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CASO CLÍNICO PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO (DIABETES MELLITUS (DM) COM HIPERTENSÃO ARTERIAL (HA)

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CASO CLÍNICO – PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO (DIABETES MELLITUS (DM) 
COM HIPERTENSÃO ARTERIAL (HA). 
 
 IDENTIFICAÇÃO – S.D. gênero feminino, 55 anos, obesa, afrodescendente, natural e 
residente em Porto Alegre, casada, empregada doméstica, encaminhada por seu 
médico generalista. QUEIXA PRINCIPAL – tonturas e mal estar geral. 
 HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL - Paciente refere ter Hipertensão Arterial (HA) 
diagnosticada aos 38 anos de idade, desde então, realiza tratamento irregular com 
Hidroclorotiazida 50 mg/dia e Propranolol 80mg 8/8h, mantendo níveis pressóricos 
geralmente acima de 150/100 mmHg, segundo relatório de seu médico. Há 60 dias, 
realizou glicemia de jejum: 186 mg/dl, a qual foi repetida há 30 dias, obtendo o resultado 
de 194 mg/dl. Não sabia ser diabética até então, porém, há 3 anos, lembra que outro 
médico dissera-lhe que “tinha uma glicose no sangue um pouco alterada” (150 mg/dl) e 
que o mesmo lhe orientara para “perder um pouco de peso para evitar de ficar diabética”. 
Refere não ter seguido a orientação fornecida por esse profissional por não ter 
condições econômicas para comprar “alimentos especiais”. 
REVISÃO DE SISTEMAS GERAL – sempre teve excesso de peso. Ao casar, há 20 
anos, pesava 75 kg. Aumento de peso superior a 20 Kg em todas as gestações. Peso 
estável entre 95 e 98 kg nos últimos 2 anos, pelo menos. Pele – “ressecamento 
importante em pés” com calosidades. Cabeça – cefaleia frequente, de localização 
occipital, que atribui à “pressão alta”. Olhos – não usa lentes, nem óculos. Refere visão 
turva há pelo menos 6 meses. Refere enxergar “pontos luminosos” e “faíscas” 
frequentemente. 
 Ouvidos – zumbidos, sensação de tonturas ao levantar-se rapidamente. 
Nariz e seios paranasais: epistaxes esporádicas, que atribui “à pressão sempre 
descontrolada”. Boca e garganta – Afrouxamento de peças dentárias nos últimos 3 
meses. Cardiovascular – “cansaço” aos grandes esforços, como caminhar em 
lombadas e subir escadas. Nega dor torácica. Respiratório – tosse crônica, produtiva, 
geralmente com secreção hialina. Gastrointestinal – Refere muita sede e muita fome, 
com perda de peso, hábito intestinal regular, 1x/dia, fezes de aspecto normal. Urinário 
– há seis meses, passou acordar 2 vezes à noite para urinar (até então, no máximo, 
duas vezes por noite, ocasionalmente), que atribui ao uso do diurético. Notou aumento 
da frequência e do volume urinários durante o dia. Refere “urina de cheiro forte e 
espumosa” nos últimos 8 meses. Genital – menarca aos 11 anos, ciclos menstruais 
regulares, 30/05 dias, fluxo normal. 4 gestações, 4 partos normais, todos a termo. Nesta 
última gestação, há quatro anos, refere ter sido diagnosticado ”pressão alta”. Tem 
prurido vulvar recorrente nos últimos 3 meses. Músculo – esquelético – cãibras em 
panturrilhas, principalmente à noite, mais frequentemente nos últimos 3 meses. 
Neurológico – sensação de formigamento nos artelhos. 
Endócrino – Refere sintomas sugestivos de hiperglicemia, como aumento da frequência 
da noctúria nos últimos 6 meses, frequência e volume urinários, polifagia, polidipsia e 
perda de peso. 
HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA – Sarampo e varicela da infância, sem complicações. 
