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ESPIRITO SANTO GESTÃO DE CARREIRA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – FAVENI INTRODUÇÃO Fonte: revistacriatica.com.br O conhecimento é objeto de estudo de longa data. No período clássico, o conceito de conhecimento foi inicialmente introduzido por Platão como “crença verdadeira justificada” (NONAKA e TACKEUCHI, 1995). Esta definição não é considerada perfeita, induzindo acadêmicos e práticos a buscarem métodos para melhor estabelecer este conceito tão presente na vida das pessoas e ao mesmo tempo tão abstrato. Na administração, o tema “conhecimento” tem ganhado cada vez mais importância. Lastres et al. (2002) destaca que vivemos na “era do conhecimento”, na qual o conhecimento é apontado como fator de vantagem competitiva para as empresas. Cassiolato e Lastres (2005) falam em “economia do conhecimento” ressaltando que após a virada do milênio o conhecimento se tornou ativo indispensável para as empresas. Saber fazer a gestão deste ativo na organização se tornou um dos desafios da atualidade. Em virtude da grande amplitude de assuntos abarcados na temática de gestão do conhecimento, procurou-se nesta pesquisa focar na interface entre gestão do conhecimento e os processos de gestão de pessoas, em especial, os relacionados à administração de carreira. O interesse pelo recorte em Administração de Carreira se deve pela capacidade de, por um lado, estimular e instrumentalizar as pessoas para pensar suas carreiras e seu desenvolvimento profissional e pessoal; de outro, oferecer à empresa os conceitos e ferramental necessários para se pensar a gestão de Recursos Humanos (RH) de forma estratégica e para integrar o conjunto das políticas e práticas de administração de pessoas (DUTRA, 1996). Não foram identificados estudos que abordassem de forma direta a relação entre gestão do conhecimento e administração de carreira. Fonte: www.meumentor.com.br Em linhas gerais, foram encontrados estudos que exploravam o papel do RH em contextos em que a gestão do conhecimento é relevante, destacando, em alguns casos, as contribuições específicas dos processos de RH, tais como avaliação, treinamento, remuneração, seleção e retenção (LENGNICK-HALL e LENGNICK-HALL, 2012; McIVER et al., 2012; OLTRA, 2005; YAHYA e GOH, 2002; BOXALL e HAESLI, 2005). Como os estudos de carreira possuem grande interface com outros processos de RH, foi possível extrair contribuições dos estudos identificados para a atual pesquisa. Façamos uma análise teórica sobre o conceito de carreira desde a época da era industrial até os tempos modernos e frisar a importância do planejamento da carreira tendo como premissa básica e sine qua non, o autoconhecimento, para garantir qualidade de vida e satisfação profissional em todas as fases da carreira. Na confecção deste trabalho foram considerados e abordados conceitos e definições de pesquisadores e estudiosos renomados e reconhecidos, bem como matérias na mídia impressa e interativa. O cenário atual revela que a carreira tem enfrentado diversas mudanças em torno de suas concepções, em decorrência dos acontecimentos econômicos, políticos e sociais. Tais mudanças estão pautadas em avanço tecnológico, globalização, agilidade no processo de comunicação, horizontalização, terceirização, sobreposição de funções, aumento da expectativa de vida, desemprego dentre outros. Diante deste contexto, é relevante refletir e traçar um planejamento de carreira, encontrar uma maneira de colocar em prática, ter a atitude de mover-se rumo à concretização dos objetivos tanto pessoais quanto profissionais. Primeiramente colocou-se a importância de identificar e responder as questões sobre o autoconhecimento (clareza dos interesses, valores, gostos, aptidões, aonde quer chegar, quando e para quê) com vistas a garantir o acerto no alvo desejado e consequentemente manter qualidade de vida em todas as fases da carreira. RESGATE CONCEITUAL E MODELO CONCEITUAL ADOTADO Gestão do Conhecimento O referencial teórico utilizado sobre gestão do conhecimento envolverá três autores conceituados nesta temática: (1) Nonaka e Tackeuchi (1995); (2) Davenport e Prusak (1998); (3) Von Krogh, Ichijo e Nonaka (2001). Antes de abordarmos o referencial teórico sobre gestão do conhecimento é importante mencionar a definição de conhecimento como “crença verdadeira justificada”, conceito inicialmente introduzido por Platão (NONAKA e TACKEUCHI, 1995). Krogh, Ichijo e Nonaka (2001) se apropriam deste conceito, destacando que as pessoas justificam a veracidade de suas crenças com base na sua observação do mundo, portanto estas observações dependem de percepção e experiências individuais. Conhecimento, assim, é uma construção de realidade e não algo verdadeiro e universal, não é uma simples compilação de fatos, mas um processo humano singular e irredutível, que não se reproduz com facilidade. Fonte: paulopaivapalestrante.com.br Na mesma linha, na qual reforça a vivência e experiência do indivíduo para criação do conhecimento, Davenport e Prusak (1998) definem conhecimento como uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado. Para Nonaka e Tackeuchi (1995) conhecimento é criado por um fluxo de informações ancorado nas crenças e compromissos de seus detentores. Nonaka e Takeuchi (1995) não utilizam o termo “gestão do conhecimento”. Os autores se apropriam do conceito de “criação de conhecimento organizacional”, que significa a “capacidade de uma empresa criar novo conhecimento, difundi-lo na organização como um todo e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas”. Nota-se, portanto, que os autores se utilizaram de um conceito amplo, que não só consideraram a geração e disseminação do conhecimento entre pessoas, mas também sua incorporação na organização. Já Von Krogh, Ichijo e Nonaka (2001) criticam o termo “gestão do conhecimento”, pois consideram o termo em si limitado. Fonte: ogerente.com.br Os autores argumentam que o termo “gestão” remete a controle, no entanto quando se trata de criação de conhecimento, estamos nos referindo a “processos que talvez sejam intrinsecamente incontroláveis ou, ao menos, ICHIJO E NONAKA, 2001, p. 6). Os autores reforçam que as empresas devem, ao invés de controlar o conhecimento, promover um ambiente favorável para criação do conhecimento organizacional. Nonaka e Tackeuchi (1995) afirmam que a criação do conhecimento organizacional ocorre na conversão do conhecimento entre tácito e explicito e novamente tácito. Seus estudos sobre os ciclos de conversão de conhecimento os autores trabalham tanto a dimensão epistemológica (conhecimento tácito e explícito), como a dimensão ontológica (passagem do conhecimento do indivíduo ao grupo e do grupo à organização e vice-versa), estabelecendo quatro estágios: socialização; externalização; combinação; internalização, conforme Figura 1 (a seguir). Nonaka e Tackeuchi (2002) elencaram as condições capacitadoras para a gestão do conhecimento, são elas: a) intenção (deve estar na estratégia do negócio); b) autonomia (automotivação individual, estrutura facilitadora e sistema de gestão que possibilite tal autonomia); c) flutuação (deve-se permitir a crítica, o aprendizado com a crise, o pensamento e o caos criativo); d) redundância; e e) variedade de requisitos. O primeiro item já se encontra na estratégia do Instituto. Discute-se aqui o segundo item, a automotivação individual e o quanto o sistema de gestão pode facilitar a autonomia. Enquanto Nonaka e Tackeuchi (1995) dão luz ao processo de criação do conhecimento, Von Krogh, Ichijo e Nonaka (2001), diferentemente, oferecem destaque às condições do contexto para a criação do conhecimento. Os autores defendem que o conhecimento érelacional e específico ao contexto, que sua criação é dinâmica por meio de interações sociais, e sua natureza é subjetiva, profundamente arraigada em sistemas de valores individuais. A forma como as pessoas interagem - compartilhamento cooperativo (contexto capacitante) versus acumulação competitiva (contexto hipercompetitivo) - afeta o compartilhamento de conhecimento tácito nas organizações. Em linhas gerais, o contexto capacitante pode ser definido como um lugar onde se compartilha, se cria e se utiliza o conhecimento. Trata-se de uma rede de interações, determinada pela solicitude e pela confiança dos participantes. Davenport e Prusak (1998) também reforçam a importância do contexto e das interações no compartilhamento de conhecimento, todavia dão luz ao que denominam mercado do conhecimento. Reconhecer que estes mercados existem é importante para a gestão do conhecimento nas organizações, para que compreendam como eles funcionam e torná-los eficientes. No mercado do conhecimento existem compradores, vendedores, inclusive corretores. Estes atores avaliam o saldo na relação ‘comercial’ em busca de satisfação de interesses, ou seja, trocam conhecimento, porque acreditam que ganham com esta transação. Os autores listam três fatores operando como “recompensa” no mercado do conhecimento: reciprocidade (o ganho recíproco ao compartilhar o conhecimento); reputação (reconhecimento perante os outros de ser um bom fornecedor de conhecimento); e, por último, o altruísmo (prazer em ajudar). Portanto, nota-se que os autores defendem que o compartilhamento deve ser atrativo, recompensador para as pessoas. Os autores defendem que para estabelecer uma cultura consistente de compartilhamento do conhecimento, é necessário usar moedas valiosas, como gratificações monetárias, aumentos