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A CLÍNICA DO SUJEITO DA PSICOSE NO CAPS

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POSSO CONVERSAR COM VOCÊ? A CLÍNICA DO SUJEITO DA PSICOSE NO 
CAPS 
 
 
Resumo: Este trabalho aborda a clínica com os sujeitos da foraclusão nos Centros de Atenção 
Psicossocial (CAPS), estabelecimento que compõe a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), 
orientado pelas diretrizes da Reforma Psiquiátrica, Sistema Único de Saúde e da Atenção 
Psicossocial. A Lei da Reforma Psiquiátrica redirecionou o modo de Saúde Mental, que antes 
era baseado na hospitalização tendo como figura principal o manicômio, para um modo atenção 
ofertada no território e baseada no protagonismo dos sujeitos durante todo o processo de 
tratamento. O CAPS, enquanto principal dispositivo da RAPS, tem como finalidade o cuidado 
aos sujeitos com impasses graves de subjetivação, dentre eles os sujeitos nomeados como 
“loucos”. Qual a clínica possível com estes sujeitos que se dirigem ao estabelecimento em 
momentos bem diversos dos atendimentos agendados (oficinas, grupos, consultas, 
psicoterapias), isto é, que têm um tempo próprio de demanda de cuidado? Para o trabalho, nos 
servimos do Dispositivo Intercessor enquanto um novo Modo de Produção de subjetividade e 
conhecimento. Nos situamos enquanto trabalhadora de um CAPS. A partir da Psicanálise do 
campo de Freud e Lacan compreendemos que os sujeitos da foraclusão não são doentes, 
portanto não se trata de diagnosticá-los, medicaliza-los e normaliza-los. Trata-se de sujeitos 
cuja constituição subjetiva se deu por foraclusão do significante Nome-do-Pai no lugar do Outro 
e o fracasso da metáfora paterna, portanto não se situam pela norma fálica tal qual os neuróticos. 
O papel do trabalhador nesta clínica é de secretário do alienado, acompanhando suas produções 
que incluem a construção de uma metáfora delirante. 
Palavras-chave: Centro de Atenção Psicossocial; Psicose; Foraclusão; Clínica. 
 
A Reforma Psiquiátrica brasileira (RPb), consolidada com a aprovação da Lei 
10.216/2001 (BRASIL, 2001), denominada lei da Reforma Psiquiátrica, estabeleceu um 
redirecionamento no modelo de Atenção à Saúde Mental no país. O modelo assistencial baseado 
na hospitalização e na medicamentalização vem sendo paulatinamente substituído pela rede de 
serviços substitutiva. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é composta por residências 
terapêuticas, pelas equipes de Saúde Mental da Atenção Básica, enfermarias especializadas em 
hospital geral, unidades de urgência e emergência e pelos Centros de Atenção Psicossocial 
(CAPS), sendo estes últimos seus principais dispositivos. Estes estabelecimentos institucionais 
foram pensados para comporem uma nova clínica que opere a partir da perspectiva de que o 
sujeito é o protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento (BENELLI; PÉRICO; COSTA-
ROSA, 2017). 
O movimento da RPb, que nasceu em um período de luta pela redemocratização do país, 
teve sua inspiração principalmente na psiquiatria democrática italiana com a proposta de 
desinstitucionalização. Essa, na acepção da psiquiatria democrática italiana, denota “a 
desconstrução da cultura asilar e a construção, no território, de serviços responsáveis por toda 
a demanda, serviços fortes, não hierarquizados, mas de dimensões complexas” (BARROS; 
GHIRARDI; LOPES, 2002, p.99). Outro ponto essencial foi o questionamento da exclusividade 
e da soberania do saber médico psiquiátrico, que culminou na incorporação de outros saberes 
ao campo da Saúde Mental. As relações interprofissionais, contudo, se constituíram como 
“mera adição dos aspectos psicológicos, sociais e culturais aos conhecimentos da medicina 
sobre o sofrimento psíquico, dando origem ao termo biopsicossocial e imaginando, com isso, 
dar conta da complexidade das ações em SMC” (SHIMOGUIRI, 2016, p. 54). 
