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G R A D U A Ç Ã O DR. GEORGE LEAL JAMIL Gestão de Pessoas e Desenvolvimento de Equipes Híbrido GRADUAÇÃO Gestão de Pessoas e Desenvolvimento de Equipes Dr. George Leal Jamil C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; JAMIL, George Leal. Gestão de Pessoas e Desenvolvimento de Equipes. George Leal Jamil. Maringá-PR.: Unicesumar, 2018. 260 p. “Graduação - EAD”. 1. Gestão. 2. Pessoas . 3. Desenvolvimento 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1035-0 CDD - 22 ed. 658 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi, Fotos Shutterstock. Coordenador de Conteúdo Fábio Augusto Genti- lin e Márcia Fernanda Pappa Designer Educacional Janaína de Souza Pontes e Yasminn Talyta Tavares Zagonel Revisão Textual Cintia Prezoto, Érica Ortega, Meyre Barbosa, Silvia Gonçalves, Helen Prado e Talita Dias Tomé Editoração Isabela Belido, José Jhonny Coelho, Me- lina Ramos e Thayla Guimarães Cripaldi Ilustração Bruno Pardinho, Marta Kakitani e Marcelo Goto Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro Naldei e Thiago Surmani PALAVRA DO REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. APRESENTAÇÃO Prezado(a) aluno(a), Seja muito bem-vindo ao curso Gestão de Pessoas e Desenvolvimento de Equipes. Em nome de todos, nossa equipe de trabalho, desejamos sucesso neste estudo. Você verificará, ao longo do aprendizado nestas nove uni- dades a serem abordadas, o valor estratégico da gestão de pessoas, como fundamento clássico de proposta de modelos empresariais, sua aplicação atual, como elemento diferenciador na construção de empresas que sejamcompetitivas e agradáveis em termos de seus ambientes de trabalho e, finalmente, de futuro, como forte tendência estratégica de administração dos novos modelos de negócios que emergem num mercado influenciado pelas tecnologias e novos hábitos sociais. A gestão de pessoas é baseada em princípios científicos, contempla fe- nômenos sociais, ajusta-se com os princípios econômicos, apoia-se nas tecnologias de gestão e trabalho e é absolutamente essencial para que or- ganizações - das quais temos foco especial nas organizações empresariais - sejam propostas e atuem de forma responsável, qualificada, de imagem e reputação prestigiadas e com futuro promissor. O potencial existente no conhecimento de gestão de pessoas é indispensável pelas empresas mo- dernas, tornando o gestor de pessoas, o profissional com o qual este curso contribui para formar, um importante gestor de mercado, com oportuni- dades que vão desde a gestão técnica de equipes, até a liderança completa de mudanças, como veremos ao longo deste curso. Para isso, estruturamos nosso curso nas nove unidades que narramos a seguir, componentes de nossa abordagem pedagógica. A Unidade I apresenta as origens e as justificativas da gestão de pessoas. Aqui, discutimos como este campo científico foi formado inicialmente, seu alinhamento e contribuição para com a estratégia empresarial e, finalmente, como se relaciona com alguns dos elementos essenciais para que realize seus objetivos em empresas. Os relacionamentos conceituais, a abordagem dos principais fundamentos teóricos, da gestão de pessoas, vistos de forma aplicada, inicia-se com a Unidade II, cobrindo até a Unidade IV. Na Unidade II vemos como são definidos e aplicados métodos e técnicas para composição de estruturas organizacionais, definindo as relações profissionais numa empresa. A seguir, abordam-se processos de seleção e recrutamento de pessoas, visando tornar o quadro profissional completo e sintonizado com as necessidades empre- sariais. Além disso, a unidade ainda discute o treinamento e a capacitação de profissionais, como elementos de sua evolução interna, na construção das carreiras - que serão vistas em discussão adiante - finalizando com a abordagem inicial de elementos tecnológicos para esta capacitação. A Unidade III prossegue no desenvolvimento da base conceitual para gestão de pessoas, discutindo os fundamentos dos processos de avaliação, remuneração, reconhecimento e premiação de profissionais no âmbito de seus trabalhos empresariais. Esta conceituação objetiva contribuir para o desenvolvimento e motivação dos trabalhos realizados pelos colaborado- res das empresas, ao chamar a atenção do gestor para a necessidade de, segundo parâmetros definidos por critérios, reconhecer como atuam os profissionais e também como motivá-los a desenvolver progressivamente seu engajamento profissional em evolução progressiva. APRESENTAÇÃO A visão inicial da base conceitual de gestão de pessoas se encerra com a Unidade IV, onde se discute o conceito e a formação dos líderes, compa- rando-os com o desenvolvimento das atuações de gestores, bem como os fatores e principais elementos destinados a promover e implementar a qualidade de vida no trabalho e níveis elevados de satisfação nos ambientes empresariais, fator fundamental para o desenvolvimento de climas orga- nizacionais motivadores e capacitadores. Na Unidade V, temos o foco principal na discussão do tema carreiras profis- sionais. Compreende-se que os profissionais são selecionados e recrutados pelas empresas e, posteriormente, podem desenvolver dinamicamente suas carreiras em seus quadros, numa evolução motivadora, que atende tanto às empresas quanto aos próprios trabalhadores. No final desta unidade, este relacionamento é concluído com o relacionamento com as estruturas organizacionais já estudadas. Estudada a base conceitual das unidades de II a IV e complementada pela reflexão sobre carreiras da unidade V, temos a possibilidade de analisar os importantes fatores de relacionamento organizacional ambiente de trabalho e cultura organizacional. Estes elementos, a serem analisados pelo gestor de pessoas, determinam perspectivas de relacionamentos da organização com seu ambiente externo, influenciando nas ações e planos referentes à gestão de pessoas, sendo cada vez mais importantes, pois as interações empresariais são cada vez mais dinâmicas e críticas para o sucesso. Os grupos sociais e as equipes de trabalho constituem a base de estudo da unidade VII. Diante das demandas existentes nos ambientes de trabalho, o gestor de pessoas tem, constantemente, o desafio de formação e análise de equipes para delegações especiais como uma de suas demandas e habi- lidades requeridas para que as empresas tenham sucesso. A aplicação dos principais métodos estudados para a gestão de equipes é um dos temas de base para esta unidade que, ao final, também avalia a tendência de atuação destes grupos especiais. A gestão do conhecimento e o desenvolvimento do capital intelectual, temas que se relacionam fortemente com a gestão de pessoas em contextos moder- nos, são as bases da Unidade VIII. É inegável que a gestão do conhecimento se tornou um fator estratégico fundamental para as empresas modernas e o gestor de pessoas, como promotor da capacitação e de desenvolvimento do capital intelectual em organizações, é um ator decisivo nos resultados a serem obtidos nestes processos. Por último, temas como a inclusão social, o exercício profissional ético, o avanço tecnológico, a análise de produtividade e as modernas tendências empresariais, que são devidos a qualquer formação educacional, sendo essenciais para o gestor de pessoas, são estudados na Unidade IX. Esta unidade, faz, portanto, a conclusão efetiva da formação que pretendemos com este curso, elaborando um contexto reflexivo e indicando potenciais de estudos adiante sobre o tema, permitindo sua contínua formação e acompanhamento das novas tendências de mercado. Temos a expectativa que o tema seja muito aplicado por você, agora e sem- pre, no desenvolvimento de sua carreira como profissional e líder-gestor, no exercício futuro de suas atuações profissionais. Cremos que, com o estudo de gestão de pessoas e desenvolvimento de equipes, contribuímos decisivamente para isso! Tenha ótimo estudo! Professor George Leal Jamil CURRÍCULO DO PROFESSOR Dr. George Leal Jamil Pós-doutor pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em Gestão do conhecimento aplicado - Inteligência de Mercado. Doutorado em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005). Mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Minas Gerais (1999). Possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais (1982). Foi professor adjunto da Fundação Mineira de Educação e Cultura - FUMEC/BH (Faculdade de Engenharia e Arquitetura - FEA) , visitante de várias insti- tuições, como professor de pós-graduação lato sensu, entre elas: Fundação Cultural Dr. Pedro Leopoldo, Centro Universitário UNA, Fundação João Pinheiro,Fundação Dom Cabral, Fundação Getúlio Vargas, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Faculdade IBMEC - MG. Tem experiência nas áreas de Ciência da Computação, Ciência da Informação, Gestão de Marketing e Gestão Estratégica de Empresas, com ênfase em Engenharia de Software, atuando, princi- palmente, nos seguintes temas: ciência da computação, engenharia de software, sistemas de informação, informática, processo de software, gestão estratégica e de marketing, gestão do conhecimento e inteligência de mercado. Atuação, também, em áreas de gestão associadas à Engenharia de Produção. Participou como autor, editor, co-autor de seções e capítulos em mais de vinte e cinco livros nas áreas de Desenvolvimento de Software, Tecnologia da Infor- mação, Planejamento Estratégico, Gestão do Conhecimento e Marketing, com publicações no Brasil e exterior. Consultor empresarial nas áreas de Software,Tecnologia da Informação e Planejamento Estratégico. Pesquisador convidado do InescTec, Porto, Portugal. Tem partici- pação em conselhos e direção de empresas de base tecnológica, em áreas de TI, treinamento executivo e consultoria de gestão da informação. Membro do Academic Advisory Board, da IGI Global Publishers (atuação em avaliar projetos editoriais). Atualmente, pesquisa temas ligados à gestão e sistemas de informação, estratégia, marketing, gestão do conhecimento e aplicação de tecnologia da informação em contextos empresariais. <http://lattes.cnpq.br/2803066379015505> Visão Organizacional da Gestão de Pessoas 15 Conceitos Funda- mentais para a Gestão de Pessoas - Parte I 39 Conceitos Funda- mentais para a Gestão de Pessoas - Parte II 73 Conceitos Funda- mentais para Gestão de Pessoas - Parte III Metodologias de Apoio em Gestão de Pessoas 101 129 Fatores Culturais na Gestão De Pessoas 155 Gerenciando Equipes de Pessoas Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual 207 Tópicos Especiais em Gestão de Pessoas 235 179 Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. 