salariais, promoções, mecanismos para aferir a gestão do conhecimento na avaliação de desempenho dos profissionais, bem como colocar pessoas respeitadas em funções facilitadoras. Assim como Von Grogh, Davenport e Prusak (1998) também exploram o fator confiança na troca de conhecimento, caso não haja confiança, qualquer projeto de gestão do conhecimento ou envolvendo conhecimento poderá ser um fracasso. MODELO ESTRATÉGICO DE GESTÃO DE PESSOAS Fonte: www.deducao.com.br Apesar de Nonaka e Takeuchi (1995) se dirigirem ao conceito de criação do conhecimento organizacional, eles entendem que uma organização não pode criar conhecimento por si mesma, sem a iniciativa do indivíduo, sem a interação que ocorre entre o grupo. Nesse sentido, Von Krogh defende que o ato de conhecer é um processo humano singular e irredutível, logo o conhecimento não se reproduz com tanta facilidade. Portanto, quando falamos de criação de conhecimento organizacional, estamos nos referindo a pessoas (indivíduos) e à interação destas com o grupo. O modelo que a Organização adota para fazer a gestão das pessoas não pode ser, portanto negligenciado num contexto em que a organização que visa a criação de conhecimento organizacional. Dessa forma, as práticas de gestão de pessoas passam a ter um papel de crescente destaque nos estudos sobre gestão do conhecimento. Um modelo de gestão de pessoas, segundo Fischer (2002, pág. 12), consiste na “maneira pela qual uma empresa se organiza para gerenciar e orientar o comportamento humano no trabalho.” Na visão de Dutra (2009), modelo de gestão de pessoas pode ser comparado com uma lente que auxilia a enxergar a realidade e a compreender as pessoas. Moreira (2010) ressalta que o debate acadêmico sobre gestão de pessoas, estratégia e desempenho organizacional tem se concentrado em dois modelos normativos de integração: o modelo universalista defendido pela Escola das “Melhores Práticas” - Best Practices - e o modelo configuracional e contingencial da Escola do Alinhamento - Best Fit. Como demonstrado em Moreira (2010), a Escola de Melhores Práticas (Best Practices) apresenta uma abordagem universalista, ou seja, proposições que assumem como premissa a existência de um conjunto de melhores práticas de gestão de pessoas, cuja adoção está diretamente relacionada a níveis superiores de desempenho organizacional. A Escola do Alinhamento (Best Fit) considera duas formas de ajuste: a) Alinhamento Configuracional ou Interno (Internal Fit) também denominada Horizontal Fit, que requer políticas e práticas de gestão de pessoas consistentes em toda empresa de tal forma que as pessoas trabalhem de forma alinhadas; b) Alinhamento Contingencial ou Externo (External Fit), também denominado Vertical Fit ou Strategic Fit, que se refere à necessidade de integração das políticas e práticas de gestão de pessoas com a estratégia da organização. Considerando as duas escolas mencionadas, neste estudo de caso, nossa abordagem está mais aderente à Escola do Alinhamento (Best Fit), tanto horizontal como vertical. Vertical, uma vez que a pesquisa está centrada em analisar os critérios de administração da carreira do INCAPER e sua aderência com a estratégia do Instituto que é gerar e transmitir conhecimento para o ruralista (Fit External/ Alinhamento Vertical). Horizontal, por observar a integração (Fit Internal) dos critérios de administração na carreira com outras práticas de gestão de pessoas. Fonte: eudeverdade.com.br ADMINISTRAÇÃO DE CARREIRA A definição operacional de carreira utilizada nesta pesquisa se refere à perspectiva da organização, que engloba políticas, procedimentos e decisões ligadas a espaços ocupacionais, níveis organizacionais, compensação e movimentação de pessoas (LONDON e STUMPH, 1982). Dutra (1996) estabelece que um sistema de administração de carreira possui dois componentes principais: estrutura de carreira e os instrumentos de gestão. Por estrutura de carreira temos como definição: uma “sucessão de posições, a valorização e os requisitos de acesso às mesmas”. Em se tratando do conceito de instrumentos de gestão constituem mecanismos que oferecem suporte para que a pessoa planeje a carreira e a organização balize expectativas. Há uma íntima relação dos instrumentos de gestão com os demais instrumentos de gestão de pessoas, como por exemplo, o processo de avaliação e desempenho. RELAÇÃO ENTRE GESTÃO DE PESSOAS E GESTÃO DO CONHECIMENTO Lengnick-Hall e Lengnick-Hall (2012) postulam que na economia do conhecimento, a gestão de pessoas passa a ser responsável pelo gerenciamento das capacidades que as pessoas criam e pelos relacionamentos que devem desenvolver. Levando em consideração as reflexões de Ulrich (1999), os autores destacam que o RH não pode se confinar aos seus processos convencionais. Nessa era, inclui-se o trabalho com a funções tradicionais (seleção, treinamento e desenvolvimento, gestão da performance), mas, também, com funções não tradicionais, como a gestão do conhecimento. Boxall e Haesli (2005) exploram as relações entre as estratégias de Recursos Humanos e as medidas de Gestão do Conhecimento. Em particular, o foco principal da análise é sobre como essas relações afetam as etapas de recrutamento e retenção de talentos. O autor faz um cruzamento entre a necessidade de personalização ou codificação do conhecimento e a necessidade de reter ou recrutar pessoas neste contexto. Os estudos que mais se aproximaram do tema de pesquisa foi de Oltra (2005) e Yahya e Goh (2002). Oltra (2005) defende a relação entre práticas de RH e a eficácia da gestão do conhecimento (GC). Dentre elas, destacamos aquelas mais relacionadas ao nosso objeto de estudo: inclusão formal das atividades de GC na descrição dos cargos; produtividade do compartilhamento de conhecimento medido na avaliação de desempenho; produtividade do compartilhamento do conhecimento considerado nas revisões de salário; ações de treinamento centradas emCG inseridas no planejamento geral de treinamentos. Yahya e Goh (2002) trazem para a discussão a questão da política de remuneração e recompensas que incentive a gestão do conhecimento. Os autores observaram que as práticas de remuneração devem: a) recompensar atitudes que promovam criatividade na resolução dos problemas diários; e b) os pagamentos devem ser baseados em grupos e recompensas que estimulem a troca de conhecimento e o compartilhamento entre os membros do grupo. Fonte: encrypted-tbn3.gstatic.com CARREIRA Para entender melhor o conceito de carreira é importante ressaltar a evolução histórica do cenário industrial, onde o profissional está inserido. Dutra afirma que carreira é um termo muito utilizado no qual agrega vários significados, contudo de difícil definição. Pode ser utilizado para referir à mobilidade ocupacional, como por exemplo, o caminho a ser trilhado por um executivo, ou carreira como profissão, como a carreira militar. Em ambos os casos, carreira passa a ideia de um caminho estruturado e organizado no tempo e espaço que pode ser seguido por alguém. (Dutra, 1996 p.16) Somente a partir do século XIX, passou-se a utilizar o termo para definir trajetória de vida profissional. Até pouco tempo atrás o conceito de carreira permaneceu circunscrito a essa analogia, como uma propriedade estrutural das organizações ou das ocupações, tal como apresentado na era da industrialização clássica, onde era marcado por muitos níveis hierárquicos e coordenação centralizada. Os cargos eram individuais especializados com tarefas simples e repetitivas. Ofereciam poucas oportunidades de mobilidade ocupacional. A partir do momento que o indivíduo ingressasse na carreira, já sabia, de antemão, o que esperar do percurso. Dutra (1996) fala sobre dois modelos de carreira: modelo tradicional e moderno. O modelo tradicional, que vigorou até a década de 1970, foi marcado pela estabilidade, progressão linear e vertical e o trabalhador possuía maior estabilidade no emprego. Já no modelo moderno, caracteriza-se por uma progressão da carreira de forma descontínua, mais horizontal que vertical e com maior instabilidade. Nos tempos atuais é preciso estar muito atento às transformações e exigência do mercado. Um conjunto inesperado de circunstancias, tais como: novos consumidores, novas configurações de mercado e novas tecnologias está impactando o cotidiano das empresas. São mudanças profundas, capazes de desconstruir ideias e companhias que até pouco tempo eram consideradas solidas. Tal cenário faz com que o profissional esteja revendo constantemente sua atuação no mercado de trabalho, para se tornar empregável. Para ter um entendimento melhor sobre a evolução histórica da carreira, é importante ressaltar os cenários industriais, onde Chiavenato (2004) subdivide o em três eras: Era Industrial Clássica - que se estendeu até meados de 1950 envolvendo a primeira metade do século XX. As empresas passaram a adotar a estrutura organizacional burocrática, caracterizado pela departamentalização e rigidez de regras e regulamentos internos para disciplinar e padronizar o comportamento das pessoas. O mundo se caracterizava por mudanças vagarosas, progressivas e previsíveis. O ambiente que envolvia as organizações era conservador e voltado para a manutenção do status quo. O ambiente não oferecia desafios, as organizações se preocupavam mais com a produção. O modelo organizacional baseava-se em um desenho mecanicista, típico da lógica do sistema fechado. “Os cargos eram desenhados de maneira fixa e definitiva para obter a máxima eficiência do trabalho, e os empregados