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TCC SOBRE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

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A INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NO MERCADO DE TRABALHO.
Andréia Cristina Fonseca Ribeiro de Oliveira Campos.
RESUMO
A presente se pesquisa propõe analisar a inserção do deficiente intelectual no mercado de trabalho, numa busca compreender os processos complexos na dinâmica de relações deste indivíduo que para a sociedade é tido como “anormal”. Buscou-se mostrar a importância e o grande desafio da inclusão social. Discutir o conceito e dinâmicas de reação do mercado de trabalho na sociedade contemporânea, bem como aspectos éticos, legais e particularidades de ambos na sociedade atual para alicerçar a discussão.
Palavras-chave: Deficiência Intelectual. Inclusão Social. Mercado de Trabalho.
RESUME
The present research proposes to analyze the insertion of the intellectual disabled in the job market, in a search to understand the complex processes in the dynamics of relationships of this individual that for society is considered “abnormal”. We sought to show the importance and the great challenge of social inclusion. Discuss the concept and dynamics of reaction of the labor market in contemporary society, as well as ethical, legal and particular aspects of both in today's society to support the discussion.
Keywords: Intellectual Disability. Social Inclusion. and Labor Market.
 Introdução
	O artigo justifica-se pela necessidade em aprimorar os conhecimentos de causa à verdadeira realidade no âmbito da inserção do deficiente intelectual no mercado de trabalho.
	Sendo este um tema pertinente para a atualidade, onde tem se falado muito a respeito dos direitos e necessidades das pessoas com deficiência intelectual, surgiu um questionamento, de como se da à inserção de deficiência intelectual no mercado de trabalho? 
Porém, percebe-se que a pessoa com deficiência intelectual tem encontrado grandes obstáculos para a sua aceitação e participação na sociedade. As barreiras arquitetônicas, falta de formação, e acima de tudo, o preconceito, ainda tem delegado a estes seres humanos papeis e posições muito aquém de suas potencialidades.
	Por meio da pesquisa buscou-se conhecer o processo de enfrentamento pelo deficiente intelectual no mercado de trabalho e como se configura as relações sociais dentro dessa dinâmica. É necessário refletir no que se refere à real inclusão da pessoa com deficiência intelectual, como um todo, o que esteja impedindo ou dificultando, a presença ou permanência destes sujeitos no meio social.	
	Levou-se em consideração a discussão sobre preconceitos na sociedade atual onde uma parcela significativa dos deficientes intelectuais encontra-se marginalizada no mercado de trabalho, sendo alvo de atitudes discriminatórias e estereótipos por parte da sociedade, sendo estigmatizadas nas relações sociais. Na pesquisa procurou-se verificar junto ao deficiente intelectual quais as dificuldades enfrentadas na sua inserção no mercado de trabalho.
	Como metodologia de investigação, aplicou-se uma pesquisa qualitativa bibliográfica, onde a averiguação dos fatos se deu através da figura do Assistente Social que contribui a pessoa com Deficiência Intelectual no mercado de trabalho. 
	Essa abordagem permite uma interação maior da sociedade com a pessoa com deficiência intelectual, trazendo discussões acerca das problemáticas das relações humanas no sentido de amenizar as desigualdades sociais existentes.
	Diante do exposto pode-se identificar que a pesquisa se mostrou de grande relevância para a formação acadêmica propiciando uma aproximação da função do Assistente Social nesse desafio de inserir a pessoa com deficiência intelectual ao mercado de trabalho, podendo assim ser compreendido, as múltiplas formas de manifestação da questão social que se expressam nas limitações e dificuldades vivenciadas pelos mesmos.
	O termo deficiência intelectual[footnoteRef:1] surgiu nos primeiros anos do século XXI. Este “novo” termo, aos poucos, foi (e vem) sendo empregado no âmago das reflexões e discussões políticas dos movimentos sociais referentes à pessoa com deficiência, em documentos legais de âmbito internacional e nacional e no meio acadêmico- cientifico. [1: O termo deficiência intelectual foi introduzido e utilizado na Declaração de Montreal sobre a Deficiência Intelectual. Este documento foi o resultado das discussões feitas na Conferência Internacional sobre Deficiência Intelectual, na cidade de Montreal –Canadá, nos dias 05 e 06 de outubro de 2004, sendo realizada pela Organização Pan-americana de Saúde e pela Organização Mundial de Saúde (OPM/OMS). Disponível em <http://www.defnet.org.br/decl_montreal.htm>. Acesso em 17.02.2011.
] 
	Esse termo veio substituir, de forma conceitual e valorativa, a denominação “deficiência mental” (Sassaki, 2006), que ainda pode ser encontrada na legislação brasileira que trata das pessoas com deficiência relacionada à cognição, associada ao intelecto, e à adaptação social.
	O termo deficiência mental foi utilizado a partir do século XIX. Sendo conceito construído e empregado pelo “modelo médico” para classificar, denominar e conceituar aqueles que possuíam um problema no seu desenvolvimento mental, na área cognitiva, que influenciava na sua autonomia e independência e na sua adaptação ao meio social.
	Deficiência intelectual veio justamente substituir e ampliar a conotação e representação de termos anteriores tais como“ débil mental”, “idiota”, “retardado mental”, “excepcional”, “incapaz mentalmente” e erroneamente associados a transtornos mentais[footnoteRef:2], como o “maluco” ou o “louco”, construídos e utilizados por médicos da corrente organicista[footnoteRef:3], em determinados períodos históricos da sociedade europeia. (Pessotti, 1984). [2: O s termos transtorno distúrbio e doença combinam-se aos termos mental, psíquico e psiquiátrico para descrever qualquer anormalidade, sofrimento ou comprometimento de ordem psicológica e/ou mental. Os transtornos mentais são um campo de investigação interdisciplinar que envolve áreas como a psicologia , a filosofia , a psiquiatria e a neurologia. As classificações diagnósticas mais utilizadas como referências no serviço de saúde e na pesquisa hoje em dia são o Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais - DSM IV, e a Classificação Internacional de Doenças -CID-10.] [3: O modelo organizacionista procura uma causa física para a loucura. Evolui da presença dos sais ou dos vapores para uma lesão anatômica do cérebro. A cura implica tratamento físico e, sobretudo farmacológico. O campo de atuação o de cura centra-se no encéfalo, enquanto sede no sistema nervoso.] 
	Por isso, tentar elaborar um conceito de deficiência, construída e associada ao campo mental do ser humano, torna-se complicado por tratar-se de uma questão muito ampla, sendo, também, considerado de difícil precisão e delimitação. 
	Ao longo do processo histórico, a construção do conceito deficiência mental sofreu influências de ordem histórica, médico-organicista, jurídica, psicológica, pedagógica, ecológica e sociológica (Sprovieri & Assunção, 2000). 
	Nas últimas décadas a construção da deficiência mental (atual intelectual) sofreu alterações bastante significativas.