24 Estrutura Organizacional 120 Grid Gerencial PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Dr. George Leal Jamil • Apresentar o que é a gestão de pessoas, o que propõe e como evoluiu nas modernas organizações. • Compreender como a gestão de pessoa se relaciona com a Estratégia Empresarial. • Entender como a gestão de pessoas atua nas empresas. A Evolução da Gestão de Pessoas A Gestão de pessoas e a Estratégia Empresarial Gestão de pessoas nas empresas Visão Organizacional da Gestão de Pessoas A Evolução da Gestão de Pessoas Olá! Seja bem-vindo(a) ao estudo de Gestão de Pessoas! Nosso tema é um dos mais importantes no trabalho de um gestor, pois lida com o reconhe- cimento do elemento humano, desde a sua ad- missão na empresa, desenvolvimento e delegação para realizar os trabalhos. Aqui, você encontrará os conceitos e informações que lhe permitirão realizar a Gestão de Pessoas numa empresa, ge- rando bom aproveitamento para os negócios, respeitando a legislação e o relacionamento com colaboradores e demais parceiros de negócios. Tenho uma questão para refletir por um mo- mento. Desde a sua infância, tente se lembrar: quantas vezes você escolheu voltar em uma em- presa, negociar, comprar, receber um serviço ou informação, por causa de uma ou várias pessoas? Gostaria que você se lembrasse de um vende- dor, secretária, atendente, profissional de serviços (médico, dentista, consultor, gerente, entre vári- os com os quais todos nós nos relacionamos em nosso dia a dia) que foi decisivo para que você gostasse de ser ali atendido. Lembrou-se? Acredito que tenham sido vários! Por um momento, queria detalhar esta sua lembrança: estes profissionais que marcaram o 17UNIDADE I relacionamento de negócios com você, pareciam satisfeitos? Demonstraram saber o que estavam fazendo quando lhe atenderam? Comunicaram-se com alguém, na empresa, enquanto o atendimento ocorria? Permaneceram nesta empresa durante muito tempo (se lhe atenderam mais vezes)? Em caso afirmativo, temos evidências de que havia (ou há) uma boa gestão de pessoas nestas empresas. Os profissionais que se relacionavam com os clientes conseguiam ser bem-sucedidos em seu trabalho, principalmente por existir um conjunto de métodos, técnicas e políticas que os permitiam saber bem do seu trabalho e prestar um bom serviço como representantes de suas empresas aos clientes finais. Nossa disciplina de Gestão de Pessoas e Desenvolvimento de Equipes abordará práti- cas, políticas e métodos que você aplicará para administrar as pessoas e equipes numa empresa, numa organização de qualquer porte e finalidade. Aparentemente um conjunto de boas práticas, ou maneiras, a Gestão de Pessoas (chamaremos even- tualmente de GP) é um campo sempre necessário, moderno, pois tem sempre de ser atualizado, di- versificado e que oferece vários métodos apoiados em Ciência para que o gestor possa aplicá-los com objetivo de bem gerir as pessoas num contexto empresarial. Em linhas gerais, nosso curso inicia-se pelos fundamentos da GP, discussão de como estru- turar organizações, empresas como conjunto de pessoas, remuneração, treinamento, capacitação e desenvolvimento de carreiras. Estudaremos ainda a gestão do conhecimento e do capital intelectual, encerrando com a visão das modernas tendências da Gestão de Pessoas. Com isso, pretendemos que você, gestor em formação superior, tenha amplo e seguro desenvolvimento e habilidades em montar suas equipes de trabalho e as administre com efi- ciência, base científica e princípios éticos. Gestão de Pessoas – conceito e visão inicial Será que é correto dizer que podemos “gerir” pes- soas? O que é necessário para que isso ocorra? Quais são, exatamente, as atribuições do gestor de pessoas? Quais são, enfim, as principais ativi- dades, responsabilidades do gestor de pessoas? Conceituaremos a seguir. Como nos motiva Chiavenato (2014, p. IX): “falar de gestão de pessoas é falar de gente, do componente humano das organizações, de cul- tura e mentalidade, de energia e vitalidade, ação e proação”. Neste livro, podemos ver, ainda, vári- os aspectos que são citados para caracterizar a moderna gestão de pessoas, entre eles: • É muito sensível à cultura do setor e da empresa, ou seja, a GP é afetada pelo tipo de empresa, pelas forças já existentes no setor, seus hábitos, formas de reconhecer, remunerar e desenvolver carreiras. • É integrada por várias atividades, como as que lidam com admissão de profissionais para trabalho nas empresas, seu treina- mento e desenvolvimento, a gestão destes trabalhadores e reconhecimento. • É estratégica. Uma gestão de pessoas de alta qualidade permite à empresa ter co- laboradores de ótimo nível para realizar trabalhos internos e voltados para clientes externos com o melhor desempenho. • Está sempre se modernizando, tendo a ótica principal de tratar com seres hu- manos, promover relacionamentos que possibilitem às empresas obter melhores resultados com pessoas satisfeitas em seus quadros e também em otimizar a gestão destes profissionais. 18 Visão Organizacional da Gestão de Pessoas Costa (2017) chama-nos a atenção para um de- senvolvimento histórico que você já deve ter percebido. A moderna gestão de pessoas é uma evolução de outras formas, como a Administração de Recursos Humanos, Gestão de Talentos e do Capital Humano, entre outras nomenclaturas já usadas no mercado. Esta mudança não é apenas de designação, mas também de contexto: a moder- nização leva em conta as mudanças tecnológicas e gerenciais, além das pressões do mercado e da sociedade em geral para que as empresas dinami- zem seus trabalhos na condução das pessoas em suas estruturas. Desta forma, a gestão de pessoas torna-se uma forma incontestável de diferencia- ção nas organizações. De fato, Stadler e Pampolini (2014) abordam como a moderna visão da gestão de pessoas ultra- passa o que se compreendia como administração de recursos humanos. Estes autores definem re- cursos, métodos e processos em que a gestão de pessoas tem por objetivo “fornecer subsídios para intermediar as relações de trabalho, pois é um órgão fundamental para aliar objetivos pessoais [...] aos objetivos organizacionais [...]” (STADLER; PAMPOLINI, 2014, p.15). Podemos conceituar a gestão de pessoas, por- tanto, como um conjunto de princípios, métodos e técnicas aplicadas nas tarefas de gestão asso- ciadas às pessoas em uma empresa. Envolvem desde a definição das estruturas profissionais, designação de perfis dos cargos, seu preenchi- mento, remuneração, reconhecimento e desen- volvimento, possibilitando a gestão estratégica das empresas. (Idalberto Chiavenato) Podemos observar, para compreender esta evolução histórica, que antes da passagem do século XIX para o XX, o ser humano não era consideradocentralmente na gestão das organi- zações produtivas. Concentrando-se na produção dos itens finais a serem comercializados – como vestimenta, minério, acessórios para trabalho e sobrevivência e alimentos – estas organizações priorizam seus métodos produtivos, gestão de estoques e trocas com parceiros. A formação dos 19UNIDADE I gestores, dos trabalhadores e seus relacionamen- tos não eram prioritárias. As mudanças mais expressivas, ainda no que podemos definir como origens da atual gestão de pessoas, foram propostas em estudos de dois pesquisadores célebres, Henri Fayol (França, 1841–1925) e Frederick Taylor (1856 – 1915). Nos trabalhos de ambos, havia a busca pela aplicação de métodos científicos de pesquisa que permitis- sem a melhor compreensão e administração de fatores e perspectivas de como as pessoas pode- riam ser consideradas nos arranjos empresariais. Marcos desta era – como uma real mudança de princípios –, os trabalhos de ambos os pensa- dores, que relacionam estritamente a produção dos trabalhadores à sua remuneração, passaram a ser questionados à medida que a complexida- de aumentava. As visões de relações de trabalho passaram a motivar que se compreendessem es- tas definições científicas como uma forma de ver uma pessoa que trabalha como se fosse uma peça de máquina maior. Pense em como evoluiu o trabalho nas úl- timas décadas: desde o operário industrial, em linhas de produção manuais, até os dias de hoje, com o teletrabalho, a virtualização e automação. Apesar de fundamentais, estes conceitos são considerados pontos de partida para nosso es- tudo. Afinal, estes autores contribuíram efeti- vamente com a moderna forma de pensar ao nos mostrar que poderíamos aplicar a ciência na gestão de pessoas. Algumas das bases de seu pensamento, porém, levaram-nos a ver que as pessoas trabalhariam de formas diferentes, com estruturas diferentes, em organizações que tam- bém mudaram. Atente para como o pensamento de Taylor e Fayol contribuiu para que iniciássemos os estu- dos de gestão de pessoas. Veja que este ponto inicial foi decisivo para sabermos e estudarmos na atualidade. Estudando gestão de pessoas, poderemos, portan- to, estruturar seus melhores métodos e processos para qualquer organização, diante de um conhe- Neste site, você poderá ler a matéria em que o autor aborda, em linhas gerais, as principais contri- buições de Frederick Taylor para a gestão empresarial. Os métodos científicos por ele pensados e aplicados orientaram a primeira geração da moderna administração empresarial. Conheça mais sobre o trabalho de Frederick Taylor em: <http://www.administradores.com.br/artigos/ academico/a-importancia-de-taylor-para-a-administracao/78695/>. Também Henri Fayol contribuiu para o desenho científico da prática e administração do trabalho, sendo um pioneiro em definir a administração como processo e área científica específica, merecendo sua própria base conceitual e análise prática. Sobre o trabalho de Jules Henri Fayol, em: <https://www.portal-gestao.com/artigos/6886-henri-fa- yol-pai-da-teoria-cl%C3%A1ssica-da-administra%C3%A7%C3%A3o.html>. 20 Visão Organizacional da Gestão de Pessoas cimento científico originado em bases sólidas e que evolui de maneira significativa ao longo do tempo. Estudando gestão de pessoas, compreen- deremos como se administrava este importante recurso organizacional anteriormente e podemos definir como esta gestão ocorrerá em nosso atual trabalho e no futuro. É interessante ainda notar que o mercado pas- sou a avaliar novos papéis, novas formas de ver, valorizar e relacionar-se com os trabalhadores ao longo do tempo. De “peças” integrantes de siste- mas produtivos rígidos, com produção controla- da, passou-se a agentes do processo e parceiros na obtenção de resultados. De empregados, pas- sou-se a integrante do valor agregado fornecido aos clientes. De um mero recurso a ser gerido quantitativamente (que é metodologia científica confiável, mas precisa de novos contextos) para um ator decisivo na produtividade empresarial. Numa síntese, recorremos a Chiavenato (2014, p. 14), quando o autor define as funções da Gestão de Pessoas em organizações, com a seguinte se- quência e distribuição, em processos: • Processo de agregar pessoas: Recrutamento, seleção e integração de novos colaboradores. • Processo de aplicar pessoas: Modelagem do trabalho, Avaliação de de- sempenho. • Processo de remunerar pessoas: Remuneração, Benefícios, Incentivos. • Processo de desenvolver pessoas: Treinamento, aprendizagem, desenvolvi- mento e gestão do conhecimento. • Processo de manter pessoas: Higiene e segurança, Qualidade de vida, Relacionamentos trabalhistas (sindicatos, empregados). • Processo de monitorar pessoas: Sistemas de informações gerenciais. Para este momento, você deve apenas perceber como a gestão destes processos é decisiva para termos situações como a que foi descrita na aber- tura deste material, ou seja, de termos colabo- radores com delegações e capacitações corretas e executando de maneira precisa as atividades designadas. No restante das nossas unidades, de- senvolveremos vários destes tópicos com maior profundidade. Nesta abertura, citamos alguns termos que irão nos acompanhar neste curso: estratégia, mercado, capital intelectual, organização, processo, valor, cliente, entre outros. Alguns deles merecem es- pecial detalhamento prático e conceitual a seguir, pois sua compreensão é necessária ao estudo. Após esta breve motivação inicial, na qual já conceituamos a Gestão de Pessoas e informamos sobre sua origem histórica e aplicação na atuali- dade, vamos analisar alguns dos conceitos impor- tantes e de sua função como peça fundamental da Estratégia Empresarial. 