deveriam ajustar-se a eles. Tudo para servir à tecnologia e à organização. O homem era considerado um apêndice da máquina e deveria tal como ela ser padronizado na medida do possível”. (Chiavenato, 2004, p. 35) As pessoas aqui eram consideradas recursos de produção, juntamente com outros recursos organizacionais como máquinas, equipamentos e capital. Era da Industrialização Neoclássica – (1950 – 1990) Teve seu início logo após a segunda guerra mundial, quando o mundo começou a mudar rapidamente. A velocidade das mudanças começaram a aumentar gradativamente. A economia passou para uma amplitude internacional, tornando-se cada vez mais intensas e menos previsíveis, acentuando a competição entre as empresas. O modelo burocrático foi substituído pela teoria estruturalista. A visão sistêmica e multidisciplinar (holística) toma conta. Nesse modelo as empresas buscavam novos modelos estruturais para incentivar a inovação e ajustamento às mutáveis condições externas. Dessa forma conseguiram promover melhorias, mais não o suficiente para remover a velha rigidez da estrutura funcional e burocrática sedimentada até então. Até a década de 70 a progressão da carreira era linear e vertical e os trabalhadores possuíam maior estabilidade no emprego. Era da Informação – Começou no início da década de 90, até o presente momento. O ícone dessa fase é a informação, que passou a cruzar o mundo em milésimo de segundos. A tecnologia da informação forneceu as condições básicas para o surgimento da globalização da economia. A competitividade entre as organizações tornou-se intensa e complexa. Portanto o maior desafio das organizações passa a ser a produtividade do conhecimento. Inicia a concepção de departamento de RH, que visualizava as pessoas como recursos vivos e inteligentes e não mais como fatores inertes de produção. RH tornou-se o fator determinante para o sucesso da organização. Com este cenário a definição de carreira sofre profundas transformações, também num ritmo acelerado, acarretando ruptura de paradigmas que tem a ver com as mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais mais amplas que temos vivido nas últimas décadas. “A palavra carreira é usada de diferentes maneiras e possuem muitas conotações. Às vezes, o seguir uma carreira” se aplica unicamente a alguém com uma profissão ou cuja vida profissional é bem-estruturada e implica progresso constante. No contexto de inclinações profissionais, o termo carreira quer dizer também a maneira como a vida profissional de uma pessoas desenvolve-se ao longo do tempo e como é vista por ela” (Schein, p. 19, 1993) Schein identifica duas vertentes do modo de ver a carreira: carreira interna e carreira externa. Carreira interna é a imagem e/ou ideia que a pessoa tem a respeito do próprio trabalho e o papel que desempenha em sua vida mencionando a inclinação profissional, isto é, a autoimagem adquirida pela pessoa em relação à sua carreira e que servirá tanto de orientação quanto de limite para a tomada de decisão profissional. Carreira externa refere-se às etapas concretas exigidas por uma profissão ou organização para que se obtenha sucesso. Procedendo a um comparativo e uma análise da evolução do conceito de carreira, quanto ao papel da organização, antes tida como paternalista, no qual a organização é que assumia a responsabilidade de gerenciar a carreira de seus empregados, de forma linear, passou a dar apoio aos profissionais para que assumissem a responsabilidade pelo seu futuro, de forma não linear e sim como o resultado de uma relação dinâmica entre o profissional e a organização sob diversas perspectivas, como as posições ocupadas e os trabalhos realizados durante a vida de uma pessoa. Envolve uma sequência de estágios e transições que refletem necessidades, motivos e aspirações individuais e expectativas e imposições da organização e da sociedade. Sob a perspectiva do indivíduo, engloba o entendimento e a avaliação de sua experiência profissional, enquanto, da perspectiva da organização, engloba políticas, procedimentos e decisões ligadas a espaços ocupacionais, níveis organizacionais, compensação e movimento de pessoas. Estas perspectivas sãoconciliadas pela carreira dentro de um contexto de constante ajuste, desenvolvimento e mudança. Para Dutra (1996) carreira deve ser pensada como uma estrada que está em constante construção, está longe de ser uma estrada plana e asfaltada que, se bem trilhada, conduzirá ao sucesso, à riqueza e à satisfação profissional. O que percebemos na realidade das empresas é bem diferente, pois constatamos que está repleta de acontecimentos imprevistos que muitas vezes fazem tomar um rumo totalmente diferente do traçado até então. Savioli (1991) define carreira de maneira sistêmica, relacionando o profissional com o seu meio ambiente no decurso do tempo. Estabelece uma relação direta com o autoconhecimento de como as experiências pessoais e profissionais relacionam-se com seu trabalho atual e futuro para maximizar suas habilidades e comportamentos e atingir seus objetivos de vida. Define como passos básicos: Autoconhecimento – fator básico para conscientização dos pontos fortes e os pontos que tem para desenvolver; Aprender com as próprias experiências no campo pessoal e profissional, relacionando-as com seu trabalho atual ou tendo em vista a concretização do se potencial em trabalho futuro; Maximização das suas habilidades, utilizando-se de ferramentas de treinamento e desenvolvimento; Utilizando como meta atingir os objetivos de vida, e não apenas os objetivos profissionais, a carreira tem que estar harmonizada com os anseios da vida como família, comunidade, política, cultura, religião, etc. Já o conceito de carreira proteana se contrapõe com a carreira organizacional estruturada no tempo e no espaço. “O termo é derivado do deus Proteu, na mitologia grega, possuía a habilidade de mudar de forma ao comando de sua vontade.” A carreira proteana é um processo onde a carreira é gerenciada pela própria pessoa e não pela organização. Consiste nas variadas experiências do profissional nas diversas organizações, em que atuou e nas mudanças experimentadas no campo ocupacional. Onde o critério de sucesso é interno – sucesso psicológico – não externo Hall apud Klimnik (1996). Diante desse contexto Drucker (2002), coloca que, cada vez mais, um número substancial e crescente de pessoas tem a possibilidade de fazer escolhas, as pessoas precisam administrar a si próprias e, no entanto, não identificam as ferramentas para isso. Outrossim, esse mesmo indivíduo necessita se enquadrar em uma série de exigências do contexto organizacional e também possuir uma ampla gama de competências, que nem sempre coadunam com o perfil necessário para trilhar uma carreira autodirigida ou proteana. Nota-se que o conceito de carreira toma maior amplitude e torna-se cada vez mais utilizado. Expressões como espaço de vida e projeto de vida aparecem constantemente nas conceituações de carreira. O foco no conceito de vida engloba aspectos como: ansiedade, necessidades, desejos, capacidades, condicionantes ambientais e as pressões e responsabilidades assumidas no campo familiar, fazem convergir às ideias de desenvolvimento de carreira para o próprio desenvolvimento pessoal. Considerando que o indivíduo tem total responsabilidade por tomar as rédeas de sua carreira, e com certeza se você não souber quais são suas habilidades, poderá sentir-se atraído por incentivos externos tais como: status, prestígio, remuneração, carga horária menos intensa, local do trabalho, etc. e optar por situações que depois não lhe trarão satisfação por não combinarem com você, pois não estão de acordo com seus valores e necessidades nas determinadas fases da vida. As decisões sobre carreira não se resume a momentos episódicos em nossa vida; somos constantemente confrontados com as mudanças no ambiente a nossa volta e com mudanças em nós mesmos. Por este motivo, Dutra afirma que as decisões sobre carreira são um exercício contínuo, as quais temos que tomar no calor dos acontecimentos e, na maior parte das vezes, sem condições para o distanciamento crítico necessário. Por isso a melhor maneira de se preparar e se antecipar aos acontecimentos traçando um planejamento estratégico da carreira ao longo da vida, pois a medida que a pessoa progride na carreira, automaticamente adquire conceito a seu próprio respeito e que mudam dependendo da maturidade emocional. FASES DA VIDA DA CARREIRA Conforme Savioli (1991) a carreira tal como o homem e as organizações – nasce, cresce, amadurece e morre. É preciso ter consciência de que a carreira é móvel, cada fase tem sua constituição e desperta emoções próprias, que deve ser entendida para ser melhor administrada. O início da carreira exige mais investimento em tempo e conhecimento, deve-se tomar cuidado para que a cabeça, braços e pernas, cresçam harmonicamente. Na maturidade a carreira poderá ter fases estáveis, embora em aquários ou em ocupações profissionais diferentes. A terceira idade em carreira não deve significar desativação ou velhice, mas solo fértil para recomeçar uma nova trilha de carreira. Aposentadoria deve ser apenas o mecanismo legal para se receber os frutos das contribuições feitas por décadas para a previdência oficial e/ou privada. Com base no exposto acima, pode-se observar que quando um jovem, adolescente opta por uma profissão, questões como auto realização ou recompensa ainda não são levadas em consideração, afinal eles tem a vida toda pela frente. Já pessoas na maturidade, analisam