	Ampliou-se a visão que estava centralizada somente numa perspectiva das ciências cognitivas[footnoteRef:4], que abrangia todas as áreas da mente e do cérebro, onde se situavam os transtornos mentais, até então teorizados e explicados apenas pela medicina, nos campos das especialidades médicas tais como a neurologia, psicologia e psiquiatria, constituindo-se assim a visão de um modelo médico de deficiência intelectual. Na contemporaneidade, passa a ser tratada também pelos campos da antropologia, sociologia, ecologia, pedagogia e do direito, considerando a interação da pessoa com deficiência ao ambiente que a cerca, construindo o modelo social da deficiência intelectual, na aurora do século XX (Diniz, 2006). [4: Consideram-se ciências cognitivas o campo interdisciplinar de estudos de desenvolvimento recente que inclui a psicologia, as neurociências,a filosofia e a linguística, visando estudar as relações entre mente e cérebro, sobretudo quanto a suas funções cognitivas (JAPIASSU e MARCONDES, 2006, p. 45).] 
	Portanto, para compreender a construção do “novo” conceito de deficiência, associada ao intelecto e a adaptação social, faz-se necessário analisá-lo sob a luz das relações sociais construídas a partir da base do modo de produção e suas relações imbricadas, denominada como estrutura e suas influências na constituição da infraestrutura da sociedade em determinados momentos históricos (Giordano, 2000). 
	Os conceitos sobre a deficiência intelectual anteriores aos referidos “modelos” foram construídos a partir da evolução das ciências naturais, humanas e sociais durante o processo de racionalização, conflitos e de transformações das relações sociais de produção da humanidade, e serviram de parâmetros reflexivos para o entendimento sobre a deficiência e a pessoa com deficiência e seus processos de tratamento e integração, a partir do século XIX e avançando no século XX.
	Faz-se necessário entender quando se inicia o processo epistemológico de compreensão da deficiência intelectual e suas antigas denominações, no decorrer da história da humanidade: sua associação e dissociação com a doença mental (transtorno mental); a construção da deficiência intelectual como uma diferença da diversidade humana em pleno século XXI e não como um “estigma” (Goffman, 1984). 
	Acrescenta-se a esse contexto contemporâneo as lutas e conquistas legais e institucionais dos sujeitos com deficiência intelectual por meio de seus familiares e sua inserção política, juntamente com os outros deficientes, como cidadãos no exercício de seus direitos civis, políticos e sociais, no acesso e na inclusão nas políticas públicas e sociais criadas a partir das reivindicações dos referidos segmentos.
Construção da Deficiência Intelectual e sua Associação e Dissociação com Transtornos Mentais
	
 	Na Era Neolítica, cerca de 8.000 anos antes de Cristo, os homens viviam em pequenas aldeias e se alimentavam da caça e do plantio. 
As deficiências originadas nos membros do grupo poderiam ser por questões congênitas, devido às relações sexuais endogâmicas, pela falta de higiene que imperava no ambiente em que eles viviam, ou, ainda, adquirida por meio da caça de animais maiores e mais fortes ou de lutas travadas por outros grupos por conquista de território (Silva, 1987).
	A pessoa que possuía algum tipo de deficiência, especialmente a física e/ou visual ou mental, que a impedisse de realizar as atividades primárias de produção de sobrevivência do grupo ou dela própria, era abandonada “à sua própria sorte”, sendo excluída do convívio dos demais:
Em alguns casos o indivíduo gravemente ferido não falecia, mas podia ficar vitimado por uma sequela qualquer e se tornava limitado para a atividade principal da qual originalmente participava: a caça ou a guerra (Silva, 1987, p.36).
	Na Civilização Egípcia (período de 3.200 a 1.100 a.C.) as pessoas que possuíam o corpo lesionado, disforme ou com problemas relacionados à mente não eram totalmente segregadas, rotuladas ou sofriam preconceitos. Elas transitavam entre as classes sociais, já existentes e constituídas, e ocupavam alguns cargos públicos conforme a lesão, adquirida congenitamente ou ocasionada por acidentes. O interessante nesta civilização encontra-se no processo de aceitação das pessoas que sofriam nanismo 22: os anões eram contratados como empregados em casas de altos funcionários, situação que lhes permitia honrarias e funerais dignos (Silva, 1987).
	Em suma, a civilização egípcia possuía uma postura de tolerância no convívio com as pessoas que possuíam algum problema em sua estrutura corporal ou mental. Provavelmente, essa aceitação ou tolerância era devida à própria formação do pensamento político e social dessa civilização, baseado na teocracia[footnoteRef:5] e no escravismo de outros grupos sociais, e de sua preocupação com a vida após a morte. [5: Teocracia é um regime político em que o poder supremo é exercido por uma classe sacerdotal acumulando, ao mesmo tempo, o poder civil ou temporal e o poder religioso ou espiritual. (JAPIASSU e MARVONDES, 2006, p. 265).] 
	Na civilização grega, diferentemente da egípcia, as pessoas com deficiência eram exterminadas ou escondidas por representarem uma fragilidade de uma nação que necessitava de vigor física (representado por um corpo são), para expandir seus domínios por meio de batalhas e guerras travadas com outros povos ou civilizações (Assumpção & Sprovieri, 2000, p.2).
	Gurgel (2006) aponta que essa questão de exterminar ou esconder as pessoas com algum tipo de deficiência era considerado como uma questão legal e de prática socialmente aceita e legitimada, conforme registradas nas obras A República[footnoteRef:6] do filósofo Platão (428 a. C.– 348 a. C.) e na Política27 de Aristóteles (384 a. C.- 322 a. C.) [6: A República, Livro IV, 460 c – “Pegaram então nos filhos dos” homens superiores, e levá-los-ão para o aprisco, para junto de amas que moram à parte num bairro da cidade; dos homens inferiores, e qualquer dos outros que seja disforme, escondê-los-ão num lugar interdito e oculto, como convém (PEREIRA apud GURGEL, 2006, p.25).
] 
	Entretanto, contraditoriamente à política de extermínio e de ocultar pessoas com deficiência do seio da sociedade helênica, foi na Grécia que se organizaram as primeiras formas primárias de assistência (médico e assistencial) aos guerreiros que se tornaram incapacitados para uma vida produtiva devido a sequelas deixadas pelas guerras travadas com outros povos.
	A deficiência, na Grécia Antiga, era de causa congênita ou adquirida. Segundo Silva (1987), havia três tipos de pessoas com deficiência: 
· Os mutilados ou deficientes devido a ferimentos ou acidentes próprios da guerra e de atividades afins; 
· Os prisioneiros de guerra com deficiência física, ou os detentos criminosos civis, cuja mutilação ou deficiência era causada por uma pena ou castigo.
	Os deficientes civis por doenças congênitas ou adquiridas, ou também por acidentes variados (1987, p.97).
	Para explicar o surgimento do estudo sobre as anomalias existentes em corpos humanos e o início da secularização das interpretações dos corpos disformes a partir do movimento renascentista do século XVI, Courtine, em seu artigo “O corpo inumano”, traz à luz a concepção do monstro e do monstruoso.
