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TGDP - André Gualtieri

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TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA 
 
- André Gualtieri 
 
- Bibliografia: 
- Lições Preliminares de Direito – Reale 
- Compendio de I.C.D – Maria Helena Diniz 
- Manual de Introdução ao Estudo do Direito – Rizatto Nunes 
- Noberto Bobbio 
 
- Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional – Flávia Piovessan 
- A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos – Fábio Konder Comparato 
 
1. Direito Objetivo e Direito Subjetivo: 
 
a) Considerações Iniciais: 
- O direito é algo que comporta diversas definições, é um termo, uma palavra 
polissêmica. 
- Trata-se de uma dicotomia tradicional (direito objetivo e subjetivo). 
- O direito é considerado como um fenômeno objetivo e como um fenômeno 
subjetivo. Dentro do nosso idioma, que é o português, nós não temos termos 
diversos para tratar do direito sob enfoque objetivo e subjetivo. A palavra que 
utilizamos é a mesma quando nos referimos a direito subjetivo e objetivo: direito. No 
inglês os temas são diversos: o direito objetivo é o law e o direito visto sob ângulo 
subjetivo é chamado de right. 
- O direito é visto de modo objetivo, se vê o direito como algo que existe 
independentemente da existência da vontade das pessoas que estão sujeitas a ele. 
Sob esse ângulo o direito é um conjunto de normas, é um ordenamento jurídico. 
Esse conjunto de normas jurídicas regula a nossa vida, mas é um outro em relação 
a nós. Ele existe de modo independente da nossa vontade. 
- O direito sob enfoque subjetivo é visto sob o ângulo do sujeito, ele aparece como 
um direito que o individuo possui. 
 
b) Conceito de direito objetivo: 
- É o conjunto de normas jurídicas que possui vigência e eficácia na universalidade 
de um território. Direito objetivo é aquilo que chamamos de ordenamento jurídico. 
Ordenamento jurídico é o conjunto de normas jurídicas válidas. 
- Reale fala que é um equivoco reduzir o ordenamento jurídico à um conjunto de 
normas jurídicas. 
- O direito objetivo também é chamado tradicionalmente por um termo latino 
chamado de “norma agendi”, que pode ser traduzida como norma de conduta. O 
detentor da soberania que cria o direito objetivo. 
 
c) Conceito de direito subjetivo: 
- Direito subjetivo é o poder atribuído a um sujeito para fazer ou não fazer algo, ou 
para exigir de outros um comportamento determinado. Esse poder é chamado na 
doutrina de “facultas agendi”, que pode ser traduzido como faculdade de agir. Esse 
termo passa a ideia de que o direito subjetivo tem a ver com a faculdade, que o 
individuo detém. 
- É possível fundar um direito subjetivo independentemente do conceito de direito 
objetivo? É possível fundar um direito subjetivo com existência independente? 
 
Teorias sobre a natureza do direito subjetivo: 
1) Teoria da vontade (Windscheid): o direito subjetivo é a vontade juridicamente 
protegida. Crítica: não é adequado dizer que a vontade é o núcleo do direito 
subjetivo. Ser assumirmos essa ideia não conseguimos explicar o fato de que 
o nascituro tem direito subjetivo, os loucos tem direito subjetivo, etc. 
2) Teoria do interesse (Jhering): o direito subjetivo é o interesse juridicamente 
protegido. Há um interesse que cada um de nós temos e esse interesse por 
ter determinada relevância social, o direito protege. Crítica: interesse é uma 
palavra muito vaga, indeterminada. Há casos em que mesmo não havendo 
por parte do individuo efetivo interesse de que o direito proteja determinado 
bem, o direito protege. 
3) Teoria eclética ou mista (Jellinek): essa teoria diz que o direito subjetivo é o 
interesse juridicamente protegido que se efetiva através de uma manifestação 
de vontade. Crítica: como é uma junção das duas teorias anteriores, ela 
padece dos mesmos vícios dessas teorias. 
4) Teoria da garantia (Thon): direito subjetivo é a proteção que o ordenamento 
jurídico oferece à um titular de um direito, tornando efetivo. Crítica: se o direito 
subjetivo na verdade é a proteção que o ordenamento jurídico oferece, no 
fundo o direito subjetivo não é senão o próprio direito objetivo. 
5) Teoria de Kelsen: o direito subjetivo é apenas um reflexo de um dever jurídico 
que é estabelecido pela norma jurídica. Para Kelsen o que chamamos de 
direito subjetivo são os deveres estabelecidos pelas normas jurídicas. 
 
d) Conclusões: 
- A doutrina costuma chamar a atenção para o seguinte fato: se enxergamos o 
direito sob um ângulo mais psicológico, a tendência é dar relevância ao direito 
subjetivo. 
- Se adotarmos uma conclusão jusnaturalista (os seres humanos possuem direitos 
inalienáveis, independentemente de uma ordem estatal, de um poder soberano), 
esta será diferente da postura positivista, que diz que a única forma de direito que 
existe é o direito positivado pelo Estado. 
- A doutrina mais recente evita posicionamentos radicais. Eles buscam uma espécie 
de equilíbrio, dizem que é impossível conceber o direito subjetivo sem o direito 
objetivo. 
- Garcia Maynez diz que o que há entre direito objetivo e subjetivo é uma co-
implicação. A existência de um conceito pede a existência de outro conceito. 
 
2. Fontes do Direito objetivo: 
 
- O direito é um termo plurívico. Cada uma das fontes de direito segue uma forma de 
poder. 
- Fontes estatais (jurisprudência)/não estatuais (doutrina/costumes) 
1) Legislação: normas jurídicas em geral. Legislação é o conjunto de normas 
jurídicas emanadas do Estado, através de seus vários órgãos. Toda 
legislação emanada do Estado são legislação. O ordenamento jurídico é 
pensado sob a forma de pirâmide escalonada de normas. As normas de 
patamar inferior encontram sua validade nas normas de patamar superior. 
Todas as normas de um ordenamento jurídico terão um fundamento único de 
validade a Constituição Federal. Kelsen introduz uma ideia que leva 
estudantes de direito à pesadelos, que é a norma fundamental. Se quisermos 
analisar o direito de um modo científico e lógico, precisamos incluir a ideia de 
norma fundamental. Essa ideia está ligada ao modo como Kelsen construiu o 
seu pensamento. Está relacionada com a filosofia que constituía a base do 
pensamento de Kelsen. Kelsen não se limitou à isso, havia uma filosofia na 
base disso. Kelsen considerava que o fundamento de validade da 
constituição vigente seria a constituição anterior. O fundamento da primeira 
constituição seria a norma fundamental. A norma fundamental diz que a 
coletividade é obrigada a obedecer as normas estabelecidas pelo poder 
constituinte. 
 
2) Jurisprudência: é a forma de revelação do direito que se processa através do 
exercício da jurisdição, em virtude uma sucessão harmônica de decisões dos 
tribunais. Atualmente a jurisprudência tem ganhado cada vez mais 
importância dentro do direito. O direito moderno é construído sob o 
pressuposto de que ao juiz cabe tão somente aplicar a legislação feita pelo 
parlamento. Atualmente a concepção é no sentido de que o juiz cria norma 
jurídica, porque a norma jurídica é interpretação de um texto legislativo. A 
interpretação que vincula é a interpretação do juiz. 
- A jurisprudência cumpre um papel importante no que se refere à segurança 
jurídica. Quem aplica a legislação são os juízes e os tribunais e os afetados 
pela aplicação da lei são os cidadãos. Que não é do direito não consegue 
aceitar e compreender o fato de um juiz pode decidir num sentido e outro juiz 
pode decidir num outro sentido. Em certa medida, a sociedade precisa ter 
uma segurança de como as normas jurídicas serão aplicadas. Precisam 
saber qual será o resultado de determinada lide, como os tribunais costumam 
tratar aquele problema. Se não temos segurança a respeito de como 
determinada questão será tratada daqui algum tempo, não seremos capazes 
de planejar adequadamente nossas vidas. A jurisprudência reflete o modo 
como os tribunais veem e aplicam o direito. Há um esforço que inclusive é 
notado na própria legislação e nos códigos no sentidode uniformizar a 
jurisprudência. A uniformização gera uma maior segurança jurídica (artigos 
476 a 479 do CPC). 
 
- Alguns autores costumam mencionar que a jurisprudência também uma função 
psicológica, no sentido de que ela busca por parte da comunidade jurídica, uma 
adesão a determinada tese. Além disso, a jurisprudência tem função psicológica 
porque busca desestimular o juiz de primeira instância a decidir em dissonância com 
a jurisprudência dos tribunais. 
 
- Súmulas vinculantes: são instrumentos importantes na relação da jurisprudência 
com a segurança jurídica. Elas também dão maior celeridade processual (artigo 5°, 
LCCVIII e artigo 103-A da CF). 
 
- Argumentos contrários às súmulas vinculantes: as súmulas vinculantes 
comprometem os princípios do duplo grau de jurisdição, do processo legal, da 
inafastabilidade do controle judicial, do livre convencimento do juiz e da ampla 
defesa.As súmulas vinculantes também provocariam o engessamento da 
jurisprudência. As súmulas vinculantes representariam uma atribuição de feição 
legislativa ao judiciário, violando, portanto, a separação de poderes. 
 
- Argumentos favoráveis às súmulas vinculantes: as súmulas tornariam a justiça 
mais ágil evitando demandas sobre temas jurídicos idênticos. Contribuem para a 
segurança jurídica. Não há risco da estagnação da jurisprudência, as súmulas 
podem ser revisadas ou canceladas. Não ferem a separação de poderes, pois cada 
poder além das funções precípuas exercem funções secundárias. Não há 
transformação de juízes em legisladores, pois aqueles não possuem o amplo leque 
de opções políticas que estes tem de maneira relativamente discricionária. 
 
