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EA D Retas e Planos 4 1. ObjetivOs • Identificar as equações vetorial, paramétrica e simétrica da reta, e aplicá-las na resolução de exercícios. • Identificar as equações geral, vetorial e paramétrica do plano, e aplicá-las na resolução de exercícios. • Identificar as posições relativas de retas e de planos. • Calcular as distâncias entre: ponto e reta, ponto e plano, reta e reta. 2. COnteúdOs • Equações da reta e do plano. • Interseção de retas e planos. • Posições relativas de retas e planos. • Distâncias entre ponto e reta, ponto e plano, reta e reta. © Vetores e Geometria Analítica102 • Aplicações práticas no cálculo de distâncias, ângulos, áre- as, volumes etc. 3. OrientaçãO para O estudO da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Acompanhe o Esquema de Conceitos-chave para o estu- do de todas as unidades deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. 2) Lembre-se de que a construção da Matemática que co- nhecemos e utilizamos hoje se iniciou há milhares de anos e evoluiu graças ao empenho e brilhantismo de muitos filósofos, matemáticos, astrônomos e outros tan- tos pesquisadores. Pesquise em livros didáticos de Ma- temática para o Ensino Médio, ou na internet, a forma como esse conteúdo é abordado e como são feitas as atividades propostas. Essa análise pode ajudá-lo a en- tender com maior clareza os conceitos aqui apresenta- dos, a sua relação direta com o ensino da Matemática, bem como a importância dos vetores, já estudados na Unidade 2, na representação de situações geométricas e nos cálculos algébricos necessários. Se encontrar algo interessante, disponibilize tal informação para seus co- legas na Lista. Lembre-se de que você é protagonista do processo educativo. 4. intrOduçãO À unidade Nas unidades anteriores, aprendemos que é possível asso- ciar a Geometria à Álgebra, com a finalidade de representar, iden- tificar e medir objetos no espaço. Aprendemos a descrever alge- bricamente o elemento unitário do espaço: o ponto. Além disso, vimos que o conceito de vetor possibilita repre- sentar grandezas que necessitem de mais de um valor para serem completamente caracterizadas. Inúmeros problemas práticos po- Claretiano - Centro Universitário 103© U4 – Retas e Planos dem ser representados e resolvidos por meio do uso dos vetores e suas operações. Nesta unidade, observaremos várias formas de representa- ção algébrica de outros entes geométricos, como a reta e o plano. Relacionaremos as posições das retas e dos planos, medindo ân- gulos e distâncias. Para tanto, será necessário utilizar os produtos escalar, vetorial e misto vistos na Unidade 2. Assim como foi feito nas demais unidades deste Caderno de Referência de Conteúdo, o estudo de retas e planos desta unida- de desenvolve habilidades como o raciocínio geométrico e a visão espacial. É imprescindível, no entanto, que você dedique tempo para a resolução de exercícios e problemas. Os exemplos apresen- tados são baseados nos exercícios do livro de WINTERLE, P. Vetores e geometria analítica. São Paulo: Makron Books, 2000. A leitura de livros didáticos de Matemática voltados para o Ensino Médio pode facilitar o entendimento de certos conceitos elementares da Geometria Plana. 