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ABORDAGENS TEÓRICAS - PDF3

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ABORDAGENS TEÓRICAS 
 
Griggs (2009) apresenta um conjunto de estágios que considera ser bastante usado 
principalmente por psicólogos desenvolvimentistas, cada um desses estágios seria constituído 
por diferentes mudanças biológicas, cognitivas e sociais. Estas fases seriam: Pré-natal (da 
concepção ao nascimento); Primeira infância (do nascimento aos 2 anos); Infância (2 aos 12 
anos); Adolescência (12 aos 18 anos); Idade adulta jovem (18 aos 40 anos); Idade adulta média 
(40 aos 65 anos); e Idade adulta tardia (acima de 65 anos). Vale ressaltar que essas idades são 
apenas idades médias, significando que cada pessoa irá passar por essas fases de 
desenvolvimento em idades específicas para a sua realidade. Ou seja, essa seria a ordem de 
desenvolvimento que ocorre com todas as pessoas, a direção é a mesma para todos, o que muda 
é o tempo de mudança de uma fase para outra. Cada indivíduo irá ter seu tempo de 
desenvolvimento, uns mais rápidos, outros nem tanto. 
Logo ao nascerem, as crianças apresentam apenas movimentos reflexos, ou seja, os 
chamados automatismos primários, em que não há controle sobre os movimentos. Alguns 
destes movimentos têm características que garantem a sobrevivência da criança, tais como a 
sucção e a respiração, que são respostas não aprendidas, mas são indispensáveis. Os demais 
movimentos reflexos tendem a desaparecer em poucos meses de vida. 
Durante a infância a criança aprende a controlar os movimentos, aprende a sentar, a 
engatinhar e enfim a andar. O desenvolvimento sensorial/perceptual depende do 
desenvolvimento do cérebro. Se as trajetórias visuais não se desenvolvem no período de bebê, 
a visão fica permanentemente perdida. As redes neurais que são utilizadas ficam mais fortes, já 
as que não são utilizadas são eliminadas. 
 
 
 
 
 
Fonte: www.gustavofisio.blogspot.com.br 
 
As mudanças que ocorrem ao longo do tempo podem ser entendidas de duas formas, 
uma quantitativa e outra qualitativa. As mudanças quantitativas durante o desenvolvimento são 
aquelas que correspondem às mudanças numéricas ou de quantidade como, por exemplo, o peso 
e a altura da pessoa, aquilo que se pode mensurar ao longo do tempo. Já as mudanças 
qualitativas são aquelas que ocorrem no nível de estrutura ou organização. São marcadas pelo 
surgimento de novos mecanismos (cognitivos, por exemplo) que permitem à criança se adaptar 
aos novos desafios que lhe são impostos (BELSKY, 2010). 
Concomitante ao estudo do desenvolvimento humano há que se considerar os aspectos 
da aprendizagem que ocorrem principalmente a partir das mudanças no sujeito. Direta ou 
indiretamente, as tradicionais áreas da Psicologia da Educação têm estudado e pesquisado 
situações que possam ser relacionadas à aprendizagem. Pode-se considerar como Teorias da 
Aprendizagem os diversos modelos existentes que procuram explicar o processo de 
aprendizagem nos indivíduos. 
Apesar da existência de diversas teorias que se ocupam de explicar o processo de 
aprendizagem, as que apresentam maior destaque atualmente na educação são as teorias 
desenvolvidas por Jean Piaget e Lev Vygotsky. A Epistemologia Genética desenvolvida por 
Piaget foi desenvolvida por meio da experiência com crianças desde o nascimento até a 
adolescência, tendo como premissa o fato de que o conhecimento é construído a partir da 
interação do sujeito com seu meio, a partir de estruturas existentes (PIAGET, 1974). Já os 
estudos de Vygotsky se baseiam na dialética das interações do sujeito com o outro e com o meio 
para que possa ocorrer o desenvolvimento sócio cognitivo (VYGOTSKY, 1999). 
A teoria cognitiva de Piaget é baseada em dois de seus interesses, a filosofia e a biologia, 
supondo assim que o desenvolvimento cognitivo se originava da adaptação da criança ao seu 
ambiente, e assim buscando promover sua sobrevivência por meio da tentativa de aprender 
sobre seu ambiente. Isso transforma acriança em alguém que busca o conhecimento e a 
compreensão do mundo, mas com uma característica importante para Piaget, que é o fato da 
criança operar sobre este mundo. 
O conhecimento da criança é organizado como esquemas, que são estruturas 
indispensáveis para o conhecimento das pessoas, objetos, eventos entre outras coisas. Sendo 
assim, estes esquemas permitem que o ser humano organize e interprete as informações sobre 
o mundo. Na memória do ser humano (memória de longo prazo) existem esquemas para 
conceitos como livros ou cachorros; esquemas para eventos, como ir a um restaurante; e 
esquemas para ações, como andar de bicicleta. 
Apesar de Vygotsky e seus seguidores considerarem que a estrutura dos estágios 
desenvolvida por Piaget seja correta, há que se considerar uma diferença básica entre estes dois 
autores. Para Piaget a estruturação do organismo ocorre antes do desenvolvimento, já para 
Vygotsky, o desenvolvimento das estruturas mentais superiores é gerado a partir do processo 
de aprendizagem do sujeito (PALANGANA, 2001). 
Os aspectos sociais da abordagem de Vygotsky são claros e diretos. A aprendizagem 
ocorre com as outras pessoas, sejam os pais, os professores ou as pessoas mais próximas da 
criança. Para este autor, a cultura influencia tanto quanto os processos do desenvolvimento 
cognitivo infantil, pelo fato de que o desenvolvimento acontece dentro deste contexto cultural. 
No geral, o que se entende por aprendizagem é a capacidade que o sujeito apresenta, no 
seu dia a dia, de dar respostas adaptadas às solicitações e desafios que lhes são impostos durante 
sua interação com o meio. Atualmente, a aprendizagem é compreendida como um processo 
global, dinâmico, contínuo, individual, gradativo e cumulativo. 
De acordo com as características escolares, há a necessidade de que o aluno seja um 
processador ativo da informação que lhe é transmitida, não basta apenas ser um receptor passivo 
do conhecimento, o aluno precisa decodificar o que lhe é ensinado e assim absorver este 
conhecimento. De acordo com Papalia, Olds, Feldman (2006) são duas as principais teorias da 
aprendizagem: o Behaviorismo e a Teoria da aprendizagem social, mas pode-se considerar o 
Construtivismo também como uma das mais importantes atualmente. 
 