	É muito interessante perceber que a partir da representação do formato da deformidade ou anomalia apresentada no corpo de um ser humano, apesar de ainda existir uma visão religiosa sobre a questão e que lhe atribuía um pouco de humanidade, o sujeito era considerado como um “inumano”. 
	Dentro de uma explicação que tentava buscar a racionalidade da existência desses seres inumanos na Renascença, Courtine expõe:
Povoando as margens da natureza, o monstro era assimilado ao animal; escapando às suas regras, ele encarnava o fracasso da Criação; vivendo nos confins do mundo conhecido, ali ele proliferava em raças estranhas, “blemmyes” acéfalos, monópodes claudicando sobre sua única pata, ciápodes repousando a sombra de seu imenso pé (2008a, p. 489)
	Percebe-se que a pessoa que tivesse sua deficiência “exposta”, “visualizada” em seu corpo, ou seja, uma “marca”, como no caso de pessoas com deficiência física ou anomalias, dependendo do contexto social da civilização na qual estivesse inserida, sofria tanto o estigma, o preconceito, a segregação e a discriminação quanto os cuidados proporcionados por alguma instituição social (Goffman, 1984). 
	Porém, em relação à pessoa com deficiência intelectual existia uma diferença. Aparentemente, a deficiência mental não era externada no corpo, apresentando-se na realidade concreta e objetiva. Mas, no cognitivo, que afeta sua adaptação na sociedade, ou seja, no abstrato, no subjetivo. 
	A não ser nos casos em que a deficiência intelectual causada por questões genéticas, cujas características da anomalia genética apareciam na estrutura corporal do deficiente, tipificando-o,como, por exemplo, as pessoas com síndrome de Down ou com hidrocefalia, que, por não haver estudos científicos naquela época, eram estigmatizas e marginalizadas.
	A partir do século XVI, durante o movimento renascentista, com o surgimento da ciência e a especialização da medicina, os médicos tentaram explicar, dentro de uma visão racionalista, inspiradas no pensamento filosófico greco-romano, as causas da deficiência intelectual a partir da relação com a estrutura cerebral. 
	Porém, no movimento renascentista ainda não houve uma separação entre a deficiência intelectual e o transtorno ou distúrbio mental, mas, sim, uma separação de uma visão “sobrenatural” da deficiência para uma visão “cientifica”. Segundo Pessotti (apud Giordano, 2000, p.24):
Já no século XVI, médicos como Para celso (1493-1541) e Cardano (1501-1576) iniciam (...) uma reformulação na noção de sobre naturalidade atribuída as manifestações da deficiência. Assim sendo, o louco e o idiota não são mais consideradas como vítimas de forças cósmicas, e sim como pessoas doentes – portanto dignas de tratamento. 
	Dos séculos XVI ao XVIII, com o avanço do pensamento humanista, a necessidade de explicação dos fenômenos sociais e humanos por meio das leis e experimentações cientifica tendo como referência as ciências naturais (para explicar os fenômenos sociais de forma racional e lógica, as revoluções que estavam ocorrendo, transformando os cenários dos campos políticos, econômicos e sociais da Europa e do “Novo Mundo”), tornaram-se primordiais e ganhavam novos adeptos ao pensamento humanista e científico. 
	Estudos e experimentos foram realizados durante a Idade Moderna na Europa, na tentativa explicar a etiologia da deficiência intelectual e sua associação ou não com as doenças mentais, a fim de tratar ou de curar tal “enfermidade”. O lócus utilizado pela maioria dos pensadores foram os asilos, manicômios e as prisões (Lobo, 2008). 
	Relacionado ao campo das doenças/deficiências mentais tem-se por referência os estudos produzidos pelos denominados alienistas (Lobo, 2008):Thomas Willis[footnoteRef:7], Fodéré[footnoteRef:8], Pinel[footnoteRef:9] e Esquirol[footnoteRef:10] (Giordano, 2000), entre outros pensadores como Seguin[footnoteRef:11], que viveram em séculos distintos, mas influenciaram o campo de medicina e suas especialidades, além da psicologia e da pedagogia durante os séculos XVI a XIX. Eles tentaram explicar e tratar a deficiência mental (Assumpção & Sprovieri, 2000). [7: Thomas Willis (1621-1675) foi um médico inglês que desempenhou um papel importante na história das ciências médicas e foi co-fundador da Royal Society (1662). A sua carreira médica teve início em Londres, e depois, de 1660 até à sua morte, na Universidade de Oxford, onde foi titular da cátedra de Filosofia natural. Foi um dos pioneiros da pesquisa neuroanatômica.] [8: François-Emmanuel Fodéré (1764-1835) foi um médico e botânico francês.Publicou Leçons sur les épidémies et l'hygiène publique] [9: Philippe Pinel (1745-1826) foi um médico francês, considerado por muitos o pai da psiquiatria. Notabilizou-se por ter considerado que os seres humanos que sofriam de perturbações mentais eram doentes e que, ao contrário do que acontecia na época, deviam ser tratados como doentes e não de forma violenta. Foi o primeiro médico a tentar descrever e classificar algumas perturbações mentais.A obra mais importante escrita por Pinel foi "Traité médico-philosophique sur l’aliénation mentale ou la manie".] [10: Jean-Étienne Dominique Esquirol (1772-1840) foi um psiquiatra francês. Foi discípulo de Philippe Pinel, sucedendo seu mestre em 1811 como chefe do Hospital de Salpêtriére, em Paris. Entre vários outros notáveis trabalhos cunhou o termo alucinação. Esquirol diferencia demência (doença mental) e amência (deficência mental). É com Esquirol que a idiotia deixa de ser considerada uma doença e o critério para avaliá-la passa ser o rendimento educacional. O médico, em conseqüência, perde a palavra final no que diz respeito à deficiência mental, abrindo as portas dessa nova área de estudo ao pedagogo.] [11: Édouard Séguin (1812-1880) foi um médico que trabalhara com crianças mentalmente “atrasadas” na França France e nos Estados Unidos. Seguidor de Jean Itard, que o persuadiu a se dedicar a estudar as causas, assim como o treinamento do retardado mentalmente. Em 1839, na França, criou a primeira escola dedicada à instrução do retardado mentalmente. Em 1846 publicou “O tratamento, a higiene, e a instrução morais dos idiotas e de outras crianças inversas". Em 1849, Seguin moveu-se para os Estados Unidos onde continuou seu trabalho estabelecendo outras escolas para retardados mentalmente. Em 1866, publicou “Idiotia e seu tratamento pelo método Psicológico”.] 
	Em finais do século XVIII os loucos passam a ser diferenciado dos criminosos, que residiam no mesmo espaço institucional, em relação à forma de tratamento aplicado. 
	Pinel considerou aqueles que possuíam o diagnóstico de idiotia como uma forma grave de deficiência intelectual. Em 1801 publicou o tratado médico filosófico sobre a deficiência intelectual, considerando-a como uma questão neuropatológica (Giordano, 2000, p. 27). No mesmo ano, Jean Itard escrevia sobre seu experimento, a Mémoire sobre o selvagem de Aveyron, e convidava Édouard Séguin para colaborar em sua tarefa médico-moral (Pessotti, 1984, p. 85).
