou um recurso livre é o preço: recursos econômicos têm um preço 
diferente de zero; recursos livres, não. 
 
A economia envolve a utilização e a gestão de recursos escassos. O desafio para profissionais da saúde 
pública é carregar a promoção da saúde e tecnologia da educação em um ombro, e a vontade e 
imaginação para carregar o peso financeiro para executar serviços com recursos limitados no outro. A 
maneira como os profissionais da saúde pública e os políticos trabalham juntos determina se 
vivenciaremos o lado ruim ou o lado bom das forças de mercado. A eficiência dos sistemas de saúde 
pública para direcionar recursos com uma “mão invisível” para o lugar certo no momento certo envolve 
três componentes: eficiência técnica, econômica e de alocação. Eficiência técnica (também chamada de 
produtividade) refere-se à relação entre entrada e saída, independentemente do custo. Se alguém não 
puder reduzir a quantidade de entrada e ainda produzir a mesma quantidade de saída, então, a 
eficiência técnica máxima foi atingida. Em um contexto clínico de saúde pública, por exemplo, as 
entradas podem ser empregados em tempo integral e as saídas seriam as visitas dos pacientes. 
8 
 
Eficiência econômica refere-se à relação entre entradas e custo. Quando um episódio de assistência é 
fornecido com o menor custo possível, há eficiência econômica. Eficiência de alocação em assistência 
médica envolve determinar qual das entradas que podem ser usadas para alocar recursos seria a de 
menor custo para alcançar um nível melhorado de saída (estado de saúde). Uma função de produção de 
saúde é necessária para descrever a relação entre uma combinação de entradas e a saída resultante. 
 
O uso dessas três medidas de eficiência pode ser visto em um estudo de caso de saúde pública da 
África Ocidental. A meta na produção de uma saúde melhor é a redução da mortalidade materna. Em 
Serra Leoa, a probabilidade de as mulheres morrerem no parto é de 1 em 8. Em contrapartida, em 
países desenvolvidos com seguro de saúde nacional, a probabilidade de uma mulher morrer no parto é 
de cerca de 1 em 10.000. A taxa é ainda melhor, 1 em 17.000, na França, Suécia e Japão. Então, como 
reduzir a taxa de mortalidade materna em Serra Leoa? Serra Leoa tem uma população de 6,4 milhões 
de pessoas com cinco ginecologistas e 59 outros médicos. Com o custo do treinamento de dois médicos 
adicionais, o país poderia treinar 100 parteiras ou 100 assistentes de parto tradicionais. Poderiam 
também ser construídas estradas melhores para levar a futura mãe à clínica ou ao hospital. Os mais 
antigos das vilas locais de Serra Leoa aprovaram uma lei exigindo que todas as mulheres dessem à luz 
em uma clínica ou haveria multas de cerca de US$ 10, que é US$ 3 a mais do que a taxa da clínica. Este 
é um exemplo de criação de incentivos econômicos negativos. Países mais ricos possuem finanças para 
criar incentivos positivos, por exemplo, futuras mães na França recebem um voucher de US$ 1.500 se 
fizerem seis consultas pré-natal. A França melhorou sua taxa de mortalidade materna depois de 
implementar esse incentivo em 1981. Em contrapartida, os Estados Unidos têm uma taxa de mortalidade 
materna que é 3,3 vezes mais alta do que a da França (Organização Mundial da Saúde [WHO], 2009). 
Uma análise de custo-eficácia e uma análise de custo-benefício foram aplicadas em muitos contextos de 
prevenção, diagnóstico e tratamento. Durante a última década, foram aprimorados métodos para coletar 
futuramente conjuntos de dados melhores e incorporar valorações intangíveis da vida aos cálculos para 
pesar os benefícios em relação aos custos. A maior cooperação entre médicos, economistas e 
epidemiologistas é uma tendência saudável. Por exemplo, cientistas políticos tendem a defender a 
sobrevalorização em dólares, refletindo um equívoco básico do conceito de comércio e a necessidade de 
combinar e comparar benefícios e custos em unidades equivalentes (Goldie, Kim & Myers, 2008). Em 
termos de saúde da população, se a sociedade financiar programas obsoletos para o controle da 
tuberculose que tenham menos benefícios do que custos, a sociedade ficará mais pobre pelo risco. A 
Organização Mundial da Saúde (2008) relata que a tuberculose (TB) foi diagnosticada em mais 
9,2 milhões de pessoas, quase exclusivamente nos países em desenvolvimento e 1,7 milhão de pessoas 
morreram disso. A OMS relata que é economicamente vantajoso oferecer um teste novo e rápido para 
TB que possa fornecer resultados em, no máximo, dois dias. Lutar contra a epidemia de TB exigirá não 
apenas medicamentos mais novos e mais eficientes, mas também maneiras melhores de detectar a 
doença e um compromisso renovado de expandir os programas de tratamento de TB existentes. 
9 
 
Além de avaliar a eficácia e a eficiência de programas de baixo custo, os pesquisadores também 
examinam as tecnologias mais caras. A avaliação econômica de tecnologias novas ou caras tem se 
tornado um problema central no debate público sobre custos na saúde. Historicamente, o crescimento na 
tecnologia estimulou um aumento concomitante nos números e nos salários de funcionários da saúde. 
Médicos e economistas frequentemente expressam sua esperança de que essas tecnologias caras 
sejam parcialmente justificadas por suas propriedades de melhoria da qualidade. Às vezes, as novas 
tecnologias caras podem ser econômicas (por exemplo, um transplante de rim); em outros casos, não 
são (Shousboe e Taylor, 2007). 
 
O objetivo da análise de custo-benefício é maximizar benefícios líquidos (benefícios menos custos, 
descontados apropriadamente com o passar do tempo). A análise de custo-eficácia destina-se a 
classificar as alternativas preferidas para atingir um único objetivo ou conjunto de benefícios específicos. 
A análise de custo-eficácia não é mais fácil de realizar do que a análise de custo-benefício se muitos 
tipos de benefícios forem especificados (pessoas-anos, dias de trabalho perdidos, angina reduzida),exceto que, ao fazer uma análise de custo-benefício, os benefícios intangíveis deverão ser avaliados em 
termos de dólares proporcionais. Operacionalmente, questões éticas poderão surgir se os benefícios e 
os custos aumentarem para grupos sociais diferentes. Por exemplo, um sistema de agendamento clínico 
que minimiza o tempo desperdiçado para o médico através de várias consultas sobrepostas pode ser 
uma vantagem líquida de algumas centenas de dólares por médico à custa de muito mais dólares do 
tempo do paciente. Em segundo lugar, a urgência de um país pobre em construir clínicas ou hospitais 
muito grandes pode ser impulsionada por preocupações de economia de escala, mas se isso aumentar o 
tempo de deslocamento do paciente e a perda salarial (custos indiretos), a melhor alternativa pode ser 
instalações de menor escala em cada vilarejo. 
 
Cada vez mais, devemos justificar o custo de programas de saúde pública em uma era de orçamentos 
de barebones. Devemos colocar o foco público na produção de saúde. O Serviço de Pesquisa Medline 
não lista a palavra “saúde” em seu índice. Em um hospital universitário, não existe algo como paciente 
saudável. Como observou John Freymann (1998), um paciente saudável é alguém que não foi 
suficientemente examinado a um alto custo. Vá para um hospital universitário como paciente Medicare 
com queixa de “mãos rígidas de manhã” e você poderá ser encaminhado para a Reumatologia para um 
exame para descobrir lúpus em 1 caso por 2.000 avaliados. No interesse da eficiência de alocação, 
precisamos colocar mais ênfase na saúde pública e na assistência básica. 
 
Nesta seção, listamos e descrevemos várias das medidas mais comuns do estado de saúde que os 
economistas da saúde, entre outros pesquisadores da saúde pública, usam. 
 
