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CARGOS, SALÁRIOS E BENEFÍCIOS Professora Esp. Marcia Tathiane da Silva Ribeiro Mantovani Professora Esp. Marilicy Maia Guerra Cardoso GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MANTOVANI, Marcia Tathiane da Silva Ribeiro; CARDOSO, Marilicy Maia Guerra. Cargos, Salários e Benefícios. Marcia Tathiane da Silva Ribeiro Mantovani; Marilicy Maia Guerra Cardoso. Reimpressão - 2018 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. 367 p. “Graduação - EaD”. 1. Cargos. 2. Salários . 3. Benefícios 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0420-5 CDD - 22 ed. 658.3 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Luciano Santana Pereira Design Educacional Yasminn Talyta Tavares Zagonel Iconografia Amanda Peçanha dos Santos Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Matheus Felipe Davi Revisão Textual Daniela Ferreira dos Santos Danielle Loddi Ana Caroline Abreu Ilustração Marcelo Goto Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Pró-Reitor de Ensino de EAD Diretoria de Graduação e Pós-graduação Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar, mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complemen- tando sua formação profissional, desenvolvendo com- petências e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo(a) no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvol- vimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis- so, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO RE S Professora Esp. Marcia Tathiane da Silva Ribeiro Mantovani Especializações em andamento de Psicopedagogia Institucional e de Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR). Especialista em MBA de Gestão de Pessoas (UNICESUMAR/2014). Graduação em Administração (UNICESUMAR/2012). Atua como consultora organizacional, professora de cursos de graduação e pós-graduação, colunista, blogueira, autora e revisora de livros nas áreas de Gestão de Recursos Humanos, Gestão de Carreira, Gestão de Processos e Segurança no Trabalho, acumulando vasta experiência nestas áreas. Também organizou e ministrou projetos de ensino com temas relacionados à administração de carreira, gestão de carreira e postura profissional, habilidades interpessoais, indicadores de recursos humanos aplicados ao endomarketing, pesquisa de clima organizacional, manual do colaborador, entre outros. Assim como, ministrou aulas relacionadas às disciplinas de capacitação e desenvolvimento de pessoas com ênfase nos treinamentos da área de segurança no trabalho, plano de cargos, salários e benefícios, gestão integrada da qualidade, entre outros. Professora Esp. Marilicy Maia Guerra Cardoso Pós-Graduação “Latu-Sensu” em MBA de Recursos Humanos pelo Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR/2002). Graduação em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/1990). Docente do Centro Universitário Unicesumar na modalidade Presencial e professora T20 na Educação Superior a Distância. Tem experiência na área de Administração com ênfase em Administração de Empresas, atuando na área de Gestão de Pessoas, desde a estruturação, planejamento do departamento de Recursos Humanos, à organização e direção do mesmo, em empresas renomadas da região noroeste do Paraná. Na docência atua nos seguintes temas: Administração de Recursos Humanos, Gestão de Recursos Humanos, Gestão de Pessoas, Recrutamento & Seleção, Remuneração & Benefícios, Cargos e Salários e Benefícios, Gestão de Competências, Administração de Materiais, Organização Sistemas & Métodos, Fundamentos da Administração e Metodologia da Pesquisa. SEJA BEM-VINDO(A)! Caro(a) aluno(a), é com muito prazer que compartilhamos com você de um assunto tão importantee ao mesmo tempo promissor do ponto de vista organizacional como a Ad- ministração de Cargos, Salários e Benefícios. Assim, esperamos que você encontre neste material inspiração e desejo de melhorar sempre, seja na vida acadêmica, seja profissio- nalmente, ou ainda, em sua vida particular. Os conteúdos que você verá aqui são muito importantes para sua formação e para a construção de um plano de cargos e salários baseado na remuneração estratégica. Todo o conteúdo abordado neste livro fará parte da disciplina Cargos, Salários e Benefí- cios. Para tanto, neste material, você encontrará conceitos, ferramentas e metodologias que lhe auxiliarão na compreensão desse tema. Essa disciplina tem como objetivo prin- cipal apresentar a você uma visão geral da área de administração salarial, que influencia- rá diretamente na sua atuação profissional, pois, você provavelmente desenvolverá ou coordenará os programas e planos contemplados nesta área. Portanto, conhecer esses elementos é muito importante para a sua formação acadêmica e profissional. Este livro foi estruturado didaticamente apresentando primeiro os principais conceitos que norteiam a administração salarial, em seguida, descrevemos o passo a passo para o planejamento, elaboração e implantação do plano de cargos e salários, bem como os demais programas que o complementam, dentre eles, o programa de remuneração variável, o programa de benefícios e o plano de carreira. Agora, veremos uma rápida apresentação sobre cada unidade. A unidade I, indicada como “Plano de Cargos e Salários”, apresentará os conceitos rela- cionados à remuneração, o salário e o cargo, que servirão de base para a compreensão dos demais assuntos tratados no decorrer deste livro. Também será abordado as etapas que contemplam o planejamento do plano de cargos e salários, dentre eles, o diag- nóstico organizacional, a elaboração e aprovação do projeto, assim como a divulgação inicial do plano. Por fim, iniciaremos os estudos sobre a primeira etapa da elaboração do plano, conhecida como a descrição e análise de cargos nas modalidades tradicional e por competências. Já na unidade II, denominada “Implantação do Plano de Cargos e Salários”, você conhe- cerá as demais etapas de elaboração e implantação do plano, dentre elas, a avaliação de cargos e a pesquisa salarial, que fundamentarão o equilíbrio interno e externo da admi- nistração salarial. Em seguida, as informações coletadas nas etapas anteriores servirão de ponto de partida para explorarmos a elaboração da estrutura e tabelas salariais, bem como da política salarial. Para finalizar, discutiremos sobre os cálculos de enquadramen- to da nova realidade salarial na folha de pagamentos da empresa, a documentação e aprovação final do plano, assim como a melhor forma de divulgação dos parâmetros desenvolvidos para os líderes e colaboradores. APRESENTAÇÃO CARGOS, SALÁRIOS E BENEFÍCIOS Continuando nossa caminhada, na unidade III, intitulada “Programa de Remunera- ção Variável”, inicialmente, estudaremos os principais tipos de remuneração variá- vel, dentre elas a remuneração por reconhecimento, a remuneração por habilidades e competências e a remuneração por resultados, bem como seus desmembramen- tos em participação nos resultados, resultados operacionais e resultados financei- ros, incluindo suas vantagens e desvantagens, com ênfase especial no programa de participação nos lucros ou resultados. Em nossa unidade IV, denominada “Programa de Benefícios”, você conhecerá os principais tipos de benefícios existentes e os tipos de programas de benefícios mais utilizados, dentre eles, o tradicional e o flexível, incluindo a reflexão sobre as vanta- gens e as desvantagens de cada um deles. Também aprenderá sobre as etapas de planejamento, elaboração e implantação destes programas, bem como conhecerá algumas estatísticas que comprovam o crescimento da adoção de programas de benefícios pelas empresas que buscam um diferencial competitivo diante do mer- cado de trabalho. Finalizando nosso estudo, teremos, na unidade V, intitulada “Plano de Carreira”, os principais conceitos relacionados à carreira individual e organizacional, dentre eles, a carreira tradicional, proteana e sem fronteiras, assim como a diferença entre o planejamento de carreira e o plano de carreira. Em seguida, será possível verificar as estruturas de carreira tradicionais e modernas, e, por fim, discutiremos sobre as etapas de planejamento, elaboração e implantação do plano de carreira nas em- presas, sempre correlacionados os modelos de estrutura do plano com as gerações correspondentes. W. Somerset Maugham diz que “Existe algo interessante a respeito da vida, se você se recusa a aceitar aquilo que não seja ótimo, com muita frequência você a obtém”. Não precisamos nem destacar que a melhor opção você já fez! Contudo, os resulta- dos finais dependerão com certeza da sua disposição em buscar o conhecimento e aplicá-lo com comprometimento e dedicação. Acreditando que você tem potencial para alcançar topos mais altos, convido-lhe a aproveitar melhor os conhecimentos repassados neste livro. É importante que, além da leitura, você acesse os links dis- ponibilizados no elemento “saiba mais”, realize as “atividades de autoestudo” e faça pesquisas adicionais em outros livros ou artigos. Desejamos