5. a reta Estudaremos agora a representação de retas no espaço utili- zando ponto e vetor. Essa nova forma de conceber as retas é mais geral e, por isso, permite um estudo mais detalhado de suas pro- priedades. As três equações de reta apresentadas a seguir partem de um mesmo conceito inicial, logo, cada uma delas pode ser dedu- zida a partir de outra. equação vetorial da reta Considere um ponto ( )1 1 1, ,A x y z e um vetor não nulo ( ), ,v a b c= . Sabemos que só existe uma reta que passa pelo ponto A e que tem a mesma direção de v . Então, se tomarmos um ponto ( ), ,P x y z dessa reta, o vetor AP será paralelo a v . © Vetores e Geometria Analítica104 Isso significa que: = AP tv . Conhecendo as coordenadas de A e P, escrevemos − = P A tv ou = + P A tv , que chamamos de equação vetorial da reta. O vetor v é chamado vetor diretor, e t é chamado parâmetro. Se substituirmos os pontos A e P por suas coordenadas, obtemos ( ) ( ) ( )1 1 1, , , , , ,x y z x y z t a b c= + ⋅ . Confira a Figura 1 para visualizar melhor os elementos que formam a equação. Figura 1 Reta determinada pelo ponto A e pelo vetor v . Exemplo 1 Escreva a equação vetorial da reta r que passa pelo ponto ( )2, 1, 3A = − e tem a mesma direção do vetor ( )2, 4, 1v = . A equação vetorial da reta r é ( ) ( ) ( ), , 2, 1, 3 2, 4, 1x y z t= − + ⋅ , em que x, y e z são as coordenadas de um ponto qualquer da reta r. Para obtermos pontos da reta r, basta substituirmos t por números reais quaisquer. Por exemplo: • 0t = : ( ) ( ) ( ) ( ), , 2, 1, 3 0 2, 4, 1 2, 1, 3x y z A= − + ⋅ = − = . • 1t = : ( ) ( ) ( ) ( )1 , , 2, 1, 3 1 2, 4, 1 4, 3, 4P x y z= = − + ⋅ = . Dispondo esses pontos no sistema de coordenadas cartesia- nas, é possível esboçar a reta r, como na Figura 2. Claretiano - Centro Universitário 105© U4 – Retas e Planos Figura 2 Reta r obtida pelo ponto ( )2, 1, 3A = − e o vetor ( )2, 4, 1v = . equações paramétricas da reta Considere a equação vetorial da reta ( ) ( ) ( )1 1 1, , , , , ,x y z x y z t a b c= + ⋅ . Se somarmos as coordenadas do ponto A com as coordenadas de v , encontramos a igualdade ( ) ( )1 1 1, , , ,x y z x at y bt z ct= + + + . A partir dessa igualdade podemos escrever as equações paramétricas da reta: 1 1 1 = + = + = + x x at y y bt z z ct Exemplo Se considerarmos a reta r que passa pelo ponto ( )2, 1, 3A = − e tem a mesma direção do vetor ( )2, 4, 1v = do exemplo anterior, as equações paramétricas de r serão: 2 2 1 4 3 = + = − + = + x t y t z t © Vetores e Geometria Analítica106 equações simétricas da reta Para determinar a equação simétrica da reta, tomamos as equações paramétricas e isolamos o valor do parâmetro t em cada uma delas. Observe: 1= +x x at 1= +y y bt 1= +z z ct Supondo , , 0a b c ≠ , escrevemos: 1−= x xt a 1 − = y yt b 1 − = z zt c Logo, temos: 1 1 1 − − − = = x x y y z z a b c Conhecendo as principais formas de representação das retas em 3 , é possível identificar as posições dessas retas no sistema cartesiano. Isso é o que veremos a seguir. retas paralelas aos planos coordenados Se o vetor diretor v de uma reta for paralelo a um dos pla- nos coordenados, então a reta também será paralela a esse plano. Algebricamente, isso significa que uma das componentes do vetor é nula. Exemplo Observe os vetores u , v e w na Figura 3. Cada um deles é paralelo a um dos planos coordenados; por isso, possuem repre- sentantes contidos nos respectivos planos. • u xOy indica que a coordenada z é nula: ( )2, 3, 0u = . • v xOz indica que a coordenada y é nula: ( )2, 0, 4v = . • w yOz indica que a coordenada x é nula: ( )0, 4, 2w = . Claretiano - Centro Universitário 107© U4 – Retas e Planos Figura 3 Vetores paralelos aos planos coordenados. Considere o ponto ( )1, 3, 4A = . Agora, vamos determinar três retas, r, s e m, cada uma definida pelo ponto A e por um dos vetores diretores u , v e w . As equações paramétricas da reta r, cujo vetor diretor é u , são: 1 2 : 3 3 4 = + = + = x t r y t z Note que o valor de z é constante: 4z = . Isso porque o ve- tor diretor de r é paralelo ao plano coordenado xOy. Consequent- emente, r é paralela ao plano xOy e tem "altura" 4 (Figura 4). Figura 4 Reta r paralela ao plano xOy. © Vetores e Geometria Analítica108 As equações