	Durante o século XIX o trabalho realizado por Jean Itard e, ulteriormente, seu discípulo Séguin trouxe grande contribuição aos campos da pedagogia e da psicopedagoga, a partir da experiência realizada em tentar educar “o menino selvagem, conhecido como Victor de Averyron” (Carneiro, 2008, p.13).
No início do século XX os estudos voltados para a deficiência mental avançaram em torno do conceito e da diferenciação entre a “loucura” e a “idiotia”. 
	Por meio de organismos internacionais, se buscou operacionalizar um conceito para melhor definir as pessoas com deficiência e, em especial, as com deficiência mental. 
	Na definição da Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento (AAIDD), referência mundial na área, que atualmente utiliza um modelo multidimensional, considerado pelos especialistas um modelo completo e eficiente para explicar a deficiência intelectual. O modelo está pautado em cinco dimensões: habilidades intelectuais, comportamento adaptativo, participação, interações, papéis socais, saúde, contextos:
A Deficiência Intelectual é definida como limitações importantes que afetam o funcionamento intelectual, significativamente abaixo da média, acompanhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, auto cuidados, competência doméstica, habilidades sociais, interpessoais, uso de recursos comunitários, autossuficiência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança. O início deve ocorrer antes dos 18 anos (AAIDD, 2002).
	
	Essa definição, adotada para diagnóstico da deficiência intelectual, não considera apenas o Quoeficiente de Inteligência (QI) baixo como até a pouco era diagnosticado na época de Binet[footnoteRef:12], mas também, uma avaliação abrangente das habilidades e dificuldades da pessoa deficiente em se relacionar com o meio ambiente, na execução das atividades diárias, nos cuidados pessoais, no aprendizado acadêmico e na atuação no meio onde vive. [12: Alfred Binet (1857-1911), pedagogo e psicólogo francês, que ficou conhecido por sua contribuição à psicometria. Foi o inventor do primeiro teste de inteligência, as bases dos atuais testem de QI.] 
Exemplificando, as pessoas com deficiência intelectual se relacionam com o mundo de forma diferenciada da maioria das pessoas. São mais lentas, levam mais tempo para aprender, ou seja, precisam de apoio na escola e no trabalho. 	Essas dificuldades variam de intensidade. Podem ser leves ou mais acentuadas. As mais leves são mais difíceis de serem identificadas, porque não são evidentes. São, a princípio, observadas pelas famíliase, posteriormente, diagnosticadas na idade escolar. Assim, nas diversas formas que se apresentam, vão precisar de mais ou menos apoio. A deficiência intelectual não é uma doença, mas uma incapacidade intelectual em determinadas áreas, de acordo com o comprometimento de cada pessoa. 
Assim, deficiência mental/intelectual não deve ser confundida com doença mental. A diferença é que na doença mental a pessoa perde a noção de si mesma e da realidade a sua volta. Pode ser mais branda ou mais severa, ocasionando muitas vezes dificuldade de raciocínio lógico e concentração.
Essas pessoas apresentam humor variado e grande dificuldade de relacionamento. São as psicoses, as depressões, a síndrome do pânico, as esquizofrenias. Esses casos devem ser tratados com medicação e com atendimento terapêutico. A doença mental não é caracterizada como deficiência, mas como doença. Apesar de ser um quadro diferente da deficiência mental, algumas pessoas possuem as duas patologias. Por exemplo, é possível que uma pessoa tenha deficiência intelectual associada a um quadro depressivo, assim como a doença mental mais grave pode ocasionar um limite intelectual.
	As pessoas com deficiência intelectual ainda representaram perigo ao meio social por terem sido associadas a pessoas com caráter duvidoso agressivo ou criminoso. Por isso, em finais do século XIX e início do XX, as pessoas com deficiência intelectual sofreram todos os estigmas presentes nos séculos anteriores e seu tratamento era o mesmo ofertado aos doentes mentais nos asilos psiquiátricos, futuro hospitais ou centros psiquiátricos.
	Porém, com o movimento de lutas da classe trabalhadora por melhores condições de trabalho e de vida, exigindo direitos coletivos (políticos e sociais) e com o avanço das primeiras políticas sociais, muda-se, aos poucos, a configuração da pessoa com deficiência, antes vista como um “invalido” e passa-se a vê-la como um ser humano, uma pessoa com direitos como os demais, numa perspectiva de isonomia[footnoteRef:13]. [13: Trata-se de um princípio jurídico disposto pela Constituição da República Federativa do Brasil que diz que "todos são iguais perante a lei", independentemente da riqueza ou prestígio destes. O princípio informa todos os ramos do direito.] 
A Inclusão Social do Deficiente Intelectual.
	Existe uma verdadeira confusão de conceitos em relação à deficiência intelectual, uns chamam atraso mental, deficiência mental, outros conduta atrasada, déficit intelectual ou ainda usam outros termos muito discriminatórios. Porém a expressão recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU) é “deficiência intelectual”. Neste trabalho as expressões “deficiência mental” e “deficiência intelectual” aparecem como sinônimo devido às fontes bibliográficas pesquisadas terem sido editadas antes da nova nomenclatura.
A pessoa com deficiência intelectual tem a capacidade de se relacionar, pode ser carinhosa e pode aprender uma profissão. No entanto muitas pessoas com deficiência intelectual ainda são muito descriminadas e ficam fora do convívio social.
Existem alunos com deficiência intelectual capazes de realizar atividades como: ler, escrever, mesmo que seja com ajuda de outra pessoa. Nem sempre esses alunos são rejeitados pelos colegas, eles são muito queridos pela maioria. No entanto muitos professores sentem dificuldade em lidar com alunos com deficiência intelectual por não ter conhecimento do problema.
Se uma das limitações do aluno com deficiência intelectual é a falta de concentração, então o professor deve procurar formas práticas de introduzir o aluno no assunto a ser trabalhado para manter o aluno atento. O uso da tecnologia é uma ferramenta que vem contribuindo para melhorar o aprendizado dessas pessoas.
O mercado hoje oferece muitos recursos que ajudam o professor na execução de suas atividades, mas o professor pode começar com recursos simples como recorte e colagem, por exemplo. O importante é não deixar o aluno com deficiência ficar isolado, sem participar do assunto trabalhado com os demais alunos.
Muitas escolas têm certa resistência em relação à inclusão de alunos com deficiência intelectual. As empresas também apresentam certa resistência em contratar pessoas com deficiência intelectual por não conhecerem o potencial que essas pessoas possuem. Porém aos poucos o mercado de trabalho está abrindo as portas para pessoas com deficiência, inclusive para aqueles com deficiência intelectual. Mas, afinal o que vem a ser deficiência intelectual?
É a limitação em pelo menos duas das seguintes habilidades: comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança, usam de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho. O termo substituiu ‘deficiência mental’ em 2004, por recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU), para evitar confusões com ‘doença mental’, que é um estado patológico de pessoas que têm o intelecto igual da média, mas que, por algum problema, acabam temporariamente sem usá-lo em sua capacidade plena (RODRIGUES 2009,93).