que você tenha uma ótima leitura e grandes momentos de aprendizado com nosso livro. Bons estudos! Professora Esp. Marcia Tathiane da Silva Ribeiro Mantovani Professora Esp. Marilicy Maia Guerra Cardoso APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS 15 Introdução 16 Conceituando Remuneração 33 Introdução ao Plano de Cargos e Salários 43 Análise de Cargos Tradicional 75 Análise de Cargos por Competências 86 Considerações Finais 96 Referências 97 Gabarito UNIDADE II IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS 101 Introdução 102 Avaliação de Cargos 118 Pesquisa Salarial 131 Estrutura e Política Salarial 161 Implantação do Plano de Cargos e Salários 171 Considerações Finais 179 Referências 180 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III PROGRAMA DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL 183 Introdução 184 Conceituando Remuneração Variável 191 Remuneração por Reconhecimento 197 Remuneração por Habilidades e Competências 210 Remuneração por Resultados 233 Considerações Finais 241 Referências 242 Gabarito UNIDADE IV PROGRAMA DE BENEFÍCIOS 245 Introdução 246 Conceituando Benefícios 251 Tipos de Benefícios 265 Tipos de Programas de Benefícios 270 Implantação do Programa de Benefícios 280 Considerações Finais 287 Referências 289 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V PLANO DE CARREIRA 293 Introdução 294 Planejamento de Carreira 312 Plano de Carreira 319 Tipos de Estruturas de Carreira 341 Implantação do Plano de Carreira 356 Considerações Finais 364 Referências 366 Gabarito 367 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professora Esp. Marcia Tathiane da Silva Ribeiro Mantovani Professora Esp. Marilicy Maia Guerra Cardoso PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Objetivos de Aprendizagem ■ Conceituar remuneração e seus desmembramentos. ■ Fundamentar a busca pelo equilíbrio interno e externo da administração salarial. ■ Descrever as etapas do planejamento do Plano de Cargos e Salários. ■ Apresentar as ferramentas utilizadas na descrição e análise de cargos. ■ Enfatizar a importância da análise de cargos para os subsistemas de RH. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Conceituando remuneração ■ Introdução ao Plano de Cargos e Salários (PCS) ■ Análise de cargos tradicional ■ Analise de cargos por competências INTRODUÇÃO Olá, aluno(a), seja bem-vindo(a) à primeira unidade do livro, em que estudaremos sobre os principais temas que envolvem a administração salarial nas empresas, bem como as etapas iniciais da implantação do Plano de Cargos e Salários (PCS). Para tanto, vamos conceituar remuneraçãoe seus desmembramentos, fundamen- tar a busca pelo equilíbrio interno e externo da administração salarial, descrever as etapas do planejamento do PCS, apresentar as principais ferramentas utiliza- das na descrição e análise de cargos tradicional e por competências, e enfatizar a importância da análise de cargos para todos os subsistemas de recursos huma- nos, em especial para a remuneração. Nesta unidade, você conhecerá os itens que compõem a remuneração estra- tégica, que servirá de base para todas as unidades do livro, bem como todos os tipos de salários existentes, que por sua vez, representam a remuneração funcional ou tradicional. Também discutiremos sobre o principal objetivo da administra- ção salarial, que é a busca pelo equilíbrio interno e externo, ou seja, a equidade salarial, e a relação entre as teorias da motivação de Maslow e Herzberg e o enga- jamento dos colaboradores dentro das empresas. Em seguida, abordaremos o processo de planejamento do PCS, no qual descreveremos todas as etapas que compõem a elaboração e implantação do plano. Também serão apresentadas as fases da análise de cargos, que incluiem a coleta de dados, descrição e especificação dos cargos, com exemplos para ilus- trar cada uma delas. Por fim, você aprenderá a realizar a análise de cargos por competências, que depois servirá de base para a formação da remuneração por competências considerada um modelo de remuneração variável. Neste estudo, enfatizaremos a importância da análise de cargos para os sub- sistemas de recrutamento, seleção, treinamento, avaliação de desempenho, entre outros. Esperamos que você esteja ansioso(a) para iniciar a leitura desta uni- dade, então, vamos lá! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 ©shutterstock PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 CONCEITUANDO REMUNERAÇÃO Para que você, aluno(a), possa compreender os termos e conceitos utilizados neste livro, é necessário iniciarmos por eles. O primeiro elemento é o salário, que pode ser definido como: [...] a totalidade das prestações econômicas dos trabalhadores, qual- quer que seja a forma ou meio de pagamento, quer retribuam o tra- balho efetivo, os períodos de interrupção do contrato e os descansos computados na jornada de trabalho (ZENNI; RAFAEL, 2006, p. 18). Ou ainda, pode ser considerado uma “contraprestação devida e paga diretamente pelo empregador a todo empregado. Entende-se que salario é o valor ajustado entre as partes (empregador e empregado), seja um acordo tácito ou expresso” (OLIVEIRA, 2008, p. 5), por isto, o salário deve ser expresso e formalizado na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). Podemos afirmar que o salário está relacionado à relação de emprego, pois determina as condições de vida do profissional que o recebe, em contrapartida, em relação à empresa, ele representa a maior fonte de despesa, como também ajuda a determinar o preço cobrado por produtos ou serviços, já que faz parte dos chamados custos fixos da organização. Para ser considerado salário, é necessária a presença de alguns elementos, dentre eles a habitualidade, a periodici- dade, a essencialidade (não há relação de emprego sem o direito ao recebimento de salário), a possibilidade de quantifi- cação, e a reciprocidade (pagamento em troca da prestação de serviços), a falta de qualquer um destes elementos pode atri- buir outro significado ao termo salário. Também é importante mencionar que existem três formas de pagamento deste salário, veja a descrição delas a seguir: Conceituando Remuneração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 ■ Salário por unidade de tempo: é aquele em que o empregado se submete a horário de trabalho e é por meio deste que ele recebe salário fixo, independentemente de estar produzindo, trabalhando ou apenas à disposição da empresa. ■ Salário por unidade de obra ou produção: não se leva em conta o tempo gasto ou a disposição do empregador, mas o volume pro- duzido ou o resultado do trabalho, ou seja, a produção alcançada pelo empregado. ■ Salário por tarefa ou misto: é a forma híbrida das duas anteriores, ou seja, o salário é pago em razão da produção e do empregado, por determinado tempo (ZENNI; RAFAEL, 2006, p. 39-42). Ao salário podem ser atribuídos valores. Neste caso, ele pode ser um salário abso- luto, quando oferece a capacidade de adquirir as coisas de que precisamos e fazer reservas para necessidades futuras, ou ainda pode ser considerado um salário relativo, quando existe compatibilidade com o trabalho que realizamos. Portanto, o “valor relativo dos salários é a parte mais complexa da questão e é dele que a administração salarial se ocupa na maior parte do tempo” (PASCHOAL, 2012, p. 10). Ou seja, o salário pode ser analisado sob dois pontos de vista distintos, ou seja, sob o ponto de vista do funcionário e sob o ponto de vista da organização. Nestes termos, sob o ponto de vista do funcionário, o salário significa retorno, retribuição, sustento de vida, padrão de vida e reconhecimento. Já para a organi- zação, ele significa custo e fator que influencia o clima organizacional existente, e como consequência, a produtividade. Assim, para uma boa parte de trabalha- dores, o salário significa a própria existência, enquanto para as organizações, representa a folha de pagamento, em outras palavras, a mais importante fonte de custos. É importante lembrar que existem vários tipos de salários, dentre eles: ■ Salário nominal ou bruto: É o salário que consta na ficha de registro, na carteira de trabalho profissional e em todos os documentos legais. Poderá ser expresso em hora, dia, semana, mês, ou outros, de acordo com o tipo de contratação existente. PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 ■ Salário efetivo ou líquido: É o salário bruto descontadas as obrigações legais, tais como contribuição previdenciária, imposto de renda e outras, de acordo com o tipo de contratação, ou seja, é o valor que efetivamente a pessoa recebe, embora haja outros valores que você receberá por oca- sião de alguns eventos, tais como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). ■ Salário complessivo: É o salário bruto complementado pelas receitas adi- cionais, tais como: hora extra, adicional noturno e outros. ■ Salário profissional: É o salário expresso na lei destinado a algumas pro- fissões, tais como: médicos e engenheiros. Veja que o salário profissional não é