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OSÓRIO, L.C. Psicologia Grupal: uma nova disciplina para o advento de uma era. Porto Alegre:Artmed, 2003. Psicologia Grupal Psicologia Grupal Confluência entre a Psicologia propriamente dita e a Psicologia Social; Psicologia Social: Macrogrupos; Psicologia Grupal: Microgrupos. Microgrupos: grupos humanos nos quais os indivíduos podem se reconhecer em sua singularidade (ou perceberem uns aos outros como seres distintos, com suas respectivas identidades psicológicas), mantendo ações interativas na busca de objetivos compartilhados. Psicologia Grupal – Marcos Teóricos Psicanálise – Freud; M. Klein; Bion; etc Teoria da Gestalt e Dinâmica de Grupos – Kurt Lewin Teoria dos Papéis e Psicodrama – J. L. Moreno Teoria dos Vínculos e Grupo Operativo – Pichon-Rivière Teoria Sistêmica – von Bertalanffy Teoria da Comunicação Humana - Bateson Áreas de atuação Clínica Educacional Institucional Social e Comunitária Psicanálise Aplicada a grupos Psicanálise aplicada a grupos “o grupo psicológico é um ser provisório, formado por elementos heterogêneos que por um momento se combinam exatamente comoa s células que constituem um corpo vivo formam, por sua reunião, um novo ser que apresenta características muito diferentes daquelas possuídas por cada uma das células isoladamente” (Freud) Psicanálise aplicada a grupos - Freud Freud não se ocupou de microgrupos, apenas de fenômenos coletivos de massas ou multidões. Suas conclusões, portanto, são apenas em parte aplicáveis aos microgrupos; Para Freud, a identificação era a mais remota expressão de um laço emocional com outra pessoa e, consequentemente, a via pela qual podemos estabelecer a grupalidade. Psicanálise aplicada a grupos - Klein Freud • Identificação como introjeção M. Klein • Identificação como projeção Psicanálise aplicada a grupos - Bion A atividade mental dos indivíduos em grupo é regida por fantasias inconscientes compartilhadas que determinam o aparecimento dos supostos básicos; Os supostos básicos estão a serviço das resistências ao desenvolvimento da tarefa grupal, opondo-se ao estado mental cooperativo. Supostos Básicos - Bion Dependência Luta - fuga Acasalamento ou expectativa messiânica • O grupo espera que o líder se responsabilize pela tarefa e pelos membros do grupo • O grupo age como se houvesse um inimigo a enfrentar ou evitar • Crença de que os problemas do grupo serão solucionados por alguém que não nasceu (o líder perfeito) Supostos Básicos - Bion Esses supostos Básicos nunca desaparecem por inteiro, mas espera-se que o amadurecimento do grupo minimize a sua interferência na realização das tarefas; Em uma situação grupal madura, o líder do grupo dependente é apenas confiável; o do luta-fuga é corajoso e o do acasalamento é criativo. Psicanálise aplicada a grupos - Schilder Considerado por muitos o introdutor do método analítico na psicoterapia de grupo; Manteve a atenção ao individual, principalmente na relação transferencial entre cliente e terapeuta, mesmo na situação grupal; Podemos dizer que ele tratava seus pacientes coletivamente, mas sua intervenção era individual, não chegando a considerar o grupo como uma unidade terapêutica. Psicoterapia no grupo, mas não de ou do grupo Psicanálise aplicada a grupos - Foulkes Preocupou-se sempre em descrever as peculiaridades da abordagem grupal, diferenciando-a da individual; Matriz – rede comum a todos os membros, sendo os pacientes seus pontos nodais. Essa matriz tem características de conjunto distintas da soma de relações nele processadas. Psicanálise aplicada a grupos Slavson – enfatizou elementos base da psicanálise no contexto grupal: transferência, interpretação de conteúdos latentes, busca de insight, etc; Ezriel – destacou a possibilidade de interpretar o “material profundo” tanto em situação individual quanto grupal; Anzieu – ideias de ilusão grupal e grupo como invólucro; Kaes – elaborou a noção de um aparelho psíquico grupal e desenvolveu o conceito de cadeia associativa grupal; Grinberg, Rodrigué e Langer (Escola Argentina) – elaboração de um modelo clínico de abordagem grupal com ênfase na atitude interpretativa. Psicanálise aplicada a grupos Cortesão – elaborou o conceito de padrão grupanalítico a partir da ideia de Foulkes sobre a matriz grupal; Neri – descreve o “estado grupal nascente” que corresponde