paramétricas da reta s, cujo vetor diretor é ( )2, 0, 4v = , são: 1 2 : 3 4 4 = + = = + x t s y z t No sistema de eixoscoordenados, a reta s é paralela ao plano coordenado xOz (Figura 5). Figura 5 Reta s paralela ao plano xOz. Finalmente, as equações paramétricas da reta m, cujo vetor diretor é ( )0, 4, 2w = , são: 1 : 3 4 4 2 = = + = + x m y t z t No sistema de eixos coordenados, a reta m é paralela ao plano coordenado yOz (Figura 6). Claretiano - Centro Universitário 109© U4 – Retas e Planos Figura 6 Reta m paralela ao plano yOz. retas paralelas aos eixos coordenados Para que uma reta r seja paralela a um dos eixos coordena- dos x, y ou z, o vetor diretor v deve ser paralelo a um dos vetores canônicos ( )1, 0, 0i = , ( )0, 1, 0j = e ( )0, 0, 1k = , já estudados na Unidade 2. Consequentemente, duas das componentes de v devem ser nulas. Exemplo Escreva as equações paramétricas da reta r, que contém o ponto ( )1, 3, 4A = e tem a direção do vetor ( )0, 2, 0v = . 1 : 3 2 4 = = + = x r y t z Geometricamente, a reta r é paralela ao vetor ( )0, 2, 0v = , contido no eixo y (Figura 7). © Vetores e Geometria Analítica110 Figura 7 Reta r paralela ao eixo y. Depois de analisarmos as posições das retas em relação aos planos coordenados e aos eixos coordenados, faremos a compa- ração entre duas retas. Para isso, utilizaremos os produtos escalar, vetorial e misto, estudados na Unidade 2. Ângulo de duas retas Para determinarmos o menor ângulo formado por duas re- tas, basta calcularmos o ângulo formado por seus vetores dire- tores, utilizando o produto escalar já visto anteriormente. cos cosθ θ= ⇒ = u vu v u v u v Exemplo Calcule o ângulo entre as retas 1 : 3 2 4 = = + = x r y t z e 1 : 3 4 4 2 = = + = + x m y t z t . Os vetores diretores das retas r e m são, respectivamente, ( )0, 2, 0v = e ( )0, 4, 2w = . Aplicando-os na fórmula, temos: ( ) ( )0,2,0 0,4,2 8 2 2 5cos 0,89 52 2 5 4 5 5 θ = = = = ≅ ⋅ Claretiano - Centro Universitário 111© U4 – Retas e Planos De posse de uma calculadora científica ou tabela trigonomé- trica, verificamos que o ângulo cujo cosseno vale 0,89 é de 30°. Portanto, o ângulo entre as retas r e m é de 30°. retas ortogonais Você aprendeu na unidade anterior que dois vetores são or- togonais se o produto escalar entre eles for zero. Para verificarmos se duas retas são ortogonais, basta verificar se o produto escalar de seus vetores diretores é zero. 1 2 1 2 0⊥ ⇔ = r r v v Verificamos no exemplo 5 que as retas r e m formam ângulo de 30°. Note que o produto escalar calculado na fórmula é dife- rente de zero. Exemplo Mostre que as retas 1r e 2r a seguir são ortogonais (WINTERLE, 2000, p. 115). 1 : 2 1 4 x t r y t z t = = − + = e 2 3 2 4 x t r y t z t = − = + = Os vetores de 1r e 2r são, respectivamente, ( )1 1, 2, 4v = − e ( )2 2, 1, 1v = − . O produto escalar é: ( ) ( )1 2 1 2 2 1 4 1 2 2 4 0= ⋅ − + − ⋅ + ⋅ = − − + = v v Como o produto escalar dos vetores diretores é nulo, conclu- ímos que as retas 1r e 2r são ortogonais. Neste tópico, estudamos a representação algébrica das retas no espaço, na forma de equações vetoriais, equações paramétri- cas e equações simétricas. Faremos, no tópico seguinte, o mesmo © Vetores e Geometria Analítica112 estudo para os planos: vamos representá-los na forma de equa- ções e analisar suas posições relativas. 