Imunizações – não lembra. Hepatite viral aguda aos 30 anos de idade. Apendicectomia 
aos 12 anos de idade. Medicações em uso – Hidroclorotiazida 50 mg/dia; Propranolol 
80 mg 8/8 h. Refere uso irregular dos medicamentos para HA, fazendo uso geralmente 
quando tem tonturas ou cefaleia. Justifica dizendo que “frequentemente, a farmácia do 
posto não tem os remédios que ela usa. ” Hábitos – sedentária (“não tem tempo para 
praticar exercícios”); nunca se preocupou com o peso (“é gorda de família e come de 
tudo”). Usa cerveja dada por seu patrão com frequência (“pelo menos 3 vezes por 
semana”) e fuma cigarros há mais de 20 anos, em média 30 cigarros por dia. 
HISTÓRIA FAMILIAR – Pai falecido aos 52 anos, por “enfarte”. Mãe viva, 65 anos, com 
diabetes e “pressão alta”, com sequela de “derrame”. Três irmãs, mais velhas, todas 
com diabetes e “pressão alta”. Vários casos de diabetes na família materna. Vários 
casos de HAS na família paterna e materna. 
HISTÓRIA PSICOSOCIAL – Marido com 48 anos, desempregado, “vive de biscates”, 
filhos com boa saúde, seu grau de instrução é 1º grau incompleto, sempre trabalhou 
como empregada doméstica, desde os 18 anos, e recreação não têm (“é coisa para 
ricos”). 
IMPRESSÃO DA PACIENTE – Desconhece a importância de seus problemas de saúde 
(HAS, DM, obesidade) e a relação entre eles. Acha que “não são problemas sérios, 
porque muita gente tem os mesmos problemas e a maioria não trata regularmente.” 
EXAME FÍSICO – Altura: 1,60 m, peso: 88 kg, IMC – 34,37. Circunferência abdominal: 
102 cm, temperatura axilar de 36,2 ºC, pulso radial de 74 bpm, frequência cardíaca de 
76 bpm, frequência respiratória de 26 mpm, pressão arterial de 175/125mmHg. Aspecto 
geral – obesa, com distribuição centrípeta da gordura, especialmente ventral. Pele – 
ressecamento importante em pés “com calosidades”. Anexos da pele – onicólise em 
várias unhas dos pés. Olhos – diminuição da acuidade visual para longe. Fundoscopia: 
estreitamento arteriolar generalizado; microaneurismas longe da mácula. Boca e 
orofaringe – ausência de várias peças dentárias (molares e pré-molares); incisivos 
centrais inferiores e superiores frouxos. Pescoço – tireoide impalpável. Sem sopro 
carotídeo, bilateralmente. Tórax – mamas sem alterações. Apresenta dispneia aos 
médios esforços. Aparelho cardiovascular – ictus invisível, palpável, propulsivo, para 
fora da linha hemiclavicular esquerda. Ritmo regular, dois tempos, 72 bpm, com sopro 
sistólico 1+/4 em foco mitral, sem irradiação. Abdome - globoso; sem alterações 
detectáveis ao exame. Membros inferiores – edema 1+/4, bilateral. Varizes em ambos 
os membros inferiores. Pulsos pediosos palpáveis, assimétricos 2+/4 à direita e 1/4+ à 
esquerda. Demais sistemas sem alterações. Exames: Ureia de 46 mg/dl (6 – 20mg/dl); 
creatinina 2,4 mg/dL (0,6 – 1,1 mg/dL); Sódio: 148 mEq/L (135 – 145 mEq/L); Potássio: 
5,4 mEq/L (3,5 – 5,2 mEq/l); Hemoglobina glicosilada de 9,8 %; glicemia em horário 
aleatório de 320 mg/dL. Solicitado internação. Solicitado glicemia de jejum, teste de 
intolerância à glicose, urina I e urina de 24 h. 
 
 
 
 
QUESTÕES: 
 1. Qual o tipo do Diabetes apresentada por esta paciente? Justifique a sua 
resposta. 
Resp: Esta paciente apresenta DM tipo II, justificada pela idade em que o diagnóstico 
foi promovido (49 anos de idade e confirmação aos 55 anos), a presença de fatores 
importantes para a resistência periférica à insulina e redução da função da insulina, tais 
como: obesidade centrípeta, história familiar (primeiro grau) do DM, a própria história de 
HA. No diabetes tipo 2, o organismo produz insulina, mas ela não exerce a função 
adequada. Isso acontece por que: 
 As células beta do pâncreas produzem insulina, mas não o suficiente para reduzir o 
nível glicêmico plasmático e produzir a energia que o corpo necessita. Por resistência 
à insulina, em que as células do corpo não funcionam corretamente, por isso não 
conseguem captar a insulina e manter a glicose controlada. 
