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UNIDADE 1 - UMA VISÃO GERAL DAS ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE

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GESTÃO	EM	SERVIÇOS	DE	SAÚDE
UNIDADE	1	-	UMA	VISÃO	GERAL	DAS
ORGANIZAÇÕES	DE	SAÚDE
Autoria: Joice Chiareto - Revisão técnica: Thaisa Cristina Afonso
Introdução
Vamos começar essa unidade de Gestão em Saúde, nela iremos abordar diferentes sistemas de saúde, suas
origens, pontos fortes e fracos.
Para compreender como funcionam diferentes sistemas de saúde, primeiro precisamos compreender a
importância da gestão saúde para a sociedade e questionar: o que diferencia as organizações de prestação de
serviços de saúde das demais? Que caracterı́sticas essas organizações apresentam que necessitam ser
estudadas de forma particular? Para trabalhar essas questões os primeiros tópicos dessa unidade tratam da
importância da gestão em saúde e das caraterı́sticas especı́�icas de organizações de serviços de saúde
(divididas em hospitais e outras organizações de saúde).
Após discutirmos esses temas, passamos para os sistemas de saúde em si. Algumas questões que podemos
levantar quando a esse tema são: como se foram desenvolvidos os sistemas de saúde em diferentes paı́ses?
Como isso in�luenciou sua situação atual? Iremos discutir o sistema de saúde brasileiro na esfera pública e
privada, também os sistemas da Argentina e Inglaterra. Abordamos as origens desses sistemas e, de forma
resumida, o caminho que percorreram até as caracterı́sticas atuais e seus pontos fortes e fracos.
Bons estudos!
1.1 Gestão em saúde 
Quando tratamos da gestão em saúde, precisamos discutir inicialmente a importância da saúde para toda a
sociedade, pois a saúde tem um impacto muito signi�icativo no bem-estar da população. O nı́vel de acesso que
a população tem aos serviços de saúde tem impacto em diversas áreas, inclusive no crescimento econômico.
Além de entendermos a saúde como um todo, precisamos tratar das especi�icidades das organizações que
prestam os serviços de saúde. Essas organizações têm caracterı́sticas próprias, fazendo com que as práticas de
gestão que foram projetadas para outros setores precisem de adaptações signi�icativas para serem e�icientes
na gestão de saúde. 
1.1.1 A importância da gestão em saúde 
A saúde tem um grande impacto nas condições de vida e bem-estar da população, sendo considerada, no
Brasil, um direito garantido pela Constituição de 1988. Mas, ao mesmo tempo, a saúde sofre com diversas
questões que ainda não foram resolvidas. Por exemplo, como destacado por Piola et	 al., (2013), quando a
população tem mais acesso aos serviços de saúde, ela tende a viver mais, o que pressiona ainda mais o
sistema de saúde, ou seja, o sucesso do sistema leva a mais desa�ios a serem superados.
Uma função importante dos cuidados de saúde é manter o funcionamento da sociedade. Autores como Daniels
(2001) destacam que a falta de acesso e as consequências deste restringem as oportunidades abertas aos
indivı́duos. Assim, os cuidados de saúde contribuem à proteção da igualdade de oportunidades (DANIELS,
2001). Pessoas pobres e consequentemente com menor acesso à saúde, apresentam taxas mais altas de
morbidade médica e mortalidade prematura. Quanto maior o acesso à assistência médica melhor o estado de
saúde dessa população e menores são as taxas de hospitalização (BINDMAN et	al., 1995 apud AHMED et	al.,
2001).
#PraCegoVer: mão com dedo apontado para um sı́mbolo da área de saúde, em formato de cruz.
 
Na questão de custos, a consciência de custo implica em uma maior preocupação com o uso desnecessário de
serviços, mas os gestores devem estar igualmente preocupados com problemas relacionados à subutilização
de serviços (por exemplo, quantas pessoas que poderiam se bene�iciar de uma cirurgia, mas não a receberam).
Um nı́vel maior de gastos deixou de ser condição su�iciente para melhoria da qualidade do serviço, além de
não resolver o problema de inequidade no acesso aos serviços.
Em paı́ses mais pobres e até nos desenvolvidos, ainda é um desa�io levar os serviços de saúde com qualidade
aceitável para toda a população e encontrar meios de �inanciar esses serviços, que, principalmente na esfera
pública, concorre por recursos com outras áreas (PIOLA, et	 al., 2013). Evidências mostram que existem
muitos determinantes sociais da saúde e as polı́ticas sociais têm efeitos na saúde das populações (DANIELS,
2001). O acesso à saúde é complexo, as barreiras ao acesso são múltiplas e a existência de planos de saúde
atenua, mas não elimina os problemas de acesso. Intervenções e�icazes para melhorar o acesso à saúde entre
os pobres podem precisar abordar questões de transporte, assistência infantil e �inanceira, além de alterar as
percepções dos indivı́duos que os levam a buscar ou evitar cuidados de saúde (AHMED et	al., 2001).
