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AFECÇÕES MOTORAS DO ESÔFAGO EAD: confirma a dilatação do esôfago e exclui uma possível obstrução mecânica. Uma“esofagite irritativa” (mas não de refluxo) pode ser detectada. Definição Não relaxamento; Distúrbio motor 1°mário mais comum; 25 a 60 anos (especialmente antes dos 40 anos). ou Cardioespasmo Aperistalse Esofágica Megaesôfago ACALÁSIA Lesão pré-maligna, (+ comum: carcinoma escamoso; 1 a 10% pacientes (tempo médio de 15 a 25 anos). Devido a irritação da mucosa pelo material estagnado no esôfago, o que induz a formação de áreas de metaplasia e posterior neoplasia. Degeneração dos corpos celulares dos neurônios do plexo de Auerbach (parede esofagiana); Perda de interneurônios inibitórios (óxido nítrico); perda de neurônios colinérgicos (casos avançados). A disfunção do EEI e do corpo do esôfago obstrui a passagem do bolo alimentar (disfagia de condução), insidiosa. Fisiopatologia (1) Não relaxamento do EEI (deglutição); (2) graus variados de hipertonia do EEI; (3) substituição total da peristalse normal por contrações anormais (asperistalses anormais podem ser fracas (“acalásia clássica”), ou extremamente vigorosas (acalásia vigorosa”). Caracteriza-se - A obstrução à passagem do bolo alimentar -> retenção de material não digerido, podendo em associação às queixas de disfagia, ter regurgitação e broncoaspiração; - TOSSE CRÔNICA (noturna). - OBS: halitose (avançados) - Episódios repetidos de pneumonia e abscesso pulmonar, c/ formação de bronquiectasias. - Perda de peso insidiosa leve a moderada (meses a anos). - Cólica esofagiana (torácica) no início. Quadro clínico Diagnóstico Radiografia Simples de tórax: (1) ausência da bolha gástrica (ar no estômago); (2) massa mediastínica tubular ao lado da aorta; (3) nível hidroaéreo no mediastino na posição ereta, representando material estagnado no esôfago. Esofagografia Baritada: (1) dilatação do corpo esofágico (megaesôfago); (2) imagem de estreitamento em “bico de pássaro” no EEI (seta); (3) atraso no esvaziamento esofagiano; (4) presença de contrações esofagianas não peristálticas I - Forma anectásica: calibre normal (até 4 cm), apenas com pequena retenção de contraste, um minuto após a deglutição. II - Esôfago discinético: com pequeno aumento de calibre (entre 4-7 cm) e franca retenção do contraste (megaesôfago leve). III - Esôfago francamente dilatado (megaesôfago clássico, entre 7-10 cm), atividade motora reduzida e grande retenção de contraste. IV - Dolicomegaesôfago (dólico = alongado): > 10 cm ou tortuoso. Esofagomanometria (padrão-ouro), principalmente quando os exames radiográficos são normais ou inconclusivos. Os principais achados manométricos na acalásia já foram descritos anteriormente. Biópsia do esôfago distal e da cárdia, para que se possa excluir alguma condição maligna. Etiologia I) Primária (idiopática): + comum; II) Secundária: doença de Chagas, amiloidose, sarcoidose e gastroenterite eosinofílica. Esofagopatia Chagásica - Sempre devemos considerar em áreas endêmicas. - Invasão do plexo mioentérico (plexos de Auerbach e Meissner) pelo T. cruzi causa disfunção e posterior necrose dos interneurônios responsáveis pelo relaxamento do EEI, ao mesmo tempo em que lesa neurônios importantes para a peristalse do corpo esofagiano. - Sexo masculino; - Mesmo QC da idiopática; - “Mal do engasgo”. - Exames apresentam as mesmas anomalias. OBS: Como acomete indivíduos na fase crônica da doença, o diagnóstico deve ser sorológico: ELISA (método de escolha), ou a reação de Machado- Guerreiro. Tratamento Não há método terapêutico que normalize a contratilidade do corpo esofagiano. Opções: 1) Leves a moderados: reduzem a pressão do EEI. - Nitratos; - BCC: 10 mg nifedipina VO 6/6h. - Toxina botulínica: injeção intramural e circunferencial, quando resultados imediatos são desejáveis, porém, a duração é de 3-6 meses. É reservada para os casos de alto risco cirúrgico! Atua pela inibição de neurônios excitatórios parassimpáticos (colinérgicos). 2) Refratários: métodos intervencionistas. A) Dilatação endoscópica pneumática (por balão): resultados satisfatórios em 60-85%. Complicações: - Perfuração esofágica (2-6%); - Recidiva dos sintomas (50%), ex. novas dilatações; - Refluxo gastroesofágico (2%). B) Cirurgia de miotomia do EEI: secção das camadas longitudinal e circular da musculatura lisa do esôfago distal (miotomia de Heller). Quando ocorre a inclusão de todas as fibras do EEI, o que implica sua extensão até 1 a 2 cm abaixo da cárdia, aumenta o risco de RGE, no pós-operatório (até 20%), sendo necessário associar uma fundoplicatura. Sucesso terapêutico em 70-90%, com chance bem menor de recidiva; A laparoscopia o método de escolha. Nos casos de megaesôfago avançado (especialmente no grau IV): esofagectomia. OBS: evitar o câncer de esôfago. Classificação