No Brasil, por exemplo, a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996, dedica um capítulo à Educação Especial. É interessante lembrar que em nenhum momento esta lei diz ser obrigatória matricular pessoas com deficiência em escola regular. Veja o que diz o artigo 58 e seus parágrafos 1º e 2º:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para efeito desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.
Diante do exposto, podemos afirmar que tanto a inclusão escolar como a inclusão social é necessária e uma leva à outra ou ambas estão interligadas, mas para isso tornasse urgente a preparação não só das escolas (questão arquitetônica), mas de toda a comunidade escolar, desde o agente de portaria, passando pelo professor, gestores e demais alunos e pais de alunos.
Outro detalhe que não deve ser esquecido quando se fala em inclusão escolar é a necessidade de uma equipe multidisciplinar ou de uma equipe de apoio conforme as necessidades apresentadas pelos alunos.
	Alunos com deficiência intelectual têm dificuldades para desenvolver comportamento relativo a si mesmo, como cuidar do seu próprio corpo. A deficiência intelectual se caracteriza por uma baixa autoestima, e tem grande instabilidade emocional.
Por isso o professor deve ser além de professor, um pesquisador, aquele que procura formas alternativas de trabalho para não excluir ninguém das atividades desenvolvidas na sala de aula.
O professor não deve se contentar com as aparências, ele deve atualizar-se constantemente, procurando saber das novas descobertas, dos estudos desenvolvidos por pesquisadores e das experiências adquiridas por outros professores.
Estudos epidemiológicos revelam que mais da metade dos casos se devem amais de um fator. Por outro lado, a deficiência mental muitas vezes decorre da interação e/ou da acumulação de vários fatores, biológicos ou psicossociais. 
Algumas causas, enfim, podem estar na origem da deficiência mental, mas também outros déficits ou transtornos, geralmente associados à deficiência mental nos casos de plurideficiência, que serão justamente os mais graves ou os mais difíceis de tratar, os de maior complexidade na intervenção profissional e na atividade escolar (FIERRO, 2004,201).
Mesmo com as pesquisas apontando resultados favoráveis à aprendizagem de alunos com deficiência intelectual, ainda existe muitos professores que duvidam da possibilidade de escolarização desses alunos.
O professor precisa saber como se dá o desenvolvimento em seus aspectoscognitivo e sócio afetivo para poder desenvolver um bom trabalho e não temer ao lidar com manifestações comportamentais diferentes dos demais alunos.
O Direito a Inclusão Escolar
	Educação Inclusiva é um conceito abrangente, que envolve não somente o processo de inclusão das pessoas com deficiência ou de distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino em todos os seus graus, mas, fundamentalmente, todas as diferenças possíveis entre as pessoas. 
	De fato, entende-se que cada ser humano é uno, e as oportunidades devem ser iguais para todos (SOLER, 2005). Deve-se ressaltar que a inclusão implica uma mudança de paradigma educacional, à medida que exige uma reorganização das práticas escolares: planejamentos, formação de turmas, currículo, avaliação e gestão do processo avaliativo. (MANTOAN, 2005). Nesse sentido, analisando as diretrizes para a educação especial, Guenther observa que: 
A política de inclusão de alunos na rede regular de ensino não consiste somente na permanência física desses alunos junto aos demais educandos, mas representa a ousadia de rever concepções e paradigmas, bem como desenvolver o potencial dessas pessoas, respeitando suas diferenças e atendendo suas necessidades (GUENTHER, 2003, p.47). 
Na realidade, de acordo com Lima (2006), a legislação é explicita quanto à obrigação das escolas de receber as crianças que se apresentam para a matrícula. Ainda para a autora, é importante que esse acolhimento não seja meramente formal e que o aluno com deficiência tenha condições efetivas de realizar integralmente suas potencialidades. 
Por essa razão, Silva (1996) defende que uma educação de qualidade, numa perspectiva democrática, deve se concentrar nas estratégias e nos meios para proporcionar mais recursos materiais e simbólicos para aqueles jovens e crianças que têm sua qualidade de vida e de educação diminuída, não por falta de meios para medi-la, mas porque essa qualidade lhes é negada, subtraída e confiscada. 
Nos últimos anos, novas ideias e intenções atingem a educação brasileira, em especial, os setores ligados à educação de pessoas portadoras de deficiência. Anuncia-se a chegada do momento da inclusão escolar de todas elas em salas e escolas regulares. Além disso, a perspectiva da inclusão, conforme comenta Oliveira (2002), é ampla e abrange, pois, em tese, todos os excluídos dos processos educacionais escolares, em especial, negros e mulheres, que serão parte do processo de inclusão. 
No Brasil, segundo Silva (2005), além do problema da imigração crescente, o desafio é ainda o de incorporar à escola toda população em idade escolar: as diferentes frações das classes sociais, as diferentes etnias e os deficientes, garantindo-lhes o acesso, a permanência e a aprendizagem. 
Assim sendo, Oliveira (2002) lembra que a necessidade de refletir sobre uma sociedade e uma escola inclusiva tem sido tema decorrente de fóruns mundiais como a Conferência Mundial de Educação para Todos e com a participação de grupos organizados da sociedade civil. Para ele, essa Conferência realizada em 1990, em Jomtien, Tailândia, foi um efetivo destaque, pois ela pode ser considerada o marco definidor das ações e políticas do final do século XX e início do século XXI, que tomam como ponto de partida o direito de toda pessoa à educação. 
Outro fórum mundial muito significativo para as pessoas portadoras de deficiência ocorreu em 1994, durante a Conferência Mundial sobre Educação para Necessidades Especial, e ressaltado por Soler (2005), ao afirmar que, nesta ocasião, a idéia e o ideal da escola inclusiva ganharam espaço e adeptos no mundo todo. Ele lembra que a última Lei de Diretrizes e Bases de 1996 – LDB nº.9.394/96, em seu capítulo V, aponta que a educação das pessoas portadoras de necessidades especiais deve-se dar, preferencialmente, na rede regular de ensino, o que significa uma nova maneira de se visualizar a Educação Brasileira. Outro fato marcante é ainda observado por Sousa e Faria (2003), referindo-se à Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988. 
Para esses autores, a CF de 1988 possibilitou que os municípios criassem seus próprios sistemas de ensino, atribuindo aos mesma autonomia relativa na formulação de políticas educacionais, em específico para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. Caminhando nesse raciocínio, Silva (2005) afirma que, hoje, o desafio que se impõe para os governos estaduais e municipais, bem como para os atores do processo educativo escolar, é a construção de uma escola com novos parâmetros: uma escola multicultural, voltada para a compreensão da realidade e tendo como princípio a inclusão. 
 Deficiência Intelectual: Conceituação e Característica
	
	O conceito de DI é muito amplo, sendo, também, considerado de difícil precisão e delimitação. Ao longo do processo histórico sofreu influências de ordem local, social e cultural (SPROVIERI e ASSUNÇÃO, 2005).