Figura 1 - Ilustração da importância da saúde
Fonte: iDEAR Replay, Mediapool, 2020.
Tratando de qualidade, a saúde fez grandes avanços no último século, o que aumentou consideravelmente as
expectativas dos pacientes e familiares. Mas com destacado por Mcglynn (1997), muitos aspectos da
qualidade técnica do atendimento não podem ser avaliados pelos pacientes. Por exemplo, há planos de saúde e
médicos que ofereçam um alto nı́vel de qualidade técnica, mas que não são bem avaliados pelos pacientes em
termos de humanidade, capacidade de resposta ou satisfação.
Portanto, cabe aos gestores de�inir os requisitos de qualidade a serem seguidos, o modo como essa qualidade
será mensurada, e também encontrar meios para lidar com esses desa�ios e tornar a saúde de qualidade
acessı́vel para o maior número possı́vel de pessoas. 
VOCÊ O CONHECE?
A professora Ana Maria Malick é Médica pela Faculdade de Medicina da USP, Mestre
em Administração de Empresas e Doutora pela USP, professora titular da Escola de
Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. Ela á uma das
autoras mais reconhecidas na área de gestão em saúde, sendo seus trabalhos muito
reconhecidos na área.
1.2 Caraterísticas específicas de organizações de serviços de
saúde
O IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) (2019, on-line), de�ine prestadores de serviços de
saúde são como “o conjunto de estabelecimentos de saúde, incluindo equipamentos e recursos humanos que
oferecem o cuidado aos bene�iciários em todos os nı́veis de atenção à saúde, considerando ações de
promoção, prevenção, tratamento e habilitação”. Essa de�inição engloba, de forma resumida, os mais diversos
estabelecimentos. 
#PraCegoVer:	no quadro, destacam-se as de�inições resumidas de estabelecimentos de saúde.
Nas organizações de saúde, os resultados e desempenhos são determinados por um conjunto heterogêneo de
atores e de suas interações, e não como resultado do design intencional do sistema ou por uma função central
de comando e controle. Este é particularmente o caso no contexto da assistência médica, em que uma
in�inidade de pro�issionais, seguradoras, empresas, agências governamentais e consumidores interagem para
fornecer produtos e serviços de saúde (BASOLE; BODNER; ROUSE, 2013). 
Quadro 1 - De�inições resumidas de estabelecimentos de saúde
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em MINISTE�RIO DA SAU� DE, 2020.
Desta forma, não surpreende que sejam comuns de�iciências de custo e qualidade no setor da saúde. Além
disso, mudanças substanciais nos cuidados de saúde são difı́ceis de implementar e avaliar, já que dependem
de um conjunto de pro�issionais e a atuação entre eles. As inovações na área, tem o se sucesso ou fracasso,
com base nas reações e interações desse conjunto diversi�icado de agentes que atuam no setor e dentro das
organizações. 
VOCÊ QUER LER?
O livro “Qualidade na gestão local de serviços e ações de saúde”, de 1998, produzido
por Ana Maria Malik e Laura Maria Cesar Schiesari é uma obra bastante conhecida
sobre gestão de saúde. Essa obra engloba 12 manuais voltados para a área gerencial
em saúde, tratando de temas como gestão da qualidade,planejamento, auditoria,
gestão de recursos humanos, entre outros. Atualmente ele está disponıv́el na NESCON,
biblioteca virtual da faculdade de medicina da UFMG, acesse:
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/qualidade-gestao-local.pdf
(https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/qualidade-gestao-
local.pdf ).
1.3 Gestão de hospitais 
A organização de hospitais é regularmente vista como uma burocracia pro�issional, com caracterı́sticas
especı́�icas. Essa visão vem de autores clássicos, como Weber e Mintzberg, que tratam a gestão hospitalar
assim (MONTEIRO, 1999). Essas burocracias pro�issionais são caracterizadas pela busca de padronização de
procedimentos e produtos por meio do processo de burocracia: a organização procura associar determinado
acontecimentos a um programa de padronização e, assim, organizar-se em torno do habilidades e
conhecimentos de seus pro�issionais encarregados entender a necessidade do paciente e executar a ação ou
procedimento correspondente (LEGA; DE PIETRO, 2005).
Essa organização em torno das habilidades é o que caracteriza o organograma funcional, em termos de
estrutura organizacional, muito utilizada em organizações de serviços de saúde.
Os pro�issionais que atuam nos hospitais estão muito mais comprometidos com valores, normas, códigos de
ética pro�issionais e não com a hierarquia. Esta cultura pro�issional é transmitida durante a formação desses
pro�issionais. Grande parte do poder se situa na base da hierarquia, nos pro�issionais que têm contato direto
com os pacientes, cada pro�issional trabalha e se submete apenas ao controle dos seus colegas que o
formaram e são eles que têm o direito de o censurar em caso de erro pro�issional (MONTEIRO, 1999). 