- O advento das súmulas vinculantes representão a aproximação do direito brasileiro 
com a common law. O direito brasileiro pertence à tradição civil law. Para a civil Law, 
a fonte primordial do direito é a legislação. A common law se estrutura de modo 
diferente, a fonte primordial do direito são as decisões judiciais. As súmulas 
vinculantes representam uma espécie de positivação de algo que é chamado de 
costume jurisprudencial. 
 
3) Costume jurídico: é aquele costume reconhecido pelo ordenamento jurídico 
como uma norma jurídica. O direito se construiu pelo primado do costume e 
muito tempo depois passou a haver o primado da lei no direito. O costume 
jurídico deve ser provado por aquele que o alega (artigo 337 do CPC). Os 
autores apontam 03 espécies de costume: 
a) Costume contra legem: pode ser traduzido como contra a lei. Esses 
costumes são importantes para se compreender o que se encontra no artigo 
2° da LICC. Esse artigo traz o chamado princípio da continuidade. Uma 
norma jurídica só pode ser retirada do ordenamento por outra norma jurídica. 
O costume não revoga norma jurídica. 
b) Costume secundumlegem: são os costumes utilizados por determinação 
legal. Artigo 445, §2° do Código Civil: 
c) Costume praeterlegem: na falta de lei. São os costumes usados na falta ou 
na omissão de lei. 
 
4) Doutrina: pode ser definida como resultado do estudo do direito pelos 
juristas. Os autores mais recentes tem dado importância a doutrina como 
fonte do direito, porque muito mais que a legislação, ela acompanha a 
mutabilidade social. 
- Para alguns autores, a doutrina não é fonte do direito. Para um doutrinador 
de peso, que é Miguel Reale, a doutrina não é fonte porque as fontes do 
direito são fontes porque seguem e são a decorrência da existência de um 
poder. Nessa concepção, não há como pensar o direito sem poder. O direito 
é fruto do poder. 
 
5) Poder negocial: são normas particulares que ligam os participantes da 
relação jurídica. Essas normas são chamadas de cláusulas negociais. 
Decorre da autonomia da vontade. A autonomia da vontade decorre do fato 
de que o ser humano éum ser que detém em alguma medida, liberdade. 
 
3. Princípios gerais do direito: 
 
- Princípios: 
- Princípios são o conjunto das proposições diretoras as quais todo desenvolvimento 
superior é subordinado. 
- O direito se desenvolve a partir de determinadas bases que são chamadas de 
princípios gerais do direito. 
 
- Princípios gerais de direito: 
- São enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a 
compreensão do ordenamento jurídico, que para a sua aplicação e integração, quer 
para a elaboração de novas normas. Os princípios gerais de direito são na 
concepção mais moderna, geradores de normas jurídicas. Exemplos: boa-fé, 
enriquecimento sem causa, função social da propriedade, preservação da autonomia 
da instituição familiar, princípio do pacta sunt servanda. 
 
- Características: 
 
1) São vagos, imprecisos 
2) Fundamentais na interpretação e aplicação do direito 
3) São usados na integração 
4) São importantes na evolução do direito 
5) Explícitos ou implícitos 
 
- O direito tem a sua origem em alguns fatores, podem ser fatores políticos ou 
ideológicos. As fontes dos princípios gerais de direito são múltiplas. Elas seriam: 
 
a) Próprio ordenamento jurídico: há entre as diversas normas jurídicas relações. 
As relações fazem com que o próprio funcionamento lógico do ordenamento 
jurídico crie princípios que dizem como o ordenamento funcionará. 
b) Ideias políticas e sociais vigentes: interferem diretamente na formação dos 
princípios gerais de direito. 
c) Substrato comum ao direito de todos os povos: há determinadas normas 
jurídicas que nós vamos conseguir encontrar em qualquer ordenamento 
jurídico. 
d) Direito natural: ideia de justiça, seria um direito justo e universalmente válido 
em qualquer momento histórico. 
 
4. Direito Intertemporal: 
 
a) Definição: 
- Direito intertemporal trata dos critérios utilizados pela ciência jurídica para 
solucionar o conflito de leis no tempo. Uma vez editada uma nova norma jurídica, o 
que há de se fazer com as situações anteriores à norma recém-editada? Quando 
uma norma é revogada, isso significa que ela perde vigência. O fato de ela perder 
vigência significa que ela deixa de ser aplicável. No entanto, embora a norma perca 
a vigência,não necessariamente ela perde a eficácia. Uma norma pode ser revogada 
e mesmo assim, ela continua regendo as situações que decorriam da época em que 
ela se encontrava vigente. Mas na nova norma pode surgir a pretensão se regular 
situações anteriores à ela. A doutrina costuma distinguir dentro do direito 03 tipos de 
situação quando uma lei nova entra em vigor. As situações são: 
1) Situações jurídicas pretéritas: são situações iniciadas e findas sob a vigência 
de uma mesma lei. 
2) Situações jurídicas pendentes: são situações iniciadas antes da vigência da 
lei nova, mas que perduram mesmo após a lei nova se tornar vigente. 
3) Situações jurídicas futuras: já se iniciam sob a vigência da lei nova. 
 
b) Critérios para solucionar o conflito de leis no tempo: 
1) Disposições transitórias: buscam lidar com os conflitos que poderão surgir, 
aparecer a partir do confronto da nova lei com a lei antiga. Em tese as 
disposições transitórias, tem disposições com vigência temporária. 
2) Princípio da irretroatividade das leis: diz que em regra, uma legislação nova 
valerá exnunc (de agora em diante). Esse princípio da irretroatividade pode 
ser encontrado na legislação duas normas importantes para compreender 
como deve ser adequadamente entendida a ideia do princípio da 
irretroatividade. 
 
- Artigo 6° da LINDB: “A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato 
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.” – o efeito imediato quer 
transmitir a ideia contida no princípio da irretroatividade. Mas esse artigo deve ser 
interpretado em consonância com o artigo 5°, XXXVI da CF: “a lei não prejudicará o 
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” – essa disposição esteve 
presente em todas as constituições, com exceção da Constituição de 1937. Pela 
interpretação dessasduas normas, a conclusão a que a doutrina chega a respeito 
do princípio da irretroatividade das leis é de que: a irretroatividade das leis não é 
absoluto. O princípio da irretroatividade não deve ser compreendido no sentido de 
que uma lei nunca poderá retroagir. O princípio da irretroatividade diz que a lei até 
poderá retroagir, a condição para que ela retroaja é desde que ela não viole direito 
adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada (ADI 605, Min. Celso de Mello). 
 
c) Critérios para a aplicabilidade do princípio da irretroatividade: 
 
- Critérios apontados por Maria Helena Diniz: 
1) As leis interpretativas são retroativas. As leis interpretativas são a 
interpretação autorizada de determinada lei. 
2) O princípio da irretroatividade vale tanto no direito privado quanto no direito 
público. 
3) Trata do direito processual e diz que no direito processual, vigora a regra do 
tempus regitactum – a legislação processual tem aplicação imediata. 
4) No direito penal e no direito tributário, as leis mais favoráveis ao réu e ao 
contribuinte retroagem 
5) As normas que se referem ao estado e à capacidade das pessoas, aplicam-
se imediatamente. 
6) Os direitos obrigacionais regem-se pela lei do tempo em que se constituíram. 
7) O direito dos herdeiros são regulados pela lei vigente à época da abertura da 
sucessão. 
 
5. Conceito de política: 
 
a) Origem do termo política: 
 
- A política é uma palavra que deriva do grego. A política é uma palavra que deriva 
do termo “polis” que em grego, quer dizer cidade. Essa palavra “polis” gerou um 
adjetivo que é “politikos”, que é tudo aquilo que se refere à cidade. E de “politikos” 
veio a palavra política. A polis era a cidade estado. A Grécia antiga não era um 
estado unificado, ela era composta por uma série de cidades independentes. 
 
b) Uso tradicional do termo política: 
- A palavra política está intimamente ligada à ideia de poder. Muitos até tratam 
política como sinônimo de poder. Política envolve disputas por poder. 
 
- A política é a arte de transformar as tendências sociais em formas jurídicas. Há 
uma disputa dentro de uma comunidade. Dentro de uma comunidade há várias 
tendências. O direito aparece como resultado da luta política. Machado de Assis diz: 
“aos vencedores, as batatas.” 
 
- Uma teorização da política é criação da cultura grega. Os gregos tratavam desse 
assunto como uma teoria que se referia à tudo aquilo que estava ligado às coisas do 
Estado. Tudo que de algum modo se relacionasse com as coisas do Estado, era 
considerado pelos gregos como tema da política. Para alguns essas coisas eram 
muitas, para Platão, quase tudo se ligava à vida do Estado. Platão vai tratar de como 
as crianças devem ser criadas, como Estado deve lidar com a propriedade privada, 
como as crianças devem ser educadas. Platão também fala dos poetas. Porque 
eram questões relacionadas ao Estado. Para Aristóteles, ele falava do direito, da 
família, da economia, etc. A teoria política na antiguidade englobava uma série de 
aspectos. 
 
c) Uso do termo política na modernidade: 
- A modernidade representa um rompimento com uma ordem que era harmônica. Na 
antiguidade e na idade média havia uma relação de harmonia entre direito, política e 
moral. Não havia a noção que há entre nós de separação estrita entre direito, moral 
e política. Essa ideia é uma ideia que começa a surgir na modernidade. Começa 
haver uma fragmentação por uma série de razões: reforma protestante, fim do 
feudalismo, revolução científica, etc. 
 
- Na modernidade o termo política se fragmenta. Os assuntos ligados ao problema 
da política vão ser tratados por uma série de ciência. Vamos ter o aparecimento da 
ciência política, da teoria geral do Estado, a filosofia política, etc. 
 