 O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) corresponde a 90 a 95% de todos os casos de DM. 
Possui etiologia complexa e multifatorial, envolvendo componentes genético e 
ambiental. Geralmente, o DM2 acomete indivíduos a partir da quarta década de vida, 
embora se descreva, em alguns países, aumento na sua incidência em crianças e 
jovens. Trata-se de doença poligênica, com forte herança familiar, ainda não 
completamente esclarecida, cuja ocorrência tem contribuição significativa de fatores 
ambientais. Dentre eles, hábitos dietéticos e inatividade física, que contribuem para a 
obesidade, destacam-se como os principais fatores de risco. 
 O desenvolvimento e a perpetuação da hiperglicemiaocorrem concomitantemente com 
hiperglucagonemia, resistência dos tecidos periféricos à ação da insulina, aumento da 
produção hepática de glicose, disfunção incretínica, aumento de lipólise e consequente 
aumento de ácidos graxos livres circulantes, aumento da reabsorção renal de glicose e 
graus variados de deficiência na síntese e na secreção de insulina pela célula 
pancreática. Sua fisiopatologia, diferentemente dos marcadores presentes no DM1, não 
apresenta indicadores específicos da doença. Em pelo menos 80 a 90% dos casos, 
associa-se ao excesso de peso e a outros componentes da síndrome metabólica. 
Na maioria das vezes, a doença é assintomática ou oligossintomática por longo período, 
sendo o diagnóstico realizado por dosagens laboratoriais de rotina ou manifestações 
das complicações crônicas. Com menor frequência, indivíduos com DM2 apresentam 
sintomas clássicos de hiperglicemia (poliuria, polidpsia, polifagia e emagrecimento 
inexplicado). Embora a cetoacidose diabética seja rara como manifestação inicial do 
DM2, tem-se observado aumento no número desses casos na abertura do quadro. 
Os consagrados fatores de risco para DM2 são: 
 história familiar da doença, avançar da idade, obesidade, sedentarismo, diagnóstico 
prévio de pré-diabetes ou diabetes mellitus gestacional (DMG) e presença de 
componentes da síndrome metabólica, tais como hipertensão arterial e dislipidemia. 
A distribuição da adiposidade corporal mais comumente associada ao risco de DM2 é a 
central, indicativa de acúmulo de gordura visceral. Esse tecido hipertrofiado produz 
citocinas pró-inflamatórias e gera resistência à insulina, envolvida na gênese do DM2 e 
de suas comorbidades. 
É mandatório para indivíduos com sinais e sintomas coleta de exames para confirmação 
diagnóstica de DM2. Ainda que assintomáticos, a presença de fatores de risco já impõe 
rastreamento para diagnóstico precoce. 
DIABETES TIPO I? 
O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune, poligênica, decorrente de 
destruição das células β pancreáticas, ocasionando deficiência completa na produção 
de insulina. Estimase que mais de 30 mil brasileiros sejam portadores de DM1 e que o 
Brasil ocupe o terceiro lugar em prevalência de DM1 no mundo, segundo a International 
Diabetes Federation. 
Embora a prevalência de DM1 esteja aumentando, corresponde a apenas 5 a 10% de 
todos os casos de DM. É mais frequentemente diagnosticado em crianças, adolescentes 
e, em alguns casos, em adultos jovens, afetando igualmente homens e mulheres. 
Subdivide-se em DM tipo 1A e DM tipo 1B, a depender da presença ou da ausência 
laboratorial de autoanticorpos circulantes, respectivamente. Diabetes mellitus tipo 1A 
Forma mais frequente de DM1, confirmada pela positividade de um ou mais 
autoanticorpos. Em diferentes populações, descreve-se forte associação com antígeno 
leucocitário humano (human leukocyte antigen, HLA) DR3 e DR4. Embora sua 
fisiopatologia não seja totalmente conhecida, envolve, além da predisposição genética, 
fatores ambientais que desencadeiam a resposta autoimune. Entre as principais 
exposições ambientais associadas ao DM1 estão infecções virais, componentes 
dietéticos e certas composições da microbiota intestinal. 