Dispositivo estratégico para a consolidação da RPb, o CAPS é tributário de elementos 
das experiências históricas internacionais de contestação e reforma da Psiquiatria Asilar, em 
especial da Psicoterapia Institucional francesa, da Antipsiquiatria inglesa e da Psiquiatria 
Democrática italiana. O primeiro CAPS para atendimento a sujeitos do sofrimento psíquico 
grave, fundado em 1987, teve caráter inovador – pois foi instituído por meio da militância social 
e política de um grupo de trabalhadores que acreditavam em um modo mais humano de produzir 
saúde mental – e serviu de referência para a implantação de novos serviços desta natureza no 
país (GALIEGO, 2013). 
O CAPS é um estabelecimento de Atenção para os sujeitos com impasses graves, psicoses, 
e aos que fazem uso de álcool e outras drogas. Ele está organizado a partir de modalidades, a saber: 
CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPS AD, CAPS AD III e CAPS i, sendo que cada um deles 
possui algumas especificidades. No CAPS é ofertado um conjunto de atendimentos, tais como: 
acolhimento, oficinas terapêuticas, psicoterapia individual, atendimento em grupo, atendimento 
de crise, acolhimento de familiares, visitas domiciliares, consultas psiquiátricas e atividades de 
inserção social e comunitária. Estes estabelecimentos representam a possibilidade da 
constituição de um modo de Atenção com configurações opostas às manicomiais. Entretanto, 
em virtude das características do contexto econômico, social e cultural em que estão inseridos 
e das características da formação dos trabalhadores, não estão livres de funcionar segundo a 
mesma lógica asilar que criticam e pretendem superar, reproduzindo novas formas de 
“manicomialização” (PANDE; AMARANTE, 2011, p. 2068) dos impasses de subjetivação e 
dos modos de vida dos sujeitos em sofrimento(Costa-Rosa (2013) propõe uma leitura 
paradigmática da Saúde Mental Coletiva brasileira a partir da definição de dois paradigmas. O 
Paradigma Psiquiátrico Hospitalocêntrico Medicalizador (PPHM), ainda dominante neste 
campo, tem como objeto a “doença” sob uma perspectiva predominantemente organicista e 
enquanto meios terapêuticos de intervenção principalmente os medicamentos que são utilizados 
via de regra a priori. As relações interinstitucionais e intrainstitucionais estão organizadas a 
partir do Modo Capitalista de Produção (MCP), base da produção de Saúde como reposição de 
suprimentos. Com relação ao modo de relação da instituição com a clientela e o território 
predominam as relações típicas do MCP, ou seja, relações tipo: doente-são, carente-supridor, 
ignorante-sabedor. E como efeitos produtivos, em termos terapêuticos e ético-políticos, produz 
subjetividade serializada. 
E contrapondo-se dialeticamente ao PPHM, está o Paradigma Psicossocial (PPS). Nele 
não se trata de “objeto”, mas de um sujeito em sua existência-sofrimento e os meios terapêuticos 
são os mais variados e variáveis (oficinas, psicoterapias, dentre outras), a depender de cada 
situação. As relações intrainstitucionais e interinstitucionais estão organizadas sob o Modo 
Cooperado, baseado na horizontalização (transversalização) das relações, base da produção de 
Saúde enquanto reposicionamento do sujeito. Neste paradigma predominam as relações 
horizontalizadas entre a instituição/estabelecimento com o território e a clientela. Já os efeitos 
produtivos, uma vez que preza pela construção de um saber pelo próprio sujeito, consiste na 
produção de subjetividade singularizada. Esse paradigma, dada a absoluta dominância das 
práticas do PPHM, pode ser encontrado apenas em um conjunto de práticas de certos 
trabalhadores (MONDONI; COSTA-ROSA, 2010). 
No cotidiano do CAPS pode acontecer de existirem alguns sujeitos da psicose que 
circulam quase diariamente no estabelecimento, alguns, inclusive, mais de uma vez ao longo 
do dia. Nem sempre a presença acontece em virtude de um atendimento previamente 
combinado, como uma oficina ou mesmo uma consulta, e sim em decorrência da 
“transferência1” que eles estabeleceram com o dispositivo institucional. Alguns sequer se 
dispõem a participar frequentemente das oficinas e grupos realizados. Para além dos 
atendimentos habituais ofertados,esses sujeitos demandam dos trabalhadores – ou de um 
trabalhador específico – atenção em momentos os mais variados e imprevistos. Qual a escuta 
possível nestes casos? E qual a posição a ser ocupada pelo trabalhador (BENELLI; PÉRICO; 
COSTA-ROSA, 2017)? 