necessariamente aquele que você recebe. É sim uma obrigação de o empregador tê-lo como salário nominal, não impedindo que seja maior que o estabelecido em lei ou acordo sindical. ■ Salário mínimo: “[...] é fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender as necessidades vitais básicas e as de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e pre- vidência social” (OLIVEIRA, 2008, p. 11). ■ Salário normativo ou piso salarial: “[...] é definido pelos sindicatos representativos das categorias econômicas e profissionais, decorrentes de convenção ou acordo coletivo de trabalho, devendo ser maior que o salá- rio mínimo” (OLIVEIRA, 2008, p. 54). Agora que você já conhece o significado do termo salário, precisamos analisar outro conceito muito importante para a administração salarial, a remuneração ou salário global, que nada mais é que “[...] o conjunto de vantagens habitu- almente atribuído ao empregado, de acordo com algum critério objetivo, em contraprestação de serviços prestados e em montante suficiente para satisfazer às necessidades próprias e da família” (ZENNI; RAFAEL, 2006, p. 18-19). Existem dois sistemasde remuneração: o tradicional e o estratégico. O Sistema de Remuneração Tradicional é baseado em cargos e funções, ou seja, nas descrições de atividades e responsabilidades de cada função hierarquizada segundo algum critério de avaliação também tradicional, por exemplo, por pon- tos. Podemos dizer que este sistema representa apenas a remuneração funcional ou tradicional, também conhecida como remuneração fixa, que é considerada “a Conceituando Remuneração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 forma mais tradicional utilizada pelas empresas para recompensar seus emprega- dos por seu trabalho, representando ainda hoje a âncora, ou seja, a maior parcela do mix total da remuneração” (COOPERS; LYBRAND, 1996, p. 49). Este tipo de remuneração ainda é utilizado porque é implantado junto com um sistema de cargos e salários que ajuda a dar coerência interna à organização, permite equidade externa por meio de pesquisa salarial, bem como a equidade interna que produz um sentimento de justiça entre os colaboradores. Na figura a seguir, é possível analisar melhor este tipo de sistema de remuneração. Figura 01 - Sistema de remuneração tradicional Fonte: as autoras. Neste caso, existem alguns fatores limitadores, dentre eles a inflexibilidade, falsa objetividade, metodologia desatualizada e conservadorismo, pois este sistema não considera a visão de futuro e a orientação estratégica da organização. Outros pontos críticos deste sistema são: ■ Promove um estilo burocrático de gestão. ■ Reduz a amplitude de ação dos indivíduos e grupos. ■ Inibe a criatividade. ■ Inibe o espírito empreendedor. ■ Reforça a orientação do trabalho voltada para o superior hierár- quico. ■ Promove a obediência a normas e procedimentos, não a orienta- ção para resultados. ■ Não tem orientação estratégica. ■ Não encoraja o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos. ■ Torna as promoções excessivamente importantes (COOPERS; LYBRAND, 1996, p. 52). PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 As limitações do sistema, descritas anteriormente, impulsionaram o surgimento do Sistema de Remuneração Estratégico, que é ideal a nova realidade das orga- nizações que atuam em um mercado globalizado e competitivo. Este tipo de remuneração é baseado nas características pessoais, nas características do cargo e no vínculo com a organização, ou seja, nos conhecimentos, habilidades, com- petência, desempenho, resultados e evolução da carreira. Ou ainda, podemos afirmar que este sistema representa: [...] o uso de várias modalidades de praticar a remuneração em uma empresa cujo objetivo é o de estimular os funcionários a trabalharem em prol dos objetivos organizacionais. A remuneração estratégica deve estabelecer, portanto, vínculo entre as ações das pessoas e os objetivos estratégicos da empresa, fomentando uma parceira. A premissa da re- muneração estratégica é a de que os funcionários compartilhem das conquistas do seu trabalho por meio de várias alternativas de remune- ração (PONTES, 2013, p. 375). Os principais componentes deste sistema são a remuneração funcional que representa o salário contratual ou salário base e os adicionais obrigatórios determi- nados pela função do cargo ocupado e ajustada ao mercado, pode ser considerado o valor mínimo que o colaborador recebe a cada mês e que serve de referência para vários cálculos trabalhistas, como as horas extras, lembrando que no Brasil este salário não pode ser inferior ao salário mínimo nacional; a remuneração indireta ou salário indireto que são os benefícios, serviços e outras vantagens obrigatórias e espontâneas; a remuneração variável que é condicionante e vin- culada a metas de desempenho do indivíduo, da equipe ou da organização e as alternativas criativas que são os prêmios, gratificações e outras formas espe- ciais de reconhecimento (COOPERS; LYBRAND, 1996). Na figura a seguir é possível verificar os desmembramentos deste tipo de sistema de remuneração. Conceituando Remuneração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Figura 02 - Sistema de remuneração estratégica Fonte: as autoras. O sistema de remuneração tradicional ainda é muito utilizado pelas empresas, em especial as de pequeno porte devido ao orçamento financeiro mais enxuto, mas você como profissional de recursos humanos ao final deste livro terá compreen- dido a importância da implantação do sistema de remuneração estratégica para a “saúde” das empresas. Visando ajudar você no processo de implantação deste tipo de remuneração em empresas com gestão mais tradicional ou com gestão mais avançada, foram criados alguns princípios, dentre eles (WOOD JÚNIOR; PICARELLI FILHO, 2009): ■ Princípio da melhoria do desempenho: neste caso, deve ser identifi- cado e comunicado o desempenho que pretendesse motivar. No caso das empresas tradicionais, deve-se consolidar a posição de liderança, man- tendo a rentabilidade. Já nas empresas com gestão avançada devem-se aproveitar as oportunidades de mercado para atingir taxas significativas de crescimento. ■ Princípio do timing de reconhecimento: neste caso, deve ser definido o timing entre o cumprimento dos objetivos e o reconhecimento. Em empre- sas tradicionais devem-se adotar o pagamento anual de bônus e outras formas de remuneração variável. Já nas empresas avançadas devem-se reduzir o tempo entre a apuração dos resultados para a composição da parcela variável da remuneração e o pagamento desta. PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 ■ Princípio do desenvolvimento: neste caso, deve-se definir a prioridade do desenvolvimento das habilidades e competências individuais e da equipe. Nas empresas tradicionais devem-se manter os programas bem estruturados de educação e treinamento para todos os colaboradores. Já nas empresas avançadas, o desenvolvimento dos colaboradores deve ser gerenciado no contexto do sistema de remuneração por habilidades e por competências. ■ Princípio do valor de recompensa: neste caso, deve-se identificar e comunicar as diretrizes relacionadas ao valor da recompensa, incluindo o aspecto objetivo (monetário) e o aspecto simbólico. Nas empresas tra- dicionais devem-se pagar salários fixos compatíveis com a estratégia de remuneração adotada pela empresa, bem como pagar bônus aos gerentes e diretores mediante o atendimento de metas. Já nas empresas avançadas devem-se pagar uma parte substancial da remuneração em função dos resultados e recompensar desempenhos excepcionais. ■ Princípio do estabelecimento de metas: neste caso, deve-se garantir que as metas sejam estabelecidas de forma negociada. Nas empresas tradicio- nais, as metas devem ser negociadas entre líderes e liderados, a partir dos objetivos estratégicos da empresa. Já nas empresas avançadas, as metas devem ser propostas pelas células e equipes de trabalho, a partir dos obje- tivos estratégicos dos negócios. ■ Princípio da atração e retenção: neste caso, deve-se definir e divulgar a orientação da empresa sobre o tipo de profissional que deseja atrair. A empresa tradicional provavelmente quer atrair profissionais maduros e experientes. Já as empresas avançadas querem atrair jovens empreende- dores, dispostos a assumir riscos. Portanto, você pode notar que o sistema de remuneração estratégico pode ser implantado em qualquer tipo de empresa, desde que respeitadas suas caracte- rísticas específicas, bem como saber administrar as dificuldades que podem ser encontradas durante o processo. Por exemplo: os custos diretos da implanta- ção do sistema, os custos indiretos com treinamentos, e os custos psicológicos quesão reflexos do estresse dos colaboradores devido à transição do sistema de remuneração. Nesta linha de raciocínio, podemos dizer que a administração de cargos e salários, portanto, é a parte da administração de recursos humanos que lida com as recompensas materiais pelo trabalho das pessoas. Conceituando