21UNIDADE I É possível que, ao verificar este tema que pro- pomos neste momento, o aluno questione: Por que fazer o relacionamento da Gestão de Pes- soas com Estratégia? É necessário? Não seria a Estratégia um outro curso, um outro tema, uma outra disciplina? Dúvidas pertinentes, mas que devem ser re- solvidas o quanto antes: a Estratégia Empresarial, tida como uma forma coordenada de estudar e propor o futuro de uma organização, é base para qualquer estudo e planejamento em gestão orga- nizacional. A Gestão de Pessoas e a Estratégia Empresarial Conceituamos Estratégia como uma disciplina que nos permite propor, planejar e executar ações visando a alcançar um cenário que pen- samos coordenadamente para o futuro de uma organização (JAMIL, 2005). Esta visão é coorde- nada porque deve envolver todos os parceiros de negócios, agentes, membros da empresa em qualquer nível. Para tal, o conhecimento e envol- vimento nos planos é necessário. 22 Visão Organizacional da Gestão de Pessoas A forma correta de pensarmos na gestão de uma empresa é considerar seus objetivos estratégicos. Aquilo que foi pensado como estratégia para o empreendimento deve servir de base para os pla- nos de todas as demais áreas, como Finanças, Mar- keting, Operações, Logística, Engenharias (por exemplo: Mecânica, Mecatrônica, Civil e Elétrica), Arquitetura, Sistemas de informação e, de maneira evidente, para a Gestão de Pessoas. Como pode ser visto com a contribuição dos tex- tos de Stadler e Pampolini (2014) e Bianch, Quishida e Foroni (2017), a gestão de pessoas tanto poderá atender ao que foi planejado pela estratégia empre- sarial quanto ela própria fornecer recursos estratégi- cos para que a empresa formule posicionamentos de vantagem sobre os competidores no futuro. Exemplificando: primeiramente, como a gestão de pessoas pode contribuir no atendi- mento aos objetivos estratégicos definidos? Por exemplo, uma empresa decide, após estudos e análises, traçar uma estratégia de aumento das vendas, de um de seus produtos, o P3, num valor de 5% ao mês, ao longo dos próximos seis meses, com oferta voltada para o cliente de perfil Pf02 (imaginemos, por exemplo, que se trata de cliente solteiro, vivendo por suas própriasfontes de ren- da, morando sozinho). Ainda podemos detalhar esta meta, considerando mais variáveis, como: faixa de poder aquisitivo (renda em número de salários mínimos), instrução, consumo de outros produtos (o cliente tem cartão de crédito? Alimen- ta-se fora da residência? Possui veículo próprio?), entre várias outras. Isto caracteriza com maior objetividade o cliente-alvo da estratégia. Ao receber esta descrição detalhada da meta estratégica, o gestor de pessoas da empresa hipo- tética poderá avaliar quais os perfis profissionais necessários – vendedores, assistentes, técnicos de instalação, consultores internos e externos, entre outros – que são necessários para que o cliente do produto P3 adquira-o, conforme planejado, e se satis- faça com esta negociação. Dimensionando o quadro de pessoas, o gestor comunicará com a direção da empresa – geralmente a principal responsável pelo planejamento estratégico efetuado – e solicitará a contratação de profissionais faltantes ao trabalho esperado para alcance da meta estratégica. Na outra forma, o trabalho continuado de Gestão de Pessoas poderá, por meio de políticas bem projetadas de desenvolvimento de carreiras, formar um time de gestão comercial na empresa, que é fator decisivo para a conquista de novos mer- cados, de novos clientes. Assim, se os concorrentes quiserem igualar este diferencial ofertado pela em- presa, terão de investir por um bom período em treinamentos e formação de seus próprios colab- oradores, ou ainda, contratar profissionais experi- entes, também a custos provavelmente mais eleva- dos. A Gestão de Pessoas, nesta situação, produziu um excelente fator competitivo para a empresa – o grupo de gestão comercial, experiente, formado na própria empresa, conhecedor de mercado – que pode ser avaliado na proposta de metas estratégicas. Como o relacionamento com a estratégia empresarial é fator crítico e fundamental para o sucesso de qualquer planejamento interno às empresas, chamamos sua atenção, neste ponto, para alguns conceitos associados. Sempre que os definirmos, vamos também associá-los à Gestão de Pessoas. Desta forma, pensamos na estratégia da empresa, de como a Gestão de Pessoas a ela se alinha e, finalmente, como um conceito, em particular, se apresenta neste relacionamento. Compreender a função estratégica de qualquer ação da empresa é essencial para seu sucesso. Pense em como a Gestão de Pessoas possibilita a estratégia de uma empresa. 23UNIDADE I É importante compreender a tarefa de planeja- mento estratégico. Segundo Porter (1989), o pro- cesso de planejamento estratégico permite sin- tetizar a estratégia em orientações que irão definir o alinhamento das atividades da empresa, numa direção objetiva. Ou seja, o planejamento estratégi- co constrói, a partir de uma intenção de futuro (um pensamento), as metas objetivas (números, valores, enunciados definidos) e propõe as ações para seu alcance num determinado período. Outro conceito que contribui para compreen- dermos o exercício do trabalho nas empresas é o de cultura organizacional (CO). A cultura de uma organização a caracteriza unicamente, diferenciando-a das demais. É frequente, entre- tanto, notarmos que empresas do mesmo setor desenvolvam traços culturais semelhantes. Um exemplo são as denominações de cargos, a manei- ra de expressar determinadas ações e atitudes, as formas de atender a clientes e até mesmo de fazer suas campanhas de comunicação (ou “propagan- da”) se parecem, denotando aspectos culturais similares. Como informam Stadler e Pampolini (2014, p. 56), a cultura de uma organização pode ser definida como “um conjunto de valores e atitudes que determinam o padrão de comportamento implícito e explícito dos membros de uma or- ganização, suas tomadas de decisão, bem como interações e emoções evocadas entre eles”. A cultura de uma organização e de um setor de- vem sempre ser avaliadas, compreendidas, quando desejamos propor um plano estratégico e, por decor- rência, um planejamento de Gestão de Pessoas. As pessoas serão aspectos fundamentais na construção, assimilação e desenvolvimento de uma cultura organizacional. São as pessoas que constroem formas de comunicar, relacionar, co- mandar e controlar trabalhos, decisões e estraté- gias numa organização (STADLER; PAMPOLINI, 2014; BIANCH; QUISHIDA; FORONI, 2017). Numa forma combinada de compreender a cultura organizacional, entendemos que as pes- soas contribuem para sua formação – ao, por exemplo, serem contratadas de uma mesma região, com uma mesma formação, formadas em escolas próximas, entre outros fatores – trazendo consigo experiências e formas de compreensão e comunicação similares. Também é a cultura que irá definir como as pessoas exercerão seus tra- balhos, suas ações, relacionamentos de coman- do e operação de tarefas. Pensando desta forma, compreendemos, por exemplo, que uma empre- sa a qual tenha estrutura muito rígida e méto- dos formais de comunicação, ao receber novos colaboradores, admitidos em novo processo de contratação, demandará que estes se alinhem a estes padrões comportamentais e profissionais, de certa forma impondo um fator cultural aos novos trabalhadores. Planejamento estratégico é um processo empresarial que busca definir pontos objetivos (metas) a alcançar e como trabalhar (ações) de maneira coordenada, para atingi-los. O planejamento estra- tégico produz o plano estratégico e também, após a definição inicial deste plano, as determinações para que ele seja revisto, atualizado, adequando-se a novas condições de mercado. (Michael Porter e George Leal Jamil) 24 Visão Organizacional da Gestão de Pessoas Um outro conceito de extrema importância é o de estrutura organizacional. A estrutura organizacional irá definir a composição de relacionamentos, responsabilidades e designações de uma organização, servindo de base para várias definições complexas e críticas para o trabalho, como comando, contro- le, autoridade, responsabilidade e comunicação. Ao definir como estas funções irão ser realizadas, os gestores deverão consultar e seguir a estrutura organizacional proposta. Figura 1 - Estrutura Organizacional Estrutura organizacional é um conceito definido como “um sistema formal de tarefas e relacionamento de autoridade que controla como as pessoas coordenam suas ações e usam os recursos para atingir os objetivos organizacionais, bem como a coordenação e formas de motivação”. (Portal Educação) 25UNIDADE I Nota-se que, eventualmente, o mercado refere-se aos mapas de estruturas organizacionais como “organogramas”, “matrizes de cargos”, “mapas de delegação”, “definição de cargos”, entre outros. Alguns setores, como os que têm regulação fi- nanceira de determinação legal, devem mesmo apresentar estruturas organizacionais similares, para atividades como auditoria e fiscalização. Consideramos, portanto, que a estrutura orga- nizacional será um instrumento importante para a estratégia da empresa, pois é com a definição de todos estes relacionamentos que os planos poderão ser efetivamente executados, manten- do-se a ordenação prevista: quem comanda, quem coordena, quem executa, a quem se reporta. Também nos planejamentos setoriais, a estru- tura organizacional é um elemento indispensável a ser considerado pelo gestor; por exemplo, o gerente ou supervisor de Logística da empresa poderá estabelecer planos e metas para seu setor, referente às importantes atividades de trans- porte, armazenamento, alocação e suprimentos de matérias-primas para a produção. Desta forma, o gestor de Logística irá definir aos seus subordi- nados ou