 
1 De acordo com Lacan (2008, p. 225) a transferência é um fenômeno essencial, “ligado ao desejo como fenômeno 
nodal do ser humano”. Trata-se de um fenômeno no qual estão incluídos o sujeito e alguém que é tomado por ele 
no lugar de sujeito suposto saber. 
Nesse trabalho, objetivamos discutir a atenção dada a estes sujeitos da psicose situando 
no Paradigma Psicossocial (PPS). Para tanto, nos serviremos do Dispositivo Intercessor (DI) 
que, ao se contrapor ao modelo tradicional de fazer ciência, não se pretende enquanto um 
método e sim como um instrumento para o trabalhador realizar suas reflexões e construções 
teóricas no campo da universidade. Esse dispositivo é composto por dois momentos: o DI como 
práxis do trabalhador-intercessor no campo e o Dispositivo Intercessor como meio de produção 
de conhecimento. Os referenciais que dão base a ele são o Materialismo Histórico de Marx 
(MARX, 2010), a Análise Institucional francesa (LOURAU, 2010), a Filosofia da Diferença 
(DELEUZE, GUATTARI, 1995) e, em nosso caso, principalmente a Psicanálise do campo de 
Freud e Lacan (LACAN, 1995). Partimos de nossa experiência enquanto trabalhadora-
intercessora de um CAPS de um município de pequeno porte do interior de São Paulo e 
discutiremos a atenção dada a estes sujeitos nos servindo dos referencias do DI. Apresentaremos 
uma breve conceituação sobre o sujeito da psicose a fim de situar as possibilidades de atenção 
a estes sujeitos. 
 
Não é louco quem quer, somente o sujeito constituído por foraclusão2 
 
A psicose não é uma doença e nem um estado de espírito que qualquer um pode 
apresentar. É uma estrutura psíquica, com sua lógica e seu rigor, que coloca em cena um modo 
particular do sujeito estar no mundo. Tratar da questão do sujeito da psicose implica abordar o 
que denominamos de processo de constituição do sujeito. Para a psicanálise um sujeito não é 
algo inato e nem se desenvolve, ele se estrutura a partir do campo da linguagem (ELIA, 2010). 
O sujeito é desnaturado, não existe organismo sem corpo e não há corpo sem a entrada do 
sujeito na linguagem (significante). O corpo já é o organismo/carne simbolizado, humanizado. 
A constituição do sujeito pode se dar por meio de três modalidades: por recalcamento (na 
neurose), por foraclusão (na psicose) e por renegação (na perversão). Cada uma dessas 
modalidades também apresentam sobremodalizações. No caso dos sujeitos constituídos por 
foraclusão, as possibilidades são a melancolia, a paranoia e a esquizofrenia. Em todos as 
modalidades de constituição trata-se da relação do sujeito com o significante, sendo que o Édipo 
é o grande divisor de águas entre os dois campos. Lacan (1999), relendo Freud, demarca que o 
 
2 Neste ponto é preciso mencionar que algumas particularidades da teorização que se segue são inspiradas nos 
textos preparados para as aulas do prof. Dr. Abílio da Costa-Rosa, ministradas nos cursos de graduação e pós-
graduação em Psicologia da FCL/UNESP, campus de Assis, SP, durante os anos de 2011 a 2016. Sua apresentação 
dos processos de subjetivação, das modalidades estruturais da máquina de subjetivar e de suas sobremodalizações 
a partir da psicanálise possui originalidade e não é comum entre os autores do campo. 
Complexo de Édipo pode ser pensado em três tempos lógicos e descreve os processos de 
constituição do sujeito e as operações da alienação e a separação (LACAN, 2008). 
Apresentaremos sumariamente estes tempos e processos. 