- A teoria geral do Estado é estudada dentro do direito. A filosofia política pertence à 
filosofia. A ciência política é um curso separado, houve uma fragmentação. O estudo 
da política ocorre dentro do direito e da filosofia, com enfoques diferentes, mas 
também, com semelhanças diferentes. 
 
d) Política e poder: 
- O tema fundamental no estudo da política é o tema do poder. 
- A palavra poder pode ser entendida como a capacidade que alguém possui de 
fazer com que as outras pessoas hajam do modo que ela quer. 
- Poder é o conjunto dos meios que permitem conseguir os efeitos desejados. 
- Max Weber diz que poder é a capacidade de impor a própria vontade. 
- Aristóteles disse que homem era um animal político (zoonpolitikon). Tomaz de 
Aquino diz que o homem éum animal social. A ideia de que está por traz dessas 
definições é sempre a mesma ideia, o homem é um animal que por natureza, vive 
em comunidade. O homem assim como as abelhas, é um animal social, é um animal 
que a sua natureza é uma natureza que implica a vida em comunidade. 
- Se somos seres sociais, isso quer dizer que toda a nossa existência é marcada por 
disputa de poder. É uma existência que envolve relacionamento com outros seres 
humanos. 
- A política não deixa de ser uma disputa por poder. Poder interfere na política, mas 
a política também busca interferir no poder. 
 
e) Tipologias moderna das formas de poder: 
- Na modernidade, costuma-se apontar formas de poder cuja fonte vem de lugares 
diferentes e que se manifestam também de formas diferentes. As formas de poder 
são: 
a) Poder econômico: é aquele poder que se vale da posse de certos bens para 
determinar a conduta das pessoas. Detém poder econômico quem detém a 
posse de certos bens que a torna capaz de influenciar ou de determinar o 
modo como os outros vão agir. Isso depende também do modo como a 
economia se constitui. Se há uma sociedade em que a posse de terras é 
muito importante par a economia, aquela pessoa que tiver muitas terras 
também terá muito poder econômico. 
b) Poder ideológico: é aquele poder que se funda na posse das ideias. É o 
poder que está relacionado com a capacidade de produzir e divulgar ideias. 
Nesse sentido, o poder ideológico é o poder típico daqueles que detém o 
conhecimento. É poder que vem da força das ideias. O poder ideológico está 
ligado à religião, à cultura e etc. As ideias muitas vezes são deixadas de lado. 
Muitas vezes as pessoas se esquecem do poder que as ideias têm. Há um 
autor da filosofia política, chamado Isaiah Berlin que tem um livro chamado 
“Quatro ensaios sobre a liberdade”, onde ele diz que determinado autor dizia 
nas suas obras sobre o poder das ideias. 
 
c) Poder político: (força mais legitimidade) é aquele que se funda sobre a 
posse dos instrumentos através dos quais se exerce a força física. O poder 
político se refere à algo que tem haver com o Estado. Qual é o instrumento 
que é utilizado para impor coativamente a norma jurídica? O Estado. Qual é o 
órgão que tem o monopólio da violência? O Estado. Essa noção de política 
acaba resultando na ideia de Estado. Se o poder político é o poder que se 
funda na posse dos instrumentos por meio dos quais exerce a força física, 
isso quer dizer que o poder político tem haver com a seguinte palavra: 
coação. O poder político é um poder coativo. Dos três tipos de poder que 
vimos, qual deles é o mais coativo? É poder político, porque ele é aquele 
poder que é definido ela posse dos instrumentos por meio dos quais a força é 
aplicada. É o poder que está mais diretamente ligado à ideia de força física e 
de coação. O poder econômico se funda na posse de riquezas, o poder 
ideológico se funda na posse das ideias. Nesse sentido podemos dizer que o 
poder político é o poder mais coativo de todos. É poder coativo no sentido 
mais estrito da palavra, ele envolve a ideia de coação. 
 
- O poder político não é sinônimo de força, mas envolve a possibilidade de 
aplicação de força. Em última análise, se necessário, detém a capacidade de 
aplicar a força. O poder político não se confunde com a força. 
 
- Bobbio diz que a ideia deforça é condição necessária para se compreender 
o poder político. No entanto, não é condição suficiente. 
 
f) Características do poder político:Os autores costumam apontar algumas 
características para o poder político: 
 
1) Exclusividade: o poder político não permite no seu âmbito de domínio, a 
formação de um poder paralelo, de um poder político independente. O poder 
político tem a pretensão de ser exclusivo dentro de determinado território. Por 
isso, o poder político não permite a formação de grupos armados, de grupos 
paramilitares etc. Também não permite a ingerência do exterior em questões 
domésticas. A ideia de exclusividade remete à ideia de soberania, ou de 
poder soberano. A ideia de exclusividade é exatamente a ideia de um poder 
que é o poder supremo, soberano em determinado território. Hobbes é um 
autor contratualista, ele utiliza a chamada teoria do contrato social para 
justificar a existência do direito e do Estado. O que o contratualismo buscava 
era a justificava de porque há Estado e porque há direito. A ideia de contrato 
social é de que em determinado momento, há entre os membros de 
determinada sociedade a formação de um contrato. Esse acordo é o que gera 
o Estado. A maior parte dos contratualistas lidava com a ideia do contrato 
social do seguinte modo: eles não acreditavam de fato que o contrato social 
tenha sido um evento que ocorreu historicamente. O contrato social era uma 
justificação racional para o Estado e para o direito. Era essa a função de 
contrato social. Hobbes explica o surgimento do Estado do seguinte modo: há 
um momento na história de uma comunidade que os contratualistas 
chamavam de estado de natureza. Esse momento do Estado de natureza é 
um momento em que segundo Hobbes, as pessoas viviam numa espécie de 
guerra, de luta de todos contra todos. No estado de natureza o homem é o 
lobo do homem. No estado de natureza há liberdade para se fazer qualquer 
coisa. Todos possuem uma liberdade absoluta, porque não há nada que limite 
a liberdade das pessoas. Todos tem liberdade à tudo. Essa liberdade 
absoluta acaba gerando segundo Hobbes, uma situação de enorme 
insegurança, de grande crueldade. Segundo Hobbes, no estado de natureza 
a vida é curta, dura, incerta, há uma norma insegurança, porque há qualquer 
momento está sujeito à perder aquilo que se tem para outra pessoa que é 
mais forte. O que existe no estado de natureza é a lei do mais forte. Esse 
estado de natureza existe até o momento em que as pessoas vão se cansar 
dele e conseguir criar algo diferente. Hobbes vai dizer que num certo 
momento, as pessoas cansadas de viver nesse estado de constante 
insegurança do estado de natureza, elas se reúnem e entre si fazem um 
contrato, o chamado contrato social. Esse contrato social é aquilo que vai dar 
origem à sociedade política. O contrato social dá origem ao Estado. As 
pessoas se reúnem e chegam a conclusão de que é necessário limitar a 
liberdade absoluta. Para fazer isso é preciso criar um órgão que esteja numa 
posição de superioridade em relação às pessoas. Esse órgão é o Estado. O 
resultado do contrato social é portanto, em troca da segurança recebida as 
pessoas abrem mão da sua liberdade. Os indivíduos passam a ter segurança, 
porque passa haver um estado que vai regular o funcionamento da 
comunidade. Passa haver um órgão que tem mais poder do que qualquer 
pessoa é a garantia dos indivíduos. Para ter essa segurança as pessoas 
abrem mão da sua liberdade de fazer qualquer coisa. Esse é o momento da 
criação do poder soberano. O poder soberano é o Estado, é aquele que vai 
garantir segurança. Estado de Leviatã: é um monstro bíblico. Para que a vida 
dos seres humanos seja possível, é preciso criar um Leviatã, que é um 
monstro que tem um poder maior do que qualquer outro e que sujeita todas 
as pessoas às suas regras. Esse poder soberano é soberano porque ele 
detém um poder absoluto, ele detém um poder máximo dentro de 
determinado território. Esse poder soberano detém uma capacidade de 
regular absolutamente a vida das pessoas. Todos os direitos dos indivíduos 
estão sujeitos ao poder soberano do Estado, com exceção do direito à vida. 
Fora isso, os demais direitos estão sujeitos ao poder soberano. A partir dessa 
ideia de Hobbes é que se constrói a ideia que temos de soberania. 
2) Universalidade: o poder político tem a característica da universalidade pelo 
fato de que ele é capaz de tomar decisões legítimas e eficácia dentro de 
determinado território. Aquilo que prescreve o poder político detém 
legitimidade e eficácia dentro do território de domínio desse poder político. 
3) Inclusividade: tem haver com o fato de que o poder político detém a 
capacidade, tem a potencialidade de intervir de modo coativo nos mais 
variados aspectos da vida das pessoas, dos indivíduos. Essa palavra 
inclusividade traz ideia de invadir, o poder político invade a esfera de 
liberdade de cada um de nós. Há uma esfera de liberdade que o Estado não 
consegue invadir. Encontramos uma espécie de luta entre a liberdade 
individual e o poder do Estado. O modo como o Estado vai buscar intervir, 
regular a liberdade individual de cada um vai variar de acordo com o tipo de 
estado deparado. Se estiver falando de um estado mais autoritário a 
tendência será que a liberdade diminua. Se estivermos falando de um estado 
de direito, o estado irá proteger a esfera de liberdade individual. O fenômeno 
do estado totalitário é aquele que mais chegou perto de se limitar a liberdade 
das pessoas. Alguns autores lembram da cidade de Esparta na Grécia antiga. 
Essa cidade tinham elementos que lembravam os estados totalitários do 
século XX. 
 
g) Tipologias do poder político (segundo Weber): 
 
- A explicação de Weber se tornou clássica. 
- Poder político é poder legítimo, é aquele poder que detém os instrumentos 
necessários para coagir alguém e que detém também legitimidade. Só a força não é 
suficiente para definir poder político. É justamente a ideia de legitimidade que torna 
possível explicar a razão da dominação. Se não fosse a legitimidade, não haveria 
obediência. Não há obediência fundada na pura força. A pura força em determinado 
momento se desfaz. É necessário haver razão para que aquele que obedece à 
ordem considere ser uma razão legítima, digna para gerar obediência. 
- Poder político é a possibilidade de coação cumulada com a legitimidade. Nenhum 
poder fundado simplesmente na coação perdura muito tempo. 
 
