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A AVALIAÇÃO EM GRANDE ESCALA NO BRASIL JULIANA FAJARDO PEREIRA ANJOS Matrícula: 201702046079 Campus: SULACAP Rio de Janeiro Maio de 2020 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO PEDAGOGIA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL (CEL0379) 2 JULIANA FAJARDO PEREIRA ANJOS A AVALIAÇÃO EM GRANDE ESCALA NO BRASIL Projeto apresentado à Faculdade Estácio de Sá, Campus Sulacap, como exigência para da disciplina Avaliação Institucional. Orientadora: Profª. Marta Teixeira do Ama- ral Montes Rio de Janeiro 2020 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 4 2. TIPOS DE AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO BASICA NO BRASIL.................. 5 2.1. Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) .................................. 5 2.2. Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) ................................................. 5 2.3. Encceja (Exame Nacional de Certificação de Competência da Educação de Jovens e Adultos) .................................................................................... 6 3. O CENÁRIO EDUCACIONAL E A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL NO BRASIL APÓS OS ANOS 90 ......................................................................... 6 3.1. Avaliação Institucional e o Plano Nacional de Educação - PNE ............... 9 3.2. Metas Educacionais Propostas Pelo Ideb para o Município do Rio De Janeiro ......................................................................................................... 10 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 12 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 13 4 A AVALIAÇÃO EM GRANDE ESCALA NO BRASIL 1. INTRODUÇÃO A temática em torno de uma avaliação institucional começou a fazer parte do sistema educacional no país no final da década de 80, quando iniciou a discussão em torno da qualidade do ensino. Ao analisar a linha do tempo do processo educacional no Brasil, é possível observar alguns marcos históricos e normativos que permitiu o País desenvolver e consolidar uma Política e um Sistema de Avaliação Educacional bem amplos, que abarcam todos os níveis, modalidades e etapas da educação básica. Trata-se das chamadas avaliações externas, assim denominadas porque são defini- das, organizadas e conduzidas por quem não se encontra no interior das escolas, de certa forma em contraposição com as avaliações internas, estas produzidas e condu- zidas pelo corpo docente. Essas avaliações externas, tendo em conta sua abrangên- cia, também são denominadas de avaliações em larga escala, ressaltando sua visibi- lidade e, em decorrência, sua face de política pública educacional. Por meio desse sistema de avaliação educacional, o país consegue coletar, produzir e fornecer, regularmente, um número significativo de informações sobre o Sistema Educacional Brasileiro, tanto no âmbito nacional quanto no estadual e no mu- nicipal, em relação aos sistemas de ensino e a cada unidade escolar e seus respecti- vos sujeitos. Essas avaliações têm como características monitorar o funcionamento de redes de ensino e fornecer subsídios para seus gestores na formulação de políticas educacionais com dados mais bem definidos em termos dos resultados originários das aprendizagens dos alunos. Os resultados são usados para construir indicadores educacionais, dados e informações sobre o sistema de ensino, as escolas, os profes- sores, a gestão escolar e sobre o desempenho dos estudantes em testes de profici- ência de Língua Portuguesa e Matemática. Eles podem ser tomados em sua amplitude ou particularidade, ser usados para melhorar a qualidade da educação e tomados no sentido de conhecer a realidade e os desafios do sistema e/ou da escola para definir e focalizar ações, atuar nos aspectos mais urgentes, subsidiar políticas e reduzir a desigualdade. 5 2. TIPOS DE AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO BASICA NO BRASIL 2.1. Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) O Saeb é uma avaliação de desempenho acadêmico e de fatores associados ao rendimento escolar, realizada a cada dois anos, em larga escala, aplicada em amostras de escolas e alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e de 3ª série do ensino médio, representativas de todas as Unidades da Federação, redes de en- sino e regiões do país. Ele é de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao MEC, é um sistema composto por três avaliações externas, que são aplicadas em larga escala e que têm como principal objetivo diagnosticar a Educação Básica do Brasil. Para coletar dados e produzir informações sobre o desempenho do aluno e os fatores a ele associados, bem como a respeito das condições em que ocorre o pro- cesso ensino e aprendizagem, o Saeb utiliza procedimentos metodológicos de