Para um pequeno bebê tornar-se um sujeito é essencial que quem o receba – em geral a 
mãe ou um adulto que se encarrega da sua maternagem – não somente o assista em suas 
necessidades fisiológicas e nutricionais mas, sobretudo, o faça de modo a convocar o infans a 
ocupar um lugar privilegiado no desejo materno, lugar fálico. Isso significa que para o agente 
da maternagem o infans irá ter o estatuto particular de ser aquilo que imaginariamente o 
completa, sendo por isso o destinatário dos seus investimentos de amor e de suas demandas de 
satisfação. Desde o início já há, portanto, três elementos: a criança, a mãe e o falo, sendo que 
criança e falo estão em equivalência (QUINET, 1997). A cada vez que uma demanda materna 
é dirigida ao infans e ele puder encarnar um objeto pulsional para essa demanda, irá identificar-
se a um ideal materno. Neste primeiro tempo lógico do Édipo, a mãe é para o infans um Outro 
absoluto e a criança está identificada ao objeto de desejo da mãe (DM), assumindo este desejo 
como sendo dela própria – a alienação no desejo materno. Um ponto essencial, para que o 
processo de alienação seja possível, é que o agente da maternagem, em seu próprio processo de 
constituição subjetiva, tenha a inscrição do furo, da falta. 
No segundo tempo lógico do Édipo inaugura-se a simbolização. A criança, ao se deparar 
com a alternância de presenças e ausências do agente da maternagem, começa a perceber que 
há algo para além dela própria para o qual se dirige o DM, significando para a pequena criança 
que o desejo materno comporta um para além dela. E o que a mãe poderia desejar? O jogo do 
fort-da, descrito por Freud (2010), no qual a criança repete ludicamente as idas e vindas do 
agente materno, enunciando vocábulos que representam estas alternâncias por meio do jogo 
com o brinquedo, marca o ingresso da criança no mundo simbólico. O agente da maternagem, 
ao poder ser simbolizado por uma palavra, passa de um estatuto de objeto primordial ao de 
signo. Por haver a mediação simbólica pela linguagem, a relação da criança com a mãe (ou seu 
representante) deixa de ser imediata. Este processo de simbolização precisa ser mediado. Entra 
em cena a instância paterna como a metáfora do Pai, ou seja, “aquilo que no discurso da mãe 
representa o pai: o Nome-do-Pai” (QUINET, 1997, p. 11). O significante Nome-do-Pai 
corresponde ao que, no discurso da mãe, significa para a criança que o DM se encontra em 
outro lugar e que ela própria é submetida a uma lei. A inscrição do significante Nome-do-Pai 
no Outro faz com que o DM seja recalcado. A criança passa de uma posição de ser o falo para 
uma posição de falta-a-ser, abrindo acesso ao próprio desejo. 
O terceiro tempo do Édipo, que compreende seu declínio, é marcado pela simbolização 
da lei. O fim do complexo de Édipo, de acordo com Lacan (1995, p. 216) “é correlativo da 
instauração da lei como recalcada no inconsciente, mas permanente”. O pequeno sujeito irá 
deixar a problemática do ser (o falo) para ingressar na dialética do ter, o que só pode ocorrer 
porque o pai deixou de ser para ela o falo rival junto à mãe. A dialética do ter convoca a criança 
ao jogo das identificações (DOR, 1989). A criança se inscreverá, segundo seu sexo, de modo 
diferente na lógica identificatória mobilizada por este jogo: o menino se identifica com o pai 
que supostamente tem o falo; a menina sai da posição de objeto de DM e se depara com a 
dialética do ter sob a forma de não ter, encontrando uma identificação possível na mãe (que 
também não tem). O significante Nome-do-Pai, fazendo emergir a significação fálica e 
permitindo ao sujeito a significantização aos seus significantes, funciona como ponto de basta. 
A metáfora paterna, além de inaugurar o acesso da criança a à dimensão simbólica, lhe confere 
o status de sujeito desejante. Em suma, o Édipo “é o preço que se paga para advir como sujeito 
da linguagem” (QUINET, 1997, p. 15). Nestes casos em que o Nome-do-Pai operou, temos um 
sujeito constituído por recalcamento, portanto, com uma parte de si que se tornou inconsciente 
– é a saída neurótica. 