- Há 03 fundamentos da legitimidade. Esses fundamentos geram 03 tipos de poder 
político: 
 
a) Tradição: poder tradicional. É o poder político que se funda na tradição. É o 
poder político que se funda na autoridade do passado. Há costumes, há 
práticas que são práticas vigentes em determinada sociedade desde tempos 
e memoriais. 
b) Carisma: poder carismático. O poder carismático é o poder político ou a 
autoridade que se funda em dons extraordinários de determinado individuo. 
Ou seja, é a alteridade em que se funda naquilo que chamamos de carisma. 
O poder carismático é aquele poder típico, por exemplo, do político, do 
profeta, do dirigente de partido político, do demagogo, de um general que é 
eleito ou que se transforma em ditador. O poder dessas pessoas decorrem da 
capacidade que essas pessoas tem de se comunicarem com as massas. É 
fazer com que as massas adotem os seus posicionamentos e suas ideias. Os 
historiadores dizem que Hitller tinha muito carisma e que se comunicava 
muito bem com as massas. 
c) Razão: poder legal ou racional: é aquele poder que se funda na crença de 
que há um ordenamento jurídico que detém validade e que, portanto, deve 
ser respeitado, observado pelas pessoas. É o poder cuja a crença se funda 
na validade do ordenamento jurídico. Esse poder tem como representante a 
figura do servidor público, do agente público, que é aquele que age em 
virtude de lei, age porque a lei o autorizaagir daquela maneira. A sua 
autoridade se encontra no ordenamento jurídico. 
 
- Cada um desses fundamentos gera um tipo particular de poder político. 
 
- Weber diz que raramente essas 03 formas de poder político vão ser encontradas 
na sua forma pura. Na prática vemos essas formas misturadas dentro da sociedade. 
Encontraremos poder racional misturado com poder carismático e poder legal. 
 
h) Finalidade (o fim) da política: 
- Qual é a finalidade que a política busca obter, realizar? Podemos dizer que há um 
fim que justifica a existência da política. Há um fim que a política busca realizar? E 
que finalidade seria essa? Aqui vamos adotar como ponto de partida a explicação 
clássica de Weber. Ele diz que a finalidade da política é variável, portanto não há 
uma só finalidade que podemos identificar na política. Na verdade, a política 
comporta as mais diversas finalidades. Não há na história humana, nenhuma 
finalidade que já não tenha sido proposta pela política. O fim da política varia 
conforme a época, conforme o momento história, as condições naturais, condições 
econômicas e conforme o momento em que se vive. 
 
- Num momento em que o nosso país está sendo dominado por uma potência 
estrangeira, o fim da política será a independência nacional. Mas num momento de 
paz, o fim da política pode ser a produção de riquezas, um maior bem estar da 
população. Em tempo de guerra civil o fim da política pode ser a unidade, a 
reunificação do país. A finalidade para Webber é muito variável. 
 
A consequência disso é de que, se o fim da política varia, isso significa que só 
podemos definir a política pelo meio que ela utiliza. O meio da política é a força, é a 
possibilidade que o poder político detém de aplicação da força. Essa posição de 
Weber levou na concepção de alguns autores que à criticam à um afastamento da 
política em relação aos valores que servem de fundamento à ela. Ou seja, para os 
críticos essa postura levou à um afastamento da política em relação à ética. 
 
- Essa postura de Weber leva à uma remoção do juízo teleológico no estudo da 
política. Teleológico vem de “telos” que quer dizer fim, finalidade. O estudo da 
política se resume com os meios e não com os fins. No estudo da política supostas 
finalidades da política, como a justiça, bem estar e felicidade, devem ser deixados 
de lado. Neste sentido há um afastamento entre ética e política. 
 
- Essa postura de Weber não é propriamente uma novidade no mundo moderno e 
nem na filosofia política. Mas essa postura se tornou uma postura bastante 
considerada dentro das ciências humanas, pelo fato de que a obra de Weber tem 
um peso muito grande. Essa postura é chamada de neutralidade valorativa. Na 
concepção dele não seriamos capazes de fazer um juízo de certo ou errado dos 
valores. O juízo de certo e errado nós não somos capazes de fazer. Portanto, não 
somos capazes de dizer que um valor é superior ao outro. A consequência disso é o 
relativismo. Os valores que cada uma das sociedades estabelecem como 
fundamentais estão além da minha capacidade de julgar. Não existe valor absoluto. 
Assim dentro das ciências humanas deve ser adotada uma postura neutra com 
relação aos valores. Não posso me colocar favorável à um valor e contra outro valor. 
Essa postura influência Kelsen, que adota a postura weberiana quando vai construir 
a sua teoria. 
 
- Essa postura de Weber não é novidade no sentido de que de certo modo ela foi 
pensada pelos sofistas. Essa separação não é obra só de Weber. Essa separação 
entre ética e política também se dá em Maquiavel. 
 
- Maquiavel preferiu adotar uma postura realista com relação à política. Maquiavel 
escreve um livro chamado “O príncipe” e dedica a obra à um príncipe de Florença. O 
objetivo desse livro é dizer ao Médice como ele deveria governar. Se para manter o 
poder precisar cometer atos de crueldade, atos imorais, mandar matar alguém, não 
deve se exitar. Se isso for o necessário para se manter no poder, no campo da 
político isso está justificado. Alguns autores dizem que ao dizer isso, Maquiavel 
decreta o rompimento entre ética e política. A política quando foi pensada na 
antiguidade, ela foi pensada de modo diferente. Na concepção clássica, política e 
ética estavam conectadas. Na verdade, os antigos consideravam que o fim da 
política era algo que deveria ser buscado exatamente na ética. Aristóteles diz que a 
finalidade da política é produzir a felicidade das pessoas. A política existe em última 
análise para garantir o bem estar dos cidadãos e da comunidade. A política existe 
para de proporcionar a justiça. A concepção clássica vai nesse sentido. Hobbes 
tenta fundar uma ciência política. Ele diz que acha que ele foi o criador da ciência 
política. 
 
i) O político e o social: 
 
- Na tradição clássica político = social. Tudo que faz parte da vida da sociedade tem 
haver com a política. 
- As religiões também eram uma questão de política. O imperador romano era 
também o sumo sacerdote. 
 
- Na era moderna temos o político entendido de modo diferente do social. Temos 
uma separação entre o campo da política e o campo da sociedade, que são coisas 
diversas. Nesse momento, há o surgimento da antítese entre estado e sociedade 
civil. Cabe ao estado aplicar a coação e isso é a característica necessária para se 
definir o poder político. As razões para essa separação na modernidade é de que: 
uma das razões para que haja essa separação é o advento do cristianismo. O 
cristianismo surge na antiguidade, mas as modificações que ele produz na 
sociedade levam muito tempo para acontecer. 
 
- A partir do cristianismo passa haver uma separação entre a esfera política e esfera 
religiosa. 
- O advento da economia burguesa também contribui para a separação da política. 
O pensamento econômico que decorre disso é um pensamento que tende a separar 
a esfera do Estado da esfera da economia. 
 
- Bobbio diz que o campo da política na modernidade é visto como Estado. O Estado 
tem um papel decisivo fundamental. 
 
- Weber diz que o Estado moderno é um agrupamento de dominação que apresenta 
caráter institucional e que procurou (com êxito) monopolizar nos limites de um 
território a violência física legítima como instrumento de domínio. As questões 
políticas na modernidade vão fundamentalmente numa direção, que é a direção do 
Estado. A política moderna aparece sob a face do Estado. Esse Estado é um Estado 
que é uma instituição, ele institucionaliza algo, ele institucionaliza o monopólio da 
violência física legítima. O Estado é o órgão que detém o monopólio da aplicação da 
força. Mas nem sempre foi assim. Numa organização tribal por exemplo, a aplicação 
da força muitas vezes é pulverizada. Numa sociedade mais primitiva, a aplicação da 
força é feita sob a forma de vingança privada ou vendeta. Quando o Estado se 
constitui há a proibição da vingança privada. A vingança privada é uma ofensa ao 
Estado. É algo que concorre com o Estado. O Estado existe exatamente para aplicar 
a coação, ele detém o monopólio dessa aplicação. 
 
- Nem sempre as sociedades se constituíram dessa forma. Houve momentos em 
que a aplicação da violência legítima era pulverizada. Kelsen tem um livro que trata 
do direito internacional, onde ele faz uma comparação no sentido de que a ordem 
jurídica internacional é como as sociedades primitivas, em que a aplicação da 
coação é pulverizada. Não há a figura de um terceiro que se coloca em posição de 
superioridade, não há um estado mundial. As sanções no direito internacional são 
aplicadas de modo pulverizado. Um estado aplica sanção, mas pode não aplicar 
porque é uma questão de poder. 
 
VI - POLÍTICA E DIREITO: 
 
a) Concepção de Karl Schmidt X Kelsen: 
- Karl Schmidt adota uma concepção chamada de concepção realista, enquanto 
Kelsen adota uma concepção chamada de juspositivista. Essas duas concepções 
diferem a respeito decomo visualizar e compreender a relação entre direito e poder. 
A concepção de Karl Schmidt dá prevalência ao poder, ele vê o direito como um 
resultado de um ato de poder. Neste sentido, o poder antecede ao direito. Por essa 
concepção é possível entender a concepção de política. A constituição é o resultado 
de uma decisão política fundamental. 
 
