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Suspensão e interrupção do contrato de trabalho

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Direito do Trabalho I
Aula 9 - Suspensão e Interrupção do contrato de trabalho
Prof.: Pedro D’Angelo
Tempo de serviço
Art. 4º, CLT: Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.
O tempo de serviço corresponde à duração do contrato de trabalho, e consequentemente à produção de seus efeitos.
Horas in itinere e a reforma trabalhista
Art. 58, p. 2º, CLT: (Texto anterior) O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução.
Texto atual: O tempo despendido pelo empregado desde sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador.
Horas in itinere e a reforma trabalhista
Súmula 90, TST (2005): 
I - O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido por transporte público regular, e para o seu retorno é computável na jornada de trabalho.
II - A incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada do empregado e os do transporte público regular é circunstância que também gera o direito às horas "in itinere".
II - A mera insuficiência de transporte público não enseja o pagamento de horas "in itinere“
IV - Se houver transporte público regular em parte do trajeto percorrido em condução da empresa, as horas "in itinere" remuneradas limitam-se ao trecho não alcançado pelo transporte público.
V - Considerando que as horas "in itinere" são computáveis na jornada de trabalho, o tempo que extrapola a jornada legal é considerado como extraordinário e sobre ele deve incidir o adicional respectivo
Horas in itinere e a reforma trabalhista
Art. 4º, p. 2º, CLT:  Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1o do art. 58 desta Consolidação, quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras:
I - práticas religiosas;                
II - descanso;               
III - lazer;              
IV - estudo;               
V - alimentação;               
VI - atividades de relacionamento social;          
VII - higiene pessoal;                
VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa.   
Suspensão do contrato de trabalho
Não há obrigatoriedade da prestação de serviço
Não há remuneração
O tempo de serviço não é computado.
Conceito: A suspensão do contrato de trabalho consiste na hipótese de cessação temporária da prestação de serviço. É a cessação temporária dos principais efeitos do contrato de trabalho. O vínculo empregatício se mantém, porém, as partes, não se submetem as principais obrigações do contrato durante a suspensão (por um lado, a obrigação de trabalhar, e de outro, a obrigação de remunerar).
Suspensão e interrupção do contrato de trabalho
Art. 471, CLT: “Ao empregado afastado do emprego, são asseguradas, por ocasião de sua volta, todas as vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a que pertencia na empresa”.
Quando falamos em suspensão do contrato, na verdade, estamos falando da suspensão dos efeitos desse contrato.
3 consequências gerais: continuidade do vínculo empregatício, direito de retornar ao emprego e a impossibilidade de extinção do contrato por ato unilateral.
Suspensão do contrato de trabalho
Em princípio, praticamente todas as cláusulas contratuais não se aplicam durante a suspensão: não se presta serviço, não se paga salário, não se computa tempo de serviço, não se produzem recolhimentos vinculados ao contrato, etc. No período suspensivo, empregado e empregador têm, desse modo, a ampla maioria de suas respectivas prestações contratuais sem eficácia. (Maurício Godinho Delgado)
Algumas obrigações se mantém, por sua própria natureza: por exemplo, a cláusula de confidencialidade.
Suspensão do contrato de trabalho
Tipos de suspensão:
1 – Motivo alheio à vontade do trabalhador: Considera o Direito do Trabalho que, em tais casos, o fator suspensivo é de tal natureza que seus efeitos contrários ao trabalhador devem ser minorados distribuindo-se os ônus da suspensão também para o sujeito empresarial da relação empregatícia.
Suspensão do contrato de trabalho
Tipos de suspensão:
2 – Suspensão por motivo lícito atribuível ao empregado: Participação em greve, encargo público não obrigatório, dentre outros posteriormente estudados.
Suspensão do contrato de trabalho
Tipos de suspensão:
2 – Suspensão por motivo lícito atribuível ao empregado: situações em que fatores em que o obreiro exerce faculdade legal ou contratual provocadora da suspensão do pacto empregatício. Por exemplo, Participação em greve, encargo público não obrigatório, dentre outros posteriormente estudados.
Suspensão do contrato de trabalho
Tipos de suspensão:
3 – Suspensão por motivo ilícito atribuível ao empregado: 
Suspensão disciplinar e suspensão para instauração de inquérito para apuração de falta grave. 
Hipóteses de suspensão do contrato de trabalho
Suspensão disciplinar (474, CLT)
Afastamento do empregado por motivos de doença ou acidente de trabalho a partir do 16º dia (nesse caso, o tempo de serviço é computado, por força do art. 4º, CLT). 
Licença não remunerada
Exercício de cargo público não obrigatório (conta tempo de serviço, art. 472, CLT)
Aposentadoria por invalidez (art. 475, CLT)
Empregado eleito para cargo de administração sindical ou de representação profissional
Hipóteses de suspensão do contrato de trabalho
Greve (via de regra)
Empregado eleito para exercer cargo de diretor (TST, sumula 269)
Afastamento para participação em curso de qualificação profissional (476-A)
Prisão
Faltas injustificadas
Serviço Militar Obrigatório (o tempo de serviço é computado para efeito de indenização, estabilidade e depósito do FGTS).
Interrupção do contrato de trabalho
Também chamada de suspensão parcial do contrato de trabalho. Não há obrigação de labor, mas o trabalhador continua a receber salários e o tempo de serviço é computado. Também fica vedada a rescisão unilateral e injustificada do contrato de trabalho.
Conceito: A interrupção é, pois, a sustação restrita e unilateral de efeitos contratuais, abrangendo essencialmente apenas a prestação laborativa e disponibilidade obreira perante o empregador. (Godinho)
Interrupção do contrato de trabalho
Não há obrigação de labor, mas o trabalhador continua a receber salários.
O tempo de serviço é computado.
Art. 473, CLT: O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário:
I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica; 
II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento;   
III - por um dia, em caso de nascimento de filho no decorrer da primeira semana; 
IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada;  
V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos têrmos da lei respectiva.  
VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas na letra "c" do art. 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar).  
Interrupçãodo contrato de trabalho
VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo. 
IX - pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro
XI - por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica
XII - até 3 (três) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de realização de exames preventivos de câncer devidamente comprovada 
Interrupção do contrato de trabalho
Outras hipóteses de interrupção:
Férias (7º, XVII, CRFB/88)
Feriados (Lei 605/49)
Repouso Semanal Remunerado (7º, XV, CRFB/88)
Licença-maternidade (120 dias para a mãe e 5 dias para o pai, excetuando o programa da empresa cidadã, que permite aumento para 180 dias no caso da mãe e 20 no caso do pai)
Doença ou acidente de trabalho nos primeiros 15 dias (Lei 8.213/91)
Participação em eleições (Lei 9.504/97)
Participação como jurado (441, CPP)
Caso Concreto 9
1- João, empregado da empresa Beta, sentiu-se mal durante o exercício da sua atividade e procurou o departamento médico do empregador, que lhe concedeu 15 (quinze) dias de afastamento do trabalho para o devido tratamento. Após o decurso do prazo, João retornou ao seu mister mas, 10 (dez) dias depois, voltou a sentir o mesmo problema de saúde, tendo sido encaminhado ao INSS, onde obteve benefício de auxílio doença comum. Diante da situação, responda, justificadamente, aos itens a seguir. 
A) A quem competirá o pagamento do salário em relação aos primeiros 15 dias de afastamento? 
B) Caso o INSS concedesse de plano a João, dada a gravidade da situação, a aposentadoria por invalidez, que efeito jurídico o benefício previdenciário teria sobre o contrato de trabalho?

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