O Nome-do-Pai,significante organizador do conjunto dos significantes para os sujeitos, 
aparece como uma encruzilhada estrutural de amplas consequências. Se para haver a neurose é 
imprescindível que o Nome-do-Pai esteja inscrito no sujeito, para Lacan (1998) o que confere 
ao psicótico sua estrutura é justamente a foraclusão do significante Nome-do-pai no lugar do 
Outro e o fracasso da metáfora paterna. O termo foraclusão (Verwerfung) tem origem no 
vocabulário jurídico e faz referência a uma situação judicial cuja causa está perdida, que perdeu 
o prazo, prescreveu. O sujeito constituído por foraclusão tem como particularidade o fato de 
que para ele o significante Nome-do-Pai está foracluído do campo do simbólico, produzindo 
particularidades nos seus processos de subjetivação. Mas qual é o processo de constituição 
dessa modalidade subjetiva? 
Se ao infans for apresentado pelos agentes que encarnam as funções subjetivadoras 
(maternagem e paternagem) um campo simbólico do qual o significante NP estiver foracluído, 
não será possível a ele a inscrição deste significante e a metáfora paterna irá fracassar. Isso 
impossibilita o advento da metaforização dos significantes relativos ao tempo do narcisismo 
por meio do processo de substituição destes significantes (por recalcamento) pelos significantes 
dos ideais socioculturais de estatuto Imaginário. A constituição dos ideais, neste caso, situa-se 
a partir de horizontes de estatuto imaginário. Para estes sujeitos a passagem do narcisismo ao 
campo do simbólico acontece, só que de modo particular (COSTA-ROSA, 2016). Há a 
construção de uma metaforização dos significantes do narcisismo, denominada suplência da 
metáfora paterna, com a particularidade de ser uma metáfora de estatuto imaginário-simbólica. 
Desse modo, o sujeito entra na realidade compartilhada sustentado por uma realidade psíquica 
cujas balizas são regidas pelo Imaginário. 
Tendo em vista essa prevalência do Imaginário, existe uma tendência destes sujeitos se 
identificarem com as imagens padrão da realidade social compartilhada, de modo que vivem 
“como se” fossem sujeitos do recalcamento. Entretanto, dado a essa mesma prevalência, estes 
sujeitos podem ter “empuxo à criação”, ou seja, serem impulsionados à fazerem uso da própria 
imaginação criativa, colocando a imaginação a serviço da criação de si, da estética da 
existência. Arthur Bispo do Rosário (POLI, MESQUITA, 2014) é um destes sujeitos que se 
serviu da criação artística como saída para subjetivação dos impasses psiquícos e acabou por se 
tornar notável no plano cultural da realidade compartilhada. 
Muitos sujeitos da foraclusão se mantêm por bastante tempo em um arranjo imaginário 
que lhes fornece certa consistência, o que lhe permite habitar a realidade social comum. O fato 
de um sujeito ser constituído por foraclusão do NP não significa que o tempo todo ele estará 
naufragado na psicose, no “surto”. Isso somente se dará quando um acontecimento vindo do 
campo do simbólico produza uma injunção que pressione o sujeito a dar uma resposta 
(simbólica) para além do limite de suas possibilidades (imaginárias). 
Mas de que modo se daria uma injunção dessa natureza para o sujeito? Primeiramente 
o sujeito precisa estar em uma relação estritamente imaginária com alguém que ele ama ou 
odeia de forma intensa. Em segundo, é necessário que o evento crítico, vindo do campo do 
simbólico, seja endereçado ao campo do imaginário, acontecimento denominado como Umpai. 
São geralmente situações em que o sujeito é convocado a assumir os seus desejos e faltas, como 
por exemplo quando acontece a perda de alguém que lhe era importante, quando é convocado 
a ocupar um lugar de destaque, em momentos que precisa assumir uma responsabilidade na 
vida acadêmica ou profissional, quando se torna mãe/pai, etc. Em terceiro, quando não há 
possibilidade de inscrição simbólica, há também a quebra do imaginário. O sujeito responde 
com o desmoronamento da realidade psíquica, dissolvendo-se por completo seu eu ideal e o 
Ideal do Eu. Nos impasses do recalcamento, não há dissolução da máquina de subjetivar, o que 
ocorre nos casos de desmoronamento da realidade que evidenciam a foraclusão. As 
características da quebra da realidade psíquica de cada sujeito dependem diretamente das 
condições tanto conjunturais como particulares (familiar, social e histórica) e também das 
sobremodalizações da constituição psíquica. Resta-lhe como possibilidade de saída da crise 
apenas por meio da reconstrução da própria realidade psíquica – que jamais será igual a anterior. 
