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1 APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL COMO VANTAGEM COMPETITIVA - UM ENFOQUE TECNOLÓGICO - José Manoel Vidal Piñeiro1 1 José Manoel Vidal Piñeiro é Mestre em Recursos Humanos e Organização pela PUC-SP, bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade Campos Salles. Professor universitário e coordenador do curso de Administração de Empresas da FAAC. Atua como consultor. prof.vidal@terra.com.br RESUMO O presente artigo propõe uma reflexão sobre o tema aprendizagem organizacional como processo para alavancar o conhecimento nas organizações com enfoque na tecnologia. Para atingir esse propósito o artigo está fundamentado no levantamento teórico sobre a aprendizagem organizacional a influência da cultura e criação do conhecimento. A tecnologia da comunicação e da informação é abordada como elemento de integração entre a aprendizagem e o conhecimento. Palavras-chave: aprendizagem, conhecimento, tecnologia, ambiente. 1. INTRODUÇÃO Em decorrência das transformações ocorridas nas últimas décadas, a competitividade tornou-se mais acirrada e atualmente, a única certeza que temos é que muitas mudanças ainda virão, com isso, fazendo que a instabilidade ambiental venha a se constituir num dos principais desafios para as organizações. Com a alteração do ambiente organizacional, as organizações necessitam aprender a executar novas tarefas conjuntamente com as antigas de modo mais eficaz. O aprendizado deverá ser cada vez mais rápido, uma vez que a mailto:prof.vidal@terra.com.br 2 competitividade impõe uma melhoria contínua às organizações, verificando-se, com isso, que a sobrevivência das empresas depende da sua evolução. As organizações que se voltam para o aprendizado necessitam de uma abordagem que veja a organização como uma comunidade humana, cujo conhecimento coletivo representa um diferencial competitivo em relação à concorrência. Segundo uma pesquisa da Information Strategy Online, ligada à revista The Economist, 89% dos entrevistados acredita que o conhecimento é a chave para o poder dos negócios. As áreas críticas de conhecimento apontadas pelos executivos europeus são: preferências e necessidades dos clientes, desempenho da companhia, concorrência, aplicações de tecnologia, uso da informação existente, setores e nichos de mercado e regulamentações externas. Conclui-se com isso que o aprendizado organizacional, a gestão do conhecimento e a tecnologia da informação e da comunicação têm um papel fundamental como suporte ao desempenho das organizações. O presente trabalho tem por objetivo discutir a aprendizagem organizacional, focando a tecnologia como ferramenta facilitadora da disseminação do conhecimento., mesmo que, por muitas vezes, mal utilizada. Em suma a nossa pretensão é mostrar que a que a tecnologia da informação e da comunicação deve ser utilizada para facilitar as atividades essenciais na evolução da empresa, para isso faz-se necessária a adoção de processos de aprendizagem como forma de absorção cognitiva das alterações do meio ambiente. 3 ORGANIZAÇÕES DE APRENDIZAGEM Pressupostos que envolvem a aprendizagem organizacional Antes de adentrarmos na problemática que envolve a aprendizagem, a criação do conhecimento e a tecnologia cabe aqui definir o conceito de aprendizagem organizacional. Argyris (1977) define aprendizagem organizacional como o processo de “descoberta e correção de erros”. Para o autor, a principal distinção entre uma organização que aprende, e uma que não, está na reflexão. O aprendizado é, por natureza, um processo de tensão e conflito, que ocorre através da interação entre indivíduo e o ambiente, envolvendo experiências concretas, observação e reflexão, que geram uma permanente revisão dos conceitos aprendidos. Ou seja, o aprendizado é um processo e não um produto. Kim (1998, p.61) é enfático ao afirmar que “todas as organizações aprendem”. Mas o que significa uma organização “aprender”? Na opinião de Grzybovski (2000), “não se define a aprendizagem nas organizações, apenas por aquilo que as pessoas sabem e compreendem, mas também pelas