	A conceituação de DI sofreu alterações nas últimas décadas, abandonando a visão centrada no déficit intelectual e no modelo clínico, para considerar a interação da pessoa com o ambiente que a cerca (MACHADO e MAZZARO, 2008). Essas alterações trouxeram avanços na prática pedagógica, favoreceram o entendimento, trouxeram novos métodos de atendimento, recursos e serviços específicos. 
	A Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento 
(AAIDD), referência mundial na área, atualmente utiliza um modelo multidimensional, considerado pelos especialistas completo e eficiente, para explicar a DI: Dimensão I: Habilidades Intelectuais; Dimensão II: Comportamento Adaptativo; Dimensão III: Participação, interações, papéis sociais; Dimensão IV: Saúde; e Dimensão V: Contextos (AAIDD, 2002).
Pode-se verificar que as dimensões utilizadas pela AAIDD, requerem muitos componentes das chamadas habilidades[footnoteRef:14] sociais, consideradas essenciais para os processos de ajustamento social de todos os indivíduos (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 1999). [14: ―O termo habilidades sociais referem-se à existência de diferentes classes de comportamentos sociais no repertório do indivíduo para lidar de maneira adequada com as demandas das situações interpessoais‖ (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2001, p. 31).] 
A DI caracteriza- se por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo – habilidades práticas, sociais, conceituais, que se originam antes dos dezoito anos de idade (AAIDD, 2002). 
De acordo com o Decreto nº. 3.298/99, alterado pelo Decreto nº. 5.296/04 pode-se conceituar DI, aqui intitulada deficiência mental, como:
 O funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilização dos recursos da comunidade; e) saúde e segurança; f ) habilidades acadêmicas; g) lazer; e h) trabalho (Decreto nº 5.296/04, art. 5º, §1º, I, ―d‖; e Decreto nº 3.298/99, art. 4º, I).‖ (BRASIL, 2007, p. 24, 5)
	As principais características que um aluno com DI pode apresentar, segundo Cerqueira (2008), são:
Atrasos no desenvolvimento neuro-psicomotor (a criança demora em firmar a cabeça, sentar, andar, falar, alternar os pés ao subir uma escada, por exemplo) e na linguagem compreensiva (dificuldades para compreender ordens) e expressiva (atraso para começar a falar, dificuldade de expressar suas idéias, dificuldades em nomear objetos, etc.); Dificuldade no aprendizado (recepção, memorização e reação aos estímulos visuais, auditivos e táteis); Dificuldade de articular pensamento e ação (planejar planos de trabalho e tarefas, bem como colocá-las em prática, etc.); Dificuldade de localização espaço temporal; Dificuldade de consciência, imagem e esquema corporal; Necessidade de supervisão em atividades de autocuidado (controle de esfíncteres, higiene corporal...); Aprendizagem lenta, com atraso acentuado no rendimento escolar; Comportamento infantilizado para sua faixa etária; Dependência afetiva da figuraadulta de referência; Dificuldades no registro gráfico das atividades. Necessidade de apoio visual para reter imagens mentais (necessidade de ver o objeto para lembrar-se dele); Dificuldade para generalizar, transferir e aplicar estratégias já aprendidas em situações e problemas diferentes dos atuais, deflagrando dificuldade de transpor a aprendizagem; Capacidade de persistir um longo período de tempo em atividades repetitivas e de rotina; Baixa auto-estima, decorrente de como foram tratados em sua vida escolar e familiar (p. 7).
Educação Profissional e as pessoas com Deficiência Intelectual
	Existe muita discussão no âmbito da educação profissional e da educação especial, sobre a formação para o trabalho e o emprego das pessoas com Deficiência Intelectual, tendo como base a vertente de que as atividades laboram constitui-se em excelente via de inclusão social para esses cidadãos. 
	A educação profissional para pessoas DI objetiva a inclusão produtiva e cidadã desses indivíduos na vida em sociedade, devendo-se efetivar,
[...] por meio de adequações e apoios em relação aos programas de educação profissional e preparação para o trabalho, de forma que seja viabilizado o acesso das pessoas com necessidades educacionais especiais aos cursos de nível básico, técnico e tecnológico, bem como a transição para o mercado de trabalho (BRASIL, 2001, p. 60).
Entretanto, no país existe um número reduzido de instituições que se dedicam com eficiência à preparação e à colocação de pessoas com Deficiência Intelectual no Ministério de Trabalho . O que se observa é o desenvolvimento de uma educação para o trabalho segregado e muito distante do contexto das empresas competitivas. 
As propostas de educação para o trabalho no país, praticamente, não avançaram desde a década de 50, do século passado, quando surgiram as ― Oficinas Pedagógicas Profissionalizantes, estruturadas na concepção de que a pessoas precisavam desenvolver hábitos de trabalho antes de adquirir uma capacitação específica (GLAT, 1998). 
A experiência prática mostrou que algumas pessoas com DI não conseguem alcançar os objetivos estabelecidos para ingressar no Ministério de Trabalho, o que levou a criação de outra modalidade alternativa para atender as pessoas consideradas sem potencial, as ―Oficinas Protegidas. O Decreto n. 3.298/99 em seu artigo 35 define essas duas oficinas:
§ 4º - Considera-se oficina protegida de produção a unidade que funciona em relação de dependência com entidade pública ou beneficente de assistência de assistência social, que tem por objetivo desenvolver programa de habilitação profissional para adolescente e adulto portador de deficiência, provendo-o com trabalho remunerado, com vista à emancipação econômica e pessoal relativa. É uma estratégia que visa apoiar e prover oportunidades de atividade produtiva, renumerada a pessoa que por diferentes razoes não possa se beneficiar das estratégias comuns de empregabilidade. Funcionam de forma parecida com uma empresa comum, onde se oferece uma ocupação produtiva em condições normais, seja por limitações ou por falta de postos de trabalhos adequados. Podem receber subvenções e ajudas organismos públicos com o fim de alcançar estabilidade e auxiliar na renumeração dos trabalhadores com deficiência. Também podem se desenvolver através de subcontratos com empresas ( prestação de serviços de não de obra a terceiros) ou de produção própria ( é a instituição educacional como gestora de produção). Essas atividades são características como uma situação de emprego exigindo produtividade, ritmo de trabalho, organização, etc. na produção própria, os produtos podem ser comercializados de acordo com a demanda e as possibilidades da comunidade que a pessoa está inserida. §5º Considera – se oficina protegida terapêutica a unidade que funciona em relação de dependência com entidade pública ou beneficente de assistência social, que tem pó objetivo a integração social por meio de atividades de adaptação e capacitação para o trabalho de adolescentes ou adultos que devido ao seu grau de deficiência, transitória ou permanente, não passa desempenhar atividade laboral no mercado de trabalho competitivo de trabalho ou em oficina protegida de produção. Dirigida a pessoa com deficiência intelectual com graves distúrbios de conduta e que não apresentam autonomia para realizar atividades de vida diária precisando de supervisão constante. Esses serviços incluem atividades educativas, reabilitadoras, terapia educacional e assistencial (BRASIL, 1999, p. 261).