Trata-se de um trabalho subjetivo de reconstrução da própria máquina de subjetivar humana. 
 Delírio e alucinação surgem como uma tentativa de reconstrução da realidade psíquica 
do sujeito da foraclusão no momento da crise psicótica e não como sintomas patológicos que 
precisam ser calados por meio dos fármacos. O delírio e a alucinação, por mais estranhos que 
pareçam, guardam elementos particulares da história de vida daquele sujeito e, portanto, sua 
verdade. Eles são reveladores do processo de trabalho empreendido pelo sujeito para reconstruir 
uma possibilidade de habitar a realidade humana. Trata-se então de um dizer que precisa ser 
escutado e não calado, pois se calarmos o sujeito de uma psicose deflagrada, obstruímos a via 
pelo qual ele poderia construir metáforas que viessem a fazer suplência ao NP, o que lhe 
permitiria reconstruir sua realidade psíquica. Tomar o delírio enquanto um enigma é possibilitar 
que o sujeito tenha um espaço onde ele possa realizar um trabalho subjetivo e sua loucura possa 
ser dita. 
Realizar a escuta do sujeito da psicose requer que não tentemos proceder a uma 
normalização, um apagamento de sintomas que destoam do que é considerado socialmente 
como “normal” (BENELLI; PÉRICO; COSTA-ROSA, 2017). O sujeito constituído por 
foraclusão não muda de estrutura e, portanto, não se torna um sujeito do recalcamento. Haverá 
sempre um significante (NP) que não foi inscrito, portanto o sujeito não estará na norma fálica, 
embora possa viver “como se”, quando está estabilizado. O que ele poderá fazer, caso tenha um 
trabalhador que o escute, é construir metáforas delirantes – de potência imaginário-simbolizante 
– de modo a montar um certo arranjo (imaginário) que lhe possibilite a reconstrução da 
realidade subjetiva. Dessa forma, poderá habitar a realidade compartilhada, fazer alguns laços, 
produzir, formar uma família, etc., servindo-se da metáfora delirante para dar sentido a suas 
vivências. 
 
 Secretário do alienado: dois fragmentos clínicos e a posição do trabalhador 
 
 Nos CAPS geralmente há uma rotina de atendimentos, havendo horários específicos 
para as oficinas, consultas, grupos, dentre outras atividades. Existir uma rotina não significa 
que não possa existir um encontro com o inesperado. Alguns sujeitos, especialmente aqueles 
constituídos por foraclusão, não se prendem aos dias e horários estabelecidos para cada 
atividade, uma vez que sua urgência subjetiva independe de horários pré estabelecidos. Frente 
a especificidade da psicose faz-se necessário um trabalho outro que não esteja nos moldes da 
clínica com os sujeitos do recalcamento. A partir de um trabalho desenvolvido em um CAPS 
do interior de estado de São Paulo refletimos sobre a posição do trabalhador diante do sujeito 
da foraclusão que marca sua presença no estabelecimento institucional procurando um saber o 
que fazer com sua existência. Nos serviremos de fragmentos clínicos para discutir a questão, e 
daremos nomes fictícios aos sujeitos. 