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/qualidade-gestao-local.pdf
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/qualidade-gestao-local.pdf
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/qualidade-gestao-local.pdf
#PraCegoVer: uma ilustração mostra diversos setores do hospital onde acontecem diferentes atividades
como a recepção, sala de espera, salas de exame, espaços de internação e consultório.
 
O pro�issional tende a se identi�icar mais com a sua pro�issão que com a organização para a qual trabalha. O
pro�issional garante o seu poder na organização, não apenas pelo controle sobre o seu próprio trabalho, mas
procura controlar as decisões de carácter administrativo que lhes dizem respeito (MONTEIRO, 1999).
Figura 2 - Ilustração de alguns setores de um hospital: sala de atendimento, internação, sala de exames, sala
de espera e recepção
Fonte: elenab, Mediapool, 2020.
E� nesse contexto que, à medida que as regras mudam (novas ferramentas de recompensa, diferenciação de
carreiras pro�issionais e administrativas, entre outros) e a turbulência ambiental aumenta (pressão dos
cidadãos, necessidade de contenção de custos, qualidade, medicina baseada em evidências etc.), pressões
principalmente �inanceira, de expectativas e de especialização, fazem com que os hospitais sintam cada vez
mais a necessidade de recon�igurar seu design interno (LEGA; DE PIETRO, 2005).
Na área �inanceira os hospitais são responsáveis por uma parte considerável dos gastos da população e
precisam ser mais e�icientes para justi�icar esses gastos. Principalmente porque eles foram afetados por cortes
nos orçamentos, principalmente os hospitais que precisam de �inanciamento público, mas ao mesmo tempo
precisam atender as necessidades de seus pacientes (LEGA; DE PIETRO, 2005).
As expectativas do público em relação à assistência médica, a necessidade de prestação de contas e a
padronização da prática clı́nica são exigidas por ambos os consumidores e órgãos reguladores pro�issionais. A
combinação desses esforços tem sido denominada “governança clı́nica”, pois requer um hospital para integrar
controle �inanceiro, desempenho do serviço e qualidade clı́nica.
A especialização é um processo contı́nuo das ciências médicas, os hospitais requerem treinamento contı́nuo
para médicos e enfermeiros para garantir que eles possam responder rapidamente às mudanças no ambiente. 
CASO
Os hospitais sofrem muitos questionamentos quanto ao seu modelo produtivo e tem
sido frequentemente gerenciado por pro�issionais de outras áreas, sem
conhecimentos sólidos em administração. Nesse contexto surge a necessidade de
conhecer o consumo de recursos dentro do processo de prestação de serviços,
acompanhamento e controle para tomada de decisão adequada.
Nesse contexto foi realizada uma pesquisa em um hospital de Florianópolis - SC para
levantar as di�iculdades de implantação de um sistema de custos. As informações
levantadas culminaram na identi�icação de oito fatores que mais di�icultam o
processo de implantação de um sistema de custos na área hospitalar, a saber: (1)
falta de escopo do projeto, (2) falta de participação da direção, (3) utilização de
consultores, (4) resistência cultural, (5) falta de conhecimento para usar as
informações, (6) divisão funcional arraigada e sem visão de processo, (7) necessidade
de uso de um software e (8) necessidade de treinamento.
A autora concluiu que para lidar com essas di�iculdades é preciso interesse da
organização e levar em conta as barreiras que esse processo irá encontrar (ROCHA,
2004). 
1.4 Sistema de saúde brasileiro – suas origens, pontos fortes
e fracos
No Brasil, a saúde é uma das áreas que sofre maior interferência e regulação do governo. Grande parte dos
hospitais brasileiros está, em maior ou menor nı́vel, envolvido com o Sistema U� nico de Saúde (SUS). As Santas
Casas, por exemplo, são instituições privadas, mas que atendem principalmente pacientes cobertos pelo SUS. 
Determinados serviços são executados exclusivamente pelo SUS, como é o caso dos transplantes, por exemplo,
em que a �ila é única e é controlada pelo SUS (SALU, 2013).
1.4.1 Antecedentes do SUS
A Constituição a�irma que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polı́ticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, [2016]). A Constituição também
estabelece a organização do sistema público de saúde de acordo com as seguintes diretrizes:
I — descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II — atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuı́zo dos
serviços assistenciais [e];
III — participação da comunidade (BRASIL, [2016]). 
Antes da criação do Sistema U� nico de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde (MS), com o apoio dos estados e
municı́pios, atuava de forma bastante limitada na vida da população brasileira as ações de promoção da saúde
e prevenção, como as campanhas de vacinação (MINISTE�RIO DA SAU� DE, 2002). 
Inicialmente a assistência à saúde era feita por meio do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que
posteriormente passou a ser chamado de Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS).
VOCÊ QUER VER?