6. O pLanO A equação geral do plano é assunto abordado no Ensino Mé- dio. Vamos tratar desse tema pela visão vetorial. Considere um ponto ( )1 1 1, ,A x y z= , pertencente a um plano α . Seja ( ), ,n a b c= um vetor ortogonal ao plano α . Então n é ortogonal a todo vetor contido em α . Podemos concluir que um ponto qualquer ( ), ,P x y z= pertencerá ao plano α se, e somente se, o vetor AP for ortogonal a n , isto é: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 , , , , 0 0 0 = − = − − − = − + − + − = + + − − − = n AP n P A a b c x x y y z z a x x b y y c z z ax by cz ax by cz Trocando 1 1 1− − −ax by cz por d, obtemos: 0+ + + =ax by cz d A equação obtida é chamada equação geral do plano α . Durante seu estudo no Ensino Médio, você provavelmente aprendeu outras formas de escrever a equação de um plano. Neste Caderno de Referência de Conteúdo, porém, focaremos as equações que envolvem os vetores, por serem eles o tema central de nosso estudo. equação vetorial do plano Para definir a equação vetorial de um plano α , devemos considerar um ponto fixo do plano ( ), ,a a aA x y z e dois vetores Claretiano - Centro Universitário 113© U4 – Retas e Planos ( )1 1 1, ,u a b c= e ( )2 2 2, ,v a b c= , paralelos ao plano α , mas não paralelos entre si. Desse modo, se tomarmos qualquer ponto P do plano α , os vetores AP , u e v serão coplanares, isto é, pertencerão ao mesmo plano. Portanto, podemos afirmar que um ponto ( ), ,P x y z per- tence ao plano α se, e somente se, existem números reais h e t, tais que: AP hu tv= + ou − = + P A hu tv ou = + + P A hu tv ou ( ) ( ) ( ) ( )1 1 1 2 2 2, , , , , , , ,a a ax y z x y z h a b c t a b c= + + Essa equação é chamada de equação vetorial do plano α , e os vetores u e v são chamados vetores diretores de α . equações paramétricas do plano Assim como fizemos para determinar as equações paramé- tricas da reta, somamos as coordenadas de A, u e v para encon- trar as equações paramétricas do plano: ( ) ( )1 2 1 2 1 2, , , ,a a ax y z x a h a t y b h b t z c h c t= + + + + + + Da igualdade dos termos obtém-se: 1 2 1 2 1 2 = + + = + + = + + a a a x x a h a t y y b h b t z z c h c t © Vetores e Geometria Analítica114 Os números h e t são parâmetros da equação do plano α . Exemplo O plano π é determinado pelos pontos ( )1, 1, 2A − , ( )2, 1, 3B − e ( )1, 2, 6C − − . Obtenha uma equação vetorial, um sistema de equações paramétricas e uma equação geral do plano π . Equação vetorial Devemos obter dois vetores não paralelos pertencentes ao plano π . Calculemos AB e AC . ( ) ( ) ( )2, 1, 3 1, 1, 2 1, 2, 5AB B A= − = − − − = − ( ) ( ) ( )1, 2, 6 1, 1, 2 2, 1, 4AC C A= − = − − − − = − − Esses são os vetores diretores do plano π . A equação vetorial é dada por: ( ) ( ) ( ) ( ), , 1, 1, 2 1, 2, 5 2, 1, 4 P A hu tv x y z h t = + + = − + − + − − Sistema de equações paramétricas Utilizamos o ponto A e os vetores diretores AB e AC obtidos na equação vetorial. 1 2 1 2 2 5 4 = + − = − + − = − + x h t y h t z h t Equação geral Para encontrar uma equação geral do plano π , precisamos de um vetor ortogonal a π . Para isso, calculamos o produto vetorial × AB AC . Claretiano - Centro Universitário 115© U4 – Retas e Planos ( ) ( )1 2 5 8 10 4 5 4 3, 6, 3 2 1 4 i j k AB AC i j k k i j× = − = + − − − + + = − − Uma equação geral do plano π é 3 6 3 0+ + + =x y z d . Precisamos calcular um valor para d, utilizando um dos pontos A, B ou C. Tomemos o ponto A: ( )3 1 6 1 3 2 0 3 0 3 ⋅ + ⋅ − + ⋅ + = + = = − d d d Substituindo na equação obtida anteriormente, temos: 3 6 3 3 0x y z+ + − = ou 2 1 0+ + − =x y z Ângulo de dois planos O ângulo θ de dois planos 1α e 2α é o menor ângulo formado pelos vetores normais (ortogonais) a cada plano. Se 1 n e 2 n são os vetores normais aos planos 1α e 2α , respectivamente, então: 1 2 1 2 cosθ = n n n n Exemplo Determine o ângulo entre os planos 1 : 3 0π − − =x y e 2 : 2 4 0π + − + =x y z . © Vetores e Geometria Analítica116 Os vetores normais a 1π e 2π são ( )1 1, 1, 0n = − e ( )2 1, 2, 1n = − . Assim, ( ) ( ) ( ) ( ) ( )2 2 22 2 2 1, 1,0 1,2, 1 3 cos 2 61 1 0 1 2 1 θ − − − − = = = − + − + + + − 3 3 3 212 2 3 = = planos perpendiculares Para verificar se dois planos são perpendiculares (Figura 8), basta conferir se dois vetores normais a cada plano são ortogonais. 