pes- quisa formais e científicos, que garantem sua confiabilidade. A cada levantamento, além das provas, são também utilizados questionários contextuais que permitem co- nhecer as características da escola, do diretor, do professor, da turma e dos alunos que participam da avaliação. Em 2019, todas as avaliações que compreendem o Sistema, a Avaliação Naci- onal da Alfabetização (ANA), a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc, ou Prova Brasil) perderam as nomenclaturas e foram agrupadas sob o mesmo nome: Saeb, acompanhado da etapa correspondente. A Prova Brasil consiste em uma das avaliações que fazem parte do Saeb, mas não ao sistema como um todo.Trata-se de uma avaliação diagnóstica do nível de alfabetização das crianças matriculadas no 2º ano de escolarização das es- colas públicas, o objetivo e analisar o desempenho em Língua Portuguesa e também o processo de alfabetização e letramento, acontece no início e no fim do ano letivo. 2.2. Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) O Enem foi criado em 1998, com o objetivo de avaliar o desempenho dos estu- dantes concluintes do ensino médio. A partir de 2004, a prova passou a ser utilizada como ferramenta para ingresso em instituições do ensino superior. 6 2.3. Encceja (Exame Nacional de Certificação de Competência da Educação de Jovens e Adultos) Criado em 2002, esse exame oferece uma oportunidade para jovens e adultos que não concluíram o ensino fundamental ou médio na idade adequada de conquis- tarem seu diploma. O Encceja tem aplicação nacional e no exterior, inclusive para pessoas privadas de liberdade. 3. O CENÁRIO EDUCACIONAL E A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL NO BRASIL APÓS OS ANOS 90 As preocupações com a avaliação da educação no país tiveram início entre o final de 1980 e início dos anos 1990. Até esse período, não havia uma avaliação sis- temática do sistema educacional nem das políticas de educação, com exceção do sistema de avaliação da pós-graduação, que já era uma realidade desde a década de 1970. Porém, em, aproximadamente, duas décadas, o Brasil foi capaz de construir um complexo e abrangente sistema de avaliação educacional que abrange todos os ní- veis da educação (CASTRO, 2009). A primeira experiência de avaliação educacional, em âmbito nacional, ocorreu na educação básica, a partir de 1988, com a implementação de um Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), por meio do qual é possível acompanhar o desenvolvimento de um sistema que se propõe a avaliar e monitorar a qualidade da educação no Brasil (MINHOTO, 2011). Nesse contexto, o SAEB se configurou como uma importante iniciativa para o país, haja vista que favoreceu um mapeamento da realidade educacional e possibilitou a implantação de políticas educacionais e a ela- boração de outraspolíticas de avaliação para atender aos demais níveis, etapas e modalidades de ensino. Desde o início, em 1990 até 2019, foram realizadas 15 edi- ções do SAEB com constantes reformulações metodológicas. Nos primeiros anos, o público-alvo do sistema eram a 1ª, 3ª, 5ª e 7ª séries do Ensino Fundamental de esco- las públicas selecionadas amostralmente. As áreas do conhecimento e disciplinas avaliadas eram Língua Portuguesa, Matemática, Redação e Ciências Naturais. Muitas alterações e aprimoramentos foram realizados ao longo dos anos. Em 2001, o SAEB determina que somente as áreas do conhecimentos Língua Portu- guesa, Matemática farão parte do sistema de avaliação. No dia 21 de março de 2005, 7 o SAEB foi dividido em dois instrumentos distintos: a Avaliação Nacional da Educação Básica – ANEB - e a Prova Brasil. A primeira continuou sendo chamada de SAEB e se constitui como um levantamento amostral, pois coleta e divulga seus resultados de forma agregada, ou seja, por regiões, unidades da Federação ou redes de ensino (pública e particular), e não, por escolas isoladamente. O segundo, a Prova Brasil, recebe uma nova e mais ampla estrutura, não mais por amostragem. Essa avaliação coleta, produz e divulga informações em caráter universal, e seu principal objetivo é de gerar e organizar informações sobre qualidade, equidade e eficiência da educação nacional, de forma a permitir o monitoramento das políticas educacionais brasileiras (MEC/INEP, 1995). A Prova Brasil coleta dados e informações sobre a educação no país, por regi- ões e por redes de ensino, por meio de três processos. O primeiro é a aplicação de testes padronizados de Língua Portuguesa e Matemática aos estudantes do 5º e 9º anos (4ª e 8ª séries) do Ensino Fundamental e da 3ª série do ensino médio. No se- gundo processo, aplica-se um questionário sobre o contexto socioeconômico para alunos, professores e diretores. E o terceiro refere-se à coleta de informações sobre as condições físicas e os recursos da escola. Por meio desses três processos, visa- se mapear as