O documentário “A Revolta da Vacina”, dirigido por Eduardo Vilela Tielen, 2015, trata
da história da vacina da varıóla e a revolta popular ocorrida na mesma época. Traz
uma perspectiva interessante de alguns aspectos do sistema de saúde da época.
Assista em: https://www.youtube.com/watch?v=amwFWGMJhUw&feature=emb_title.
O INAMPS prestava assistência a seus associados, aqueles que faziam parte da economia formal, e seus
dependentes. Quanto mais desenvolvida a economia de uma região, com maior presença de trabalho formais
e, consequentemente, maior o número de bene�iciários do INAMPS (MINISTE�RIO DA SAU� DE, 2002).
Assim, nesse perı́odo pré-SUS os cidadãos estavam divididos em três categorias quanto à assistência à saúde:
a) aqueles que podiam pagar pelos serviços, b) aqueles que tinhamdireito a assistência prestada pelo
INAMPS, e c) aqueles que não tinham nenhum direito (MINISTE�RIO DA SAU� DE, 2002).
Depois de diversas mudanças, no �inal dos anos 80, o INAMPS adotou uma série de medidas que o
aproximaram mais de uma cobertura universal, que foi o inı́cio da caminhada para a assistência universal que
temos hoje.
Em 1988, a Constituição Federal, no art. 196, determinou que “a saúde é direito de todos e dever do Estado(...)”
e, no art. 198, que: “o sistema único de saúde será �inanciado com recursos do orçamento da seguridade
social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municı́pios, além de outras fontes”. Aqui foi
implantada a universalidade do acesso aos serviços de saúde, o que foi um grande passo no acesso à
população a esses serviços, pois principalmente os trabalhadores informais e / ou população de baixa renda,
�icava praticamente excluı́da no sistema anterior. Em termos de responsabilidade, caberia ao governo prover
saúde integral e gratuita para toda a população (SALU, 2013).
A Lei nº 8.080 instituiu o SUS, com comando único em cada esfera de governo e de�iniu o Ministério da Saúde
como gestor no âmbito da União (PIOLA et	al., 2013). Com o estabelecimento do SUS, foi implantado o acesso
universal a saúde, ao menos em termos de legislação (SILVA, 2011). Destaca-se que as mudanças
estabelecidas pela legislação não resolveram, em termos práticos, as limitações de acesso aos serviços de
saúde. Como o SUS utilizava a estrutura já existente do INAMPS, os recursos disponı́veis não eram su�icientes
para atender necessidades de toda a população (PIOLA et	al., 2013). 
VOCÊ QUER LER?
O documento do Ministério da Saúde intitulado “O Sistema Público de Saúde
Brasileiro”, publicado em 2002, trata de forma de forma detalhada a construção e
história do sistema de saúde brasileiro, desde logo antes da criação do Sistema U� nico
de Saúde. Acesse e leia o documento na ıńtegra:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sistema_saude.pdf
(https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sistema_saude.pdf ).
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sistema_saude.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sistema_saude.pdf
1.5 O Sistema Único de Saúde (SUS)
O Sistema U� nico de Saúde (SUS) se baseia em três princı́pios. 
O SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo e, nos anos 2000, o único a fornecer
assistência integral e gratuita para toda a população, inclusive aos pacientes portadores do HIV, pacientes
renais crônicos e pacientes com câncer (MINISTE�RIO DA SAU� DE, 2002).
Com a Constituição de 1988 o registro no mercado formal de trabalho não servia mais para discriminar o
acesso aos serviços públicos de saúde (TREVISAN; JUNQUEIRA, 2007). Além disso, a busca pela
descentralização dos serviços de saúde prestados pelo SUS, seguindo a determinação da Constituição de 1988,
foca na transferência de poder, responsabilidades e recursos da União e dos estados para os municı́pios
(PIOLA et	 al., 2013). Contudo, a União mantém o controle do repasse de recursos (TREVISAN; JUNQUEIRA,
2007) e essas transferências, em boa parte, são condicionadas ou vinculadas à ações e programas especı́�icos
(MACHADO; LIMA; BAPTISTA, 2011).
Em termos de área de atuação, o SUS também trata de outras questões como a Vigilância Sanitária, de
responsabilidade da ANVISA, a saúde das populações indı́genas e regulação da saúde suplementar à saúde que
é responsabilidade da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) (MINISTE�RIO DA SAU� DE, 2002).
Nos anos 90, os municı́pios passaram a receber mais responsabilidades no sistema de saúde, já nos anos
2000 a esfera estadual também ganhou destaque por meio da Norma Operacional Básica do SUS (NOB-96) e da
Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS) (UGA� ; SANTOS, 2006).
De acordo com Machado; Lima e Baptista (2011), em termos de divisão das funções de gestão podemos
identi�icar quatro grandes funções na gestão da saúde pública no Brasil: a) formulação de
polı́ticas/planejamento; b) �inanciamento; c) regulação, coordenação, controle e avaliação (do sistema e dos
prestadores); d) prestação direta de serviços de saúde. 