Os marcadores conhecidos de autoimunidade são: anticorpo anti-ilhota (islet cell 
antibody, ICA), autoanticorpo anti-insulina (insulin autoantibody, IAA), anticorpo 
antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD65), anticorpo antitirosina-fosfatase IA-
2 e IA-2B e anticorpo antitransportador de zinco (Znt8). Geralmente, esses 
autoanticorpos precedem a hiperglicemia por meses a anos, durante um estágio pré-
diabético. Quanto maior o número de autoanticorpos presentes e mais elevados seus 
títulos, maior a chance de o indivíduo desenvolver a doença. 
Na fase clinicamente manifesta do DM1, o início é, em geral, abrupto, podendo ser a 
cetoacidose diabética a primeira manifestação da doença em um terço dos casos. 
Embora a maioria dos pacientes com DM1 tenha peso normal, a presença de sobrepeso 
e obesidade não exclui o diagnóstico da doença. 
 O DM1 é bem mais frequente na infância e na adolescência, mas pode ser 
diagnosticado em adultos, que podem desenvolver uma forma lentamente progressiva 
da doença, denominada latent autoimmune diabetes in adults (LADA). Na prática 
clínica, não se recomenda rotineiramente a investigação de autoimunidade com 
dosagem dos auto anticorpos. 
 Diabetes mellitus tipo 1B: A denominação 1B, ou idiopático, é atribuída aos casos de 
DM1 nos quais os auto anticorpos não são detectáveis na circulação. 
 O diagnóstico apresenta limitações e pode ser confundido com outras formas de DM 
diante da negatividade dos autoanticorpos circulantes, de modo concomitante com a 
necessidade precoce de insulinoterapia plena. As recomendações terapêuticas são as 
mesmas do DM tipo 1A e não há evidências de riscos distintos para as complicações 
crônicas entre os subtipos. 
2. Quais os fatores de risco para o desenvolvimento do tipo de DM apresentada pela 
paciente, considerando os dados de história clínica e exame físico? 
Resp: Dados da história clínica – Idade - 55 anos, obesidade e inadequação alimentar 
(sempre teve excesso de peso - nunca se preocupou com o peso (“é gorda de família e 
come de tudo”), etnia - afrodescendente, Hipertensão Arterial (HA) com tratamento 
irregular com Hidroclorotiazida 50 mg/dia e Propranolol 80mg 8/8h, mantendo níveis 
pressóricos geralmente acima de 150/100 mmHg, sedentária ( “não tem tempo para 
praticar exercícios”);. Etilismo - Usa cerveja dada por seu patrão com frequência (“pelo 
menos 3 vezes por semana”), tabagismo - fuma cigarros há mais de 20 anos, em média 
30 cigarros por dia. Predisponência familiar - Mãe viva com diabetes e “pressão alta”, 
com sequela de “derrame”. Três irmãs, mais velhas, todas com diabetes e “pressão 
alta”. Vários casos de diabetes na família materna. Vários casos de HA na família 
paterna e materna. Estresse - recreação não têm (“é coisa para ricos”). Nível sócio 
econômico - desconhece a importância de seus problemas de saúde (HA, DM, 
obesidade) e a relação entre eles. Acha que “não são problemas sérios, porque muita 
gente tem os mesmos problemas e a maioria não trata regularmente.” Exame Físico: 
IMC – 32,89. Circunferência abdominal: 102 cm. Pressão Arterial de 175/115mmHg. 
Aspecto geral – obesa, com distribuição centrípeta da gordura, especialmente ventral. 
3. A circunferência da cintura é um dos principais indicadores antropométricos de 
resistência à insulina. Qual a importância desta medida e como orientá-la para 
realização em nível domiciliar? 
