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ESTUDO DE CASO - RESPONSABILIDADE CIVIL

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ESTUDO DE CASO
Joana era uma senhora de 40 anos. Cansada de sua aparência, resolveu matricular-se em uma academia de ginástica para emagrecer e modelar seu corpo. Todavia, após seis meses de academia, achava que não estava no ponto ideal. Foi quando sua amiga, Célia, sugeriu que fosse ao seu médico, Dr. Paulo, para uma lipoaspiração. 
Chegando no consultório médico, o médico sugeriu que fizesse uma cirurgia estética reformadora de mamas e abdômen. Realizada a cirurgia, Joana teve alta dois dias depois. Ocorre que chegando em casa, a paciente começou a sentir dores insuportáveis nas mamas, abdômen e na cabeça. 
Ao ligar para o médico, este informou que ela deveria continuar com o tratamento anteriormente prescrito. Ao persistirem as dores, Joana se dirigiu ao hospital local onde foi informada que seu estado era gravíssimo, apresentando coloração preta nos mamilos e pontos amarelados. 
Foi informada, ainda, que seus mamilos foram totalmente comprometidos. Sofreram processo de necrose, que significa a morte dos tecidos afetados, resultando cicatrizes em seu lugar. Após a cirurgia, Joana sofreu de depressão e precisou fazer duas cirurgias corretivas. 
Inconformada com a situação, a paciente ingressou com ação de indenização por danos materiais e morais. Em defesa, o médico alegou tão somente que a autora não demonstrou sua culpa. 
I. DOS PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
O Artigo 186 do Código Civil Brasileiro disciplina: “Aquele que, por omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Nessa conjuntura, os pressupostos da responsabilidade civil encontrados, decorrentes da ação realizada, no caso do Dr. Paulo são:
a) Conduta culposa
Ao obter alta do hospital, Joana sentiu desconforto nas mamas, abdômen e cabeça. Todavia, o Dr. não a examinou; tão somente informou que ela deveria persistir com o tratamento anteriormente prescrito. Isto é, Dr. Paulo agiu com omissão frente às dores de Joana.
b) Nexo Causal
O grande vínculo entre a conduta e o dano que foi gerado foi a ação positiva — caracterizada pelo ato da cirurgia, em si — e a ação negativa — a omissão de não dar o respaldo esperado e necessário à Autora.
c) Dano
Os danos estéticos, materiais e morais ocasionados foram: o comprometimento total dos seus mamilos, a necrose (morte dos tecidos afetados), cicatrizes, depressão pós-cirúrgica, bem como possíveis outras cicatrizes, e os gastos decorrentes das demais duas cirurgias emergentes realizadas após a constatação da necrose.
II. DA MODALIDADE DE RESPONSABILIDADE CIVIL
Miguel Kfouri Neto, em sua obra “Culpa Médica e Ônus da Prova”, disciplina que: “A obrigação contraída é de espécie do gênero obrigação de fazer, além de que é infungível – em regra – e pressupõe atividade do devedor, energia de trabalho material ou intelectual, em favor do paciente (credor).”
Ademais, o Artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, em seu parágrafo 4°, expõe: “A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.”
Salienta-se, desse modo, que o médico plástico tem a responsabilidade civil subjetiva, posto que depende da verificação da culpa do profissional liberal, seja de negligência ou imprudência, ante à ação e omissão efetuadas. 
Caso a cirurgia tenha sido realizada em um hospital, e este estabeleça vínculo empregatício para com o médico, terá a responsabilidade objetiva em juízo, uma vez que independe da aferição de culpa ou gradação de envolvimento do causador do dano, Dr. Paulo.
Nota-se, outrossim, uma responsabilidade de resultado, haja vista que sua obrigação era de promover uma reforma meramente estética, consoante à vontade da Autora.
III. DOS ARGUMENTOS JURÍDICOS
Como já citado, o Artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, em seu parágrafo 4°, expõe: “A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.”
Ante à conjuntura bem manifestada acima, é indubitável que houve omissão da parte de Dr. Paulo. Contudo, é primordial que seja comprovada a negligência ou a imprudência efetuada no caso concreto, importando a inversão do ônus da prova. 
A jurisprudência do STJ bem impõe tal necessidade de comprovação da culpa, por intermédio de laudos técnicos e perícia:
“Em procedimento cirúrgico para fins estéticos, conquanto a obrigação seja de resultado, não se vislumbra responsabilidade objetiva pelo insucesso da cirurgia, mas mera presunção de culpa médica, o que importa a inversão do ônus da prova, cabendo ao profissional elidi-la (eliminá-la) de modo a exonerar-se da responsabilidade contratual pelos danos causados ao paciente, em razão do ato cirúrgico.” — Julgamento do REsp 985888
“Não se priva, assim, o médico da possibilidade de demonstrar, pelos meios de prova admissíveis, que o evento danoso tenha decorrido, por exemplo, de motivo de força maior, caso fortuito ou mesmo de culpa exclusiva da vítima (paciente).” — Julgamento do REsp 236708
Por conseguinte, somente após a ciência e averiguação da culpa, a ação deverá suceder como uma prerrogativa à Joana, condenando o réu sob a ótica dos:
Artigo 927, Código Civil Brasileiro: “Aquele que, por ato ilícito (artigos. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Artigo 389, Código Civil Brasileiro: “Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.”
Artigo 951, Código Civil Brasileiro: “O disposto nos artigos 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.”