Universali
zação
Considera a saúde como um direito de todos e cabe ao Estado assegurar este direito.
O acesso deve ser garantido, independentemente de sexo, raça, religião, ocupação ou
outras caracterı́sticas pessoais ou sociais.
Equidade	
	
O objetivo desse princı́pio é diminuir desigualdades, ou seja, investir mais onde a
carência pelos serviços é maior.
Integralid
ade
Pressupõe a articulação da saúde com outras polı́ticas públicas que tenham
repercussão na saúde e na qualidade de vida dos indivı́duos. 
#PraCegoVer:	 uma mulher trabalha em planilha no computador e segura um lápis para fazer anotações,
representando a realização de atividades de regulação, coordenação, controle e avaliação, referentes ao
sistema e dos prestadores de serviços.
 
Já o �inanciamento do SUS é uma responsabilidade comum dos três nı́veis de Governo (MINISTE�RIO DA
SAU� DE, 2002). Além das transferências do Fundo Nacional de Saúde, os fundos estaduais e municipais
recebem aportes de seus próprios orçamentos. Alguns estados promovem repasses de recursos próprios para
os fundos municipais de saúde, de acordo com regras de�inidas no âmbito estadual (MINISTE�RIO DA SAU� DE,
2002). Contudo é sabido que não há recursos su�icientes para prover a saúde no modo como especi�ica o SUS,
os recursos arrecadados não são aplicados adequadamente e a abrangência e qualidade dos serviços de saúde
são muito inferiores ao esperado (SALU, 2013). Ainda há gastos que dizem respeito à justiça tributária e não
são contabilizados no gasto total com saúde. São conhecidos como subsı́dios ou renúncia �iscal, isenções e
abatimentos. (PIOLA et	al., 2013).
Outra caracterı́stica importante do �inanciamento do SUS é o foco na descentralização das origens dos
recursos, entre os anos 90 e 2000 foram ampliadas as responsabilidades de estados municı́pios nessa questão
(UGA� ; SANTOS, 2006).
Figura 3 - Representação de atividade de coordenação, controle e avaliação
Fonte: Rawpixel.com, Mediapool, 2020.
1.6 O sistema privado de saúde no Brasil
O sistema de saúde brasileiro compreende um sistema público-privado misto, no qual os serviços privados
complementam os serviços públicos e competem entre si (PILOTTO; CELESTE, 2017), a parte privada do
sistema é chamada de saúde suplementar.
Uma parte privada do sistema de saúde brasileiro consiste em serviços de saúde privado, que oferece
diferentes tipos de planos, com diferentes coberturas, taxas mensais e subsı́dios �iscais (PILOTTO; CELESTE,
2017). 
1.6.1 Saúde suplementar
No Brasil o sistema de saúde é pluralista tanto em termos institucionais quanto no que diz respeito a fontes de
�inanciamento e a modalidades de atenção à saúde. Essa pluralidade se expressa em quatro vias básicas de
acesso da população aos serviços de saúde. 
#PraCegoVer:	no quadro, destacam-se as vias de acesso aos serviços de saúde no Brasil .
A saúde suplementar é regulada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) (MINISTE�RIO DA SAU� DE,
2020b). Esses serviços podem ser utilizados por qualquer indivı́duo, dependendo da disponibilidade do
serviço de saúde ou de sua capacidade de pagamento.
Uma questão que merece destaque é que o desembolso direto é mais difundido nos paı́ses mais pobres, o que
aumenta ainda mais a inequidade e exclusão dos mais pobres no acesso aos serviços de saúde.
O setor de saúde suplementar, muitas vezes, atua oferecendo complementação, em função de coberturas
incompletas do serviço público, como taxas adicionais de consulta, serviços especializados não cobertos e
outros casos (SCHULTZ, 2010). O setor privado brasileiro é bem dinâmico e inclui prestadores privados ao
SUS, planos e seguros de saúde, ao qual estão vinculados cerca de 50 milhõesde pessoas, que também utiliza
o SUS (MACHADO, 2018).
O caso brasileiro mostra que há espaço para a oferta de forma privada dos serviços que a população precisa,
mas não são oferecidos pelo sistema público, e como nenhum sistema de saúde é capaz de oferecer todo e
qualquer procedimento, essa mistura de público-privado é inerente em todos os sistemas de saúde (PIOLA et
al., 2013). Depois dos anos 60 foram incrementados os incentivos governamentais à contratação de
prestadores privados (MACHADO, 2018), mas isso também gera crı́tica, pois os subsı́dios para contratação de
planos de saúde, via renúncia de arrecadação �iscal, poderiam ser destinados ao SUS para prover assistência
médica aos segmentos mais vulneráveis da população (SCHULTZ, 2010).
