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METODOLOGIA E CONTEÚDOS 
BÁSICOS DE GEOGRAFIA
Prof.ª Rosimar Bizello Müller
UNIASSELVI
2011
Caderno de Estudos
NEAD
Educação a Distância
GRUPO
Copyright  UNIASSELVI 2011
Elaboração:
Prof.ª Rosimar Bizello Müller
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo Da Vinci - UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
372.89
M958m Müller, Rosimar Bizello
 Metodologia e conteúdos básicos da geografia / Rosimar
 Bizello Müller. Indaial : UNIASSELVI, 2011.
 
 225 p. : il.
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-418-8
 1. Geografia - ensino
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
 Ensino a Distância. II. Título.
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
METODOLOGIA E CONTEÚDOS 
BÁSICOS DE GEOGRAFIA
APRESENTAÇÃO
Prezado(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a) ao estudo desta disciplina!
Conhecer e compreender a ciência geográfica é fundamental para que ela abarque 
seu verdadeiro propósito no âmbito escolar e social. Mas qual é esse propósito? Por que 
ensinar Geografia? Indubitavelmente, a Geografia é uma das poucas ciências que permite a 
compreensão do mundo em que vivemos. Enquanto ciência social, a Geografia se preocupa 
em compreender e entender o espaço geográfico em sua dimensão social de produção e 
transformação. 
No âmbito escolar, os principais motivos que permeiam o ensino da Geografia é 
justamente a compreensão do mundo onde estamos inseridos. É fazer a leitura de mundo. É 
conhecer e interpretar o espaço produzido (e em produção) pelo ser humano e sua relação 
com a natureza, bem como fornecer ao educando condições para sua formação à cidadania. É 
descobrir o seu mundo, tornando-o um cidadão participativo, conhecedor da (trans)formação e 
organização socioespacial, local, nacional e global, das interfaces das relações socioeconômicas, 
geopolíticas e ambientais, bem como ser consciente e crítico dos problemas globais.
 
