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3Técnico em Transações ImobiliáriasTécnico em Transações Imobiliárias 1 Lei do Inquilinato – Lei nº 8.245 2 Técnico em Transações ImobiliáriasTécnico em Transações Imobiliárias2 Técnico em Transações imobiliárias Lei do Inquilinato – Lei nº 8.245 O Brasil possui uma cultura muito forte de busca pela casa própria, o que faz com que a modalidade de locação tenha uma reduzida atuação no mercado imobiliário. Vale ressaltar que essa cultura não é tão forte em países europeus, como Alemanha e França, por exemplo, onde mais de 40% da população mora de aluguel. Especula- se que nesses dois países grande parte da população dedica muito tempo ao estudo, consequentemente a entrada no mercado de trabalho acontece mais tarde para os jovens. Desta forma, a aquisição da casa própria acaba ficando para depois ou mesmo não se concretiza. No contexto brasileiro, a política dominante se caracteriza pela disseminação e valorização da propriedade privada em detrimento do aluguel, a exemplo de todos os programas de incentivo à casa própria fomentados pelo governo federal desde a década de 40. Os programas de acesso à casa própria ampliaram a ideia de que o sucesso está na aquisição do imóvel próprio. O que, para algumas pessoas, imobilizou patrimônio ou causou comprometimento financeiro. Evidenciou-se, nestas situações, que não são todas as pessoas que estão prontas para adquirir um imóvel próprio, seja por questões financeiras ou por instabilidade na vida pessoal ou profissional. Historicamente, entre 1940 e 1960, houve uma alta nos alugueis, provavelmente devido à forte urbanização e ao crescimento demográfico. Entre a década de 60 e o início dos anos 2000, o índice de imóveis alugados caiu muito. Exatamente no período de ampliação das políticas de financiamento e de crédito imobiliário. A partir de 2010 se identificou um aumento da oferta de imóveis para locação, muito em razão do custo do transporte e do trânsito caótico nas regiões metropolitanas. Esta situação fez com que as pessoas buscassem morar próximo ao local trabalho. Em razão da procura, os imóveis disponíveis para locação começaram a apresentar melhores condições de infraestrutura. A mesma tendência de 2010 veio se repetindo a partir de 2016, pois a escassez de crédito, em razão dos tempos de crise e de instabilidade no mercado de trabalho, fez com que as pessoas evitassem o comprometimento financeiro. Elas procuraram não optar por envolvimento em dívidas longas de financiamento. Esse movimento fez com que o aluguel voltasse a ser representativo no mercado imobiliário, pois, independentemente da crise, as pessoas continuam se casando, se separando, mudando de emprego e até mesmo saindo da casa dos pais. Para isso, é preciso um imóvel para moradia. O nosso país dispõe de uma lei federal, ou seja, com validade em todo o território nacional, que versa sobre os aluguéis e seus procedimentos. Essa lei deve ser observada em todas as intermediações de imóveis nesta modalidade. 3Técnico em Transações ImobiliáriasTécnico em Transações Imobiliárias 3 Breve histórico da evolução das relações locatícias e das normas que as regulamentam A legislação atinente às locações evoluiu muito ao longo dos anos. Os textos atuais representam uma construção de todas as regras que já vigoraram no nosso país. Para entendermos melhor essa construção, vamos relembrar rapidamente o histórico dessas normas. A primeira norma que regia de forma específica as relações locatícias no Brasil surgiu em 1921, por meio de um Decreto Legislativo (Decreto lei 4.403), que vigorou até 1928. Antes do referido Decreto entrar em vigor, todas as relações dessa natureza eram regidas pelo Código Civil de 1916. No ano de 1934 foi criada a “Lei das Luvas”, nome popular do Decreto-Lei nº 24.150. Nossos legisladores entenderam por bem interferir de forma mais incisiva nas relações locatícias não residenciais. O objetivo era coibir uma prática que vinha sendo propagada: os proprietários cobravam o que bem entendiam pela renovação dos contratos de aluguel, dificultando a situação dos locatários que acabavam por aceitar o valor imposto para renovação, pois precisavam proteger o fundo de comércio que já haviam construído. Essa interferência dos legisladores recaiu diretamente sobre os princípios da autonomia da vontade e da liberdade contratual, pois com esse ato houve a proteção do lado mais vulnerável da relação locatícia, sendo que até aquele momento o princípio do pacta sunt servanda (cumpra-se o contrato) era o adotado. Desde a década de 40, foram editadas em nosso país inúmeras leis transitórias/temporárias que visavam regular a desordem social gerada em razão dos efeitos das guerras no mundo e da carência de imóveis, especialmente os destinados à locação. Diante de todo esse contexto surge em 1991 a Lei do Inquilinato (Lei 8.245/1991), a qual agrega todo o aprendizado obtido pelos nossos legisladores ao longo dos anos. A lei nº 8.245/1991, conhecida como lei do Inquilinato, é a lei que atualmente regulamenta de forma específica todo o mercado de aluguéis residenciais e comerciais. É importante o conhecimento do seu texto por parte daqueles que são responsáveis por intermediar as negociações imobiliárias dentro do mercado imobiliário, entre eles o corretor de imóveis. 2 Técnico em Transações ImobiliáriasTécnico em Transações Imobiliárias4 Técnico em Transações imobiliárias Essa lei é relativamente antiga, pois é datada de 1991, então, muitas coisas foram modificadas desde este ano no mercado imobiliário. Para acompanhar as mudanças ocorridas, no ano de 2009, entrou em vigor a lei nº 12.112/2009 que alterou a lei nº 8.425/1991 visando aperfeiçoar as regras e procedimentos pertinentes às locações de imóveis urbanos. Essa alteração, segundo os especialistas, foi fundamental para melhorar e simplificar procedimentos importantes nas relações locatícias, mas vale ressaltar aqui que não se trata de uma nova lei de locações e sim de uma alteração legislativa na lei de locações vigente (lei nº 8.245/1991). Muito se especula que essa alteração na lei de locações viabilizou um aquecimento no mercado de aluguéis, pois reformulou muitas normas que trouxeram mais segurança aos proprietários. A lei de locações, logo no seu primeiro artigo, determina quais os tipos de locação que não são regidos por ela, permanecendo a normatização desses itens no Código Civil ou em leis especiais. Ou seja, não são regulados pela lei nº 8.245/1991 os seguintes casos: Locações de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de suas autarquias e fundações públicas. Locações de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos. Locações de espaços destinados à publicidade. Locações em apart- hotéis, hotéis-residência ou equiparados, assim considerados aqueles que prestam serviços regulares a seus usuários e como tais sejam autorizados a funcionar. Arrendamento mercantil, em qualquer de suas modalidades. 3Técnico em Transações ImobiliáriasTécnico em Transações Imobiliárias 5 Assim, temos as relações locatícias tratadas de forma específica em uma lei federal que trata sobre todos os procedimentos pertinentes ao assunto. Neste material, abordamos o contexto da locação de imóveis no Brasil, o histórico das regulamentações dessa prática e alguns aspectos fundamentais da lei do Inquilinato. Outros materiais nesta unidade curricular também abordam a lei nº 8.245 como base para tratar especificamente de garantias locatícias, direito de preferência, locação de imóvel residencial, não residencial, entre outros aspectos, todos conhecimentos fundamentais para o corretor de imóveis atuar com locações.
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