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Administracao_Geral

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Jaime Antônio Scheffler Sardi
ESTUDOS DE
ADMINISTRAÇÃO GERAL
Ouro Preto/MG, 2008
 S244e Sardi, Jaime Antônio Scheffler.
 Estudos de administração geral / Jaime Antônio Scheffler Sardi. -
 Ouro Preto : UFOP, 2007.
 85p., il.
 ISBN: 978-85-98601-11-3
 1. Administração. 2. Taylorismo. I. Título. II. Universidade
 Federal de Ouro Preto.
 CDU: 658(09)
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad
REITOR DA UFOP
João Luiz Martins
VICE-REITOR DA UFOP
Antenor Rodrigues Barbosa Junior
DIRETOR DO CEAD
Jaime Antônio Scheffler Sardi
VICE-DIRETORA DO CEAD
Marger da Conceição Ventura Viana
COORDENAÇÃO DA UAB/UFOP
Tania Rossi Garbin
Gláucia Maria dos Santos Jorge
COORDENAÇÃO DO CURSO DE
ADMINISTRAÇÃO A DISTÂNCIA
Jaime Antônio Scheffler Sardi
COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVA DO CEAD
Iracilene Carvalho Ferreira
REVISÃO
Elinor de Oliveira Carvalho 
Maria Teresa Guimarães
CAPA E LAYOUT
Danilo França do Nascimento
DIAGRAMAÇÃO
Alexandre Pereira de Vasconcellos
Catalogação: Sisbin/UFOP
Copyright © 2007. Todos os direitos desta edição pertencem ao Centro de Educação Aberta e a Distância 
da Universidade Federal de Ouro Preto (CEAD/UFOP). Reprodução permitida desde que citada a fonte.
SUMÁRIO
PRIMEIRO CAPÍTULO - Panorama da Administração 05
SEGUNDO CAPÍTULO - Escola de Administração Científica
Americanismo: Taylorismo-Fordismo 17
TERCEIRO CAPÍTULO - Escola de Relações Humanas e a
Dinâmica dos Grupos 35
QUARTO CAPÍTULO - Teoria Geral dos Sistemas 47
QUINTO CAPÍTULO - Administração Por Objetivos: APO 65
SEXTO CAPÍTULO - Toyotismo-Ohnismo: Modelo Japonês de
Administração 77
APRESENTAÇÃO
Caro Estudante,
 Este fascículo mostra fatos referentes ao surgimento da Administra-Este fascículo mostra fatos referentes ao surgimento da Administra-
ção como uma ciência, com status próprio. Inicialmente a Administração é 
simples improvisação, conjunto de técnicas que são repetidas porque a ob-
servação dos fatos assim recomenda (Empirismo). Mas é com Taylor (Ad-
ministração Científica) e Fayol (Teoria Clássica), no começo do século XX, 
que a Administração se torna uma ciência social aplicada. Para se ter uma 
visão geral, é apresentada a cronologia. Depois se acompanha a evolução 
da Administração, com a Teoria das Relações Humanas, a Teoria Geral dos 
Sistemas, a Administração por Objetivos e por fim a Teoria do Modelo Japo-
nês, atualmente a mais empregada, o Toytismo-Ohnismo. 
 Neste fascículo ainda não se estabelece uma divisão entre a Adminis-
tração geral e a Administração especificamente voltada para o setor público. 
Além disso, os assuntos abordados não estão exauridos e, por essa razão, 
não dispensam leituras de aprofundamento. Ao final de cada tema, há cita-
ções bibliográficas para tais leituras. É aconselhável fazê-las sempre que 
possível. Os principais livros e manuais de Administração citados são facil-
mente encontrados.
PRIMEIRO CAPÍTULO
Panorama da
Administração
Estudos de
Administração 
Geral
Panorama da
Administração
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Administração é uma palavra que vem do latim. Segundo o Dicio-
nário Saraiva (1993, p. 28), admistratio (de administrare) significa 
ajuda, ministério, assistência, função. Já o Dicionário Houaiss da 
Língua Portuguesa (2001, p. 86), entre outros significados , apresen-
ta estes para administração:
1. ato, processo ou efeito de administrar 2. ato de reger, 
governar ou gerir negócios públicos ou particulares 2.1. 
modo como se rege, governa, gere tais negócios 3. 
ADM a direção, a chefia no organograma de um estabe-
lecimento público ou particular 4. ADM conjunto de nor-
mas e funções cujo objetivo é disciplinar os elementos 
de produção e submeter a produtividade a um controle 
de qualidade, para a obtenção de um resultado eficaz.
Classicamente se considera a administração como um processo 
constituído de cinco funções principais destinadas a operacionalizar 
o funcionamento das organizações sociais. São elas:
Planejamento - visão de futuro com vistas a traçar um programa 
de ação.
Organização - constituição combinada dos elementos materiais 
e humanos da empresa: agrupamento e estruturação das ativida-
des.
Direção - comando e orientação para que se execute o que foi 
planejado e organizado.
Coordenação - ligação, união, harmonia dos atos e esforços 
coletivos.
Controle - verificação de que os eventos transcorreram, ou não, 
de acordo com as ordens dadas e o planejamento. 
Observe que a palavra organização, neste trabalho, é empregada para 
designar uma função administrativa, uma etapa da administração entre 
outras quatro. 
Por outro lado, a palavra organização é empregada para designar 
uma interação social de pessoas com vistas a atingir certos objetivos, 
quando duas ou mais pessoas se reúnem para cumprir um propó-
sito. Denota qualquer empreendimento humano moldado intencio-
nalmente para atingir uma finalidade. Daí a igreja, os exércitos, os 
1.
2.
3.
4.
5.
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Administração 
Geral
Panorama da
Administração
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hospitais, as universidades, as lojas, os bancos, o casamento serem 
denominados organizações (sociais). Sendo assim, a administração 
constitui a forma pela qual se operam as organizações sociais. 
 
Schein (1982, p.12 ), do MIT - Massachussets Institute of Technolo-
gy, define:
Uma organização é a coordenação planejada das ati-
vidades de uma série de pessoas para consecução de 
algum propósito ou objetivo comum, explícito, através 
da divisão de trabalho e função e através de uma hie-
rarquia de autoridade e responsabilidade.
Organizações sociais existem desde os primórdios da humanida-
de, desde quando os homens se reuniam para caçar, planejando o 
instante do ataque, distribuindo entre si tarefas e instrumentos, de-
legando comando para uma única pessoa e depois verificando se o 
processo da caça ocorreu dentro do previsto.
Os babilônios, fenícios, caldeus, persas, chineses, assírios, sumé-
rios, hebreus, gregos e romanos possuíam suas organizações. No 
período das Grandes Navegações, mais precisamente no Arsenal 
de Veneza, constituíram-se as primeiras organizações de sociedade 
anônima, feitas com o somatório de recursos de vários investidores. 
Mas foi com a Primeira Revolução Industrial, no século XVII, que 
passou a haver a multiplicação de organizações pelo mundo afora, 
especialmente nos EUA.
Até o final da Guerra de Secessão Americana (1865), não existia a 
figura do administrador profissional, cargo específico em tempo inte-
gral. Os negócios eram pequenos e conduzidos por famílias proprie-
tárias do empreendimento. Na América rural, o dirigente manejava 
as questões econômicas, administrativas, operacionais e diretivas 
do negócio. O presidente muitas vezes era também tesoureiro, fi-
nancista, comprador, vendedor e contratador. A partir da Segunda 
Revolução Industrial, por volta de 1880, é que começaram a surgir as 
grandes corporações multidepartamentais. 
O engenheiro industrial americano Frederick Winslow Taylor e o en-
genheiro de minas francês Henry Fayol são considerados fundadores 
da moderna administração, como técnica e ciência social aplicada, 
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Administração 
Geral
Panorama da
Administração
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na seqüência da Segunda Revolução Industrial.
Antes deles, Carl von Clausewitz (1780-1831), general prussiano, 
ao escrever sobre a administração dos exércitos, antecipou algumas 
idéias que um século depois tomaram corpo com Taylor e Fayol. E o 
inglês Charles Babbage (1792-1871) desenvolveu pioneiramente um 
computador digital, idéia que na época foi considerada uma loucura. 
Trabalhou 40 anos no empreendimento mal sucedido, quase gastan-
do sua fortuna pessoal.
Observação: Livrosde Administração apontam Taylor como funda-
dor da Escola Científica e Fayol como fundador da Escola Clássica: 
o primeiro focalizou a oficina e a tarefa, enquanto o segundo focali-
zou a administração de uma forma abrangente, incluindo as funções 
comerciais, financeiras, contábeis, técnicas, de segurança, além, é 
claro, das administrativas. É importante ler as aulas específicas. Tam-
bém é importante ler História da Administração, de João Bosco Lodi. 
Preste atenção nos cinco verbos (planejar, organizar, coordenar, co-
mandar, controlar) e especialmente no fato de que planejar vem em 
primeiro lugar enquanto controlar vem por último.
Antes de Taylor e Fayol não havia Escolas de Administração com teo-
rias sistematizadas. Por essa razão, citam-se duas cronologias, uma 
anterior aos dois e outra posterior. Segundo os autores, alguém será 
um bom administrador na medida em que souber planejar, organizar 
e coordenar atividades no trabalho e comandar e controlar o desem-
penho de seus subordinados.
Taylor, estudado melhor no capítulo seguinte, publicou Princípio de 
Administração Científica, em 1911, enquanto Fayol, em 1916, pu-
blicou Administração Geral e Industrial. 
Fayol defende, na obra citada, que a Administração é uma ciência e 
não apenas uma improvisação derivada da simples observação em-
pírica de acontecimentos. E que a Administração, como ciência, deve 
ser estudada metodicamente nas escolas, visando a formar melhores 
administradores e desenvolvendo qualidades e aptidões pessoais.