encarregados, para estas atividades es- pecíficas – transporte, armazenamento, alocação e suprimentos, seus planos e tarefas delimitadas, integrando-as à visão completa de gestão do setor. Façamos então um fechamento, consolidando esta nossa experiência sobre a relação da estraté- gia e da gestão de pessoas: • A estratégia é uma forma de pensar o fu- turode uma organização, de uma empresa. • Esta forma é normalmente redigida ou proposta em planos, no trabalho que cha- mamos de planejamento estratégico. • Estes planos irão definir metas e ações gerais para a empresa. • Ao analisar estas metas e ações previstas, os gestores de áreas, departamentos ou unidades de negócios da empresa irão propor seus planos setoriais alinhados com as metas e ações que definem como a estratégia será executada. • Isso acontece, também, com o gestor de pessoas. Este profissional irá avaliar es- truturas organizacionais, trabalhará sob influência da cultura organizacional, entre outros fatores, possibilitando que pessoas – trabalhos profissionais – sejam defini- dos para executar a estratégia prevista. • Assim sendo, a gestão de pessoas contribui, da sua forma, com a estratégia da empresa. Pensando nestas funções e atividades da gestão de pessoas, convidamos você a refletir nos seguin- tes pontos, considerando que estaria trabalhando como gestor de pessoas de uma empresa: • O gestor de pessoas participa no planeja- mento estratégico da empresa, trazendo o conhecimento do trabalho, relações e es- truturas referentes à gestão de pessoas no contexto empresarial. • O gestor de pessoas, desta forma, com- preende os planos, metas e ações constan- tes nos planos. • Diante disto, o gestor de pessoas avalia os trabalhadores disponíveis, formula políti- cas e planeja ações ligadas à capacitação de trabalhadores para execução das estra- tégias. • O gestor de pessoas prossegue relacionan- do-se com os responsáveis pela estratégia da empresa, sinalizando quando algo não está correndo bem, intervindo para a exe- cução dos planos e fornecendo os resul- tados que são pretendidos pela empresa. Pensando desta forma, podemos afirmar com clareza que a gestão de pessoas (e o trabalho do gestor de pessoas) relaciona-se decisivamente com a estratégia da empresa. 26 Visão Organizacional da Gestão de Pessoas Esta seção terá por objetivo apresentar a você, numa forma inicial, vários dos nossos conceitos básicos. Alguns deles, como os ligados à remune- ração, por exemplo, serão discutidos com mais detalhes em partes específicas de nosso curso, adiante. Esta apresentação inicial tem por fina- lidade, no término desta unidade de abertura do curso, que você adquira uma visão abrangente das atividades, funções e trabalhos da gestão de pessoas em empresas. Iniciamos pelas formas de admitir ou contratar uma pessoa para integrar a equipe de colaborado- res da empresa. A maneira mais oportuna de com- preender a necessidade de contratação e o perfil da pessoa a ser contratada é de entender como este profissional irá ser útil para que a empresa possa realizar suas estratégias (PORTER, 1989; JAMIL, 2005; STADLER; PAMPOLINI, 2014). Exemplificando: se uma empresa deseja am- pliar suas vendas em uma nova região do estado, é possível que necessite de um gestor comercial. Diante das metas definidas para este aumento pretendido, o perfil do gestor é detalhado e um processo de contratação inicia-se. Gestão de Pessoas nas Empresas 27UNIDADE I Segundo define Chiavenato (2014, p. 94), a tarefa de recrutamento tem a função de informar ao merca- do as necessidades de trabalhadores pela empresa, diante das especialidades e capacidades dos inte- ressados. O recrutamento fará, portanto, a primeira notificação das vagas disponíveis, de acordo com as carências da empresa em ter colaboradores que executem as estratégias. Este autor ainda caracteri- za o conceito de MT - mercado de trabalho - que é a identificação para o contexto em que ocorrem as negociações e trocas, diante das oportunidades existentes em empresas, para que trabalhadores preencham as posições por elas pretendidas. É ainda importante lembrar que temos tanto o recrutamento interno, que busca os candidatos às vagas em aberto dentro dos próprios quadros de colaboradores já contratados pela empresa – realizando promoções de trabalhadores em ní- vel operacional a cargos de chefia e gerência, por exemplo – quanto o recrutamento externo, que busca candidatos no mercado, em aberto. Após a busca, ainda de acordo com Chiavena- to (2014), ocorre a seleção dos trabalhadores. A seleção, segundo esta fonte, é conceituada como sendo um processo de filtragem, no qual apenas aqueles que melhor atendem às necessidades da empresa são identificados, diante de característi- cas percebidas nesse processo de seleção, como: comunicabilidade, raciocínio analítico e lógico, conhecimentos de mercado, relacionamento com clientes, entre outras. É oportuno ilustrar que vá- rios autores, entre eles Stadler e Pampolini (2014), relacionam estes dois conceitos – recrutamento e seleção – num único processo organizacional, com nomes como “suprimento”, “agregação” ou “captação”, entre outros, que designam uma ativi- dade integrada na qual as pessoas serão indicadas para as funções pretendidas pela empresa. Uma vez integradas às equipes de trabalhos, os colaboradores contratados, ou seja, formalizados diante de contratos que seguem estritamente o vigor das leis trabalhistas praticadas, são desig- nados de acordo com a estrutura organizacio- nal, ocupando cargos ou posições ali definidas. Já tivemos a oportunidade de conceituar estru- turas organizacionais no nível aqui pretendido, solicitando ao leitor que verifique no texto da seção anterior este conceito. 28 Visão Organizacional da Gestão de Pessoas Quando realizando seus trabalhos, as pessoas, colaboradores da empresa, terão de ter o devido reconhecimento, que é registrado, primeira- mente, pela remuneração. De acordo com vários autores, a remuneração é maneira, enquadrada em um sistema formal, definido e de conheci- mento da empresa (que especifica valores claros de salários e demais benefícios), de prover o re- torno financeiro elementar pelos trabalhos re- alizados. A remuneração pelo valor simples do salário, acertado entre as partes quando da con- tratação e posteriormente reajustado em função de negociações trabalhistas, é a forma imediata do reconhecimento do trabalho realizado. É frequente, entretanto, que tenhamos a recompensa das pessoas, por meio da adição, aos valores básicos dos salários, de outros valores. Al- guns destes valores fazem parte de remuneração estendida, como os direitos aos trabalhadores que atuam em situações de riscos (como Bombeiros no combate a incêndios, pilotos de aeronaves, al- guns trabalhadores de mineração, entre outros) ou em funções especiais, sujeitas a desgastes físicos ou exposição psicológica, como médicos e poli- ciais. Além destas, temos ainda: • Incentivos - premiações por metas al- cançadas, adicionais por tempo de ser- viço, por desempenhos constantemente excepcionais. • Premiações eventuais - prêmios de reco- nhecimento, concessões de viagens, valores financeiros, benefícios não financeiros, etc. • Benefícios estruturados e por longos prazos de tempo - planos de saúde, se- guros de vida, auxílios em refeição, trans- porte. A remuneração dos trabalhadores é um campo de extrema dedicação do gestor de pessoas pelo fato de ser, inquestionavelmente, muito mais que uma obrigação do empreendedor, mas uma forma de reconhecer, premiar e desenvolver carreiras, bem como de motivar o trabalhador a buscar de- sempenhos acima da média, trazendo melhores resultados ao desempenho organizacional. Os trabalhadores também serão alvo de políticas de desenvolvimento, que objetivam torná-los mais aptos a trabalhos mais detalha- dos, competitivos ou complexos – um programa de treinamento, por exemplo, poderá oferecer aos trabalhadores de uma empresa a condição de se prepararem para ocupar cargos de níveis mais altos, tornando-se gerentes eventuais ou perma- nentes de setores. Também no caso da abertura de novos negócios, os trabalhadores podem ser treinados a lidar com produtos ou técnicas que ainda não eram de seu inteiro domínio, amplian- do sua capacidade de trabalho.Um profissional de vendas de uma concessionária de automóveis pode ser treinado a negociar veículos de maior porte, como vans de transporte coletivo ou mi- cro-ônibus, ampliando suas competências de atendimento a clientes da concessionária e da marca montadora. O treinamento também terá função impor- tante no desenvolvimento dos trabalhadores para a vida da empresa, como assinalam Stadler e Pampolini (2014). Ao melhor prepararem os trabalhadores, as empresas também promovem seu desenvolvimento intelectual e profissional, alcançando mesmo a perspectiva de retenção dos colaboradores, ao tornar-se, potencialmente, motivo de sua satisfação em adicionar conheci- mentos aplicáveis para sua evolução profissional. Durante todo o período em que estiverem executando suas funções, os trabalhadores serão avaliados para verificação de suas condições atuais e futuras na obtenção de resultados organizaciona- is. As avaliações de trabalho podem consistir em processos simples, como meramente verificar se os resultados previstos foram obtidos – número de unidades previstas para serem fabricadas, ven- 29UNIDADE I didas, entregues, etc. – ou que envolvam outras características ideais. Dentre estas características encontram-se a comunicação, o relacionamen- to com colegas e com os processos da empresa, liderança de situações, de grupos e atendimento a clientes ou situações especiais, por exemplos. As avaliações permitirão aos gestores de pes- soas verificar a integração de todas as atividades e situações para os trabalhadores, como: • Se os trabalhadores foram corretamente selecionados. • Se a remuneração é considerada adequada, motivadora, recompensadora. • Se os benefícios são considerados vanta- josos. • Se há necessidades de treinamento para o desempenho de novas funções. • Se o trabalhador tem potencial para rea- lizar funções mais complexas, potencial- mente assumindo a liderança de algum processo ou de seu setor futuramente. • Qual é a real evolução de desempenho de trabalhadores individuais ou de equipes, comparando-se tendências da própria em- presa e/ou do setor empresarial. Entre outras várias situações possíveis, as avalia- ções dos trabalhadores constituem-se, portanto, em técnicas indispensáveis para a correta gestão de pessoas numa empresa. Também, eventualmente, quando uma empre- sa decidir encerrar sua atuação de um de seus atuais serviços, ou deixar de negociar um de seus produtos, porque, na análise estratégica, avaliou- se que não mais eram rentáveis, colaboradores que somente atuam com estas linhas podem ser desligados. São decisões que o gestor de pessoas enfrenta no escopo de suas atuações. Finalizando esta abordagem geral da concei- tuação das