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NATHÁLIA OLIVEIRA QUEIRÓZ - Medicina UFOB Pancreatite Aguda DEFINIÇÃO É uma condição inflamatória aguda do pâncreas, causada por autodigestão tecidual pelas próprias enzimas pancreáticas; Tipos: o Pancreatite Aguda Edematosa (ou intersticial, ou “leve”) → 80-90% dos casos; apenas edema do pâncreas; curso autolimitado em 3-7 dias; Letalidade em < 1%. o Pancreatite Aguda Necrosante (ou necro-hemorrágica, ou “grave”) → 10-20% dos casos; cursa com extensa necrose parenquimatosa, hemorragia retroperitonial e quadro sistêmico grave; Evolução de 3-6 semanas; Letalidade de 30-60%. ETIOLOGIA BILIAR o Principal causa, + freq. e + importante; o + comum no sexo feminino (2:1), Obesos, Idade de 50-70 anos; o Passagem de cálculos biliares através da ampola de Vater (pequenos < 5mm) → Obstrução transitória da ampola de Vater pelo cálculo ou pelo edema gerado pela sua passagem = ↑ súbito da pressão intraductal = estímulo à fusão lisossomal aos grânulos de zimogênio = ativação da tripsina = liberaçã0 de enzimas digestivas pancreáticas ativadas no parênquima; o Investigação: Dosagem de TGO, TGP, FA, GGT e bilirrubinas (achado de colestase ou ↑ de 3x da TGO = aponta causa biliar); Dx é confirmado pela USG; Presença de cálculos na vesícula já confirma que a causa é biliar. ALCOÓLICA o O indivíduo já é etilista inveterado ( > 25g etanol/dia); o Investigação: Buscar hist. de ingesta alcoólica aguda → Ausência de litíase biliar + evento recente de alta ingesta alcoólica firma o dx. IDIOPÁTICA o 20% dos casos; o 1) Microlitíase biliar (2/3 dos casos) e 2) Disfunção do Esfíncter de Oddi (1/3 dos casos); o Investigação: dx após afastadas as demais causas. MEDICAMENTOSA o Diuréticos (furosemida e tiazídicos); Antibióticos (metronidazol, tetraciclina, sulfa- trimetropim); Imunossupressores (azatioprina, aminossalicilatos); Anticonvulsivantes (Ác. valproico, carbamazepina); e Estrógenos. o Investigação: Diante de uma PA sem causa identificada, buscar um medicamento novo, récem introduzido, com cronologia compatível com início da medicação e desenvolv. da pancreatite. AUTOIMUNE o Investigação: Achados específicos de imagem, dosagem de Acs específicos e pesquisa de IGG4. HIPERTRIGLICERIDEMIA o < 4% das Pancreatites agudas; o Pactes diabéticos mal controlados e/ou hipertrigliceridemia familiar; Pctes alcoólatras; o Investigação: TGs ↑ no contexto de dislipidemia ou nutrição parenteral total ( > 500-1000 mg/dL). HIPERCALCEMIA o Hiperparatireoidismo primário → causa rara ( < 0,5%); o Investigação: dosar Cálcio sérico e estando ele ↑, deve ser o culpado. QUADRO CLÍNICO DOR ABDOMINAL + NÁUSEAS + VÔMITOS, com grande ↓ do estado geral; A dor abdominal é epigástrica, em faixa no andar superior do abdome, com irradiação para o dorso; NATHÁLIA OLIVEIRA QUEIRÓZ - Medicina UFOB Resposta inflamatória que pode variar de intensidade, além de SIRS (Sd da Resp Inflam Sistêmica) → Se grave = Sinais de piora clínica devido à disfunção orgânica alcançada; Sinais de piora: Dispneia, Instabilidade hemodinâmica, Desidratação e Oligúria, Rebaixamento do nível de consciência. * Sinal de Cullen → Equimose periumbilical. * Sinal de Grey-Tunner → Equimose de flancos. DIAGNÓSTICO ** Presença de 2 dos 3 critérios abaixo: Dor abdominal Elevação de enzimas (amilase e lipase) TC de abdome com alterações de pancreatite Enzimas: Amilase e Lipase. Elevam-se em 6h do início da dor. É positiva um ↑ de 3x o limite superior da normalidade ( > 300). Das duas, a lipase é a mais representativa (↑ sensib e especif. e mantem-se ↑ por até 7d). TC de Abdome: Não é necessária (pcte com dor abdominal compatível e lab com alterações enzimáticas