Segundo os PCN (1997), a aquisição de conhecimentos básicos de Geografia é algo 
importante para a vida em sociedade, em particular para o desempenho das funções de 
cidadania, ou seja, cada cidadão, ao conhecer as características sociais, culturais e naturais do 
lugar onde vive, ou de outros lugares, pode comparar, explicar, compreender e espacializar as 
múltiplas relações que diferentes sociedades em épocas variadas estabeleceram e estabelecem 
com a natureza na produção e transformação de seu espaço geográfico.
Neste Caderno de Estudos, nosso intuito é que você compreenda a importância do ensino 
da Geografia no contexto escolar, em particular, nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental. 
Assim, para uma melhor compreensão, elencamos a trajetória evolutiva desta importante 
ciência, a institucionalização do ensino da Geografia, seu(s) objeto(s) de estudo(s), os caminhos 
e descaminhos do verdadeiro propósito desta ciência, o ensino frente às novas tecnologias e 
as práticas educativas no ensino da Geografia.
Esperamos que você aproveite esse estudo para conhecer a fantástica ciência e também 
compreender o verdadeiro propósito de ensinar a Geografia.
Bons estudos e sucesso na sua vida acadêmica!
Prof.ª Rosimar Bizello Müller
iii
METODOLOGIA E CONTEÚDOS 
BÁSICOS DE GEOGRAFIA
UNI
Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. 
Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus 
estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. 
Desejo a você excelentes estudos! 
 UNI
FIGURA 1 – A IMPORTÂNCIA DA GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO
FONTE: Disponível em: <http://tusgeo.blogspot.com/2009/03/olapessoal.
html>. Acesso em: 27 abr. 2011.
"O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, 
a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã". (Leonardo da Vinci).
iv
METODOLOGIA E CONTEÚDOS 
BÁSICOS DE GEOGRAFIA
SUMÁRIO
UNIDADE 1: A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA ................................................................ 1
TÓPICO 1: GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA ................................. 3
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
2 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO NA ANTIGUIDADE ............................................. 3
2.1 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO ENTRE OS POVOS PRIMITIVOS ................... 4
2.2 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO ENTRE OS POVOS ORIENTAIS .................... 5
2.3 A CONTRIBUIÇÃO DOS GREGOS E DOS ROMANOS PARA O CONHECIMENTO 
GEOGRÁFICO ............................................................................................................ 7
3 A GEOGRAFIA NA IDADE MÉDIA .............................................................................. 10
3.1 A (RE)ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO NA IDADE MÉDIA ................ 10
3.2 A CONTRIBUIÇÃO DAS GRANDES VIAGENS MEDIEVAIS NO 
 DESENVOLVIMENTO DA GEOGRAFIA ................................................................... 12
3.3 O CONHECIMENTO DO TERRITÓRIO E A EVOLUÇÃO DA GEOGRAFIA ............ 13
4 A GEOGRAFIA NOS SÉCULOS XV, XVI E XVII ......................................................... 13
4.1 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO NOS CHAMADOS TEMPOS MODERNOS ... 14
4.2 OS PRECURSORES DO CONHECIMENTO GEOGRÁFICO NOS CHAMADOS 
TEMPOS MODERNOS ............................................................................................. 15
5 A CONTRIBUIÇÃO DO CAPITALISMO NO DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA 
GEOGRÁFICA ............................................................................................................. 17
6 O SURGIMENTO DA GEOGRAFIA MODERNA E SEUS PRECURSORES .............. 19
6.1 A CONTRIBUIÇÃO DE ALEXANDRE VON HUMBOLDT ......................................... 19
6.2 A CONTRIBUIÇÃO DE KARL RITTER ...................................................................... 21
6.3 A CONTRIBUIÇÃO DE FRIEDRICH RATZEL ........................................................... 22
6.4 A CONTRIBUIÇÃO DE ÉLISÉE RECLUS E DE PIETR KROPOTKIN ...................... 24
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 26
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 28
TÓPICO 2: AS CORRENTES DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO E O ENSINO DA 
GEOGRAFIA ................................................................................................ 29
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 29
2 A GEOGRAFIA CLÁSSICA OU TRADICIONAL ......................................................... 29
2.1 A ESCOLA GEOGRÁFICA ALEMÃ ........................................................................... 30
2.2 A ESCOLA GEOGRÁFICA FRANCESA .................................................................... 31
2.3 A ESCOLA GEOGRÁFICA BRITÂNICA .................................................................... 33
2.4 A ESCOLA GEOGRÁFICA NORTE-AMERICANA .................................................... 34
2.5 A ESCOLA GEOGRÁFICA SOVIÉTICA .................................................................... 34
3 A CIÊNCIA GEOGRÁFICA E A BUSCA DE NOVOS PARADIGMAS ......................... 35
3.1 A NOVA GEOGRAFIA – TEORÉTICA – QUANTITATIVA .......................................... 36
3.2 A GEOGRAFIA RADICAL OU CRÍTICA .................................................................... 37
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................. 40
AUTOATIVIDADE ...........................................................................................................42
TÓPICO 3: A GEOGRAFIA NO BRASIL ........................................................................ 45
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 45
2 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA GEOGRAFIA NO BRASIL ....................................... 45
2.1 A CONTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP ............................ 46
v
METODOLOGIA E CONTEÚDOS 
BÁSICOS DE GEOGRAFIA
2.2 A CONTRIBUIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS GEÓGRAFOS 
 BRASILEIROS – AGB ............................................................................................... 47
2.3 A CONTRIBUIÇÃO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E 
 ESTATÍSTICA – IBGE ................................................................................................ 49
3 A CONTRIBUIÇÃO DE ALGUNS DOS ILUSTRES GEÓGRAFOS BRASILEIROS ... 53
3.1 AROLDO AZEVEDO, AZIZ AB’ SABER E JURANDYR ROSS ................................. 53
3.2 A CONTRIBUIÇÃO DE MILTON SANTOS ................................................................ 57
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 59
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................. 61
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 62
TÓPICO 4: MAS AFINAL, QUAL É O OBJETO DE ESTUDO DA GEOGRAFIA? ....... 65
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 65
2 É POSSÍVEL CONCEITUAR A GEOGRAFIA? ........................................................... 65
2.1 MAS AFINAL, QUAL É O OBJETO DE ESTUDO DA GEOGRAFIA? ....................... 67
3 O CARÁTER SOCIAL DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA ................................................... 71
4 O ENSINO DA GEOGRAFIA E SUA IMPORTÂNCIA ................................................. 72
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 74
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................. 79
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 81
AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 82
UNIDADE 2: APRENDER E ENSINAR GEOGRAFIA .................................................... 83
TÓPICO 1: APRENDENDO A LER O MUNDO .............................................................. 85
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 85
2 O PLANETA TERRA .................................................................................................... 86
3 A ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA ...................................................................... 91
3.1 A ALFABETIZAÇÃO ESPACIAL ................................................................................ 92
3.2 OS PONTOS DE ORIENTAÇÃO ............................................................................... 96
3.2.1 Orientando-se por meio do Sol, da Lua e do Cruzeiro do Sul ................................ 97
3.2.2 Orientando-se por meio da bússola ....................................................................... 98
3.3 A ROSA-DOS-VENTOS ............................................................................................ 99
3.4 AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS ................................................................... 100
4 A LEITURA DOS MAPAS NA SALA DE AULA ......................................................... 103
4.1 SÍMBOLOS .............................................................................................................. 104
4.2 ESCALA ................................................................................................................... 105
4.2.1 Escala numérica ................................................................................................... 105
4.2.2 Escala gráfica ....................................................................................................... 106
4.2.3 Calculando as escalas .......................................................................................... 106
4.2.4 O Ensino da escala .............................................................................................. 107
4.3 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS .......................................................................... 108
4.3.1 Os tipos de projeções cartográficas ..................................................................... 108
4.4 A LEITURA DOS MAPAS: CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................110
5 A LEITURA DA PAISAGEM ........................................................................................112
6 O ESTUDO DO LUGAR ..............................................................................................113
7 A QUESTÃO DO TERRITÓRIO ..................................................................................114
8 O ESPAÇO GEOGRÁFICO ........................................................................................115
vi
METODOLOGIA E CONTEÚDOS 
BÁSICOS DE GEOGRAFIA
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................117
AUTOATIVIDADE ..........................................................................................................119
TÓPICO 2: OS CAMINHOS E DESCAMINHOS DO ENSINO DA GEOGRAFIA: A 
 BUSCA POR UMA NOVA GEOGRAFIA ................................................... 123
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 123
2 O CONTEXTO HISTÓRICO DO ENSINO DA GEOGRAFIA NAS SÉRIES INICIAIS 
 DO ENSINO FUNDAMENTAL ................................................................................... 124
3 QUAL É O LUGAR DA GEOGRAFIA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO 
FUNDAMENTAL? ...................................................................................................... 126
4 O ENSINO DE GEOGRAFIA EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO ........................... 129
5 POR UMA GEOGRAFIA INCLUSIVA ........................................................................ 133
5.1 RECURSOS E ADAPTAÇÕES NO ENSINO DA GEOGRAFIA INCLUSIVA ........... 134
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 135
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 140
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 141
TÓPICO 3: O ENSINO DA GEOGRAFIA SEGUNDO OS PARÂMETROS 
 CURRICULARES NACIONAIS – PCN ...................................................... 143
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 143
2 A PROPOSTA TEÓRICO-METODOLÓGICA DOS PARÂMETROS 
 CURRICULARES ....................................................................................................... 143
2.1 OBJETIVOS GERAIS DO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA O ENSINO 
 FUNDAMENTAL ...................................................................................................... 144
2.2 SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA- PCN .......... 145
3 O ENSINO DA GEOGRAFIA NO PRIMEIRO E SEGUNDO CICLO - PCN .............. 147
3.1 ENSINO E APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA NO PRIMEIRO CICLO ................ 148
3.1.1 Os critérios para avaliação no primeiro ciclo – PCN ............................................ 149
3.2 ENSINO E APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA NO SEGUNDO CICLO ................149
3.2.1 Os critérios para avaliação no Segundo Ciclo – PCN .......................................... 150
4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O ENSINO DE GEOGRAFIA 
 SEGUNDO OS PCN .................................................................................................. 151
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 153
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 154
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 155
UNIDADE 3: PRÁTICAS EDUCATIVAS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA: 
INTERAGINDO COM A GEOGRAFIA .................................................... 157
TÓPICO 1: A UTILIZAÇÃO DE PRÁTICAS EDUCOMUNICATIVAS NO ENSINO DE 
GEOGRAFIA .............................................................................................. 159
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 159
2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCOMUNICAÇÃO ........................... 160
3 O USO DA MÍDIA NA ESCOLA ................................................................................. 161
3.1 OS TIPOS DE MÍDIA ............................................................................................... 163
3.1.1 Televisão ............................................................................................................... 163
3.1.2 Jornal .................................................................................................................... 165
3.1.3 Rádio .................................................................................................................... 170
vii
METODOLOGIA E CONTEÚDOS 
BÁSICOS DE GEOGRAFIA
3.1.4 Internet ................................................................................................................. 174
3.1.4.1 O Uso da internet no ensino da Geografia ........................................................ 176
RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................... 180
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 182
TÓPICO 2: GEOGRAFIA DIVERTIDA .......................................................................... 183
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 183
2 A LUDICIDADE NO ENSINO DA GEOGRAFIA ........................................................ 183
2.1 OBJETIVOS DAS ATIVIDADES LÚDICAS ............................................................. 184
2.2 OS TIPOS DE JOGOS E SEUS USOS ................................................................... 185
2.3 EXEMPLOS DE PRÁTICAS LÚDICAS NO ENSINAR E APRENDER A 
 GEOGRAFIA ........................................................................................................... 187
2.3.1 O jogo da corrida de automóveis .......................................................................... 187
2.3.2 Bingo das coordenadas geográficas .................................................................... 188
2.3.3 Batalha naval geográfica ...................................................................................... 189
3 EXEMPLOS DE SITES ELETRÔNICOS QUE PODEM SER UTILIZADOS NO 
 ENSINO DE GEOGRAFIA ......................................................................................... 191
3.1 PORTAL SÓ GEOGRAFIA ...................................................................................... 191
3.2 QUEBRA-CABEÇA MAPAS .................................................................................... 193
3.3 JOGO DA MEMÓRIA – SISTEMA SOLAR .............................................................. 194
3.4 OUTROS JOGOS EDUCATIVOS GEOGRÁFICOS ................................................ 195
3.5 ANIMAÇÕES E VÍDEOS INTERATIVOS GEOGRÁFICOS ..................................... 196
4 EXEMPLOS DE PRÁTICAS E/OU TÉCNICAS PARA ENSINAR DETERMINADOS 
CONTEÚDOS ............................................................................................................ 198
4.1 TRAJETÓRIA APARENTE DO SOL ........................................................................ 198
4.2 SIMULAÇÃO DE TERREMOTO ............................................................................. 199
4.3 SIMULAÇÃO DE UM TORNADO ............................................................................ 200
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 201
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 202
TÓPICO 3: O USO DE MAQUETES: CONSTRUINDO O CONHECIMENTO 
 GEOGRÁFICO ........................................................................................... 203
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 203
2 A IMPORTÂNCIA DO USO DA MAQUETE EM SALA DE AULA ............................. 203
3 REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO ................................................... 205
4 REPRESENTAÇÃO DO RELEVO ............................................................................. 207
5 A REPRESENTAÇÃO E SIMULAÇÃO DE UM VULCÃO ..........................................211
6 REPRESENTAÇÃO DO SISTEMA SOLAR .............................................................. 212
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 214
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 217
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 218
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 219
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 221
viii
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UNIDADE 1
A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 A partir desta unidade, você será capaz de:
	conhecer a gênese e como o conhecimento geográfico era 
percebido na antiguidade;
	verificar o contexto histórico de evolução da Ciência Geográfica;
	relacionar o desenvolvimento do capitalismo com o surgimento da 
Geografia Contemporânea;
	compreender a importância das correntes do pensamento geográfico 
no desenvolvimento e ampliação do ensino da Geografia;
	entender o processo de institucionalização da Geografia no Brasil;
	identificar a importância do ensino da Geografia na sala de aula.
TÓPICO 1 – GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA 
GEOGRÁFICA
TÓPICO 2 – AS CORRENTES DO PENSAMENTO 
GEOGRÁFICO E O ENSINO DA GEOGRAFIA
TÓPICO 3 – A GEOGRAFIA NO BRASIL
TÓPICO 4 – MAS AFINAL, QUAL É O OBJETO DE 
ESTUDO DA GEOGRAFIA?
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em quatro tópicos. Em cada um 
deles, você encontrará atividades para uma maior compreensão das 
informações apresentadas.
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GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA 
GEOGRÁFICA
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 1
UNIDADE 1
Analisando o caráter atual de abrangência de estudo da ciência geográfica, podemos 
dizer que a Geografia sempre esteve presente no contexto histórico de formação e evolução 
do planeta Terra. Contudo, se a compararmos com o tempo geológico de formação do planeta 
(4,5 e/ou 4,6 bilhões de anos), a Geografia enquantonomenclatura é muito recente, tem sua 
origem no século III a.C. pelo filósofo grego Eratóstenes, cujo significado abarca Geo = Terra e 
grafia = escrita, descrição. Desde então, o objeto de estudo da Geografia passou por diferentes 
concepções culturais e correntes epistemológicas. 
Assim, neste tópico, caro(a) acadêmico(a), queremos que você compreenda o processo 
de evolução do conhecimento geográfico, bem como a relação deste conhecimento com a 
formação socioespacial e o desenvolvimento econômico na Antiguidade, na Idade Média e 
Moderna.
 