1 2 1 2 1 2 0π π⊥ ⇔ ⊥ ⇔ = n n n n Figura 8 Planos perpendiculares. reta paralela ao plano Uma reta r, com a direção do vetor v , é paralela a um plano π , cujo vetor ortogonal é n , se, e somente se, 0v n⋅ = . Observe a Figura 9. Figura 9 Reta r paralela ao plano π . Claretiano - Centro Universitário 117© U4 – Retas e Planos reta perpendicular ao plano Uma reta r, com a direção do vetor v , é perpendicular a um plano π , cujo vetor ortogonal é n , se, e somente se, v n , isto é, se , = ∈ v an a . Figura 10 Reta r perpendicular ao plano π . reta contida no plano Uma reta r, com a direção do vetor v , está contida em um plano π (Figura 11), cujo vetor ortogonal é n , se: • Dois pontos A e B de r também pertencerem ao plano π . • Se um ponto A de r pertencer ao plano π , e se 0v n⋅ = . Figura 11 Reta r contida no plano π . Exemplo Verifique se a reta r está contida no plano π . 4 1 : 2 1 y x r z x = + = − e : 2 3 4 0x y zπ + − − = . Podemos verificar, primeiramente, se um ponto A de r pertence ao plano. Escolhemos, por exemplo, 0x = . © Vetores e Geometria Analítica118 ( ) 4 0 1 1 0 : 0, 1, 1 2 0 1 1 y x r A z = ⋅ + = = ⇒ ⇒ − = ⋅ − = − Notamos que A pertence ao plano π , pois, substi- tuindo-o na equação do plano, o resultado é igual a zero: ( )2 0 1 3 1 4 0⋅ + − ⋅ − − = . Falta agora verificar se o vetor diretor da reta r é ortogonal ao vetor normal ao plano π . Escolhemos um vetor diretor de r tomando outro ponto B da reta. ( ) 4 1 1 5 1 : 1, 5, 1 2 1 1 1 y x r B z = ⋅ + = = ⇒ ⇒ = ⋅ − = Em seguida, determinamos os vetores v e n . ( ) ( ) ( )1, 5, 1 0, 1, 1 1, 4, 2v B A= − = − − = ( )2, 1, 3n = − ( ) ( )1,4,2 2,1, 3 2 4 6 0= − = + − = v n O produto escalar de v e n é zero. Portanto, os vetores são ortogonais e a reta r está contida no plano π . interseção de dois planos A interseção de dois planos é uma reta cuja equação é obtida pela igualdade entre suas equações. Exemplo Encontre a equação da reta r, que é a interseção dos planos 1 : 2 7 0π + − − =x y z e 2 : 3 2 1 0π − − − =x y z . Claretiano - Centro Universitário 119© U4 – Retas e Planos Precisamos resolver o sistema de equações: 2 7 0 3 2 1 0 + − − = − − − = x y z x y z Somando as equações, temos: 2 7 0 3 2 1 0 4 2 8 0 + − − = + − − − = − − = x y z x y z x z Depois, isolamos a incógnita z: 4 2 8 0 2 4 8 2 4 − − = = − = − x z z x z x E, finalmente, substituímos o valor de z em uma das equações para determinar y: ( )2 2 4 7 0 2 3 0 2 3 3 2 2 + − − − = − + − = = + = + x y x x y y x xy Logo, a equação da reta r, interseção dos planos 1π e 2π , é: 3 : 2 2 2 4 = + = − xy r z x interseção de reta com plano A interseção de uma reta com um plano é um ponto cujas coordenadas são obtidas pela igualdade entre as equações. © Vetores e Geometria Analítica120 Exemplo Encontre o ponto de interseção da reta r com o plano π . 10 : 1 = − = − + y x r z x e : 2 3 9 0π − + − =x y z . Um ponto da reta r é da forma ( ) ( ), , , 10, 1x y z t t t= − − + . Substituindo-o na equação do plano π , encontramos o valor de t: ( ) ( )2 10 3 1 9 0 2 10 3 3 9 0 2 4 0 2 − − + − + − = − + − + − = − + = = t t t t t t t t Voltando à equação da reta r, verificamos que: 2 10 : 10 2 10 8 1 1 2 1 1 = = = − ⇒ = − ⇒ = − = − = − + = − + = − + = − x t x y x r y t y z x z t z Portanto, o ponto de interseção de r com o plano π é ( )2, 8, 1− − . Este tópico destinou-se a abordar as equações da reta e do plano, utilizando como instrumentos os conceitos e as propriedades dos vetores. Vimos, também, um estudo simplificado das posições relativas das retas e dos planos. O estudo das retas e dos planos em 3 é essencial no desenvolvimento de softwares computacionais, artes gráficas e muito mais. Por isso, continuaremos estudando as retas e os planos, mas focando na determinação de suas distâncias. 