Remuneração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 Até mesmo porque as pessoas em uma empresa trabalham esperando receber em troca recompensas materiais e não materiais. Mas o que são as recompensas materiais e as não materiais? As recompensas não materiais ou não financei- ras referem-se aos programas de reconhecimento, programas de treinamento e desenvolvimento, plano de carreira, programas de avaliação de desempenho, e a existência de um ambiente de trabalho acolhedor e estimulante. Em contra- partida, as recompensas materiais ou financeiras tratam da remuneração fixa, remuneração variável e dos benefícios (VIZIOLI, 2010). Dessa maneira, podemos concluir que uma pessoa, ao estabelecer uma rela- ção de trabalho com uma organização, poderá receber em troca a remuneração fixa, a remuneração variável, e ainda benefícios a este respeito, quando utilizado o sistema de remuneração estratégica, por isto, vamos tratar neste livro do pla- nejamento, elaboração e implantação de um plano de cargos e salários baseado neste tipo de remuneração. Fazendo uma análise do cotidiano das organizações, levando em conta a troca que se estabelece entre as pessoas (colaboradores) e as organizações, é comum os colaboradores reclamarem por aumento salarial, quando gastam mais do que realmente podem, ou usam esta situação como argumento, quando fazem com- parações salariais com outros colegas de trabalho (PASCHOAL, 2012). A Administração de Cargos e Salários (ACS) teve seu início nos anos 40 quando foi implantado em empresas estatais e órgãos governamentais. Já nos anos 60, devido à chegada das multinacionais, ganhou maior espaço nas empre- sas, e nos anos 70 surgiram novas metodologias de avaliação de cargos, como por exemplo a metodologia da consultoria HayHoyler. Atualmente, a ACS vem experimentando uma grande disseminação entre as empresas, bem como forte influência das entidades sindicais. Podemos dizer também que a ACS reúne algumas funções que acreditamos ser importantes para o desenvolvimento dos tópicos seguintes no que se referem aos principais motivos que impulsionam os colaboradores no desenvolvimento de suas tarefas e atribuições. Assim, destacamos as quatro funções básicas que a administração de cargos e salários deve cumprir: PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 ■ Alcançar o equilíbrio interno: Significa que os salários devem ser distribuídos com justiça, de acordo com a complexidade das tare- fas e o nível de responsabilidade concernente a cada cargo. ■ Alcançar o equilíbrio externo: Significa que os salários devem ser compatíveis com os oferecidos pelo mercado, para que a organiza- ção consiga atrair e reter os talentos de que necessita. ■ Motivar os funcionários: Os cargos e salários devem ser adminis- trados de tal maneira que o colaborador perceba que, se cumprir sua parte para o alcance dos objetivos organizacionais, será recom- pensado adequadamente. ■ Fortalecer a estratégia organizacional: Significa que a adminis- tração de cargos e salários, como todas as outras práticas de RH (como treinamento e desenvolvimento, recrutamento e seleção, entre outros) deve estar alinhada à estratégia geral, por exemplo, não faria sentido algum a organização se dispor a pagar salários muito acima da média do mercado se não visa oferecer produtos ou serviços diferenciados em relação aos da concorrência (VIZIO- LI, 2010, p. 167). Como você pôde verificar, dentre as funções da administração de cargos e salá- rios destacam-se a de motivar os colaboradores, mas, afinal, o que é motivação? Consideramos este tema complexo, por isto, vamos abordá-lo no que diz respeito à troca do trabalho humano pela recompensa salarial, ou seja, até que ponto o salário é o agente motivador para o alcance da melhor produtividade por parte do colaborador? Motivação pode ser definida como “o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de uma determinada meta” (ROBBINS; DECENZO, 2005, p. 132). Ainda neste sentido, acredita-se que a motivação tem o mesmo peso que a capacidade para o alcance de um bom desempenho. Contudo, a motivação sozi- nha não garante o alcance da meta, pois isso depende também da capacidade física, técnica ou intelectual necessária para alcançá-la. Por exemplo, quando um determinado cargo exige alguns requisitos intelectuais, como raciocínio lógico e matemático, contudo, se a pessoa não os desenvolveu o suficiente para aplicá- -los, pode vir a deixar a desejar no exercício de suas funções. Conceituando Remuneração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 Apesar de acreditarmos não ser novidade para você, vamos fazer uma breve abordagem sobre os estudos relacionados à motivação, principalmente os rea- lizados por Elton Mayo e a Teoria das Relações Humanas, que aborda a Teoria das Necessidades Humanas de Maslow e os Fatores Motivadores e Higiênicos de Herzberg, no sentido de relacionarmos à motivação das pessoas com a remuneração. Uma das primeiras tentativas de se usar técnicas científicas para examinar o comportamento humano ocorreu por meio dos estudos de Hawthorne, mais precisamente em 1924 pela Western Electric, sob a supervisão de Elton Mayo. Estes estudos, por sua vez, estimularam o debate sobre a importância da satisfa- ção humana e do desenvolvimento pessoal no trabalho, assim como a necessidade de se compreender as relações entre as pessoas. A abordagem das relações humanas teve seu início a partir destes estudos, e suas conclusões serviram de ponto de partida para desviar a atenção da melho- ria da eficiência enfatizada pela Administração Científica, para o aumento do crescimento e desenvolvimento humano, bem como sua satisfação no trabalho. Depois de anos de pesquisa, Mayo pôde concluir que o grupo social afeta consideravelmente as ações e atitudes dos colaboradores, passando, a partir daí, a estudar os fatores que exerciam influência no processo de motivação destes colaboradores. Posteriormente, Mayo comprovou que o salário, isoladamente, não é um fator de motivação (PONTES, 2013). Seguindo nossa linha de estudo quanto à motivação, destacamos a Teoria da Hierarquia das Necessidades criada na década de 1950 pelo psicólogo norte-a- mericano Abraham Maslow, ela é a mais conhecida das teorias sobre motivação. Esta teoria parte do princípio de que o ser humano busca primeiro satisfazer suas necessidades mais básicas para, em seguida, sentir-se novamente insatis- feito e então se preocupar com outras necessidades. Todavia, não é necessário que as necessidades de uma categoria estejam plenamente satisfeitas para que se busquem as seguintes, é possível verificar os componentes desta hierarquia por meio da figura a seguir. PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 Figura 03 - Hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: Adaptado de Paschoal (2012). É importante mencionar também que atualmente, o maior desafio das empresas é conquistar o engajamento dos seus colaboradores, ou seja, fazer com que eles se comprometam com os objetivos organizacionais, por isto, vamos apresentar os con- ceitos da teoria de Maslow e seus impactos no engajamento dos colaboradores. A primeira necessidade são as fisiológicas, que estão relacionadas com a subsistên- cia, ouseja, tudo que mantém uma pessoa viva, por exemplo, a alimentação, abrigo, água, sono, sexo, intervalos de descanso, conforto físico, horário de trabalho razoá- vel, entre outros. Ela pode se tornar um fator desmotivador, gerando o engajamento nulo dos colaboradores, também considerados ativamente desengajados, ou seja, aqueles que espalham sementes de negatividade, sabotando o progresso da empresa, este comportamento pode ser comprovado em frases como (PASCHOAL, 2012): ■ Estou aqui pelo salário. ■ Não estou satisfeito com o que faço. ■ Eu sou um empregado que vale a pena. ■ Já deu a hora de ir embora? ■ Vou embora quando puder. ■ Meu trabalho não me excita. Conceituando Remuneração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 A próxima necessidade é a segurança, que está relacionada com a proteção contra todo tipo de ameaça física ou psíquica às condições de subsistência conseguidas, por exemplo, a violência, privação das condições de subsistência, instabilidade de emprego, más condições de trabalho, remuneração e benefícios incompatí- veis com as necessidades, guerra, caos, doenças, crise financeira, entre outros. Pode se tornar um fator desmotivador, gerando o não engajamento dos cola- boradores, ou seja, desengajados, são aqueles colaboradores qualificados, mas individualistas, que na primeira oportunidade vão trabalhar na concorrência, este comportamento pode ser comprovado em frases como (PASCHOAL, 2012): ■ Estou interessado em horas extras. ■ Estou mais doente do que gostaria. ■ Eu tenho más condições de trabalho. ■ Eu tenho visto anúncios de emprego. ■ Eu não gosto do meu gestor nem de minha equipe. ■ Eu não gosto muito do que faço, mas vou ficando. As necessidades sociais ou de associação dizem respeito ao compartilhamento com outras pessoas, ter amigos, poder conviver