1.6.2 Planos de saúde
Na década de 50 surgiram os primeiros planos de saúde, esses eram vinculados às empresas que
proporcionavam esse benefı́cio aos seus colaboradores. Esses planos não tinham uma base legal adequada,
mas já utilizavam os moldes de arrecadação de recursos com as empresas e empregados que são utilizados até
hoje. Dois exemplos desses planos são a Cassi (Caixa de Assistência aos Funcionários do Banco do Brasil) e da
Geap (Instituto de Aposentadorias e Pesões dos Industriários). Outras empresas, como Petrobrás, Eletrobrás,
Copel, Sanepar, Sabesp adotaram o mesmo modelo posteriormente. Os planos de saúde como conhecemos
hoje foram moldados nos anos 60, chamados de planos de assistência médica e posteriormente, em 1970,
chamados de seguros de saúde (SCHEIDWEILER, 2019).
Quadro 2 - Vias de acesso aos serviços de saúde no Brasil
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em PIOLA et al., 2013.
Na década de 90 houve avanços com o Código de Defesa do Consumidor, e em 1998 a Lei n. 9.656, de 3 de
junho de 1998, de�iniu as regras especı́�icas do setor, em 1999 a ANS passou a estabelecer de forma mais
detalhada a regulamentação para o setor.
No Brasil os planos podem ser contratados pela pessoa fı́sica e familiares, ou por uma empresa a qual o
indivı́duo esteja vinculado. O plano deve garantir o direito a atendimento em nı́vel ambulatorial, exames
complementares, procedimentos cirúrgicos, tratamentos de alto custo e outros necessários para o
atendimento.
Em 2018 existiam por volta de 47 milhões de bene�iciários de planos de saúde e aproximadamente 24 milhões
de bene�iciários de planos odontológicos. (SCHEIDWEILER, 2019). 
#PraCegoVer: a mão de uma pessoa assinando documentos em papel, representando os contratos realizados
entre as companhias que oferecem planos de saúde e os sujeitos que os contratam.
 
Um plano de saúde pode ser adquirido de forma individual ou coletiva, o pagamento acontece através de uma
quantia mensal �ixa, independente do uso que se faz dos serviços de saúde credenciados. Boa parte da
população economicamente ativa e com trabalho formal, utiliza os serviços oferecidos pela saúde
suplementar. Tanto que muitas decisões governamentais promovem incentivos diretos e indiretos para o
desenvolvimento do mercado privado de saúde, tanto na prestação de serviços quanto na gestão privada da
assistência, paralela à ampliação da cobertura pública (PIOLA	et	al., 2013).
Os planos de saúde também enfrentam desa�ios em sua gestão, como gerir os riscos relacionados a pacientes
com diferentes nı́veis de necessidade de serviços de saúde. Pois as operadoras precisam seguir a legislação
que limita as restrições de serviços e reajustes, como a Lei 9.656 de 3 de junho de 1998 (KANAMURA, VIANA,
2007).
Em contrapartida, as operadoras desenvolvem uma seleção adversa por meio da qual empresas de assistência
à saúde selecionam indivı́duos que não interessam na carteira, por apresentarem patologias ou pela idade,
devido ao custo assistencial demandado nestes grupos. Tentando se proteger, e garantir o lucro, as empresas
investem na criação de setores de gestão risco, visando criar barreiras à adesão de indivı́duos doentes ou
idosos (SCHULTZ, 2010).
Figura 4 - Planos de saúde requerem contratos, individuais ou coletivos
Fonte: Saklakova, Mediapool, 2020.
1.7 Sistemas de saúde em outros países – suas origens,
pontos fortes e fracos
A organização do sistema de saúde pode variar muito de paı́s para paı́s. Dadas essas variações, é interessante
discutirmos as caracterı́sticas dos sistemas de alguns outros paı́ses e comparar com o sistema brasileiro.
Para isso foram selecionados dois sistemas de saúde, um europeu e um latino-americano, que apresentam
importantes contrastes com o sistema brasileiro. Discutimos aqui os sistemas britânico e argentino. 
1.7.1 O sistema de saúde britânico
Criado em 1948, o National Health Service (NHS) é o sistema de Saúde do Reino Unido, possui caráter público
e foi organizado em três componentes: serviços hospitalares especializados, serviços quali�icados e de saúde
pública (NICOLETTI; DE MATTOS FARIA, 2017). Seus principais objetivos eram estar disponı́vel para todos os
que necessitam de cuidados de saúde, ser abrangente na prestação de serviços e ser livre para o uso (OLIVER,
2005), que são os mesmos objetivos que guiaram a criação do SUS (NICOLETTI; DE MATTOS FARIA, 2017).
Isso leva a crer que o NHS poderia ter servido de base para a criação do SUS (NICOLETTI; DE MATTOS FARIA,
2017).