aptidões, espírito colaborativo e o conjunto de crenças e valores incorporados ao longo de sua existência, manifestados pela forma de agir e pela sua conduta e não pelas suas capacidades e/ou desejos. Aprender significa mudar de atitude com o objetivo de cumprir as metas daquele que aprende, ou seja, é uma forma de ação mais efetiva”. Afirma Garvin (1993), ao discutir a definição de aprendizagem organizacional, que grande parte dos estudiosos consideram-na como um processo que se desenrola com o tempo, relacionando-a à aquisição de 4 conhecimentos e desempenho melhorado, em que as mudanças comportamentais são pré-requisitos. Senge (1998) discute a filosofia de gestão a partir da gestão da qualidade, pela qual o conhecimento incorporado em seus membros é que leva uma organização a aprender, pois ela nada mais é do que uma grande comunidade de pessoas, uma comunidade viva. É através da aprendizagem individual que se promove a aprendizagem organizacional, que está intimamente relacionada com os grandes desafios apresentados pela organização, e cujos membros são motivados a aprender por estarem comprometidos com a missão da empresa. A aprendizagem somente acontecerá no momento em que novos conhecimentos forem traduzidos em diferentes comportamentos que sejam replicáveis, ou seja, quando ocorrer uma mudança funcional de uma parte do organismo que age sobre o ambiente externo ou que mantém o intercâmbio (socialização do conhecimento), semelhante a um cérebro humano. No mesmo enfoque, Stewart, (1998), afirma que a aprendizagem organizacional é a capacidade de criar novas idéias multiplicada pela capacidade de generalizá-las por toda a empresa O processo de aprendizagem requer ações mais reflexivas. Assim, como afirma Grzybovski (2000), a existência de registros é fundamental para que a estratégia de ação possa ser socializada. A discussão sobre a forma como os indivíduos aprendem e como as organizações devem desenvolver mecanismos que favoreçam o desenvolvimento de competências, tanto individuais quanto organizacionais, é essencial à maior competitividade das empresas. O conhecimento detido somente pelos indivíduos pode ser perdido ou transferido para outras empresas. Patentes protegem um tipo de conhecimento essencial às 5 empresas, porém copiável ou transferível, e isso não basta à competitividade (Argyris e Schon apud Kim, 1998). As empresas precisam aprender a desenvolver conhecimentos não-copiáveis, para que possam se tornar organizações que aprendem. Esses conhecimentos são produzidos na complexidade das interações dos grupos sociais (rede informal) que compõem a empresa. Argote e Macgrath (1993) observam que a aprendizagem organizacional “foca como as organizações adquirem conhecimento, como ganham experiência, como esse conhecimento está nelas inserido e qual seu efeito posterior no desempenho”. Com estas bases, podemos afirmar, então, que aprendizagem organizacional é a capacidade que a organização apresenta, através do modelo de gestão adotado, de permitir que o conhecimento incorporado ou adquirido pelo indivíduo seja transmitido para outros membros dela com uma intensidade tal que esta, como um todo, tenha um conhecimento próprio, não copiável. Organizações que aprendem (learning organization) O termo organizações do aprendizado (learning organizations) se refere a um conceito discutido inicialmente por Senge (1998). A partir de um conjunto de idéias e observações decorrentes de seu trabalho no MIT, e melhor organizado posteriormente num segundo livro, Peter Senge defende que a capacidade e a velocidade do aprendizado coletivo das pessoas numa organização formam a verdadeira vantagemcompetitiva. A construção de “learning organizations”, por sua vez, se evidencia como uma decisão estratégica das mais importantes, à medida que o conceito de estratégia perde o seu caráter tradicional, determinista e de posicionamento e 6 ganha um caráter muito mais de ação e tolerância ao erro, tático, de alavancagem baseada em habilidades centrais, de formação de alianças e de incentivo à tomada de riscos. O conceito de organização do aprendizado é, por sua natureza, um eterno vir a ser. O processo é contínuo e, enquanto a empresa existir, nunca chega ao estágio final. O que acontece é a organização passar por diversos estágios, à semelhança do crescimento individual, cada um deles com suas características, valores, processos e problemas próprios. Klein (1998) indica três fatores relacionados à aprendizagem que são importantes para o seu sucesso: 1. Competências essenciais bem desenvolvidas que servem como ponto de partida para novos serviços e produtos. 