Todavia, se fosse verificado que a ação se deu devido a alguma conduta da própria Autora não exposta ao caso, caso fortuito, força maior, deverá ser, portanto, eximido o dever de indenização à vítima, como forma excludente da responsabilidade médica; seria interessante, de mesmo modo, orientar Joana a não proferir difamação e injúria.
QUESTÕES
01. A responsabilidade civil é o dever de reparar um dano previamente causado, cujo objetivo é indenizar a diminuição do bem jurídico da vítima. Pode decorrer de ato lícito ou ilícito e a sua restauração depende do infortúnio, podendo ser material ou imaterial (Artigo 186, CC). Os dois modelos existentes da responsabilidade civil são:
a) Responsabilidade Subjetiva: está disposta no Artigo 927 do Código Civil Brasileiro: Artigo 927, Código Civil Brasileiro: “Aquele que, por ato ilícito (artigos. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”; tem como requisitos a conduta, dano, nexo causal e a culpa (imprudência, negligencia ou imperícia). 
b) Responsabilidade Objetiva: está disposta também no Artigo 927 do Código Civil brasileiro, todavia no Parágrafo Único: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”; tem como requisitos a conduta, dano e o nexo causal, independendo da culpa.
A regra geral do ordenamento jurídico é a aplicação da responsabilidade subjetiva, necessitando da averiguação da culpa do causador da ação ou omissão. A responsabilidade objetiva, por sua vez, nos casos especificados em Lei, pode-se ter como exemplo o Código de Defesa do Consumir, no qual uma empresa deve reparar o dano que seu produto causa; as atividades normalmente desenvolvidas, o caso de serviços que envolvem radiação, portanto, baseia-se no risco.
	c) Responsabilidade contratual: decorre de um contrato existenteentre agente e vítima (partes); une os elementos da responsabilidade civil (ação/omissão, culpa/dolo, nexo causal e dano).
	d) Responsabilidade extracontratual: caracterizada pelo fato de o agente não possuir vínculo contratual com a vítima, contudo um vínculo legal e o seu descumprimento ocasiona o dano (ação/omissão, culpa/dolo, nexo causal e dano).
	e) Responsabilidade direta: nesta, o agente causador do dano é o responsável pela sua restauração.
	f) Responsabilidade indireta: o responsável pela restauração do prejuízo é pessoa distinta do causador direto da lesão; ato de terceiro, em que há vínculo legal de responsabilidade.
02. Ato próprio é aquele em que o autor da ação ou omissão é o responsável pelo prejuízo causado. É caracterizado pelos pressupostos:
a) Conduta culposa
A conduta culposa é o ato positivo (ação) ou negativo (omissão) que se é praticado e que gera a lesão.
b) Nexo Causal
A causalidade diz acerca do vínculo entre a conduta e o dano que foi gerado.
c) Dano
É o prejuízo, a lesão causada à vítima.
d) Culpa
Intenção, vontade do agente; divide-se em dolo (desejo de cometer o ato) ou culpa estrita (não desejo de cometer a violação ao bem jurídico).
	03. As causas que excluem a responsabilidade civil eximem o dever de indenização à vítima. São eles:
a) Legitima Defesa
Prevista no Artigo 188, inciso I do Código Civil Brasileiro; o agente, no caso de iminência de injusta agressão, utiliza meio moderado para impedir/coibir a situação.
b) Caso Fortuito ou Força Maior 
Prevista no Artigo 393, do Código Civil Brasileiro; é a falta de responsabilidade do devedor, diante da impossibilidade de impedimento do dano ao terceiro.
c) Estado de Necessidade
Prevista no Artigo 188, inciso II, do Código Civil Brasileiro; existência de um perigo e não é possível exigir conduta adversa do autor.
d) Exercício Regular de um Direito
Prevista no Artigo 188, inciso I, do Código Civil Brasileiro; o direito deve ser praticado no contexto em que se é criado, não podendo haver seu abuso no caso de prática fora da conjuntura originária.
e) Culpa Exclusiva da Vítima
A própria vítima causa o seu dano, eximindo a responsabilidade do réu.
f) Culpa ou Fato Exclusivo de Terceiro
O dano não é causado pelo agente que o praticou e, sim, por uma conduta exterior, de terceiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.pucrs.br/direito/wp-content/uploads/sites/11/2017/03/ruan_martins_2016_2.pdf
https://ambito-juridico.jusbrasil.com.br/noticias/504854034/nem-toda-necrose-em-cicatriz-cirurgica-indica-erro-medico-passivel-de-indenizacao
https://www.direitocom.com/codigo-de-defesa-do-consumidor-comentado/titulo-i-dos-direitos-do-consumidor/capitulo-iv-da-qualidade-de-produtos-e-servicos-da-prevencao-e-da-reparacao-dos-danos/artigo-14-4
KFOURI NETO, Miguel. “Culpa médica e ônus da prova”, página 226
https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGenerica&termo=%20REsp%20985888 (REsp 985888)
https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGenerica&termo=%20REsp%20236708 (REsp 236708)
http://boletimjuridico.publicacoesonline.com.br/mulher-que-ficou-com-seios-deformados-apos-cirurgia-plastica-sera-indenizada/
https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/418327679/responsabilidade-civil-do-medico-em-caso-de-cirurgia-plastica
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8754/Responsabilidade-civil-no-Direito-brasileiro-pressupostos-e-especies
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1974721/qual-a-diferenca-entre-responsabilidade-civil-contratual-de-extracontratual-joice-de-souza-bezerra
https://jus.com.br/artigos/29487/resposabilidade-civil-por-ato-proprio-ou-de-outrem

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