condições internas e externas que refletem na educação brasileira, em seus sistemas de ensino e nos mecanismos de ensino e aprendizagem. A melhoria desse processo ocorre na sexta aplicação da Prova Brasil com as devolutivas peda- gógicas que é a disponibilização dos itens utilizados na Prova Brasil, descritos e co- mentados por especialistas, a plataforma que ajuda os professores e gestores a pla- nejar ações e aprimorar o aprendizado dos estudantes. Em 2013, o foco passa a ser alfabetização e a Avaliação Nacional da Alfabeti- zação (ANA), passa a compor o Saeb a partir da divulgação da Portaria nº 482, de 7 de junho de 2013. Outra inovação da edição foi a inclusão, em caráter experimental, da avaliação de ciências para estudantes do 9º ano do ensino fundamental. Também foi aplicado, como estudo experimental, um pré-teste de ciências naturais, história e geografia, que não gerou resultados para a edição. Em 2019, todas as avaliações que compreendem o Sistema, a Avaliação Naci- onal da Alfabetização (ANA), a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc, ou Prova Brasil) perderam as nomenclaturas e foram agrupadas sob o mesmo nome: Saeb, acompanhado da etapa 8 correspondente. Atualmente, esse sistema, além de articular os resultados do desem- penho de estudantes matriculados nos ciclos finais da educação básica (Ensino Fun- damental I e II e Ensino Médio), também desenvolve um estudo piloto na educação infantil (Creche e pré-escolas). Sendo que no primeiro, realiza testes padronizados, nas disciplinas Matemática, Língua Portuguêsa, Ciências da Natureza e Ciências Hu- manas de acordo com as competências e habilidades previstas pela BNCC e coleta informações sobre hábitos de leitura, características das turmas, condições socioeco- nômicas dos alunos e dos professores e de infraestrutura das escolas. Apesar dos limites encontrados no SAEB, esse sistema foi considerado uma experiência de sucesso e desencadeou a implementação de outras avaliações. O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), criado no ano de 1998, tem como objetivo avaliar o desempenho do estudante no final do Ensino Médio e serve como alternativa ou complemento aos exames para ingresso no ensino superior. Trata-se de uma ava- liação individual de desempenho por competência, oferecida anualmente, com caráter voluntário. O ENCCEJA, criado no ano de 2002, é uma avaliação também voluntária, designada para pessoas que frequentam a Educação de Jovens e Adultos (EJA). A PROVINHA BRASIL, criada em 2008, é uma avaliação de diagnóstico, com a finali- dade de auxiliar o professor e a escola no processo de alfabetização e de letramento dos alunos. Já o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), criado em 2007, é o indicador principal utilizado para monitorar a qualidade da educação básica. Além dessas avaliações, vários estados e municípios organizaram seus sistemas de avaliação visando acompanhar seus sistemas educacionais de forma mais contextu- alizada (COELHO, 2008; CASTRO, 2009)1. Essas avaliações também são chamadas de avaliações em larga escala ou avaliações externas, porque têm características, objetivos e procedimentos distintos em relação às avaliações tradicionais. São aplicadas para um número elevado de pessoas do sistema escolar, geralmente solicitadas por entes externos às unidades de ensino, sobretudo, por instâncias de governos e órgãos centrais, e de forma pa- dronizada. Produzem dados e informações valiosos, tanto dos sistemas quanto das 1 Essa onda de avaliação envolveu, também, o Ensino Superior, como a criação do Programa de Avaliação Insti- tucional (PAIUB), em 1993, o Exame Nacional de Cursos (ENC-Provão), de 1996 a 2003, e o SINAIS – ENADE, em 2004. 9 unidades de ensino, da gestão, dos professores e dos alunos. Tais informações po- dem se constituir em diagnóstico e subsidiar a implementação de políticas educacio- nais, proporcionam o acompanhamento dos indicadores de qualidade da educação ao longo dos anos e subsidiam a definição de ações, mediações e/ou intervenções voltadas para solucionar os problemas identificados nos sistemas de ensino. Além disso, podem orientar o uso dos recursos técnicos e financeiros, tendo em vista me- lhorar a qualidade do Sistema Educacional Brasileiro. Essas informações são dispo- nibilizadas pelo INEP/MEC, para serem utilizadas tanto pelo próprio MEC quanto pe- las Secretarias Estaduais e Municipais de Educação2. Essas avaliações têm objetivos semelhantes: de munir a sociedade de infor- mação, dados e parâmetros relativos ao sistema educacional e, consequentemente, ao desempenho dos alunos; caracterizar e identificar os principais problemas e as diferenças regionais de ensino; apresentar um panorama dos sistemas a ponto de permitir análise e estudos na área; subsidiar a formulação, a reformulação e o moni- toramento de políticas públicas e programas de intervenção para as etapas de ensino avaliadas; assegurar apoio técnico e financeiro aos sistemas de ensino ou escolares; produzir e levantar informações sobre os fatores ou as causas contextuais que têm relação com o desempenho dos alunos; e oferecer aos agentes educacionais e à so- ciedade uma visão dos resultados e dos processos de ensino e aprendizagem. 