10 
 
MEDIDAS DO ESTADO DE SAÚDE 
Historicamente, o estado de saúde de um país era medido pela expectativa de vida. A medida de longa 
data, no entanto, está dando lugar para medidas mais novas do estado de saúde (Bleichrodt & Filko, 
2008). 
• QALY: Os anos de vida ajustados à qualidade calculam a expectativa de vida ajustada para a 
qualidade de vida, em que a qualidade de vida é medida em uma escala de 1 (saúde total) a 0 
(morte). 
QALY × Utilidade × Probabilidade × Maior expectativa de vida 
• DALY: Anos de vida ajustados à incapacidade combinam os anos de vida perdidos (YLL) por 
morte prematura (antes de 82,5 anos para uma mulher e antes de 80 anos para um homem) 
mais os anos vividos com a incapacitação (YLD). 
• DALE: A expectativa de vida ajustada à deficiência separa a expectativa de vida em anos com 
boa saúde e anos vividos com a incapacitação. Embora a DALE seja estimada em mais de 60 
anos na metade dos países na OMS, ela é inferior a 40 anos em 34 países. 
 
Anos de vida ajustados à qualidade (QALY) 
QALYs são o padrão áureo para a maioria dos estudos econômicos publicados desde 1989. Singer e 
Younossi (2001) usaram QALYs como medida de seus resultados do benefício para um estudo 
econômico de triagem para hepatite C. A análise não corrobora a triagem difundida para hepatite C entre 
adultos assintomáticos de risco médio. Os resultados de custo-eficácia foram mais sensíveis à 
conscientização de pacientes preocupados com a qualidade de vida. A triagem era preferencial quando 
mais da metade dos pacientes com teste positivo para hepatite C iniciaram efetivamente o tratamento ou 
se a progressão anual para cirrose fosse maior que 2,5%. 
 
Diferentes populações de pacientes terão níveis variáveis de custo-eficácia. A análise de Vijan (2001) 
dos testes de triagem de câncer de cólon revelou maior economia de US$ 20.000 para US$ 300.000 por 
QALY economizado. O custo da colonoscopia e a taxa de câncer surgido de pólipos afetam o custo-
eficácia. Em todos os estudos de triagem, as recomendações devem ser feitas para níveis de 
conformidade variáveis em diferentes definições práticas. O exemplo relativo à hipertensão no final deste 
capítulo é um exemplo clássico desse ponto. 
 
A educação para a saúde tem um papel fundamental a desempenhar no aprimoramento dos resultados 
na saúde materna e infantil. O local para educação pode ser a família e o farmacêutico. Na Ásia, escalas 
de rápido crescimento de oxitocina de venda livre, um hormônio injetável usado para estancar 
sangramento pós-parto e acelerar o trabalho de parto, matarão se a administração for feita de maneira 
incorreta. A solução tem sido instruir os farmacêuticos para instruir a família com relação a quando 
11 
 
administrar o medicamento. Blute (2000) analisou o custo-eficácia da termoterapia com micro-ondas em 
pacientes com hiperplasia prostática benigna e concluiu que ela exibiu o valor útil mais alto em cinco 
anos (4,4 QALYs) em comparação com o tratamento médico. O custo adicional por QALY obtido era de 
US$ 39.000 para termoterapia em comparação com a terapia médica. Muitos países não podem arcar 
com esse nível de apoio orçamental. O Banco Mundial considera três tipos de avaliações para comparar 
alternativas: minimização de custos, benefício líquido adicional e economia adicional (Eastaugh, 2004). 
 
Muitos serviços que são eficientes não são cobertos pelo seguro. Por que serviços preventivos 
comprovados não são cobertos pelo seguro? Mesmo os serviços preventivos oferecendo economia, os 
ganhos podem estar tão distantes no futuro ou a elasticidade do fornecimento no setor pode ser tão alta 
que as companhias de seguro não conseguem colher nenhum benefício. Um dos problemas com 
exames de triagem preventivos é que o custo de tratar resultados falsos-positivos, juntamente com 
efeitos psicológicos adversos, pode superar o benefício de detectar uma doença em seus estágios 
iniciais (Eastaugh, 2003). 
 
Não é necessário realizar análise econômica e ensaios clínicos aleatórios em cada nova tecnologia — e 
certamente não na maioria das já existentes. As pressões econômicas incontroláveis por eficiência estão 
aptas a resultar em uma análise econômica mais cuidadosa. Alguns desses estudos prejudicarão muito a 
sabedoria convencional. Por exemplo, Russell (1995) estudou vários programas preventivos e concluiu 
que os custos totais de saúde da sociedade aumentaram (ou seja, a prevenção máxima era um 
acréscimo nos custos, não um investimento econômico). Investimentos que custam muito pouco por 
pessoa se tornam muito caros quando aplicados em nível nacional. Russell citou o exemplo de uma 
verificação de pressão sanguínea, que é muito barata em nível individual, mas se torna muito cara 
quando aplicada a 30 milhões de pessoas. 
 
Em qualquer estudo de economia da saúde, médicos e economistas devem trabalhar juntos para definir 
a meta de benefícios de uma população, ou seja, um pacote de benefícios (por exemplo, mortalidade 
reduzida e morbidade reduzida, para uma determinada população). Magid, Douglas e Schwartz (1996) 
fizeram isso comparando estratégias de tratamento para mulheres com infecções do cérvix por clamídia 
sem complicações: (1) terapia inicial com doxiciclina, 100 mg via oral duas vezes ao dia por 7 dias (custo 
estimado: US$ 5,51); (2) terapia inicial com azitromicina, 1 g via oral administrado em uma única dose 
(custo estimado: US$ 18,75). Em uma análise de sensibilidade (variando as suposições em uma gama 
de variáveis), a estratégia da azitromicina evitou mais complicações maiores, mas foi mais cara do que a 
estratégia da doxiciclina, mas a eficácia da doxiciclina foi maior que 0,93. Em uma análise de 
sensibilidade multivariada combinando estimativas de 11 parâmetros selecionados para que o custo-
eficácia da estratégia da doxiciclina fosse maximizado em relação à estratégia da azitromicina, a 
estratégia da azitromicina resultou em menos complicações, mas foi mais cara. A relação custo-eficácia 
12 
 
adicional, o custo para parar o desenvolvimento de uma complicação, foi US$ 521 por complicação 
maior adicional evitada. 
 
MÉTODOSDE ANÁLISE ECONÔMICA 
O desencanto público e político tem sido alto com economistas que fornecem definições restritas de 
benefícios diretos e ignoram as limitações de seus bancos de dados muito rudimentares. Uma análise 
econômica válida e confiável deve (1) tornar a avaliação tão complexa quanto for necessário, (2) atribuir 
valores a recursos que refletem seus custos de oportunidade, (3) evitar a contagem zero de recursos, e 
(4) evitar a contagem dupla de recursos. Os custos contábeis típicos de encargos cobrados ou despesas 
incorridas definem o custo demasiadamente estrito para o analista econômico (Gold et al., 1999). 
Frequentemente há confusão quando membros da profissão médica tentam realizar uma análise de 
custo. Por exemplo, o custo para a sociedade de não melhorar a segurança dos carros com airbags é 
substancial. Em termos de saúde da população, se não tivermos airbags, mais vítimas de acidentes 
estarão mortas à chegada. Como outro exemplo, se não reduzirmos a incidência de HIV, a carga da 
doença no público aumentará significativamente. 
 
No cenário da análise de custo-eficácia entre tratamento médico e cirurgia, os cirurgiões frequentemente 
omitem da análise as pessoas que morrem durante a cirurgia para fazer com que a cirurgia pareça 
melhor em relação ao tratamento médico (Eastaugh, 2003). A tendência é ir longe na contagem de 
benefícios e negligenciar alguns custos, como o desconforto da cirurgia ou os custos gerais do centro 
cirúrgico. O custo das despesas de caixa é definido de forma demasiadamente restritiva. O custo real 
para a sociedade pode ser medido apenas em termos de custo de oportunidade ou em termos do valor 
do benefício sacrificado para obtê-lo. 
 