2. Uma atitude que apóia a melhoria contínua na cadeia de valores agregados do negócio. 3. A capacidade de renovar ou de revitalizar fundamentalmente. O mesmo autor afirma que a natureza da aprendizagem e a forma como ela ocorre são determinadas pelas culturas e subculturas da organização. O aprendizado está se tornando o lugar comum em todas as abordagens de gestão do conhecimento. A situação ideal de aprendizado livre corresponde a uma situação ideal de equilíbrio de poder, a qual não se verifica na grande maioria das organizações. Além disso, poucas empresas são flexíveis o suficiente para aprender e crescer, mesmo se tiverem desejo disso. Embora exista muitas vezes uma retórica favorável ao auto-desenvolvimento e à autonomia e participação dos 7 empregados, muitos profissionais de RH se defrontam constantemente com resistências à mudança. Muitas empresas estão partindo para o pragmatismo: avaliando as necessidades da empresa e do indivíduo, estabelecendo metas que se pretende alcançar com o treinamento e criando indicadores quantitativos e qualitativos no final. Segundo Teixeira Filho (2000), é preciso dar responsabilidade para que cada indivíduo, equipe ou área escolha que caminhos trilhar no seu desenvolvimento. Mas é preciso dar responsabilidade sobre essas escolhas. Uma forma de avaliar é acompanhar o encarreiramento do indivíduo. Outra forma é observar a qualidade e produtividade da equipe. Outra ainda é analisar o crescimento da empresa. Mas todas são medidas de mais longo prazo. Aliás, como também é de longo prazo o processo de aprendizagem verdadeiro. Mas por mais pragmática e de curto prazo que a abordagem da empresa pretenda ser, vale lembrar que a verdadeira questão não é o que se gasta no processo de aprendizagem: é quanto uma pessoa não capacitada custa para a organização. A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL COMO FONTE DE CONHECIMENTO O conhecimento surge nas organizações à medida que interagem com seus ambientes, absorvendo e transformando informações, incluindo nestas suas experiências, valores e regras. Aprender a administrar a capacidade intelectual – o ativo mais importante que a organização possui; rever a administração de pessoas; atrair, motivar, desenvolver e reter talentos são fatores primordiais na criação do conhecimento. A geração do conhecimento pode ser feita de algumas formas, dentre elas destacamos a aquisição, a mais eficaz, onde a organização adquire outra ou 8 indivíduo que possua o conhecimento. O aluguel, outro modo de se obter conhecimento, é utilizado na forma de financiamento à pesquisa universitária, em troca do uso comercial dos resultados ou na contratação de um consultor, que embora seja temporária, tende a deixar na empresa parte do conhecimento. Outros caminhos de se gerar conhecimento são: os recursos dirigidos, na forma de unidades ou grupos; as fusões, onde, segundo Nonaka e Takeuchi (1997) reunir pessoas com experiência e conhecimento diferentes é uma das condições necessárias à criação do conhecimento. Peter Drucker, cunhou, há 4 décadas, o termo knowledge worker (trabalhador do conhecimento) e foi, provavelmente, um dos primeiros teóricos organizacionais a chamar a atenção e a avaliar as implicações para o fato de, tanto o trabalho técnico, como o não técnico serem, cada vez mais, baseados no conhecimento. Desde então, Drucker continua a destacar que se avançou muito pouco na formulação de uma teoria econômica que leve em consideração o conhecimento como principal recurso para a produção de produtos e serviços. Além disso, a própria gestão deste tipo de profissional