7. distÂnCias Neste tópico, apresentamos as fórmulas para calcular as dis- tâncias entre os elementos estudados nesta unidade: o ponto, a reta e o plano. Como sempre, os vetores são nossas ferramentas para a construção de tais fórmulas. Claretiano - Centro Universitário 121© U4 – Retas e Planos distância entre dois pontos Veremos, agora, como determinar a distância entre dois pontos no espaço 3 . Dados os pontos ( )1 1 1, ,A x y z e ( )2 2 2, ,B x y z , o vetor AB é escrito como ( )2 1 2 1 2 1, ,AB B A x x y y z z= − = − − − (Figura 12). O comprimento (ou módulo) do vetor AB corresponde à distância entre os pontos A e B, e é dado por: ( ) ( ) ( )2 2 22 1 2 1 2 1= − + − + − AB x x y y z z Figura 12 Distância entre os pontos A e B na forma de vetor. distância entre ponto e reta Queremos determinar a distância d entre um ponto P do espaço e uma reta r. Para isso, considere um ponto ∈A r e um vetor diretor v . Observe, na Figura 13, que os vetores v e AP determinam um paralelogramo cuja altura corresponde à distância d procurada. Figura 13 Distância d entre o ponto P e a reta r. © Vetores e Geometria Analítica122 A área do paralelogramo é dada por: ( ) ( )= ⋅ = ⋅A base altura v d Mas também pode ser obtida pelo produto vetorial dos vetores v e AP : = × A v AP Igualando as duas equações, obtém-se: ⋅ = × v d v AP × = v AP d v Exemplo Calcular a distância entre o ponto ( )3,2,1P e a reta 2 : 3 = = + y x r z x . Essa equação pode ser escrita utilizando-se a variável t: : 2 3 = = = + x t r y t z t Um ponto A pertencente à reta r é ( )0, 0, 3A . Um vetor diretor de r é ( )1, 2, 1v = . O vetor AP é ( )3, 2, 2AP P A= − = − . Efetuamos, então, o produto vetorial: ( ) ( )1 2 1 4 3 2 6 2 2 6, 5, 4 3 2 2 i j k v AP i j k k i j× = = − + + − + − = − − − E, finalmente, calculamos a distância d desejada: Claretiano - Centro Universitário 123© U4 – Retas e Planos ( ) ( ) ( ) 2 22 2 2 2 6 5 4 36 25 16 77, 661 2 1 × − + + − + + = = = = + + v AP d P r v distância entre ponto e plano A fórmula para calcular a distância entre um ponto e um pla- no no espaço é obtida a partir do conceito de projeção de vetor sobre o plano. Esse tema não será abordado no presente material didático, mas tanto o conceito de projeção quanto a demonstra- ção da fórmula podem ser facilmente encontrados em livros e sites de Geometria Analítica. A distância entre um ponto 0 0 0 0( , , )P x y z e um plano : 0ax by cz dπ + + + = (Figura 14) é dada por: ( ) 0 0 00 2 2 2,π + + + = + + ax by cz d d P a b c Figura 14 Distância d entre o ponto 0P e o plano π . Exemplo Calcular a distância entre o ponto (2, 1, 2)P − e o plano : 2 2 3 0π − − + =x y z . Essa distância é facilmente calculada; basta apenas substituir os valores na fórmula: ( ) ( ) ( ) ( ) 0 2 22 2 2 2 1 2 3 4 2 1 7 7, 34 4 1 92 2 1 π ⋅ − ⋅ − − + + + = = = = + ++ − + − d P © Vetores e Geometria Analítica124 distância entre duas retas Para definir a distância entre duas retas, devemos primeira- mente analisar suas posições relativas. Para cada posição relativa entre duas retas 1r e 2r , tem-se que: 1) Se 1r e 2r são concorrentes (Figura 15), então ( )1 2, 0d r r = . Figura 15 Retas 1r e 2r concorrentes. 