características já tem dx antes de cogitar TC). Usada na dúvida diagnóstica (se alt. + discretas e ñ dx com as enzimas; se pctes rebaixado/sedado e ñ conseguir referir a dor). Achados positivos: Edema do pâncreas e borramento da gordura adjacente + líquido livre associado. Achados de gravidade: Necrose do parênquima e coleções peripancreáticas. **OBS: Primeiro faz o dx. Após ser diagnosticada a pancreatite, deve-se buscar a causa e ver a gravidade da doença. AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE A Pancreatite é classificada em LEVE, MODERADA ou GRAVE. o LEVE: sintomas típicos SEM disfunção orgânica ou complicações locais; Pcte em bom estado geral, FC normal, SpO2 normal, dor abdominal leve/moderada e SEM sinais de peritonite, diurese preservada e lab com Cr e Ht normais; Exs de imagem normais (TC e Rx), se realizados. o MODERADAMENTE GRAVE: Apenas 1 disfunção orgânica, com duração de < 48h e/ou complicações locais (necrose, pseudocito, coleções peripancreáticas, etc); o GRAVE: Uma disfunção orgânica que persiste por > 48h, ou múltiplas disfunções orgânicas. Alt que indicam disfunção orgânica, e potencial pancreatite moderada/grave: Regular/Mau estado geral, Taquicardia, Dessaturação, Dor abdominal intensa e/ou sinal de peritonite, e Oligúria; Piora e intensificação progressiva da dor; Lab com leucocitose importante, Ht > 44% ou crescendo, Cr > 1,8 e PCR > 150; Imagem → Derrame pleural e Infiltrado Pulm. indicando disfunção pneumológica; Necrose de parênquima ou coleções peripancreáticas. DX DIFERENCIAL Afastar doenças que cursam com intensa dor abdominal aguda: 1. Doença péptica/ Úlcera perfurada; NATHÁLIA OLIVEIRA QUEIRÓZ - Medicina UFOB 2. Colelitíase, Coledocolitíase, Colecistite aguda; 3. Isquemia mesentérica; 4. Obstrução intestinal aguda; 5. IAM inferior/Dissecção aórtica abdominal; 6. Gravidez Ectópica. TRATAMENTO Abordagem Inicial: Estabilização clínica → JEJUM + HIDRATAÇÃO VENOSA VIGOROSA + ANALGESIA + ANTIEMÉTICOS O2 e medidas de SUPORTE AVANÇADO DE VIDA (Intubação, ventilação mecânica, drogas vasoativas, monitorização do débito urinário, hemodiálise, etc.), dependendo da gravidade e repercussões. Ambiente: LEVE podem ficar em enfermaria; MODERADOS/GRAVES são levados para Intensivo. Primeira Semana: NÃO existe tto específico! O tto inicial é mantido enquanto se aguarda auto resolução do quadro. Se melhora, as medidas vão sendo gradualmente retiradas; Espera-se sinais de melhora em 3 dias e resolução em 7; Dieta → Introduzida o + precoce possível (VO é escolha); Hidratação EV → guiada pelo débito urinário (alvo: > 0,5 - 1,0 ml/kg/h). **OBS: NÃO SE FAZ ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM PANCREATITE!!!! Se NÃO houver melhora em 3 dias de curso com o tto adequado, pode ser que haja algo promovendo manutenção do estado inflamatório, como uma coleção peripancreática Está indicada uma TC de abdome!! Se COLEÇÃO TTO conservador incialmente + vigilância ativa p/ possível infecção. Se PIORA do paciente após 7 dias de tto, suspeita-se de necrose do pâncreas como causa da SIRS reativada Investigar com uma TC!! Conduta conservadora inicialmente + atenção p/ infecção do material necrótico. Após 0 10º - 14º dia de curso da doença -> Pcte sujeito à complicações infecciosas locais (infecção da necrose e/ou da coleção peripancreática). Infecções Suspeita pela piora clínica tardia e Dx pela TC com presença de gás/bolhas em meio ao material necrótico. TTO NECROSE PANCREÁTICA INFECTADA: 1. Tto conservador com ATB (Meropenem – carbapnêmicos); 2. Drenagem percutânea ou endoscópica transgástrica se falha na terapia conservadora inicial em 48h; 3. Drenagem cirúrgica minimamente invasiva se falha