com outras pessoas, ou ainda, a necessidade de ser amado, de pertencer a um grupo social como a família, a vizinhança e o grupo de amigos, amizade com colegas de trabalho, interação com clientes, entre outros. Pode se tornar um fator motivador, gerando o quase engajamento dos colaboradores, ou seja, os relativamente engajados, que repre- sentam aqueles que se concentram em fazer as tarefas, mas não se importam com o resultado, comprovados em frases como (PASCHOAL, 2012): ■ Eu sei que faço parte de algo grande. ■ Eu quase sempre estou comprometido, mas tem horas que não. ■ Eu tenho orgulho em trabalhar aqui, mais não preciso gritar isso aos qua- tro cantos. ■ Eu poderia sair se tentasse. ■ Não há desenvolvimento de carreira aqui. PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 Também existe a necessidade de estima ou autoestima, que é a necessidade de que nossas ações sejam aceitas, validadas e elogiadas pelas outras pessoas, a ponto de nos vermos capazes, recobrarmos ou fortalecermos o amor-próprio, ou seja, é a necessidade de ser respeitado e admirado, por si mesmo e pelos outros. Fatores que podem sanar estas necessidades são a responsabilidade por resultados, orgulho e reconhecimento, promoções, entre outros. Pode se tornar um fator motivador, gerando o engajamento dos colaboradores, ou seja, aque- les colaboradores que vestem a camisa da empresa, o comportamento pode ser comprovado em frases como (PASCHOAL, 2012): ■ Eu sou uma parte vital em meu trabalho. ■ Eu me sinto importante com o que faço. ■ Estou muito ocupado e provavelmente muito estressado. ■ Eu sou um empreendedor. ■ Eu vou sair se algo muito melhor surgir. E por fim, a necessidade de autorrealização que representa a necessidade que temos de fazer o que gostamos, de vencer desafios, de construir algo a partir da nossa capacidade, ou seja, é a necessidade de realizar o próprio potencial. Varia muito, pois depende das inclinações de cada um, por exemplo, realizar um tra- balho criativo e desafiante, diversidade e autonomia, participações nas decisões, ser um profissional prestigiado ou um grande atleta, em média, menos de 15% atinge este nível. Pode se tornar um fator motivador, gerando o alto engajamento dos colaboradores, ou seja, aqueles colaboradores leais à organização, que con- tribuem para a sua lucratividade, este comportamento pode ser comprovado em frases como (PASCHOAL, 2012): ■ O que posso fazer pelos outros? ■ Inspiro os outros a fazerem seu melhor. ■ Amo trabalhar aqui. ■ Eu voo alto. Conceituando Remuneração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 As necessidades sociais e de estima têm um impacto direto sobre o engajamento, por isto, as empresas devem dedicar um tempo no seu monitoramento e na sua satisfação. Assim, podemos concluir que as necessidades correspondentes aos quatro primeiros degraus da pirâmide são chamadas de inferiores ou necessida- des de deficiência, em outras palavras, elas representam carências irremediáveis do ser humano que, se não alcançadas, limitam gravemente seu bem-estar físico e psíquico. Em contrapartida, a última categoria de necessidade, a da autorreali- zação, é considerada uma necessidade superior ou de crescimento. Fazendo uma análise da teoria de Maslow, em relação ao salário ser um agente motivacional ou não, podemos concluir que apesar de ser de forma indireta, este exerce sim uma influência sobre o alcance dessas necessidades. Em outras palavras, é por intermédio do salário que alcançamos a satisfação de nossas necessidades básicas, como necessidades de alimento, moradia, entre outros. Em contrapar- tida, no que diz respeito à necessidade de segurança, a estabilidade da empresa no mercado é condição que proporciona a garantia do recebimento do salário, sendo de suma importância para o indivíduo (PONTES, 2013). Já a título de reconhecimento, diante de um aumento por mérito no exercício de suas funções, o indivíduo pode estar suprindo sua necessidade de reconheci- mento e aceitação social. Dessa forma, o salário quando bem administrado pelo Departamento de Recursos Humanos ou Departamento de Cargos e Salários pode ser um fator que servirá de base aos fatores motivadores relacionados ao cargo ocupado, e não um fator de motivação. Já quanto à Teoria de Herzberg, o comportamento das pessoas é fortemente orientado por dois fatores, dentre eles, temos: ■ Fatores higiênicos: são aqueles relacionados com as necessidades básicas da subsistência e do trabalho, o fato de tais fatores estarem satisfeitos não significa que haja motivação, porém o seu não aten- dimento leva necessariamente à desmotivação. ■ Fatores motivacionais: estão ligados mais aos aspectos psicológi- cos de reconhecimento, autoestima, autorrealização, entre outros. O fato de tais necessidades não estarem satisfeitas não leva obriga- toriamente à desmotivação, mas a ocorrência do reconhecimento, por exemplo, sempre gera um estado de motivação positiva (PAS- CHOAL, 2012, p. 7). PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 Os fatores de motivação são intrínsecos e estão relacionados à satisfação no trabalho, enquanto os fatores de higiene são extrínsecos e estão associados à insa- tisfação, porque estão relacionados às condições de trabalho, e não ao trabalho em si, e não são capazes de, sozinhos, promoverem a motivação. Para Herzberg, os fatores que geravam insatisfação estavam relacionados às necessidades mais básicas do ser humano, como saciar a fome e se proteger de ameaças externas. Já os fatores que levavam à satisfação, por sua vez, estavam relacionados às necessidades superiores do ser humano, ao seu desejo de vencer desafios e, assim, alcançar o crescimento psicológico (VIZIOLI, 2010). É possí- vel verificar alguns exemplosdestes fatores no quadro a seguir. Quadro 01 - Fatores de Herzberg FATORES DE HIGIENE (ASSOCIADOS À INSATISFAÇÃO NO TRABALHO) FATORES DE MOTIVAÇÃO (ASSOCIADOS À SATISFAÇÃO NO TRABALHO) Políticas e administração da empresa. Supervisão. Relacionamento com o superior. Condições de trabalho. Salário. Relacionamento com colegas. Vida pessoal. Relacionamento com subordinados. Status. Segurança. Realização. Reconhecimento. O trabalho em si. Responsabilidade. Progresso. Crescimento. Fonte: Vizioli (2010, p. 139). Para sugerir um modelo de gestão dos recursos humanos condizente com as suas descobertas, Herzberg criou o conceito de enriquecimento de cargos (job enrichment), uma prática que consiste em associar as tarefas comuns do traba- lhador com outras mais nobres, desafiadoras e significativas. O enriquecimento de cargos foi uma das primeiras tentativas concretas, nos Estados Unidos, de abandonar o paradigma taylorista-fordista em favor de modos de organização do trabalho mais participativos e cooperativos. Conceituando Remuneração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 Fazendo um paralelo da teoria de Herzberg com o salário como um agente motivador, podemos concluir mais uma vez que o salário, tratado de maneira isolada, não ganha força suficiente para ser um fator motivador, ou seja, e se levarmos em conta os fatores considerados motivadores (realização, reconhe- cimento, responsabilidade, progresso, entre outros) mais o salário, este último virá fortalecer os aspectos motivadores, fazendo com que o colaborador venha, como consequência, a melhorar inclusive seu desempenho (PONTES, 2013). Antes de adentrarmos no contexto que conduzirá ao estudo e interpretação do que venha a ser o planejamento do plano de cargos e salários, considera- mos importante fazer uma abordagem às dificuldades encontradas pela área de administração de cargos e salários. E também quanto ao dilema que a maioria das organizações encontra para manter profissionais capacitados, levando-se em conta os custos provenientes desta estratégia. Remunerar de forma diferenciada o capital humano em relação à concorrência não é nada simples, quando nos referimos ao custo desta estratégia em relação à folha de pagamento. Com isso, surge a grande preocupação da administração de cargos e salá- rios, ou seja, a manutenção do equilíbrio interno e externo. O equilíbrio interno visa garantir que cada cargo tenha um equilíbrio em relação aos demais cargos da própria organização. O equilíbrio in- terno (ou consistência interna dos salários) é alcançado por meio de informações internas obtidas por meio da avaliação e classificação dos cargos, assentadas sobre um prévio programa de descrição e analise de cargos (CHIAVENATO, 2009, p. 39). Nesta linha de raciocínio, o equilíbrio interno tem um grau de importância grande para as organizações, uma vez que é comum aos colaboradores compararem seus salários com os demais colaboradores, não vindo a compreender a diferença de remunerações existentes, e uma vez não sendo visível a distinção entre os cargos em termos de complexidade, do grau de responsabilidade, da capacidade, entre outros. Já o equilíbrio externo visa garantir que cada cargo tenha um equilíbrio em relação aos mesmos cargos de outras organizações que atuam no mercado de