2) Se 1r e 2r são paralelas (Figura 16), então ( ) ( )1 2 2, ,=d r r d P r , com 1∈P r , ou então ( ) ( )1 2 1, ,=d r r d P r , com 2P r∈ . Isto é, basta calcular a distância de ponto a reta. Figura 16 Retas 1r e 2r paralelas.3) Se 1r e 2r são reversas, quer dizer, se são retas não pa- ralelas, mas que não se interceptam no espaço, como mostra a Figura 17, precisamos definir seus vetores di- retores. Figura 17 Retas 1r e 2r reversas. Claretiano - Centro Universitário 125© U4 – Retas e Planos Considere, então, que a reta 1r é definida pelo ponto 1A e pelo vetor diretor 1 v , e que a reta 2r é definida pelo ponto 2A e pelo vetor diretor 2 v . Os vetores 1 v , 2 v e 1 2 A A determinam um paralelepípedo (Figura 17), cuja altura corresponde à distância entre as retas 1r e 2r . Utilizamos, portanto, o mesmo raciocínio aplicado para deter- minar a distância entre ponto e reta. O volume do paralelepípedo é dado por: ( ) ( ) 1 2 = ⋅ = × ⋅ V área da base altura v v d Mas também pode ser obtida pelo produto misto dos vetores 1 v , 2 v e 1 2 A A : ( )1 2 1 2, ,V v v A A= Igualando as duas equações, obtém-se: ( )1 2 1 2 1 2, ,v v d v v A A× ⋅ = ( )1 2 1 2 1 2 , ,v v A A d v v = × Exemplo Determine a distância entre as retas: 1 2 : 3 1 2 = − = + = − x t r y t z t e 2 : 1 3 2 = = − − = x t r y t z t Iniciamos a resolução pela definição dos vetores ( )1 1, 1, 2v = − − , ( )2 1, 3, 2v = − e ( ) ( ) ( )1 2 2 1 0, 1, 0 2, 3, 1 2, 4, 1A A A A= − = − − = − − − . © Vetores e Geometria Analítica126 Calculamos o produto misto de 1 v , 2 v e 1 2 A A : ( ) ( ) ( )1 2 1 2 1 1 2 , , 1 3 2 3 4 8 12 8 1 1 5 6 2 4 1 v v A A − − = − = − − + − − + − = − − = − − − E agora calculamos o produto misto entre 1 v e 2 v : ( ) ( )1 2 1 1 2 2 2 3 6 2 4, 0, 2 1 3 2 i j k v v i j k k i j× = − − = − + − + − = − − A distância entre as retas 1r e 2r é: ( ) ( )2 2 2 6 6 6 6 3 5 54, 0, 2 20 2 54 0 2 d = = = = = − − + + O estudo das distâncias através dos vetores permite a de- terminação de fórmulas específicas para cada objeto em questão, como o ponto, a reta e o plano. Existe uma enorme quantidade de exemplos resolvidos nos livros de Geometria Analítica e em sites educacionais para ajudá- lo a complementar seus estudos. Acrescentando a isso, você pode contar com os colegas para compartilhar ideias, dicas e outros ma- teriais, bem como com seu tutor para tirar suas dúvidas e ajudá-lo no que precisar. 8. QuestÕes autOavaLiativas Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Explique a diferença entre as equações vetorial, paramétrica e simétrica da reta. 2) Transforme cada uma das equações das retas r, s e m, citadas no exemplo do subtópico Retas paralelas aos planos coordenados, em equações vetoriais e simétricas. Claretiano - Centro Universitário 127© U4 – Retas e Planos 3) Pesquisando em materiais do Ensino Médio, explique a diferença entre retas perpendiculares e retas ortogonais. 4) A equação geral do plano é a forma mais utilizada no ensino de Geometria Analítica do Ensino Médio. Explique como ela é obtida a partir do conceito de vetor. 5) Nos subtópicos Reta paralela ao plano; Reta perpendicular ao plano; e Reta contida no plano, você estudou as posições relativas entre retas e planos. Explique como verificar se uma reta é perpendicular, paralela ou contida em um plano. 6) Indique qual objeto é resultado da interseção de: a) duas retas; b) uma reta e um plano; c) dois planos. 7) Quando descrevemos uma reta, precisamos de um ponto contido nessa reta e um vetor diretor. Qual a função do vetor diretor? 8) No subtópico Distância entre duas retas, descrevemos a forma de se calcular a distância entre duas retas. Explique por que foi preciso considerar três casos diferentes de retas. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas: 1) A equação vetorial é obtida a partir de um ponto P da reta e seu vetor di- retor. As três equações paramétricas correspondem às coordenadas x, y e z do sistema cartesiano em 3 , e são obtidas a partir da equação vetorial. A equação simétrica da reta equipara as coordenadas x, y e z a partir do parâmetro t. 2) 1 2 : 3 3 4 = + = + = x t r y t z a) Equação vetorial: ( ) ( ) ( ), , 1, 3, 4 2, 3, 0x y z t= + . b) Equação simétrica: 1 3 2 3 − − = x y . © Vetores e Geometria Analítica128 1 2 : 3 4 4 = + = = + x t s y z t a) Equação vetorial: ( ) ( ) ( ), , 1, 3, 4 2, 0, 4x y z t= + . b) Equação simétrica: 1 4 2 4 − − = x z . 