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Administração 
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Administração
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Fayol estabeleceu os seguintes princípios gerais da Administração:
Divisão do trabalho - especialização para aumentar a eficiência. 
Autoridade - direito de dar ordens e poder de esperar obediên-
cia. Responsabilidade, decorrente da autoridade: prerrogativa de 
mandar e ser obedecido, requerendo ser responsável pela emis-
são de ordens e suas conseqüências.
Disciplina - aplicação, energia, comportamento e respeito aos 
acordos estabelecidos, dependendo da obediência.
Unidade de comando - autoridade única, para que cada empre-
gado receba ordens de apenas um superior.
Unidade de direção - existência de um comando e um plano 
para cada grupo de atividades que tenham objetivo comum.
Subordinação dos interesses individuais aos interesses ge-
rais - preponderância dos interesses gerais sobre os interesses 
particulares.
Remuneração do pessoal - satisfação justa e garantida para os 
empregados e para a organização em termos de retribuição.
Centralização - concentração da autoridade no topo da hierar-
quia da organização.
Cadeia escalar - linha de autoridade que vai do escalão mais alto 
ao mais baixo, sendo o princípio do comando.
Ordem - estabelecimento de um lugar para cada coisa e de cada 
coisa em seu lugar.
Eqüidade - amabilidade e justiça para alcançar lealdade do pes-
soal.
Estabilidade e permanência do pessoal - redução da rotativida-
de, que tem um impacto negativo sobre a eficiência da empresa, 
pois, quanto mais tempo uma pessoa permanecer num cargo, 
tanto melhor.
Iniciativa - capacidade de visualizar um plano e garantir seu êxi-
to.
Espírito de equipe - harmonia e união entre as pessoas, como 
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grandes forças para a organização.
Henry Fayol (1841-1925) nasceu em Constantinopla (na atual Tur-
quia) e formou-se em Engenharia de Minas aos 19 anos, entrando 
depois em uma empresa metalúrgica e carbonífera, onde fez sua 
carreira, a Compagnie Commantry Fourchambault et Decazeville. 
Aos 25 anos foi gerente das minas e aos 47 anos tornou-se gerente 
geral. Em 1918 entregou a empresa ao sucessor, depois de tirá-la 
de um quadro pré-falimentar.
A mais conhecida contribuição de Fayol é a proposição das seis fun-
ções essenciais da empresa, citadas a seguir.
Funções técnicas: ações relacionadas com a produção de bens 
ou serviços da empresa.
Funções comerciais: compra, venda, permuta.
Funções financeiras: busca de capitais e a sua gerência. 
Funções de segurança: proteção e preservação dos bens mate-
riais e das pessoas.
Funções contábeis: ações que dizem respeito a registros, inven-
tários, balanços, custos e estatísticas.
Funções administrativas: relacionadas com a integração, na 
cúpula, das outras cinco funções, coordenando-as e sincronizan-
do-as.
Dirigir é assegurar a marcha dessas seis funções essenciais, porém 
as administrativas estão acima das demais e englobam os cinco ele-
mentos do ato de administrar, que, segundo o próprio Fayol, (1960, 
p. 72), são:
Prever: visualizar o futuro e traçar programas de ação.
Organizar: combinar o duplo lado, material e social, da empresa.
Comandar: dirigir e orientar o pessoal.
Coordenar: ligar, unir, harmonizar todos os atos e esforços coleti-
vos.
Controlar: verificar se tudo ocorre de acordo com o estabelecido.
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É possível entender melhor as funções essenciais da empresa e o 
ato de administrar por esta figura:
Prever
Organizar
Funções administrativas Comandar
Funções técnicas Coordenar
Funções comerciais Controlar
Funções financeiras
Funções contábeis
Funções de segurança
Figura 1. Apresentação das Funções e dos Elementos do Ato de Administrar, se-
gundo Fayol. Apresentado por Chiavenato (1983, p. 72).
Para melhor compreensão do surgimento histórico da Administração, 
leia os quadros que se seguem:
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Administração 
Geral
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1. PRIMÓRDIOS DA ADMINISTRAÇÃO: DOS EGÍPCIOS ATÉ 
TAYLOR E FAYOL
ÉPOCA PROTAGONIS-TAS EVENTOS
6000 a. C. Egípcios Reconhecimento da necessidade de planejar, organizar, controlar.
2600 a. C. Egípcios Descentralização na organização.
2000 a. C. Egípcios Ordens escritas, consultorias de gestão.
1800 a. C. Hamurabi (Babi-lônia)
Uso de controle escrito e testemunhal, estabelecimento de salário míni-
no, reconhecimento de que a responsabilidade não pode ser transferida.
1491 a. C. Hebreus Conceitos de organização, princípio escalar, princípio da exceção.
600 a. C. Nabucodonosor Controle de produção e incentivos salariais.
500 a. C. Mencius (China) Reconhecimento da necessidade de sistemas e padrões.
400 a. C. Sócrates (Grécia) Enunciado da universalidade da administração.
400 a. C. Ciro (Pérsia) Reconhecimento da necessidade de relações humanas, uso do estudo de movimentos, arranjo físico e manuseio de materiais.
400 a. C. Platão (Grécia) Enunciado do princípio da especialização.
175 a. C. Cato (Roma) Uso de descrições de funções.
20 Jesus (Judéia) Unidade de comando, regulamentos, relações humanas.
284 Dioclécio (Roma) Delegação de autoridade.
1436 Arsenal de Veneza
Contabilidade de custos, verificações e balanços para controle, numera-
ção de inventários, utilização da técnica da linha de montagem, empre-
go da Administração de Pessoal, padronização.
1525 Maquiavel (Itália) Princípio do consenso de massa, da coesão na organização, enunciado das qualidades de liderança, descrição de táticas políticas.
1767 James Stuart (Inglaterra)
Teoria da fonte da autoridade, impacto da automação, diferenciação 
entre gerentes e trabalhadores baseada nas vantagens da especializa-
ção.
1776 Adam Smith (Inglaterra) Aplicação do princípio de especialização, controle.
1779 Eli Whitney (EUA)
Método científico, contabilidade de custos, controle de qualidade, 
administração ampliada.
1800
James Watt e 
Mathew Boulton 
(Inglaterra)
Procedimentos padronizados de operação, tempo-padrão, gratificação 
natalina, seguro mútuo e auditoria.
1810 Robert Owen (Inglaterra) Gerência de pessoal,treinamento, moradia operária.
1832 Charles Babbage (Inglaterra)
Ênfase na abordagem científica e na especialização, divisão do traba-
lho, estudo de tempos e movimentos, contabilidade de custos, efeitos 
da cor na eficiência do operário.
1856 Daniel McCallum (EUA)
Uso de organogramas para representar a estrutura da organização, 
aplicação da administração sistemática em ferrovias.
1881 Joseph Wharton (EUA)
Criação dos primeiros cursos de nível colegial para o estudo da admi-
nistração.
1886 Hery Metcalfe (EUA) Administração como arte e como ciência.
1900 Taylor (EUA) Fundação da Primeira Escola de Administração Científica.
Quadro 1. Principais Eventos dos Primórdios da Administração apresentado por 
Estudos de
Administração 
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Chiovenato (1983, p. 19), com adaptação.
2. CRONOLOGIA DAS ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO - SÉCULO 
XX
NOME ÊNFASE ANO FUNDADORES ENFOQUE
Escola de Administração 
Científica Nas tarefas 1903
Taylor e Gilbreth - 
EUA
Racionalização do tra-
balho no mundo opera-
cional
Teoria da Burocracia
Na estrutura 
da organiza-
ção
1909 Max Weber - Alema-nha
Organização formal bu-
rocrática
Teoria Clássica Na estrutura 1916 Henry Fayol - França Funções do administra-dor
Escola das Relações Hu-
manas Nas pessoas 1932
Elton Mayo e Kurt 
Lewin – EUA
Organização informal, 
dinâmica de grupo, co-
municação
Teoria das Decisões Nas pessoas 1947 Simon - EUA Tomada de decisões
Teoria dos Sistemas No ambiente 1951
Bertalanffy– Alema-
nha
Kast e Rosenzweig &
Katz e Kahn -EUA
Abordagem de sistema 
aberto
Teoria dos Sistemas 
Sociotécnicos
Nas pessoas 
e na tecno-
logia
1953 Emery e Trist Integração homem-tec-nologia
Teoria Neoclássica ou 
Administração por Obje-
tivos – APO
No ecletis-
mo: tarefas, 
pessoas e 
estrutura
1954
Peter Drucker, Koontz 
e O’Donnell, Newman 
– EUA
Objetivos
Escola Comportamental 
ou Behaviorista Nas pessoas 1957
McGregor, Likert, 
Argyris – EUA Motivação humana
Escola do Desenvolvi-
mento
Organizacional
Nas pessoas 1962 Bennis, Beckhard, Schein – EUA Mudança organizacional
Teoria da contingência Na tecno-logia 1972
Woodward, Lawrence, 
Lorsch – EUA Imperativo tecnológico
Teoria Z –
Ohnismo-Toyotismo Nas pessoas 1973
Eiji Toyoda, Taiichi 
Ohno
William Ouchi
Just-in-time, produção 
enxuta
Quadro 2. Cronologia das Escolas de Administração.
3. PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS
O administrador deve considerar certas normas para desempenhar, 
de forma satisfatória, as funções de planejar, organizar, dirigir e con-
trolar. Com base na Idéia de Normas e Regras, surgem os Princípios 
da Administração descritos a seguir:
Estudos de
Administração 
Geral
Panorama da
Administração
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1º. - Princípio da Especialização: A divisão do trabalho e a espe-
cialização da pessoas incrementam a quantidade e qualidade do 
trabalho
2º. - Princípio da Definição Funcional: O trabalho de cada pessoa, 
a atividade de cada órgão e as relações de autoridade e responsabili-
dade devem ser claramente definidas por escrito.