Resp: A importância da medida da circunferência abdominal justifica-se pela 
necessidade de controle e redução da obesidade centrípeta da qual esta paciente 
apresenta, uma vez que a obesidade abdominal ou central (não subcutânea) está 
estreitamente associada à comorbidades metabólicas como resistência à insulina, 
diabetes, hipertrigliceridemia, redução da fração HDL- c e hipertensão arterial sistêmica, 
situações as quais aumentam o risco cardiovascular. Com advento da tomografia 
computadorizada foi possível avaliação minuciosa do tecido adiposo na região 
abdominal. Mesmo em indivíduos considerados eutróficos de acordo com o Índice de 
Massa Corporal, o acúmulo excessivo de tecido adiposo visceral foi associado à 
resistência à insulina e intolerância à glicose que estão associados ao aumento no risco 
de diabetes tipo II (adquirida na vida adulta), hipertrigliceridemia e redução nos níveis 
da fração HDL-c. Outras evidências acumuladas mostram que a ocorrência dessas 
alterações - resistência à insulina e alterações lipídicas - está também associada a 
alterações em variáveis hemostáticas as quais contribuiriam para aumento do risco de 
eventos aterotrombóticos. Valores de Referência Tem sido sugerido que um acúmulo 
de gordura visceral superiora 130cm2 está associado em ambos os sexos ao aumento 
das anormalidades metabólicas. Abaixo estão os valores de referência: Circunferência 
abdominal Homens - 94 cm ³ 102 cm3 Mulheres - 80 cm ³ 88 cm3 Para a sua 
mensuração requer as seguintes orientações: 
COMO ORIENTAR - A medida deve ser feita com fita métrica inelástica, 
preferencialmente após expiração. Considera-se a circunferência abdominal a distância 
média entre a última costela e o topo da crista ilíaca. Deve ser colocada a fita métrica 
no ponto médio encontrado e ou sobre a cicatriz umbilical, ou dois dedos acima da 
cicatriz umbilical, contornando todo abdome mantendo a fita métrica justa, sem apertar. 
O valor obtido corresponde à circunferência abdominal. Na mulher deve ser mantido 80 
cm ³ / 88 cm3 
4. Quais as comorbidades (complicações) associadas ao DM e a HA apresentadas por 
esta paciente? Quais os dados da anamnese e do exame físico as justificam? 
RESP: As Comorbidades associadas ao DM e HA apresentadas por esta paciente são: 
(Ao DM) - NEUROPATIA DIABÉTICA - “ressecamento importante em pés” com 
calosidades, zumbidos, sensação de tonturas ao levantar-se rapidamente. Cãibras em 
panturrilhas, principalmente à noite, mais frequentemente nos últimos 3 meses. 
Sensação de formigamento nos artelhos, fugazes. 
(Ao DM e HAS) - RETINOPATIA – Refere visão turva há pelo menos 6 meses. Refere 
enxergar “pontos luminosos” e “faíscas” frequentemente. Diminuição da acuidade visual 
para longe. Fundoscopia: estreitamento arteriolar generalizado; microaneurismas longe 
da mácula. 
(HAS) INSUFICIÊNIA VENTRICULAR ESQUERDA – epistaxes esporádicas, “cansaço” 
aos grandes esforços, como caminhar em lombadas e subir escadas. Tosse crônica, 
produtiva, geralmente com secreção hialina. Ictus propulsivo, para fora da linha 
hemiclavicular esquerda. Sopro sistólico 1+/4 em foco mitral. Membros inferiores – 
edema 1+/4, bilateral. Pulsos arteriais palpáveis, simétricos, 2+/4. Nicturia. 
(Ao DM) PÉ DIABÉTICO NEUROISQUIÊMICO - COMPONENTE NEUROPÁTICO: 
“ressecamento importante em pés” com calosidades, onicólise em várias unhas das 
mãos e pés. COMPONENTE ISQUÊMICO: edema 1+/4, bilateral. Pulsos arteriais 
palpáveis, assimétricos 2+/4. 
5. Quais os critérios laboratoriais para diagnóstico de normoglicemia, pré-diabetes e 
DM, adotados pela Sociedade Brasileira de Diabetes, considerando a glicose em jejum, 
a glicose 2 horas após sobrecarga com 75 g de glicose e a HbA1c? 
As categorias de pré-diabetes, além de conferirem risco aumentado para 
desenvolvimento de DM, também estão associadas a maior risco de doença 
cardiovascular e complicações crônicas. Os critérios diagnósticos para DM1 são 
semelhantes aos utilizados no DM2. No primeiro caso, porém, comumente a 
sintomatologia já chama muito mais a atenção do clínico do que no segundo caso. 