- A concepção juspositivista traz a relação invertida entre direito e poder. Para 
Kelsen é o direito que antecede o poder. O poder é o resultado daquilo que se 
encontra estabelecido num ordenamento jurídico. Kelsen diz que o Estado que é a 
face mais visível do poder, é o próprio ordenamento jurídico. O poder então seria o 
resultado daquilo que se encontra estabelecido nas normas jurídicas. Muitos autores 
dizem que Kelsen teria criado uma teoria do Estado sem Estado. Não há diferença 
entre Estado e ordenamento jurídico. 
 
b) Análise de Bobbio: 
 
- Bobbio foi professor na faculdade de direito e também na faculdade de ciência 
política. Ele tinha uma boa visão tanto da teoria do direito, como da teoria política. 
Bobbio diz que o poder sem direito é cego, mas o direito sem poder é vazio. 
Ele quer mostrar que na visão dele, não há propriamente uma oposição entre direito 
e poder. Na verdade há uma relação de coimplicação. O poder implica na existência 
do direito e a existência do direito implica na existência do poder. 
 
- A norma fundamental é o ápice de uma pirâmide escalonada de normas. Bobbio 
diz que a ideia de soberania é construída da mesma forma que se constrói a ideia de 
norma fundamental. O poder soberano é o poder máximo. Se formos analisar as 
relações de poder, uma relação de poder deriva de outra, que deriva de outra e 
assim por diante. Mas todas elas estão fundadas no poder soberano. 
 
- O poder soberano é pensando do ponto de vista da teoria política. Para Bobbio 
isso mostra que na verdade, as análises não são opostas, elas diferem com relação 
apenas ao ponto de vista. Se formos olhar para o poder e olhar para o direito, iremos 
ver que o poder e o direito são duas faces de uma mesma moeda. Não há oposição 
entre poder e direito. No vértice das duas pirâmides lei e poder se convertem, são 
uma coisa só. Direito é uma face da moeda e o poder é outra face da moeda. Tanto 
no direito como no poder, a questão envolve afetividade naquilo que se ordena. A 
questão básica é a questão da efetividade. Nem política e nem direito existem sem a 
obtenção da efetividade. 
 
- Bobbio se filiou à uma visão do direito mais positivista, que tende à igualar direito à 
poder. Para o positivismo jurídico, poder é igual à lei. Isso significa dizer que para o 
positivismo jurídico, direito é igual a poder. A lei é fruto dessas relações de poder, de 
quem detém poder para editá-la. 
 
c) Concepção jusnaturalista da relação entre direito e poder: 
 
- Desde o início da filosofia já é possível encontrar posturas positivista e 
jusnaturalistas. Muitos autores identificam o início dessa briga numa obra do teatro 
que é a peça chamada “Antígona” (Sófocles). 
- A história de Antigona é que há uma guerra civil na cidade que divide uma família, 
que é a família de Antígona. Antígona tinha um irmão que luta contra a própria 
cidade. Por conta dessa guerra o governante edita uma lei dizendo que os cidadãos 
de Tebas que se colocarem contra a sua cidade, terão como pena a proibição de 
serem enterrados, caso eles venham a falecer em batalha. Hoje para nós isso não 
tem um peso tão grande. Na cultura grega, se uma pessoa não fosse enterrada, 
significava que ela estaria numa peregrinação eterna pelo além, era a mesma coisa 
de ir para o inferno. 
 
- Crítica jusnaturalista à essa concepção: o jusnaturalismo vai dizer que se na 
verdade não há como diferenciar direito de poder, a conclusão a que vamos chegar 
é de que não dá para diferenciar direito de força bruta, de pura força. Na verdade 
direito seria força, implicaria em ter mais força. Então não teria como construir um 
conceito de direito baseado numa ideia de justiça. O direito não seria nada além do 
que a força. O jusnaturalismo busca defender uma posição que diz que não é 
possível se pensar num conceito racional de direito sem se incluir nesse conceito 
também, o valor da justiça. Uma crítica bastante famosa ao positivismo pode ser 
encontrada na obra de Santo Agostinho: “conta a história de um pirata capturado por 
Alexandre o Grande, que lhe perguntou: “Como você ousa molestar o mar?”. “E 
como você ousa desafiar o mundo inteiro?”, replicou o ladrão.” 
 
- Essa história é contada para mostrar a falta de racionalidade que há na 
compreensão de que direito é só poder. O jusnaturalismo sempre busca evitar a 
imposição que o positivismo faz sobre o poder. Santo Agostinho diz que um reino 
sem justiça não passa de um grande bando de ladrões. No Estado em que não há 
justiça não é diferente de um bando de mafiosos. Para conceituar o direito não 
poderia abrir mão da justiça, porque sem ela o direito perde uma característica 
essencial. O direito nazista não era de fato direito, faltava à ele determinadas 
características essenciais para que ele pudesse ter um conjunto normativo jurídico. 
Essa análise se tornou famosa, clássica e passou a ser analisada e pensada ao 
longo dos séculos. 
 
- Kelsen também analisa essa oposição de Santo Agostinho e a ordem do bandido, 
que não é jurídica porque não contém justiça nela. Ele busca fornecer uma visão 
oposta à visão de Agostinho. O direito deve ser definido sem a justiça, segundo 
Kelsen. Kelsen estabelece uma oposição entre a ordem do Estado e a ordem do 
bandido. Ele busca encontrar algo que nos permita dizer que a ordem do Estado é 
diferente da ordem do bandido. Mas esse algo não pode sera justiça. Inicialmente 
ele diz que a ordem do Estado é diferente da ordem do bandido, porque ela possui 
um caráter objetivo e a ordem do bandido possui um caráter subjetivo. Uma ordem 
emanada do Estado está fundada em um elemento que é objetivo, está fora da 
própria vontade daquele que emana a ordem. Por outro lado a ordem do bandido 
está fundada na sua própria vontade. Kelsen desenvolve essa explicação para dizer 
que é possível se pensar num grupo de mafiosos, esse grupo possui um conjunto de 
normas que regem o funcionamento do grupo. Na concepção de Kelsen o elemento 
fundamental para se definir o direito é a eficácia e não a justiça. Um direito sem o 
mínimo de eficácia não é direito. Para ser direito precisa ter eficácia. Para que algo 
possa ser chamado de Estado, tem que ter a mesma eficácia. Kelsen não diferencia 
direito de Estado, direito e estado são a mesma coisa. 
 
d) Concepção de Perez Luño: 
 
- Esse autor diz que a análise que prevaleceu ao longo do século XX foi exatamente 
a análise positivista, que diz que direito e poder são a mesma coisa. Há um círculo 
vicioso entre direito e poder. Para sair desse círculo é preciso recorrer à moral. Se 
recorrermos à moral não é possível diferenciar direito de pura força. Então o direito 
seria resultado de um arbítrio. 
 
- Para Perez é preciso recorrer à moral para se pensar o direito, não há como fugir 
disso. Um direito fundado só na força carece de legitimidade. Tércio Sampaio diz 
que um direito que carece totalmente de justiça é um direito que perde sentido. Não 
é possível ver mais sentido em observá-lo. Cumpre-se o direito porque de algum 
modo encontramos e identificamos um elemento de legitimidade dentro do direito. 
Trata-se de elemento que remete ao que chamamos de justiça. Quando 
conseguimos identificar no direito padrões de justiça e proibição do homicídio, do 
roubo, a determinação de que se lesar o patrimônio de outrem deve recompor o 
dano, dão ao direito legitimidade. 
 
e) Teoria de Miguel Reale – teoria tridimensional do direito: 
-O direito possui 03 dimensões: fática, valorativa e normativa. 
- Miguel Reale com essa teoria buscou ao mesmo tempo se oporà concepções 
jusnaturalistas e realizar uma síntese entre todas as concepções. Ao longo da teoria 
do direito tivemos explicações que davam prevalência ora ao fato, ora ao valor, ora a 
norma. Dentro da teoria do direito encontramos também concepções que dão 
prevalência ao valor. A escola do direito natural dizia que o direito é a conformidade 
com a natureza, com uma verdade racional, com o conceito de justiça. 
 
- Para Miguel Reale, não dá para pensar em direito sem poder. A existência da 
norma jurídica depende de uma decisão política, que tem como fundamento o poder. 
O direito é resultado do poder, mas ele não se resume ao poder. Há uma relação de 
coimplicação entre direito e poder. O poder gera o direito, mas o direito não se reduz 
ao poder. O poder é condição necessária para o direito, mas não o suficiente. 
 
- Nomogênese jurídica: estudo de criação de uma norma jurídica. Para realizar esse 
estudo, Reale utiliza a teoria tridimensional do direito. A norma jurídica surge da 
confluência, da combinação entre fatos, valores e a interferência de uma decisão de 
poder. 
- Reale tem uma ilustração que explica isso, basta imaginar fachos de luz incidindo 
sobre um prisma. Os fatos são tudo aquilo que a gente vivencia na realidade. São 
por exemplo fatos da natureza, condições naturais, terremoto, etc. Nos termos de 
Reale, fato é tudo aquilo que já se tornou objetivado na experiência histórica. É tudo 
aquilo que a nossa existência envolve. Esses fatos vão incidir sobre o prisma 
valorativo. Os valores são as ideias, os posicionamentos ideológicos, as teorias, as 
ideologias, uma posição liberal, socialista, comunista. Da relação entre fatos e 
valores, surgem diferentes proposições normativas. O direito surge de fatos. Mas em 
determinado momento, Reale fala que há a incidência do poder e nesse momento, 
tem-se a norma jurídica. 
 
- A teoria de Reale se opõe a teoria de Karl Schimit. O poder que cria o direito junto 
com a intereção entre fatos e valores sofre limitações. Esse poder sofre limitações 
fáticas, valorativas e normativas. O poder que cria norma está limitado com as 
condições do momento. Está limitado com a visão ideológica ou pelas visões 
ideológicas vigentes naquele momento. 
 