3º. - Princípio da Autoridade e Responsabilidade: Deve haver 
equilíbrio entre a autoridade e a responsabilidade atribuídas a cada 
cargo ou órgão na empresa. Autoridade é o poder, decorrente do car-
go ocupado, de dar ordens e exigir obediência. Responsabilidade é o 
dever de prestar contas das decisões tomadas e suas
conseqüências.
4. AS CINCO VARIÁVEIS QUE DESAFIAM O ADMINISTRADOR
Na sua realidade cotidiana o administrador terá que lidar com estas 
variáveis, que são interdependentes:
ORGANIZAÇÃO
(Empresa)
Tarefas
Estrutura
Ambiente Tecnologia
Pessoas
Figura 2. Representação das cinco variáveis báscias da Teoria Geral da Adminis-
tração apresentada por Chiavenato (1987, p. 13).
5. AS TRÊS HABILIDADES DO ADMINISTRADOR
Habilidade Técnica: É instrumental, ferramental. Consiste em ser 
capaz de utilizar métodos, equipamentos, conhecimentos e técnicas 
aprendidas na escola ou em experiências pessoais.
Habilidade Humana: É a capacidade de compreender as motiva-
ções, atitudes, valores, crenças e ideologia das pessoas, para exer-
Estudos de
Administração 
Geral
Panorama da
Administração
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cer liderança sobre elas, motivando-as para o trabalho organizacio-
nal, que é sempre coletivo.
Habilidade Conceitual: É a mais crucial das habilidades. Consiste 
na capacidade de diagnosticar situações, propor combinações mais 
adequadas de pessoas e tecnologia, pensar soluções eficazes e 
ajustar os objetivos organizacionais com os objetivos pessoais.
É importante, pois, analisar este quadro:
CONCEITUAISHUMANAS
TÉCNICAS
Habilidades necessáriasNíveis
administrativos
Alta
direção
Administração de 
nível intermediário
Administração de 
nível de supervisão
Figura 3. Habilidades Administrativas Necessárias em Vários Níveis da Organiza-
ção Comercial ou Industrial, adaptado de Chiavenato (1987, p. 13).
Atividades
Quais os argumentos que Henry Fayol apresentava para justificar a 
importância de se ensinar administração em todos os níveis de en-
sino?
Quais as características que diferenciam as capacidades técnicas 
das capacidades administrativas, segundo Fayol?
Por que a obra de Fayol Administração Industrial e Geral é considera-
da uma “escola de chefes”?
Pesquise no livro Administração Industrial e Geral, de Fayol.
Estudos de
Administração 
Geral
Panorama da
Administração
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração. 3 ed. São 
Paulo: McGraw-Fill, 1987.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 
S. Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.
FAYOL, Henry. Administração Geral e Industrial. S. Paulo: Atlas, 
1960. 
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio 
de Janeiro: Objetiva, 2001. Khandwalla, Prandip N. The Design of 
Administration. New York : Harcourt Brace Jonanovick, 1977.
LODI, João Bosco. História da Administração. S. Paulo: Pioneira, 
1973.
MINTZBERG,Henry. Criando Organizações Eficazes: Estruturas em 
Cinco Configurações. São Paulo: Atlas, 2003.
OUCHI, William. Teoria Z: como as empresas podem enfrentar o de-
safio japonês. S. Paulo: Nobel, 1987. 
RICHERS, Raimary. O que é Empresa. S. Paulo: Círculo do Livro, 
s.d.
SCHEIN, Edgar H. Psicologia Organizacional. Rio de Janeiro: Prenti-
ce-Hall do Brasil, 1982.
TAYLOR, Winslow F. Princípios de Administração Científica. S. Paulo: 
Atlas, 1960. 
THORSTEIN, Veblen. Teoria da Empresa Industrial. Rio de Janeiro: 
Globo, 1966.
WOODWARD, Joan. Industrial Organization: Theory and Practice. 
London: Oxford University Press, 1968.
SEGUNDO CAPÍTULO
Escola de Administração 
Científica
Americanismo:
Taylorismo-Fordismo
APRESENTAÇÃO
 Este capítulo trata dos fatos e acontecimentos relativos à Segunda 
Revolução Industrial, na América do Norte, quando o engenheiro Frederick 
Taylor e o empresário Henry Ford deram início à especialização no trabalho 
e à produção em massa, permitindo à humanidade multiplicar em algumas 
vezes a sua capacidade de produzir bens e serviços.
 Em vista disso, considera que a Administração se consolida como ci-
ência a partir desses acontecimentos.
Estudos de
Administração 
Geral
Escola de Adminis-
tração Científica
Americanismo:
Taylorismo-Fordismo
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O tema é, em geral, caracterizado como Escola de Administração 
Científica, considerada a primeira escola ou conjunto de conhecimen-
tos sistematizados sobre Administração. Ela, cujos principais protago-
nistas são Taylor e Ford, surgiu no contexto da Segunda Revolução 
Industrial, nos Estados Unidos da América do Norte. É por isso que 
este capítulo também pode ser chamado de “Americanismo: Tayloris-
mo-Fordismo”. 
Este capítulo aborda: Ideologiae formação dos EUA, Taylorismo e 
Fordismo.
Ideologia e Formação dos EUA
A seguir apresentam-se, em ordem cronológica, fatos e pessoas que 
devem ser lembrados:
1. A Nova Inglaterra teve ocupação tardia. A pobreza da região em 
matéria de minerais não despertou interesse. A Coroa Inglesa prefe-
ria ilhotas no Caribe onde fosse possível produzir açúcar, razão pela 
qual o território da América do Norte ficou à própria sorte. Poucos se 
interessaram em povoá-lo. Em 1585, Walter Raleigh, preposto da 
rainha Elisabete I, fundou a colônia de Virgínia, com uma companhia 
comercial aurífera. Como o ouro não foi encontrado, a colônia ficou 
relegada ao abandono. 
2. Em 1620, a bordo do navio Mayflower, puritanos calvinistas ingle-
ses, fugidos de perseguição religiosa, depois de uma temporada na 
Holanda, chegaram, em 11 de novembro, para fundar uma nova pá-
tria, onde pudessem trabalhar e adorar o seu Deus em paz e liberda-
de, em Cabo Cod, Plymouth, Massachusetts. Conta a História Ameri-
cana que indescritíveis dificuldades não desanimaram os peregrinos, 
Pilgrims: tinham vindo para fazer a América, para nunca mais voltar. 
Eram indesejados no Velho Mundo, vieram ser gente na América. 
Fundaram a Nova Inglaterra, Nova Terra Prometida, no emblemático 
sentido bíblico, que reuniu Treze Colônias da Costa Leste. 
3. O sociólogo alemão Max Weber diz que a força do capitalismo na 
América do Norte está baseada nas inúmeras seitas religiosas pro-
testantes que ali se estabeleceram e pulularam. Disciplina religiosa, 
fraternidade e purificação pelo trabalho, condenação aos prazeres da 
carne e ao luxo, ascetismo, poupança, moral sexual rígida e riqueza 
Estudos de
Administração 
Geral
Escola de Adminis-
tração Científica
Americanismo:
Taylorismo-Fordismo
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como um fim em si mesmo, de fato, estão presentes na cultura ame-
ricana até hoje. 
4. Ao Sul, Companhias de Exploração Agrícola, na Região da Geór-
gia, importaram negros para o trabalho escravo nas plantations de 
tabaco, amendoim, algodão e cana-de-açúcar. Uma mistura de cân-
ticos religiosos protestantes ensinados aos negros, os spirituals, com 
os ritmos africanos, denominados blues, derivaram no jazz e no rock, 
hoje marcas da cultura americana. 
5. A Independência das Treze Colônias da Nova Inglaterra, embrião 
dos EUA, veio em 1776, numa revolta contra a metrópole,que que-
ria repassar aos colonos os custos da Guerra dos Sete Anos (Ingla-
terra contra França). O pretexto foi a Lei do Selo, que fez afundar 
um carregamento de chá em Boston.
6. Na época, idéias iluministas (como as de Voltaire e outros) se dis-
seminavam, defendendo que a Ciência salvaria a Humanidade das 
suas dificuldades.
7. A Guerra de Independência foi liderada pelo proprietário rural 
George Washington. Em 04 de julho de 1776, Thomas Jefferson, 
terceiro presidente, em Filadélfia, apresentou a Declaração de Inde-
pendência, por ele redigida. Embora hoje o texto pareça palavreado 
comum, diz respeito ao surgimento das primeiras instituições de 
governos eleitos que permanecem. Até hoje os EUA se consideram 
guardiões da democracia (burguesa evidentemente) e da liberdade 
no mundo moderno, atribuindo-se o direito de intervir em outros paí-
ses. Diz o texto da Declaração:
Todos os homens nascem iguais; o Criador os dotou 
de certos direitos inalienáveis, entre os quais a vida, a 
liberdade e a procura da felicidade. (...) Para garantir 
esses direitos os homens instituem entre si governos, 
cujo justo poder emana do consentimento dos governa-
dos. (...) Se um governo, seja qual for a sua forma, não 
reconhecer esses fins o povo tem o direito de modificá-
lo ou de aboli-lo e de instituir um novo governo...
8. Os EUA, pelo Tratado de Versalhes de 1783, foram reconhecidos 
como Estado pela França, que mandou apoio aos colonos.
