Classificação de Bens: Fungíveis, Infungíveis, Consumíveis, Inconsumíveis, Divisíveis, Indivisíveis, Singulares, Coletivos e Reciprocamente Considerados

Prévia do material em texto

Aula16 - Luciano Masson - Dos Bens: Continuação da Classificação dos Bens
1. CLASSIFICAÇÃO DE BENS
1.1 BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS
a) Bens fungíveis: São bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. São exemplos de bens fungíveis o dinheiro, a água, caneta, etc.
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
ATENÇÃO: Bem fungível pode vir a ser transformado em bem infungível, com manifestação da parte. Ex.: empréstimo (mediante contrato) de uma garrafa de vinho rara para a exposição com a obrigação de ser restituída no final - empréstimo “ad pompam vel ostentationem” (para a pompa e ostentação).
b) Bens infungíveis: ao contrário dos bens fungíveis, são aqueles que não podem ser substituídos por outros em razão de determinadas características individuais especiais e específicas. É próprio dos bens imóveis, mas também se encontra presente em alguns bens móveis. Ex.: veículo individualizado por seu chassi, placa e etc.
A relevância desta distinção está na espécie de contrato de empréstimo, pois no caso de bens fungíveis, o empréstimo chama-se de mútuo (art. 586, CC/02) e em se tratando de bens infungíveis, o empréstimo se chama de comodato (art. 579, CC/02).
1.2 BENS CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS
a) Bens consumíveis: destinados à satisfação de necessidades e interesses das pessoas podendo ser de duas espécies:
Consumíveis de fato: são os bens cujo uso para atender as necessidades humanas gera sua destruição imediata. Como exemplo, as frutas, os legumes, etc.
Consumíveis de direito: são os bens cuja consuntibilidade se dá no âmbito jurídico. Também destinado a atender interesse das pessoas, mas por meio de alienações. Exemplo desse bem é a alienação de automóvel.
Agora eu tenho folha para enxugar as lagrimas 
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
b) Bens inconsumíveis: são os bens que podem ser usados de forma contínua e reiterados sem que isso importe na sua destruição imediata.
1.3 BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
a) Bens divisíveis: São aqueles bens que podem sofrer divisão em partes homogêneas e distintas sem a perda considerável de seu valor. Previstos no art. 87 do CC:
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
b) Bens indivisíveis: São aqueles bens que não podem sofrer divisão sob pena de redução considerável de seu valor econômico, de sua substância, qualidade ou utilidade essencial. Espécies de bens indivisíveis:
I - Por natureza: os que não podem ser divididos, sob pena de alterarem sua substância, perderem consideravelmente seu valor e utilidade. Ex.: livro, diamante.
Fins econômicos não sucede divisão ,
II - Por determinação legal: aquelas ocasiões em que a lei manifesta-se expressamente no sentindo de que o bem deva ser considerado indivisível. Como exemplo o art. 1791, parágrafo único do CC, no qual o direito à sucessão aberta (herança) é considerado indivisível até o momento da partilha, ou seja, por mais que os bens da herança em si, sejam bens distintos, o conjunto é indivisível até o momento da partilha.
III - Por vontade das partes: São aqueles bens divisíveis transformados em indivisíveis por vontade das partes manifestadas em contrato. Ex.: art. 1320, §1º dispõe que se duas ou mais pessoas tiverem a posse de um mesmo bem (ou seja, tiverem em condomínio) poderão requerer a indivisibilidade do bem por até cinco anos, sendo lícita sua prorrogação ulterior.
1.4 BENS SINGULARES E BENS COLETIVOS
a) Bens singulares: São aqueles bens que, embora reunidos, consideram-se de per si, independente dos demais, nos temos do art. 89 do CC.
b) Bens coletivos: São bens coletivos ou universais aqueles constituídos de bens singulares, formam um todo (individualidade incomum), mas sem que desapareça a condição jurídica de cada parte (autonomia funcional). Podem ser:
I - Coletividade de fato: “a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.” (art. 90 do CC/02). Exemplos: rebanhos, biblioteca, pinacoteca, frota, floresta, cardume, etc.
II - Coletividade de direito: “complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico” (art. 91 do CC/02).
1.5 BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
a) Bens principais: A primeira parte do artigo 92 do CC diz que “Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente;”. Quanto aos bens imóveis, o solo é o bem principal e tudo que se incorporar nele de forma permanente é acessório. No caso dos móveis, o bem principal é aquele o qual se destina um acessório. Por exemplo, a caneta é um bem principal e sua tampa um bem acessório.
b) Bens acessórios: Aquele cuja existência dependa da existência de um outro bem (principal). A segunda parte do art. 92 do CC diz que “... Acessório, aquele cuja existência supõe a do principal”.
Os bens acessórios podem ser:
Naturais: aqueles que aderem naturalmente ao bem principal. Como, por exemplo, as árvores e seus frutos.
Civis: aqueles que aderem ao principal por determinação legal, não dependendo de vinculação material. Exemplos: juros, aluguel, etc.
Industriais: aqueles que aderem ao principal por força de engenho humano. Como exemplo pode ser citado um prédio que é erguido sobre um lote de terra.
ATENÇÃO: Principio da gravitação jurídica: estabelece que os negócios envolvendo um bem principal, trazem, automaticamente, o bem acessório. O principal não tem dependência a qualquer outro, mas o acessório é dependente.
QUESTÃO
2015 - CESPE - TJDFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
A respeito dos bens, assinale a opção correta à luz da jurisprudência pertinente.
a) Os bens naturalmente divisíveis não se podem tornar indivisíveis.
b) É possível a cobrança de retribuição pecuniária pelo uso comum dos bens públicos.
c) Considera-se bem infungível a produção agrícola tanto de pessoa física quanto de pessoa jurídica.
d) Com a abertura da sucessão, a herança incorpora-se ao patrimônio do herdeiro na qualidade de bem imóvel divisível.
e) São considerados bens imóveis os direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO
Letra A: ERRADA.
Art. 88, CC. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.
Letra B: CORRETA.
CC, Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
Letra C: ERRADA - fungível
Letra D: ERRADA.
CC, ART. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Parágrafo único: até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
Letra E: ERRADA.
CC, art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II- os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III- os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
Gabarito: Assertiva B.
Material Complementar
Documento
40018_Aula16_D. Civil.pdf
Aula
Direito Civil
Aula17 - Luciano Masson - Das Benfeitorias e das Pertenças
Começar