Estimar a carga econômica de uma doença envolve a medida da prevalência, a avaliação do efeito sobre 
o estado de saúde e sobre o bem-estar de outras pessoas, e a eventual quantificação de custos diretos e 
indiretos associados a esses efeitos. Por exemplo, o custo do abuso de álcool foi estimado em US$ 114 
bilhões em 2008. Mais da metade da carga de abuso de álcool na economia resultou da produção 
econômica perdida (US$ 61 bilhões); US$ 27 bilhões foram gerados de custos de serviços de saúde 
diretos e US$ 26 bilhões resultaram de acidentes de veículos a motor, incêndios, crimes e outros efeitos 
menos tangíveis (Eastaugh, 2008). 
 
Existem várias fontes de incerteza para tomar decisões econômicas. A primeira fonte de incerteza 
analítica resulta do predomínio incompleto de conhecimento disponível em medicina aliado ao fato de 
que a medicina está em um estado constante de fluxo e revisão. A segunda fonte resulta das limitações 
no conhecimento médico atual (Bendavid, Young & Katzenstein, 2008). O vírus da imunodeficiência 
13 
 
humana-1 (HIV-1), HIV-2, doença de Lyme, doença dos legionários e a síndrome de eosinofilia-mialgia 
foram caracterizados apenas recentemente e novas entidades clínicas são descobertas a cada ano. A 
terceira fonte de incerteza, derivada das duas primeiras, é a dificuldade em distinguir entre ignorância e 
as limitações do conhecimento médico atual, ou seja, o medo da falta de instrução versus o medo do 
desconhecido. 
 
O ponto crítico a transmitir ao leitor é que a análise de custo-eficácia e a análise de custo-benefício estão 
tomando suas posições apropriadas mais e mais frequentemente no estágio de avaliação (pré-difusão) 
anterior à decisão de marketing. A lógica dessa política pública emergente é que os custos (em vidas e 
em dólares) de renunciar à avaliação econômica e de eficácia podem, com frequência, ser muito maiores 
do que os custos de uma avaliação bem-projetada. Um benefício “consumista” do aumento da confiança 
na avaliação econômica é que ele deve forçar aqueles no poder a serem explícitos sobre (1) tendências 
de valorização da vida (através da classe social) em cálculos de custo-benefício e (2) o nível de corte de 
recursos utilizados na análise de custo-eficácia (Eastaugh 2002). 
 
Análise do valor líquido apresentado: Descontos 
O gestor de saúde pública que não é economista frequentemente não entende que a inflação é apenas 
uma parte da lógica para o desconto. Mesmo que todos os benefícios tenham sido ajustados para a taxa 
projetada de inflação, o desconto ainda pode ser necessário para explicar a taxa social de preferência de 
tempo. O desconto faz a reserva para o valor temporal do dinheiro, ou seja, se você tem um benefício 
em dólares no ano 4 e um custo em dólares no ano 2, você precisa colocar todos os dólares em dólares 
atuais do ano de referência 0. Portanto, todos os dólares do benefício e todos os dólares do custo são 
retornados para dólares do ano de referência 0 utilizando a taxa de desconto. Ele presume que os 
benefícios e os custos são justapostos e medidos em unidades de dólares comensuráveis a uma única 
taxa de desconto apresentada (Jena & Phillipson, 2008). A escolha de uma taxa de desconto não tem 
nenhuma consequência para um programa curto com benefícios e custos concentrados na faixa de um a 
dois anos. 
 
A seleção da taxa de desconto é um parâmetro essencial na maioria dos cálculos de valor líquido 
apresentados. Uma previsão de que a tecnologia terá um aumento de custos no futuro é um argumento 
para a seleção de uma taxa de desconto menor para tornar a economia mais valiosa em anos futuros. 
Esse ponto de vista é apoiado pela sugestão de que a tecnologia está alcançando um estado de retornos 
menores, em que mesmo uma redução otimista de 50% nas três principais causas de morte (doença 
cardiovascular, câncer e acidentes com veículos a motor) pode acrescentar menos de um ano de vida 
para pessoas com idades entre 15 e 65 anos. Há três variedades básicas de taxas de desconto: (1) a 
taxa de desconto corporativo se o setor privado tiver emprestado as verbas, (2) a taxa de empréstimo do 
governo em emissões de obrigações no mercado, e (3) a taxa de desconto social para permitir que 
14 
 
programas e procedimentos com benefícios futuros sejam comprovados como mais aceitáveis. Os 
tomadores de decisões da saúde pública usam apenas a taxa de desconto social. A taxa de desconto 
social (Pigou, 1920) provavelmente é usada com mais frequência por causa da força de seu argumento 
de equidade entre gerações. Por exemplo, um projeto único de US$ 25 milhões em 2009 com um 
pagamento de US$ 75 milhões no ano 2030 terá um valor líquido positivo apresentado apenas se a taxa 
de desconto for de 6% ou menos. A taxa de desconto social típica é da ordem de 3% a 4%. A taxa de 
desconto é vital para equilibrar benefícios e despesas durante muitos anos, ou seja, as despesas são 
antecipadas, mas os benefícios podem durar por décadas. 
 
Aplicações da análise de custo-eficácia 
O objetivo da análise de custo-eficácia é identificar as alternativas preferenciais. A preocupação do 
médico com as probabilidades de sobrevivência não deve excluir a medição de fatores de qualidade de 
vida ao realizar uma análise de custo-eficácia. A análise de custo-eficácia ainda requer que fatores 
intangíveis sejam medidos; no entanto, eles não têm que ser avaliados. Geralmente, a busca por 
alternativas preferenciais envolve comparações de tratamento menos invasivo. É necessária uma 
pesquisa adicional sobre o tempo e o conteúdo dos melhores meios de promover decisões clínicas 
econômicas. Por exemplo, na África, a malária é um grande problema de saúde pública. Para melhorar a 
saúde da população, devemos fornecer um mosquiteiro para dormir para cada membro da família, mais 
duas redes de pesca. Se não fornecermos redes de pesca, a família usará os mosquiteiros para pescar, 
desgastando a rede e reduzindo a eficácia do controle da malária. 
 
A educação do paciente é um grande problema na entrega de serviços de saúde. Por exemplo, podemos 
ensinar os diabéticos a usar computadores de bolso para dosagem de insulina para melhorar a 
independência e a autoestima e economizardinheiro reduzindo a taxa de internações hospitalares entre 
diabéticos instáveis. Com frequência, o que tem custo menor é melhor para o paciente: usar um oxímetro 
de pulso de US$ 19 para obter as mesmas informações básicas como gases sanguíneos arteriais, 
economizando, assim US$ 75 e reduzindo o desconforto do paciente (contanto que não haja suspeita de 
acidose ou retenção de CO2). O estilo da prática médica está avançando para a tomada de decisão 
clínica econômica. A maioria dos nefrologistas não pede um exame metabólico para a primeira pedra no 
rim. Especialistas em pulmão pedem espirometria em vez de um teste de função pulmonar caro, mas 
mais completo, para o paciente com enfisema crônico pré-operatório. Médicos da medicina de 
emergência elaboraram cinco regras para cortar custos: (1) não pedir raio-X para todas as pessoas com 
tensão lombar, (2) não pedir Chem-7s e CBCs em pacientes saudáveis jovens com um ou dois dias de 
gastroenterite, (3) solicitar raio-X do tórax em vez de filmes da costela em pacientes jovens com fraturas 
na costela, (4) não solicitar um EDIVP em cada paciente saudável jovem com evidência clínica de pedra 
no rim, e (5) mergulhar a urina como um teste de triagem em vez de usar o microscópio em cada 
amostra de urina. 
15 
 