2 O CONHECIMENTO 
 GEOGRÁFICO NA ANTIGUIDADE
Podemos dizer que a Geografia é uma das ciências mais antigas que existem. Isso 
porque, a confecção dos mapas, conforme registros históricos, ocorreu antes da própria escrita. 
Valiosos mapas foram deixados por diferentes povos, dentre eles: babilônios, egípcios, maias, 
astecas, esquimós, chineses, dentre outros. Todos eles representavam aspectos culturais de 
suas sociedades e sem dúvida são peças-chaves para que possamos compreender alguns 
dos seus aspectos socioculturais, bem como suas relações com a natureza. Desse modo, o 
conhecimento geográfico já se fazia presente com as primeiras civilizações. Vejamos:
 
UNIDADE 1TÓPICO 14
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2.1 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO 
 ENTRE OS POVOS PRIMITIVOS
Os povos primitivos, apesar de não serem detentores da escrita, já possuíam “ideias” 
geográficas em suas concepções de vida e cultura. Seus conhecimentos eram transmitidos de 
geração em geração através da versão oral e dos desenhos rupestres (em rochas e cavernas). 
Vivam da caça, pesca, coleta e, às vezes, de uma agricultura primitiva. Inicialmente retiravam 
da natureza o que necessitavam para sobreviver sem ocasionar expressivas transformações. 
Ademais eram povos nômades, permitindo que a natureza se regenerasse caso houvesse 
uma exploração intensiva. 
DIC
AS!
Para saber mais sobre os povos primitivos, indicamos a leitura 
do livro intitulado “Povos Primitivos: a vida dos primeiros grupos 
sociais humanos, desde a Idade da Pedra até seu desenvolvimento 
nas Américas”. Esse livro é bem didático e ilustrativo. Vale a pena 
conferir.
É importante destacar também o conhecimento que estes povos continham em relação 
à natureza. Segundo Andrade (1987, p. 21): 
[...] conheciam vegetais que colocados na água provocavam a asfixia de 
peixes que poderiam ser facilmente apanhados e utilizados como alimento, 
sem lhes causarem danos. Conheciam também as áreas fluviais e costeiras 
mais piscosas onde não só pescavam peixes e crustáceos como também 
apanhavam moluscos que consideravam saborosos. Conheciam o mecanis-
mo das estações, fazendo migrações, às vezes de longos percursos, a fim de 
acompanharem os animais silvestres que utilizavam como alimentos ou para 
colherem os frutos de determinadas áreas, na ocasião da “safra”.
UNIDADE 1 TÓPICO 1 5
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Gradativamente, os povos passaram a fixar território deixando de ser nômades para se 
tornarem sedentários. É evidente que neste processo, a natureza primeira ou natureza natural 
como diria Milton Santos, passou a ser transformada em natureza segunda ou humanizada. 
Na América Andina, por exemplo, os quéchuas, ao construírem o Império Inca, estabeleceram 
suas cidades em importantes pontos estratégicos, tanto do ponto de vista militar como alimentar. 
“Construíram estradas empedradas com centenas de quilômetros, partindo da capital em direção 
aos quatro pontos cardeais, como a que ligava Cuzco a Quito. Eles tinham uma noção da 
translação da Terra em torno do Sol e da importância da orientação”. (ANDRADE, 1987, p. 21). 
 
No que tange ainda aos conhecimentos geográficos de alguns povos primitivos, 
gostaríamos de destacar que os polinésios (eram predominantemente pescadores) 
desenvolveram a arte da navegação e por conhecerem a direção dos ventos e das correntes 
marinhas puderam estabelecer a comunicação entre as inúmeras ilhas distantes do oceano 
com a navegação em seus barcos. Alias, cabe ressaltar que estes barcos eram considerados 
muito seguros para a época, bem como para o nível tecnológico que dominavam.
Outro aspecto importante dos povos primitivos era a concepção religiosa dominada por 
um Deus superior que na maioria das vezes estava atrelado aos astros (Sol, lua e estrelas). 
 
De modo geral não se pode afirmar que estes povos desenvolvessem o conhecimento 
geográfico em caráter científico. Contudo, suas experiências diárias, ou saberes práticos e 
as noções e relações com a natureza permitiram mesmo que empiricamente a ampliação e 
desenvolvimento do conhecimento geográfico conforme veremos na próxima seção. 
2.2 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO 
 ENTRE OS POVOS ORIENTAIS
Associadas a outras ciências, as ideias geográficas dos povos orientais através de seus 
conhecimentos práticos de exploração da Terra, bem como de suas observações (viajantes) 
e estudos matemáticos foram responsáveis pela sistematização do conhecimento do mundo. 
Um exemplo típico desta sistematização foram os estudos do rio Nilo, Tigre e Eufrates 
realizados pelas civilizações agrícolas da Mesopotâmia e do Egito. Os estudos levavam em 
conta a origem, a extensão e o regime dos rios no que tange a periodicidade e a variação do 
volume de água durante o ano. Para estas civilizações, o período das cheias, principalmente 
do rio Nilo determinava a extensão da área que seria cultivada, da quantidade de alimentos 
que seria produzida e a oportunidade de trabalho para os que se dedicavam exclusivamente 
à agricultura. Podemos dizer que estas análises empíricas permitiram o desenvolvimento 
dos primeiros estudos da hidrografia fluvial e de geometria. Isso porque as cheias extinguiam 
as demarcações feitas entre as áreas cultivadas por várias famílias, forçando uma nova 
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demarcação entre elas.
 
Caso você não saiba, a Mesopotâmia (onde é o Iraque hoje) estava localizada entre os 
rios Tigre e Eufrates, localizada na chamada Crescente Fértil (ver mapa a seguir). Para você 
ter uma ideia, todas as civilizações (sumérios, acádios, amoritas, assírios, caldeus, dentre 
outras) que se desenvolveram nestas áreas eram denominadas de Hidráulicas, isso porque 
dependiam dos rios e lutavam pela posse das terras férteis e aráveis. Observe o mapa a seguir:
FONTE: Disponível em: <http://www.not1.com.br/wp-content/uploads/2011/03/
Mesopotamia-crescente-fertil.gif>. Acesso em: 10 abr. 2011.
FIGURA 2 – LOCALIZAÇÃO DA MESOPOTÂMIA
As civilizações orientais permitiram também o desenvolvimento econômico com a troca 
de produtos que engendrou a intensificação das relações comercias entre os povos que viviam 
em áreas mais distantes. Assim, a navegação se intensificou entre o mar Mediterrâneo e no 
mar Vermelho, ocasionando o aparecimento de núcleos coloniais e a dominação econômica 
e política dos povos em ascensão. Segundo Andrade (1987, p. 22), “os fenícios percorreram 
o Mediterrâneo e o mar Negro e, alcançando o sul da Espanha, atravessaram o estreito de 
Gibraltar e exploraram a costa europeia do Atlântico até a Grã-Bretanha e a África, possivelmente 
até o Camerum”. Traziam em suas embarcações mercadorias inexistentes na bacia do 
Mediterrâneo que eram trocadas por outros produtos.
Para você ter uma ideia, no século VII a.C., a serviço do Faraó Nécao II, os fenícios 
fizeram a circunavegação da África. É importante destacar também 
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[...] que um faraó planejou construir um canal que cortasse o istmo de Suez, 
ligando os mares Mediterrâneo e Vermelho, com a finalidade de estender as 
navegações mediterrâneas até o oceano Índico, detendo-se em seu propósito 
ao constatar que o nível do mar Vermelho eramais elevado do que do mar 
Mediterrâneo e que a abertura do canal provocaria a invasão do mar Mediter-
râneo pelas águas do mar Vermelho e a consequente inundação das planícies 
costeiras, onde se localizavam importantes cidades e campos cultivados. 
(ANDRADE, 1987, p. 23).
Os conhecimentos geográficos acumulados pelas civilizações orientais foram 
fundamentais para a elaboração dos conhecimentos básicos da ciência moderna. Inclusive 
foram utilizados pelos gregos, que se tornaram uma civilização dominante. 
2.3 A CONTRIBUIÇÃO DOS GREGOS E DOS 
 ROMANOS PARA O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO
A exemplo dos fenícios, os gregos também eram grandes navegadores, fundaram 
colônias na Sicília, Sul da Itália, Espanha (costa do Mediterrâneo), dentre outras e 
desenvolveram o comércio, bem como adquiriram um vasto conhecimento sobre estas áreas. 
Muitos dos seus conhecimentos principalmente astronômicos eram oriundos das civilizações 
da Mesopotâmia, como por exemplo, a maneira de diferenciar as estrelas dos planetas e 
também como identificá-los (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno). Outro conhecimento 
adquirido foi sobre o movimento de revolução da Lua em torno da Terra. Através das fases 
da Lua, os gregos passaram a dividir o ano e agrupar os dias da semana. Os gregos também 
adquiriram das civilizações orientais os conhecimentos de geometria que posteriormente foram 
realizadas por Dicearco e Eratóstenes, com a qual estabeleciam as dimensões da Terra no 
que concernem as latitudes. 
À medida que o conhecimento geográfico se expandia, estudos descritivos das áreas 
litorâneas e centrais de domínio grego eram enriquecidos com mapas de itinerários denominados 
périplos. Estes apresentavam imperfeições, pois nesta época não se utilizavam escalas, ademais 
não era possível fazer a medição das longitudes. Apesar de não conhecerem, mas saberem 
da existência de terras situadas ao norte, na Europa Setentrional e na Ásia, os gregos as viam 
como reservas futuras de exploração. 
 