- O poder é fundamental para se pensar no direito. Estamos falando em um poder 
legítimo, que detém legitimidade. A legitimidade é encontrada dentro da limitação 
fática e normativa. O problema da chamada “agenda legislativa” nos ajuda a 
compreender isso. Em determinados momentos, em determinada épocas, temos 
assuntos mais preementes naquela época. São questões que estão em voga 
naquele momento. As preocupações com as quais o direito tem que lidar vão variar 
e nesse sentido a agenda legislativa também variará. 
 
EM ULTIMA ANÁLISE LEI E PODER SE CONVERGEM - poder soberano e norma 
fundamental são a amesma coisa, partindo de pontos de vistas diversos. 
 
Há uma inter-relação entre poder e direito - PODER E A NORMA SÃO 2 FACES DA 
MESMA MOEDA. lei e poder são a mesma coisa - as coisas são diferentes se 
partindo de pontos diferentes. 
 
Kelsen - todo conteúdo pode ser direito. O QUE DIFERENCIA O DIREITO DE 
QUADRILHA SERIA A EFICACIA DE SUAS ORDENS. 
 
 
VII – IDEOLOGIAS POLÍTICAS E DO ESTADO: 
 
a) Evolução histórica do Estado europeu: 
- Estado estamental → estado absolutista → estado liberal → estado social 
 
a.1) Estado estamental: 
 
- Foi uma monarquia limitada pelos estamentos. Os estamentos eram assembleias, 
parlamentos, órgãos legislativos que representavam cada um dos estamentos da 
sociedade. Essa representação ocorriam em várias assembleias. Os parlamentos 
vinham desde a ideia média. 
- Os órgãos representativos foram construídos ao longo da idade média e quando o 
Estado passou a ganhar força, passou a haver uma espécie de equilíbrio de poder 
entre o rei e o parlamento. Essa forma política é uma forma política de transição, 
porque ela só durará enquanto o rei não tiver o poder necessário para colocar o 
parlamento de lado. 
 
- Na idade média o poder está fragmentado entre várias parcelas e partes da 
sociedade. Os estados gerais franceses representam essa fragmentação de poder. 
Havia uma divisão entre o clero, a nobreza e os demais. A sociedade medieval 
compreendia que a nobreza tinha um papel para o funcionamento da sociedade. O 
clero tratava das questões espirituais e detinha o poder sobre as ideias e o 
conhecimento. O povo tinha a função de produzir. Havia uma relativa harmonia 
naquela sociedade. Essa sociedade relativamente harmônica começa a enfrentar 
uma série de problemas que levam ao advento da modernidade. Na idade média o 
poder se encontrava muito mais fragmentado. Para começar, a Europa era dividida 
em unidades políticas chamadas de feudos. Na França medieval havia uma série de 
feudos. O poder não era concentrado na figura do réu. A figura da igreja católica na 
pessoa do papel desempenhava um papel muito importante. Quando surge a 
modernidade, o Estado começa a ganhar cada vez mais força e a concentração de 
poder só cresce. Esse estado estamental realiza a passagem do ambiente, do 
contexto feudal para o contexto absolutista. O estado estamental dura até o 
momento em que o rei concentra uma quantidade de poder tal, que faz com que seja 
criado o chamado estado absolutista. 
 
a.2) Estado absolutista: 
 
- O Estado absolutista é aquele estado em que se opera a máxima concentração de 
poder no rei. Esse rei exerce o poder sozinho ou com a ajuda de alguns ministros e 
assessores. Nesse momento, surgem algumas teorias para então justificar o poder 
absoluto do rei, o poder soberano. Hobbes é apontado por alguns autores como 
alguém que tenta justificar esse poder absoluto do rei. Em oposição à isso, alguns 
autores vão apontar Rosseau, que diz que soberano é o povo e não o rei. 
- Hobbes e Bodin são autores apontados como justificadores do absolutismo. É 
exatamente nesse momento que surge o conceito de soberania. Surge na tentativa 
de justificar a existência do estado absoluto. A vontade do rei é igual à lei. O 
fundamento de validade das reis será a lei. Isso traz como consequência o fato de 
que as leis vão ser fragmentadas, reduzidas à forma escrita, exíguas. O movimento 
da codificação do direito é um momento posterior ao estado absoluto. 
- O estado absolutista viveu dois períodos apontados pelos autores. Num primeiro 
período temos a monarquia fundada na ideia de direito divino dos reis. Se justificava 
a monarquia absolutista pela tese de que o rei reinava por um mandato divino, o seu 
poder derivava da vontade de Deus. Ele era como um representante de Deus na 
terra. Num segundo momento temos o período chamado de despotismo esclarecido. 
Aqui o que se tenta é uma justificação racional do poder absoluto. A teoria de 
Hobbes se encontra exatamente nessa ideia, é uma tentativa de se justificar o poder 
absoluto. Hobbes larga a explicação religiosa e tenta explicar e justificar o poder 
absoluto pela existência do estado de natureza para a sociedade política por meio 
do contrato social. Os indivíduos abrem mão da sua liberdade em troca de sua 
segurança e quem garante a segurança é o monarca absoluta. 
- No período absolutista surge também a ideia de razão de Estado. Essa ideia passa 
a ser entendida como o critério principal da ação política. Se o poder se encontra na 
figura do monarca e é poder absoluto, o monarca é expressão do próprio estado. 
Luiz XIV diz: “o estado sou eu”. O poder soberano se encontra na figura do rei e 
sendo assim, a decisão do rei é a mesma coisa que a decisão do próprio estado. A 
decisão do próprio estado é uma decisão que tem por objetivo cuidar da segurança, 
do bem estar dos súditos. O rei sabe, o estado sabe o que é bom para os seus 
súditos e isso é a razão de Estado. 
 
- No século XVIII temos o auge do estado absoluto. No período absolutista continua 
havendo desenvolvimento.- Progressos importantes no período absolutista: 
a) consolida-se a função pública, o Estado cresce 
b) criam-se exércitos nacionais 
c) o Estado passa a intervir na economia, em assuntos como a assistência 
social 
d) há também um início de movimento de codificação do direito que só vai de 
fato se estabelecer depois. 
e) há um incremento do capitalismo, um desenvolvimento da economia 
capitalista – isso vai ser apontado por muitos autores como uma das causas 
dos problemas do estado absoluto. Há um livro muito interessante para 
compreender a revolução francesa. É um livro muito esclarecedor, chamado 
“O antigo regime e a revolução”. Esse livro mostra como se dá a passagem 
do estado absoluto para o estado liberal. O período absolutista não é um 
período de treva. Ocorreram alguns desenvolvimentos que levaram ao estado 
liberal. A burocracia estatal é criação do absolutismo. O estado absoluto 
começa a entrar em decadência porque na ordem pela qual a sociedade 
absolutista se fundava, deixou de fazer sentido, o estado absoluto passou a 
viver uma crise. O período de crise é um período onde aquilo que a gente 
conhece não é mais aquilo que se pretendia resolver. 
 
- A burguesia passou a ter um papel cada vez mais importante no estado 
absolutista. Inicialmente este papel é visto pelo ângulo do poder econômico. A 
burguesia passou as ser a classe mais dinâmica do estado absolutista. O poder 
fundava-se na posse da terra. E isso fazia sentido na época feudal. No capitalismo o 
comércio passa a ter uma força muito grande. O poder na nobreza só diminui, 
enquanto o poder da burguesia só cresce. O fato é que o capitalismo faz com que a 
burguesia ganhe poder. Em determinado momento, na França inicialmente, vai 
haver um momento de crise, onde a classe burguesa enxerga um momento propício 
para a tomada do poder político. 
- Desde o início do século XVII, os chamados estados gerais franceses não se 
reuniam. O poder estava concentrado de fato apenas no rei. 
 
a.3) Estado liberal:O estado constitucional é chamado de estado representativo 
‘gendarme’. O estado liberal se preocupava basicamente com a manutenção da 
ordem. 
 
a.3.1)Liberalismo:Elementos originários do liberalismo: 
- pensamento filosófico: surgem filósofos que inventam um pensamento liberal 
(Locke, Montesquieu, Rosseau, Kant, Adam Smicht, Paine, Madison, Von Humboldt, 
Toquevile, Stuart Mill). O liberalismo surge de movimentos políticos, econômicos e 
socais. Eventos como a revolução francesa, a revolução industrial, a revolução 
americana, a constituição inglesa, a revolução francesa – são chamadas de 
revoluções liberais. 
 
- O termo liberalismo dá margem também à diferentes interpretações, à diferentes 
significados, à diferentes conotações. O termo liberal, o liberalismo é compreendido 
de modos diferentes de acordo com o país, de acordo com a cultura. Em países 
como por exemplo, Inglaterra e Alemanha, o sentido que é dado à palavra liberal, 
remete à um posicionamento de centro, cujo objetivo é mediar conservadorismo e 
progressismo, é uma busca pelo meio termo. Nos Estados Unidos, o sentido da 
palavra liberal o termo liberal remete à um posicionamento político de esquerda, 
defensor agressivo, radical de velhas e de novas liberdades civis. Nos Estados 
Unidos quem é de esquerda é chamado de liberal. Na Itália o termo liberal remete 
àqueles que procuram manter a livre iniciativa econômica e a propriedade particular. 
O termo liberam tem haver com a defesa. Esse termo é ambíguo, o uso que fazemos 
no Brasil é um uso mais próximo do uso que fazemos na Itália. 
 
- No nível das ideias o termo liberal também é usado em alguns sentidos diversos. 
Há de acordo com o campo de conhecimento, de acordo com o interesse filosófico, 
há diversos liberalismos. Há um liberalismo jurídico, mas há também um liberalismo 
econômico e também há um liberalismo político. Cada um deles querendo dizer 
coisas diferentes. O liberalismo é a ideia de estado de direito, tem haver com a 
preocupação em garantir a liberdade dos indivíduos em relação ao poder do Estado. 
 