Estudos de
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tração Científica
Americanismo:
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9. Para o historiador francês Fernad Braudel, oportunidade, junto 
com o pensamento individualista e competitivo, forma a base do ide-
ário americano. (Cáceres, 1992, p.88)
10. No filme “E o Vento Levou”, considerado o mais visto de todos 
os tempos e baseado no romance de Margareth Mitchell, o territó-
rio vasto e a ausência de projetos, que ultrapassam o pragmatismo 
do imediato, é a marca da civilização americana. A personagem do 
filme, Scarlett O’Hara, faminta, maltrapilha e despenteada na terra 
desolada pela Guerra de Secessão, depois de assistir à morte, por 
exaustão, de seu cavalo, dá uma dentada num tubérculo que arran-
ca do chão. Em seguida soluça, tosse e jura que nunca mais passará 
fome, nem que para isso tenha que “mentir, roubar, matar”. O outro 
protagonista é Rhet Buttler, que se aproveita da guerra para ficar 
milionário. (Folha de São Paulo, 1995, p.33)
11. O sociólogo Max Weber, em A Ética protestante e o Espírito 
do Capitalismo, (1993,p.30) analisa o pragmatismo utilitarista num 
texto de Benjamim Franklin (1706-90), outro herói da Independência 
Americana:
Lembra-te que tempo é dinheiro (...) Crédito é dinheiro 
(....) o bom pagador é dono da bolsa alheia (....) é de 
natureza prolífica, procriativa (...) aquele que paga em 
dia seus compromissos, pode a qualquer momento, 
levantar tanto dinheiro quanto seus amigos possam dis-
por (...) O som do teu martelo às cinco da manhã, ou às 
oito da noite, ouvido por um credor o fará conceder-te 
seis meses a mais de crédito (...) ele procurará por seu 
dinheiro no dia seguinte, se te vir numa mesa de bilhar 
ou numa taverna.
12. Ferdinand Kurnberger, em Retrato da Cultura Americana, fala 
da confissão de fé do yankee centrada numa filosofia da avareza em 
que o aumento do capital é um fim em si mesmo. “Eles arrancam 
sebo do gado e dinheiro dos homens”. (Weber, 1993, p.30) 
13. Os EUA multiplicaram algumas vezes o território inicial da Nova 
Inglaterra por compras à Espanha, ao México, à França,à Rússia ou 
mesmo pelas armas. A Guerra de Secessão resultou numa unificação 
pelas armas.
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14. É comum ouvir que os pilgrims - peregrinos puritanos calvinistas 
que vieram fundar os EUA - deixaram importantíssimos legados à 
sociedade contemporânea, como a moderna Democracia e a Esco-
la Pública Gratuita, Universal e Obrigatória. De fato os peregrinos 
- que vieram de monarquias européias - na nova terra estabelece-
ram governos eleitos entre eles mesmos e obrigaram, sob pena de 
prisão, os pais a matricular os filhos em escolas públicas. O Colégio 
de Harvard, hoje Universidade de Harvard, por exemplo, foi a primei-
ra escola obrigatória. Por outro lado, as duas principais economias 
do planeta depois dos Estados Unidos - Japão e Alemanha Federal 
- completamente arruinadas pela Segunda Guerra Mundial, tiveram 
constituições redigidas sob inspiração americana.
15. O pensador marxista italiano Gramsci (1984, p. 381) diz que a 
prosperidade da América vem do fato de que começou como um país 
de trabalhadores, livre das amarras do tradicionalismo estanque e 
dos privilégios de castas existentes no Velho Mundo. Até os milioná-
rios foram trabalhadores. 
A não-existência dessas sedimentações parasitárias, 
deixadas pelos períodos históricos passados, permitiu 
uma base sadia para a indústria, e especialmente para 
o comércio, e permite cada vez mais a redução da fun-
ção econômica representada pelos transportes e pelo 
comércio a uma real atividade subalterna de produção, 
ou melhor, a tentativa de incorporar estas atividades à 
própria atividade produtiva.
O Contexto da Administração Científica e a Segunda Revolução 
Industrial
A Segunda Revolução Industrial é marcada pelo início do uso do aço 
(1856), do dínamo (1873), do motor de combustão interna deDaim-
ler-Benz (1873), do telefone (1876), e da substituição do vapor por 
eletricidade e petróleo.
A Segunda Revolução Industrial é contemporânea das grandes 
migrações da Europa para os EUA. Entre 1870 e 1915 chegaram à 
América do Norte mais de 45 milhões de trabalhadores desqualifi-
cados ou pouco profissionalizados. É também contemporânea da 
consolidação, nos EUA, da vitória do Norte - industrial e abolicionista 
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- sobre o Sul - agrário e escravagista. O fato produziu, entre outras 
conseqüências, a liberação da mão-de-obra escrava para o trabalho 
assalariado. Havia, portanto, uma grande massa de mão-de-obra 
disponível: oriunda da Europa e do fim da escravidão.
O desafio era conseguir absorver tantos trabalhadores na indústria. 
Taylor e Ford conseguiram habilitar tais trabalhadores desqualifica-
dos para a indústria, conforme será visto.
Durante a Segunda Revolução Industrial, colonialismo, significando 
repartição de mercados mundiais de matéria-prima e consumo, era 
considerado legítimo, moralmente aceitável. Tal fato colaborou para a 
proliferação de empresas de caráter mundial. 
Houve também explosão na produção agrícola graças à mecaniza-
ção. 
Exemplos:
Surgimento da primeira irrigação em grande escala no Ocidente, 
operada pelos mórmons nas terras áridas de Utah, liderados pelo 
reverendo Brigham Young; 
Aprovação da Lei Morril de concessão das terras devolutas da 
União Federal para que os Estados constituíssem universidades, 
preferencialmente para faculdades agrícolas e de pecuária.
Criação da Colhedeira McCormick, ampliando sobremaneira a 
produção. 
Por outro lado, ocorreu a construção de estradas-de-ferro e de roda-
gem em ritmo veloz, sem precedentes na História, permitindo residir 
longe das localidades onde os alimentos eram produzidos (surgimen-
to das cidades industriais).
Na época, defenderam-se postulados do liberalismo, laissez-faire, e 
do darwinismo social. Trata-se de ideologia que valoriza a iniciativa e 
o empreendimento privados, portanto do papel do empresário.
Liberalismo quer dizer liberdade dos particulares, para empreender 
e lucrar, com o mínimo possível de controle do Estado. Laissez-faire 
quer dizer, literalmente, deixa fazer, ou seja, deixar passar, deixar 
que os particulares contratem e lucrem. Já darwinismo social é uma 
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alusão de prestígio a quem é mais esperto, mais ousado, mais com-
petente para ganhar dinheiro.
Daí surgirem as grandes e legendárias fortunas americanas, como 
Rockfeller e a Standard Oil, consideradas símbolo máximo de rique-
za. No setor financeiro apareceram Morgan, Baker, Stillman, Schiff, 
Warburg, Guggenheim, Ryan.
A Segunda Revolução Industrial foi marcada pelo surgimento das 
grandes cidades industriais, caracterizadas por: 1º. possibilidade de 
residir longe do lugar onde os alimentos eram produzidos (graças às 
facilidades dos transportes incrementados pelo surgimento do petró-
leo e aço); 2º. aglomeração da mão-de-obra; 3º. produção em massa 
de automóveis, que conformaram o traçado das cidades; 4º. constru-
ção de prédios verticais como resposta à crescente valorização de 
terrenos (graças ao aço); 5º. surgimento de artefatos domésticos em 
profusão (a comercialização da primeira geladeira doméstica, por 
exemplo, ocorreu em 1913, em Chicago).
Atividades
Prezado aluno: Após a leitura da síntese apresentada, pesquise, co-
mente, explique:
Símbolos Marcantes da Civilização Norte-Americana: The Pilgrims, May-
flower, self-made-man, WASP, Filadelfia Freedom, Tio Patinhas, Rock, 
fast-food, puritanismo, cowboy, pie, Hollywood, racismo versus pluralismo, 
Route 66, forte presença do judaismo, Liberty Statue, Woodstock, 68 Lost 
Generation, Empire State Building, The Twin Towers, NASA, The Penta-
gon, The White House, Dollar-Bretton-Woods, Harvard University, MIT, 
BIRD, IMF, Disney World, B52, Enola-Gay, James Dean, Gone by the 
Wind, Microsoft, Palo Alto-Silicon Valley, as Cias. de Atlanta, GA, Coca-
Cola , CNN, Green-Card, Clinton, Bush.
Taylorismo
Frederick Winslow Taylor (1856-1915) é descendente de uma família 
tradicional, da qual alguns membros chegaram à América no legen-
dário Mayflower. Era puritano, portanto considerava que o sucesso 
profissional é uma demonstração da graça divina, sinal de eleição, 
que o homem se purifica pelo trabalho, que a caridade e o amor ao 
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próximo se dão pelo trabalho, que Deus deseja o progresso material 
dos homens, que a riqueza é uma forma de antecipar as delícias do 
paraíso eterno.
Considera-se que certas idéias se materializam quando é chegado o 
tempo. Assim, Taylor pode ser considerado o homem que converteu 
idéias em palavras e estas em ações, condensando o ideário de sua 
época em matéria de engenharia de produção. Nasceu Quaker (cuja 
dieta alimentar é baseada na aveia), em Germantown, Filadélfia, em 
20 de março de 1856, de família próspera. Mas começou por baixo, 
self-made-man (homem que se constrói com esforço pessoal), se-
guindo a tradição segundo a qual todo trabalho é digno.
Como aprendiz na Midvale Steel Works, foi maquinista, torneiro, con-
tramestre e depois chefe dos tornos. Formou-se em engenharia pelo 
Stevens Institute em 1885. Dobrou a produtividade da Midvale, estu-
dando sistematicamente tempos e movimentos. Registrou cinqüenta 
patentes de inventos: máquinas, ferramentas e processos de traba-
lho. Entretanto não se tornou advogado por um problema nos olhos.
As primeiras apresentações de trabalhos de Taylor foram feitas à 
American Society of Mechanical Engineers, em que ingressou em 
1895, e intitulavam-se A Note on Belting e A Piece State System, 
(respectivamente Funcionamento das Correias e Sistema de Pro-
dução por Peça).
Em 1896, Taylor entrou para a Bethlehem Steel Works. Reorganizou-
a completamente e alcançou grande êxito e notoriedade. Com ape-
nas 140 homens, logrou executar o trabalho que antes necessitava 
de 600.