da percutânea ou endoscópica; 4. Necrosectomia pancreática aberta Se ausência de resp às terapias anteriores ( Tem ↑ morbimortalidade). COMPLICAÇÕES PROCEDIMENTOS E INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS: Se COLANGITE: CPRE → Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica; Feita se Colangite + Pancreatite aguda biliar; A infecção na pancreatite aguda complicada é um evento TARDIO!! Indicaçõesde TC na Pancreatite: 1) Na admissão se dúvida no Dx; 2) Ausência de melhora clínica em 72h de tto (pesquisa de coleções); 3) Piora clínica após 7d de tto (pesquisa de necrose); 4) Piora clínica após 10-14d (pesquisa de infecção da necrose). NATHÁLIA OLIVEIRA QUEIRÓZ - Medicina UFOB Manifesta-se por agravamento do pcte com Icterícia ascendente + piora colestásica lab (FA, GGT, TGO, TGP e bilirrubina direta). Se COMPLICAÇÃO INFECCIOSA LOCAL: Se Infecção de coleções, pseudocistos ou Necrose pancreática; PUNÇÃO POR AGULHA FINA → p/ pesquisa de infecção em coleção ou material necrótico, qnd dúvida dx da infecção. Cultura do material aspirado = padrão-ouro; DRENAGEM PERCUTÂNEA → minimamente invasiva; alt à intervenção cirúrgica; 1ª abordagem em infecção de coleção ou necrose pancreática. Indicada em complicações infecciosas locais q ñ resp ao tto conservador. DRENAGEM ENDOSCÓPICA → via transgástrica. Mesma lógica da percutânea. DRENAGEM CIRÚRGICA MINIMAMENTE INVASIVA → Pode ser por videolaparoscopia. Via de drenagem + efetiva e + invasiva q as anteriores. NECROSECTOMIA CIRÚRGICA → Indicada em necroses infectadas que ñ resp ao Meropenem nem à drenagem radiointervencionista. Quando fazer CIRURGIA no manejo da PA? NECROSE PANCREÁTICA INFECTADA Manejo Conservador e vai pesquisar se é infecção mesmo; Não confirmou? Suspender ATB Confirmou? Mantém ATB 1 a 3 pontos: LEVE 4 a 6 pontos: MODERADA 7 a 10 pontos: GRAVE NATHÁLIA OLIVEIRA QUEIRÓZ - Medicina UFOB Aguarda 24-48h com o ATB. Respondeu? Ótimo; Não Respondeu??? INTERVIR Intervenções: Drenagem Percutânea Necrosectomia (Somente se a drenagem percutânea não resolver, pq tem alta morbidade) PSEUDOCISTO PANCREÁTICO Coleção “encistada” de suco pancreático fora do pâncreas; Líquido livre peripancreático que se “organizou” em uma carapaça = Pseudocisto pancreático CLÍNICA: Variada, Assintomático; Sangramento, Infecção DX: Massa palpável; Imagem (lesão de paredes espessas e conteúdo líquido) TTO: conservador, expectante (se assintomáticos); Sintomáticos faz Derivação Cistogástrica por EDA OU Derivação Cistogástrica cirúrgica OU Derivação cistojejunal cirúrgica Urgência : Drenagem percutânea (guiada por ex de imagem). OBS: Falam a favor de intervenção -> Tamanho > 6cm; Comunicação Wirsung; Jovens (RELATIVO) NECROSE DE PAREDES ESPESSADAS Necrose que sofreu liquefação e se “encista”; Necrose pancreática velha se “organiza” numa necrose com líquido dentro e parede inflamatória ao redor; DX: Massa palpável + imagem (coleção densa de paredes espessadas) TTO: Assintomáticos faz Conservador, Expectante; Sintomáticos -> Derivação Cistogástrica (EDA) OU Cistogástrica (Cir) OU Cistojejunal (Cir) Urgência: Drenagem percutânea CLECISTECTOMIA PÓS PANCREATITE Momento: Mesma internação! Quando houver Resolução do quadro; Av de Resolução -> Clínica!! (Bom Estado geral, Estabilidade, Controle da dor com analgésico simples, Boa aceitação da dieta) ATRASO DA COLECISTECTOMIA: 6 semanas; Graves (Requer recuperação); Necrose, Líquido livre -> Esperar isso se “Organizar” Risco de coledocolitíase Risco moderado -> Colangiografia nesse pacte -> RM no pré-op ou contrastação direta intraop. CPRE?? Só se presença de Coledocolitíase ou Colangite
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