 Maria: “Eu quero falar com o psiquiatra”! É deste modo que mais uma vez Maria chegou 
ao CAPS. Disse a ela que poderia conversar comigo. Após minha insistência, Maria disse “eu 
cometi um pecado e preciso falar com o psiquiatra para que ele me dê um castigo”. Perguntei a 
ela o que houve. Maria falou que quebrou um vidro e “os bebês morreram por conta disso”.Chorou. Convidei a falar mais sobre isso. Maria afirmou que outras vezes quebrou vidro e 
nestas ocasiões os bebês morrem por culpa dela. “Quando eu era moça fui fazer uma viagem 
para encontrar um moço e os bebês morreram por minha culpa”, ela conta. Naquela semana a 
casa onde morava estava em reforma, de modo que havia pedreiros trabalhando lá. Após falar 
da morte de bebês e formular que seu castigo seria vir mais ao CAPS, se tranquilizou e parou 
de demandar a consulta com o psiquiatra. Sobre a vida de Maria, quando bastante jovem, fez 
uma viagem para o Sul para encontrar um moço por quem se interessou e ao voltar de viagem 
viu a televisão noticiando sobre a morte de uma criancinha, tomando o fato como sendo sua 
culpa. Para Maria, estar diante da possibilidade do exercício de sua sexualidade - naquele 
momento pela proximidade dos pedreiros que estavam em sua casa-, parece ser uma injunção 
que a desestabiliza, obrigando-a a construir metáforas delirantes. Nossa posição ao atender 
Maria foi de secretariar, ser testemunha de suas construções. Nos dias seguinte àquele 
atendimento Maria passou a ir ao CAPS, algumas vezes para falar comigo sobre as vezes que 
quebrava os vidros e da morte dos bebês, outras vezes não queria falar, simplesmente 
demandava minha presença ao lado dela. 
Miguel: Miguel me esperava da porta do CAPS e antes mesmo que eu entrasse dizia 
“Posso falar com você?”. Esta cena aconteceu diversas vezes em um único mês. Alguns vezes 
solicitava minha ajuda para falar com o Fórum solicitando o exame de DNA. Dizia ser filho do 
“Arruda”, um homem importante da cidade, apesar de ter sido criado por um outro homem que 
está como seu pai em sua certidão de nascimento. Em um dos atendimentos em que mais uma 
vez contava ser filho do “Arruda” o convidei a falar sobre sua história. Miguel, ao falar de sua 
mãe, contou que quando estava grávida dele e se sentia mal colocava uma erva chamada 
“arruda” no nariz para melhorar. Destaquei “então arruda era uma erva que ela colocava no 
nariz?!”. Durante este período Miguel se cuidava e durante a semana trabalhava fazendo 
limpeza em um restaurante. Continuei a atende-lo quase diariamente por mais algumas 
semanas, depois sai de férias. Quando voltei a trabalhar Miguel estava entrando em crise, 
começou a dizer que é filho do homem que consta em sua certidão. Uma semana depois deixei 
de trabalhar naquele local e pouco depois fiquei sabendo que ele havia sido internado por entrar 
em “crise”. Ser filho do “Arruda” foi uma metáfora delirante construída pelo sujeito que o 
possibilitou se manter na realidade compartilhada por um tempo. 
Mesmo nos CAPS é bastante comum que, diante de um sujeito cuja realidade psíquica 
esteja desmoronada e em processo de reconstrução, os trabalhadores acreditem que o recurso 
possível para lidar com ele seja calar o sujeito de três maneiras: com o fármaco, com a negativa 
em escutá-lo e com a tentativa de convencê-lo de que o que ele diz – sobre o delírio e a 
alucinação – nada tem a ver com a realidade. Não é por acaso que constatamos o elevado 
número de consultas psiquiátricas, a excessiva medicamentalização e até mesmo uma 
quantidade de internações. Se antes o manicômio era essencialmente arquitetônico, agora ele é 
predominantemente químico. Nota-se, então, a prevalência de práticas situadas no PPHM neste 
novo estabelecimento de Saúde Mental. 
 Escutar um sujeito da foraclusão é sempre um desafio diante do qual não podemos 
recuar. Isso significa escutar o que, muitas vezes, provoca angústia, uma vez que o inconsciente 
se mostra sem recalque, sem censura. E é pelo manejo da transferência, diferente em cada 
estrutura, que podemos falar em tratamento. Na psicose o manejo da transferência deve seguir 
o caminho do apaziguamento do real de um gozo que invade (LACAN, 2001) e a direção do 
tratamento deve partir das produções do sujeito. Ao apostarmos em sua fala, o sujeito pode 
dizer sua verdade, construir suas metáforas delirantes. O trabalhador não deve jamais suprimir 
as alucinações e a produção delirante e sua posição deve ser de “sujeito suposto não-saber” 
(ZENONI, 1998, P. 14), pois ocupar o lugar de quem sabe sobre o sujeito da foraclusão pode 
inviabilizar o tratamento. 