suas realizações, checam seus valores e olham para o futuro de um modo diferente de acordo com seus valores. Super apud Dutra (1996) descreve cinco estágios de vida das pessoas e expectativas quanto à carreira, como segue: infância (até 14 anos), adolescência (15 a 24), idade adulta (25 a 44), maturidade (45 a 64) e velhice (após 64 anos). A infância é caracterizada pela fase da fantasia, a adolescência pela exploração e aprendizado, é onde a escolha da carreira é muito hesitante, a pessoa nesta fase não usa plenamente suas aptidões e interesses. É na fase adulta que a pessoa, em função dos compromissos sociais que assume, tende para uma estabilização profissional. Os compromissos assumidos, seja com a profissão ou família, são mais bem compreendidos. A fase de maturidade é apontada como a fase da permanência. É uma fase também marcada por mudanças significativas, em decorrência de mudanças vividas no ambiente profissional ou familiar, quando os filhos estão deixando o convívio com seus pais, fazendo com que a mulher reveja seu papel e o casal suas relações. E a fase da velhice é vista como uma fase de declínio das capacidades físicas e mentais, estimulando as pessoas a retirarem-se gradativamente de sua atividade predominante durante a fase adulta e de maturidade. Percebe-se que as fases não acontecem de forma linear e constante, contudo demonstra que existe uma alteração ao longo do tempo, na relação das pessoas com suas carreiras. É fácil de certa maneira identificar o início e crescimento da carreira de um indivíduo dentro da organização, porém dificilmente as pessoas ou organizações têm clareza sobre o final da carreira. Schein (1978) encara a questão da carreira como um processo de desenvolvimento da pessoa como um ser integral. Complementa que para podermos refletir sobre a carreira das pessoas, é preciso entender as suas necessidades e características que são fruto da interação da pessoa com todos os espaços de sua vida. Neste sentido podem ser agrupadas em três categorias: Pressões e problemas decorrentes do processo biológico e social, associado ao processo de envelhecimento, Pressões e problemas decorrentes das relações estabelecidas entre a pessoa com sua família, E a terceira categoria está associada ao trabalho ou à construção de carreira. As relações que a pessoa estabelece com sua ocupação ou com empresas formam, também, um cicloe cujas etapas ou estágio podem ser associadas a determinadas características, como por exemplo, idade, relação profissional e situação familiar. Estes momentos tendem a ser de grande influência nas decisões sobre projetos de vida pessoal e profissional. Schein (2004) fala das fases da carreira sob o ponto de vista do indivíduo, como ele percebe a própria carreira e como a sociedade a reconhece, embora o espaço de tempo associado a cada uma das fases, varie muito de acordo com a profissão ou com a pessoa que a exerce. Fase 10 Aposentadoria – Inevitavelmente, querendo ou não, a organização ou profissão não terão um cargo significativo a oferecer e o indivíduo terá de se adaptar. O que acontece com a autoimagem profissional nesta fase varia muito de pessoa para pessoa. Para alguns é a possibilidade de programar uma nova carreira, para outros é traumática, a ponto de perder a saúde física ou mental, às vezes provocando morte prematura. Fase 9 Desligamento – Fase marcada pela desaceleração das atividades torna-se menos envolvida, começa a pensar na aposentadoria. Fase 8 Avanço, recomeço ou estabilização – O conhecimento resultante desta reavaliação leva a decisões sobre a continuação ou não da carreira. Para alguns subir alguns degraus da carreira, para outros é a redefinição das áreas profissionais que desejam buscar e para outros ainda implica uma avaliação de como conciliar exigências profissionais com interesses familiares e pessoais. Fase 7 Crise no meio da carreira, reavaliação – é uma fase de reavaliação que pode ser traumática, mais muitos indivíduos a consideram normal e relativamente simples, frequentemente resultando numa redescoberta de objetivos. Fase 6 Estabilização no emprego, permanência como membro – Nos primeiros cinco a dez anos de uma carreira, a maioria das organizações e ocupações indica se o indivíduo pode ou não contar com um futuro ao longo prazo ali. É uma fase variável, irá depender da profissão. Em algumas ocupações (tais como a de professor universitário) o processo de estabilidade força a organização a garantir estabilidade formal ou dispensar o indivíduo. Na maioria das organizações, o processo não é tão rigoroso, mas obedece a normas relativas a tempo de serviço ou dispensas. Fase 5 Admissão como membro – É nesta fase que surge uma autoimagem mais significativa da pessoa como profissional ou membro da organização. Objetivos e valores começam a se definir por meio de reações a diferentes situações desafiadoras em que as escolhas devem ser feitas. Nesta fase o indivíduo começa a ter mais consciência de suas aptidões, pontos fortes e fracos. Fase 4 Treinamento básico, socialização – a duração e intensidade deste período variam de acordo com a profissão, a organização e a complexidade do trabalho. Esta fase é a principal fonte de aprendizado pessoal porque a organização começa a fazer exigências que o indivíduo deve satisfazer. O profissional se vê diante de escolhas concretas sobre se deve ou não continuar com a profissão e/ou na organização, dependendo de como reage ao processo de socialização. Fase 3 Ingresso no mundo profissional – é uma época de adaptação, na qual as pessoas tomam conhecimento da realidade do trabalho e de suas próprias reações. O principal aprendizado pessoal começa neste ponto com a evolução de aptidões, objetivos e valores e são testados em meio a turbulências na vida prática Fase 2 Educação, treinamento – dependendo da profissão, este processo pode ser complexo ou simples, levando apenas alguns meses, vinte anos ou até mais. Há muitas opções dentro dessa fase, à medida que as metas profissionais vão se tornando mais claras e se transformando. Em alguns casos (como o da medicina, por exemplo) as fases da carreira externa exigem cedo uma tomada de decisão, a fim de assegurar que todos os pré- requisitos necessários para o exercício da profissão sejam atendidos durante o período educacional. Fase 1 Crescimento, fantasia, exploração – está associada ao período da infância e pré-adolescência, a profissão é apenas um pensamento, e a carreira pouco significa afora o estereótipo profissional e um objetivo geral de “sucesso”. A pessoa nesta fase prepara-se para iniciar o processo educacional ou de treinamento necessário para qualquer que seja a profissão provisoriamente escolhida. Fonte Schein (1996 pag. 21-24) O tempo de duração destas fases é variável, pois vai depender do esquema interno de atividades para cada pessoa. Pode ocorrer de ser curta ou longa, ou até mesmo repetir-se caso a pessoa mude de carreira, portanto não está necessariamente correlacionada com a idade. GESTÃO DA CARREIRA Fonte: www.investoffice.com.br Quando se fala em gestão de carreira, existem vários estudos que trabalham sobre contextos diferentes: da organização que propõem processo compartilhado em que as expectativas individuais de carreira são negociadas com as necessidades organizacionais, e a proposta centrada no indivíduo, que é o objetivo do trabalho proposto. Para Dutra as ferramentas disponíveis para orientar o processo de auto avaliação voltado para o planejamento de carreira são limitadas. Ainda não conseguem oferecer condições necessárias para que pessoas tenham um distanciamento crítico em relação a sua realidade. Por sua vez, estas ferramentas, diante da limitação, podem ser transformadas em um sofisticado instrumento de manipulação, dependendo do contexto em que estejam inseridas ou da forma como sejam utilizadas. O estabelecimento de objetivos de carreira e a elaboração de plano de ação variam em função do nível de autonomia e independência em que a pessoa se encontra, considerando os ciclos de vida de influência sobre as pessoas, a saber: ciclo biossocial, ciclo profissional, ciclo familiar ou de procriação. CICLOS TÍPICOS NA VIDA DA PESSOA CICLO BIOSSOCIAL Etapa Característica Principal Da adolescência ao início dos 30 Neste período a pessoa está deixando sua casa, estabelecendo-se por conta própria no mundo adulto e desenvolvendo sua estrutura de vida e seu estilo. Transição: final dos 20 ao meio dos 30 Neste período, as pressões sociais levam a pessoa a escolhas mais definitivas quanto à família e ao trabalho. É a fase da criação de raízes. Crise da meia idade: final dos 30 e início dos 40 Neste período, a pessoa confronta-se com a disparidade entre sonhos e a realidade vivida, emergindo novamente os conflitos da adolescência – são também sentidos os primeiros sinais do declínio da capacidade física e o reconhecimento de nossa CICLO DA CARREIRA Etapa Papel Características Crescimento, fantasia, exploração (até 21anos) Estudante Candidato Estudo, preparação e formação inicial das ideias; Desenvolvimento de hábitos e habilidades necessárias ao mundo do trabalho. Entrando em uma empresa ou ocupação Entrada no mundo do trabalho (16-25 anos) Recrutado Internalizado Escolha da empresa ou ocupação; Exposição a ritos de entrada; Negociação de expectativas individuais com as da empresa ou ocupação; Treinamento formal e informal. Treinamento básico (16-25 anos) Treinamento Noviço Exposição ao processo de socialização da empresa ou ocupação; Ajuste às exigências do trabalho. Início