ao momento em que o grupo começa a tomar forma como unidade e o “estágio da comunidade dos irmãos”, momento em que o grupo se constitui como um agente coletivo capaz de pensar e elaborar. A função do terapeuta seria menos de interpretar e mais de oferecer condições propícias para que o pensamento grupal possa operar. Psicanálise aplicada a grupos A grupanálise e a psicanálise devem ser conceituadas de modo diferente, embora não contraditório, com bases teóricas comuns, mas procedimentos operatórios distintos (Cortesão) Teoria da Gestalt e Dinâmica de Grupos Teoria da Gestalt O todo é maior que a soma de suas partes; Seus atributos não podem ser deduzidos a partir do exame de suas partes constituintes; Apoiada na observação fenomenológica, inclui o observador na descrição do fenômeno observado na medida em que considera não haver objetividade pura na aproximação científica de qualquer fato natural. Kurt Lewin e a Dinâmica de Grupos Dinâmica de Grupos – Kurt Lewin Expressão usada pela primeira vez por Kurt Lewin em um artigo de 1944, o qual discutia a relação entre teoria e prática da psicologia social; Para Lewin, os fenômenos grupais não podem ser observados do exterior, do mesmo modo que não podem ser fragmentados; Formulou a metodologia da pesquisa-ação na qual o observador era incluído no grupo, mantendo a consciência de que essa inclusão modificava a situação grupal, mas não invalidava a investigação; O indivíduo no grupo comporta-se de modo sui-generis diretamente relacionado a Gestalt Grupal. Dinâmica de Grupos – Kurt Lewin Integração de um grupo se dá a partir da autenticidade das comunicações; Essa autenticidade é passível de aprendizagem no e pelo próprio grupo; Lewin dedicou-se especialmente ao estudo da liderança e da autoridade nos grupos, descrevendo 3 tipos de autoridade: autocrático; laissez-faire e democrático; A dinâmica de grupo destacou-se pela possibilidade de treinar profissionais para coordenação de grupos; Esse treinamento passa pela vivência grupal e pela avaliação dessa vivência. Dinâmica de Grupos – Kurt Lewin Fenômenos grupais: busca de afirmação pessoal; rivalidades; alianças; disputas pela liderança; alternância de momentos de coesão e desagregação; reativação de preconceitos ao lado de sua superação; resistência ou disposição à mudança; surgimento de mal-entendidos; etc Dinâmica de Grupos – Kurt Lewin O papel do líder O líder não é pré-designado; Devem recusar-se a representar o papel de condutores, mas assumir sim a posição de catalizadores do processo grupal; Podem atuar como conselheiros ou agentes de informação para o grupo, evitando estimular a dependência do grupo; São a consciência e a memória do grupo ativadas no momento de revisão crítica do grupo; Sua autoridade deve ser exercida através do comprometimento e fidelidade aos objetivos da experiência; Deve constituir-se como um modelo de autenticidade interpessoal. Grupo Operativo Pichon-Rivière Grupos Operativos – Pichon-Rivière Modelo híbrido, referenciado na psicanálise e na dinâmica de grupos; Suporte para a prática com grupos pedagógicos e terapêuticos; Grupos centrados na tarefa: Terapêuticos Pedagógicos Cura Aprendizagem Todo grupo operativo é terapêutico, embora nem todo grupo terapêutico seja operativo: O Grupo Operativoé uma ideologia de abordagem grupal e não uma técnica propriamente dita; Aprendizagem Abandono de formas estereotipadas de ver o mundo ou a realidade História, experiências, circunstâncias pessoais de um membro do grupo Denominador comum da situação grupal, ou seja, o que num dado momento é compartilhado por todos os membros do grupo, de modo consciente ou inconsciente Cone invertido É um esquema idealizado por Pichon-Rivière para avaliar o movimento no interior de um grupo durante a realização de uma tarefa e seu resultado final, quando se tornam manifestos os conteúdos que no início do processo encontravam-se latentes. O cone possui 6 vetores de análise: 1. Pertença 2. Cooperação 3. Pertinência 4. Comunicação 5. Aprendizagem 6. Tele. 6 vetores Pertença –sensação única e individual de fazer parte do grupo, ser importante para a realização da tarefa; Cooperação – baseia-se na troca de informação entre os participantes do grupo, isto é, aquilo que os membros trazem de si para o grupo, contribuindo para a tarefa grupal; Pertinência – diz respeito a