Neste contexto de desenvolvimento do conhecimento geográfico, é importante destacar 
que os filósofos e matemáticos discutiam ideias sobre a forma e dimensões da Terra, bem 
como a distribuição das águas, terras e dos seres humanos. Aristóteles, por exemplo, admitiu a 
esfericidade da Terra, bem como pesquisou sobre a erosão, formação de deltas, a relação entre 
animais e plantas, as variações climáticas, as relações entre os seres humanos, dentre outros.
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Aristóteles chegou a apresentar que durante os eclipses, a Terra 
projetava na Lua uma sombra redonda, como prova da mesma 
(observe a imagem a seguir). Assim, os trabalhos posteriores de 
Geodésia elaborados por Eratóstenes para indicar as dimensões da 
Terra, partiam do pressuposto que ela tinha forma esférica. Para isso, 
Eratóstenes baseava-se na medida de inclinação dos raios solares em 
um poço, em dois pontos diferentes, situados na mesma longitude 
(Sienna e Alexandria), com o auxílio de um instrumento muito simples, 
o gnômon. Através deste, estabeleceu que a esfera da Terra teria 
250.000 estádios, ou 42.000 km. (ANDRADE, 1987). O curioso é 
que esta medida é muito próxima da aceita atualmente (40.000 km). 
FONTE: Disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/antiga/antiga.htm>. Acesso em: 10 
abr. 2011.
FIGURA 3 – SOMBRA DA TERRA NA LUA DURANTE UM ECLIPSE LUNAR
No que tange à distribuição das terras e das águas, é interessante você saber que 
para os gregos a Europa, Ásia e África formavam um imenso continente setentrional (norte) 
contornado por águas. Segundo Andrade (1987, p. 26), “quanto à existência de outro continente, 
antípoda do que habitavam e situado no hemisfério sul, havia grande discussão entre eles, 
advogando uns a existência do mesmo como necessária ao equilíbrio do globo, enquanto 
outros não aceitavam”. 
Ainda sobre o papel dos gregos no desenvolvimento da ciência geográfica, não podemos 
deixar de destacar a teoria geocêntrica de Ptolomeu (sec. II d.C.), ao afirmar que a Terra 
era o centro do Universo. Esta teoria, aceita até o século XIV, faz parte da famosa obra de 
Ptolomeu intitulada Sintaxis. Ptolomeu também fez descrições do mundo conhecido em outra 
obra, sendo considerada durante o final do Império Romano e durante a Idade Média, como 
verdade absoluta. Conforme Andrade (1987), com a queda do Império Romano e a conquista 
árabe, sua obra foi traduzido para a língua dos novos dominadores e continuou a ter grandes 
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divulgações, tendo sido objeto de estudos e reflexões dos sábios da Igreja, durante a Idade 
Média. Por isso tem uma grande importância histórica. 
Ao contrário dos sábios gregos que tinham uma maior preocupação com a geografia 
matemática, os romanos deram maior importância à geografia descritiva. Estes procuraram 
desenvolver ao máximo a organização do seu império, assim como o comércio sobre as 
dezenas de suas províncias. Exemplo disso foram as descrições realizadas pelos grandes 
geógrafos romanos, Pompônio Mela e Plínio, cujas preocupações estavam pautadas com o 
império romano no que tange à localização das áreas ricas em produtos comerciais, o acesso 
a elas, os problemas ligados ao abastecimento, a distribuição étnica, os problemas fronteiriços, 
dentre outras. 
Segundo Andrade (1987, p. 28), “outro fato que se exacerbaria no período romano foi 
a expansão do Cristianismo, tornando religião oficial de Roma no século IV e que deu grande 
ênfase ao poder dos monges”. A dedicação dos monges no estudo da Bíblia Sagrada fez com 
que principalmente após a queda do Império Romano (século V) se tornassem detentores da 
cultura europeia, frente aos povos considerados bárbaros e pouco cultos. Assim, o domínio 
dos princípios bíblicos refutou muito das consideradas verdades científicas admitidas pelos 
gregos, a exemplo da esfericidade da Terra. 
Na verdade, muitas das obras escritas no passado, conforme coloca Andrade (1987), 
eram fantasiosas, sobretudo aquelas que descreviam monstros, animais de dimensões 
extraordinárias, bem como informações distorcidas sobre as diversas formas de terrenos, 
o que dificultavam o melhor conhecimento da realidade existente e assim, o progresso do 
conhecimento científico.
 
Segundo Moreira (1987), a Geografia, dos romanos até a Idade Média, esteve cunhada 
como um inventário sistemático de terras e povos, ou seja, possuía um caráter descritivo, com 
o objetivo de auxiliar a administração do Estado.
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Caro(a) acadêmico(a)! Não podemos deixar de falar de Estrabão 
(nascido por volta de 64 a 63 a.C), considerado por muitos autores, 
o maior geógrafo de Roma. Suas viagens realizadas pela Europa, 
Ásia e África renderam-lhe a escrita de um tratado de dezesseis 
livros contendo descrições físicas de locais e povos da época. Obra 
considerada monumental. Observe a imagem de Estrabão.
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FIGURA 4 – IMAGEM DE ESTRABÃO
FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_xujLY8HuffY/
SwxcANyk7bI /AAAAAAAAAUQ/NMl3NOXUWu8/s1600/
EStrab%C3%A3o.JPG>. Acesso em: 10 abr. 2011.
3 A GEOGRAFIA NA IDADE MÉDIA 
Na Idade Média, o conhecimento geográfico passou por algumas reformulações porque 
muitos ensinamentos de sábios gregos, (Ptolomeu, Estrabão, Heródoto etc.), que haviam sido 
refutados durante o império romano, foram retomados. O espaço geográfico passou por um 
processo de reorganização associada à atuação do povo árabe, dos povos nórdicos e também 
com as grandes navegações. 
3.1 A (RE)ORGANIZAÇÃO DO 
 ESPAÇO GEOGRÁFICO NA IDADE MÉDIA
Novas fronteiras surgiram e muitas das que existiam foram destruídas com a queda do 
Império Romano do Ocidente e sua divisão entre reinos bárbaros, bem como com a expansão 
do islamismo, a imposiçãodos turcos no Oriente e a decadência do Império Bizâncio. Na 
verdade, houve uma reorganização territorial durante a Idade Média. 
Para você ter uma ideia da influência da expansão do islamismo, por exemplo, no que 
tange à reorganização territorial, os árabes (fundamentados em sua nova crença religiosa), 
após a pregação de Maomé e a conversão dos povos da península arábica ao islamismo, 
passaram a fazer guerras no intuito de conquistar as terras do Império Bizantino na Ásia Menor 
e no norte da África. Aproximadamente um século depois, os árabes já tinham dominado 
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É importante você saber que muitas obras famosas pertencentes à 
biblioteca de Alexandria, por exemplo, caíram em poder dos árabes 
e foram traduzidas para a sua língua. Assim, os árabes passaram 
a conhecer as principais ideias de Aristóteles e Ptolomeu, dentre 
outras.
Podemos dizer que para a Geografia, os árabes contribuíram com suas viagens 
descrevendo as condições naturais, os recursos que seriam explorados, as características 
e costumes dos povos que iam sendo dominados. É evidente que as obras deixadas pelos 
escritores árabes não tinham nenhuma preocupação específica com a Geografia, porém foram 
muito importantes para o avanço desta ciência. 
Neste contexto de reorganização do espaço geográfico e as contribuições para 
Geografia, não podemos deixar de abordar sobre os turcos. Estes, a partir do século XIV, 
passaram a conquistar as províncias orientais pertencentes ao Império Árabe e no século XV 
conquistaram a Constantinopla destruindo o Império Bizantino. Os turcos foram responsáveis 
pela interrupção do comércio entre o Oriente o Ocidente ocasionando sérios problemas aos 
países europeus que pregavam o catolicismo. Assim, estes países passaram a organizar 
expedições com destino à Palestina com o intuito de reconquistar os cristãos e lutar contra os 
turcos para garantir suas rotas comerciais do Oriente. 
Povo, nobres, senhores feudais e até reis, como São Luís, da França, e Ricar-
do Coração de Leão, da Inglaterra, participaram de expedições que por terra 
e por mar partiram para atacar os infiéis na Terra Santa e no norte da África. 
Estas expedições, que se realizaram nos séculos X a XI, contribuíram tanto 
para a expansão das relações comerciais, como também para o intercambio 
cultural. Desse intercambio, os cristãos tiveram maior acesso às obras dos 
gregos, dominados pelos turcos, como também à cultura árabe, que nos legou 
os algarismos, ainda hoje denominados arábicos, e nos transmitiria o conhe-
cimento de invenções chinesas a que tinham tido acesso, como a pólvora, o 
papel e a bússola. (ANDRADE, 1987, p. 31). 
Como você pode perceber, apesar do conflito existente, foi possível a consolidação e/
as velhas civilizações da Síria e da Palestina, cristãs e ortodoxas. Conquistaram também o 
norte da África, até a costa atlântica, bem como toda a Península Ibérica e a Mesopotâmia. O 
islamismo foi expandido pela Índia e Irã. 
Os senhores árabes detentores de vasto Império procuravam organizar as vias de 
transportes não apenas por razões comercias, mas também para facilitar a peregrinação que 
todo muçulmano deveria fazer a Meca ao menos uma vez na vida. Anualmente, a cidade de 
Meca recebe milhões de muçulmanos para celebrar um ritual religioso histórico de desapego, 
arrependimento e reflexão. 
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ou recuperação entre povos que durante séculos estiveram sob domínio do Império Romano. 
 