trabalho para obter o equilíbrio externo dos salários. O equilíbrio externo (ou consistência externa dos salários) é alcançado por meio de informações externas obtidas pela pesquisa de salários (CHIAVENATO, 2009, p. 39). PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 Ou seja, o equilíbrio externo é conseguido por intermédio da adequação salarial da organização frente ao mercado de trabalho, ele também apresenta um grau de importância para a organização, tendo em vista que os colaboradores com- param suas remunerações com o que a concorrência está praticando. Sem falar da dificuldade que algumas organizações podem ter para manter profissionais capacitados, principalmente em momentos de escassez de mão de obra, o que automaticamente impulsiona a valorização dos mesmos em termos de remune- ração. Para maior compreensão destes temas, destacamos a figura, a seguir, que demonstra os fatores internos e externos que influenciam na determinação dos salários praticados pelas organizações. Figura 04 - Composição dos salários, considerando os fatores internos e externos Fonte: Chiavenato (2009, p. 38). Uma vez estabelecidas as dificuldades para se manter a equidade salarial dentro das organizações, acreditamos que neste momento fica mais fácil estabelecer o grande objetivo da ACS, que “é auxiliar a organização a remunerar o pessoal de forma adequada, com justiça interna e competitividade externa” (PASCHOAL, 2012, p. 13). Agora que você já conhece os principais termos e conceitos rela- cionados à administração salarial, no próximo tópico, abordaremos as fases da etapa de planejamento do plano de cargos e salários baseado no sistema de remu- neração estratégico. Até lá! ©shutterstock Introdução ao Plano de Cargos e Salários Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 INTRODUÇÃO AO PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Neste tópico, abordaremos a primeira etapa do plano de cargos e salários, o pla- nejamento, bem como enfatizaremos as principais fases da mesma. O Plano de Cargos e Salários (PCS) também é conhecido como Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS), ou ainda Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR), e pode ser definido como um: [...] sistema que estabelece um conjunto de regras para administração dos salários pagos e a carreira dos colaboradores de uma empresa, me- diante analise da demanda ou atribuição dos cargos x habilitação in- dividual necessária para obter a justiça interna (avaliação de cargos) e avaliação externa (pesquisa de mercado), objetivando o equilíbrio entre a necessidade de atração e retenção de pessoas e a capacidade de pagar (custo de mão de obra no produto ou serviço), observando a legislação trabalhista (HUCZOK; LEME, 2012, p. 01). PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 Portanto, é por meio do PCS que a empresa encontra o equilíbrio interno e externo mencionado no primeiro tópico desta unidade, lembrando que este plano contempla a remuneração estratégica, ou seja, unifica no mesmo documento a remuneração funcional, a remuneração variável, os benefícios e o plano de carreira, para que você conheça todos os elementos da administração salarial na prática. O PCCS visa: ■ Organização de atividades. ■ Equidade interna e externa. ■ Dimensionamento da massa salarial no aspecto financeiro. ■ Estabelecer parâmetros de diferenciação estáveis entre os cargos e os salários dos ocupantes. ■ Evitar problemas legais trabalhistas. ■ Instrumento de gestão da evolução salarial e carreira. ■ Agilidade no processo de análise dos pedidos e questões de remu- neração do quadro de pessoal (LEME; HUCZOK, 2012, p. 03). Existem várias práticas de recursos humanos inovadoras no mercado, mas antes de uma empresa investir em qualquer tipo de projeto, é necessário saber o seu grau de maturidade. Este grau não está ligado ao tamanho da empresa, mas sim ao nível de entendimento dos gestores em relação à importância do capital humano para o seu crescimento, caso contrário o projeto apenas vai gerar cus- tos financeiros e psicológicos desnecessários. No caso do plano de cargos e salários (PCS) não é diferente. Este documento é um instrumento que equaciona o problema da maioria das empresas em rela- ção à subjetividade na administração salarial, pois consegue alcançar o equilíbrio internoe externo. No quadro, a seguir, é possível verificar o desmembramento das etapas de planejamento, elaboração e implantação do PCS que serão estuda- das neste livro. Introdução ao Plano de Cargos e Salários Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 Quadro 02 - Etapas do PCS PLANEJAMENTO Definição dos responsáveis pelo projeto. Diagnóstico organizacional. Mapeamento das orientações legais. Escolha do modelo de PCS. Elaboração dos objetivos do plano. Elaboração do cronograma e orçamento. Documentação do projeto. Aprovação do projeto pela diretoria. Divulgação do projeto. ELABORAÇÃO Descrição e análise de cargos (unidade I). Avaliação de cargos (unidade II). Pesquisa salarial (unidade II). Definição da estrutura salarial (unidade II). Definição da política salarial (unidade II). Definição do programa de remuneração variável (unidade III). Definição do programa de benefícios (unidade IV). Definição do plano de carreira (unidade V). Documentação do plano. IMPLANTAÇÃO Avaliação do pessoal. Enquadramento dos colaboradores. Análise e adequação do plano. Cálculo do impacto na folha de pagamento. Aprovação do plano pela diretoria. Formalização dos enquadramentos. Homologação do plano no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ou Sindicato. Divulgação do plano aos gestores e gerentes de linha. Divulgação do plano aos colaboradores. Revisão e atualização do plano. Fonte: Adaptado de Marras (2012) e Pontes (2013). PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 Como mencionado anteriormente, neste tópico, estudaremos sobre o planeja- mento do PCS, no sentido de definir os passos básicos a serem tomados quando uma empresa pretende adotar um plano de cargos e salários, que é algo extrema- mente importante, uma vez que será por intermédio do mesmo que se poderá identificar as decisões que deverão ser tomadas, a fim de transformar o que era apenas uma ideia em uma prática organizacional. Este planejamento, por sua vez, é responsabilidade da área de Recursos Humanos (RH), tendo em vista a apro- ximação deste com as atividades que envolvem as atribuições da Administração de Recursos Humanos (ARH) (MARRAS, 2012). Quando os gestores de uma empresa começam a escutar frequentemente frases como: “Fulano ganha mais do que eu”, “o seu cargo tem menos respon- sabilidade que o meu”, “Sicrano ganha mais do que eu e faz bem menos”, ou “Beltrano faz a mesma coisa que eu, mas ganha mais”, é preciso parar e pensar se não está faltando alguma coisa na sua gestão de pessoas. Neste momento, é muito importante detectar os principais fatores motiva- dores e desmotivadores presentes no ambiente de trabalho, ou seja, identificar as expectativas dos colaboradores em relação à remuneração e benefícios ofe- recidos, visando se certificar que o problema é a política salarial ineficiente ou inexistente, ou outro fator mais grave, pois a implantação de um PCCS deve ser feita conscientemente e não apenas por modismo. Todavia, como todo plano de RH, o plano de cargos e salários deve ser implan- tado com a participação das gerências, tendo em vista que estes profissionais são diretamente os responsáveis pela motivação e produtividade de suas equipes de trabalho dentro das organizações. Sem falar da necessidade destes estarem a par das políticas e diretrizes estabelecidas pelo plano de cargos e salários, uma vez que lidarão com a grande massa de colaboradores da estrutura organizacional, devendo estar preparados para sanar dúvidas e conduzi-los para o alcance dos melhores resultados (PONTES, 2013). Agora, você conhecerá as fases de plane- jamento do PCS propriamente dito: Introdução ao Plano de Cargos e Salários Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 Fase 01 – Definir os responsáveis pelo projeto: Neste momento, a empresa deve escolher quem serão os responsáveis pelo projeto, para tanto pode ter três opções, utilizar a própria equipe do departamento de recursos humanos, desde que eles estejam preparados por meio de cursos existentes no mercado ou benchmarking, contratar um consultor apenas para orientar o processo, ou uma consultoria especializada para a implantação de todo o projeto, nestes dois últimos casos deve ser levado em conta os custos e idoneidade do fornecedor, estes conferem mais cre- dibilidade ao processo (MARRAS, 2012). Fase 02 – Diagnóstico organizacional: Após a escolha do responsável faz se necessário fazer o diagnóstico organizacional, ou seja, o mapea- mento ou levantamento de todas as informações relacionadas à estrutura organizacional atual e futura que pode ser obtido por meio de entrevistas com o corpo executivo da empresa e com a aplicação de uma pesquisa de clima organizacional, visando identificar os