principais atividades da gestão de pes- soas, temos alguns pontos específicos a adicionar: • A legislação trabalhista brasileira define condições e situações específicas de Saú- de e Segurança do trabalho, que deter- minam limites, estruturas, especificações, riscos e remunerações segundo caracte- rísticas dos trabalhos e do perfil dos tra- balhadores. Esta legislação, devidamente detalhada e documentada, constitui-se num direito dos trabalhadores, devendo ser integralmente respeitada e implemen- tada pelos empresários. • As empresas também devem buscar apri- morar, em níveis gerais, as condições de clima organizacional e ambiente de trabalho. Tais providências não só se constituem em aspectos motivacionais e de melhoria do estado geral dos contextos em que os trabalhadores atuam – relacio- namento, respeito, integração a ativida- des familiares, entre outras – bem como são fatores que potencializam a retenção de profissionais de interesse da empresa, constituindo-se eventualmente em dife- rencial a ser avaliado no momento de uma negociação de mercado de trabalho. • Adicionalmente, as empresas devem manter bases de dados e sistemas de informação de desempenhos, remunera- ções, formações e outros aspectos do mer- cado de trabalho, permitindo aprimorar a gestão de pessoas. Um caso simples de uso destes acervos de informações é o do momento de uma negociação salarial de um especialista, em que a empresa pode ter domínio dos níveis praticados de re- muneração pelas demais organizações, para profissionais desta especialidade. Desta forma, a empresa poderia avaliar se uma eventual solicitação de aumento é cabível, compatível com a prática do mercado. 30 Visão Organizacional da Gestão de Pessoas • Por último, é necessário a todo empreen- dedor que, na obediência das regulamen- tações trabalhistas vigentes, promova o correto relacionamento com sindicatos e órgãos representativos de categorias, quando isto for determinado e na forma que for determinado. Aqui, menciona-se inicialmente, por exemplo, as questões re- ferentes à segurança, higiene e saúde no trabalho, que geralmente são definidas e vistoriadas em conjunto com associações profissionais como as acima citadas, repre- sentando a categoria profissional. Ao fim desta unidade, vemos que você foi motivado a compreender a gestão de pessoas, foi apresentado às suas atuações mais frequentes, típicas do mer- cado de trabalho e também compreendeu como a gestão de pessoas é função estratégica essencial para as empresas. Esta é uma etapa inicial impor- tante na educação no tema Gestão de Pessoas. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 31 1. Não pode ser considerada uma tarefa da gestão de pessoas: a) Análise de remuneração de profissionais de uma empresa. b) Definição dos critérios de seleção de candidatos a uma vaga de gestor. c) Definição de currículo de curso superior que um profissional da empresa deve cursar, para seu preparo. d) Especificar o sistema de informações gerenciais de pessoas. e) Definir a estrutura organizacional da empresa. 2. Sobre os trabalhos e pesquisas aplicadas de Frederick Taylor e Henri Fayol, dizemos: I) Taylor propôs uma estrutura mecanicista, em que os trabalhadores eram considerados como peças de um sistema produtivo. II) Fayol pretendia dar maior visão estratégica, estruturando a empresa dos níveis superiores para os inferiores, operacionais. III) As visões de Taylor e Fayol definiram como administrar as pessoas numa empresa e os conceitos permanecem os mesmos. IV) A visão de Taylor teve de ser reavaliada, em função das novas tecnologias. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e IV estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 32 3. Sobre as funções e conceitos de gestão de pessoas, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): )( A remuneração de um profissional é fixa, composta apenas por um valor cal- culado em função de suas horas trabalhadas. )( O reconhecimento de colaboradores se dá por premiações diversas e mani- festações dos gestores. )( Cada empresa deve implantar seus próprios controles e sistemas de saúde e segurança do trabalho. Assinale a alternativa correta: a) V-V-V. b) F-V-F. c) F-F-F. d) F-V-V. e) V-F-V. 4. É uma informação referente ao trabalho cotidiano do gestor de pessoas (assinale a resposta correta): a) Histórico de remuneração de gestores das empresas clientes. b) Definição de valores de vendas dos produtos finais aos clientes. c) Definição do acervo da biblioteca operacional da empresa. d) Resultados de pesquisas salariais de empresas do setor em que atua. e) Notas dos profissionais da empresa em cursos superiores frequentados. 33 Tempos modernos Ano: 1936 Sinopse: O ator, diretor e roteirista Charlie Chaplin, um dos mais brilhantes de todos os tempos, interpreta o personagem “Carlitos” (um “vagabundo”, segundo suas próprias definições), que, após crises filosóficas e de estresse, busca se re- colocar no mercado de trabalho. Numa sucessão de cenas cômicas, com severa ironia, trata de problemas sociais da época (vários podemser reavaliados na atualidade), de organização e métodos de trabalho, políticos e de regulamen- tação. O filme é um épico nas considerações sobre a inserção do trabalho em nossas vidas, além de ser uma comédia extremamente bem-feita. FILME 34 BIANCH, E. M. P. G.; QUISHIDA, A.; FORONI, P. G. Atuação do líder na gestão estratégica de pessoas: reflexões, lacunas e oportunidades. In: Revista de Administração Contemporânea, v. 21, n. 1, jan./fev. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552017000100041&lang=pt>. Acesso em: 23 abr. 2017. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri: Manole, 2014. COSTA, W. S. Gestão de pessoas e desenvolvimento de equipes. Maringá: NEAD - Unicesumar, 2017. JAMIL, G. L. Gestão da informação e do conhecimento em empresas brasileiras: estudo de múltiplos casos. 2005. 221f. Tese (Doutorado)- Programa de Doutoramento em Ciência da Informação da Escola de Ciência da Informação. Universidade Federal de Minas Gerais, 2005. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1843/VALA- -6KHGGG>. Acesso em: 20 Jan. 2017. PORTER, M. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1989. STADLER, A.; PAMPOLINI, C. P. G. Gestão de pessoas: ferramentas estratégicas de competitividade. Curitiba: Ed. Intersaberes, 2014. 35 1. Opção a ser marcada: letra “C” - a gestão de pessoas de uma empresa não pode definir currículos de cursos superiores; tal atividade é delegada legalmente a um estabelecimento de ensino superior. 2. Resposta correta: letra “A” - opções I e IV corretas. 3. Resposta correta: letra “B” - falsa, verdadeira, falsa. 4. Opção correta - letra “D”. 36 37 38 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Como descrever e planejar estruturas organizacionais que fazem a empresa funcionar como previsto. • Como especificar cargos, funções e características para que pessoas sejam selecionadas e contratadas para atuar nas organizações. • De que forma as pessoas podem ser treinadas para ati- vidades específicas nas empresas e como podem desen- volver suas carreiras nos vários níveis. • Como ocorre a atribuição de poder – chefias, coordenação, controle – às pessoas numa organização para o exercício e comando de atividades. • Conhecer experiências de empresas brasileiras sobre Universidades corporativas, canais on-line, serviços de aplicativos e plataformas próprias de treinamento – exe- cutivo, gerencial e operacional. Compreensão inicial de estruturas organizacionais Seleção e recrutamento de pessoas O exercício da chefia executiva em empresas Estruturas tecnológicas para gestão de pessoas Treinamento e desenvolvimento de pessoas Dr. George Leal Jamil Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte I Compreensão Inicial de Estruturas Organizacionais As estruturas organizacionais são o “mapa” de distribuições funcionais das empresas. De ma- neira gráfica e com o apoio de documentos, elas descrevem como estão dispostos os cargos, como estes se relacionam – quem comanda, quem re- cebe determinações de trabalho, em qual nível determinada função se encontra etc. De origem clássica, sendo a mais tradicional forma de pensar a estrutura de uma organização, partimos do relacionamento hierárquico – que é uma forma rígida, vertical de níveis – chegando aos modernos arranjos empresariais, que buscam orientar a definição de cargos e níveis por pro- cessos voltados para os clientes. Estudaremos, a seguir, algumas destas alternativas adotadas por empresas, com o devido embasamento da teoria das organizações. Baseando-nos nas definições de Hall (2004), as estruturas organizacionais são definidas em fun- ção de exercício de comando e poder, especifican- do a divisão do trabalho, com regulamentos claros que determinam o exercício de cada função. Este mesmo autor nos informa ainda que as estruturas 41UNIDADE II organizacionais moldam as atribuições e formas de agir dos trabalhadores numa organização. A forma mais utilizada em empresas é a de hierarquias, ou hierarquizada. Esta estrutura fun- damenta-se na definição de níveis de comando, controle e poder, especificando em cada uma das funções designadas, uma atribuição funcional. Como exemplo básico, a hierarquia define um nível de presidente da empresa, posteriormente um nível com as diretorias. Cada uma das dire- torias tem, sob sua coordenação, um conjunto de unidades gerenciais ou de controle (unidades de negócios ou departamentos). Abaixo destas, em níveis subsequentes, acham-se as unidades ope- racionais, nas quais os trabalhos são efetivamente executados. Um exemplo seria o encadeamento: Presidente – Diretor Comercial – Unidade da região metro- politana de São Paulo – Loja da região centro. Em cada uma destas unidades, quer gerenciais, quer operacionais, teria suas designações específi- cas, adicionada do comando – ou “chefia”, “gerência” – das unidades que estão nos níveis abaixo. Desta Presidente Diretor comercial Unidade SP Loja região central forma, a hierarquia prescreve o exercício de coman- do, controle e subordinação executiva da empresa, mapeando estes relacionamentos (HALL, 2004). Hall (2004) nos apresenta que as estruturas organizacionais têm os seguintes objetivos fun- damentais: • Produzir resultados, buscando atingir me- tas previstas e planejadas. • Ao menos minimizar as influências indi- viduais na operação organizacional. • Estruturar, ao final, o exercício do poder, de controle e das tomadas de decisão nas empresas. Vários autores, entre eles Lotz e Gramms (2012) e Chiavenato (2014, 2015), argumentam, contudo, sobre a dimensão da hierarquia, ou seja, o número de níveis existentes nas organizações. Quando encontramos um número excessivo de níveis, há possibilidade de termos processos de trabalhos muito complexos. Veja, por exemplo, se compa- rarmos as duas organizações genericamente apre- sentadas abaixo pelas suas estruturas: Figura 1 - Exemplo de estrutura organizacional hierárquica Fonte: o autor. 