A avaliação tecnológica continua em estágios sequenciais. Médicos dominam o primeiro estágio de 
análise, fazendo uma análise descritiva e de segurança de curto prazo (por exemplo, a nova técnica ou 
procedimento produz melhorias?). Estatísticos dominam o segundo estágio da avaliação tecnológica 
com um estudo de médio prazo da eficácia utilizando ensaios clínicos randomizados. Estudos da eficácia 
de diagnóstico relatam sensibilidade e especificidade (Lee, 2008). Economistas e decisores políticos 
dominam o terceiro estágio da avaliação tecnológica: eficiência do custo clínico (ele é mais barato do 
que opções alternativas no alcance de um pacote prescrito de “efeitos”, por exemplo, X por cento menos 
dor ou Y por cento menos morbidade?) e custo-benefício de longo prazo (a taxa de benefício/custo 
ultrapassa 1, contando todos os custos e benefícios para a sociedade?). Como a análise de custo-
benefício deve incluir benefícios intangíveis (por exemplo, diminuição da dor) para que seja abrangente, 
é necessário fazer um preço-sombra das preferências de vontade de pagar dos pacientes em relação a 
uma determinada tecnologia. 
 
Alguns programas têm um potencial de economia óbvio, como o abandono do tabagismo para mães. 
Lightwood (2000) relata que uma queda anual de 1 ponto percentual na prevalência do tabagismo 
poderia evitar 1.300 nascimentos vivos de bebês de baixo peso e economizar US$ 21 milhões em custos 
médicos diretos no primeiro ano do programa; isso poderia evitar 57.200 bebês de baixo peso e 
economizar US$ 572 milhões em custos médicos diretos em sete anos. No entanto, a maior parte da 
saúde pública não é tão clara no retorno rápido na intervenção na saúde. 
 
Avaliações econômicas devem levar em consideração a diferença entre eficácia e eficiência. Eficácia é o 
máximo benefício possível, frequentemente alcançado com ensaios controlados, e eficiência é a redução 
real na doença alcançada quando a intervenção é aplicada em uma população grande e não homogênea 
(Meltzer, 2001). 
 
O objetivo de programas de educação da saúde pública é informar os fornecedores de serviços sobre o 
uso apropriado de exames, procedimentos e opções de tratamento. Esforços educacionais vêm em 
vários formatos, oferecidos em combinação, incluindo palestras didáticas, reestruturação de formulários 
de pedido, feedback de custos, revisão simultânea ou retroativa de protocolo, e outras auditorias 
retroativas de registros médicos. A abordagem do curso didático geralmente aponta quatro pontos 
básicos: (1) custo efetivo do trabalho (por exemplo, assistência domiciliar ou cirurgia ambulatorial); (2) 
realizar uma avaliação de custo-benefício das alternativas de gerenciamento de caso; (3) evitar 
procedimentos desnecessários, obsoletos ou duplicados; e (4) incentivar atividades de promoção da 
saúde e de prevenção. Nesse último ponto, a promoção da saúde pode fazer mais do que reduzir futuras 
doenças; ela também pode reduzir a duração da permanência, a ansiedade do paciente e complicações. 
A essência de uma análise de custo-eficácia é a medida do custo adicional e de efeitos resultantes da 
16 
 
escolha de uma opção estratégica em vez de outra (por exemplo, vacina da gripe para trabalhadores da 
saúde versus nenhuma vacina) (Detsky & Kaupacis, 2007). 
 
ANÁLISE DE CUSTO-BENEFÍCIO 
O objetivo da análise de custo-benefício (CBA) é maximizar os benefícios líquidos (benefícios menos 
custos, devidamente descontados). Programas de medicina preventiva bem-sucedidos em termos de 
subsídio em dólares são imunização infantil, prevenção ao tabagismo, redução do chumbo e fluoretação 
da água. A imunização, por exemplo, economiza US$ 8,50 em custos médicos diretos para cada dólar 
gasto na imunização infantil. Estima-se que os esforços de prevenção ao tabagismo nos últimos 30 anos 
tenha salvado 33 milhões de pessoas-anos de vida. As despesas médicas de fumantes durante a vida 
são colocadas em termos de US$ 46.000 para homens fumantes (US$ 11.000 a mais do que para 
homens não fumantes) e US$ 68.000 para mulheres fumantes (US$13.000 a mais do que para mulheres 
não fumantes) (Eastaugh, 2004). 
 
A intoxicação por chumbo também foi reduzida como uma grande fonte de doença infantil. De 1988 a 
1997, ocorreu uma redução de 58% no quadro de crianças com altos níveis de chumbo no sangue 
(atualmente 700.000 crianças). O motivo para essa queda inclui iniciativas federais para acabar com o 
uso de chumbo na gasolina, a solda de chumbo na junção de latas de alimentos, e tintas à base de 
chumbo em residências. Estima-se que a redução do nível de chumbo ambiental melhorou a função 
cognitiva em crianças a tal nível que aumentou os rendimentos ao longo da vida em uma diferença de 
US$ 1.147 por mg/dL nos níveis de chumbo no sangue por criança. Além disso, uma análise de custo da 
remoção do chumbo da tinta estimou um benefício líquido de US$ 63 bilhões em custos médicos 
reduzidos (Eastaugh, 2003). 
 
A saúde bucal não deve ser negligenciada na avaliação da saúde da população. O declínio nas cáries 
dentais durante os últimos 40 anos como resultado da fluoretação da água foi tal que metade das 
crianças nos Estados Unidos está livre de cáries. Durante a vida de um indivíduo, os custos 
odontológicos de dentes cariados podem ultrapassar US$ 1.000, mas o custo de fluoretação da água é 
de cerca de US$ 0,12 por pessoa por ano. 
 
Para medir os custos e benefícios de um programa específico, é necessário expressar o valor líquido em 
termos fiscais para que os benefícios possam ser ponderados em relação aos custos. A Administração 
Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) de 1999, copresidida pelos ganhadores do Prêmio Nobel 
Kenneth Arrow e Robert Solow, renovou o interesse nos métodos de “vontade de pagar” (WTP) para 
avaliação dos benefícios. A NOAA emitiu novas regulamentações promovendo o uso de estudos de 
avaliação contingente para avaliação de danos aos recursos naturais. Eastaugh (2003) ofereceu um 
17 
 
estudo de avaliação contingente medindo a WTP para tratamento de pacientes com doença de von 
Willebrand. A WTP mediana para tratamento da doença foi de US$ 1.500 ou US$ 3.500, dependendo de 
como a oferta inicial foi estruturada. A análise de regressão mostra que o rendimento, a educação e uma 
escala de classificação de categoria para o estado de saúde foram significativos na previsão da WTP. A 
WTP anual ajustada foi de US$ 2.178. Levantamentos da WTP podem ser cada vez mais úteis para a 
avaliação da tecnologia da saúde. O viés do ponto de partida de como as ofertas são estruturadas deve 
ser reconhecido e o viés potencial dos resultados pode ser reduzido pelaatribuição aleatória de 10% da 
amostra para um décimo das ofertas iniciais. Portanto, um décimo dos entrevistados pode fixar uma 
oferta inicial em US$ 5.000, um décimo em US$ 4.500 e assim por diante, com um décimo na oferta 
inicial mais baixa de US$ 500. É necessário que haja um teste adicional da WTP e dos métodos de 
avaliação contingente. O leitor eventual pode sugerir equivocadamente que a WTP seja necessária 
apenas para estudos de custo-benefício. A WTP também é necessária para estudos de custo-eficácia 
para avaliar se um custo por QALY é baixo ou alto e se um preço por QALY é necessário (Bishai, 
Sindelav & Ricketts, 2008). 
 