continuaria a ser um dos principais desafios gerenciais. Reconhecendo este desafio, algumas empresas estão, entretanto, criando funções centrais como a do "Knowledge Manager" ou "Gerente do Conhecimento". Para Davenport & Prusak (1998) esta nova função envolve habilidades tanto soft, como hard, ou seja, habilidades relacionadas à implementação de uma cultura organizacional de aprendizado e habilidades relacionadas ao desenvolvimento da infra-estrutura facilitadora e é baseada em grande medida na alavancagem dos recentes avanços da informática. Esta nova 9 função, por outro lado, estaria sendo institucionalizada, na prática, de três formas distintas: 1. de forma independente, na alta administração; 2. associada à área de RH; 3. associada à área de informática. Os melhores resultados estariam sendo conseguidos pela primeira alternativa e requerem pessoas com background e experiências bastante completas e diversificadas (técnico, administração de RH e financeiro). A Codificação do Conhecimento tem por objetivo tornar acessível e aplicável o conhecimento a quem dele necessita no uso do seu trabalho. Gerentes e usuários do conhecimento podem categorizá-lo, mapeá-lo, descrevê-lo, estimulá- lo e inseri-lo em regras e receitas. Segundo Davenport & Prusak (1998), alguns princípios devem ser seguidos para uma boa codificação do conhecimento: os gerentes devem decidir a que objetivos o conhecimento codificado irá servir; os gerentes devem ser capazes de identificar o conhecimento existente nas várias formas apropriadas para atingir tais objetivos; gerentes do conhecimento devem avaliar o conhecimento segundo sua utilidade e adequação à codificação e os codificadores devem identificar um meio apropriado para a codificação e a distribuição. O projeto de codificação do conhecimento necessita de objetivos mais específicos do que simplesmente tornar o conhecimento disponível em âmbito geral. Alguns tipos de conhecimento não podem ser codificados, pelo menos por escrito, um documento não consegue reter o conhecimento. Quando falamos em retenção de conhecimento, não podemos nos esquecer do capital estrutural, isto é, o capital de propriedade da empresa. Ele pode ser reproduzido e dividido. 10 A gerência do capital intelectual gera aumento do valor para os acionistas, como exemplo podemos citar a Microsoft, cujo valor é muitas vezes superior do que os seus ativos tangíveis. O mapeamento das fontes do conhecimento demonstra onde está o conhecimento. O mapa pode ser real, um banco de dados, páginas amarelas, indica onde encontrar o conhecimento, mas não o contém. É apenas um guia, um facilitador, apontando para pessoas e documentos e bancos de dados. O mapa da a direção das cabeças que detém a solução procurada para o problema. A montagem de um mapa do conhecimento depende do conhecimento individual (fragmento do futuro mapa). O mapa final é a composição destes pequenos mapas. As estratégias para desenvolvimento do conhecimento devem ser focadas na criação de mecanismos que permitam a transferência de conhecimento entre os profissionais. O melhor modo é contratar pessoas perspicazes e deixá-las conversar entre si. As conversas que ocorrem em restaurantes, “fumódromos” oubebedouros costumam gerar transferência de conhecimento. Outros caminhos para a transferência de conhecimento são as feiras, job rotation, fóruns, treinamentos estruturados etc. A transferência espontânea e não estruturada do conhecimento é vital para o sucesso da empresa. A TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA PARA O APRENDIZADO As organizações de grande sucesso de hoje são normalmente aquelas que captam, armazenam, distribuem e utilizam informações da maneira mais eficaz. Mais do que instalações, equipamentos ou até produtos, é a 11 informação de que uma empresa dispõe e o modo como ela a utiliza que define o sucesso da organização – alguns diriam até a sobrevivência organizacional. A TI, tecnologia da informação, pode aumentar o poder e a motivação dos funcionários por propiciar-lhes as informações completas de que necessitam para realizar bem os seus trabalhos, permitindo-lhes