	Para Miranda (2009), enquanto as oficinas pedagógicas se preocupam com a preparação e ingresso no mercado competitivo, as protegidas têm contrato de produção e/ou prestação de serviços para terceiros ou preparação de produtos para vendas na própria instituição, perpetuando assim a permanência dos aprendizes mais qualificados que poderiam estar inseridos no Ministério de Trabalho.
	O fato, é que essas oficinas se multiplicaram no país, em instituições e organizações especializadas, ampliando a segregação e a permanência nesses ambientes das pessoas com DI. 
	Para Meletti (2001), a profissionalização nessas oficinas se restringe ao treino de habilidades específicas que são repetitivas, monótonas e totalmente fora do contexto de um trabalho competitivo, visando apenas à produção e manutenção dos subcontratos firmados pela instituição.
Mendes et al. (2004), apresentam, após análise das dissertações, às necessidades, segundo seus autores, para o desenvolvimento de um trabalho de educação para o trabalho eficaz:
(a) Desenvolver o treinamento profissional em ambiente regular de trabalho; (b) divulgar o potencial de trabalho dos deficientes nos diversos setores que podem ser considerados possíveis empregadores desta mão-de-obra; (c) orientar empresas e instituições com a finalidade de modificar as representações sociais sobre os portadores de deficiências; (d) realizar orientação às famílias de pessoas com deficiência, com o objetivo de transformá-las em ponto de apoio e incentivo; (e) elaborar procedimentos sistemáticos de treinamento e acompanhamento profissionalizantes, com condições de ensino devidamente planejadas; (f) desenvolver programas de capacitação de instrutores de indivíduos portadores de deficiências em oficinas pedagógicas e oficinas protegidas; (g) considerar a opinião dos indivíduos com deficiência acerca do processo de profissionalização no qual estão inseridos ou pelo qual já passaram; (h) revisar as propostas das instituições quanto ao preparo para o trabalho do indivíduo portador de deficiências; (i) incorporar procedimentos de escolha profissional em programas de preparação para o trabalho; e (j) desenvolver uma formação profissional mais ampla para o indivíduo, que considere os direitos e deveres deste indivíduo enquanto trabalhador (p. 116,7)
	Acreditamos que as entidades que propõem serviços de profissionalização, precisam, antes de nada, conhecer de forma clara a distinção entre profissionalizar e preparar para o trabalho. Profissionalizar significa estar apto para exercer uma profissão, enquanto preparar para o trabalho é deixar apto para a vida produtiva por meio da prática que desenvolva a capacidade laborativa. 
	Essa preparação implica em educar pelo trabalho e para o trabalho, desenvolvendo o desempenho de aptidões, habilidades profissionais, atitudes e hábitos adequados ao trabalho.
Faz-se necessário que esses serviços possuam planejamento onde estejam sistematicamente os objetivos e as ações a serem desenvolvidas junto ao público alvo a que se destinam. (Souza, 1995).
	Tudo isso, requer um novo olhar para a educação, para os currículos e para os mestres, questionando se este conjunto atende às necessidades dos educandos, se pode torná-los preparados para a vida, para serem felizes e se sentirem incluídos na sociedade. 
	Estudos realizados por Neves (1999),demonstram que muitas instituições que atendem pessoas com deficiência, apesar de terem condições adequadas (espaço, maquinários, ferramentas, instrutores) para profissionalizarpessoas com DI, não o fazem por oferecerem modalidades de oficinas pedagógicas profissionalizantes desvinculadas do contexto do Ministério de Trabalho. 
	Em busca do avanço no atendimento e na preparação do educando para o exercício pleno da cidadania, as oficinas pedagógicas dos Centros de Ensino Especial do Distrito Federal passam por um processo de ressignificação e reconstrução de sua identidade, a fim de atender as necessidades individuais de cada educando com vistas a sua efetiva inclusão social, educacional e laboral, apresentando como desafio a promoção de condições de estímulo e desenvolvimento do potencial de cada educando para o trabalho autônomo, protegido ou competitivo.
Inserções de Pessoas com Deficiência Intelectual no Ministério de Trabalho.
	Antes da adoção da legislação específica que hoje ampara e favorece a inclusão das pessoas com deficiência no Ministério de Trabalho, raramente as empresas contratavam pessoas com deficiência. 
	Segundo dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2000, existem no Brasil 24,5 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência (14,5% da população), das quais 9 milhões estão em idade de trabalhar, mas apenas 1 milhão (11,1%) exercem alguma atividade remunerada e 200 mil (2,2%) possuem registro em carteira de trabalho (IBGE, 2008).
	Os dados do IBGE, ainda revelam, que a população com Deficiência Intelectual é a que possui a menor taxa de alfabetização, o menor índice de freqüência à escola e menos anos de estudo, quando comparada com a sociedade em geral. 
	Segundo o Instituto ETHOS, cerca de 750 mil brasileiros com Deficiência Intelectual estão em idade para trabalhar, dos quais 82 mil estão trabalhando, desse total, 16 mil com carteira assinada. É importante ressaltar que não são dados oficiais, mas, apenas estimativas do cenário da força de trabalho de pessoas DI no país (ETHOS, 2003).
	Para o mesmo Instituto, esse reduzido número de inserções no Ministério de Trabalho, se deve, sobretudo: ao desconhecimento e descrédito, por parte de alguns empresários e administradores de empresas, da capacidade laboral dessas pessoas; a moderna administração e novos padrões tecnológicos, que exige um número que cada vez mais reduzido de empregados, altamente capacitados e polivalentes; ao não cumprimento da Lei de Cotas; aos preconceitos em relação à deficiência. 
	Além das dificuldades citadas, não podemos esquecer que as limitações impostas pela deficiência, dificultam enormemente, ou, até mesmo, impedem que as pessoas Deficiência Intelectual desenvolvam o conjunto das funções polivalentes exigidas pela administração moderna, que segundo recomendação da Organização Internacional do Trabalho, a:
Empresa sempre que possível, deve verificar a possibilidade de desmembrar as funções de forma a adequar o cargo às peculiaridades dos candidatos (Art. 36, alínea ―d‖ da Recomendação nº16 da OIT).
	Com todas essas dificuldades, pouca Deficiência Intelectual conseguem ser inseridos no Ministério de Trabalho, até porque apresentam baixa escolaridade, baixa qualificação e pouco ou nenhum conhecimento das modernas tecnologias. 
	Prevalece também uma grande resistência do trabalhador com deficiência em ingressar na formalidade. O recebimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) atua, em muitos casos, como um elemento limitador de pretensões profissionais, uma vez que facilita a opção para o mercado de trabalho informal como complementação de renda.
	Pois o Benefícios de Prestação Continuada não admite acumulação, pois é dirigida a quem realmente precisa, devendo ser temporária até que a pessoa atinja condições de independência, esteja alfabetizada, tenha sido habilitado ou obtido um trabalho. 