Na referida empresa, certa feita, quando o esgoto, sob o galpão prin-
cipal da fábrica, ficou entupido, o próprio Taylor, já chefe, entrou para 
desentupi-lo. O presidente do Conselho de Administração surpreen-
deu-se com a história e contou-a aos demais conselheiros.
Em 1903, tendo recebido participação por seus inventos, deixou de 
trabalhar com remuneração: “Já não posso permitir-me trabalhar por 
dinheiro”. Em 1906, foi eleito presidente da American Association of 
Mechanical Engineers e, no mesmo ano, publicou The Art of Cutting 
Metals (A Arte de Cortar Metais). 
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Publicou, em 1911, a obra clássica Principles of Scientific Mana-
gement (Princípios de Administração Científica), tornando-se 
renomado no mundo da administração. O primeiro parágrafo diz o 
seguinte: “O presidente Roosevelt, dirigindo-se aos governadores na 
Casa Branca, observou profeticamente que a conservação de nossos 
recursos naturais é apenas uma fase preliminar do problema mais 
amplo da eficiência nacional”.
 Pode-se sintetizar o legado de Taylor em: Decomposição, simpli-
ficação e sistematização do trabalho. Utilização do saber fazer 
dos operários, colocando-o à disposição da gerência ou direção 
da empresa. Propósito de eliminar desperdícios, elevando níveis 
de produtividade pela aplicação de métodos e técnicas de en-
genharia industrial ou de produção. Portanto a palavra- chave é 
eficiência.
Certos autores, como Harry Braverman, em Trabalho e CapitalMo-
nopolista, todavia, consideram Taylor um neurótico:
Em sua constituição psíquica, Taylor era um exemplo 
exagerado de personalidade obsessivo-compulsiva: 
desde a mocidade ele contava seus passos, media o 
tempo de suas várias atividades e analisava seus movi-
mentos à procura de ‘eficiência’. Mesmo depois de ficar 
importante e famoso tinha algo de engraçado no aspec-
to, e quando aparecia na oficina despertava sorrisos. O 
retrato de sua personalidade, que surge de um estudo 
recente feito por Sudhir Kakar, justifica chamá-lo, no 
mínimo, de maníaco neurótico. Esses traços ajustam-
se a ele perfeitamente por seu papel como profeta da 
moderna gerência capitalista, visto que o que é neuróti-
co no indivíduo, no capitalismo é normal e socialmente 
desejável para o funcionamento da sociedade. (1980, 
p.87)
As principais idéias de Taylor:
1. Conceito de Homo Economicus: o homem trabalha por necessida-
de de ganhar dinheiro já que tem medo de passar fome, e, natural-
mente preguiçoso, precisa de punição e recompensa para se motivar.
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2. Trabalho e Capital em convergência com os seus interesses: 
enquanto um faz baixar os custos de produção, o outro faz sempre 
aumentar os salários. Afirma o autor: “O principal objetivo da adminis-
tração é assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mes-
mo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado”. Essa idéia 
favorece o sindicalismo conciliatório (pelego). 
3. Sistematização e aplicabilidade funcional da idéia de que, quanto 
mais dividido o trabalho, maior a sua eficiência: há que se estudar 
o trabalho dos operários, decompô-lo em seus movimentos simples 
e cronometrá-lo, para, após uma análise cuidadosa, eliminar os 
movimentos inúteis e aperfeiçoar os movimentos úteis. (Motion time 
Study - Estudo de Tempos e Movimentos1).
4. Crença na produção padrão: há sempre uma única maneira certa 
de encaminhar certa execução. 
5. Controle e supervisão cerradas sobre os operários: o homem é 
naturalmente preguiçoso e tem que ser controlado.
6. Defesa da supervisão funcional: obediência a três chefias simulta-
neamente, de manutenção, de produção e de qualidade. 
7. Teorização da Lei da Fadiga: existe uma relação inversa entre a 
carga levantada e o tempo em que é suportada. 
8. Defesa deste princípio: há o homem certo para o lugar certo (hoje 
é uma visão superada já que as pessoas não são vistas como algo 
estático, mas então sempre se modificando, aprendendo). Assim, 
procurava na empresa o operário padrão, de melhor desempenho 
entre todos, e estabelecia seu rendimento como o mínimo exigido de 
quem fosse contratado dali em diante. Ex. O homem-boi Schmidt.
Quanto à seleção científica dos homens, é fato que 
nessa turma de 75 carregadores apenas cerca de um 
homem em oito era fisicamente capaz de manejar 47,5 
toneladas por dia (...) não era em sentido algum supe-
rior aos demais que trabalhavam na turma. Aconteceu 
apenas que ele era do tipo do boi – espécime que não 
é tão raro na humanidade, nem tão difícil de encon-
trar que seja demasiado caro. Pelo contrário, era um 
homem tão imbecil que não se prestava à maioria dos 
1. TAYLOR, Frederick Winslow. TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de Administração Científica, 7ª ed. São Paulo: Atlas, 1982.
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tipos de trabalho. (TAYLOR, Frederick Winslow, 1982, 
p. 68).
9. Defesa do desenho de cargos e tarefas: fica delineada a rotina do 
trabalho, ou seja, Análise e Descrição de Cargos, portanto seleção 
científica dos homens. Análise-perfil exigido do candidato; Descrição- 
enumeração minuciosa das tarefas.
10. Padronização de ferramentas e instrumentos com vistas a torná-
los mais eficientes.
11. Incentivos salariais e prêmios por produção: além de alcançar o 
tempo-padrão mínimo estabelecido pela gerência, o operário deve 
suplantá-lo, pelo que recebe como adicionais. 
 O que é chamado de Taylorismo teve alcance mundial, até na União 
Soviética, onde Lenin declarou tratar-se da libertação do homem do 
reino da necessidade para o reino da liberdade. Na Alemanha nazis-
ta, o Taylorismo entrou sob a campanha Schoenheit der Albeit, embe-
lezamento do trabalho, limpeza do descontentamento. Na Itália, pelo 
dopolavoro, ou trabalho depois, com atividades recreativas organiza-
das pela empresa. Mussolini: “A Itália é uma nação operária. Somos 
todos soldados do trabalho.”
Caro aluno, você pode refletir em que medida a taylorização, iniciada 
no mundo do trabalho, passou para a escola (disciplinas), a socieda-
de, e até mesmo para o tempo livre, tempo do não-trabalho.
Um importante seguidor de Taylor, que aperfeiçoou suas teses, foi 
Frank Gilbreth. Inventou os Therbligs, adaptando o nome de trás para 
frente, que consistia nos dezessete movimentos elementares encon-
tráveis em qualquer tarefa:
1. Procurar; 2. Escolher; 3. Pegar; 4. Transportar vazio; 5. Transpor-
tar cheio; 6. Posicionar; 7. Pré-posicionar; 8. Unir ou amontoar; 9. 
Separar; 10. Utiliza; 11. Soltar a carga;
12. Inspecionar; 13. Segurar; 14. Esperar inevitavelmente; 15. Espe-
rar quando inevitável; 16. Repousar; 17. Planejar.
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Críticas ao Taylorismo
O homem é apêndice da máquina: a super-especialização robotiza o 
operário.
O trabalhador perde o controle sobre o ritmo e processos do trabalho. 
O saber fazer é confiscado, expropriado, exclusivamente em favor do 
capital. (Coriat, 1�76, p.�4)
É dada ênfase às tarefas, ao nível operacional, à oficina, ignorando-se o 
sistema organizacional como um todo.
Aborda-se o sistema fechado, desprezando as influências do meio am-
biente sobre as organizações. 
Verifica-se abordagem prescritiva e normativa ao invés de explicação 
do funcionamento da organização. Apresentam-se receitas prontas para 
outras situações e circunstâncias de trabalho.
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Fordismo
Henry Ford (1863-1947) começou a vida como mecânico e se tornou 
engenheiro chefe de fábrica. Idealizou e projetou um modelo de 
carro autopropelido, em linha de montagem. Fundou a Ford Motor 
Company, em Detroit, com financiamentos. Foi pioneiro em baratear 
o custo de fabricação do automóvel, com o Modelo T.
Em 1926, tinha 88 unidades de produção, empregava 150 mil 
pessoas, tendo fabricado, no mesmo ano, cerca de 2 milhões de 
automóveis.
É considerado pai do marketing, por ter em vista que, para haver 
produção de massa, tem que haver consumo de massa. Ergueu uma 
das maiores fortunas da América, na tradição self-made-man.
Ford fez algumas revoluções na sua época: 1ª - Fabricou um modelo 
popular de automóvel, inaugurando o consumo de massa para 
o segmento. 2ª - Criou estratégias de marketing, financiamentos 
diretos ao consumidor final e redes de assistência técnica. 3ª- 
Passou a remunerar os empregados com USD 5,00 por dia de oito 
horas, enquanto o mercado pagava USD 2,00. 4ª - Dividiu com os 
empregados, em 1914, parte do controle acionário da empresa. 5ª 
- Adotou a verticalização (grupo de empresas subordinadas entre si).
Dizia que a condição-chave para se produzir em massa é ter um 
mercado consumidor de massa. Altos salários ajudam no consumo. A 
sociedade de vida frugal, baseada na poupança, graças a estratégias 
mercadológicas cada vez mais refinadas, faz do consumo seu 
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principal hobbie.
Ford adotou três princípios gerais:
1. Intensificação - diminuição do tempo de produção, colocando o 
produto no mercado imediatamente.
2. Economicidade- redução ao mínimo do estoque de matéria-
prima. Por exemplo: Conseguiu fazer com que os automóveis e 
os tratores fossem vendidos antes de vencer o prazo para pagar a 
matéria-prima e os salários. (“O minério sai da mina no sábado e 
é entregue sob a forma de um carro ao consumidor na terça-feira 
à tarde”).
3. Produtividade - especialização do trabalhador ao máximo, 
levando-o a ganhar mais e, por outro lado, fazendo o empresário 
aumentar a produção.