Nos anos 90 o sistema sofreu algumas reformas que rea�irmaram seu o caráter universal e reverteram a
polı́tica de cortes (TANAKA; OLIVEIRA, 2007). O sistema permaneceu integralmente público e centralizado até
2004, quando houve uma separação para os quatro paı́ses que compõem o Reino Unido: Inglaterra, Escócia,
Paı́s de Gales e Irlanda do Norte. Atualmente, a base do sistema permanece a mesma nesses paı́ses, mas a
execução apresenta algumas peculiaridades em cada um deles (NICOLETTI; DE MATTOS FARIA, 2017).
VOCÊ SABIA?
A NHS tem um site voltado para os usuários do sistema de saúde britânico. Ele
apresenta dados como localização de hospitais, dentistas, clıńicas e outros serviços
de saúde e disponibiliza aplicativos para ajudar os usuários a gerenciar e
melhorar sua saúde, informações sobre medicamentos. Também apresenta
indicadores de saúde e outras informações sobre o funcionamento do sistema.
Conheça mais em: https://www.nhs.uk/ (https://www.nhs.uk/).
https://www.nhs.uk/
https://www.nhs.uk/
Quanto a execução dos serviços em si, o acesso começa com o registro dos usuários em uma unidade básica
de saúde na qual um grupo de médicos clı́nicos gerais trabalham em conjunto, de maneira associada ou
contratada. Essas clı́nicas funcionam como sistema de �iltragem e são responsáveis por uma lista de pessoas
cadastradas na unidade básica de saúde, geralmente por referência geográ�ica (DE OLIVEIRA TOSO; FILIPPON;
GIOVANELLA, 2016). Esse nı́vel de atendimento inclui serviços como consultas médicas, exames,
contraceptivos, procedimentos cirúrgicos simples e imunizações. Ainda, existem unidades que atendem
situações especı́�icas: usuários de drogas, saúde mental ou grupos vulneráveis (DE OLIVEIRA TOSO;
FILIPPON; GIOVANELLA, 2016).
Outras inovações foram introduzidas no sistema são os NHS	Walk-in	Centers e o NHS	Direct. Adicionalmente a
essa ampliação na atenção primária, foi determinado o nı́vel de Atenção Secundária, que abrange atendimento
ambulatorial especializado e procedimentos de alta complexidade realizados em hospitais (TANAKA;
OLIVEIRA, 2007).
Em termos de �inanciamento, a maior parte do �inanciamento do sistema de saúde britânico advém do setor
público, principalmente de impostos gerais, com uma pequena contribuição do sistema de Seguridade Social.
Portanto, o sistema público inglês conta com fontes de �inanciamento semelhante às do SUS (TANAKA;
OLIVEIRA, 2007).
O único gasto dos cidadãos britânicos no sistema público de saúde se refere ao pagamento por prescrição
medicamentosa ambulatorial. O repasse dos recursos para os diferentes municı́pios se dá por um critério per
capita, com basede captação ponderada, ou seja, é ajustado a fatores demográ�icos e epidemiológicos, como
idade, saúde e localização da população (TANAKA; OLIVEIRA, 2007).
Nessa questão a NHS difere bastante do SUS, no qual os recursos �inanceiros têm sido realocados visando a
atenção primária, mas a maior parte dos esforços ainda �icam nos serviços de média e alta complexidade
(TANAKA; OLIVEIRA, 2007)
Outro aspecto importante, em se tratando de �inanciamento em saúde, é a crescente participação do setor
privado em ambos os sistemas. A Inglaterra com economia abalada pela crise europeia de 2009 levou o
governo a estabelecer polı́ticas de cortes no NHS, estimando reduzir os gastos em saúde em 20 bilhões de
libras entre 2010 e 2015. Mas os gastos públicos do paı́s permanecem superiores a 80% e a cobertura de
serviços da população não foi afetada mesmo com a crise, mostrando que o sistema foi capaz de manter o seu
caráter universal (NICOLETTI; DE MATTOS FARIA, 2017).
Desde sua criação o NHS buscou o fortalecimento da atenção básica para garantir que todos recebam cuidados
primários básicos, incluindo imunizações de rotina, antes que os recursos sejam gastos em transplantes
cardı́acos ou em outros serviços com custos muito altos e que trazem pequenos benefı́cios a poucas pessoas
(ENTHOVEN, 1991). Diferente do SUS, no qual as polı́ticas para melhorar efetivamente a atenção básica foram
publicadas tardiamente (NICOLETTI; DE MATTOS FARIA, 2017).
1.7.2 O sistema de saúde argentino
O sistema de saúde da Argentina consiste em três subsistemas separados, mas inter-relacionados: o setor
público, o setor privado e os fundos de seguro social de saúde. Como muitos paı́ses latino-americanos, a
Argentina possui um sistema de saúde fragmentado e segmentado (CAVAGNERO, 2008).