compartilhar idéias com colegas e oferecendo- lhes oportunidades para aprender novas maneiras de fazer as coisas. Isso pode aumentar o poder intelectual da organização e permitir que a empresa passe para um nível mais alto de competitividade. O papel a ser desempenhado pela tecnologia é estratégico: ajudar o desenvolvimento do conhecimento coletivo, e do aprendizado contínuo, tornando mais fácil para as pessoas na organização compartilharem problemas, perspectivas, idéias e soluções. Para isso faz-se necessária a adoção de processos de aprendizagem como forma de absorção cognitiva das alterações do meio ambiente. A aprendizagem é, assim, um processo relacional entre indivíduos e meio, e a forma de concretização desse relacionamento se dá por meio das atividades executadas pelos indivíduos. Do modo como é utilizada nos locais de trabalho, a tecnologia da informação abrange uma gama de produtos de hardware e software que proliferam rapidamente com a capacidade de coletar, armazenar, processar e acessar números e imagens, para o controle dos equipamentos e processos de trabalho, e para conectar pessoas, funções e escritórios tanto dentro quanto entre as organizações. Para Walton (1994), quanto maior a funcionalidade de um sistema de TI, maiores níveis de aprendizado e ajustamento são necessários para sua 12 utilização, indo desde as habilidades dos operadores por meio dos procedimentos e estrutura organizacionais até os aspectos culturais. A TI é uma poderosa ferramenta para controle, concordância e aprendizagem, pois pode monitorar e registrar muitos aspectos do comportamento e desempenho. Ao prover tais dados aos supervisores organizacionais, reforça seu controle hierárquico. A mesma tecnologia pode ser utilizada para reforçar os níveis inferiores de uma organização pela expansão do acesso à informação e estendendo-a a mais pessoas. O potencial de reforço da capacidade de monitoria reside em sua habilidade de prover o retorno da informação aos usuários de uma maneira que direciona o aprendizado e a autocorreção (Walton, 1994). TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA GESTÃO DO CONHECIMENTO Utilização do conhecimento. Neste aspecto a tecnologia de informação faz efetivamente a diferença. Não adianta muito investirmos na criação do conhecimento se não houver, na organização, uma cultura de pesquisa voltada para o aproveitamento desse conhecimento. Imaginemos quantos recursos já foram despendidos na realização de seminários internos e, que fora o aspecto motivacional louvável, não se transformam numa base de conhecimentos a ser utilizada em experiências posteriores. Por outro lado, ainda que haja uma vocação organizacional para a pesquisa, ainda necessitaremos de facilidades para tal. Em suma, se toda vez que um projeto for iniciado, as equipes necessitarem mergulhar em montanhas de papéis e registros, é melhor esperar que ninguém o fará, preferindo desconsiderar as experiências já adquiridas em outras oportunidades. 13 O papel a ser desempenhado pela TI é estratégico: ajudar o desenvolvimento do conhecimento coletivo, e do aprendizado contínuo, tornando mais fácil para as pessoas na organização compartilharem problemas, perspectivas, idéias e soluções (Teixeira Filho, 2000). Para atingir esse objetivo, os profissionais de TI precisarão atentar para três aspectos essenciais: As estratégias para desenvolvimento do conhecimento devem ser focadas na criação de mecanismos que permitam aos profissionais manterem contato, e não na captura e disseminação centralizada de informação. A TI deve ser usada para facilitar a troca de experiências e o trabalho conjunto, e também para mapear e acompanhar a participação de cada um; Os esforços e iniciativas de TI para a formação de comunidades de trabalho na organização devem ser acompanhados por indicadores objetivos amplamente divulgados. O desenvolvimento de sistemas de suporte ao conhecimento deve estar claramente vinculado aos resultados globais das áreas de negócio; As ferramentas tecnológicas de suporte ao conhecimento devem ser flexíveis e fáceis de usar, dando a maior autonomia