Ford pagava altos salários, mas controlava a vida dos operários tanto 
dentro quanto fora da fábrica. Exigia de cada um deles: ser limpo, 
não beber, não fumar, ser reservado, não jogar, não freqüentar bares, 
não ser promíscuo, etc. Em 1917 contava com 144 Conselheiros da 
Moral encarregados de coletar, em fichas, dados sobre a moralidade, 
disciplina sexual, respeitabilidade, monogamia, opiniões e hábitos 
dos operários.
O alto salário fazia com que os operários aceitassem tais ingerências 
na sua vida extra-fábrica. Isso porque o tempo livre do trabalhador 
virava tempo do não-trabalho, já que era empregado com dupla 
finalidade: consumir (gerando mais encomendas) e revigorar as 
forças neuromusculares. 
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Comentários Gerais
É inegável que, com Taylor e Ford, o mundo, começando pela 
América do Norte, passou a experimentar uma multiplicação na 
capacidade de produzir bens e serviços. De uma certa maneira, 
essas atitudes de colocar o trabalho como centro da vida, de 
exercer disciplina férrea sobre si mesmo, de retornar a poupança em 
investimento (ações), de não dissipar, de viver frugalmente, de ver o 
patrimônio como um fim em si mesmo (ex: Tio Patinhas) são próprias 
do ideário protestante, puritano e calvinista, cerne a partir do qual 
ocorreu a consolidação dos EUA. Trata-se de uma ideologia que 
perpassa globalmente a sociedade e é reforçada até pelo Estado. 
A moral puritana de sempre condenar o prazer visceral está por 
todos os lados e atravessa implacável a cultura norte-americana. 
Um exemplo é o episódio, surpreendente por ter virado escândalo 
mundial, no qual Presidente Bill Clinton quase perdeu o mandato por 
manter relações íntimas com a estagiária Lewinski.
GRAMSCI (1984, p. 389), ao analisar o Fordismo-Americanismo, diz: 
O famoso alto salário é um elemento que serve para 
selecionar uma mão-de-obra adaptada ao sistema 
de produção e mantê-la estável. Tem dupla função: é 
necessário que o trabalhador despenda ‘racionalmente’ 
seu salário mais elevado a fim de manter, de renovar, 
e, se possível, de aumentar sua eficiência muscular e 
nervosa e não destruir ou diminuir.
Outra crítica vem de Stephen Marglin (1974, p. 46), para quem o 
Taylorismo-Fordismo são complementares entre si, conforme foi 
visto: “Despoja o operário de qualquer controle e dá ao capitalista 
o poder de prescrever a natureza do trabalho e a quantidade a 
produzir. A partir daí, o operário já não é livre para decidir como e 
quanto quer trabalhar para produzir o que lhe é necessário.”
O Taylorismo-Fordismo enfrentou grandes resistências sindicais, 
especialmente dos chamados oficiais (metier), congregados tanto 
na American Federation of Labor, sindicato de cúpula, quanto na 
International Workers of the World, sindicato de base.
Nos meios de comunicação, Charles Chaplin notabilizou-se por 
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criticar o mundo do trabalho taylorista-fordista, ironizando o homem 
apêndice da máquina, apertador de parafuso.
Drucker ( 1993, p. 19), fundador da Escola conhecida como 
Administração por Objetivos, considerando que Taylor é injustiçado. 
afirma: “Darwin, Marx, Freud formam a trindade freqüentemente 
citada como os criadores do mundo moderno. Se houvesse alguma 
justiça no mundo, Marx deveria ser retirado e substituído por Taylor.”
Prezado estudante,
feita uma leitura atenta deste capítulo, pesquise e apresente 
respostas para estas perguntas:
Atividades
Por quais razões se pode até dizer que a obra “Administração In-
dustrial e Geral”, de Fayol, é a certidão de nascimento da profissão 
de administrador, enquanto “Princípios de Administração Científi-
ca”, de Taylor, é a certidão de nascimento da profissão de engenhei-
ro de produção?
Quais, na sua opinião, podem ser considerados aportes positivos 
do Taylorismo-Fordismo para a humanidade?
Como se explica o círculo vicioso de produzir e consumir, de es-
cravizar-se ao trabalho para conseguir consumir?
Por que o Tio Patinhas pode ser considerado um símbolo da cul-
tura americana?
Por que a moderna democracia é considerada legado dos EUA?
Por que os EUA se consideram aptos, moralmente, para intervir 
em outros países e estabelecer “democracia”?
Em que medida e como as seitas protestantes deram vigor ao 
capitalismo americano?
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Janeiro: Forense, 1968.
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do trabalho no Século XX. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980.
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1992.
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Estudos de
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1993.
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TRAGTENBERG, Maurício – Ideologia e Burocracia. S. Paulo: Ática, 
1974. 
WEBER, Max - A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. S. 
Paulo: Abril Cultural, 1980. 
TERCEIRO CAPÍTULO
A Escola de Relações
Humanas e da Dinâmica
dos Grupos
APRESENTAÇÃO
 Este capítulo apresenta o movimento que se contrapôs ao Tayloris-
mo-Fordismo, ou seja, a Escola de Relações Humanas e da Dinâmica dos 
Grupos, que dava mais ênfase às pessoas que às tarefas executadas, che-
gando a afirmar que o importante em uma organização, antes de tudo, é a 
satisfação daquele que nela trabalha.
Estudos de
Administração 
Geral
A Escola de Rela-
ções Humanas e 
da Dinâmica dos 
Grupos
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A Escola de Relações Humanas e da Dinâmica dos Grupos (ERH), 
comumente designada como Humanismo Industrial e Administração 
Democrática, agrupa teorias administrativas focalizadas nas pessoas 
e não nas tarefas. É considerada uma reação à visão militarista e 
autoritária do Taylorismo-Fordismo, ao qual fez críticas, por este 
considerar o trabalhador apenas como uma ferramenta de produção. 
Surgiu nos EUA em 1930 e ganhou vigor graças ao desenvolvimento 
das Ciências Sociais, especialmente a Psicologia do Trabalho e a 
Psicossociologia. Trata-se de um enfoque que sai do princípio da 
adaptação do trabalhador ao trabalho para a adaptação do trabalhoao trabalhador.
Neste capítulo, a Escola é tratada de forma abreviada, uma vez 
que suas principais reflexões voltam em outros fascículos, com 
profundidade.
O psicólogo e industrial australiano George Elton Mayo (1880-
1949), professor da Harvard University, é considerado o fundador 
do Movimento de Relações Humanas ou da Sociologia Industrial. 
Entre 1927 e 1932, coordenou as famosas experiências da fábrica 
de componentes telefônicos da Western Electric Company, no bairro 
de Hawthorne de Cícero, em Chicago, destinadas a determinar 
a relação entre a intensidade da iluminação e a eficiência dos 
operários.
 O interesse inicial da pesquisa era investigar a fadiga dos 
trabalhadores, o turn-over (elevado índice de admissões e 
demissões), os acidentes e o efeito das condições físicas sobre a 
produtividade.
Antes dessas experiências de Hawthorne, patrocinadas pela própria 
Academia Americana de Ciências, Mayo já havia investigado a 
alta rotatividade de pessoal no setor de fiação de uma empresa 
têxtil em Filadélfia. Essa investigação concluiu que os problemas 
dos trabalhadores estavam na mente e no corpo, sendo que o 
aborrecimento levava a pensamentos depressivos e a monotonia 
levava à deficiência da circulação e à fadiga (Mayo, 1968).
As conclusões das experiências de Hawthorne e as idéias de Elton 
Mayo são:
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1. Dois grupos de operários que faziam o mesmo trabalho em 
condições idênticas foram submetidos ao teste. A finalidade 
era determinar o efeito da iluminação sobre o rendimento. O 
grupo de observação teve luz variável ao longo das jornadas e 
o grupo de controle trabalhou sob intensidade de luz constante. 
Observou-se que não havia relação direta entre luz e eficiência, 
mas que o rendimento estava atrelado a fatores psicológicos, nas 
suposições dos operários. Alguns achavam que tinham obrigação 
de produzir mais quando a luz aumentava. Comprovou-se que 
havia preponderância de fatores psicológicos sobre fatores 
fisiológicos. 
2. Dois grupos de operárias foram comparados no processo de 
montagem de relés telefônicos. O grupo que, ao longo de 
meses, teve modificadas certas condições de trabalho (ambiente 
amistoso e sem pressão, com permissão de conversas entre as 
moças, supervisão camarada) melhorou a performance, tornou-
se uma equipe, adotou objetivos comuns e desenvolveu liderança 
e altruísmo
3. A chave para o estudo do rendimento deveriam ser as relações 
humanas. As moças viam como humilhante e constrangedora 
a supervisão autoritária. A oportunidade de agir livremente 
favorecia o rendimento. Como o indivíduo é influenciado pelo 
comportamento e atitudes dos colegas de trabalho, quanto mais 
integrado ao grupo de trabalho estiver, maior será a disposição de 
produzir. 
4. Constatou-se que o indivíduo não reage ou age isoladamente, 
mas como membro de grupos. Desenvolveu-se a partir disso, 
com muito vigor, na ERH, o estudo dos grupos informais, que 
se constituem de relacionamentos espontâneos, não sendo 
necessariamente coincidentes com a estrutura da organização. 
O conceito de organização informal é central na teoria da ERH. 
Os grupos informais produzem crenças, atitudes ou expectativas, 
desconsiderando a hierarquia da organização. O trabalho é uma 
atividade grupal. 
5. O ser humano motiva -se estando em grupo, sendo reconhecido, 
convivendo.
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6. A administração deve ser constituída por chefes democráticos, 
persuasivos e simpáticos, capazes de entender a lógica dos 
trabalhadores. 