3.1. Avaliação Institucional e o Plano Nacional de Educação - PNE O Plano Nacional de educação (PNE) determina diretrizes, metas e estratégias para política educacional dos próximos dez anos. O principal artigo que trata da ava- liação educacional no Plano Nacional de Educação (PNE) é o 11, que faz referência ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica como fonte de informação e como orientador das políticas públicas educacionais. As informações que irão comporesse Sistema são referentes aos indicadores nacionais de rendimento escolar que medem desempenho dos estudantes e indica- 2 Processo coordenado pelo Ministério da Educação, que disponibiliza as informações mais gerais para a socie- dade, e os dados mais complexos são disponibilizados para pesquisadores e formuladores de políticas públicas. 10 dores de avaliação institucional com informações sobre o perfil de alunos e profissio- nais da educação, as relações entre as equipes docente e técnica e corpo discente, aspectos estruturais, recursos pedagógicos e processos de gestão. Para além do artigo 11 a discussão sobre avaliação educacional está presente em metas e estratégias específicas do PNE. As metas que tratam mais enfaticamente do tema são as 07 e 13. Em resumo as metas remetem a melhoria da qualidade da educação básica às médias nacionais para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Al- cançar as metas do Ideb pretendidas se relaciona, segundo o documento, ao estabe- lecimento de diretrizes pedagógicas e à criação de uma base curricular nacional co- mum com definições de objetivos de aprendizagem para cada nível/série que serão medidos ao longo da vigência do PNE. A sugestão é uma relação entre alcance dos objetivos de aprendizagem estipulados pela base curricular nacional comum e a me- lhoria do Ideb. Para que isso ocorra os testes em larga escala teriam que dialogar com a base curricular nacional comum, ou seja, os processos teriam que ser pensados de maneira articulada e não isoladamente. Num país com contextos educacionais tão desiguais como o Brasil, propostas que visam premiar ou bonificar profissionais da educação com base no desempenho do Ideb ou, propostas pautadas pela meritocracia na educação, certamente contri- buem para acirrar ainda mais as desigualdades educacionais, na medida em que clas- sificam, comparam e hierarquizam as escolas e redes de ensino. A análise sobre o tema da avaliação educacional no PNE evidencia a não pre- ocupação do Plano com políticas de avaliação que sirvam para refletir os Projetos Políticos Pedagógicos das escolas e, ao mesmo tempo, a política educacional de um dado município, estado ou da nação. A ênfase se dá nas avaliações externas em larga escala, sobretudo de desempenho de estudantes com base no Ideb que pouco ou nada contribuem para uma reflexão que permita que as comunidades escolares a par- tir de uma análise crítica intervenham na realidade. 3.2. Metas Educacionais Propostas Pelo Ideb para o Município do Rio De Janeiro A sigla Ideb se refere ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Ele foi criado em 2005 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aní- sio Teixeira (Inep) com o objetivo de medir a qualidade do aprendizado do ensino 11 básico no Brasil. Essa medição é feita para três etapas da educação: anos iniciais do Ensino Fundamental, anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. O Ideb é calculado de forma a combinar dois indicadores muito importantes no que concerne a qualidade da educação: o aprendizado e o fluxo escolar.Como indi- cador da qualidade do ensino básico brasileiro, o Ideb norteia as ações pedagógicas das escolas e guia as políticas públicas voltadas para a educação, bem como as me- tas definidas para o setor. O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) definido pelo Ministério da Educação determina metas para o Ideb até 2021. Também foram estabelecidas metas intermediárias para um acompanhamento da evolução da educação brasileira. A meta nacional norteia todo o cálculo das trajetórias intermediárias individuais do Ideb para o Brasil, unidades da Federação, municípios e escolas, a partir do compartilhamento do esforço necessário em cada esfera para que o País atinja a média almejada no período definido. De acordo com o PDE, os anos iniciais do Ensino Fundamental devem atingir um Ideb igual a 6,0 até 2021, sendo que essa meta desdobra-se de maneiras diferen- tes para as redes pública e privada. Essa