da carreira (17-30 anos) Novo membro da empresa ou ocupação Responsabilidade por atividades ou funções dentro da empresa / ocupação; Desenvolvimento de habilidades específicas; Balanceamento das necessidades de independência com as restrições impostas pela empresa. É período típico de subordinação e dependências; Rumo ao meio da carreira (após aos 25 anos) Membro efetivo, supervisor ou gerente Avaliaçãoe decisão quanto à continuidade na empresa ou ocupação; Escolha da carreira profissional especializada ou gerencial, específica ou genérica; Desenvolvimento de identidade com a organização ou ocupação; Aceitação de maiores responsabilidades, inclusive sobre o trabalho de outros; Desenvolvimento de ambições de carreira visando ao longo prazo. Crescimento em uma empresa ou ocupação Crise da carreira (entre os 35 e 45 anos) Membro chave da empresa, colaborador ou membro desnecessário O trabalho e a carreira ocupam grande espaço na vida da pessoa, podendo gerar conflito com outros interesses; membro desnecessário; Grande pressão para atualização / reciclagem de conhecimentos / habilidades; Período de decisão da importância relativa da carreira na vida pessoal; Atuação como orientador profissional de outras pessoas. Carreira avançada em posições não gerenciais (dos 40 até a aposentadoria) Membro chave na empresa, colaborador ou membro desnecessário. Aprofundamento dos conhecimentos e habilidades, aumento de responsabilidades e atribuições ou redução da influência na empresa / ocupação. Crescimento na estrutura hierárquica Carreira avançada em posições gerenciais (dos 40 até a aposentadoria) Gerente geral, sócio, empresário, membro sênior do staff Desenvolvimento da capacidade de integrar os esforços dos outros; Participação em responsabilidade por decisões; Seleção e desenvolvimento de membro-chave. Declínio e desengajamento (dos 40 até a aposentadoria) Redução de níveis de poder / responsabilidade; Desenvolvimento de novos papéis em função do declínio da competência ou motivação com a carreira; Redução da importância do trabalho / carreira na vida pessoal. Saída da empresa ou ocupação Aposentadoria Ajuste da identidade ocupacional, do estilo e padrão de fida, e dos papéis; Desenvolvimento de novas formas de utilizar a experiência e sabedoria acumulada durante a carreira. CICLO FAMILIAR OU DA PROCRIAÇÃO Etapa Característica Principal Criança dependente Adaptação ao ambiente familiar; Aprendizado da independência e domínio do ambiente. Transição para idade adulta Balanceamento entre a total independência e a dependência parcial, entre a segurança e a incerteza. Adulto solteiro Administração das relações com o sexo oposto; Decisão sobre casamento. Adulto casado Aprendizado da vida a dois; Montagem da residência; Decisão sobre filhos; Comprometimento com o comportamento familiar e obrigações financeiras. Pais de crianças Ajuste emocional à educação dos filhos e obrigações decorrentes; Reavaliação de valores e decisões acerca da vida pessoal. Pais de adolescentes Ajuste às necessidades de independência dos jovens e sua natural rebelião; Confronto com a própria adolescência no processo de cobrança proveniente dos filhos (um dos aspectos-chaves da crise da meia- idade dos adultos); Crescimento da própria maturidade ao lidar com o crescimento dos filhos; Preparação para a saída dos filhos de casa e para mudanças de estilo de vida. Pais de adultos Ajuste à saída dos filhos de casa e revisão de papéis, estilo de vida, relação do casal; Rebalanceamento de necessidades da família, do autodesenvolvimento e da carreira. Avós Restabelecimento da relação com crianças e revisão da relação com os filhos; Desenvolvimento do papel de orientados dos filhos; Desenvolvimento do papel de orientador dos filhos; Reavaliação da relação com a família diante da redução da atividade profissional. Separados, divorciados ou viúvos As características desta situação dependem da etapa da vida onde ocorrem e de suas circunstâncias. Fonte: Schein apud Dutra, p. 36-38. Um sistema de administração de carreira para ser efetivo, deve atender as necessidades tanto da organização quanto das pessoas. O sistema deve ajustar-se continuamente, assumindo uma configuração dinâmica. A metodologia aplicada e as técnicas empregadas para a concepção ou revisão da gestão da carreira representam um aspecto essencial para um resultado satisfatório. Segundo Dutra (2009) a grande maioria das pessoas encara a reflexão sobre suas carreiras apenas como a identificação de oportunidades e a busca de aprimoramento profissional, subordinando suas carreiras a uma realidade dada pelo ambiente e perde a condição de atuar sobre esta realidade. Para se ter uma atuação sobre esta realidade, antes de iniciar um planejamento sobre as oportunidades de carreira oferecida pelo ambiente é importante refletir questionar e identificar: quem eu sou, o que quero, quais são meus interesses e aptidões? O que é importante para mim, meus valores? Estas perguntas precisam ser feitas para você se posicionar diante da vida pessoal e profissional. Ao fazê-lo, por utilizar um padrão interior de avaliação, terão melhor condição para identificar oportunidades de carreira. A partir do momento que você tiver esse campo relativamente delimitado, poderá fazer escolhas mais seguras. Qualquer decisão tem que ser tomada com conhecimento de causa para que aumente a probabilidade de você ficar satisfeito com as escolhas que fizer. Esse posicionamento firme e seguro darão condições para aceitar ou recusar novas posições, de forma a manter-se alinhado com seu plano de carreira, seja no início da carreira ou na maturidade. Atualmente a responsabilidade pela gestão da carreira tomou uma dimensão maior, considerando o foco do indivíduo. É ele que precisa inicialmente ter um planejamento e fazer suas escolhas de acordo com seus interesses e habilidades. É claro que, no cenário organizacional atual, ainda podemos constatar empresas com estruturas hierarquizadas e rígidas, onde a carreira é entendida como vinculada à estrutura. Nesse caso, é a empresa que estabelece, de forma unilateral, suas necessidades e oportunidades. Por outro lado, há empresas menos organizadas, as carreiras são deixadas ao acaso, muitos funcionários não visualizam perspectiva de crescimento na carreira, encarando suas posições como definitivas até a fim de sua vida profissional. Infelizmente, geralmente são funções repetitivas, enfadonhas que não oferecem qualquer desafio. Contudo, encontramos empresas que diante da crescente complexidade técnica e organizacional, as estruturas e estratégias que prevalecem são as que oferecem maior flexibilidade e agilidade para adaptação aos estímulos ambientais, a visão de carreira é bem diferente. Nesse caso, as empresas necessitam de profissionais que estão em contínuo processo de qualificação, de modo que a responsabilidade pela administração de carreira é vista como sendo compartilhada entre a pessoa e a empresa. Quando a organização se importa com o desenvolvimento da carreira dos seus integrantes busca: Desenvolver no indivíduo um senso crítico com relação a seu comportamento diante da profissão; Estimular e dar suporte a um processo de auto avaliação constante; Oferecer uma estrutura para reflexão das pessoas sobre sua realidade profissional e pessoal; Disponibilizar ferramentas para desenvolver objetivos de carreira e planos de ação, para monitorar a carreira ao longo do tempo. As organizações estão cada vez mais investindo no desenvolvimento humano, em decorrência de pressões tanto interna quanto externa, para continuarem competitivas no mercado. Ao mesmo tempo os indivíduos hoje se dão conta de que aperfeiçoar-se é condição sine qua non para sua inserção ou manutenção no mercado de trabalho. Este aspecto é fruto de um mundo em constante mudança nos padrões e relações de trabalho. Para que as empresas se tornem competitivas, necessitam engajar e comprometer as pessoas com os resultadosde seu trabalho. Este engajamento não pode ser obtido apenas por vontade da empresa, e imposto ao trabalhador; trata-se de um processo intrínseco, resultado da motivação da pessoa para executar seu trabalho, de seus valores e de seus talentos e habilidades. Para tanto cada indivíduo deve conhecer-se, ter consciência de seu projeto profissional e saber quais são as oportunidades oferecidas pela empresa e pelo mercado de trabalho. Percebe-se que a inovação da Administração de Carreiras na década de 80 sugere: uma gestão compartilhada da carreira entre a empresa e a pessoa, critérios de ascensão profissional desvinculados da estrutura organizacional e dos títulos de cargos, transparência dos critérios de ascensão, estímulo e apoio concreto à participação das pessoas na construção dos critérios de ascensão, estruturas de carreiras predominantemente paralelas, visando aperfeiçoar as contribuições individuais. A gestão de carreira também pode ser entendida como um planejamento dos passos a serem seguidos em sua carreira. Desenvolvido a partir de suas experiências, habilidades, estilo pessoal, interesses, valores e ideais, traçando as metas a serem alcançadas a curto, médio e longo prazo. Antes de estabelecer um plano de ação para gerir a própria carreira é importante identificar alguns comportamentos: 1- O primeiro comportamento está relacionado ao aprimoramento da percepção sobre as próprias expectativas profissionais. O autoconhecimento é fundamental no processo de gestão de carreira, uma vez que não existem fórmulas infalíveis para construir uma carreira de sucesso, até mesmo porque o conceito de sucesso pode variar de pessoa para pessoa. 