1 : 3 4 4 2 = = + = + x m y t z t a) Equação vetorial: ( ) ( ) ( ), , 1, 3, 4 0, 4, 2x y z t= + . b) Equação simétrica: 3 4 4 2 − − = y z . 3) Duas retas são perpendiculares se elas se interceptam, formando ângulo reto. Duas retas são ortogonais se elas não se interceptam, mas seus vetores diretores possuem representantes que são perpendiculares entre si. 4) Veja demonstração no Tópico 6. 5) Nos três casos, é preciso obter um vetor ortogonal ao plano. Uma reta é pa- ralela a um plano se o produto escalar do vetor diretor da reta, com o vetor normal (ou ortogonal) ao plano, for zero. Uma reta é perpendicular a um plano se o vetor diretor da reta for paralelo ao vetor normal ao plano. Uma reta está contida em um plano se dois pontos da reta pertencem também ao plano, ou então se um ponto da reta pertence ao plano e o produto escalar do vetor diretor da reta com o vetor normal ao plano for zero. 6) a) A interseção de duas retas é um ponto. b) A interseção de uma reta e um plano pode ser: • A própria reta, se ela estiver contida no plano; • Um ponto, se a reta "furar" o plano; • Vazia, se a reta for paralela ao plano. c) A interseção de dois planos pode ser: • Um plano, se eles forem coincidentes; • Uma reta, se o ângulo entre eles for maior que 0° e menor que 90°; • Vazia, se eles forem paralelos. 7) O vetor diretor determina a direção e o sentido da reta. Claretiano - Centro Universitário 129© U4 – Retas e Planos 8) É preciso considerar as posições relativas entre as retas: se são concorrentes, paralelas ou reversas. Em cada caso, a forma de se calcular a distância muda. 9. COnsideraçÕes O objetivo desta unidade foi descrever, analisar e comparar os principais elementos da Geometria Euclidiana: o ponto, a reta e o plano. Com o auxílio dos vetores, aprendemos as diferentes formas de representar retas e planos. Analisamos as posições das retas em relação aos planos coordenados, aos eixos coordenados e em relação umas às outras, determinando o ângulo formado entre elas. Estudamos, em seguida, os planos e suas posições em relação às retas e aos próprios planos, utilizando novamente os ângulos. Para concluir, aprendemos a calcular as distâncias entre estes entes geométricos. Perceba que o uso dos vetores foi essencial durante todo o desenvolvimento do conteúdo. O conceito de vetor, como já afir- mamos, é fundamental no desenvolvimento de inúmeras teorias da Matemática, da Física, das Engenharias, da Astronomia etc. 10. e-referências BRASIL ESCOLA. Geometria Analítica. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/ matematica/geometria-analitica.htm>. Acesso em: 11 abr. 2013. NOÉ, M. Plano cartesiano. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/matematica/ plano-cartesiano.htm>. Acesso em: 11 abr. 2013. SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Educação. Cadernos de apoio e aprendizagem: Matemática – Programa de orientações curriculares – 9º Ano. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, Prefeitura de São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.portalsme. prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/Publicacoes/Cad_Apoio/Mt/Mt9/ Mat_Cont_Aluno_9.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2013. 11. referências BiBLiOGrÁficas CAMARGO, I.; BOULOS, P. Geometria Analítica: um tratamento vetorial. 3. ed. Rev. e ampl. São Paulo: Prentice Hall, 2005. WINTERLE,P. Vetores e Geometria Analítica. São Paulo: Makron Books, 2000. Claretiano - Centro Universitário
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