meta para o Ideb leva em consideração a média dos países desenvolvidos membros da Organização para a Cooperação e De- senvolvimento Econômico (OCDE) no Pisa, principal avaliação internacional de estu- dantes. Além disso, uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) - garantir o aprendizado adequado na idade certa - toma como referência as médias nacionais do Ideb, seguindo as projeções definidas pelo PDE. O Ideb é calculado com base no aprendizado dos alunos em português e ma- temática (Prova Brasil) e no fluxo escolar (taxa de aprovação). No Rio de Janeiro, o Ideb 2017 nos anos iniciais da rede pública cresceu, mas não atingiu a meta e não alcançou 6,0. O desafio é garantir mais alunos aprendendo e com um fluxo escolar adequado. RIO DE JANEIRO: IDEB 2017 . Aprendizado X Fluxo = Ideb Anos iniciais 6,14 x 0,93 = 5,7 Anos finais 5,38 x 0,88 = 4,7 12 Fonte: site IDEB, em 17/05/2020 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS É imprescindível debatermos sobre as políticas de avaliação no Brasil e seu uso, mas é importante, também, pensar em mecanismos de teor mais qualitativo, para que, somados com os dados quantitativos, seja possível elaborar um panorama da educação no país. Todavia, tanto esses sistemas sempre apresentaram limites e ja- mais darão conta de expressar toda a realidade do fenômeno educativo, porque o fenômeno humano, objeto das ciências humanas, é complexo e dinâmico e sempre apresentará novas demandas e desafios. Porém, isso não nos impede de pensar, de avaliar e, tampouco, de termos coragem e vontade política para assumir a realidade que uma avalição mais ampla pode nos revelar e procurar melhorar a educação básica brasileira. A avaliação da educação básica brasileira foi uma das áreas da educação que mais esteve na centralidade das políticas educacionais nas últimas duas décadas, apesar de se configurar como um sistema complexo e consolidado, o sistema e a política de avaliação da educação brasileira apresentam inúmeros desafios para dar conta dos objetivos a que se propõem. Os desafios enfrentados ao longo da trajetória são de natureza contextual, conceitual, metodológica, estrutural e circunstancial. Po- rém, podemos destacar que o uso dos resultados e da própria avaliação no processo 4ª série / 5º ano Rio de Janeiro 4.3 4.6 5.1 5.4 5.4 5.6 5.7 8ª série / 9º ano Rio de Janeiro 3.6 4.2 3.5 4.2 4.4 4.4 4.7 Município 4ª série / 5º ano Rio de Janeiro 4.3 4.7 5.1 5.3 5.6 5.9 6.1 6.4 8ª série / 9º ano Rio de Janeiro 3.7 3.8 4.1 4.5 4.9 5.1 5.4 5.6 Pública (Federal, Estadual e Municipal) 2005 Metas Projetadas Ideb Observado 2017 2019 2021 2017 2007 2009 2011 2013 2015 Município 2005 2007 2009 2011 2013 2015 13 de tomada de decisão para melhorar a qualidade da educação básica no Brasil se torna o maior desafio nesse contexto. O Brasil tem hoje como apresentar um desenho de sua realidade educacional, ainda que não represente um retrato completo devido às limitações do sistema e à possibilidade de alterar os resultados finais, sem que haja uma mudança de fato. É preciso estimular o debate entre os atores do fazer educativo, no sentido de pensar nas políticas de forma estruturada e conjunta, visando a um projeto nacional de edu- cação aparelhado pelo Plano Nacional e pelo Sistema Nacional da Educação. Junto com essa discussão, é fundamental pensar em outro mecanismo de avaliação que seja mais capaz de captar particularidades do sistema educacional brasileiro e algu- mas das diversas contingências que o envolvem. Por fim, sejam resultados positivos ou negativos, precisam ser discutidos e trabalhados tanto pelos sujeitos da escola quanto pelo Estado. Nesse caso, é necessário estimular os responsáveis pelos pro- cessos educacionais, no âmbito macroe no micro, a usarem os resultados dessa ava- liação para concretizar planos, médias e metas que visem melhorar a qualidade do ensino. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTRO, Maria Helena Guimarães. Sistemas de avaliação da educação no Brasil: avanços e novos desafios. Perspectiva, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2009. MINHOTO, Angélica. Política de avaliação da educação brasileira: limites e pers- pectivas. In: SOUZA, A. R.; GOUVEIA, A. B.; TAVARES, T. M. (Org.). Políticas educacionais: conceitos e debates. Curitiba: Editora Appris, 2011. p. 163-188. COELHO, Maria Inês de Matos. Vinte anos de avaliação da educação básica no Brasil: aprendizagens e desafios. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Edu- cação, Rio de Janeiro, v. 16, n. 59, p. 229-258, abr./jun. 2008. _____. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Censo da Educação Básica: Sinopse Estatística da Educação Básica. Disponível em:< http://ideb.inep.gov.br/resultado/resultado/resul- tado.seam?cid= >. Acesso em maio de 2020.
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