percepção dos integrantes quanto ao centramento nas tarefas, isto é, aos objetivos delineados no projeto; Comunicação – constitui basicamente o intercâmbio de informações entre membros do grupo; Aprendizagem – torna-se possível a partir da comunicação bem realizada. O grupo se conscientiza da natureza real da tarefa e se torna capaz de gerar um projeto de execução, incluindo abordagens táticas, técnicas e logísticas para iniciar, realizar e aperfeiçoar a tarefa; Tele – diz respeito a empatia entre os participantes do grupo, que pode ser positiva ou negativa. É o clima que se desenvolve no grupo causando sentimento de atração ou rejeição quando as tarefas. Papéis no grupo Os indivíduos assumem diferentes papéis nos grupos dos quais fazem parte. Esses papéis vão sendo colocados naturalmente pelo grupo dependendo dos vínculos que vão se criando e normalmente são desempenhados pelos componentes que têm uma história pessoal que lhes permita desempenhá-los. Estes papéis são móveis, ou seja, o indivíduo pode em determinado momento do grupo estar desempenhando um papel e mais adiante, em outra situação, estar em outro. Líder de mudança: é aquele componente que provoca, instiga, sugere coisas novas levando o grupo a buscar algo novo, a mudança. Líder de resistência: é aquele que, quando se sugere algo novo, tenta segurar o grupo a manter a situação anterior abrindo um espaço para a conservação. Porta-voz: é aquele que traduz através de sua fala e de suas ações os sentimentos e as ideias que circulam no grupo, aparentes ou não. Bode expiatório: é aquele que recebe e aceita a carga negativa do grupo, deixando-o mais leve e produtivo, já que o grupo está tendo em quem projetar seus pontos negativos. Sintetizador: é aquele participante que consegue ouvir, perceber e captar o que se passa no grupo, expressando a síntese da discussão, integrando o que foi apresentado, mesmo que tenham surgido ideias opostas, o que quase sempre acontece. O coordenador Sua intervenção se limita a sinalizar as dificuldades que impedem ao grupo enfrentar a tarefa; Propõe hipóteses que permitam ao grupo refletir sobre seu funcionamento, revelando as dificuldades que aparecem na comunicação e aprendizagem; O coordenador não está ali para responder as questões mas, para ajudar o grupo a formulá-las; Deve ajudar o grupo a pensar; Seu instrumento é a sinalização das situações manifestas e a interpretação da causalidade subjacente. Finalidades do Grupo Operativo A tarefa é voltada para: Mobilização de estruturas estereotipadas; Dificuldades de aprendizagem e comunicação. Exige: Motivação para a tarefa; Mobilidade de papéis; Disponibilidade para mudanças. Quanto maior a heterogeneidade dos membros do grupo e maior a homogeneidade da tarefa, maior a produtividade do grupo. Psicodrama Jacob Levy Moreno Psicodrama Modalidade catártica; Instrumentada pelo exercício da espontaneidade na ação dramática; Sustentada na teoria dos papéis. O psicodrama constitui um método psicoterápico de grupo por excelência, abordando, especialmente os conflitos interpessoais. Teoria da espontaneidade-criatividade Contraponto à teoria freudiana do determinismo psíquico; Segundo Moreno, é possível nos educarmos para o exercício da espontaneidade, ou seja, nos libertarmos dos clichês e estereótipos culturais, permitindo o desenvolvimento de novas dimensões da personalidade; O grupo constitui um espaço de “re-flexão”, funcionando como um espelho recíproco. Objetivos: 1. Superação de “pré-conceitos” e atitudes estereotipadas: espontaneidade 2. Prontidão para a mudança ou transformação: criatividade Teoria dos Papéis Caleidoscópio de expressão das várias possibilidades identificatórias do ser humano; A sociedade nos designa diversos papéis (familiares, profissionais, de cidadania, etc), entretanto, existem outros papéis além dos que nos são permitidos ou que de nós são esperados. Sujeito O método Ação dramática como meio de expressão de conflitos, unindo ação e palavra; 3 momentos: 1. Aquecimento; 2. Representação propriamente dita; 3. Compartilhamento Participantes Terapeuta: diretor de cena; Protagonista (eleito pelo grupo); Egos auxiliares (outros pacientes que participam ativamente da cena dramática); Público: observadores. Técnicas 1. Inversão dos papéis: o protagonista é convidado a trocar de lugar com o personagem com que contracena; 