- Denominador comum: defesa do estado liberal. A principal característica é a 
preocupação com a proteção dos cidadãos em relação ao poder do Estado. 
 
- Antítese entre liberdade positiva e liberdade negativa: essa antítese foi 
desenvolvida por Benjamin Constant (autor francês). Ele escreveu um artigo, 
chamado: a liberdade dos antigos e a liberdade dos modernos. A liberdade positiva 
é a liberdade dos antigos, enquanto que a liberdade negativa é a liberdade dos 
modernos, inventada pelos liberais. A liberdade positiva já era conhecida dos 
antigos, ela se manifesta politicamente. É uma liberdade que é chamada de 
liberdade como autonomia. É a liberdade de dar a si mesmo a sua própria lei. Os 
antigos já conheciam essa liberdade. Os cidadãos romanos se reuniam e o senado 
editava as leis. Em Atenas os cidadãos podiam se reunir em assembleia. Neste 
sentido as sociedades davam às pessoas, as leis que eles mesmos iam cumprir. 
Essa liberdade de expressão política já era conhecida desde a antiguidade. A 
novidade trazida pelos modernos é a da liberdade negativa. Benjamin Constant é a 
liberdade como não intervenção. O termo positivo traz a ideia de ação, que é a ação 
política, deliberação. O termo negativo traz a ideia de abstenção, de liberdade como 
não intervenção, exatamente na ideia de liberdade individual que cada pessoa 
possui. Essa liberdade negativa mira, portanto, sobretudo no Estado. 
 
Kant: “Ninguém me pode constrange a ser feliz a sua maneira (como ele concebe o 
bem-estar dos outros homens), mas a cada um é permitido buscar a sua felicidade 
pela via que lhe...” – a minha liberdade vai até o ponto em que não viola a liberdade 
do outro. O estado não pode dizer como devo viver a minha vida. No século XX há 
uma grande discussão na Inglaterra e o argumento liberal vai no sentido de que as 
leis devem ser revogadas. 
 
Conquistas trazidas pelo liberalismo: 
- H.L.A Hart defendia que o homossexualismo não deveria ser considerado crime. 
- Abolição da escravatura, transformação do direito e processo penais, 
progressivassupressão dos privilégios de nascimento, a liberdade de impressa e a 
liberdade política, etc. 
- A sociedade absolutista era estratificada, os estados gerais eram as assembleias 
que representavam a sociedade francesa. Havia a diferença de peso no voto da 
sociedade. O estatuto jurídico do clero e da nobreza eram diferentes, o direito da 
nobreza não era o mesmo direito do povo. O liberalismo se preocupou com isso. 
 
a.3.2)Definição de Estado Liberal: 
- É o Estado fundado na ideia de liberdade. Em nome dessa ideia, esse Estado 
procura limitar o poder político. Nessa definição sintética, um ponto que precisamos 
chamar atenção é de que o Estado liberal se desenvolve a partir da seguinte 
preocupação essencial: é a preocupação de colocar uma limitação para o exercício 
do poder. O Estado liberal surge por conta disso. 
- Antes existia o estado absolutista, onde havia uma situação em que o poder era 
todo concentrado na figura do rei. Essa concentração de poder gerava arbítrio, uma 
situação em que os cidadãos, os indivíduos ficavam sujeitos ao poder estatal. O 
poder absoluto corrompe absolutamente. 
 
- O estado liberal surge com a preocupação de proteger a liberdade dos indivíduos 
com relação ao poder do Estado. Para se implementar essa intenção, essa ideia, o 
estado liberal é um estado que defende o que? No Estado liberal há a defesa do 
estado mínimo em oposição ao estado máximo, que concentra poder. Há uma 
tendência de tratar de todos os assuntos. No Estado liberal o que nós temos é a 
defesa de um estado mínimo. O governo que governa melhor é aquele que governa 
menos. Cabe ao Estado a preocupação apenas com a manutenção da ordem 
interna e a manutenção da ordem em relação aos estados estrangeiros. É pela 
manutençãodessa ordem, pela defesa do direito, pela observância das normas 
jurídicas é que se protege a liberdade das pessoas. Não cabe ao Estado intervir, por 
exemplo, na economia, em questões que devem ficar a cargo da sociedade, na 
cultura e na produção do pensamento. Em comparação com o estado que havia 
antes, que era o estado absolutista, o estado liberal introduz novas ideias, que 
fazem parte da concepção liberal de estado. Enquanto o estado absolutista se 
fundava na tradição, o estado liberal introduz a ideia de contrato social. 
 
- Ao invés da soberania fundada na figura do rei, no Estado liberal, o que se tem é a 
soberania nacional fundada na vontade geral do povo. Essa soberania do Estado é 
exatamente a vontade geral popular. Ao invés do poder ser exercido apenas pela 
figura do rei ou do rei juntamente com alguns ministros, no Estado liberal passa a 
haver o exercício do poder por representantes do povo eleito, por uma coletividade. 
O povo é representado por deputados, senadores, etc. Enquanto o estado 
absolutista ao agir se baseia na ideia de razão de Estado, o estado liberal age 
porque é aquele que tem a função de proteger as normas jurídicas. 
- O estado liberal utiliza determinados instrumentos técnicos jurídicos principais. Os 
instrumentos são: constituição, princípio da legalidade, declarações de direitos 
humanos e fundamentais, princípio da separação de poderes e a ideia de 
representação política, ou seja, a ideia de que a lei só se justifica na medida em que 
ela é editada por representantes do povo. Essa concepção de estado liberal se 
desenvolve historicamente. No século XVII e principalmente nos séculos XVIII e XIX. 
As chamadas revoluções liberais implementaram ideais do liberalismo. 
 
Instrumentos do estado liberal - princípio da legalidade, constituição, declarações 
de direito, separação de poderes, representação política. 
 
- Textos mais significativos do desenvolvimento dessa concepção: são textos 
americanos e franceses. Por exemplo: Declaração de direitos do estado da Virgínia, 
Declaração de independência dos Estados Unidos (1776), Declaração dos direitos 
do homem e do cidadão. Na leitura desses textos, conseguimos identificar as ideias 
que se encontram na base dessa concepção de estado de direito ainda hoje vigente. 
 
- O Estado liberal também possui nomenclaturas diversas, de acordo com o país, o 
termo usado para definir o Estado liberal pode ser diferente. As expressões mais 
usuais são: 
a) Estado Constitucional (origem francesa) 
b) Governo Representativo (origem anglo-saxônica) 
c) Estado de Direito (origem alemã) – dá relevância ao fato de que o estado liberal 
se preocupa com a garantia de direitos dos cidadãos. 
 
Obs. direito à revolução, direito à resistência - quando estado não garante os 
direitos fundamentais. 
 
b) Estado no século XX: 
 
- O estado liberal se espalha na América e no mundo inteiro, em geral. No Brasil, por 
exemplo, temos a Constituição de 1824. Mas no final do século XIX e mesmo antes 
do final, o Estado liberal começa a enfrentar determinados problemas. Ele começa a 
viver certa crise que se intensifica no século XX. Teremos uma série de problemas 
que leva à necessidade de se pensar uma nova concepção de Estado. O século XX 
é o século das ideologias e das revoluções. É um século muito conturbado. Nesse 
século podemos elencar quatro acontecimentos que são importantes para 
compreender os acontecimentos do século XX: 
 
1) a passagem do Estado liberal para o Estado social: essa passagem se dá em 
certa medida, de modos diferentes, em todos os países, começando pela Europa. 
Isso ocorre porque no final do século XIX, ocorre nos países da Europa de modo 
geral, o ápice da crise do liberalismo. Esse momento é chamado por alguns autores 
de: a questão social. O desenvolvimento do Estado liberal, que não se preocupava 
em regular a economia, começa a sofrer uma série de críticas por conta disso. Uma 
série de autores apontou uma série de injustiças cometidas pelo estado liberal. Na 
obra de Marx encontramos relatos da situação extremamente difícil dos 
trabalhadores nas fábricas e minas de carvão. No final do século XIX começa haver 
uma organização dos trabalhadores por meio de sindicatos que leva à greves e 
combates entre sindicatos e governos. Por outro lado, a própria igreja católica passa 
a criticar esse estado liberal, o resultado social do estado liberal. Isso cria a 
chamada doutrina social da igreja, essa doutrina aparece numa encíclica do Papa 
Leão XIII que se chamava RerumNovarum. Essa encíclica dá uma ênfase para se 
criticar o liberalismo. Por conta da chamada questão social, o Estado liberal passa a 
ser criticado por vários lugares. Isso gera um impulso para que fosse pensada numa 
nova concepção de estado, que era o estado social. O Estado Social representa 
para os trabalhadores sem direito, um ganho na medida em que o estado social 
significa a intervenção do estado na ordem econômica. Nesse sentido, os 
trabalhadores ou proletariados ganham direitos. Aparecem os direitos trabalhistas, 
porque o Estado passa a regular a economia. 
2) aparecimento dos estados totalitários: esses estados são de diversas inspirações 
ideológicas (facismo italiano, Alemanha nazista, União Soviética, etc). O 
aparecimento do estado totalitário no século XX é um fenômeno novo. O Estado 
totalitário tem a pretensão de regular tudo. Ele tem a pretensão de regular, por 
exemplo, quais seres humanos possuem direitos e a quais seres humanos não deve 
ser dado o direito. 
3) emancipação dos povos coloniais: as relações internacionais se tornam mais 
complexas, envolvem mais interesses e mais países. 
4) organização da comunidade internacional: é algo que vai ocorrer em virtude das 
duas grandes guerras mundiais. Depois da primeira guerra mundial já uma tentativa 
de reunir a comunidade internacional. A ONU foi estabelecida depois da 2ª Guerra 
Mundial. Essa organização da comunidade internacional vai ter um impacto enorme 
sobre o direito, ela leva ao estabelecimento de um sistema internacional de direitos 
humanos. Isso significa uma diminuição da soberania dos estados nacionais. Há um 
livro interessante a respeito do século XX que é o livro chamado “A era dos 
extremos”. Nesse livro o século XX é chamado de o “curto século XX”. 
 