Os ganhos e perdas do fornecimento de programas de saúde pública se aplicam não apenas à pessoa 
cujo tratamento está em questão, mas também a nós todos. Uma maneira pela qual os gestores de 
saúde pública fazem isso é através da CBA. Em setores econômicos nos quais não existem mercados 
competitivos, como os setores de recursos de água ou saúde, a CBA visa fazer o que as forças de 
demanda e abastecimento fazem nos mercados competitivos. O sistema de preços não equalizará 
benefícios marginais e custos marginais se existir falha no mercado, como sempre acontece na saúde 
pública. Um critério de escolha é a maximização da taxa de benefícios/custos, descontando o numerador 
e o denominador para dólares do dia atual. Programas alternativos (ou procedimentos ou serviços) são, 
então, classificados pelas taxas de custo-benefício e os programas com a taxa de pagamento mais alta 
são selecionados até que os recursos sejam esgotados ou até que a taxa seja igual a 1. Essa 
abordagem é equivalente à maximização do valor líquido apresentado em uma restrição de orçamento. 
Um terceiro critério de decisão, mas obsoleto, é apoiar um projeto se o critério de taxa de retorno interno 
ultrapassar a taxa de desconto predeterminada. O critério de taxa de retorno interno pode levar a 
decisões de recursos diferentes dos critérios de valor líquido apresentados se os programas forem de 
dimensões diferentes ou tiverem horizontes de tempos variáveis (Negrin & Polo, 2008). 
 
Se for descoberto que uma tecnologia é a alternativa mais econômica, a próxima questão será se ela 
apresenta benefício de custo. Por exemplo, Acton (1973) avaliou primeiro qual das cinco alternativas do 
programa era mais eficaz e qual era mais econômica na redução de mortes por ataque cardíaco. Ele 
acompanhou a avaliação de vida e os benefícios intangíveis para avaliar se os benefícios feitos no 
programa valiam os custos à sociedade. Uma vantagem óbvia da CBA é que ela leva a um valor líquido 
apresentado positivo (go) ou negativo (no-go) para o procedimento que está sendo avaliado e não exige 
18 
 
um nível de corte de economia para decidir se um projeto pode ser concluído dentro das restrições de 
recursos. No entanto, muitas análises de custo-eficácia mais completas do que a CBA são realizadas, 
pois os benefícios intangíveis apresentam dificuldades com a avaliação, e a escolha de uma taxa de 
desconto é mais simples em avaliações de custo-eficácia (Eastaugh, 2002). 
 
Se for visto que uma tecnologia apresenta benefício de custo, a única questão que resta é se o risco é 
socialmente aceitável para o financiamento público do serviço. A sociedade pode ter alguma preferência 
pelas classes sociais que devem enfrentar um risco inaceitável, mesmo se for sabido com antecedência 
que o risco total é insuficiente para deixar a relação custo-benefício menor que 1. Segurança, como uma 
medida de análise de risco, é um conceito relativo. Nenhum teste ou terapia que ofereça qualquer 
benefício é completamente seguro(a). Os trabalhadores da saúde pública, como todos os profissionais, 
aprenderam a viver confortavelmente com a noção razoável de que devemos renunciar a alguma 
segurança para alcançar qualquer benefício líquido. 
 
No contexto americano, duas verdades básicas parecem evidentes. Primeiro, a sociedade não deve ser 
negligenciada na prevenção e na promoção da saúde como estratégia para desacelerar (ou reverter) a 
inflação nas despesas nacionais de saúde. Se as autoridades sanitárias negligenciarem seus programas 
como veículos de economia, a desilusão inevitável causará cortes adicionais excessivos em programas 
de saúde pública (ou seja, as reações negativas contra tais programas). Segundo, a prevenção pode não 
economizar dinheiro, mas esses programas podem frequentemente ser justificados em termos de 
investimento válido em uma melhor qualidade de vida (Eastaugh, 2004). Manter as pessoas felizes é 
caro, mas nas mentes da maioria dos cidadãos, qualidade de vida é algo pelo qual vale a pena pagar. 
 
MEDIDA DE BENEFÍCIOS INTANGÍVEIS 
Avaliação, ou colocar o valor de um dólar no estado de saúde ou na redução da dor, não é uma tarefa 
fácil. A avaliação não é uma consideração nos mercados empresariais competitivos, pois o benefício 
marginal deve ser assumido como sendo igual ao preço. No entanto, quando os preços não existem 
(recursos hídricos) ou o preço é considerado uma medida de valor deficiente (serviços de saúde), é feita 
uma tentativa de imputar valor, estabelecendo o que os economistas chamam de preço-sombra. Valores 
de preço-sombra podem ser imputados perguntando aos indivíduos o que eles desejariam pagar pelo 
alívio da dor, sofrimento, desconforto e desfiguração. Vamos considerar um problema de saúde da 
população, como com que frequência devemos fazer a triagem de câncer de mama. Por exemplo, se um 
ano de vida for avaliado por uma medida de vontade de pagar de US$ 28.000 e uma mulher sacrificar 
um ano de vida para evitar perder suas mamas, isso sugere um preço-sombra de US$ 28.000 para uma 
mastectomia (Acton, 1973). Nessa situação, Acton sugeriu que os custos adicionais para mais alguns 
medicamentos levaria o preço-sombra médio, adicionando o custo de sofrimento e preocupação, a 
19 
 
aproximadamente US$ 31.000. Frequentemente, os analistas podem identificar apenas a necessidade 
de estabelecer um preço-sombra para um benefício intangível. Por exemplo, um benefício intangível 
para o qual é difícil estabelecer um preço-sombra é o benefício da capacidade de fertilidade recuperada 
que segue um transplante de rim bem-sucedido. 
 
O conceito de preço-sombra também pode ser aplicado para se chegar a pesos de qualidade para 
ajustar o valor de anos adicionais de existência. Podemos usar uma abordagem de doença análoga para 
medir o valor da vontade de pagar de evitar manifestações precoces de sífilis por psoríase de doença 
indireta e das últimas manifestações de sífilis pela aproximação de casos de câncer terminal. A aquisição 
de dados diretos para condições médicas “não estigmatizadas” como câncer e psoríase era mais 
facilmente realizada do que trabalhar diretamente com vítimas de sífilis. Economistas devem trabalhar 
com médicos para desenvolver aproximações e esquemas de pesagem para capturar a multiplicidade de 
dimensões de resultados de cuidados médicos. Prioridades não apropriadas poderão ser definidas se 
probabilidades de sobrevivência não forem integradas a fatores de qualidade de vida. 
 
O estudo de Harvard feito por Keeler (1999) oferece uma boa avaliação das considerações de qualidade 
de vida depois de uma cirurgia de desvio da artéria coronária. As medidas do resultado da qualidade de 
vida incluem dor em repouso, dor com atividade mínima, dor com atividade leve, dor com atividade 
intensa e nenhuma dor. Previsivelmente, um paciente cirúrgico potencial colocará um valor de utilidade 
mais alto em nenhuma dor se ele evitar exercício. Uma função de utilidade para valorizar resultados foi 
especificada como uma função de estilo de vida e de expectativa de vida. Os dados são altamente 
subjetivos, mas a confiança na análise imperfeita fornece mais informações do que o niilismo analítico. 
Um analista da Rand Corporation (Keeler, 1999) relatou que o subsídio de tempo de vidapelo cidadão 
comum para a pessoa com estilo de vida sedentário é de US$ 1.900. A escolha do estilo de vida é um 
problema crucial para muitas decisões médicas. 
 