seguintes tópicos: ■ Histórico da empresa. ■ Estrutura organizacional. ■ Sistema de remuneração vigente. ■ Nível de insatisfação com o sistema vigente. ■ Cargos utilizados e dispersão salarial. ■ Reclamações trabalhistas com foco em cargos e salários. ■ Tentativas anteriores de sistematização da administração de salá- rios. ■ Sistema de comunicação usual. ■ Relações com o sindicato (histórico de greves). ■ Visão dos trabalhadores sobre o assunto. ■ Existência de representações internas. ■ Estágio de desenvolvimento organizacional. ■ Principais valores de organização. ■ Centros de poder. PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 ■ Demandas motivacionais predominantes. ■ Motivos determinantes da decisão de se desenvolver o sistema. ■ Organograma da empresa. ■ Relação nominal dos empregados por centro de custo. ■ Relação nominal de salários hierarquizada (do menor ao maior salário). ■ Relação de cargos existentes na empresa por ordem alfabética. ■ Relação, por centro de custo, dos responsáveis (líderes de cada grupo) de cada área da empresa (chefes, gerentes, diretores) (JOR- GE, 2007, p. 24-25). Também é necessário analisar a capacidade financeira, as políticas e práticas existentes de RH, e os problemas existentes para conhecer a realidade atual da empresa. No caso das empresas que não têm processos de recursos huma- nos bem definidos, documentados e implantados, por exemplo, o processo de recrutamento e seleção, avaliação de desempenho e treinamento, pode encontrar dificuldades na manutenção do PCS, portanto, é necessário primeiro estrutu- rar estes processos, que indicam a maturidade da política de gestão de pessoas da empresa, e depois iniciar o processo do PCS. Após a empresa identificar que precisa e está preparada para este tipo de projeto, é preciso verificar se a alta administração “comprou realmente a ideia” e está disposta a participar, sem o respaldo deles nenhum projeto consegue sair do papel, pois, são eles que garan- tem que o plano tenha equidade interna e coerência externa de acordo com as possibilidades financeiras da empresa (RABAGLIO, 2012). Fase 03 – Mapeamento das orientações legais: Agora é preciso mapear as orientações legais acerca do PCS, ou seja, estudar alguns itens para que o plano tenha validade legal, para tanto, deve-se pesquisar as leis pertinentes, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Constituição Federal, convenções e acordos coletivos vigentes, entre outros documentos oficiais. Uma das informações encontradas nesta pesquisa é o salário mínimo nacio- nal ou regional vigente que servirá de salário base na tabela salarial. Neste sentido, devemos destacar os princípios ou normas de proteção salarial que orientam a formulação da política salarial e das movimentações de carreira dentro da estrutura organizacional da empresa. Introdução ao Plano de Cargos e Salários Re prod uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 Tais regras destinam-se a defender o salário não apenas em face do empregador, mas também em face dos credores, seja do empregado, seja do empregador, e mesmo considerando os familiares do próprio trabalhador. Essas regras encontram sua justificativa na própria natu- reza elementar do salário, que se destina, principalmente, a garantir a sobrevivência do empregado e da sua família (CUNHA, 1997, p. 161). Dentre estas normas, temos a periodicidade salarial (Art. 459 e 465 da CLT) que indica que o salário deve ser pago em moeda corrente até o quinto dia útil sub- sequente. A irredutibilidade salarial (Art. 503 da CLT) que afirma que “não se pode reduzir o salário, salvo os casos de previsão em instrumento coletivo, sendo eles o acordo coletivo de trabalho e a convenção coletiva de trabalho” (ZENNI; RAFAEL, 2006, p. 36). Assim como, a inalterabilidade salarial (Art. 468 da CLT) que indica que o empregador não pode fazer alterações no salário do colaborador sem o consentimento dele. Também é necessário mencionar a intangibilidade salarial (Art. 462 da CLT), que diz que: [...] há restrições quanto à possibilidade de descontos por parte do em- pregador. Isso ocorre para evitar que o empregador proceda a descon- tos infundados, do salário do empregado e que este venha a ficar com saldo zero ou negativo quando do recebimento de seu salário. É a coi- bição a abusos que porventura poderiam ser cometidos. Somente nas situações previstas no art. 462 da CLT descontos são permitidos sem a autorização do empregado. São elas: adiantamentos salariais, previ- são em convenção ou acordo coletivo de trabalho, previsões legais tais como: [Imposto de Renda Retido na Fonte] IRRF, [Instituto Nacional do Seguro Social] INSS, entre outros (ZENNI; RAFAEL, 2006, p. 31- 32). Existe também a isonomia salarial (Art. 460 e 461 da CLT) que incentiva a igual- dade de tratamento entre os colaboradores, sendo considerado o mais importante para a construção do plano, veja o texto deste artigo, a seguir: Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá a igual sala- rio, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade. Parágrafo 1º trabalho de igual valor, para os fins deste capitulo, será o que foi feito com igual produtividade e com mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não foi superior a dois anos. PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E40 Parágrafo 2º os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em que as promoções deverão obedecer aos critérios de antiguidade e merecimento (PASCHOAL, 2012, p. 15-16). Lembre-se que durante o mapeamento das orientações legais o analista de car- gos e salários pode contar com a ajuda de advogados trabalhistas, sindicatos e contadores que estão mais familiarizados com as fontes que serão utilizadas. Fase 04 – Escolher o modelo do PCS: Depois do levantamento de todas estas informações é hora de escolher o modelo de plano de cargos e salá- rios a ser implantado, existem os modelos ou sistemas de remuneração tradicional e o estratégico, conforme explicado no primeiro tópico desta unidade. Alguns teóricos separam os modelos por cargos ou por com- petências, mas de acordo com pesquisas o modelo mais praticado pelas empresas é o baseado nos cargos, ou seja, nas atividades que compõem o cargo, enquanto, a minoria elabora com base nas competências, ou seja, nos resultados obtidos pela pessoa que executa as atividades. Mas, as empresas que implantaram sistemas de remuneração com base em com- petências tiveram como resultado um quadro de colaboradores “competentes”, uma folha de pagamento inchada e os mesmos resultados, pois, grande parte dos colaboradores atingiram o ponto máximo de desenvolvimento das competências e o topo da grade salarial, enquanto, a outra parte estava desmotivada por não conseguir alcançar as mesmas progressões, outro problema era a subjetividade da descrição das competências que resultou em muitos pedidos de equiparação salarial na justiça do trabalho (HUCZOK; LEME, 2012). Com base nestas informações é possível afirmar que a remuneração fixa deve ser baseada nos cargos acrescida de uma remuneração variável baseada em competências, desde que elas sejam mensuradas matematicamente, além disto, o objetivo da gestão por competências é desenvolver competências, e seus crité- rios devem ser utilizados no máximo na avaliação de desempenho que gera as promoções horizontais por mérito. Introdução ao Plano de Cargos e Salários Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 Fase 05 – Estabelecer os objetivos do PCS: O próximo passo é estabelecer os objetivos do plano, lembre-se que eles devem ser claros e condizen- tes com as informações analisadas no diagnóstico organizacional, alguns objetivos mais comuns são: [...] atender a premissa do equilíbrio interno e externo; servir como instrumento das oportunidades de trabalho e desenvolvimento na em- presa; tornar clara a política de salários; servir como base de carreiras e de outros subsistemas de recursos humanos, como treinamento e desenvolvimento, planejamento, recrutamento e seleção; provocar nas pessoas motivação e estímulo para melhorar suas qualificações profis- sionais (PONTES, 2013, p. 36). Você deve ter observado que todos estes objetivos apresentados resumem de uma maneira objetiva e clara o maior objetivo da ACS que é, sem sobras de dúvidas, auxiliar a organização a remunerar o pessoal de forma adequada, com justiça interna e competitividade externa. Uma vez definidos e estabelecidos os obje- tivos do plano de Cargos e Salários, faz-se necessário identificar o número de planos salariais. Contudo, este número vai depender obviamente dos grupos ocupacionais da organização, em outras palavras, dos grupos administrativos, operacionais, gerenciais, entre outros. Mesmo porque cada grupo deste apresenta pré-requisitos diferenciados, que precisarão ser avaliados de maneira distinta no que diz respeito ao estabelecimento da avaliação destes e da composição salarial dos mesmos. Fase 06 – Elaborar o projeto do PCS: Tendo sido definido o número de planos, o passo seguinte compreenderá