c) Estado social: 
- O Estado social também é chamado de: estado social de direito, estado 
intervencionista, democracia social, social democracia e de estado de bem estar 
social. 
- O Estado social também pode ser denominado por: “Welfarestate” 
 
c.1)Socialismo:O socialismo é uma ideologia que serviu como impulso para o 
estabelecimento do estado social. O estado social não deriva apenas da ideologia 
do socialismo, ele também sofreu outras contribuições. De todo modo, a ideologia do 
socialismo forneceu também uma base importante a partir da qual se desenvolve a 
concepção do estado social. O socialismo pode ser definido de vários modos: uma 
definição inicial seria a de que é o programa político das classes trabalhadoras 
formadas durante a revolução industrial. O socialismo foi desenvolvido por vários 
autores, sobretudo por Marx. Houve vários autores que deram contribuições 
importantes para o desenvolvimento do socialismo: Saint Simon, Fourier, Robert 
Owen, Karl Marx, Engels, Kautsky, Rosa Luxemburgo e Lênin. Essa concepção 
sofreu e desenvolveu a partir da contribuição de vários autores. Ao longo de uma 
época, ela não é uma concepção unitária. Assim como o liberalismo, o socialismo 
também possui algumas vertentes diversas. Apesar do socialismo ter múltiplas 
variantes, ele também possui uma base comum. Há algo de comum entre todos 
esses autores. Essa intenção comum seria a transformação do ordenamento jurídico 
e econômico fundado na propriedade privada dos meios de produção numa 
organização social na qual o direito de propriedade seja fortemente limitado. Osocialismo traz uma crítica forma ao direito de propriedade. Os principais recursos 
econômicos e sociais, deveriam estar sob o controle das classes trabalhadoras. Os 
recursos econômicos e sociais deveriam ter como preocupação principal a obtenção 
de uma igualdade social. 
- Essa ideologia socialista parte da crença de que o homem em coletividade é 
superior à concepção que se baseia na ideia de um homem isolado. A concepção 
liberal, via a sociedade de modo atomizado. Para os socialistas a concepção liberal 
se preocupava apenas em proteger os direitos individuais, a liberdade de cada um e 
se esquecia de que a nossa existência é marcada pela coletividade, pela vida em 
comunidade. O alvo principal é o liberalismo. A crítica a propriedade privada é um 
dos fundamentos básicos do socialismo (Rosseau – o origem da desigualdade entre 
os homens). 
- Karl Marx: o pensamento de Marx teve um impacto tão grande, que gerou no 
século XX, experiências políticas concretas. Uma série de discussões ideológicas 
muito importantes. Marx é um materialista, isso significa dizer que Marx nega, se 
opõe à uma visão metafísica em matéria de filosofia. Para muitos Platão é o criador 
da metafísica. Isso significa que há o plano, um mundo com o qual temos contato, 
mas há um outro plano, um plano metafísico, que é aquilo que se encontra acima, 
além do físico e do sensível. Há toda uma dimensão supra sensível. Marx diz que as 
nossas concepções políticas, sociais e a religião que professamos, a nossa 
consciência, aquilo que pensamos, deriva de um elemento que é o elemento 
material. Isso não é criação da nossa consciência, da nossa inteligência, é uma 
criação que é decorrente das condições materiais de produção. É uma decorrência 
do estágio econômico em que vivemos. Portanto, o tipo de direito que se tem, o tipo 
de religião vigente e o tipo de moral adotada pelas pessoas, que chamamos de 
valores, deriva da matéria. A matéria é as condições materiais de produção 
econômica. Nós vivemos um estágio econômico cuja essência se encontra na 
propriedade privada dos meios de produção. É exatamente em função do modo 
como a economia se constitui, que o direito se estabelece, ele deriva das relações 
econômicas. A base que é a economia, é a base da qual deriva. A economia é 
essencial para se compreender o modo pelo qual o homem desenvolve a sua vida. 
- Marx tem a pretensão de transformar o modo de se fazer filosofia, a última tese de 
Marx diz: até agora, até o meu pensamento a filosofia se preocupou apenas em 
analisar o mundo. A partir de agora, instituo um novo objetivo para os intelectuais. 
Aos filósofos não cabe mais só analisar o mundo, cabe tambémmudar o mundo. Só 
pensar o mundo não vai adiantar. Trata-se de um papel mais ativo na concepção de 
Marx. Para transformar o mundo, precisaria transformar as relações sociais. Não vai 
adiantar uma nova moral na cabeça das pessoas, não vai adiantar colocar uma nova 
religião na mente das pessoas, porque o que transforma o mundo são as relações 
de produção. Temos que tomar posse do estado para ser capazes de mudar a 
estrutura social. 
 
c.2) Definição do Estado social: 
- O Estado social é aquele estado que é fruto da chamada questão social e que se 
constitui com a intenção de suceder ao estado liberal. O Estado social se constitui a 
partir de duas preocupações principais: 
 
1) um esforço de aprofundamento e de alargamento da liberdade e da igualdade 
material; 
2) integração política de todas as classes sociais; 
 
- Democracia de massas: surge ao longo do século XX. Dito isso, podemos dizer 
que o Estado social deve intervir nas relações econômicas. O instrumento que o 
estado social encontra para combater a desigualdade e promover a desigualdade 
material é regulando as relações econômicas. O Estado social não deve ser 
compreendido como eliminação do estado social. O estado social deve ser 
compreendido como uma segunda fase do estado liberal. O estado social não rompe 
com elementos que são essenciais para o estado de direito. O estado social é o 
aperfeiçoamento do estado liberal, que busca incluir nas conquistas do estado 
social, as conquistas do estado liberal. 
 
Obs. Estado social (busca conservar conquistas do estado liberal) ≠ Estado 
socialista (preponderância da busca por igualdade – concepção marxista-leninista de 
estado) 
 
- O Estado social é um desenvolvimento próprio da Europa ocidental. No início do 
século XX o movimento socialista ainda caminhava de um modo diferente de como 
passou a caminhar após 1917. O partido social democrata alemão em determinado 
momento era marxista. Por volta da primeira década do século XX, o partido alemão 
rompe com o bolchevismo russo e passa a desenvolver um tipo de estado cujo 
objetivo era a obtenção de uma menor desigualdade social. O estado social 
buscou articular conquistas que já vinham antes dele com novos objetivos. 
Desse modo o estado social busca articular direitos individuais com direitos 
sociais. Por isso, o estado social busca articular igualdade jurídica com 
igualdade social. 
 
- Entre as constituições vigentes que incorporaram esse modelo, temos a 
constituição italiana de 1947, constituição alemã, constituição portuguesa (1976) e a 
constituição brasileira (1988). 
 
d) Panorama do estado no século XXI: 
 
- Há uma aparente vitória da democracia liberal – representativa e pluralista. O 
marco disso é a queda do muro de Berlim, que demonstrou a derrotada do bloco 
soviético para o bloco das democracias liberais. 
 
Francis Fukuyana – O fim da história 
Eric Hobsbawn – A era dos extremos 
 
 
Razões às transformações/instabilidades contemporâneas: 
1ª) Desparecimento quase completo de regimes totalitários. Com o fim da segunda 
guerra mundial, o totalitarismo nazista acaba. Isso vai desaparecendo de modo que 
hoje em dia, poderíamos apontar como propriamente um estado totalitário, só a 
Coreia do Norte. 
2ª) Aparecimento de um estado fundamentalista islâmico: 
3ª) Crise do Estado social: Crise financeira da europa 
4ª)Degradação da natureza e do meio ambiente: 
5ª) Fenômeno da integração regional: 
 
 
VIII) Declaração universal dos direitos humanos: 
 
a) Antecedentes históricos: 
 
- Fim da 2ª Guerra Mundial: é um momento de virada no que se refere ao direito, ao 
Estado. A 2ª Guerra Mundial inaugura uma nova fase das relações internacionais. 
Um dos objetivos básicos do estabelecimento da ONU, da Carta de São Francisco, é 
evitar que no futuro, vivêssemos uma outra guerra como a 2ª Guerra Mundial. 
- O objetivo da nova ordem nacional era evitar que uma nova guerra voltasse a 
ocorrer. Com isso temos uma nova fase do direito internacional, que é inaugurada 
pela chamada Carta das Nações Unidas (1945), que também é conhecida como 
Carta de São Francisco. 
 
b) Surgimento da declaração universal: 
 
- A declaração universal dos direitos humanos foi aprovada no dia 10/12/1948, pela 
resolução 247-A da Assembleia Geral da ONU. Houve oito abstenções de votação. 
- A declaração busca conciliar direitos de primeira dimensão com direitos de 
segunda dimensão. 
- A declaração busca colocar os direitos de primeira dimensão como algo que 
depende dos direitos de segunda dimensão. Precisa de uma unidade e uma 
interdependência. Não se pode conceder um sem cuidar também do outro. Se se 
preocupa tão somente com direitos de primeira dimensão, abre-se mão de não 
concretizar os direitos de segunda dimensão. Mas se não se preocupa com direitos 
de segunda dimensão, os direitos de primeira dimensão não serão exercidos de 
modo completo. 
 
Objetivo - construção de um sistema internacional de direitos - carta das nações 
unidas - CARTA DE SÃO FRANCISO - 26/06/45 
 
Carta das nações unidas - Carta de São Francisco (26/06/45) 
Princípio da solução pacífica dos conflitos 
Guerra só é admitida como legítima defesa 
A carta se impõe até mesmo aos não membros

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