2. Espelho: o protagonista sai de cena e passa a ser expectados da cena, agora representada por um ego auxiliar; 3. Duplo: o ego auxiliar se coloca ao lado do protagonista e expressa verbal ou gestualmente o que lhe parece que este não consegue transmitir; 4. Alter-Ego: um ego auxiliar diz ao ouvido do protagonista o que pensa estar oculto; 5. Solilóquio: o protagonista fala em voz alta como se falasse consigo mesmo (sentimentos e pensamentos evocados a partir da cena); 6. Prospecção ao futuro: o protagonista se imagina em um tempo futuro; 7. Escultura: expressão sob a forma de escultura usando o próprio corpo. Teoria Sistêmica e da Comunicação Humana Teoria Geral dos Sistemas Von Bertalanffy postulava que a biologia não podia ocupar-se apenas do que se passa no nível físico-químico ou molecular. Deveria ocupar-se também dos níveis mais elevados de organização da matéria viva; Cunhou o termo “biologia organísmica”, referindo-se aos organismos vivos; Segundo ele, em todas as manifestações da natureza encontramos uma organização sistêmica, ou seja, não apenas um aglomerado de partes, mas um conjunto integrado a partir de suas interações; Segundo Bertalanffy, os acontecimentos não seriam explicáveis a partir de decisões e ações individuais, mas da ação de sistemas socioculturais em interação; A principal contribuição da teoria sistêmica é a substituição do pensamento linear (causa-efeito) pelo modelo circular (interativo); Contrapõe-se à fragmentação do pensamento e à excessiva especialização do conhecimento que a cada dia informa mais sobre a mínima parte, mas distancia-se da discussão das interações de modo a estabelecer relações de sentido com o todo; Propõe a integração do conhecimento: interdisciplinaridade. Axiomas básicos sobre a comunicação É impossível não comunicar; Toda comunicação tem aspectos referenciais (conteúdo) e conativos (relacionais); A natureza de uma relação depende das sequencias comunicacionais entre os indivíduos comunicantes; Os seres humanos comunicam-se tanto digital (verbal) como analogicamente (não-verbal); Todos os intercâmbios comunicacionais são simétricos ou complementares, a depender da igualdade ou da diferença entre os comunicantes. A saúde comunicacional apoia-se na alternânciade situações simétricas e complementares. O que, afinal, é grupo? Síntese de Luiz Carlos Osório O que, afinal, é um grupo Grupo, aqui concebido como sistema humano; Sistema Humano é todo aquele conjunto de pessoas capazes de se reconhecerem em sua singularidade e que estão exercendo uma ação interativa com objetivos compartilhados. Fenômenos do campo grupal Luiz Carlos Osório Fenômenos comuns à situação dual e ao campo grupal Transferência: o paciente transfere para o analista sentimentos anteriormente experimentados em relação a pessoas significativas do passado, especialmente da infância; Contratransferência: transferência do analista em relação ao paciente; Resistência: forças inconscientes que se opõem ao processo terapêutico; Insights e Elaboração: o primeiro se refere a possibilidade de compreensão do que se passa no mundo interno e o segundo à resolução de conflitos a partir de tal compreensão; Actings (atuações): expressão não-verbal das emoções. Fenômenos específicos do campo grupal Busca de homeostase: equilíbrio entre as ansiedades dos diferentes membros, alcançando um estado de mínima perturbação; Transferências cruzadas: transferências dos membros entre si; Transferência múltipla: derivação da transferência para com o terapeuta, mas dirigida a outro membro do grupo; Associações reativas: protesto contra o estado de ânimo, verbalizações ou ações de outro membro do grupo ou de todo o grupo; Reação em Carambola: reflexo do contágio emocional em cadeia que pode ser desencadeada a partir da manifestação de um membro do grupo; Formação de subgrupos ou alianças: subgrupos entre dois ou mais membros com finalidades defensivas; Espelhamento: o grupo funcionando como um espelho capaz de tornar conscientes aspectos pessoais que ignorávamos ou evitávamos. Esse efeito se dá pelas identificações projetivas e introjetivas que ocorrem no grupo; Ressonância: ocorre quando uma determinada manifestação de um membro do grupo encontra equivalência afetiva e desperta emoções similares em outro membro do grupo.
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