de Rezende: estadiar o megaesôfago chagásico AFECÇÕES MOTORAS DO ESÔFAGO Definição Ou Pseudodiverticulose Espástica Esôfago em “Contas de rosário” ESPASMO ESOFAGIANO DIFUSO (EED) A maioria dos pacientes é do sexo feminino e possui distúrbios psicossomáticos associados. Ansiedade e depressão estão presentes em mais de 80% dos pacientes com anormalidades na contração esofágica. Na histopatologia por uma degeneração mais intensa nos axônios de neurônios inibitórios do plexo de Auerbach e ramos do nervo vago. Pode evoluir para acalásia. Caracteriza-se - Dor retroesternal (cólica esofagiana) associada à disfagia para líquidos e sólidos. - Pode ser intensa e se irradiar para: costas, tórax, braços e mandíbula, durando de alguns segundos a vários minutos. - Em geral ocorre no repouso, mas pode se associar à deglutição, à tensão emocional e aos exercícios! OBS: EED podem produzir dor retroesternal sem disfagia (assemelha-se com a angina) ou pode haver disfagia sem dor retroesternal. E diferenciar do RGE. Quadro clínico Diagnóstico Os exames podem ser normais visto que as anormalidades são episódicas. Por causa disso, podem ser usados testes provocativos na tentativa de induzir o espasmo: a ingestão de alimentos sólidos, distensão esofágica por balão, perfusão ácida intraluminal (ácido clorídrico), uso endovenoso de edrofônio (80 mg/kg) e a administração de betanecol (vagomimético). Tratamento Difícil de tratar. - Ansiolíticos (mostrou benefício) - Podem ser úteis: - Nitratos (ex.:nitroglicerina sublingual 0,3 a 0,6 mg, ou dinitrato de isossorbida 10-30 mg antes das refeições); - ACC (ex.:nifedipina 10-20 mg antes das refeições) e os antidepressivos tricíclicos (ex.: amitriptilina 25-50 mg/dia, antes de dormir). - Refratários ou que não toleram a terapia medicamentosa: dilatação endoscópica com balão (risco de perfuração esofágica) e a injeção local de toxina botulínica (efeito por no máximo seis meses). - A cirurgia de miotomia estendida – ou mesmo esofagectomia – raramente é indicada em casos acompanhados de intensa perda ponderal e/ou dor intratável. - Quando o espasmo está associado ao RGE, o tratamento antissecretor gástrico (com IBP) costuma aliviar os sintomas, e a cirurgia antirrefluxo pode ser indicada para restituir a competência do EEI, melhorando tanto os sintomas do refluxo, quanto os do EED. Aqueles com queixa de disfagia devem evitar alimentos e bebidas “gatilhos”. - Sintomas incapacitantes e refratários podem necessitar de esofagomiotomia longitudinal.Outra indicação de cirurgia é a presença de divertículos de pulsão no esôfago torácico. O acesso cirúrgico pode ser feito por uma toracotomia lateral esquerda ou, preferencialmente, pela videotoracoscopia. A eficácia da cirurgia é variável, porém, cerca de 80% dos pacientes obtêm alívio das queixas. O “Esôfago em Quebra-Nozes” seria uma variante do EED, caracterizada por uma grande contração generalizada do esôfago, atingindo níveis pressóricos à manometria acima de 180mmHg! O “Esôfago Hipertensivo” é uma variante da acalásia, em que o EEI estáhipertônico, porém, mantém o relaxamento fisiológico pós-deglutição. Distúrbios motores esofágicos que não se encaixam em nenhuma entidade descrita, sendo geralmente denominados motilidade esofagiana ineficaz: - Esclerodermia (graves distúrbios da motilidade esofagiana, com a típica associação de um esfíncter esofagiano inferior incompetente e contrações aperistálticas fracas, atrofia e fibrose da musculatura lisa nos 2/3 inferiores do órgão. É um distúrbio da motilidade esofágica de etiologia neurogênica, no qual o ocorre substituição do peristaltismo por intensas contrações não propulsivas fásicas, principalmente nos 2/3 inferiores do esôfago. Doença incomum (5x menos frequente que a acalásia), e difícil de ser diagnosticada e tratada. Esofagograma Baritado: pode - “esôfago em saca-rolha” ou em “contas de rosário”, resultante da contração anormal, incoordenada (não peristáltica), que produz múltiplas pequenas ondulações na parede, saculações e pseudodivertículos. Tal aspecto, apesar de sugestivo, não é patognomônico. Esofagomanometria: - revela contrações características, prolongadas (> 2,5s), de grande amplitude (> 120 mmHg) e repetitivas, que se iniciam de forma simultânea nos 2/3 inferiores do órgão. É preciso que mais de 30% (e menos de 100%) das contrações esofagianas sejam desse tipo. Os achados descritos não são patognomônicos de EED: tais alterações manométricas também são vistas: DM, esclerodermia, amiloidose e na esofagite de refluxo. É recomendação investigar 1° doença coronariana, com teste ergométrico ou outros exames não invasivos provocativos de isquemia miocárdica! Não devemos atribuir a dor retroesternal a uma patologia não cardíaca antes de descartar a existência de doença coronariana OUTROS DISTÚRBIOS MOTORES Referência: Medcurso 2019