42 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte I Presidente Nível 1 Nível 2 Nível 3 Operação Presidente Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 7 Operação Figura 3 - Organização 2: Presidente – diretor – nível 1 – nível 2 – nível 3 ... – nível 7 – operação Fonte: o autor. torna-se mais complexa, exigindo normalmente a intervenção de níveis superiores que, caso não haja métodos de gestão muito bem descritos, po- derão tornar-se sobrecarregados, em virtude de grande número de intervenções. Uma definição importante é a referente à bu- rocracia em empresas. Costumamos nos irritar quando algum atendimento ou solução de nossos problemas leva-nos a comunicar com várias pes- soas diferentes numa empresa, ou que tenhamos que aguardar intervenções superiores, sem que o problema nos pareça solucionado. É frequente nos referirmos à “burocracia”, com intuito por vezes pe- jorativo. Como comenta Hall (2004), referindo-se aos trabalhos de Max Weber – jurista e economista alemão – o termo Burocracia pode ser definido como sendo apenas a estruturação existente para o exercício de poder e controle organizacionais. Assim sendo, a burocracia deve existir em toda organização, porém o excesso de níveis, controles e intervenções pode resultar em excessos de demora ou de imprevisões na realização de trabalhos finais, trazendo aquela noção de senso comum, ligada a um atendimento ineficaz, lento e impreciso. É importante ainda ter atenção ao que cita Chiavenato (2014) sobre estruturas organiza- cionais, quando se refere às descrições de cargos. Torna-se claro, a partir da obra deste autor, que os cargos descritos comporão a estrutura, definindo a hierarquia, as posições ocupadas por profissio- nais devidamente selecionados. Aqui temos, por- tanto, a indicação dos gestores, dos “chefes” em cada um dos níveis, exercendo os atributos depoder e controle, como discutimos inicialmente. O mercado busca algumas alternativas para as estruturas hierárquicas, com o intuito de dis- tribuir o comando, facilitar a comunicação e tor- nar as empresas mais ágeis e flexíveis. Com este objetivo, outras estruturas são propostas, como as que se orientam à execução de processos ou mesmo as que são propostas pela área da Gestão Figura 2 - Organização 1: Presidente – diretor – nível 1 – nível 2 – operação Fonte: o autor. Podemos dizer que, no segundo caso, teremos mais níveis a repassar uma determinação, uma comunicação ou ordem, demandando mais in- tervenções por parte de gestores, demandando mais tempo e custo, com mais riscos que haja al- guma distorção da mensagem original. Também a comunicação entre setores de níveis distintos 43UNIDADE II de Projetos. Entre as características buscadas pelas empresas, ao modificar suas estruturas organiza- cionais, Chiavenato (2015) nos apresenta: • Agilidade – objetivando dar velocidade aos processos e decisões. • Flexibilidade – tanto em agir com rapi- dez, quanto de aceitar mudanças. • Integração – maior conhecimento e do- mínio “do todo” da organização. • Inovação – a organização deve saber pro- por mudanças favoráveis aos clientes. • Competitividade – as estruturas devem permitir custos admissíveis e bons níveis de produtividade e atendimento aos con- sumidores finais. • Sustentabilidade – a organização deve proporcionar bons retornos aos investido- res e interessados, por períodos de tempo mais longos. Como uma alternativa à estrutura hierárquica, podemos analisar a proposta de estruturas ma- triciais. São métodos de gestão que também pro- põem definir a forma de relacionar os trabalhos com as pessoas, de definir condições de gestão, como comando, controle, delegações, definições de atribuições, entre outros fatores. A estrutura matricial, porém, busca tornar ágil estas atribuições da gestão de pessoal, permitindo alocar dinamica- mente os trabalhadores aos projetos e funções em curso, temporariamente e segundo as demandas e não com a rigidez das estruturas clássicas, organi- zacionais. Estas últimas trazem, como problema central, que as matriciais buscam resolver, exata- mente a baixa capacidade de mudanças diante de demandas repentinas – como a de desenvolver e ofertar rapidamente um novo produto ou serviço, atender a uma demanda súbita do mercado (há oportunidade do lançamento de um novo curso, para um trabalho específico, ou de capacitar um serviço de saúde, em função de uma endemia). Figura 4 - Proposta para especificação de estrutura matricial Fonte: Lodi (1970). Função Finanças Engenharia Produção Projeto A B C 44 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte I A figura acima mostra uma estruturação matricial proposta, com as funções nas colunas e os projetos a serem delegados aos profissionais nas linhas. Nas células, colocaríamos os perfis ou nomes dos que foram selecionados para cada projeto - repro- duzido de Lodi (1970). Lodi apresentou, de maneira clara, os funda- mentos que motivaram a definição das “matrizes” e sua aplicação diante das necessidades das empresas. O autor apresenta, em seu artigo, as motivações al- ternativas às estruturas hierárquicas que descreve- mos acima: “não parece estar oferecendo condições de flexibilidade e funcionalidade para atender às mudanças do ambiente” (LODI, 1970, p.2). Hierárquicas Matriciais Clássicas, tradicionais, muito aplicadas. Ainda em difusão, menos conhecidas e aplicadas. Como as funções são bem definidas, os traba- lhadores são selecionados para trabalhos deter- minados e fixos, sendo preparados para estes. Dependem de trabalhadores altamente treina- dos – podem ser alocados em funções diferentes com brevidade. Demandam baixa tecnologia para implantação Frequentemente demandam alta tecnologia para implantação São muito conhecidas do mercado São ainda pouco conhecidas “na prática” Os gestores dominam perfeitamente seus as- pectos – comunicação, remuneração, controle, coordenação, etc. Há menos habilidade e conhecimento gerencial para explorar todos os seus fundamentos. Quadro 1 - Comparação entre estruturas Hierárquica e Matricial Fonte: adaptado de Lodi (1970) e Chiavenato (2015). Conforme ainda nos apresenta Lodi (1970), a estrutura matricial nasceu como proposta para ser aplicada em organizações da indústria aeroespa- cial, devido a demandas e necessidades de rápidas respostas ao mercado e de disponibilidade tec- nológica. Então, caro(a) aluno(a), deixamos-lhe uma questão: atualmente, não encaramos estes mesmos desafios em nossos modernos ambientes de negócios (necessidades rápidas de novos pro- dutos e serviços e disponibilidade de tecnologias)? Portanto, este tema prossegue sendo oportuno. No entanto temos que considerar alguns fato- res numa comparação entre as estruturas hierár- quicas e matriciais: Finalizando esta discussão sobre as estruturas, deixamos a você sua conceituação e exemplos de como podem ser implementadas em dois casos (hierárquica e matricial), além de recomenda- ções e aspectos que devem ser considerados para que estas estruturas sejam definidas em negócios reais. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 45UNIDADE II Analisando especificamente uma empresa gené- rica, do setor de engenharia, lidamos com forte componente cultural que define estruturas hierár- quicas como um padrão, adotado por vários anos e por várias gerações de profissionais. A hierarquia se define em função de características como: • Tempo de trabalho, experiência de car- reira e em trabalhos típicos como o que é executado pela empresa – exemplo: um engenheiro com muita experiência em construção de barragens, obras de infraes- trutura viária, edificações comerciais, etc. terá maior apreciação de sua carreira para exercício de função de gestão superior. • Experiência em outras atividades, como de representante técnico, auditor, gestor de projetos e funções gerenciais. • Habilidades adicionais, como comuni- cação, gestão de projetos, conhecimento científicos e técnicos específicos (incluin- do diplomações como mestrado, douto- rado, etc.). • Relacionamentos de mercado, como os obtidos na aprovação de projetos e pro- cessos no mercado, etc. Estas habilidades e situações especiais, “desenham” (definem) potencialmente uma hierarquia para a empresa, de certa forma, forçando que a estrutura seja assim montada. Para a adoção de uma estrutura matricial, os ge- stores da empresa levariam em consideração, priori- tariamente, as demandas adicionais de mercado, de- finindo dinamicamente - portanto com mudanças periódicas - a estrutura da empresa em função das oportunidades e contratos acertados com o merca- do. Assim, se a empresa for de construção civil, por exemplo, poderá ter uma equipe definida para lidar com a construção de estabelecimentos comerciais em uma região do país, num determinado período, diante da oportunidade ali avaliada. Esta mesma equipe pode, num momento posterior, dedicar-se à construção de moradias populares em outra região, atendendo a uma situação incentivada por políticas governamentais. Note que a estrutura não é detalha- da, definida em função das características internas da equipe – como sua formação, títulos, etc., mas das demandas e oportunidades externas, do mer- cado. Seriam, portanto, equipes multidisciplinares, alocadas em função das demandas e oportunidades que aparecerem no mercado. Esses times, elementos básicos da definição das estruturas dinâmicas do segundo caso, são grupos matriciais orientados aos processos que a empresa precisa montar para atender a seus mercados. São de formação dinâmica. Embora justificadas do ponto de vista mercadológico, pressionam a em- presa em termos de gestão que se modifica em cada trabalho com o redesenho da estrutura, trazendo também mudanças no ambiente de trabalho para os colaboradores,que podem mudar de atribuições com certa rapidez, para atender às demandas de mercado, gerando potencialmente condições de desgaste que precisam ser acompanhadas. A seguir, verificaremos como podemos preencher as estruturas, com os processos de seleção e recrutamento de profissionais que irão desempenhar as funções definidas no desenho or- ganizacional, quer seja ele hierárquico, quer seja ele matricial. Um dos principais desafios da gestão de pessoas é especificar cargos e suas atribuições de traba- lho – as funções – que irão compor as estruturas organizacionais das empresas. Iniciando nosso estudo, é importante notar que, em algumas pequenas e médias empresas, temos dificuldade de encontrar os chefes, gerentes, gesto- res, diferenciando-os de algumas funções operacio- nais básicas. Assim, o gerente da loja, da farmácia, do pequeno mercado, é também vendedor, faz co- branças e auxilia nas entregas, reposições de esto- ques. O programador de computadores faz tam- bém algumas atividades do analista de sistemas, testa códigos. Já em empresas grandes, por vezes, temos mesmo alguma dificuldade – que pode até mesmo alcançar a insatisfação com o atendimento – pois há especificações que nos levam a