6. Esta paciente apresentou o diagnóstico de Hipertensão Arterial primária. Sabendo 
que temos a hipertensão arterial primária e secundária, qual a diferença entre ambas? 
Avaliando o valor pressórico identificado no caso, qual o estágio da HA apresentado 
pela mesma? 
Hipertensão arterial primária A hipertensão arterial primária, essencial, ou idiopática, é 
a forma mais comum de hipertensão, contabilizando 90 a 95% de todos os casos da 
doença. Em praticamente todas as sociedades contemporâneas a pressão arterial 
aumenta a par do envelhecimento, o que é fisiológico e relacionado com o aumento de 
rigidez da parede arterial. 
A hipertensão essencial é consequência de uma interação complexa entre genes e 
fatores ambientais nomeadamente o consumo de sal. Entre os maus hábitos que 
contribuem para o aumento da pressão arterial estão o consumo de muito sal na dieta. 
Ainda não é conclusiva a possível influência de outros fatores como o stress, o consumo 
de cafeína ou a insuficiência de vitamina D. Pensa-se que a resistência à insulina, 
comum em casos de obesidade e um dos componentes da síndrome metabólica, 
contribua também para a hipertensão. Investigações recentes têm vindo a 
responsabilizar alguns acontecimentos ocorridos durante o início da vida, como o baixo 
peso à nascença, o tabagismo durante a gravidez e a ausência de amamentação 
considerando-os fatores de risco para a hipertensão primária na idade adulta, embora 
os mecanismos exatos dessa relação continuem por esclarecer. A Hipertensão arterial 
secundária A hipertensão arterial secundária é consequência de uma causa 
identificável. As doenças renais são a causa mais comum de hipertensão secundária, 
ocupando lugar de destaque a estenose da artéria renal, a par de transtornos endócrinos 
como o síndrome de Cushing, o hipertiroidismo, o hipotiroidismo, a acromegalia, o 
síndrome de Conn ou hiperaldosteronismo primário, ohiperparatiroidismo e tumores 
como os para-gangliomas e Os feocromocitomas. Na coartação da aorta a hipertensão 
arterial existe unicamente acima do nível da coartação, havendo hipotensão nos 
membros inferiores. Entre as outras possíveis causas encontra-se a obesidade, a 
apneia do sono, a gravidez, o consumo excessivo de alcaçuz e o uso de determinados 
medicamentos tais como: Corticóides: Mineralocorticóides, Glicocorticóides, Esteróides 
sexuais. 
 Anti-inflamatórios não esteróides, Drogas de ação sobre o sistema nervoso simpático: 
Glucagon, Cocaína, Anorexígenos, Descongestionantes, Antitússicos, Sibutramina, 
Bromocriptina, Clozapina, Dissulfiran, Ioimbina Antidepressivos: Inibidores da 
monoamino oxidase, Antidepressivos tricíclicos, Agonistas serotoninérgicos 
Anestésicos e Narcóticos: Quetamina, Desflurano, Naloxona, Sevoflurano Miscelânea 
(outras drogas): Ciclosporina, Tacrolimus, Eritropoietina recombinante humana 
Antirretrovirais, Etanol, Cafeína, Chumbo, Cádmio, Arsénico A hipertensão 
hipercaliémica familiar, conhecida por síndrome de Gordon ou 
pseudohipoaldosteronismo do tipo II, é uma forma muito rara de hipertensão arterial, 
autossômica dominante, caracterizada por hipercalemia, acidose metabólica com 
hipercloremia e função renal normal, tendo servido de base aos os primeiros estudos 
genéticos da hipertensão arterial. 
PA de 175/115mmHg – estágio 3 
7. Essa paciente fazia uso Hidroclorotiazida 50 mg/dia e Propranolol 80mg 8/8h. Qual a 
função medicamentos para a paciente? Quais os cuidados de Enfermagem na sua 
administração? 
A hidroclorotiazida (diurético tiazídicos) - destinado ao tratamento da hipertensão 
arterial. Pode ser ainda utilizado no tratamento dos edemas associados com 
insuficiência cardíaca congestiva, cirrose hepática e com a terapia por corticosteroides 
ou estrógenos. Também é eficaz no edema relacionado a várias formas de disfunção 
renal, como síndrome nefrótica, glomerulonefrite aguda e insuficiência renal crônica. 