A análise de custo-eficácia é concluída com mais frequência quando se reconhece que benefícios 
intangíveis devem ser apenas estimados, não avaliados. A análise de custo-eficácia requer apenas que 
todos os benefícios sejam expressos em unidades compatíveis para que o custo de alcançar um nível 
especificado de benefícios possa ser minimizado. Em um estudo na Universidade George Washington, 
descobrimos que muitas mulheres com risco de parto prematuro não estavam recebendo 
corticosteroides, que melhoram a função pulmonar de bebês prematuros (Eastaugh, 2003). Com base 
nessa evidência, o uso de corticosteroides triplicou. O benefício? Uma queda de 9,9% nas mortes de 
bebês que nasciam abaixo do peso e milhões de dólares de economia evitando o custo do tratamento de 
complicações. A análise de custo-eficiência não será mais simples do que a análise de custo-benefício 
se forem especificadas muitas variedades de benefícios (por exemplo, em vidas, anos ou dor), exceto 
que ao fazer a análise de custo-benefício, devemos também avaliar os benefícios intangíveis. 
20 
 
OPINIÕES SOBRE RISCO NÃO SÃO MATEMÁTICAS 
Nós não vivemos em um mundo seguro. A análise de risco é complexa na saúde pública. Eliminar um 
risco geralmente cria outro. Por exemplo, se a República Russa tivesse que converter os 80% inferiores 
de sua capacidade de geração nuclear em carvão, durante as próximas quatro décadas o tráfego 
aumentado de caminhões de carvão, acidentes de mineração e doenças causadas pela poluição 
matariam 1,8 milhão de cidadãos. Muitos cidadãos temem a energia nuclear porque medos 
desconhecidos superam os medos familiares. Respirar ou tomar vodca são coisas com as quais uma 
pessoa está familiarizada. Consumir radiação de um acidente nuclear ou ingerir e beber dioxina e 
bifenilos policlorados não são experiências familiares. A dosagem padrão de radiação cósmica no nível 
do mar é 2.000 vezes mais perigosa para a vida humana do que morar em uma casa a 20 milhas de uma 
usina de energia nuclear americana. Uma viagem de ida e volta de Nova Iorque para Los Angeles tem 
200 vezes mais risco do que viver perto de uma usina nuclear dos Estados Unidos. 
 
A avaliação de risco é um dos problemas críticos na avaliação de saúde da população. Os modelos de 
avaliação de risco geralmente são simplistas. A Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados 
Unidos usa um modelo de avaliação de risco padrão linear; por exemplo, se 20 entre 1.000 ratos tiverem 
câncer por comerem duas tigelas de dioxina por dia, a EPA presumirá que metade de uma tigela por dia 
mataria apenas cinco ratos. Reduzindo a curva de resposta de dosagem, a EPA presumirá que, a 
0,006 picograma por dia, uma pessoa em um milhão morreria de câncer. Modelos lineares que assumem 
que os danos estão na proporção exata da dosagem raramente são representações precisas da 
situação. Os modelos não lineares mais precisos relatam o risco como uma função exponencial 
decrescente; portanto, autoridades governamentais na Austrália e no Canadá permitem doses seguras 
de dioxina a taxas de 300 a 500 vezes o limite dos Estados Unidos (padrão). Mudar para um padrão de 
dioxina que é 10 vezes mais rígido do que o limite australiano poderia economizar aos americanos 
US$ 1,1 bilhão em custos com limpeza, de acordo com o analista da Califórnia Dennis Paustenbach da 
McLaren Environmental Engineering. O formaldeído tem a clássica curva de resposta de dose “taco de 
hóquei”: é seguro até a dosagem ultrapassar 10 partes por milhão, mas em 15 partes por milhão, 50 por 
cento dos animais têm câncer. A aversão americana ao risco não é baseada na matemática ou no senso 
comum. O conteúdo moderado de PCBs na dieta diária tem de 90% a 98% menos risco do que comer 
duas colheres de manteiga de amendoim por dia. A manteiga de amendoim pode conter aflatoxina 
produtora de bolor, mas nós não banimos a manteiga de amendoim porque ela é um alimento totalmente 
americano. 
 
Em economia, uma externalidade (ou defeito externo) afeta diretamente o bem-estar de outras pessoas 
ou empresas, resultando do uso de uma comodidade por algum outro consumidor ou empresa. A 
geração de poluição (por exemplo, chuva ácida ou tabagismo passivo) que me prejudica é um exemplo 
de uma externalidade negativa. A maioria da classe que toma vacinas que melhoram a população do 
21 
 
grupo é um exemplo de uma externalidade positiva. Se um indivíduo não receber uma vacina, mas todos 
os membros do outro grupo forem vacinados, o indivíduo será chamado de “passageiro clandestino”. 
 
Evitar um risco pequeno pode, às vezes, criar um risco maior de longo prazo. Por exemplo, dados de 
1960 sugeriam que quando a vacina da coqueluche fosse dada a 1 milhão de crianças, 95 teriam 
reações sérias (e algumas morreriam). No Reino Unido, a pressão parental fez com que o Serviço 
Nacional de Saúde retirasse o requisito de vacinação. As mortes por coqueluche aumentaram e o 
requisito foi restabelecido. 
 
Se riscos pequenos forem frequentemente negligenciados, riscos grandes de despesas catastróficas 
serão altamente imprevisíveis. A sociedade deve tratar despesas médicas catastróficas da mesma 
maneira como a demanda por equipamento de extinção de incêndio. Ninguém fica do lado de fora de um 
edifício em chamas e exige reembolso para realizar o trabalho de apagar o incêndio. Isso contribui para 
coletivizar os encargos de despesas médicas catastróficas, seja à maneira do Reino Unido (cuidado 
gratuito) ou por meio de seguro público (Eastaugh, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Burke, R. E. & Friedman, L. H. (2011). Essentials of management and leadership in public health. 
[Fundamentos em gestão e liderança na saúde pública.] Sudbury, Mass: Jones & Bartlett learning. 
1 
 
CAPÍTULO 8 
 
 
 
Informática na gestão da saúde pública 
Philip Aspden 
 
APRESENTAÇÃO 
Talvez, não haja um exemplo maior de mudanças dramáticas em nosso cotidiano do que as mudanças 
na disponibilidade de dispositivos eletrônicos, as informações que estes dispositivos fornecem e os 
sistemas que apoiam estes dispositivos. Computadores pessoais, telefones celulares, sistemas de 
posicionamento global (para citar apenas alguns exemplos) que eram poucos e dispersos há 10 anos, 
agora são comuns, mesmo nos lugares mais remotos da Terra. O aumento de funcionalidades e os 
preços cada vez mais baixos destes dispositivos oferecem a possibilidade de coletar e analisar dados de 
forma mais barata do que antes e a necessidade de abordagens sistemáticas pelas organizações que 
implementam e operam estes dispositivos. 
 
Pela primeira vez na história, os dados de saúde pública são disponibilizados de maneira rápida e 
relativamente barata. Esses dados, sua interpretação e os planejamentos estratégicos e operacionais 
que podem ser obtidos a partir desses dados, representam a base da boa saúde pública, assim como a 
sua gestão, política e regulamentos. É de responsabilidade do gestor e líder de saúde pública bem 
treinado sentir-se confortável nessa área da informática para a saúde pública em rápida expansão. De 
maneira simplificada, informática para a saúde pública é a aplicação sistemática de Tecnologia da 
Informação para a prática, pesquisa e aprendizagem de saúde pública (O’Carroll, 2003). A informática 
para a saúde pública distingue-se por: 
 
• Foco nos dados de saúde da população em vez de em dados de saúde individuais. 
• Bancos de dados com uma grande quantidade (milhões) de registros capazes de realizar 
análises de maneira eficiente, como tabelas cruzadas e tendências. 
• A reutilização de dados coletados originalmente para outros fins (geralmente para tratamento) — 
portanto, as redes de coleta de dados são uma parte importante da informática paraa saúde 
pública. 
2 
 
• Sistemas que estão sendo implantados e operados, direta ou indiretamente, por governos 
federais, estaduais ou municipais. 
 