possível aos membros das comunidades de trabalho, com um mínimo de interferência da área de TI. As tecnologias principais em uso para a gestão do conhecimento são: videoconferência, redes, groupware, painéis eletrônicos e grupos de discussão, base de dados on-line, Internet, e intranets dentre as mais importantes. As tecnologias úteis para a gestão do conhecimento são aquelas que propiciam a integração das pessoas, que facilitam a superação das fronteiras entre unidades de negócio, que ajudam a prevenir a fragmentação das informações e permitem criar redes globais para o compartilhamento do conhecimento. Não 14 podemos esquecer de que a gestão do conhecimento é uma questão essencialmente de pessoas e processos. Nenhuma tecnologia substitui o pensar humano. Nesse sentido, compartilhando as idéias de Thomas Davenport, no seu livro “Ecologia da Informação”, ao afirmar que “Nenhuma empresa – inclusive a sua – alcançará uma verdadeira vantagem competitiva por intermédio da informação sem adotar, para gerenciá-las, abordagens mais voltadas para pessoas. Parece claro, dessa maneira, que a gestão do conhecimento vai além da aquisição de equipamentos de hardware e de softwares avançados”. CONCLUSÃO A transição de uma economia industrial e de serviços para uma economia do conhecimento gerou a competição pelo controle dos ativos intelectuais. Em plena "Sociedade de Informação", a qualidade e disponibilidade de talento é o fator mais crítico de sucesso das empresas e das sociedades. Mesmo do ponto de vista individual, os dois fatores principais de "qualidade de vida" são a saúde - e a educação. No séc. XXI, as empresas que florescerão são as que conseguirem ser mais competitivas, em termos de tecnologias, preços e rapidez, na 15 aprendizagem, obtenção, distribuição e assimilação de conhecimento. Este novo processo de "gestão de conhecimento" é naturalmente indissociável do resto das valências "típicas" da atividade de gestão de recursos humanos. O novo ambiente empresarial provoca a necessidade das empresas tornarem-se organizações de aprendizagem. Para isso, uma série de mudanças devem acontecer, sobretudo no perfil do administrador que atua nas organizações. Esses administradores devem ter características específicas para transformar a empresa em uma organização que aprende. Eles devem desenvolver a capacidade de aprendizagem do seu grupo de trabalho, identificando barreiras e bloqueios que podem comprometer o desempenho da empresa. Fica claro que a revolução tecnológica que estamos vivendo só é comparável com a invenção da escrita nos primeiros tempos do homem. Mais do que o advento de uma tecnologia, é o próprio homem que está se reinventando com a Internet - o desaparecimento das distâncias, a democratização do conhecimento, o domíniodo imaterial sobre o material - conduzem a transformações na nossa sociedade. A introdução de qualquer tecnologia começa por adaptar os processos e os modelos existentes aos novos conceitos e, só depois é que são reinventados conceitos totalmente novos baseados na nova tecnologia, que arrasam completamente os velhos. O mundo está cheio de exemplos de conceitos velhos adaptados à Internet - Formação à distância, videoconferência, recrutamento de pessoal etc. - mas ainda não surgiram as implementações que irão revolucionar a forma como hoje aprendemos, aplicamos o que aprendemos, contratamos competências ou avaliamos as qualificações das pessoas com quem trabalhamos. 16 Os gestores de empresa da era do conhecimento têm forçosamente de manter um profundo domínio, à escala global da empresa, da aprendizagem e do conhecimento dentro da organização, de modo a gerir eficientemente os "ativos intelectuais". Para além de sistemas que permitam a avaliação dos ativos intelectuais, os gestores necessitam de implementar tecnologias e sistemas que permitam desenvolver e melhorar competências individuais à escala global da empresa. BIBLIOGRAFIA ARGOTE, L., McGRATH, J. E. (1993). Group processes in organizations: continuity and change. In: COOPER, C. L., ROBERTSON, I. T. (Org.). 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