 É rapidamente absorvida pelo trato gastrintestinal. A ingestão concomitante de 
alimentos aumenta sua absorção (IDEAL INGESTÃO ANTES DAS REFEIÇÕES). 
 O início de ação ocorre 2 horas após sua administração, sendo de 1 a 2 ½ horas, após 
administração oral, o tempo de atingimento da concentração máxima plasmática 
(CONTROLE DA PA PARA AVALIAR A EFETIVIDADE DA MEDICAÇÃO IDEAL APÓS 
2 HORAS DO USO). 
 A ação da hidroclorotiazida persiste por aproximadamente 6 a 12 horas (TER CUIDADO 
COM SUPERDOSAGEM – NÃO USO EM TEMPO INFERIOR A 6 HORAS). 
 É excretada rapidamente pelos rins, após a administração de 25 a 100 mg, por via oral, 
cerca de 72 a 97% da dose são excretados na URINA (AVALIAR A FUNÇÃO RENAL) - 
A HIDROCLOROTIAZIDA É CONTRAINDICADA PARA OS PACIENTES COM 
ANURIA. A HIDROCLOROTIAZIDA DEVE SER USADA COM CAUTELA EM 
PACIENTES COM DOENÇA RENAL GRAVE, POIS OS TIAZÍDICOS PODEM 
PRECIPITAR O APARECIMENTO DE AZOTEMIA. Verificar quanto ao aparecimento 
de sinais clínicos de distúrbios hidroeletrolíticos, principalmente hiponatremia, alcalose 
metabólica (hipoclorêmica) e hipopotassemia. 
 Avaliação periódica doseletrólitos séricos. Sinais de advertência ou sintomas de 
desequilíbrio de fluídos e eletrólitos incluem secura na boca, sede, fraqueza, letargia, 
sonolência, dores musculares ou cólicas, fadiga, hipotensão arterial, taquicardia e 
distúrbios gastrintestinais. A hidroclorotiazida deve ser conservada em temperatura 
ambiente (entre 15° e 30°C). Proteger da luz e manter em lugar seco. Este medicamento 
possui prazo de validade de 24 meses a partir da data de fabricação. 
PROPRANOLOL 
Betabloqueador. Indicado no tratamento da hipertensão. Pode ser usado isoladamente 
ou em associação com outros agentes anti-hipertensivos, especialmente com um 
diurético tiazídico. Propranolol - cautela em pacientes com insuficiência hepática ou 
renal. Esta paciente tem uma insuficiência renal crônica. 
CUIDADOS: 
CONTROLE RIGOROSO DA PA e Pulso. A temperatura a longo prazo (pode gerar 
processos febris). 
 ORIENTAR A NÃO INTERRUPÇÃO ABRUPTA DA MEDICAÇÃO: 
A interrupção da droga pode reconduzir ao aumento da pressão intraocular. 
 ORIENTAR PARA DE INGERR BEBIDA ALCÓOLICA: O álcool etílico reduz a 
velocidade de absorção de cloridrato de Propranolol. 
 AVALIAR E ACOMPANHAR, ALÉM DE ORIENTAR O PACIENTE SOBRE POSSÍVEIS 
SINAIS DE REAÇÃO ADVERSA: Cardiovasculares, bradicardia; hipotensão; parestesia 
das mãos. Sistema Nervoso Central: depressão mental manifestada por insônia, 
fraqueza, fadiga; depressão mental reversível progredindo para catatonia; distúrbios 
visuais; alucinações, desorientação de tempo e espaço, perda temporária da memória, 
labilidade emocional, leves distúrbios sensoriais, desempenho psicomotor prejudicado. 
Gastrintestinais: náusea; vômito; dor epigástrica; cólica abdominal; diarreia; 
constipação. Alérgicas: faringite; rash eritematoso; febre associada à dor e inflamação 
da garganta; laringoespasmo; dificuldade respiratória. Respiratória: broncoespasmo. 
Hematológicas: púrpura não trombocitopênica; púrpura trombocitopênica.

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