Este capítulo se concentra em cinco aplicações principais do sistema de informação para a saúde 
pública: sistemas de relatórios, registros, levantamentos, fontes de conhecimento eletrônicas e redes 
para o relacionamento entre os profissionais de saúde pública. Os diferentes tipos de dados utilizados 
nessas aplicações, as funcionalidades oferecidas e os problemas de tecnologia da informação 
relacionados à utilização e implementação das aplicações também são discutidos. O gestor de saúde 
pública precisa ter conhecimento das fontes de dados e sistemas mais comuns para poder gerenciar os 
órgãos de saúde pública com eficiência. Aqueles que estão interessados em saber mais detalhes sobre 
as aplicações e os sistemas devem analisar as referências no final do capítulo ou acessar os sites 
sugeridos. 
 
1. Sistemas de relatórios. A vigilância da saúde pública é a coleta, análise, interpretação e 
relatórios sistemáticos e regulares dos dados populacionais com o objetivo de detectar, 
caracterizar e combater ameaças à saúde pública. Os sistemas tradicionais utilizam relatórios 
voluntários, inicialmente através de relatórios em papel enviados por correio e, posteriormente, 
através de relatórios enviados por meio de redes de computadores. Mais recentemente, os 
sistemas de vigilância desenvolvidos obtêm dados de maneira automática diariamente ou com 
maior frequência. Esses sistemas em tempo quase real oferecem a promessa de uma detecção 
antecipada de ameaças à saúde pública. 
2. Registros. Os registros de doenças são bancos de dados regionais, nacionais e, muitas vezes, 
multinacionais que coletam dados clínicos longitudinais de pacientes com uma doença específica 
(por exemplo, câncer de mama). A análise dos dados é utilizada para desenvolver e testar 
hipóteses sobre a etiologia, transmissão e fatores de risco que contribuem para a doença 
específica. Os registros de imunização são outro tipo de registro de saúde pública. Estes 
registros são sistemas de informação computadorizados de dados populacionais que coletam 
dados de vacinação sobre grupos populacionais, especialmente crianças. Eles são utilizados por 
pacientes, pais, fornecedores e profissionais de saúde pública para acompanhar o histórico de 
vacinação para garantir que as crianças e outros grupos sejam imunizados nos momentos 
oportunos. 
3. Levantamentos. Levantamentos periódicos são úteis para alimentar os sistemas de relatórios e 
para fornecer informações sobre as áreas da saúde pública onde esses sistemas são 
ineficientes. Alguns levantamentos consistem em informações coletadas durante uma entrevista 
pessoal, complementados pela coleta de informações clínicas. Os levantamentos também 
devem fornecer uma amostra mais representativa da saúde da população do que os resultados 
3 
 
dos sistemas de relatórios voluntários. Em muitos casos, os dados dos levantamentos são 
disponibilizados aos especialistas em saúde pública para que eles mesmos os analisem. 
4. Fontes de conhecimento eletrônicas. Os sistemas de relatórios, os registros e os levantamentos 
fornecem dados qualitativos e quantitativos sobre uma população específica em um determinado 
momento. Esses dados podem ser analisados para gerar conhecimento ou informações sobre a 
variedade de dados e as relações entre os elementos dos dados. Com o surgimento da Internet, 
muito conhecimento agora está disponível eletronicamente. Para o profissional de saúde pública, 
três tipos de fontes de conhecimento eletrônicas são importantes: bancos de dados bibliográficos 
(por exemplo, MEDLINE), bancos de dados temáticos (por exemplo, o banco de dados de 
substâncias perigosas) e os bancos de dados de revisão sistemática (por exemplo, a Cochrane 
Collaboration). 
5. Redes para o relacionamento entre profissionais da saúde pública e para atendimento das 
emergências de saúde pública. O compartilhamento de informações sobre eventos de saúde 
pública entre os funcionários de saúde pública é muitas vezes crucial para identificar ameaças 
graves à saúde pública. As redes existem nos níveis federais (por exemplo, no Epi-X do CDC) e 
estaduais (por exemplo, no EpiCom da Flórida) para os funcionários da saúde pública para o 
compartilhamento de informações sobre surtos de doenças e outros eventos de saúde pública 
que envolvam potencialmente diversas jurisdições. As redes também são importantes para o 
atendimento das emergências de saúde pública. 
 
O material abordado neste capítulo descreve vários sistemas e redes que podem ajudar o profissional e 
gestor de saúde pública a conhecer as ameaças à saúde pública e a desenvolver meios de proteger ou 
melhorar a saúde do país. Os gestores e líderes de saúde pública são responsáveis, direta ou 
indiretamente, por garantir que as várias partes interessadas1 estejam cientes dos benefícios de tais 
sistemas, de que os resultados desses sistemas sejam utilizados de maneira eficiente, que estes 
sistemas sejam devidamente orçados e que novos desenvolvimentos que atendam às necessidades da 
comunidade de saúde pública sejam implementados. 
 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Após a leitura deste capítulo, o leitor estará apto a: 
1. Descrever a funcionalidade das principais aplicações do sistema de informação para a saúde 
pública. 
2. Identificar os conjuntos de competências em tecnologia da informação necessários para utilizar 
de maneira eficiente estas aplicações. 
3. Descrever o desenvolvimento, implementação e gestão dos sistemas de tecnologia da 
informação para a saúde pública. 
4 
 
4. Identificar o histórico das principais aplicações de informação da saúde pública (como relatórios 
de morbidade, sistemas de vigilância automatizados, registros de doenças e imunização, 
levantamentos de morbidade e fatores de risco, fontes de conhecimento eletrônicas e redes de 
telecomunicações para o relacionamento entre os profissionais de saúde pública). 
5. Identificar os conjuntos de competências em tecnologia da informação necessários para utilizar 
de maneira eficiente estas aplicações (pesquisa e análises dos bancos de dados, padrões de 
dados de saúde pública e desenvolvimento e gestão de sistemas de informação). 
 
APLICAÇÕES DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA A SAÚDE 
PÚBLICA 
Sistemas de relatórios 
O Centro Nacional de Estatística em Saúde dos Estados Unidos (NCHS — National Center for Health 
Statistics) nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and 
Prevention [CDC]) é o principal órgão de estatísticas de saúde nos Estados Unidos para a coleta de 
dados para auxiliar o desenvolvimento e implementação de políticas de saúde (NCHS, 2008a). Ele 
desenvolve e mantém sistemas de relatórios que coletam dados de estatísticas vitais e realiza 
levantamentos (que serão discutidos posteriormente) que coletam dados nacionais de avaliação de risco 
de morbidade e à saúde. Outra parte do CDC, a Divisão de Vigilância e Epidemiologia (Division of 
Surveillance and Epidemiology — DSE), é responsável pela compilação nacional de doenças notificáveis 
informadas semanalmente por epidemiologistas estaduais e territoriais. Foram desenvolvidos vários 
sistemas de relatórios federais e estaduais sobre a segurança dos pacientes que buscam maneiras de 
oferecer cuidados de saúde mais seguros após análises de casos relatados. O acesso e a utilização dos 
dados são discutidos em uma seção posterior deste capítulo. 
 
Dados de estatísticas vitais 
O sistema nacional de estatísticas vitais que coleta dados sobre nascimentos, mortes e casamentos é 
um esforço colaborativo entre agências estaduais e federais. Os estados realizam a coleta dos dados e o 
National Center for Health Statistics combina os dados coletados para criar um banco de dados nacional. 
Para garantir a uniformidade necessáriapara combinar os conjuntos de dados de cada estado, o NCHS 
recomenda que os estados adotem padrões para a coleta de dados. Originalmente, a coleta de dados 
era completamente realizada em papel; porém, este processo se tornou automático gradualmente. 
 