Gostaríamos de destacar ainda a atuação dos povos nórdicos (noruegueses, 
dinamarqueses, suecos, finlandeses e islandeses), que se dedicavam principalmente à pesca 
e à navegação. Embora não tenham deixado grandes registros de suas contribuições, é muito 
provável que para realizarem suas viagens transoceânicas deveriam ter certo conhecimento 
sobre o regime dos ventos, da direção e intensidade das correntes marítimas, da oscilação 
das ondas do mar, das geleiras e das condições do clima.
3.2 A CONTRIBUIÇÃO DAS GRANDES VIAGENS 
 MEDIEVAIS NO DESENVOLVIMENTO DA GEOGRAFIA
Inúmeros viajantes partiram do Ocidente, sobretudo da Itália, à procura de terras no 
Extremo Oriente. Na verdade, eles sabiam da existência do grande Império mongol e se 
aventuraram sob a cobiça do comércio e também como enviados do papa no intuito de converter 
os soberanos do Oriente. Dentre os inúmeros viajantes merecem ser destacados o monge 
Piano de Carpini, que conseguiu manter contato com o soberano mongol em Samarcanda 
(posteriormente transferido para Pequim), bem como o comerciante veneziano Marco Polo (este 
nome não é estranho para você) que acompanhado de seu pai viajou até a China colocando-se 
à disposição do soberano mongol. 
Neste Império, Marco Polo desempenhou um cargo importante, era responsável pela 
administração de várias províncias e também executava missões de alta confiança. Retornando 
à Itália após vinte anos, escreveu um livro descrevendo suas viagens realizadas no Oriente. 
Apesar de suas contribuições descritivas, sua obra merece ser utilizada com certo cuidado, 
pois não havia uma preocupação com a veracidade das informações e por vezes suas histórias 
eram fantasiosas. De qualquer maneira não podemos desconsiderá-la.
Continuando com as grandes viagens, os italianos não se limitaram a fazer suas 
explorações no Mediterrâneo, na Ásia Central e Oriental, ampliaram suas navegações pelo 
Atlântico. A quem diga que antes dos portugueses e espanhóis, alguns viajantes italianos, no 
século XIV, já conheciam as Ilhas Canárias, Porto Santo, Madeira e Açores.
Podemos dizer que o período da Idade Média foi marcado pelas grandes e numerosas 
viagens realizadas principalmente pelos italianos, isso se confirma, pois nos séculos XV e XVI 
vários deles realizaram viagens a serviço dos reis da Espanha e Portugal. O que demonstra 
que tinham conhecimento sobre determinadas áreas exploradas anteriormente por eles. 
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3.3 O CONHECIMENTO DO 
 TERRITÓRIO E A EVOLUÇÃO DA GEOGRAFIA
Na Idade Média, o pensamento geográfico foi influenciado pelos problemas culturais 
atrelados ao poder que caracterizava a Igreja Medieval. Os monges e os sacerdotes da Igreja 
procuravam desenvolver a fé, sobretudo quando ameaçada pela expansão muçulmana, bem 
como procuravam adaptar as ideias e concepções aos ensinamentos bíblicos. Assim, muitas 
das informações tidas como verdades foram questionadas pela igreja a exemplo da esfericidade 
da Terra e a distribuição das terras e das águas na superfície da Terra.
 
 A cartografia antiga sofreu reformulações principalmente com as navegações que 
permitiram a elaboração de mapas detalhando as rotas marítimas. As navegações oceânicas 
instigaram a preocupação com o fenômeno das marés e questionava-se também a existência 
do relevo submarino.
As grandes viagens terrestres (desde o Mediterrâneo até o Extremo Oriente) possibilitaram 
descrições importantes a respeito dos rios, lagos, montanhas, povos (cultura, comércio), dentre 
outros. Os rios, por exemplo, já era objeto de estudo para os estudiosos, pois além de serem 
para os povos fonte de abastecimento de água para consumo e irrigação, também serviam 
como hidrovias já que os transportes terrestres eram muito precários. É provável que alguns 
desses rios você já tenha ouvido falar como o Nilo, Eufrates, Danúbio, Tigre, Reno, Volga, 
Ganges, Indus, Azul e Amarelo. Na verdade, esses rios exerceram e exercem ainda hoje uma 
grande importância socioeconômica. 
4 A GEOGRAFIA NOS SÉCULOS XV, XVI E XVII 
 
No final da Idade Média, as atividades comerciais passaram a ter um desenvolvimento 
ascendente, assim como houve uma maior intensificação do intercâmbio entre os povos do 
Ocidente e Oriente, ocasionandoa ampliação cultural e a difusão de instrumentos importantes 
nas transformações socioeconômicas que seriam realizadas posteriormente (nos séculos XV, 
XVI e XVII).
Os séculos XV e XVI foram marcados pela intensificação das grandes navegações e 
com o descobrimento de caminhos marítimos, a exemplo do caminho marítimo às Índias, do 
descobrimento e “conquista” da América e o início da exploração no oceano Pacífico. 
Observe no mapa a seguir o percurso das viagens ultramarinas. Perceba que o Brasil 
era uma das rotas.
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FIGURA 5 – AS GRANDES VIAGENS ULTRAMARINAS
FONTE: Disponível em: <http://www.curso-objetivo.br/vestibular/roteiro_estudos/imagens/
re_500anos_1.jpg>. Acesso em: 20 nov. 2010.
É evidente que os exploradores tinham apoio dos soberanos de seus países (Portugal, 
Espanha, França, Holanda e Inglaterra) que visavam fortalecer o poderio nacional com riquezas 
oriundas de terras desconhecidas (além-mar) através de “saques” e do desenvolvimento do 
comércio.
Para você ter uma ideia, foi na metade do século XVI que Fernão de Magalhães 
encontrou a passagem do oceano Atlântico para o Pacífico, o qual atribuiu seu nome no estreito 
(veja no mapa). Contudo, podemos dizer que o grande explorador do Pacífico foi o almirante 
James Cook. Ele navegou pelo oceano Pacífico em várias direções, acompanhado de cientistas 
que exploraram as águas e terras de clima tropical e glacial.
Sem dúvida, as inúmeras expedições auxiliaram o desenvolvimento da ciência geográfica 
com as informações catalogadas dos oceanos, dos tipos de climas das diferentes áreas, da 
geologia dos lugares, da economia e cultura dos diferentes povos. 
 
4.1 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO 
 NOS CHAMADOS TEMPOS MODERNOS
Nos chamados Tempos Modernos (séculos, XV, XVI, XVII), as grandes revoluções para 
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o conhecimento geográfico foram as expansões territoriais, a dominação da configuração da 
Terra, bem como a rejeição de inúmeras ideias sobre a superfície da mesma.
É evidente que a expansão territorial repercutiu primeiramente na cartografia que 
gradativamente foi modificada e aprimorada. Ademais, nos novos mapas produzidos um novo 
continente foi abarcado, a América. Também foram aprimorados os conhecimentos a respeito 
do magnetismo da Terra, estabelecendo-se a diferença entre o polo geográfico e magnético. 
Ficou com dúvidas em relação a esta diferença? Pense um pouco e depois verifique no UNI. 
Continuando a nossa linha de raciocínio, a medida das longitudes também passou a ser feita 
com mais precisão a, 
as correntes marítimas, de grande influência sobre a navegação entre os 
continentes, foram mais bem estudadas, assim como a intensidade e a dire-
ção dos ventos, sobretudo dos alísios. Os navegadores, nos mares tropicais, 
necessitavam usar os alísios para impulsionar as suas embarcações e fugir 
da calmaria equatorial, onde poderiam permanecer meses, praticamente sem 
se movimentar, à falta da força propulsora do vento. (ANDRADE, 1987, p. 43). 
 