repetir uma requisição, um pedido a várias pessoas, até que sejamos efetivamente ouvidos pelo profissional designado para aquele atendimento. Desta forma, compreendemos como a desig- nação de cargos, a atribuição de funções a estes e sua distribuição na estrutura são importantes, bem como seu ajuste, resultando em forma transparente de prestar os serviços aos clientes finais, de produzir. Para a especificação dos cargos, Chiavenato (2014, p. 176-177) nos indica quatro aspectos a serem considerados: Seleção e Recrutamento de Pessoas 47UNIDADE II • Conteúdo do cargo: aquilo que se espera que o profissional que ocupa este cargo execute. • Métodos e processos de trabalho – ou seja, as especificações funcionais (as fun- ções), que indicam como o profissional trabalhará. • Responsabilidades – qual o enquadra- mento de relacionamentos formais do cargo – a quem o profissional se reporta, quem é seu coordenador, supervisor res- ponsável. • Autoridade – qual a extensão de auto- nomia terá o detentor do cargo e qual seu grau de responsabilidade sobre seus comandados. Assim, em um breve exercício, pensemos no ge- rente de loja de um supermercado. Seu cargo é de Gerente daquela loja, com a expectativa (conteú- do) aguardada de coordenar todas as funções da loja – logística, reposição de estoques, atendimento a clientes, segurança, cobranças, infraestrutura, etc. Os métodos descreverão as rotinas: por exemplo, em que momentos este profissional fará os acertos financeiros dos caixas, quando deverá reportar uma falha de segurança, como iniciar as atividades da loja em um dia típico, como as encerra, como se relaciona com a segurança corporativa, entre outras. Sua responsabilidade é de se reportar ao gerente de operações regional, sendo que ele é um dos vários gerentes de lojas que se dirige formal- mente a este superior. E, por último, este gerente de loja tem, sob seu comando, os profissionais ge- renciais e técnicos responsáveis pelas funções de atendimento, suprimento, segurança, infraestru- tura, comunicação, tecnologia da informação, etc. Os cargos, portanto, irão se apoiar em des- crições de funções para completar todo o seu desenho, toda a identificação do que o detentor daquele cargo deve fazer, como se reportar a supe- riores e subordinados dentro da empresa e de suas atribuições imediatas, permitindo compreender integralmente o que este ocupante do cargo irá realizar. Ao especificar os cargos, por meio das funções detalhadas, podemos também usar estas designações de cargos para compor times de tra- balho, grupos como departamentos e unidades de negócios. Assim, quando designamos os cargos de corretores de imóveis, em uma corretora, pode- mos definir que os corretores irão constituir uma unidade de negócios de compra e venda de imó- veis. A unidade será dirigida por um supervisor, que, por sua vez, reporta-se ao diretor da empresa. Segundo Almeida (2015), os cargos referem-se a especificações identificadas na estrutura organi- zacional, ou “organograma” da empresa, enquan- to funções são as atividades praticadas pelos colaboradores na atuação real. Assim, alguém que ocupa o cargo de diretor poderá, por exem- plo, numa eventualidade, executar a função de vendedor, atendendo diretamente a um cliente. Um profissional que está no cargo de gerente técnico de uma clínica de saúde, poderá, noutro exemplo, executar funções de atendimento a pacientes de maior complexidade. Cargos são descrições que provém da divisão do trabalho imposta pelo velho e tradicional modelo burocrático [...] estando em processo de subs- tituição por novos formatos organizacionais e pelas definições de trabalhos em equipes. (Idalberto Chiavenato) 48 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte I Esta conexão de conceitos possibilita compreen- dermos o seguinte relacionamento: • As funções de trabalho explicam, deta- lham o que os trabalhadores fazem, as atividades esperadas de uma empresa. • Os cargos designam como estes trabalha- dores irão fazer estas atividades, com os aspectos de conteúdo, métodos, respon- sabilidade e autoridade. • O detalhamento de cada cargo permitirá que a organização agrupe estes cargos na estrutura organizacional que irá definir como a empresa opera. Devemos notar que estas definições também podem ocorrer, segundo a decisão da empresa, em ordem inversa, ou seja, esta organização pode definir sua estrutura, os cargos que a compõe e, finalmente, especificar função por função, configurando um projeto de como eles se rela- cionarão e produzirão os resultados esperados pelos clientes. Adicionalmente, é sempre importante notar que os desenhos e definições da estrutura, dos cargos e das funções a eles atribuídas, devem cor- responder à estratégia da empresa, permitindo que ela seja executada de acordo com os planos elaborados para seu futuro. A definição dos cargos terá influência em vários dos aspectos que serão abordados em se- quência, para a gestão de pessoas. Vejamos alguns exemplos para descrever tais influências: 49UNIDADE II • Quando houver um processo de seleção interna, por exemplo, para prover um novo gerente regional, apenas gerentes de unidades de negócios com determinada experiência podem ser considerados ap- tos. Assim sendo, a especificação das fun- ções e dos cargos prescreve um critério definido para o preenchimento da vaga disponível. • A remuneração dos cargos é ascendente, conforme os colaboradores atinjam os níveis de desempenho em seus cargos e funções e ganhem experiência nas atua- ções previstas. Como exemplo, um chefe de agência receberá um salário superior ao de um vendedor iniciante ou ainda em meio ao desenvolvimento de carreira. • O plano interno de carreiras de uma em- presa irá definir, em ascensão, os cargos que um colaborador poderá ocupar, gra- dativamente, ao ser promovido ou sele- cionado. Um colaborador iniciante, nes- te caso, poderá ter referência de como e quando terá oportunidades de “subir” a níveis superiores na empresa, com traba- lhos progressivamente mais complexos, maior remuneração etc. Autores como Almeida (2015) detalham que a especificação dos cargos depende adicionalmente de fatores como: • Cultura do setor – um setor de merca- do tem algumas funções definidas, que acabam por determinar também como os cargos são especificados. Exemplos: ge- rentes de agências bancárias, corretores de imóveis, vendedores de automóveis, entre outros. • Padronização do trabalho – funções especificadas de acordo com tecnologia ou métodos de trabalho também defi- nem ou detalham como os cargos serão descritos. Exemplo: programadores de computadores especialistas num tipo de desenvolvimento ou numa linguagem de programação. • Organizaçãodo trabalho – relaciona- mento entre cargos e funções, adotados por empresas, principalmente por haver o entendimento que há subordinações re- lacionadas aos cargos. Por exemplo, um médico chefe de setor cirúrgico tem, sob seu comando, outros médicos, enfermei- ros, técnicos e outros profissionais. • Definições legais – como são defini- das para os profissionais dos setores de segurança pública ou do judiciário, em que a definição dos cargos e suas funções acham-se descritas em leis, de acordo com a relevância do serviço prestado aos cida- dãos e ao país. Encerrando esta seção do texto, é importante reiterar os conceitos de funções, cargos e como estes se relacionam com a estrutura organi- zacional. Verifique como estes são aplicados na prática, eliminando possíveis problemas de atendimento final aos clientes, responsabili- dades e comando no exercício dos trabalhos empresariais. Uma vez contratados, os profissionais que atuam numa empresa podem iniciar uma car- reira, que será promovida por meio de cursos, treinamentos e definição de posições a ocupar e tarefas a realizar. Esta é a abordagem do próximo tópico. 50 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte I Que tal conhecer um pouco mais sobre definições formais de cargos e funções? Algumas empresas e órgãos públicos, por exemplo, no intuito de dar transparência às suas atividades, publicam as especificações oficiais destas atribuições. Veja os seguintes links: Informações quantitativas de cargos e funções do Ministério da Defesa do Brasil:<http://www.defesa. gov.br/ministro-da-defesa/40-lei-de-acesso-a-informacao/8533-informacao-quantitativa-de-cargos- -e-funcoes-do-md>. Modelo de descrição de cargos públicos e funções para Instituições Federais de Ensino: <https:// www2.ifmg.edu.br/arcos/noticias/modelo-de-cargos-e-funcoes-para-institutos-federais-e-publicado- no-dou>. Que tal avançar a pesquisa e buscar outras definições? Pesquise, via Internet, com a expressão “car- gos e funções” e encontrará várias fontes interessantes. 51UNIDADE II A atividade de treinamento é essencial na for- mação, desenvolvimento e preparo de pessoas numa empresa ou organização. Lembremos que aqui mesmo, neste curso, estamos executando um treinamento no tema Gestão de Pessoas. Além de cumprir uma etapa importante, essencial e obri- gatória em sua formação no seu curso superior, também estamos promovendo seu desenvolvi- mento em conhecer, dominar esta importante área da gestão. No espírito do “desenvolvimento de pessoas”, afinal, estamos iniciando sua formação no tema, que pode capacitar que você evolua sua carreira, tornando-se um profissional de gestão experiente, de alta receptividade no mercado de trabalho. As habilidades de gestão de pessoas, para profis- sionais do setor de engenharia, constituem-se em um grande diferencial em suas carreiras, permitindo que sejam avaliados como poten- ciais gestores que têm condições de coordenar projetos de maior complexidade. Ao reconhecer habilidades técnicas e gerenciais nos subordina- dos, compreender como carreiras e trabalhos são previstos e desenvolvidos nas empresas, situações de reconhecimento, remuneração e premiação Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas 52 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte I de trabalhadores e, enfim, planejar sua própria carreira - que são atribuições e conhecimentos de gestão de pessoas, o engenheiro ou arquiteto adiciona ao grande contexto de conhecimentos técnicos estas habilidades gerenciais. Com este conhecimento adicional, tornam-se profissionais com habilidades mais abrangentes, críticas para o sucesso de projetos e empreendi- mentos de engenharia em empresas de qualquer porte, tendo maior condição de atender às empre- sas e ao mercado em decisões mais abrangentes. Chiavenato (2014) conceitua o treinamento empresarial através dos tempos em fases diversas: • Inicialmente, o treinamento destinava-se a adequar pessoas às funções previstas, demandadas pelas empresas. • Posteriormente, o treinamento foi apli- cado para que as pessoas aumentassem o desempenho na execução de tarefas. • Numa visão mais moderna, o treinamento assume o processo de tornar as pessoas mais produtivas, criativas e inovadoras, desenvolvendo suas competências em ali- nhamento