Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FONTES E PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Professor Rodrigo Wasem Galia Pós-Doutor em Direito PUCRS Professor Universitário Advogado FONTES DO DIREITO Direito do Trabalho Empregador X Empregado - Exigência de rentabilidade econômica da empresa (Capital); - Exigência de respeito à dignidade a pessoa do Trabalhador (Trabalho). Fontes e Princípios devem atender a esses interesses. Aplicação no DT, lembrando a aplicação subsidiaria do Direito Comum, por força do artigo 8º, § 1º da CLT. Conceito de Fonte e de Fontes jurídicas (origem das normas jurídicas) Fonte significa origem de algo, ponto de partida, nascedouro. Assim sendo, as fontes do direito representam um momento de formação e manifestação das normas jurídicas. Fontes Materiais: representam tudo àquilo que dá matéria às fontes formais. Então as fontes materiais vão servir de conteúdo para as FUTURAS normas jurídicas (são fontes pré-jurídicas). No âmbito laboral, as fontes materiais representam o momento pré-jurídico, a pressão exercida pelos operários em face do Estado capitalista em busca de melhores e novas condições de trabalho (tem relação com o nascimento das normas jurídicas). Exemplo de fonte material do Direito do Trabalho: greve dos trabalhadores em busca de novas e melhores condições de trabalho. Fontes Formais: representam as verdadeiras fontes jurídicas, isto é, apresentam roupagem jurídica e correspondem à manifestação do direito. FONTES ESPECÍFICAS DO DIREITO DO TRABALHO São fontes do DT: Fontes materiais (tensão entre o capital e o trabalho). Fontes formais específicas: 1) CF/88 (artigo 6º a 11º, 22, I, 114) – Constitucionalização do Direito do Trabalho – Grund Norm – ápice do ordenamento jurídico – DT como Direito Social (visa a proteger o empregado hipossuficiente econômico); 2) CLT; 3) Legislação esparsa trabalhista (Lei do FGTS, lei do trabalhador rural, etc.); 4) CONTRATOS INDIVIDUAIS DE TRABALHO; 5) REGULAMENTOS DA EMPRESA; 6) NEGOCIAÇÃO COLETIVA (ACORDOS E CONVENÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO); 7) DISSIDIOS COLETIVOS; 8) SENTENÇAS NORMATIVAS; 9) COSTUMES PROFISSIONAIS; 10) DOUTRINA; 11) JURISPRUDÊNCIA (SÚMULAS DO TST, por exemplo). CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES FORMAIS: FONTES FORMAIS HETERÔNOMAS OU ESTATAIS – são aquelas que decorrem dos Poderes Estatais (Poder Judiciário, Poder Executivo ou Poder Legislativo); FONTES FORMAIS AUTÔNOMAS OU EXTRAESTATAIS – são aquelas que não decorrem dos Poderes Estatais, mas sim, da vontade das partes. CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES FORMAIS: 1) CF/88; 2) CLT; 3) Legislação Esparsa Trabalhista; 4) Contrato Individual de Trabalho; 5) Regulamentos de Empresa; 6) Negociação Coletiva; 7) Dissídio Coletivo; 8) Sentença Normativa; 9) Costumes Profissionais; 10) Doutrina; 11) Jurisprudência. PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Princípios indicam o começo de algo, início. Os princípios possuem função HERMENÊUTICA e estão na base da ciência jurídica, funcionando como vetores para interpretação, sistematização e aplicação do direito. POSSUEM FUNÇÃO NORMOGENÊTICA (As normas se originam dos princípios). Os princípios buscam proteger o empregado, e limitar o poder de comando do empregador, investigando seus limites. 1) PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO OU TUTELA DO EMPREGADO É um MEGA princípio do Direito do Trabalho e tem como objetivo proteger o empregado hipossuficiente na relação de emprego, na busca da igualdade jurídica substancial entre as partes (empregado / empregador). EU PRECISO TENTAR IGUALÁ-LOS, POIS ELES SÃO DIFERENTES. SUBDIVIDE-SE EM: a) In dubio pro operario Consiste em um critério de interpretação pelo qual, entre os vários sentidos possíveis de uma norma, deve o juiz ou o intérprete do direito, optar por aquele que seja mais favorável ao empregado, com reflexos ponderáveis inclusive sob o ônus da prova. Por exemplo: artigo 130, I da CLT + a Súmula 171 do TST. b) Norma mais favorável Significa que um norma de hierarquia inferior pode prevalecer sobre uma norma de hierarquia superior, quando aquela for mais favorável ao empregado do que esta. É A CHAMADA HIERARQUIA DINÂMICA DAS FONTES DO DIREITO DO TRABALHO. EXEMPLO: CONVEÇÃO COLETIVA com FÉRIAS de 45 dias, enquanto a CF prevê 30 dias – prevalece a norma da convenção, por ser norma mais favorável. c) Condição mais benéfica É a regra do direito adquirido, ou seja, é aquele direito que já se incorporou definitivamente ao patrimônio do seu titular, assim sendo, uma determinada vantagem já conquistada não pode ser modificada, uma vez que, uma nova norma trabalhista não pode servir para diminuir os direitos já fruídos pelo empregado. OBS: As condições antigas já fruídas pelo empregado só poderão ser alteradas por novas regulamentações ou disposições GLOBALMENTE MAIS BENÉFICAS. Exemplo: Diminuição de jornadas e de salários por meio de negociação coletiva para evitar despedidas em massa de trabalhadores. ATENÇÃO: AS ÚNICAS HIPÓTESES DE FLEXIBILIZAÇÃO DE DIREITOS TRABALHISTAS REFEREM-SE A SALÁRIOS E JORNADAS DE TRABALHO (ART. 7º, incisos VI e XIII da CF/88) – podem ser reduzidos por meio de negociação coletiva. Cuidar art. 611-A da CLT (introduzido pela Lei da Reforma Trabalhista) – permite outras hipóteses de flexibilização de Direitos Trabalhistas (redução de intervalo intrajornada, grau de enquadramento da insalubridade, etc.) 2) PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE (IRRENUNCIABILIDADE) DOS DIREITOS TRABALHISTAS É enunciado como a impossibilidade de um empregado abrir mão ou renunciar de seus direitos trabalhistas (por exemplo: salário, FGTS, Férias, etc). Logo, representa uma limitação na vontade individual do empregado, para sua própria proteção – natureza pública do Direito do Trabalho – art. 9º da CLT. 3) PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO Por este princípio os contratos de trabalho tendem a ser feitos a prazo indeterminado, para segurança material e psicológica do empregado. (Tem data de inicio, mas não tem data de término o contrato individual de trabalho). Contrato de experiência (90 dias) ou com prazo determinado (máximo de 2 anos), eles devem ser feitos por escrito. CONSEQUÊNCIAS DO PRINCÍPIO: a) RUPTURA INJUSTIFICADA DO CONTRATO DE TRABALHO – CULPA PRESUMIDSA DO EMPREGADOR; b) CONCESSÃO DE AVISO PRÉVIO E RETRATAÇÃO TÁCITA DO DENUNCIANTE; c) SUCESSÃO DE EMPREGADORES (ARTIGOS 10 E 448 DA CLT). 4) PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE Por este princípio os fatos REAIS preponderam sobre os fatos FORMAIS (busca da VERDADE REAL DOS FATOS, como ocorre no Processo Penal). FUNDAMENTO LEGAL: ARTIGOS 818 DA CLT C/C 373 DO CPC, sendo este artigo aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho por força do artigo 769 da CLT. 5) Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva – art. 468 da CLT – pacta sunt servanda: Alterações das cláusulas contratuais somente nas seguintes condições: -Mútuo consentimento (bilateralidade); -Sem prejuízos diretos ou indiretos para o empregado -Caso contrário: haverá nulidade. 6) Princípios da Razoabilidade e da Boa-fé São princípios gerais de direito aplicáveis às relações de trabalho. Isso significa dizer que não são peculiares ao Direito do Trabalho, mas, devem marcar as relações sociais com o fiel cumprimento das obrigações assumidas por ambas as partes (empregador e empregado). 7) Princípio da Autodeterminação Coletiva Por este princípio, as normas coletivas (convenção e acordo coletivo de trabalho) entabuladas pelas partes têm força de lei (art. 7º, XXVI da Constituição Federal de 1988).
Compartilhar