2- O segundo comportamento consiste em alinhar as atribuições profissionais atuais com os novos paradigmas empresariais exigidos, porque nem sempre estaremos fazendo apenas o que gostaríamos de fazer. Isto consiste em sempre lembrar que a carreira não é uma estrada lisa, plana sem curvas e obstáculos, pelo contrário, aborrecimentos momentâneos podem servir de lição para que, no futuro, desenvolvamos planos de contingências que nos auxiliem a conviver com os imprevistos e as contrariedades. 3- O terceiro comportamento se baseia na habilidade de elaborar uma estratégia particular para competir no mercado. Como profissionais competentes, devemos exibir no mercado de trabalho, muitas das virtudes que possuem os melhores estrategistas nos campos de batalha. Qualquer decisão tem que ser tomada com conhecimento de causa para que aumente a probabilidade de sucesso em decorrência das escolhas. Uma carreira levada ao acaso, sem rumo, por sorte, aumenta as chances de fracassar. Se não tem um foco, um objetivo, qualquer lugar serve. Gasparian (2009) Portanto um posicionamento firme é a identidade que você quer ter. É como você quer ser visto. O estímulo ao planejamento da carreira tem sido um importante instrumento para as pessoas serem empreendedoras consigo mesmas. Não se resume a momentos episódicos em nossas vidas, pois somos a todo o momento confrontado com as mudanças no ambiente a nossa volta e com mudanças em nós mesmos. A QUESTÃO DO AUTOCONHECIMENTO O processo do autoconhecimento ocorre quando nos damos à oportunidade de abrir nossas mentes para o conhecimento, de quebrar os paradigmas estabelecidos no decorrer da vida e que ficam armazenados na nossa mente. Vale dizer aqui que paradigmas são modelos nos quais baseamos nossas percepções, ou seja, é o padrão através do qual entendemos, analisamos e modificamos o mundo exterior. As percepções podem ser as mesmas, mas sofrem variações devido aos mais variados contextos socioeconômicos. As subjetividades que ajudam a compor a aprendizagem querem seja, no âmbito formal ou informal, contribuem positiva ou negativamente neste processo. Na realidade, nossa mente está repleta de conceitos estabelecidos e sedimentados, por isso é importante estar aberto a mudanças, para dar espaço ao novo seja no que se refere ao conhecimento ou comportamento. Paradigma vem do grego parádeigma, literalmente modelo, é a representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento que origina o estudo de um campo científico; uma realização científica com métodos e valores que são concebidos como modelo; uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas. Talvez a maneira mais forte de definir o conceito de paradigma seja dizer que ele representa os conteúdos de uma visão de mundo que a pessoa assimila no decorrer sua existência. Isso significa que as pessoas que agem de acordo com os axiomas de um paradigma estão unidas, identificadas ou simplesmente em consenso sobre uma maneira de entender, de perceber, de agir, a respeito do mundo. Sem perceber, consideramo-las como verdades absolutas e como pressupostos básicos sobre a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos com as pessoas. Os paradigmas funcionam como hábitos e nos ajudam a resolver problemas do dia a dia, mas também funcionam como filtros, nos impedindo de ver novas oportunidades. Passamos a acreditar que a maneira habitual de realizar alguma tarefa, por exemplo, é a única maneira possível. Neste caso, os paradigmas tornam-se barreiras a nossa capacidade de aceitar e compreender as novas ideias ou novos produtos. Mudança de comportamento tem uma ligação direta com a mudança de paradigmas que gera mudança comportamental e novas fórmulas são desenvolvidas e que mostram resultados Quebrar paradigmas tornou-se uma exigência no mundo das organizações e da sociedade. O termo que até alguns anos atrás era mencionado casualmente hoje é corriqueiro para traduzir que estamos na era da mudança. Para que um paradigma seja realmente quebrado é necessário que algo seja superado e o novo seja introduzido. É preciso questionar conceitos, regras, emoções, crenças e tudo isso deve começar individualmente para depois alcançar o coletivo. Não existe outro caminho. Na realidade o simples fato de tomarmos consciência das nossas próprias limitações é uma quebra de paradigma. Os passos seguintes, invariavelmente, nos conduzem a caminhos que antes pareciam impossíveis. Esse processo ocorre tanto na área pessoal quanto no mundo corporativo. Não importa a complexidade da mudança. O fato é que só podemos dizer que paradigmas são verdadeiramente quebrados à medida que novas formas de atuação são desenvolvidas e mostram resultados diferentes a médio e longo prazo. Crenças e barreiras se rompem quando a experiência mostra exceções e novas possibilidades, principalmente quando as pessoas e corporações estão abertas a isso. E mudar um paradigma pode não ser tão difícil! Se bem analisarmos, veremos que se trata de um exercício de possibilidades que devem ser bem compreendidas, ponderadas, e, acima de tudo, implantadas. Na realidade esse foi e será o maior desafio do ser humano, pois é preciso coragem para despir os personagens que compõem socialmente o indivíduo e buscar sua verdadeira essência. Na esfera profissional, o autoconhecimento torna-se o mais nobre diferencial competitivo que podemos desenvolver. Se a pessoa conhece suas características, seus pontos fortes e fracos, seus anseios, suas prioridades, ela poderá desenhar de forma a ser mais compatível com sua realidade, e, dessa forma, identificar uma estratégia para alcançá-lo. Segue alguns caminhos que levam ao autoconhecimento e as condições para que possamos trilhá-los. Face a constatação da necessidade de se ter um conhecimento mais profundo sobre si mesmo para atingir um resultado eficaz na gestão da carreira, Dutra fala de um modelo, embora devendo sofrer modificações necessárias para adequar-se às demandas individuais. Aponta que como ponto de partida é o autoconhecimento, onde devem ser desenvolvidos osobjetivos de carreira e o plano de ação para a consecução destes objetivos. Dutra coloca que para orientar este processo de auto avaliação existem muitas ferramentas, tais como: Manuais de autopreenchimento, como por exemplo, os apresentados por Savioli (1991) e por Kotter, Faux e McArthur (em London e Stumpf, 1982, cap 3), apresentados de forma sintética no Quadro a seguir: Proposta de Savioli (1991) 1. Registro do que você gosta de fazer, independentemente do que você é obrigado a fazer por dever profissional; do que você não gosta de fazer, esteja ou não sendo levado a praticar; do que sabe fazer bem, forma de concretizar habilidades e atitudes; do que não sabe fazer bem. Estes registros devem ser efetuados em três campos: o individual e familiar, o social e o profissional. 2. Visualização do futuro, descrevendo como você projeta seu futuro para daqui a cinco anos em termos de composição familiar, saúde, lazer, situação econômica, desenvolvimento cultural do cônjuge e dos filhos, autodesenvolvimento, comunidade e vida espiritual. 3. Realização de um balanço da situação atual em relação ao projetado e estabelecimento de mudanças desejadas. 4. Projeção de mudanças no cenário profissional para os próximos cinco anos e analise de como elas poderiam interferir em sua visualização do futuro, tais como: mudanças políticas, sociais, econômicas, culturais, tecnológicas, etc. Proposta de Kotter, Faux e McArthur (em Lonfon e Stumph, 1982) Descrição de um sumário autobiográfico incluindo uma visão geral de sua vida e das pessoas ligadas a você; apresentação de um sentimento acerca de prováveis ocorrências no futuro que podem impactar sua vida, uma análise dos pontos críticos em sua vida e pontos positivo e negativos de decisões que você tomou em relação a sua carreira. Exame do que você gosta de fazer, do que você faz bem e do que valoriza em seu comportamento. Avaliação do que você faz atualmente em relação ao que você gosta de fazer, sabe fazer bem e valoriza. Busca de uma avaliação de terceiros, família, amigos, conselheiros etc. acerca das reflexões efetuadas nos itens anteriores. Dutra (2009 – p. 25 e 26) Quadro para auto avaliação visando planejamento de carreira. Workshops para planejamento de carreira, onde os participantes fazem uma avaliação individual e em grupo e discutem suas preferências e objetivos de carreira e que podem continuar em casa e confrontar com opiniões de amigos e familiares e eventualmente parceiros de empresa. Suporte de consultores especializados Na realidade os questionamentos sobre nós mesmos podem ser um período de dificuldades ou até mesmo sucesso profissional ou emocional, vem do sentimento de vazio, de que está faltando algo. Aqui começam os questionamentos que acabam abrindo as portas para o autoconhecimento. É nesse momento que perguntamos como dominar estes sentimentos, pensamentos e atitudes, é o momento de desfazer a imagem poética que temos de nós mesmos e do mundo. Vamos ter que enfrentar nossos medos e as reais causas de determinados comportamentos. É nesta fase que muitos desistem, por não suportar o confronto com suas deficiências, defeitos e incoerências que, muitas vezes necessitam de auxílio de um terapeuta para monitorar e ajudar nessa busca, contudo muitos conseguem sozinho esse trabalho. Sozinho entre aspas, porque todas as pessoas que estão a nossa volta, tais como, família, amigos, acabam