Todos esses estudos contribuíram para o surgimento de uma Geografia científica e o 
aparecimento de várias ciências.
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A Terra como você já sabe é um imenso ímã. Ela apresenta dois 
polos magnéticos: o Norte e o Sul. Esses polos estão próximos aos 
polos geográficos. Os polos geográficos são as extremidades do eixo 
da Terra. A extremidade localizada no Hemisfério Sul é o Polo Sul e 
a extremidade localizada no Hemisfério Norte é o Polo Norte. Saiba 
mais sobre o magnetismo da Terra acessando o site: <http://www.
educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca /fisica/0011.html>.
4.2 OS PRECURSORES DO CONHECIMENTO 
 GEOGRÁFICO NOS CHAMADOS TEMPOS MODERNOS
Para muitos, a obra de Nicolau Copérnico foi considerada um grande impulso para a 
Revolução Científica. Copérnico, em sua obra, defende matematicamente um modelo de cosmo, 
em que o Sol seria o centro do Universo (Teoria Heliocêntrica) e a Terra, era um astro que 
girava em torno do Sol. A teoria Heliocêntrica sem dúvida rompeu com a Teoria Geocêntrica (a 
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Terra era o centro do universo) de Cláudio Ptolomeu. Conforme Viviane e Müller (2009, p. 40) 
“tal mudança representou uma das rupturas mais marcantes daquele período, o que culminou 
com o início da modernidade, pois a nova teoria estabelecida era contrária a uma teoria que 
reinava há quase vinte séculos”. Observe na figura a seguir a representação das duas teorias.
FIGURA 6 – TEORIA GEOCÊNTRICA E TEORIA HELIOCÊNTRICA
FONTE: Disponível em: <http://www.escolas.trendnet.com.br/sjosesbc/renascimento/obras.
htm>. Acesso em: 20 nov. 2010.
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No período do Renascimento Cultural e Científico (séculos XVI e XVII), 
a Igreja Católica ainda controlava a produção cultural e científica, 
e defendia a teoria Geocêntrica. Galileu Galilei, por defender o 
Heliocentrismo, foi condenado à Inquisição. Para se livrar da morte, 
Galileu negou o Heliocentrismo diante do tribunal. Contudo, não deixou 
de fazer suas pesquisas.
Quem foi Galileu Galilei? Nasceu na Itália no ano de 1564. Grande 
Físico, Matemático e Astrônomo, Galileu fez a descoberta da lei 
dos corpos e enunciou o princípio da Inércia. Foi um dos principais 
representantes do Renascimento Científico dos séculos XVI e XVII. Foi 
o primeiro a contestar as afirmações de Aristóteles, que, até aquele 
momento, havia sido o único a fazer descobertas sobre a física.
Outros precursores do conhecimento científico que também merecem destaque, como 
Leibnitz que tentou explicar a deposição das rochas sedimentares; Montesquieu (famoso 
humanista francês) que estudou a influência dos climas na maneira de pensar e agir dos 
homens; Isaac Newton (famoso físico inglês) responsável pela formulação do princípio da lei 
da gravitação universal.
 
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No entanto, para a ciência geográfica, o holandês Bernardo Varenius (morreu com 28 
anos), sem dúvida foi um dos precursores mais importantes na primeira metade do século 
XVII. Embora não tenha concluído sua sublime obra intitulada Geografia Geral, Varenius fez 
uma abordagem sintética da chamada Geografia Matemática, que estuda a Terra como astro 
e procura explicar as relações existentes entre este planeta e os outros, enveredando em 
seguida pelos temas da Geografia Física, que procurou explicar as formas de relevo, a rede 
fluvial e as condições climáticas se interinfluenciando, para chegar ao papel da sociedade, do 
homem na elaboração do espaço. (ANDRADE, 1987). 
 
Talvez a maior contribuição de Varenius tenha sido o fato de ele ter unido em uma só, a 
Geografia Geral, Geografia Matemática, Geografia Descritiva, Geografia Humanista e Geografia 
Literária. 
5 A CONTRIBUIÇÃO DO CAPITALISMO 
 NO DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
Antes de iniciarmos a nossa conversa sobre o papel do capitalismo no que tange ao 
desenvolvimento da ciência geográfica, gostaríamos que você refletisse. Será que o capitalismo 
realmente contribuiu para o desenvolvimento da ciência? De que forma? Pense um pouco. 
Sim, sem dúvida o capitalismo contribuiu não só para o desenvolvimento da ciência 
geográfica, mas também para as demais ciências principalmente com sua expansão nos século 
XVIII e XIX proporcionando um acelerado desenvolvimento das mesmas. Para facilitar o seu 
entendimento, vamos voltar ao século XV. A partir deste, o capitalismo comercial marcado 
pela expansão das grandes navegações ocasionou o descobrimento de novas terras, culturas, 
bem como intensificou a comercialização entre os povos que viviam em condições naturais e 
organização social diversificadas. Neste período, a Europa detinha o núcleo de civilização maisdinâmica e também possuía um controle maior sobre a “tecnologia”. Gradativamente, expandiu 
sua influência econômica e política por grande parte da superfície da Terra, principalmente nas 
áreas litorâneas, cujo acesso às embarcações era mais fácil. 
O capitalismo comercial proporcionou o enriquecimento da burguesia e esta, por sua 
vez, passou a exercer uma influência maior junto ao governo e na administração e com isso 
estimulou as técnicas e pesquisa com o intuito de ampliar, por exemplo, as explorações dos 
recursos naturais. Cabe destacar, que a burguesia, ao forçar o controle dos meios de produção 
promoveu sua revolução política ocasionando a destruição da monarquia francesa. Conforme 
destaca Andrade (1987, p. 46):
os ideais da Revolução Francesa foram levados a outros países da Europa, 
sobretudo durante o Império Nopoleônico, e, embora essas monarquias sub-
sistissem, fizeram concessões e assimilaram diretrizes que permitiram e as 
vezes estimularam a sociedade burguesa, em formação. Na Inglaterra, por 
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sua vez, desde a Revolução Gloriosa (1688), a burguesia vinha apossando-se 
de fatias do poder e enfraquecendo os poderes do rei frente aos interesses 
de classe. Daí a Revolução Industrial ter-se iniciado na Inglaterra, no século 
XVIII, se expandindo pela França na primeira metade do século XIX, e depois 
pela Europa central e ocidental, em meados do século XX. 
 
Neste contexto, é importante destacar que a política da burguesia engendrou uma 
verdadeira revolução cultural e técnica. Para você ter uma ideia, em meados do século XVIII, 
as ciências naturais (Biologia, Botânica, Zoologia, dentre outras) desenvolveram-se com 
repercussões na Geografia. Os filósofos passaram a questionar ideias e crenças desenvolvidas 
em séculos anteriores, formulando novas bases para a ciência. Assim, a ciência geográfica se 
beneficiou com as reflexões de Immanuel Kant (filósofo alemão, que tinha como centro de sua 
filosofia, o ser humano, como um ser dotado de razão e liberdade), por exemplo.
A classe dominante europeia era cada vez mais deslumbrada com as novas áreas 
descobertas e buscavam explicações para tentar entender a diversidade dessas áreas no 
que concerne a paisagem, a cultura, hábitos, crenças e a própria relação entre o homem e 
a natureza. Desse modo, enquanto que os filósofos e cientistas políticos tentavam explicar 
as relações entre o meio e o homem (organização em sociedade, as formas de governo, 
de religiões, dentre outras), os comerciantes e os administradores articulavam os recursos 
disponíveis e possíveis de exploração, bem como constituíam a sua contabilidade para otimizar 
os lucros obtidos. Conforme Claval (1978), assim deu-se o desenvolvimento da estatística e a 
origem da Geografia Política e da Economia, inicialmente formadas por catálogos de estados 
e cidades, de um lado, e da distribuição da produção de outro.
Assim, inicia-se o século XIX (chamado século das luzes) com ampla revolução 
econômica e cultural que culminaria com a consolidação do domínio da burguesia e do modo de 
produção capitalista em quase todo o globo terrestre. Uma superestrutura ideológica e cultural 
passou a se consolidar consagrando a racionalidade da ação do homem sobre a natureza, “o 
que permitiria a sua exploração com grandes vantagens, a dominação técnica, a valorização do 
pensamento científico, com a preocupação do estabelecimento de leis universais, a partir das 
formulações de Newton, e a crença generalizada no progresso, que seria linear e contínuo”. 
(MENDONZA, 1982 apud ANDRADE, 1987, p. 49).
UNI
Você muito provavelmente deve se perguntar se este caderno é 
voltado à Geografia ou à História. Pois bem, para entendermos 
a Geografia atual precisamos entender o contexto histórico de 
produção do espaço geográfico. 
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6 O SURGIMENTO DA GEOGRAFIA 
 MODERNA E SEUS PRECURSORES 
 
No início do século XIX, as condições culturais, econômicas e políticas, engendraram as 
novas diretrizes intelectuais e científicas do século. Expandem-se as ciências da observação 
e da experimentação em virtude da preocupação com o controle da natureza. Assim, muitos 
cientistas passaram a formular suas próprias teorias com o acúmulo de suas observações 
(conhecimento empírico). É evidente que a expansão colonial (de países como a Inglaterra, 
França, Portugal, dentre outros) estimulou a formação de “sociedades” geográficas com o 
intuito de realizar expedições científicas à procura de recursos naturais para explorar, como 
as expedições realizadas no interior do continente africano, asiático e sul-americano. 
 
