Buscar

Resenha crítica sobre o filme "UMA PROVA DE AMOR"

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Comentários a respeito do filme “Uma Prova de Amor”
	O filme trata da dor de uma família em lidar com o câncer de sua filha, e de como eles adaptam suas vidas com o propósito de garantir alguns instantes a mais de vida para Kate. 
	Uma prova de amor é um filme que, do início ao fim, toca o nosso coração ao mesmo tempo em que nos coloca pra refletir. Cada cena foi pensada e trabalhada para nos fazer mergulhar fundo na história da família, e uma vez imerso dentro dessa história, debatemos emocionados, questões como a ética na medicina, o direito, o ser humano, seus limites e limitações, a vida e seus propósitos, a morte e seus mistérios e, principalmente, o amor.
É contada a história de uma família que toma uma atitude/decisão precipitada no intuito de salvar a vida de sua filha Kate, que é portadora de leucemia. Com esse objetivo em mente, a família acata a sugestão de um médico da família, para que faça um procedimento conhecido como FIV, fertilização in vitro, a fim de gerar um bebê que seja compatível com Kate. 
Logo após isso, percebe-se no filme que ela não possui uma boa relação com o filho mais velho, que possui dislexia, o que acaba criando todo um cenário de negligência perante a ele e a filha que será gerada apenas com um intuito: ser a fonte geradora de recursos para salvar outra vida. Em certas cenas do filme, é notório o descaso e abandono dos filhos, exceto o de Kate, e os pais acabam não percebendo essas atitudes. Kate se apresenta para nós como alguém que conhece bem o sofrimento, pois luta desde muito nova pela vida, e possui consciência dos procedimentos pelos quais a irmã mais nova realiza para tentar prorrogar a sua vida. A narrativa não nos mostra muitas interações dos filhos entre si, mas nos apresenta que toda a família tem um carinho muito grande com Kate. 
Kate, ao começar um envolvimento com um paciente do hospital em que está em tratamento, nos mostra que conhece muito bem sua mãe, bem como lidar com ela, visto que fica perceptível o lado incisivo da mãe ao notar a possível relação. Neste momento, assim como em tantos outros ao decorrer do filme, podemos pensar na questão de privilégios, na questão de o amor ser diferente entre um filho e outro, mas que é amenizada, não totalmente, em cenas do final. 
Vemos isso muito claramente no momento em que a filha mais nova é emancipada e a mãe deixa claro em tons de intimidação que a responsabilidade pela morte de Kate seria toda dela. A atitude de Ana, de não querer mais se submeter aos procedimentos para salvar a irmã, mostra que ela apenas quer ter uma vida normal, uma infância normal e saudável, e era exatamente isso que os procedimentos estavam retirando dela.
A mãe demonstra aversão à possibilidade de perder a filha, desafiando as opiniões, e são situações muito recorrentes também na vida real, onde muitas vezes a negação dificulta o processo de luto. Inicialmente não é demonstrada uma negação, já que a doença foi diagnosticada quando Kate ainda era muito nova. Contudo, no decorrer do filme, são mostradas cenas em que Kate aparece apresentando algumas atitudes que se assemelham aos estágios de Kluber-Ross. A mãe ficou presa por muito tempo no estágio da negação, batalhando e se dedicando para salvar a filha, enquanto caía em alguns momentos no estágio da raiva. Raiva da doença, Raiva de Ana, Raiva por levarem Kate à praia... 
O luto não começa no momento da morte, e sim quando a pessoa percebe que ela é inevitável (KOVÁCS, 2002). Kate se preparou durante muito tempo para morrer, preparando tudo para a morte ocorrer naturalmente. Por isso pediu aos irmãos que a ajudassem e também preparou uma espécie de livro de recordações, onde deixava mensagens para toda família, inclusive pedindo perdão, afinal toda família estava envolvida no seu processo de morte.
O filme nos traz muitas realidades do mundo atual, de comportamentos e sentimentos, do quão necessário é o acompanhamento de todas as fases difíceis do luto, mas nos chama atenção para sentimentos nobres de empatia. 
Encerro esse comentário sobre o filme, muito reflexiva e pensativa sobre o título do filme: Uma prova de amor. Mas a prova de amor seria de quem? Da mãe por ter um amor tão grande a ponto de abrir mão de sua própria vida, deixando tudo em segundo plano, inclusive seus outros filhos e disposta a fazer qualquer coisa para salvar a filha? Seria de Anna que fez do amor e do cuidado, a base de sua grande coragem para rebelar-se contra a própria família, e com firmeza e determinação, foi até o fim para atender o que seria o último pedido de sua irmã? Do pai que se apresentou passivo a tudo que acontecia ao seu redor? Do irmão que passou por cima dos conflitos a fim de conseguir abrir os olhos da mãe? Ou finalmente seria de Kate, que optou por interromper a batalha e dar um fim ao sofrimento de todos? O filme celebra a vida com a urgência de quem acredita apenas no instante.

Continue navegando