juntas, exercendo esse papel com suas críticas, elogios, desafios, etc. É importante ter sinceridade e franqueza para analisar as descobertas sem voltar a encobri-las, pois, na medida em que vamos retirando a nossa “camada protetora”, vamos sentindo-nos desprotegidos. É muito comum nesse momento tentarmos rapidamente refazer a maquiagem para disfarçar. Aqui é necessário utilizar de muita sinceridade e franqueza e lembrarmos que a perfeição é uma meta não o ponto de partida e que toda pessoa de sucesso sofreu fracassos. O que a tornou vitoriosa foi, justamente como os administrou e aprendeu com eles. Por isso precisamos compreender que os erros são somente os efeitos. Aliás, as consequências do que desconhecemos ou escondemos são sempre maiores do que aquilo que conhecemos. Portanto é melhor conhecermos bem nossas virtudes, defeitos, forças e fraquezas em vez de continuar viajando na presença de estranhos. Outro fator importante é ter humildade para buscar alternativas para seguir, porque nesse momento muitas coisas precisam mudar e para isso será preciso abandonar ideias e atitudes que vínhamos mantendo por muito tempo, mudar de opinião, de conduta, dar a razão a quem realmente tem razão, pedir desculpas, parar de nos defender e assumir de maneira madura as nossas responsabilidades diante da vida e dos outros, sem esquivas. Tem pessoas que se perdem nesse momento pois estão tão arraigadas a seguir rotinas e rituais tanto em casa como no trabalho, mas a grande maioria ainda não descobriu os benefícios da disciplina saudável estabelecida frente as metas qualitativamente superiores de vida. Esse é um precioso tesouro que somente os disciplinados conhecem e podem entender. A jornada do autoconhecimento tem início, mas jamais terá fim. É como se estivesse subindo uma montanha sem fim. A cada parte mais alta que você chega, passa a enxergar melhor as coisas que viu na fase anterior. Assim, a cada avanço que faz no sentido do autoconhecimento, estará ampliando a visão das conquistas. Muitos quando percebem que a jornada não tem fim e que já atingiram um grau de auto realização costumam desistir e partir para um caminho mais cômodo, voltando para sua zona de conforto, escondendo-se na frase “Eu já me conheço o suficiente” ou “Já me conheço muito bem”. É comum pensar, se a jornada não tem fim, se não termina nunca, por que empreender uma viagem dessas. BIBLIOGRAFIA ___________. Administração de carreira: uma proposta para repensar a gestão de pessoas. Tese apresentada à Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Doutor em Administração. São Paulo: 1993. BARROS, D.T.R.; LIMA, M.T.; ESCALDA, R. Escolha e Inserção Profissionais: desafios para indivíduos, famílias e instituições. São Paulo: Vetor Editora, 2007. CASTRO, A. P. de. Automotivação: como despertar esta energia e transmiti-la às pessoas. Rio de Janeiro: Campus, 1995 CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: e o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004 CRITCHEY, R. K. Reavaliando sua carreira: um guia prático para o bom encaminhamento de sua carreira nos diferentes estágios da vida. Tradução de Isabel de Paula e Silva Corrêa. Rio de Janeiro: Campus, 2002. DRUCKER, T. F. 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LEITUTRA COMPLEMENTAR A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CARREIRAS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL Márcia Célia Galinski Coordenadora do Curso de Tecnologiaem Gestão Portuária e professora Unaerp – Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá Unimonte – UniversidadeMonte Serrat Resumo O presente artigo apresenta uma reflexão sobre a importância da gestão de carreira e destaca as competências necessárias para alavancar o sucesso profissional. Nota-se, que existe por parte de muitas pessoas, uma natural resistência em assumir a responsabilidade pelo planejamento de sua carreira profissional, possivelmente pelo fato de considerarem papel exclusivamente das empresas neste aspecto, e também por não terem encontrado estímulo ao longo da sua vida acadêmica e profissional. No entanto, este cenário gradualmente está mudando. As pessoas estão se conscientizando do quanto é significativo pensar a construção da carreira de forma estruturada e estratégica. As principais competências identificadas, dentre outras, são: a ética e integridade; a capacidade de prever o futuro e propor ações; estar orientado para processo, pessoas e resultados; habilidade em negociação e comunicação; capacidade de liderança; ter espírito inovador e empreendedor. O presente trabalho contribui para o despertar no que tange a importância e urgência de repensar a carreira, utilizando instrumentos que contribuam para o desenvolvimento do potencial humano. Palavras-chave: gestão de carreira; competências; empregabilidade; marketing pessoal; e marca pessoal. Área de conhecimento: Humanas INTRODUÇÃO No mundo atual, caracterizado por complexas e profundas transformações no âmbito corporativo, vivem-se tempos de grande inquietação do futuro profissional e direcionamento da carreira. Cada vez mais as pessoas precisam refletir sobre suas aspirações, sentimentos, relacionamentos, compromissos e governança pessoal. O sucesso profissional depende estritamente do direcionamento de ações que conduzam ao alcance de objetivos e resultados. Assim, torna-se premente, o tomar prá si a responsabilidade da condução da carreira profissional. Nota-se, que existe por parte de muitas pessoas, uma natural resistência em assumir a responsabilidade pelo planejamento de sua carreira profissional, possivelmente pelo fato de considerarem papel exclusivamente das empresas neste aspecto, e também por não terem encontrado estímulo ao longo da sua vida acadêmica e profissional. No entanto, existe um entendimento por parte de muitas empresas que contribuir para o desenvolvimento de seus colaboradores, é uma forma de atrair e reter grandes talentos. Segundo Dutra (1996), alguns motivos têm propiciado as empresas a investirem neste sentido, como a busca de uma atuação competitiva em seus mercados, conduzindo as empresas a uma redefinição do perfil desejado de sua equipe, buscando pessoas com espírito empreendedor e o estímulo para que as pessoas planejem suas carreiras tem sido um instrumento para torná-las empreendedoras consigo próprias. E resultante disso, forma- se profissionais melhor posicionados em sua frente de atuação e com entrega de valor satisfatória. Ainda segundo o autor, outros aspectos contribuem para que cada vez mais as pessoas valorizem o planejamento da carreira, esta consideração está apoiada nos seguintes argumentos: Aumento da diversificação das oportunidades profissionais ocasionada principalmente pela complexidade organizacional e tecnológica, revolução do acesso à informação, revisão das estruturas organizacionais, globalização e os desafios ambientais. Disseminação cada vez maior da ideia de que as pessoas são responsáveis pelas suas carreiras e devem conduzi-las com assertividade. Valorização social do contínuo crescimento, da mobilidade, da flexibilidade e da notoriedade. Existe uma pressão íntima e da sociedade para ascensão profissional. Percebe-se que as pessoas estabelecem uma reflexão acerca de suas carreiras apenas com a identificação de oportunidades e a busca de seu aproveitamento. No entanto, torna- se imperativo o autoconhecimento, identificar os seus pontos fortes e os seus pontos fracos, descobrir suas reais afinidades, olhar para dentro de si, refletir sobre suas necessidades e expectativas. Este é o caminho para iniciar um planejamento da carreira. OBJETIVO Dentro deste contexto, este trabalho tem como objetivo apresentar a importância da gestão de carreiras e destacar as competências necessárias para o profissional obter êxito e empregabilidade em um mercado extremamente complexo e competitivo. MÉTODOS Foi utilizado um estudo descritivo do tipo qualitativo. A coleta de dados foi por levantamentos bibliográficos e por meio eletrônico a partir de um referencial da área temática proposta. O planejamento da carreira e a empregabilidade Diante da competitividade que impera no cenário corporativo, em que tudo se mostra diferente a cada instante, as ferramentas de gestão devem ser atualizadas na mesma velocidade. Para Chiavenato (2006), “o mundo mudou bastante, e urge que nos preparemos adequadamente para ocupar o nosso lugar e garantir nossa posição profissional e condições realmente competitivas diante da concorrência”. Buscar as bases da empregabilidade exige uma grande dose de planejamento. Sobretudo, de racionalidade. Assim, exigem-se do profissional comprometimento, responsabilidade e disciplina para a elaboração e execução do plano de carreiraDe acordo com Kanaane e Ortigoso (2001), “o autodesenvolvimento a cada dia que passa assume importância significativa quanto à perspectiva de potencializar os talentos humanos sob uma ótica emancipadora”. O autodesenvolvimento é um processo contínuo e impõe envolver o próprio indivíduo no gerenciamento de sua carreira, a fim de que ele possa responder de forma eficaz as demandas de mercado, otimizando seu potencial em busca de melhores patamares de desempenho, contribuindo efetivamente para alavancar seu sucesso profissional. Os autores argumentam que é necessário estabelecer as interfaces com os indicadores comportamentais, profissionais e sociais e destacam entre eles, a capacidade de reconhecer e compreender os aspectos já desenvolvidos para um efetivo desempenho, identificando inclusive