 
 
Fonte: www.mundodelivros.com 
 
De acordo com o pensamento dos autores behavioristas, a conduta do sujeito é passível 
de observação e mensuração. O início dos trabalhos desta abordagem ocorreu com John Watson 
(1878-1958) e Ivan Pavlov (1849-1936), porém o estabelecimento dos princípios e da Teoria 
são creditados à Burruhs Skinner (1904-1990), fato que representa uma renovação do 
comportamentalismo watsoniano. 
Uma das pesquisas mais notável de Skinner é a respeito dos diferentes programas de 
reforço que foram desenvolvidos a partir da “Caixa de Skinner”, em que o papel necessário do 
reforço no comportamento operante foi demonstrado a partir das experiências com a pressão na 
barra pelo rato, que recebia comida toda vez que dava a resposta correta. Mas Skinner deixou 
claro que o reforço do mundo real nem sempre é consistente ou contínuo, no entanto 
a aprendizagem ocorre e os comportamentos persistem, ainda que reforçados só 
intermitentemente (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). 
Para esta Teoria os comportamentos do ser humano são aprendidos, e com isso, o 
aspecto da aprendizagem passa a ter grande importância. O ambiente passa a ter um papel 
fundamental, pois o homem passa a ser produto do meio. No aspecto do ensino, ao se seguir as 
características do Behaviorismo, é preciso preparar e organizar as contingências de reforço que 
irão facilitar a aquisição dos esquemas e dos diferentes tipos de condutas desejadas. Esse 
planejamento e organização das contingências ficaria a cargo do professor. As pesquisas 
comportamentais concentram-se na aprendizagem associativa, em que se forma uma ligação 
mental entre dois fatos. Dois tipos de aprendizagem associativa são o condicionamento clássico 
e o condicionamentooperante (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). 
Para Skinner (2006), a principal característica do condicionamento clássico é que uma 
pessoa ou um animal aprende uma resposta reflexiva a um estímulo que originalmente não a 
provocava, depois que o estímulo é repetidamente associado a outro que provoca a resposta. 
Este tipo de aprendizagem foi descrito inicialmente a partir dos estudos de Pavlov em seus 
estudos com cães, que aprendiam a salivar quando ouviam uma sineta que tocava na hora da 
alimentação. 
O autor coloca ainda que, no caso do condicionamento operante, um comportamento 
originalmente acidental (por exemplo, o sorriso), torna-se uma resposta condicionada, ou seja, 
o sujeito aprende com as consequências de “operar” sobre o ambiente. A partir dos estudos com 
ratos e pombos, Skinner afirmava que os mesmos princípios poderiam ser aplicados aos seres 
humanos. Com isso, chegou à conclusão de que o sujeito tende a repetir uma resposta que foi 
reforçada, e ao contrário, tente a suprimir uma resposta que foi punida. 
Em contrapartida surge a Teoria da Aprendizagem Social, que tem como característica 
considerar que as crianças aprendem comportamentos sociais a partir da observação e imitação 
de modelos. Tem como seu principal representante Albert Bandura (1925), e pode ser 
considerada uma forma de comportamentalismo menos extrema que a de Skinner, que reflete e 
reforça o impacto do interesse renovado pelos fatores cognitivos. Outra diferença é que a Teoria 