	As barreiras arquitetônicas, de comunicação e, sobretudo, atitudinais, representam outro obstáculo para o processo de capacitação e de emprego dessas pessoas. 
	Essa situação, agrava, ainda mais, o processo de exclusão das pessoas com deficiência, pois
	
―[...] a ausência da possibilidade de trabalho para o deficiente aumenta sua exclusão, acentuando, então, sua subordinação aos outros, esmaecendo a própria identidade, tornando-o aquele que precisa emprestar a voz de outrem para se fazer ouvir‖ (JANNUZZI, 1994, p. 22).
	Embora a legislação imponha às empresas a contratação de pessoas com deficiência, muitas empresas não conseguem adaptar seu espaço físico para melhor acolher o trabalhador com deficiência.
	Cabe, portanto, ao governo incentivar e auxiliar a iniciativa privada, por meio de incentivos fiscais e outros meios, essas adaptações, e implantar uma reforma no espaço público. Não basta simplesmente formular e aprovar leis, é fundamental que se dêem condições para o seu cumprimento. 
	Carreira (1996) detectou em seus estudos que além da falta de conhecimento do potencial das pessoas com deficiência por partes dos empregadores, existem outras variáveis que, também, dificultam o acesso às contratações. É necessário que se invista na formação dos empresários, para que eles aprendam a lidar com a diversidade, desmistificando as idéias errôneas sobre as deficiências. 
	Para que aconteça a contratação de pessoas com Deficiência Intelectual pelas empresas, acreditamos que seja necessário um ajuste entre a qualificação e a função ocupada. Os responsáveis pelo recrutamento devem conhecer o limite e as possibilidades das pessoas encaminhadas para a seleção, pois os empresários, normalmente, estão interessados na produção, produtividade e lucro, não só em leis, exigências e punições. 
	A instituição encarregada da mediação entre trabalhador e empresário precisa mostrar que a mão de obra é de boa qualidade e que trará vantagens econômicas para a empresa (PASTORE, 2001). 
	O mercado atual exige que a pessoa esteja habilitada para que ocorra sua contratação. Após a contratação, as empresas e as pessoas com deficiência necessitam de apoio, aconselhamento e acompanhamento, pelo menos até a adaptação do trabalhador. 
	As pesquisas mostram que as empresas voltam a contratar pessoas com deficiência depois de terem bons resultados com os primeiros contatos (PASTORE, 2001). 
	O trabalho tem função primordial na vida de todas as pessoas e não é com os Deficientes Intelectuais. No entanto, frequentemente, são negadas a essas pessoas oportunidades de trabalho, chances para que possam desenvolver suas capacidades, habilidades e potencialidades. 
	A solução dos problemas apresentados passa primordialmente pela modificação da filosofia de atendimento das instituições especializadas, que devem passar a trabalhar com programas e serviços voltados a atender a demanda do MTF.
	Por outro lado, as empresas devem oferecer um ambiente acessível no sentido amplo, isto é, acessibilidade atitudinal, arquitetônica, metodológica, instrumental e programática. 
	Empresas do mundo inteiro estão se tornando inclusivas, adotando empregos inclusivos e expandindo essa prática para toda a organização. O modelo inclusivo segue a resolução 45/91, de 1990, da Organização das Nações Unidas (ONU), que propõe a construção de uma sociedade para todos, até o ano de 2010. 
	Podemos classificar uma empresa como inclusiva, quando ela não exclui alguns de seus funcionários ou candidatos a emprego em razão de qualquer atributo individual, seja gênero, raça, cor, sexo, deficiência. 
	Numa empresa inclusiva, os empregados com ou sem atributos individuais trabalham juntos. A contratação das pessoas com deficiência não é vista como uma obrigação legal, mas um compromisso de toda a empresa e um dos itens de sua política de responsabilidade social (SASSAKI, 2000). 
	Muitas empresas já entenderam que a inclusão das pessoas com deficiência é um grande aprendizado para o desenvolvimento de políticas de promoção e respeito à diversidade no ambiente de trabalho. 
	Os programas de valorização da diversidade estão sendo cada vez mais introduzidos nas organizações como componentes positivos de inclusão social Portanto, as empresas devem absorver em seus quadros as demandas e necessidades de todosos segmentos sociais, pois incentivar a diversidade é promover a igualdade de classes, para que todos possam desenvolver seus potenciais. 
	No que se refere às pessoas com deficiência devemos garantir o direito de acesso aos bens da sociedade. Assegurar as condições de interação dessas pessoas com os demais funcionários da empresa é uma das formas de incluí-las no ambiente de trabalho. 
	Entre os vários benefícios que a inclusão propicia a uma empresa, podemos citar, alguns: traz prestígio; benefícios comerciais e melhoria da imagem institucional; estimula a inclusão entre empresas, clientes, fornecedores, consumidores e acionistas; reforça o espírito de equipe de seus funcionários; ganhos de produtividade; torna o ambiente de trabalho mais humanizado; diminui a concorrência selvagem e; estimula a competência profissional.
Considerações Finais
	Pensar em políticas públicas de inclusão dos portadores de deficiência implica proceder a uma leitura reflexiva de vários fatores sócio-político-econômico e culturais que norteiam e delimitam as ações dessa política.
	A ampla definição oficial utilização de “pessoa com deficiência” impede que as políticas formuladas incluem homogeneamente todos. Não é possível beneficiar igualmente com a mesma lei cidadãos com diferentes níveis de comprometimento causado por diferentes tipos de deficiência.
Também foi possível identificar o perfil da pessoa com deficiência no Brasil. A pobreza está altamente relacionada com a deficiência. A falta de acesso a saúde, saneamento básico, infraestrutura e educação aumentam consideravelmente a chance de uma pessoa nascer ou adquirir algum tipo de deficiência. Com isso, as regiões mais ricas do país possuem menor percentual de deficientes. Também foi relevado que o nível de escolaridade das pessoas sem deficiência. Essa fato ocorre devido a dois fatores: primeiro a dificuldade de material adaptado e acesso as escola e segundo devido à cultura que prevaleceu até pouco tempo de que o deficiente não deveria trabalhar e se qualificar.
Durante muito tempo as pessoas com deficiência foram totalmente excluídas do convívio social. Com o avanço dos estudos na área da medicina e da educação surgiram as instituições que muito contribuíram para a socialização dessas pessoas. Porém elas ainda continuaram sendo marginalizadas. Após muitas lutas e campanhas em várias partes do mundo essa situação vem melhorando e hoje a inclusão escolar já está garantida em lei no
Brasil.
As pessoas com deficiência intelectual apresentam algumas limitações, mas com uma metodologia adequada podem aprender muitas coisas, adquirir uma profissão e inserir-se no mercado de trabalho e em outras atividades social como esporte e lazer, por exemplo.
A inclusão do aluno com deficiência intelectual na escola regular contribui para a sua inclusão social, porém a escola precisa também preparar esse educando para a vida profissional. Atualmente temos que defender a inclusão escolar e social de todos os alunos, independente de ser deficiente ou não.
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