Você certamente já ouviu falar do inglês Charles Darwin, pois bem, este homem é 
considerado um dos mais famosos cientistas do século XIX que deu a volta ao mundo estudando 
os animais e plantas. Uma de suas célebres obras é o livro intitulado “A origem das espécies”. 
Neste livro, Darwin abarca a teoria da evolução das espécies conforme sua capacidade de 
adaptação ao meio natural. Sua teoria contrariava as concepções da Bíblia, bem como gerou 
forte influência aos estudos de numerosos cientistas, a exemplo de Haekel (uso da expressão 
ecologia) e Spencer (desenvolvimento do evolucionismo). Estas concepções influenciaram os 
fundadores da Geografia Moderna (Humboldt e Ritter).
Outro aspecto importante que marcou o século XIX e que merece ser destacado foram 
as desigualdades sociais. Estas eram tão intensas que levaram alguns estudiosos a formular 
teorias que contrariavam os princípios do capitalismo. Num primeiro momento, as contestações 
ao capitalismo eram realizadas por idealistas utópicos que imaginavam uma sociedade mais 
justa, posteriormente, eram realizadas por pensadores materialistas que criticavam as estruturas 
sociais através de uma análise mais dialética. Neste contexto, não podemos deixar de falar de 
Karl Marx e Friedrich Engels que tentaram elucidar a dinâmica social de forma totalizadora. Na 
verdade, estes dois pensadores estavam engajados na ação política e não exerceram grande 
influência aos geógrafos da época (século XIX), pois a maioria deles estava comprometida 
com as “políticas” de poder de seus países. 
6.1 A CONTRIBUIÇÃO 
 DE ALEXANDRE VON HUMBOLDT
Alexandre von Humboldt (1769-1859) é considerado um dos fundadores da Geografia 
Moderna. O nobre prussiano possuía formação naturalista e realizou inúmeras viagens pela 
Europa, na porção central e norte da Ásia e na América Latina. Procurou conhecer a natureza 
física no intuito de obter explicações sobre a evolução da sociedade sem se preocupar com 
as relações sociais.
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FIGURA 7 – ALEXANDRE VON HUMBOLDT
FONTE: Disponível em: <http://en.academic.ru/pictures/enwiki/65/
AvHumboldt.jpg>. Acesso em: 10 set. 2010.
 Na cartografia (que estava em expansão), Humboldt concebeu um traçado de linhas 
ligando pontos que apresentassem as mesmas temperaturas médias (as isotermas), a princípio 
para definir o que chamou de zodíaco isotérmino, que segundo Claval (1978), deveria ter uma 
largura de 35º tendo como centro o paralelo de 40º Norte.
É importante destacar que Humboldt, através de suas análises, comparava a distribuição 
do relevo, do clima e das associações vegetais, bem como a interação que ocorria entre estes 
elementos, no que tange causas e efeitos. Formulou o princípio da causalidade (a necessidade 
de explicar o porquê dos fatos). Pode-se dizer que é o princípio básico da Geografia moderna. 
Dentre suas obras merecem destaque os livros Quadros da Natureza e Cosmos. Na 
verdade, Humboldt reuniu, de forma sistemática, as tradições das narrativas de viagens e 
das cosmografias num só conjunto lógico. Em sua obra, encontram-se também alguns dos 
principais elementos quedefinem a ciência moderna, a explicação por meio das generalizações 
e um método de observação submetido a critérios bem definidos. (GOMES, 2007). Assim, a 
Geografia proposta por Humboldt envolve “[...] uma reflexão sobre o homem e uma reflexão 
sobre a natureza, sob um mesmo patamar de inteligibilidade. Por este programa, Humboldt legou 
à posteridade as bases de uma nova ciência, rica em tradições e, ao mesmo tempo, moderna e 
sistemática”. (GOMES, 2007, p. 162). Podemos dizer que para a Geografia, Humboldt exerceu 
um papel fundamental nos novos tempos, ao produzir um discurso e uma imagem coerente e 
científica do mundo moderno.
Cabe ressaltar também a obra “Ensaios políticos sobre o reino de Nova Espanha”, 
utilizado mais tarde por Thomas Malthus para formular suas teorias demográficas. 
6.2 A CONTRIBUIÇÃO DE KARL RITTER
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Assim como Humboldt, Karl Ritter (1779-1859) também é considerado fundador da 
Geografia Moderna. Ritter, filósofo e historiador, preocupou-se em estudar exaustivamente 
a Ásia Menor. Foi professor de alguns dos maiores geógrafos do final do século XIX: Ratzel, 
Reclus e La Blache.
FIGURA 8 – KARL RITTER
FONTE: Disponível em: <http://www.iamthewitness.com/books/img/Karl.
Ritter.jpg>. Acesso em: 10 set. 2010.
Ao contrário de Humboldt, Ritter não foi um viajante e/ou explorador, mas sim um grande 
leitor e expositor. Buscou explicar a evolução da humanidade, ligando-a às relações entre o 
povo e o meio natural, fazendo sobretudo a descrição da sociedade.
Segundo Moraes (1986), na visão de Ritter a Geografia era o estudo dos lugares, a busca 
pela individualidade destes e, sendo assim, deveria estudar os arranjos individuais, bem como 
compará-los. No que tange aos arranjos, “cada arranjo abarcaria um conjunto de elementos, 
representando uma totalidade, onde o homem seria o principal elemento”. (MORAES, 1986, 
p. 49). Para Ritter, a Geografia teria a incumbência de explicar a individualidade dos sistemas 
naturais, pois nesta se expressaria o desígnio da divindade ao criar aquele lugar específico. 
(MORAES, 1986). Ainda conforme Moraes (1986), o objetivo para Ritter, era chegar a uma 
harmonia entre a ação humana e os desígnios divinos, manifestos na variável natureza 
dos meios. Desse modo, a ordem natural obedeceria a um fim previsto por Deus, a causalidade 
da natureza obedeceria à designação divina do movimento dos fenômenos. 
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A proposta de Ritter é considerada antropocêntrica, pois o homem é o sujeito da 
natureza. Também é considerada regional porque aponta para o estudo de individualidades, 
valorizando a relação homem-natureza. (MORAES, 1986).
 
De modo geral, podemos dizer que tanto Humboldt quanto Ritter eram ligados às 
classes dominantes de seu país. Estes dois sábios alemães respondiam aos desafios da 
sociedade europeia em que viviam, tanto em função da dominação capitalista como para a 
própria formação da unidade da Alemanha. Assim, para os grupos dominantes e/ou nações 
dominantes, o conhecimento do mundo, bem como das relações entre a sociedade e a natureza 
eram de grande importância para a ampliação do domínio extraeuropeu. Daí a importância dos 
estudos realizados por Humboldt e Ritter naquela época. 
IMP
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Segundo Pereira (1989, p. 91) [...] “é em solo alemão que a 
Geografia alcança sua forma de Ciência Moderna. [...] com 
Humboldt e Ritter nasce a Geografia Científica ou Geografia 
Acadêmica. Isto é, uma Geografia produzida agora a partir dos 
centros universitários e, mais tarde, ensinada nas escolas. Apesar 
de Humboldt ser naturalista e Ritter historiador, ambos possuíam 
uma visão de totalidade típica do avanço alemão (Kant, Hegel, 
dentre outros).
6.3 A CONTRIBUIÇÃO DE FRIEDRICH RATZEL 
O alemão Friedrich Ratzel (1844-1904) representou um papel fundamental no processo 
de sistematização da Geografia Moderna, expressa principalmente através de suas duas obras 
mais importante, a Antropogeografia e a Geografia Política.
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FIGURA 9 – FRIEDRICH RATZEL
FONTE: Disponível em: <http://people.wku.edu/charles.smith/chronob/
RATZEL.jpg>. Acesso em: 10 set. 2010.
Na primeira obra, Ratzel fundamenta sua teoria determinista inspirada na teoria de 
Darwin e depois Spencer. Para Ratzel, “o homem, em todos os seus planos de existência, tanto 
mental como civilizatório, é o que determina seu meio natural”. (MOREIRA, 1987, p. 31). Essa 
teoria ficou conhecida como teoria do Determinismo Geográfico. Na visão de Ratzel, “como 
na luta das espécies pelo domínio do espaço que contém sua nutrição, os homens organizam-
se em Estados para os quais o espaço é fonte de vida”. (MOREIRA, 1987, p. 32). Teoria esta 
que ficou conhecida como Teoria do Espaço Vital, ou seja, entende-se como espaço vital 
o equilíbrio entre os recursos naturais disponíveis e a população que tenta satisfazer suas 
necessidades locais. 
Neste contexto, observe como Moreira (1987, p. 33) descreve o raciocínio linear de 
Ratzel:
Os homens agrupam-se em Sociedade, a Sociedade é o Estado, o Estado é 
um organismo. A sociedade e o Estado são o fruto orgânico do determinismo 
do meio. O Estado é a expressão orgânica do “determinismo geográfico”. O 
Estado é um organismo em parte humano e em parte terrestre. É a forma 
concreta que adquire em cada canto a relação homem-meio. O Estado é 
assim porque possui uma relação necessária com a natureza. Os Estados 
necessitam de espaço, como as espécies, por isto lutam pelo seu domínio. A 
subsistência, energia, vitalidade e o crescimento dos Estados têm por motor 
a busca e a conquista de novos espaços. Troquemos “Estados” por “Imperia-
lismo” e entenderemos Ratzel. 
 