7. A fábrica deve ser um novo lar, um local de compreensão 
e de segurança emocional. (Mayo não crê que é possível 
regulamentar a cooperação, mas que ela deve se dar 
espontaneamente.)
8. Romântico, Mayo acredita ser possível evitar o conflito entre 
os interesses organizacionais e os interesses pessoais dos 
empregados. Para tanto, recomenda uma administração 
humanizada e cooperativa. 
Para Mayo, o empregado motiva-se pela necessidade de estar junto, 
de ser reconhecido, pelo recebimento de uma boa comunicação. 
Assim, é considerado uma antítese de Taylor, que acredita nas 
punições e recompensas, uma espécie de lei do chicote. Enquanto 
Taylor começou como operário na empresa, Mayo era um sociólogo.
As idéias de Mayo foram continuadas por Kurt Lewin, que realizou 
experiência sobre mudança de comportamento em grupo, dando 
origem ao que se conhece hoje como Dinâmica de Grupo. Pode-se 
dizer que a vida do operário, no mundo inteiro, melhorou depois das 
críticas e reflexões da ERH, que acabou originando os conhecidos 
Círculos de Controle de Qualidade (CCQ).
Sobre a Dinâmica de Grupo
Desde Platão, há notícias das preocupações dos homens sobre as 
melhores maneiras de organizar a vida coletiva. As assembléias das 
polis gregas almejavam fixar normas de bem viver em comunidade. 
Voltando ainda mais longe no tempo, quando havia apenas 
uma profissão entre os homens, a de coletor-caçador, não havia 
necessidade de articular relacionamentos no interior dos bandos, 
com vistas a atingir objetivos comuns: capturar uma presa de grande 
porte, ficar de sentinela à entrada da caverna protegendo a prole, 
fazer a coleta, transportá-la, armazená-la.
Somente no século XX é que se buscou dar tratamento científico 
sistemático ao estudo da dinâmica dos grupos humanos.
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Grupos
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Kurt Lewin (1890-1947), considerado o fundador da Psicologia 
Social, é que popularizou a expressão dinâmica de grupo. Lewin 
estava convencido da necessidade de haver um método científico 
para entender a dinâmica do comportamento grupal e, para tanto, 
fundou o pioneiro Centro de Pesquisas de Dinâmica de Grupo da 
Universidade de Michigan. Depois, a partir de 1944, dirigiu o Centro 
de Pesquisas para Dinâmica de Grupo do MIT – Massachusetts 
Institute of Technology.
Lewin criou a chamada Teoria de Campo:
O comportamento é o produto de um campo de 
determinantes interdependentes (conhecidos 
como “espaço de vida” ou “espaço social”). 
As características estruturais desse campo 
são representadas por conceitos extraídos 
da topologia e da teoria de conjuntos, e as 
características dinâmicas são representadas 
através de conceitos de forças psicológicas e 
sociais. (Cartwright & Zander, 1975)
Lewin criou também o conceito de equilíbrio quase estacionário, 
por meio do qual explica os processos de auto-regulação e de 
manutenção do equilíbrio interno dos grupos. Segundo o autor, 
da mesma forma que um corpo pode, fisiologicamente, manter-se 
constante, por processos reguladores, um grupo pode compensar a 
ausência de um membro pela contribuição aumentada dos demais. 
Isso porque os processos grupais, que são atos sociais, são 
dinâmicos, vivos, resultantes de uma constelação de forças casuais.
Para Lewin, existe a possibilidade de construir um conjunto coerente 
de conhecimentos empíricos a respeito da natureza da vida de 
qualquer grupo específico. Dessa maneira, é possível estudar 
grupos distintos, como família, equipes de trabalho, alunos da 
sala, comissões, unidades militares e comunidades. E é possível 
incluir no estudo problemas específicos, como modelo de liderança, 
status, comunicação, normas sociais, atmosfera coletiva e relações 
intergrupais.
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Características do Grupo
O que caracteriza um grupo é o fato de possuir um objetivo comum. 
A convergência de pessoas no tempo e espaço, assim como traços 
comuns, não são suficientes para constituir um grupo. Isso porque, 
além do objetivo comum,deve haver coesão interna, estrutura e 
organização dinâmica.
Embora seja possível construir um grande número de tipos de 
grupos, por diferentes combinações de características, muitas 
vezes só se constroem dicotomias: formal – informal; primário – 
secundário; pequeno – grande; comunidade – sociedade; autônomo 
– dependente; temporário – permanente; consensual – simbiótico. 
A maioria dos estudos de dinâmica de grupo, todavia, orienta-se 
no sentido de analisar os grupos a partir de objetivos comuns ou 
ambientes. Daí haver grupos de trabalho, de terapia, grupos sociais, 
comitês, clubes, gangues, times, grupos religiosos e outros. 
 
Os professores de Psicologia Dorwin Cartwright e Alvin Zander, da 
Universidade de Michigan, em 1960, publicaram Group Dynamics: 
research and theor, obra na qual sistematizaram os estudos sobre 
Dinâmica de Grupo, reunindo os principais até então desenvolvidos. 
Essa obra foi publicado no Brasil pela Editora da Universidade de 
São Paulo, com dois volumes, em 1975, e vem sendo usada como 
referência.
Para esses autores, as teorias de Dinâmica de Grupo têm uma 
proposição geral:
o comportamento, as atitudes, as crenças e os 
valores do indivíduo baseiam-se firmemente 
nos grupos aos quais pertence. O grau de 
agressividade ou cooperação de uma pessoa, 
seu grau de autoconfiança, sua energia e 
produtividade no trabalho, suas aspirações, sua 
opinião sobre o que é verdadeiro e bom, seus 
amores ou ódios e suas crenças e preconceitos, 
todas essas características são determinadas 
em alto grau pelo grupo a que pertence. Essas 
características são próprias de grupos e de 
relações entre pessoas. (Cartwright & Zander, 
1975).
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Pressupostos Básicos
Segundo Cartwright e Zander, a dinâmica de grupo pode ser 
resumida em quatro pressupostos básicos:
1. Os grupos são inevitáveis e onipresentes: Se um hipotético 
marciano pudesse observar os homens na Terra, provavelmente 
se surpreenderia com o tempo que estes despendem em fazer 
coisas, reunidos em grupos. Há grupos pequenos, como os que 
vivem na mesma casa, da mesma fonte de sustento: satisfazem 
suas necessidades fisiológicas fundamentais no interior do 
grupo, criam filhos juntos, e cuidam da saúde uns dos outros. 
Observaria que a educação e a socialização ocorrem em outros 
grupos, geralmente maiores, igrejas, escolas, por exemplo. 
Verificaria que grande parte do trabalho é executado em relações 
de interdependência no interior de associações relativamente 
duradouras. Observaria pessoas que se divertem em grupos. 
Poderia o marciano se entristecer ao ver grupos que se articulam 
para a guerra. Mas veria grupos que fomentam coragem, orgulho, 
unidade de sentimentos. Ficaria intrigado com os motivos que 
fazem tanta gente gastar tanto tempo reunida, planejando, 
conversando. Com certeza o marciano concluiria que, para 
compreender bem o que se passa na Terra, deveria examinar 
com muita atenção as maneiras pelas quais os grupos se formam, 
funcionam e desaparecem. 
2. Os grupos mobilizam poderosas forças que têm influência 
decisiva nos indivíduos: Até a noção de identidade da pessoa é 
formada pelos grupos significativos para ela – a família, a escola, 
a igreja, a ocupação. A posição no grupo pode influir na maneira 
pela qual as pessoas se comportam , assim como favorece certas 
qualidades pessoais, como nível de aspiração e auto-estima. A 
participação no grupo pode ser um bem apreciado ou uma carga 
opressiva. A exclusão ou a participação forçada já produziram 
tragédias de grandes proporções.
3. Os grupos podem ter conseqüências positivas ou negativas: 
A opinião de que os grupos são exclusivamente bons ou 
exclusivamente maus baseia-se em convencimento. Seu defeito 
é a parcialidade. Uma focalização exclusiva nos defeitos ou nas 
qualidades gera quadros analíticos da realidade deformados.
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4. Uma compreensão correta da dinâmica de grupo permite 
intensificar deliberadamente as conseqüências desejáveis: 
Conhecer bem a dinâmica do funcionamento dos grupos permite 
modificar comportamentos humanos e institucionais indesejáveis. 
Essa melhor compreensão permite planejar objetivos mais 
autênticos e legítimos, intensificar valores significativamente 
desejáveis e enriquecer os recursos pessoais dos participantes. 
Processos de mudança baseados no grupo podem ser feitos em 
pelo menos três perspectivas distintas:
O grupo como instrumento de mudança: O grupo exerce 
influência modificadora sobre o indivíduo. 
O grupo como meta de mudança: Há necessidade de 
mudar o próprio grupo, seja por novos estilos de liderança, 
seja pela recriação de ambientes emocionais e afetivos, 
seja pela incorporação de novos padrões e valores, seja pela 
conscientização
O grupo como agente de mudança: O grupo procura exercer 
influências no meio, articulando-se organicamente para isso. 
Fontes de Atração do Grupo
1. O grupo é objeto da necessidade. O motivo mais comum para 
participar é gostar das pessoas que o compõem ou entender que 
tem finalidades que interessam, como, por exemplo, acreditar numa 
causa preservacionista. 
2. O grupo é um meio para satisfazer necessidades exteriores. 
Exemplos:
Nas universidades americanas existem as irmandades 
sorority, que congregam as moças mais ricas, e as 
fraternity, equivalente masculina. Através delas se pode 
obter prestígio na comunidade universitária. 
Alguém pode querer participar do grupo do sindicato 
apenas com a finalidade de assegurar-se estabilidade 
no emprego ou maiores salários. O grupo, nesses 
dois exemplos, representa um auxílio, uma espécie de 
trampolim para lograr um propósito pessoal. 
1.
2.