da Aprendizagem Social considera o aprendiz como sujeito ativo, com isso, a pessoa atua sobre 
o ambiente, e em até certo ponto, cria o ambiente (BANDURA; POLYDORO; AZZI, 2008). 
A abordagem de Bandura estuda o comportamento tal como é formado e modificado em 
situações sociais, ou seja, na interação com outras pessoas. Reconhece a importância da 
cognição, consideram as respostas cognitivas às percepções, em vez de respostas basicamente 
automáticas ao reforço ou à punição, como centrais para o desenvolvimento. 
Essa imitação realizada pelas crianças no processo de aprendizagem depende do que 
elas percebem que é valorizado em sua cultura. Nem sempre o reforço está presente, e a criança 
pode aprender determinado tipo de comportamento na ausência de reforço diretamente 
vivenciado. Com isso, aprende-se pela observação do comportamento e das consequências 
deste comportamento de outra pessoa. 
Consequentemente, esta capacidade de aprender pelo exemplo supõe a aptidão de 
antecipar e avaliar consequências apenas observadas em outras pessoas e ainda não vivenciadas. 
As pesquisas de Bandura sobre a autoeficácia trouxeram discussões sobre uma forma 
de as pessoas enfrentarem as situações cotidianas. Essa autoeficácia seria o sentido de 
autoestima ou de valor própriode um sujeito, a sensação de adequação e eficiência em tratar 
dos problemas da vida. Sujeitos comautoeficácia elevada apresentam a capacidade de lidar com 
todos os eventos de sua vida, eles esperam superar obstáculos e, como resultado, buscam 
desafios, perseveram e mantêm um alto nível de confiança em sua aptidão para ter êxito 
(SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). 
A terceira das teorias aqui abordadas é o Construtivismo, que é compreendido como a 
corrente teórica da educação que explica como a inteligência humana se desenvolve. Neste 
ponto, suas discussões são construídas partindo do princípio de que o desenvolvimento da 
inteligência é determinado pelas ações mútuas entre indivíduo e meio. 
 
 
 
Fonte: pedagogiaaopedaletra.com 
 
É uma teoria que surge a partir dos estudos da Epistemologia Genética de Jean Piaget e 
da Teoria Sócio-histórica de Lev Vygotsky. Estas influências levaram à crença de que o homem 
não nasce inteligente, mas que também não é um sujeito passivo no mundo. Mesmo sendo 
estimulado pelo meio externo, o homem é capaz de agir sobre estes estímulos para construir e 
organizar o seu próprio conhecimento. Quanto mais ele age sobre o meio, mais elaborada será 
sua organização cognitiva (COLL; SCHILLING, 2004). 
De acordo com a teoria piagetiana, para conhecer os objetos, o sujeito tem que agir sobre 
eles e, por conseguinte, transformá-los: tem que deslocá-los, agrupá-los, combiná-los, separá-
los e juntá-los. Neste sentido, o conhecimento não é nem uma cópia interior dos objetos, ou 
acontecimentos do real, nem meros reflexos desses objetos e acontecimentos que se imporiam 
ao sujeito. Partindo deste princípio, a aprendizagem é considerada uma constante busca do 
significado das coisas. Esse significado é construído a partir da globalidade e das partes que 
constituem aquilo que se quer conhecer. Como Ponto fundamental de aprendizagem, aprender 
é construir o seu próprio significado e não encontrar respostas certas dadas por outra pessoa

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