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Do pensamento de Ratzel nasceu a Geografia Política, com a sua importante obra 
intitulada Geografia Política (1897). Nesta, Ratzel pensa o Estado como um organismo 
articulador entre o povo e o solo. Para ele, o solo condiciona as formas elementares e complexas 
da vida, bem como favorece e/ou emperra o desenvolvimento dos Estados. Conforme coloca 
Costa (1992, p. 33):
não se trata, porém de um determinismo estreito, meramente causal. O que 
está em jogo é a ideia de que o solo e seus condicionantes físicos são apenas 
um dado geral, uma base concreta, um potencial enfim, cuja eficácia para o 
desenvolvimento estatal de uma nação ou de um povo dependerá antes de 
tudo da sua capacidade em transformar essa potencialidade em algo efetivo.
Para Ratzel, a efetivação das potencialidades só seria concretizada com a existência de 
um Estado forte, centralizador e capaz de criar políticas territoriais, econômicas, culturais, dentre 
outras, visando à unidade nacional. De acordo com Costa (1992), outro aspecto importante 
do pensamento ratzeliano é o papel desempenhado pelo comércio internacional, que teria a 
função de transformar a terra inteira num vasto organismo econômico. Ratzel defendia a ideia 
de que o desenvolvimento dos povos, sobretudo, o alemão, deveria passar obrigatoriamente 
pelo “alargamento” do horizonte geográfico.
6.4 A CONTRIBUIÇÃO DE ÉLISÉE 
 RECLUS E DE PIETR KROPOTKIN
Diferentemente dos geógrafos estudados anteriormente, que estavam à mercê da 
classe dominante, bem como ocuparam cátedras universitárias, os geógrafos (final do século 
XIX e início do século XX) Élisée Reclus (origem francês) e Pietr Kropotkin (origem russa) se 
colocaram contra a estrutura de poder, negando a validade do Estado, adotaram concepções 
de reformas sociais radicais e defenderam as classes menos favorecidas.
Segundo Andrade (1987, p. 57), para Reclus os geógrafos deveriam fazer uma análise a 
partir das seguintes concepções:“que a sociedade está dividida em classes sociais; a diferença 
de classes provoca a luta entre as classes dominadas; a melhoria das estruturas sociais a partir 
do aperfeiçoamento progressivo do homem”. O cientificismo de Reclus estava pautado na 
ciência como solução dos problemas, ou seja, a ciência desenvolvida era capaz de solucionar 
os problemas e aperfeiçoar socialmente os homens. Dentre suas obras merecem destaque: 
A terra (dois volumes) publicada em 1869; A Nova Geografia Universal (dezenove volumes) 
publicada de 1875 a 1892 e O homem e a terra (seis volumes) publicada de 1905 a 1908.
Kropotkin tinha uma verdadeira paixão pela natureza. Para ele, a Geografia era uma 
ciência da natureza. Acreditava no poder da ciência e admitia que tanto nas ciências naturais 
como nas ciências sociais existiam leis gerais que regiam os fenômenos. Conforme coloca 
Andrade (1987, p. 59), Kropotkin “manteve-se fiel ao positivismo e admitia que a dialética, 
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defendida por Marx e Engels, não podia dar contribuição positiva ao desenvolvimento das 
ciências. Preocupava-se muito com a educação e com o papel a ser desempenhado pela 
Geografia no processo educativo”. 
Na visão de Kropotkin o ensino da Geografia deveria encaminhar os estudantes para 
maior compreensão dos povos, sem fronteiras territoriais, onde as diferentes culturas pudessem 
viver em harmonia. Na verdade, ele propunha o desaparecimento do Estado e a preparação 
de uma juventude para viver em uma sociedade livre. 
Podemos dizer que estes dois geógrafos lutavam por uma Geografia Libertária, que 
não estivesse à mercê da conquista do poder.
UNI
Como você pôde perceber no decorrer do estudo realizado neste 
tópico, a Geografia até se tornar uma ciência percorreu um longo 
caminho. Neste longo caminho, muitas foram as concepções e/ou 
interpretações para tentar entender o nosso planeta, bem como a 
própria Geografia. Procure agora resolver as autoatividades e, se 
for necessário, retome a leitura deste tópico. 
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudou que:
•	A Geografia é considerada uma das ciências mais antigas. Isso porque, a confecção dos 
mapas, conforme registros históricos ocorreu antes da própria escrita. 
•	Os povos primitivos, apesar de não serem detentores da escrita, já possuíam “ideias” 
geográficas em suas concepções de vida e cultura. Suas experiências diárias, ou saberes 
práticos, e as noções e relações com a natureza permitiram mesmo que empiricamente a 
ampliação e desenvolvimento do conhecimento geográfico.
•	As ideias geográficas dos povos orientais, através de seus conhecimentos práticos de 
exploração da Terra, bem como de suas observações e estudos matemáticos, foram 
responsáveis pela sistematização do conhecimento do mundo. 
•	Os filósofos e matemáticos gregos contribuíram para o desenvolvimento do conhecimento 
geográfico com suas ideias sobre a forma e as dimensões da Terra, bem como a distribuição 
das águas, terras e dos seres humanos, sem falar da teoria geocêntrica de Ptolomeu (século 
II d.C.), ao afirmar que a Terra era o centro do Universo.
•	Os romanos deram maior importância à geografia descritiva. Eles procuraram desenvolver 
ao máximo a organização do seu império, assim como o comércio sobre as dezenas de suas 
províncias. 
•	Na Idade Média, o conhecimento geográfico passou por algumas reformulações isso porque 
muitos ensinamentos de sábios gregos, que haviam sido refutados durante o império romano, 
foram retomados. Este período foi marcado pelas grandes e numerosas viagens realizadas 
principalmente pelos italianos. Isso se confirma, pois nos séculos XV e XVI vários deles 
realizaram viagens a serviço dos reis da Espanha e Portugal. 
•	Nos chamados Tempos Modernos (séculos, XV, XVI, XVII), as grandes revoluções para o 
conhecimento geográfico foram as expansões territoriais, a dominação da configuração da 
Terra, bem como a rejeição de inúmeras ideias sobre a sua superfície. Para muitos, a obra 
de Nicolau Copérnico foi considerada um grande impulso para a Revolução Científica com 
sua teoria heliocêntrica. 
•	O capitalismo contribuiu não só para o desenvolvimento da ciência geográfica, mas também 
para as demais ciências, principalmente, com sua expansão nos século XVIII e XIX, 
proporcionando um acelerado desenvolvimento delas. 
•	No início do século XIX, as condições culturais, econômicas e políticas, engendraram as 
novas diretrizes intelectuais e científicas do século. Expandem-se as ciências da observação 
e da experimentação em virtude da preocupação com o controle da natureza. Assim, muitos 
cientistas passaram a formular suas próprias teorias com o acúmulo de suas observações. 
•	Alexandre Von Humboldt e Karl Ritter são considerados os fundadores da Geografia Moderna. 
Enquanto Humboldt procurou conhecer a natureza física, no intuito de obter explicações sobre 
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a evolução da sociedade sem se preocupar com as relações sociais, Ritter buscou explicar 
a evolução da humanidade, ligando-a às relações entre o povo e o meio natural, fazendo, 
sobretudo, a descrição da sociedade.
•	O alemão Friedrich Ratzel representou um papel fundamental no processo de sistematização 
da Geografia Moderna, expressa principalmente através de suas duas obras mais importante, 
a Antropogeografia e a Geografia Política.
•	Élisée Reclus e Pietr Kropotkin se colocaram contra a estrutura de poder, negando a validade 
do Estado, adotaram concepções de reformas sociais radicais e defenderam as classes 
menos favorecidas.
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Diante do estudo realizado neste tópico, como autoatividade, sugerimos que 
você faça uma síntese da sua compreensão em relação ao conhecimento geográfico:
a) Da ANTIGUIDADE
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b) Da IDADE MÉDIA
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c) Dos chamados TEMPOS MODERNOS
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A
F
I
A
AS CORRENTES DO PENSAMENTO 
GEOGRÁFICO E O ENSINO DA 
GEOGRAFIA
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 2
UNIDADE 1
O pensamento geográfico passou por profundas transformações ao longo dos últimos 
séculos, principalmente com as concepções e obras de ilustres geógrafos. Vimos no tópico 
anterior as várias contribuições de diferentes povos no que tange ao desenvolvimento da 
ciência geográfica. Contudo, a Geografia enquanto ciência, deve a sua existência a um grande 
estímulo social ligada ao contexto histórico da

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