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3. Combinação das duas fontes de atração. Ao invés de excludentes, 
as fontes de atração podem ser inclusivas. Alguém pode optar 
por uma determinada república estudantil da UFOP, tanto porque 
considera valiosos os seus moradores, quanto porque precisa de 
uma habitação durante o tempo de permanência no curso. 
Os processos de psicodrama (um tipo de dinâmica de grupo 
envolvendo simulação) realizados com o propósito de selecionar 
empregados nas empresas, aperfeiçoaram-se em investigar as 
fontes de atração da pessoa para aquela determinada organização, 
assim como compromisso com o grupo, valores, flexibilidade, 
altruísmo, egocentrismo.
Atividade
Caso você fosse um diregente organizacional, aplicaria na sua em-
presa as idéias da Escola de Relações Humanas e da Dinâmica dos 
Grupos?
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Críticas à Escola de Relações Humanas
1. Crítica dos empresários: “Tudo isto é muito interessante, mas o que o 
psicólogo e teóricos em geral parecem esquecer é que tenho que obter lucro e 
produzir bens. O bem-estar é muito justo no devido lugar, mas é, no final das 
contas, um problema secundário na indústria e não a sua função principal”. 
(Motta;1987:26)
Outra crítica dos empresários é que o ponto de vista da ERH valoriza o 
trabalhador em detrimento do consumidor
2. Do professor Maurício Tragtenberg, da Fundação Getúlio Vargas:
A Escola de Relações Humanas representa a evitação e a negação 
– no sentido psicoanalítico – em nível institucional do conflito de 
classes, procurando alcançar a maior produtividade da empresa por 
intermédio de entrevistas de diagnóstico do candidato a trabalhador 
com os inevitáveis testes de personalidade, criando uma rede de 
serviços sociais na empresa, o sempre presente jornalzinho interno, aassistência personalizada de casos, mantendo cursos e cursilhos que 
impõem sub-repticiamente maneiras de pensar, sentir e agir através 
das quais é transmitida a ideologia dos donos da vida. (1985, p. 85)
3. Ingênuo e romântico, suas técnicas [de Mayo] de fato são usadas para 
“embalar” os trabalhadores, fazendo-os acreditar que são importantes e que 
participam das decisões. Kleber Nascimento diz que a ERH concentrou-se 
naquilo que chama de pseudo-solução dos conflitos do mundo do trabalho. 
Ela procurou tornar mais agradáveis e compensadoras para o trabalhador 
as atividades extrafuncionais (intervalos, refeições no restaurante da fábrica, 
associações de lazer, torneios esportivos, boletins de empregados, salões de 
jogos, colônias de férias, excursões, etc.). Fez do trabalho um sacrifício que valia 
a pena, compensado pela felicidade a ser gozada fora dele. (Chiavenato; 1983, 
p. 148) 
4. Em termos caricaturais, o humorista Charles Chaplin notabilizou-se em 
combater o Taylorismo a partir de uma perspectiva da ERH.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALCÃO, Yolanda Ferreira & CORDEIRO, Laerte Leite (orgs.) – O 
comportamento Humano na Empresa: uma Antologia. Rio de Janeiro: 
FGV, 1967) 
CARTWRIGHT, Dorwin & ZANDER, Alvin - Dinâmica de Grupo, 
Pesquisa e Teoria. S. Paulo: EPU/EDUSP, 1975.
CHIAVENATO, Idalberto – Introdução à Teoria Geral da 
Administração. S. Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1993.S. Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1993.
MAYO, G. Elton - The Human Problems of an Industrial Civilization. 
New York: Viking Compass Edition, 1968. 
MOTTA, Fernando Claudio Prestes – Teoria Geral da Administração. 
São Paulo: Pioneira, 1987.
NASCIMENTO, Kleber T. – A Revolução Conceptual da 
Administração: implicações para a formulação dos papéis e funções 
essenciais de um executivo. In: Revista de Administração Pública, 
vol.6, abril/junho de 1972. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas. 
ROETHLISBERGER, Fritz & DICKSON, William – A Organização e o 
Trabalhador. S. Paulo: Atlas, 1971. 
SILVINO, José Fritzen – Exercícios Práticos de Dinâmica de Grupo. 
Petrópolis-RJ: Vozes, 1993. 2 vols. 
TRAGTENBERG, Maurício – Burocracia e Ideologia. S. Paulo: Ática, 
1985.
QUARTO CAPÍTULO
Teoria Geral dos Sistemas
APRESENTAÇÃO
 Este capítulo trata da Teoria Geral dos Sistemas, que vê as organiza-Este capítulo trata da Teoria Geral dos Sistemas, que vê as organiza-
ções com base em uma ótica semelhante àquela com que se vêem os or-
ganismos biológicos, chamados de sistemas abertos. As organizações são 
sistemas abertos que se modificam em função das pressões do meio. Nelas 
as pessoas desempenham papéis, tendo cada qual uma função específi-
ca.
 O assunto é tão vasto que este texto se tornou muito esquemático. 
Para fugir desse esquematismo, o aluno deve ler também a obra Psicologia 
Social das Organizações, de Katz e Kahn.
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A Teoria Geral dos Sistemas foi originalmente desenvolvida pelo 
biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy, professor da Universidade de 
Alberta (Canadá) e do Centro de Biologia Teórica da Universidade 
Estadual de Nova Iorque, em Buffalo. Ele percebeu e estudou a 
inter-relação entre as ciências, idéia consolidada na obra Teoria 
Geral dos Sistemas, publicada em 1956, cujos princípios básicos 
são os seguintes:
Os sistemas adaptam-se ao meio, princípio válido tanto 
para seres vivos quanto para organizações sociais. 
As coisas vivas são sistemas abertos com entradas 
e saídas em relação ao meio ambiente. Recebem e 
descarregam algo de um sistema e o direcionam para 
outros sistemas.
Os sistemas existem em outros sistemas, subsistemas e 
supersistemas.(Exemplos: molécula, célula, tecido, órgão, 
organismo, colônia, cultura, organização social, sociedade, 
estado, planeta, Via Láctea, universo, etc)
Sistema é, segundo Bertalanffy,“conjunto de unidades 
reciprocamente relacionadas”.
Mas foram os professores Daniel Katz e Robert Kahn, da Michigan 
State University, em 1966, que tornaram tais idéias aplicáveis 
ao mundo administrativo, publicando Psicologia Social das 
Organizações. Nessa obra, no Capítulo 1, os autores fazem uma 
retrospectiva das teorias organizacionais existentes e propõem a 
abordagem de sistema aberto. No Capítulo 2, dizem que comumente 
as organizações são vistas e analisadas com base nas idéias dos 
fundadores, nas declarações dos dirigentes atuais, no conteúdo dos 
documentos de fundação (estatuto ou contrato), no nome que levam, 
etc. E concluem que essas maneiras de ver podem levar a muitos 
enganos.
Exemplos:
As idéias de Henry Gorceix, na fundação da Escola de Minas, 
não correspondem ao que atualmente ela faz ou é “chamada” a 
fazer pelos novos tempos, pois era uma Escola técnica voltada 
exclusivamente para a extração de minérios.
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1.
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Sistemas
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O PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), pelo menos nas décadas 
de 80 e 90, observando-se as votações no Congresso Nacional, 
não fez jus ao adjetivo trabalhista, que leva no nome.
Há sindicatos que são clubes assistenciais, apesar do nome que 
levam. 
Há universidades cujos estatutos dizem que promovem a ciência 
e o desenvolvimento da sociedade, mas que existem para ganhar 
dinheiro com mensalidades, aspecto que é omitido no documento 
de fundação.
Há hospitais que se dizem filantrópicos, mas atendem 
fundamentalmente pessoas ricas da sociedade.
Se forem ouvidos dirigentes de uma organização, pode ocorrer 
que cada um apresente sua opinião sobre o papel que ela tem na 
sociedade, sendo difícil condensar uma idéia consistente.
Katz e Kahn (1975, p. 30) dão o exemplo de uma universidade 
americana:
o diretor pode descrever a finalidade de sua 
instituição como a de produzir líderes nacionais, 
o reitor acadêmico pode ver a missão como a 
de transmitir a herança cultural do passado, o 
vice-presidente acadêmico poderá julgar que a 
missão é capacitar os estudantes a progredirem 
em direção à auto-realização e desenvolvimento, 
o decano dos diplomados poderá pensar em 
treinamento dos jovens nas aptidões técnicas e 
profissionais para que estes possam ganhar a 
vida, e o editor do jornal estudantil poderá julgar 
que a missão da universidade é inculcar valores 
conservadores, que preservarão o status quo de 
uma sociedade capitalista anacrônica.
Os referidos autores desenvolvem uma nova abordagem, propondo, 
pioneiramente, uma maneira de ver as organizações (qualquer 
sistema aberto) de forma dinâmica, como processos, da seguinte 
forma:
2.
3.
4.
5.
6.
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Sistemas
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INPUT
(Entrada) 
THROUGH-PUT
(Processamento)
OUTPUT
(Saída)
Recursos Materiais e Físicos
Recursos Financeiros
Recursos Humanos
Recursos Mercadológicos
Recursos Administrativos
Trabalho
Resultados, Produtos
Desempenho, Inovação
Satisfação do cliente
Quadro 3. A Organização visualizada com um sistema de entradas e saídas.
Eles também fizeram o inventário de nove características comuns 
aos sistemas abertos:
1ª. Importação de energia do meio ambiente (INPUT): know-how, 
insumos, matéria-prima, energia, mão-de-obra, tecnologia etc.
Exemplos:
A célula recebe oxigênio da corrente sangüínea.
O corpo absorve oxigênio do ar e ingere alimento do mundo 
exterior.
A personalidade é dependente do mundo exterior para obtenção 
de estímulos.
As organizações precisam de suprimentos renovados de energia 
de outras instituições ou de pessoas ou do meio ambiente 
material.
Um partido político e uma religião precisam do aporte de idéias e 
fatos que fortaleçam seus argumentos

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