a elaboração do projeto e defi- nição do tempo de execução. Este deve ser visto como se fosse qualquer outro projeto, ou seja, ele deve ter um escopo, com início, meio e fim, ou seja, deve conter um objetivo bem claro e definido, e serem conduzidos dentro de uma determinação de tempo, custo, e qualidade, que são defi- nidos por meio do diagnóstico organizacional, não existe uma fórmula pronta, o plano deve ser desenvolvido de acordo com as características de cada empresa. PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E42 Com as informações coletadas, anteriormente, o responsável pelo projeto ela- bora o cronograma de ações, como cada etapa depende da efetivação da outra, algumas devem ser realizadas simultaneamente (avaliação de cargos e pesquisa salarial), para evitar gastos de tempo desnecessários, o processo pode demorar no mínimo 06 meses, mas dependendo do tamanho da empresa (complexidade) pode chegar a 02 anos. Todas estas informações devem ser documentadas e apre- sentadas por e-mail ou reunião para a alta administração da empresa visando à aprovação do projeto (VARGAS, 2005). Fase 07 – Divulgação do projeto: Após a documentação e aprovação do projeto por parte da alta administração, inicia-se o processo de divulga- ção do mesmo, lembre-se que o projeto não deve ser divulgadoantes, pois pode gerar expectativas errôneas caso não seja aprovado, lembre-se que: [...] implantações deste tipo costumam provocar tanto expectativas negativas (de demissões, por exemplo) quanto expectativas positivas (de reclassificação, promoções ou aumentos salariais). Na divulgação, a empresa deve comunicar claramente seus objetivos para evitar mal- -entendidos e interpretações indevidas (COOPERS; LYBRAND, 1996, p. 56). Outro fato importante, é que as pessoas somente valorizam aquilo que conhecem, por isto, a divulgação correta do plano é muito importante para evitar ansiedade, insegurança e resistência por parte dos colaboradores, que pode ser realizada por meio das ferramentas de comunicação interna (palestras, intranet, livretos explicativos, reuniões, mural de avisos, entre outros), [...] um projeto de gestão de pessoas tem necessidade de ser conhecido pelas pessoas, só assim terá efeito e poderá provocar mudanças positi- vas, com e por meio das pessoas. Para isso, no cronograma de ações, já deve constar a divulgação do projeto, para que a equipe gestora esteja em contínua comunicação com seu público-alvo, comunicando, infor- mando, envolvendo e comprometendo as pessoas para este objetivo (RABAGLIO, 2012, p. 7). Também é importante comunicar o sindicato da categoria, buscando seu apoio na implantação e manutenção do plano. Na sequência do planejamento do traba- lho, deve-se, neste momento, implementar reuniões gerenciais com o intuito de expor detalhes do projeto proposto, bem como divulgar o mesmo e ainda colher ©shutterstock Análise de Cargos Tradicional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 sugestões a respeito que possam vir a agregar valor ao mesmo. Levando-se em conta que o plano salarial neste momento fora definido pelo RH, e que ocorreu a participação ativa das gerências no projeto, faz-se necessária a exposição do mesmo para a diretoria da empresa para aprovação final. Em outras palavras, torna-se imprescindível que a alta direção da empresa tome partido para que a implantação do plano de cargos e salários tenha maior credibilidade junto aos colaboradores. Com a divulgação do projeto, finalizamos a etapa de planejamento do plano. Nos próximos tópicos estudaremos sobre as primeiras fases da etapa de elaboração do PCS, a descrição e análise de cargos. ANÁLISE DE CARGOS TRADICIONAL Neste tópico, vamos compreender que a análise de cargos é uma das mais antigas práticas de recursos humanos e que esta prática tem influência direta nas demais apli- cabilidades da administração de recursos humanos, como no levan- tamento do diagnóstico da situação atual de uma organização, já que os cargos existentes neste momento na estrutura organizacional explicita- rão a realidade da mesma. Em suma, a análise de cargos é o processo de decompor um cargo em par- tes menores e mapeá-las de modo coerente, ou seja, “é o estudo que se faz para coligir informações sobre as tarefas componentes do cargo e as especificações exigidas do seu ocupante” (PONTES, 2013, p. 44). PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E44 Diante da contextualização do que vem a ser a análise de cargos ora apre- sentada, colocamos nosso propósito de que você possa aprender todos os passos necessários para fazer uma análise de cargos, considerando o contexto atual das organizações. Entretanto, antes de discutirmos sobre a aplicabilidade da análise de cargos de um modo mais específico, abordaremos alguns estudos para apre- sentar pontos que acreditamos serem importantes para compreender a dimensão da mesma, dessa forma, enfatizaremos a origem da análise de cargos. A análise de cargos é “prima-irmã” dos estudos de tempos e movimentos promovidos por Frederick W. Taylor e pelo casal Gilbreth. Em síntese, esta prá- tica de recursos humanos tem muito em comum com as observações realizadas por Taylor, no que diz respeito aos trabalhos realizados pelos operários de uma fábrica. Na verdade, tratava-se de analisar as ações de cada trabalhador, a fim de determinar a maneira ideal de realizar uma tarefa. Desta observação surgiram alguns termos, como tempo-padrão, que significa o tempo que um trabalhador experiente leva para realizar uma tarefa com a máxima eficiência de movimentos. Esse tempo-padrão, por sua vez, servia como referência para uma série de prá- ticas, por exemplo, era a meta a ser atingida no treinamento dos funcionários novos, era motivo para demitir quem estivesse muito aquém e, principalmente, era a refe- rência para determinar o pagamento. Já quanto ao casal Gilbreth, além dos estudos que faziam ao monitorar o passo a passo do trabalho dos operários, estes analisavam detalhadamente os movimentos realizados pelos mesmos. É, portanto, em razão des- tes estudos e do período em que os mesmos foram realizados que estes estudiosos são considerados os pioneiros dos estudos de tempos e movimentos. Diante do exposto, você pode, neste momento, concluir que, por intermé- dio da prática dos estudos dos tempos e movimentos em relação aos trabalhos dos operários, a análise de cargos estava intimamente relacionada à produtivi- dade do trabalhador, medida em termos exclusivamente quantitativos, focando a eficiência dos processos. Como já relatado no primeiro tópico, quando foca- mos o salário como agente motivador, nos referimos aos experimentos de Elton Mayo, ou seja, a partir da década de 1930, com a divulgação dos experimentos de Hawthorne. Assim, fatores como responsabilidade, poder de decisão e conhe- cimento passam a fazer parte das análises dos cargos, em busca dos melhores resultados em termos de produtividade. Análise de Cargos Tradicional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 Desta maneira, você pode imaginar que, gradativamente, a análise de cargos (sobretudo nos níveis hierárquicos superiores) vai incorporando esses novos parâ- metros de apreciação de cargo. Estas mudanças, por sua vez, sofrem influência, sem sombra de dúvidas, pela substituição do trabalho manual pelo intelectual, o que vem provar que a suposta vinculação dos estudos de tempos e movimentos, em relação à análise de cargos, vem por “água a baixo”, em outros termos, sig- nifica que a relação mencionada anteriormente já não faz sentido algum para o estudo e análise dos cargos existentes nas organizações (VIZIOLI, 2010). Contribuindo com nossos estudos, vale a pena mencionar que, na segunda metade do século XX, surgiram evidências de que valia a pena dar autonomia aos funcionários e valorizar mais a eficiência da equipe do que a eficiência indi- vidual. O que vem mais uma vez assegurar a quebra de vínculo da análise de cargos, com os estudos de tempos e movimentos. Nesta linha de estudo, podemos afirmar que a análise de cargos continua sendo uma ferramenta básica da administração de recursos humanos, todavia, ela se tornou muito mais flexível e abrangente, podendo inclusive incorporar conceitos bem avançados, como da gestão por competências. Talvez, no futuro, a análise de cargos deixe mesmo de fazer sentido. Mas, por enquanto, ela conti- nua sendo o alicerce para todas as demais práticas de RH. Neste sentido, entre as inúmeras aplicações da análise de cargos da atu- alidade, acreditamos ser importante apresentarmos com maiores detalhes as referidas aplicações (VIZIOLI, 2010): ■ Diagnóstico: Ao ser contratado por uma organização, uma das primeiras coisas que um consultor de RH vai procurar conhecer é a análise dos car- gos existentes, já que diante da mesma, este poderá constatar a realidade desta estrutura organizacional em termos de fluxo de trabalho, corpo fun- cional existente, atribuições, responsabilidades, entre outros. É comum que este profissional
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