O governo de Perón (1946-1955) fortaleceu as mutuais, antecessoras das obras sociais, mas nas últimas
décadas houve predominância do sub�inanciamento e a fragmentação do sistema de saúde de acordo com a
capacidade de pagamento dos pacientes (MACHADO, 2018).
Na década de 90 o governo implantou reformas voltadas para abertura econômica e privatização, essas
reformas foram realizadas em aliança com os empresários, Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional
(MACHADO, 2018). 
Entre os anos 90 e 2000 foram realizadas mais mudanças, mas muitas provı́ncias persistiam com
sub�inanciamento e di�iculdades no acesso aos serviços (MACHADO, 2018).
O sistema de saúde da Argentina é atualmente composto por três setores integrados entre si e fragmentados no
interior: setor público, setor social seguro obrigatório (Obras Sociais) e setor privado. 
VOCÊ QUER LER?
O site do ministério da saúde da Argentina disponibiliza notıćias, formações e
capacitações, banco de recursos e campanhas, informações epidemiológicas, e muitas
outras informações. Acesse e conheça mais em: https://www.argentina.gob.ar/salud
(https://www.argentina.gob.ar/salud).
O setor público está integrado pelas estruturas administrativas provinciais e nacionais de nı́vel
ministerial, e os hospitais e centros de saúde públicos que oferecem serviços gratuitos a toda a
pessoa que procura, em geral pessoas com segurança social e com capacidade de pagamento
(BELLO� ; BECERRIL-MONTEKIO, 2011). O setor público se �inancia com recursos �iscais. A
administração central e os organismos provinciais descentralizados se �inanciam
fundamentalmente com recursos do pressuposto nacional (BELLO� ; BECERRIL-MONTEKIO, 2011). 
O setor de seguro social obrigatório se organiza no torno das Obras Sociais que cobrem os
trabalhadores assalariados e suas famı́lias após dois anos de atividade. Além disso, cada uma das
provı́ncias cuida de um sistema operacional que cubra os locais públicos de jurisdição. O
�inanciamento das Obras Sociais nacional provém do pagamento de 8% do salário dos
trabalhadores ativos; 3% para o trabalhador e 5% para o patrão. O OS das provı́ncias se �inancia da
mesma forma, com contribuições dos administradores governamentais e contribuições dos
governos provinciais na qualidade dos implementadores. Uma parte das contribuições para o OS
�inanciado pelo Fundo Solidário de Redistribuição, que se destina a aumentar a equidade na
distribuição dos recursos entre as entidades (BELLO� ; BECERRIL-MONTEKIO, 2011).
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Setor	público
Setor	de	seguro	social	obrigatório
https://www.argentina.gob.ar/salud
https://www.argentina.gob.ar/salud
O ministério da saúde argentino possui a responsabilidade sobre as funções de normalização,
regulamentação, planejamento e avaliação das ações de saúde, conta com diversos organismos
descentralizados e também administra programas especiais como os programas de imunização, maternidade e
infância, HIV e doenças sexualmente transmissı́veis.
Nas últimas décadas foram implantadas, na Argentina, diversas polı́ticas e estratégias que iniciam o
reconhecimento da deterioração da e�iciência operacional e da igualdade de distribuição tanto do setor público
como do setor do sistema operacional (BELLO� ; BECERRIL-MONTEKIO, 2011).
O modelo argentino constitui um caso especı́�ico por alta fragmentação. A cobertura do serviço de saúde se
encontra distribuı́da entre o setor público, o Obras Sociais e o setor privado, com uma fraca coordenação entre
setores.
O setor privado inclui: a) os pro�issionais que prestam serviços independentes a pacientes
particulares associados as Obras Sociais especı́�icos ou a sistemas privados de medicina pré-
pagados; b) os estabelecimentos assistenciais, contratados também por OS, e c) as entidades de
seguro voluntário (BELLO� ; BECERRIL-MONTEKIO, 2011). As atividades no setor privado são
�inanciadas com matérias primas que vendem produtos e com pagamentos da população que não
têm um seguro de saúde e que recebem a atenção de um prestador privado (BELLO� ; BECERRIL-
MONTEKIO, 2011). O setor privado de seguro de saúde é composto por organizações sem �ins
lucrativos e com �ins lucrativos, conhecidas como mútuos e pré-pagas, respectivamente
(CAVAGNERO, 2008). 
•
Conclusão
Concluı́mos essa unidade na qual abordamos a importância da gestão de saúde e algumas especi�icidades da
gestão em saúde. Também discutimos o funcionamento do sistema de saúde brasileiro (público e privado) e
como funcionam os sistemas de saúde britânico e argentino. 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
conhecer a importância da gestão em saúde;
conhecer o funcionamento do sistema único de saúde; 
conhecer o funcionamento do sistema de saúde privado no
Brasil; 
compreender o funcionamento dos planos de saúde no Brasil;
entender um pouco sobre a configuração dos sistemas de saúde
em outros países. 
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Setor	privado
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