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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE DIREITO CAMPUS NOVA AMÉRICA Resenha Crítica VITÓRIA TEIXEIRA PINTO Trabalho da disciplina Processo Civil III Professor: ANDERSON WILLY SILVA DE OLIVEIRA 2020.1 1 OS AMIGOS QUE MOVIMENTAM O SISTEMA É sabido por todos do grande volume de processos de controle de constitucionalidade que chegam ao Supremo Tribunal Federal, e como sempre o sistema jurídico brasileiro, vem se aperfeiçoando para que este afogamento de processos, possa ser enxugado ao decorrer dos tempos. Seguindo este sentido, também é possível observar que com o passar dos anos, não há mais uma grande distinção entre o sistema commom law e o atual brasileiro civil law, havendo na verdade, uma forma de se retirar de cada um deles o que se tem de melhor para que dessa forma se construa um sistema jurídico harmonioso para todos. Diante disso, o sistema jurídico brasileiro se viu na oportunidade de adotar um mecanismo para impulsionar e dar mais celeridade processual que tenha, ao mesmo tempo, o seu próprio ponto de vista, mas que seja imparcial as partes, sendo ele o chamado amicus curae, mais conhecido como “amigo da corte”. O amigo da corte, é aquele ente ou órgão com grande interesse em alguma demanda que está sendo discutida no poder judiciário. O amicus curae não é alguém parcial que deseja ajudar o polo ativo ou passivo, mas sim ajudar o poder judiciário na rápida solução do litígio, servindo para ser uma fonte, em assuntos, que o judiciário não está totalmente inteirado até o momento. Desta forma, expõe o ilustríssimo Freddie Didier Jr em uma das suas obras: “É o auxiliar do juízo, com a finalidade de aprimorar ainda mais as decisões proferidas pelo Poder Judiciário pois reconhece-se que o magistrado não detém, por vezes, conhecimentos necessários e suficientes para a prestação da melhor e mais adequada tutela jurisdicional." O Art. 7 da Lei nº 9.868, expõe a não possibilidade de intervenção de terceiros, entretanto no § 2º desta mesma lei, encontra-se a exceção, onde se configura o amicus curae. Como será julgar se o aborto pode possuir ou não uma previsão legal? Como julgar se as cotas raciais em universidades públicas poderão ser utilizadas por todos ou de uma forma limitada? Estas perguntas não possuem uma resposta certa e imediata, pois ela atingirá grande parte da população do país, então é necessário todo o tipo de discussão possível, a visão de vários lados da história para a construção de um pensamento único e harmonioso para todos, e é nesta parte em que está inserido o amigo da corte, ser uma parte imparcial que ajude o judiciário a ver a discussão por algum outro ângulo que ainda não foi argumentado. 32 Neste sentido, evidencia-se a seguir um exemplo claro e bem atual de uma intervenção por amicus curae, no que diz respeito a aplicação da ideologia de gênero nas escolas: “Nesta quarta-feira (06), a ANAJURE foi aceita como Amicus Curiae no Supremo Tribunal Federal (STF) para ser uma das entidades a cooperar no trâmite da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) de número 466, que trata sobre a teoria de gênero nas atividades de escolas municipais do Município de Tubarão, em Santa Catarina. Neste sentido de julgamento, além da ADPF 466, a ANAJURE também já foi aceita em mais quatro ADPFs: 462 (Blumenau, SC), 460 (Cascavel/PR), 467 (Ipatinga/MG) e 522 (Petrolina/PE) O Procurador-Geral da República pleiteia a declaração de inconstitucionalidade desta e de outras leis municipais que, em linhas gerais, vedam as discussões da teoria de gênero nas atividades de escolas municipais.” Ao ter o interesse no processo, o ente interessado deverá preparar um amicus brief (documento do amigo) ou memorial, que nele deverá conter a repercussão do tema na sociedade. O ente/órgão também deverá se atentar para que sua intervenção tenha relevância na matéria e representatividade aos postulantes. O memorial terá de ser ainda, endereçado ao relator do processo, que admitirá o amicus curae até o julgamento do que está a ser impugnado. Ainda acerca da admissão pelo relator, primeiramente o órgão/ente deverá requerer a sua admissão e conseguinte, se admito, deverá apresentar suas razões para a intervenção, sendo, na prática, as suas fases apresentadas em conjunto na maioria das vezes. Ante todo o anteriormente exposto, evidencia-se a importância do amigo da corte em nosso ordenamento jurídico, sendo ele uma adição de opinião, visão e até mesmo posicionamento que é extremamente necessário para as decisões que nem mesmos nós sozinhos conseguimos tomar em nosso cotidiano, e quem dirá aqueles que nos representam em plenários e Cortes Supremas. Em meu entendimento, o amigo da corte deveria ser um mecanismo obrigatório em todos os assuntos de grande relevância para a sociedade, pois cada vez mais nós, cidadãos, precisamos de outras pessoas que possam nos mostrar o um lado diferente de cada história, para no fim, formularmos uma opinião concreta e harmoniosa. 3 Referências Bibliográficas: • jus.com.br/artigos/13248/quem-pode-ser-amigo-da-corte • DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leonardo José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: JusPodivm, 2006. • anajure.org.br/anajure-e-admitida-como-amicus-curiae-pelo-stf-na-quinta- adpf-que-trata-da-ideologia-de-genero-na-educacao-municipal-desta-feita-e- sobre-tubarao-sc/
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