 Lacan (2002), no terceiro seminário, marca um ponto importante para o trabalho com 
os sujeitos constituídos por foraclusão, a saber, a proposta de “secretário do alienado”. Ao 
trabalhador-intercessor não cabe simplesmente dar crédito à fala do sujeito, compete a função 
de assistir suas criações e tomar ao pé da letra o que foi dito, devendo se contentar em passar 
por secretário. Isso deixa claro duas premissas importantes na direção do tratamento: a) 
assegurar ao sujeito um lugar de endereçamento de suas produções, criando condições para que 
ele possa encontrar um lugar de existência e b) o trabalhador/analista estará posicionado como 
objeto dejeto na transferência, não ocupando a posição de objeto de desejo ou de grande Outro 
esmagador (MONTEIRO, LINHARES, BARRETO, et al., 2016). 
 Para a Psicanálise do campo de Freud e Lacan não há um padrão de subjetivação, 
portanto a modalidade da foraclusão é uma possibilidade entre outras, sendo um processo tão 
afirmativo da constituição psíquica como a modalidade do recalcamento. A posição do 
trabalhador na clínica das psicoses nos remete para questões da ética. A ética da psicanálise, 
referida como Ética do Desejo (LACAN, 2008), pressupõe que o trabalhador se comprometa a 
eximir-se de uma posição de mestria de modo que os sujeitos tomem posse de seu próprio 
discurso e possam dizer sua verdade - que será sempre singular. A produção de subjetividade 
singular é o horizonte tanto da psicanálise como do PPS, exatamente por isso a psicanálise 
constitui um dos referenciais teórico ético deste paradigma no campo da Saúde Mental. 
 
Conclusão 
 
 A Reforma Psiquiátrica e construção da Atenção Psicossocial exige muito mais do que 
colocar os sujeitos fora dos manicômios e hospitais psiquiátricos. O CAPS, enquanto um 
dispositivo de atenção aos sujeitos com graves impasses de subjetivação, tem como uma das 
tarefas o atendimento dos sujeitos constituídos por foraclusão, os ditos loucos. A construção de 
uma nova clínica na qual o sujeito seja o protagonista de seu tratamento coloca a necessidade 
de não reduzirmos o sujeito bem como seus impasses a categorias psiquiátricas e seu catálogo 
de doenças – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) –, caso contrário 
corremos um sério risco de reproduzir práticas manicomiais, transformando o CAPS em um 
autêntico “Capscômio”. 
Como trabalhadora de um CAPS pudemos ofertar nossa escuta a alguns sujeitos 
constituídos por foraclusão, quando eles demandavam atendimento. Em virtude da prática 
institucionalizada da internação imediata para os sujeitos que estavam em crise, ou seja, quando 
tinham a realidade psíquica desmoronada e em processo de reconstrução, quase não tivemos 
ocasião de fazermos atendimentos a sujeitos nesta situação. Por outro lado, pudemos oferecer 
a certos sujeitos uma escuta que lhes possibilitaram um trabalho subjetivo a partir da criação de 
significantes de potencial imaginário-simbólico que os possibilitassem se manterem no laço 
social. A clínica teve função servir de “espaço de continência, prevenindo um possível 
desencadeamento em sujeitos em crise, porém ainda estabilizados, cuja demanda fosse de 
reequilíbrio” (HAINZ; COSTA-ROSA, 1999, p. 410). 
 No CAPS, quando atendemos um psicótico nos colocamos num cenário no qual 
acontece um embate de duas crenças que possuem uma certeza: a da psiquiatria com seu 
conhecimento sobre a psicose e a do psicótico sobre seu delírio. Quanto a psicanálise, seu 
trabalho não se pauta nas certezas e sim na verdade de cada sujeito. E essa verdade só pode ser 
dita por ele próprio, por isso precisamos escuta-los em sua singularidade. Eis um modo de 
operarem consonância com o PPS, a saber, “o indivíduo e o sujeito no lugar do trabalho do 
processo de produção de subjetividadessaude3” (PÉRICO, 2015, p. 67), tendo como efeito a 
produção de subjetividade singularizada. 
 
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3 Subjetividadessaude trata-se de um neologismo criado por Costa-Rosa (2013) para demarcar que a produção de 
subjetividade e de saúde estão completamente imbricadas, não sendo possível dissociá-las. 
 
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