os aspectos que dificultam o autodesenvolvimento; a importância das parcerias estratégicas, realizadas entre empresas, universidades, organizações governamentais e não governamentais, centro de apoio ao trabalhador, dentre outras, sempre com o intuito de estimular o aprendizado; a capacidade de controlar ou redirecionar impulsos e estados de espírito, agir com confiança, coragem e integridade diante das situações, atuar com inteligência emocional; buscar a automotivação, entendendo que apenas por meio da energia, entusiasmo e otimismo será possível ampliar a capacidade de criar cenários alternativos. Outro aspecto extremamente relevante é a capacidade de administrar relacionamentos, estabelecendo redes sociais que contribuam para a expansão da nossa área de atuação e prospecção. O networking é uma importante ferramenta para desenvolver relações pessoais e profissionais. Para Zarifian (2001) apud (SILVA, 2010), a competência profissional pode ser entendida com uma combinação de conhecimentos múltiplos, de habilidades, de experiências e comportamentos que se exerce em um cenário preciso. Neste sentido, compete à empresa identificá-la, avaliá-la e contribuir para a sua evolução. De acordo com Silva (2010), por meio da avaliação das competências individuais (conhecimentos, habilidades e atributos), é possível identificar os talentos profissionais na organização e direcioná-los em áreas onde possa potencializar as suas competências. Massote (2010) destaca o e-coaching (treinamento por meio da internet) como mais uma ferramenta importante para o desenvolvimento e aprimoramento das competências. O programa inicia com um diagnóstico do profissional, feito via internet, para identificar as potencialidades e as deficiências. A partir daí, são apresentadassimulações de diversas situações que avaliam a capacidade de resposta a desafios e incentivam o desenvolvimento de competências. O coaching tradicional é um processo de acompanhamento que se compromete com os resultados, com o desenvolvimento e realização do profissional. (GIL, 2009). Cada vez mais o profissional percebe o quanto é importante desenvolver suas competências para iniciar um processo de autodesenvolvimento. Uma proposta de planejamento de carreira centrada nas pessoas é apresentada por Rothweel e Kazanas apud (DUTRA, 1996): 1º. Passo: clarificação da identidade individual – avaliação das preferências individuais. 2º. Passo: avaliação dos pontos fortes e fracos da carreira – considerar as vantagens e desvantagens competitivas no mercado de trabalho. 3º. Passo: análise do ambiente – dentro do contexto interno e externo da organização. 4º. Passo: identificação das estratégias de carreira e seu alcance – analisando asoportunidades e ameaças dentro e fora da organização. 5º. Passo: seleção dos objetivos de carreira – com base nas estratégias definidas. Desenvolver os objetivos de longo prazo. 6º. Passo: implementação da estratégia de carreira – implica mudanças de comportamento, reestruturação do cotidiano, e revisão dos relacionamentos. 7º. Passo: avaliação de resultados das estratégias de carreira – processo contínuo para avaliação e adequação, quando necessário. O autor oferece subsídios para uma discussão necessária ao planejamento individual da carreira e oferece elementos para que se possa estruturá-la e conduzi-la de forma eficaz. Deve-se tratar a carreira como elemento de conciliação dinâmica das expectativas do profissional e as oportunidades de mercado. O plano de carreira segundo Gasparian (2010) deve descrever aspectos relacionados ao autoconhecimento e contemplam elementos indispensáveis ao mapeamento de dados para explorar as oportunidades de mercado e determinar o foco de sua carreira, descrevendo objetivos reais de curto, médio e longo prazo, conforme Figura 3.1: Figura 3.1 – Plano de carreira Fonte: Gasparian (2010) Chiavenato (2006) apresenta de forma estratégica um esquema integrado de ações e providências que permitem planejar, organizar e dirigir a gestão da carreira de forma adequada para competir e conquistar um lugar de destaque no mercado de trabalho. O autor indica os aspectos que devem ser considerados dentro deste esquema e que irão nortear o caminho a ser percorrido pelo profissional que deseja articular de forma estruturada a sua carreira: A busca do emprego: a importância de estabelecer objetivos e metas e conciliar com os interesses familiares; organizar-se e desenvolver uma infraestrutura e uma base de operação. Minhas Experiências de Vida Experiências de Experiências de Meu Estilo PLANO DE CARREIRA Meus Meus Meus Ideais Minhas Identificar os meios para localizar e encontrar um emprego, utilizando o networking e um comportamento proativo. A prospecção por meio de anúncios, sites e agências de emprego devem ser consideradas. Estabelecer o planejamento do trabalho, isto significa conhecer os seus pontos fortes, pontos fracos, as oportunidades e ameaças de mercado, conhecendo as suas exigências, e assim, apresentar-se de forma adequada ao perfil desejado. Analisar o mercado de trabalho, considerar a tecnologia, a informação, a globalização, a área de serviços e o conhecimento como pilares que sustentam e influenciam as mudanças neste contexto. A elaboração do currículo como instrumento de informação. Focar a empregabilidade, tornar-se realmente competitivo no mercado, por meio dos seus conhecimentos, habilidades e atitudes. Conhecer como funciona a área de recrutamento e seleção, e os mecanismos utilizados neste processo. Aprender a negociar o seu emprego, considerar as condições do trabalho, remuneração, benefícios e desafios oferecidos. Dentro desta abordagem, vale destacar a importância da empregabilidade para a construção de um diferencial profissional. Chiavenato ressalta: A empregabilidade hoje é um dos maiores desafios para as pessoas. A globalização da economia, o cenário de mudanças e transformações, os ventos da competitividade e os intensos programas de produtividade e de qualidade estão modificando o papel dos profissionais nas empresas. E, em contrapartida, estão alterando profundamente o perfil profissional dos funcionários. (CHIAVENATO, 2006, p. 95) A empregabilidade pode ser definida como “o conjunto de competências e habilidades necessárias para alguém conquistar e manter sua colocação dentro de uma empresa. Significa a capacidade de obter e reter um emprego de forma firme e válida”. (CHIAVENATO, 2006, p. 97). Assim, considera-se como a capacidade de se tornar competitivo no mercado de trabalho. Desta forma, o autor enumera as principais competências que devem ser desenvolvidas: Aprender a aprender: significa estar sempre pronto a buscar novos conhecimentos que contribuam para o seu desenvolvimento profissional. Isso deve acontecer de forma contínua, o aprendizado evolui sempre. Desenvolver habilidades e competências pessoais: reconhecer quais habilidades e competências são importantes para o seu papel profissional e para melhorar sua performance, transformando-as em vantagens competitivas. Agregar valor e contribuir para a empresa, para o cliente e para a comunidade: cada vez mais considerar os stakeholders dentro das ações e intenções implementadas no seu projeto profissional. Sua contribuição a eles deve ser valiosa e relevante. Ser responsável: assumir compromissos e responder por eles. Não fazer parte do problema e sim da solução. Ser leal e confiável: estabelecer a cooperação e colaboração nas relações, com o propósito de aportar valor ao negócio. Ter iniciativa pessoal e senso empreendedor: estar orientado para a ação, para a entrega de resultados satisfatórios, excedendo as expectativas da empresa. Ser proativo e fazer acontecer. O profissional do futuro deve ainda se preocupar em adquirir uma reserva financeira, que dê maior segurança. Saúde física e mental também são aspectos imprescindíveis para a empregabilidade. O autor apresenta de que forma é possível melhorar a empregabilidade e destaca a importância de estar constantemente avaliando e diversificando as atividades profissionais; melhorar e ampliar a capacidade de comunicação; atualizar-se e reciclar-se continuamente; tratar a carreira como se fosse um verdadeiro negócio; desenvolver uma rede de relacionamentos; agir como um solucionador de problemas; aprender a lidar com pessoas; e adicionar mobilidade e funcionalidade às suas ações. Marketing pessoal e marca pessoal O marketing foi uma das ciências emergentes do século XX e contribuiu para as mudanças ocorridas na condução dos negócios e na vida das pessoas. Primeiramente apresentado como estratégia para alavancar a venda de produtos e serviços, o marketing evoluiu e aumentou o seu escopo, sendo incorporado como uma eficaz e poderosa ferramenta para fazer com que as competências, habilidades, atitudes, apresentação e comunicação, favoreçam e contribuam para uma imagem positiva no ambiente profissional. As empresas de hoje analisam muito mais do que a experiência profissional. A preocupação com o capital intelectual e a ética é fundamental na definição do perfil daqueles que serão parceiros e colaboradores. Bidart (2006) define que o marketing pessoal está apoiado na tríade: ser, parecer e aparecer. São estes três fatores básicos que o definem. Nesta abordagem, o “ser” representa o autoconhecimento e reflexão. Assim, quem consegue responder a pergunta: “quem sou eu?”, sabe quem é, sabe o que quer, e quem sabe o que quer, alcança. Nesta análise, devem-se considerar as características
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