Desde 1996, o NCHS disponibilizou dados de estatísticas vitais em CD-ROM (Freedman e Weed, 2003) 
e, mais recentemente, on-line. Os principais conjuntos de dados de interesse para os profissionais de 
saúde pública são os de nascimentos, óbitos, óbitos fetais, óbitos relacionados a nascimentos/crianças e 
5 
 
óbitos perinatais. Cada registro inclui informações demográficas e de saúde derivadas da certidão de 
nascimento ou óbito, conforme apropriado. 
Relatório de morbidade 
Vigilância de saúde pública é o relatório de doenças infecciosas e condições de interesse da saúde 
pública. Os agentes de saúde pública estaduais e territoriais em conjunto com o CDC determinam quais 
doenças e condições devem estar sob vigilância nacional (Roush et al., 1999). A lista está disponível no 
site do CDC (http://www.cdc.gov/ncphi/disss/nndss/PHS/infdis2008.htm), embora haja variação na lista 
do que é informado por cada estado e território. Originalmente, as enfermeiras e médicos eram as fontes 
primárias de relatório de doenças; porém, recentemente, os laboratórios também se tornaram fontes 
importantes do relatório. Em alguns lugares, especialmente em áreas rurais, profissionais de saúde 
comunitária treinados que são paraprofissionais são fontes confiáveis de dados de saúde (Institute of 
Medicine [IOM], 2007). O CDC publica semanalmente e anualmente resumos dos dados enviados pelos 
estados e territórios. 
 
Antes de 2000, os departamentos estaduais de saúde recebiam a maioria dos relatórios com as 
notificações de doenças por correio e, depois, os dados eram adicionados aos sistemas informatizados, 
muitas vezes semanas após a ocorrência dos casos. Além disso, havia uma subnotificação significativa e 
mais de 100 sistemas diferentes eram utilizados para o envio desses relatórios ao CDC (Relatório 
semanal de morbidade e mortalidade (Morbidity and Mortality Weekly Report [MMWR], 2005)). Para 
melhorar a quantidade e pontualidade dos relatórios, o CDC criou o Sistema Nacional Eletrônico de 
Vigilância de Doenças (National Electronic Disease Surveillance System (NEDSS)), uma iniciativa que 
promove a utilização de padrões de dados e sistemas de informação para promover o desenvolvimento 
de sistemas de vigilância integrados e interoperacionais no âmbito federal, estadual e local 
(http://www.cdc.gov/NEDSS). O NEDSS é um dos principais componentes da Rede de Informações da 
Saúde Pública (Public Health Information Network – PHIN), que será discutido posteriormente. Em 
setembro de 2000, o estado começou a receber financiamento federal para o planejamento e 
implementação de sistemas compatíveis com o NEDSS (MMWR, 2005). Até o final de 2007, dezesseis 
estados (incluindo o Tennessee, Texas e Vermont) (Registro Federal, 2007), implementaram o sistema 
base do NEDSS, um sistema de relatórios abrangente desenvolvido pelo CDC, enquanto outros estados 
(por exemplo, Pensilvânia) (Departamento de Saúde da Pensilvânia [PA-DOH], 2008), desenvolveram 
seus próprios sistemas baseados nos padrões do NEDSS. 
 
Sistemas de relatórios de segurança dos pacientes 
O governo federal opera diversos sistemas de relatórios sobre a segurança dos pacientes — por 
exemplo, o Sistema Nacional de Vigilância de Infecções Nosocomiais (NNIS), a Rede de Vigilância de 
Diálise (Dialysis Surveillance Network), o Sistema de Relatórios de Eventos Adversos (Adverse Event 
6 
 
Reporting System) e o Sistema de Relatórios de Eventos Adversos de Vacinas (Vaccine Adverse Event 
Reporting System). O objetivo de todos esses sistemas é coletar dados de eventos adversos e, em 
seguida, analisar esses dados para identificar maneiras de melhorar a segurança na prestação de 
serviços de saúde. 
 
O Sistema de Relatórios de Eventos Adversos (Adverse Event Reporting System (AERS)) é um banco de 
dados informatizado desenvolvido para apoiar o programa de pós-venda de vigilância de segurança da 
Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos para todos os medicamentos e produtos 
biológicos e terapêuticos aprovados. Eventos adversos graves e problemas com produtos são 
notificados diretamente a FDA ou ao fabricante. Os relatórios são enviados por correio, fax ou via 
interface web. Os requisitos relatoriais variam: o relatório é opcional para consumidores e profissionais 
de saúde; porém, é obrigatório para instalações de saúde, como hospitais. Trimestralmente, os 
subconjuntos de dados inclusos em todos os relatórios recebidos são disponibilizados aos 
pesquisadores de saúde pública e outros. 
 
O relatório do Institute of Medicine, To Err Is Human (IOM, 2000), levantou preocupações significativas 
sobre os problemas de qualidade na saúde. Estas preocupações levaram ao desenvolvimento dos 
sistemas estatais de relatórios de segurança dos pacientes. A partir de outubro de 2007, 26 estados e o 
Distrito de Colúmbia aprovaram leis ou introduziram regulamentações referentes à notificação de 
eventos adversos por parte dos hospitais ao órgão estadual (National Academy for State Health Policy 
[NASHP], 2008). Por exemplo, na Pensilvânia, as leis do estado exigem que os hospitais licenciados, 
maternidades, instalações cirúrgicas ambulatoriais e instalações que realizam abortos notifiquem 
eventos adversos e quase mortes à Autoridade de Segurança dos Pacientes da Pensilvânia 
(Pennsylvania Patient Safety Authority) por meio da utilização do Sistema de Relatórios de Segurança 
dos Pacientes da Pensilvânia (PA-PSRS). 
 
Muitos dos requisitos de notificação destinam-se a responsabilizar os estabelecimentos de saúde por 
pontos fracos em seus sistemas. Eles também têm potencial para melhorar a segurança dos pacientes 
por meio da análise do relatório de eventos e pela divulgação das melhores práticas e lições aprendidas 
que podem evitar reincidências. Por exemplo, a PA-PSRS fornece artigos para consulta ao longo do ano 
em seu site (PA-PSRS, 2008). 
 
Sistemas de vigilância automatizados 
Os sistemas de relatórios de morbidade tracionais dependem de relatórios opcionais, o que geralmente 
leva a uma subnotificação significativa. (MMWR, 2005). Os sistemas automatizados capturam dados (por 
exemplo, dados coletados de consultas ambulatoriais ou laboratórios) periodicamente durante o dia. 
Estes sistemas em tempo quase real prometem relatórios mais rápidos e mais completos. As 
7 
 
informações das consultas ambulatoriais como diagnósticos (com a utilização de códigos CID) ou as 
principais queixas são mapeadas em síndromes com ferramentas de software que identificam contagens 
de síndromes diárias excepcionalmente altas. Inicialmente, esses sistemas foram direcionados para 
identificar ataques bioterroristas; porém, a tecnologia também foi utilizada para aplicações de saúde 
pública em geral. Os sistemas de vigilância automatizados forma implementados no âmbito federal, 
estadual e urbano: 
• O BioSense é um sistema de vigilância nacional em tempo quase real desenvolvido pelo CDC. 
Ele extrai dados das unidades de tratamento do Departamento de Defesa e do Departamento de 
Assuntos de Veteranos (Department of Veteran Affairs) e dos laboratórios nacionais (Bradley et 
al., 2005). Os planos futuros para o BioSense incluem a análise relevante das vendas de 
medicamentos que não precisam de apresentação de receita médica e dados de controle de 
intoxicação (CDC, 2008). 
• O Sistema de Relatórios e Vigilância de Doenças Transmissíveis de Nova Jersey é utilizado para 
coletar relatórios eletrônicos de laboratório sobre a doença de Lyme (McHugh et al., 2008). Com 
a utilização do sistema, o número total de notificações da doença de Lyme aumentou cinco 
vezes, enquanto o número de notificações confirmadas aumentou

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