ao que as empresas estabelecem como seus objetivos. Esta evolução retrata um dos aspectos mais críti- cos e gratificantes da moderna gestão de pessoas. Adicionalmente, este mesmo autor ainda relacio- na o treinamento ao conhecimento disseminado, à estrutura de cursos e formações dadas aos tra- balhadores, aos objetivos estratégicos da empre- sa, ao ensinamento de atividades essenciais para realização das tarefas esperadas, ao aumento das competências no relacionamento com os demais colaboradores e na formação de experiências – neste último aspecto, atingimos o aprendizado, ou seja, a retenção evolutiva dos conhecimentos. Detalhando um pouco mais, não se sabe apenas repetir o que foi ensinado em um curso, de ma- neira “decorada”, mas compreende-se o que foi ensinado e há possibilidades de desenvolvimento, de evolução dos ensinamentos, para os objetivos organizacionais. Temos aqui, ao abordar a aprendizagem, uma diferença entre dois dos conceitos falados acima: treinamento e desenvolvimento. Costa (2017) reforça esta diferença, citando um fator muito importante: o treinamento é volta- do para uso imediato, para aplicar-se em funções e decisões do cotidiano do trabalhador – exem- Treinamento é fruto de um projeto que resulta numa série de ações programadas para ministrar ao participante um conteúdo definido, com objetivo claro de solucionar um problema empresarial ou aumentar o desempenho na realização das tarefas já prescritas. Desenvolvimento é conceituado como ir além das especificações; é ter a capacidade de otimizar, diferenciar, melhorar e ampliar processos, tarefas e funções designadas, usando de capacidade de inovação, criatividade e absorção de conhecimento, ao mesmo tempo que se tem em mente os objetivos organizacionais. Fonte: adaptado de Caproni (2002), Chiavenato (2014) e Chiavenato (2015). 53UNIDADE II plifica mencionando os cursos de gestão finan- ceira na prática, de montagem de dispositivos, de atendimento especial a clientes selecionados etc. –, enquanto o desenvolvimento tem objetivos de médio e longo prazo – como a formação de líderes de grupos, gerentes de relacionamentos, pesquisadores etc. ,conforme o mesmo autor. Para estas funções – treinamento e desenvolvi- mento –, Lotz e Gramms (2012), usando estudos de vários autores de áreas como Filosofia e Edu- cação, analisam o conceito de Andragogia, ou seja, da educação de adultos, formulando os seguintes pontos, que, recomendam, sejam analisados quan- do houver interesse em propor um treinamento para colaboradores: • O conhecimento ministrado deve ser aplicável – os alunos querem entender o “porquê” deste conhecimento, qual a razão que devem aprendê-lo e usar em seus tra- balhos e decisões. • Os conhecimentos anteriores devem ser aplicados nos processos de aprendizagem. Isto dará condições ao aluno do treina- mento para desenvolver seu aprendizado. • O interesse no aprendizado está direta- mente relacionado à noção de sua apli- cação prática, ou seja, há maior chance de sucesso quando o aluno percebe que o conhecimento ministrado será usado em uma determinada situação. • Os conhecimentos a serem ministrados devem ser orientados em problemas (na solução destes problemas) e não em con- teúdos fechados. Verifique como, portanto, recomenda-se que co- nhecimentos aplicáveis sejam ministrados aos alunos de programas de treinamento. Há uma diferença substancial dos conhecimentos que se busca gerar em cursos de formação ampla, aberta, como este que você agora realiza. Aqui, com o objetivo de formar um profissional, em especial observando as carreiras do engenheiro e do arqui- teto, os conhecimentos são ministrados emsua amplitude, com o objetivo de abordar um con- teúdo vasto e que lhe permita, posteriormente, ter uma compreensão ampla, completa das funções de gestão organizacional. Daí, torna-se possível que, quando participando de uma empresa, como seu gestor ou colaborador regular, aprenda os co- nhecimentos voltados para a solução dos proble- mas usuais da empresa. De acordo com as definições de Costa (2017), podemos ter treinamentos formais e informais. Os treinamentos formais são ministrados por instrutores com delegações de funções específicas, obedecendo um rigoroso programa estruturado, com objetivos definidos. Os informais, por sua vez, normalmente transcorrem na convivência entre colaboradores, sendo produto e resultado de comunicações rotineiras no ambiente de trabalho, por exemplo, no “aprender fazendo”, em que um colaborador mais experiente guia um novo colega na execução de um trabalho específico. Chiavenato (2014) define as seguintes funções para programas de treinamento, que comentare- mos também nesta apresentação: • Transmissão de informações: orientan- do aos colaboradores sobre o que faz a organização, como produz e gera resul- tados, suas regras, processos finais, prin- cipalmente aqueles destinados ao atendi- mento de clientes e realização de negócios. • Desenvolvimento de habilidades: ao ministrar a instrução para uso de um novo processo, atender a um novo mercado, de- sempenhar uma outra tarefa, complemen- tar ou adicional a alguma já realizada ou em implantação inédita. • Desenvolver ou modificar atitudes: com finalidades de corrigir problemas, motivar colaboradores, conscientizar 54 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte I trabalhadores para riscos, segurança do trabalho ou clima organizacional mais favorável. • Desenvolver conceitos: realizar a defi- nição conceitual dos trabalhos realizados, dando-lhes fundamento racional, como a que vem dos estudos científicos, permitin- do que sejam aprimorados no ambiente de trabalho. • Construção de competências: desen- volvimento de novas habilidades que po- derão ser aplicadas pela organização no aprimoramento de processos e de solução de problemas. Vários autores definem como os projetos de treina- mentos podem ser elaborados. A seguir, discutire- mos uma breve metodologia, consolidando o pen- samento dos autores, pensando na montagem de um ou mais “cursos” (programas de treinamentos): 1. Verificar o que é realmente necessário, qual o problema a ser resolvido pelo treinamento – Quais são as necessidades da empresa em termos de treinar as pes- soas? Resolver um problema empresarial? Melhorar algo no atendimento ou em um processo? Desenvolver um novo conceito ou forma de trabalhar? 2. O(s) curso(s) deve(m) ser planejado(s): Todo o programa do curso, ou dos cursos, deve(m) ser escrito(s) – Qual a sequência de temas a serem abordados, como serão abordados, qual o objetivo em cada abor- dagem particular e como estes temas irão, quando todos forem abordados, completar o objetivo do curso, como foi definido no primeiro passo. Havendo mais de um cur- so, o relacionamento entre os vários cursos (pré-requisitos) devem ser descritos, possi- bilitando que se complementem na prática. 3. Execução dos treinamentos – Especifi- cação rigorosa de condições de agenda (quando); infraestrutura (como, quais são os recursos essenciais e adicionais); instrutor(es) (quem) e processo (como – atividades) os cursos serão ministrados aos participantes. Caso seja necessário, condições de aprovação, incluindo critérios e formas de avaliação de cada treinamento, visando avaliar se o partic- ipante absorveu o conhecimento minis- trado, devem ser especificados. 4. Avaliação geral do treinamento – Quando o participante qualifica sua percepção de aplicabilidade e resultados do treinamen- to ministrado. Esta avaliação permitirá a correção de problemas e o aprimoramen- to do treinamento, em futuras execuções. Sempre é necessário reforçar que, como parte vital da gestão de pessoas, os treinamentos também devem atender às necessidades e oportunidades estratégicas especificadas pela empresa, alinhados às metas e objetivos discutidos no planejamento estratégico, conforme já falado em partes ante- riores do curso. De maneira muito interessante, Lotz e Gramms (2012) descrevem quatro tipos básicos de apren- dizes, em geral, para treinamentos: • Os ativistas: aprendem mais com par- ticipação em atividades curtas, de maior aderência com a realidade, concretas. Nor- malmente não são receptivos às formas com aulas expositivas longas, de desen- volvimento abstrato de conteúdo. • Os reflexivos: aprendem mais com o exercício do pensamento em evolução ao que foi ensinado, necessitando de tempo “afastados” para meditar, pensar num obje- tivo de aprendizado. Diferem dos ativistas, principalmente, na velocidade em serem expostos a casos ou situações práticas. 55UNIDADE II • Os teóricos: que necessitam da visão do todo, do estudo completo (ou mais com- pleto possível) de um contexto total, da visão de um sistema, para que desenvol- vam sua compreensão efetiva. Não têm muito boa receptividade ao estudo de ca- sos isolados, particulares, de uma tarefa ou decisão pontual, particular. • Os pragmáticos: focados em aprender o que irão aplicar, usar, em soluções prá- ticas e implementáveis ao seu alcance, de sua intervenção prática à mais imediata, incluindo seu cotidiano. Menciono, finalmente, os métodos usados atual- mente para treinamentos e desenvolvimento de pessoas, que envolvem tecnologia. Uso de siste- mas de cursos a distância (EAD – Educação a Distância), programas rápidos, usando recursos de mídias sociais e de telefonia móvel, serviços de provimento de cursos online, uso de MOOCs (do inglês Massive Open Online Courses – Cur- sos online massificados abertos), Universidades corporativas, entre outros. Essas formas vêm adotando a grande profusão de sistemas de vídeo, áudio, interação comuni- cacional entre alunos e professores, permitindo que novos desenhos de treinamentos sejam feitos. Numa destas novas visões da educação corpo- rativas, temos a possibilidade crescente de pro- mover a geração de conhecimento colaborativo, de grupos, por meio de comunicação e interações entre participantes, com o professor assumindo funções de mediador e promotor destes contatos. São ainda fenômenos recentes que irão, por certo, dinamizar muito o papel do treinamento corpo- rativo nos próximos anos. No desenvolvimento das carreiras profissionais, um desafio e ponto desejável sempre nos é apre- sentado: existe a oportunidade de exercer o co- mando, a chefia executiva num determinado projeto ou grupo de tarefas? Como um ponto de evolução da carreira, esta ascensão é frequente e nos motiva a desenvolver o estudo que será apre- sentado a seguir. Veja detalhes do projeto MOOC.ORG, da Funda- ção Edx, uma plataforma aberta de treinamen- tos online, em que todos podem criar cursos e estudar, Acesse: <http://mooc.org.>. Iniciamos esta seção falando sobre o termo “che- fia”. Um tanto desgastado, confrontado com outros conceitos – como gestor de pessoas, gestor de ta- lentos, líder, entre outros – será aqui usado para destacar os profissionais que têm, como objetivo de seu trabalho, a responsabilidade pelo funciona- mento e gestão de um setor, unidade de negócios ou unidade de empresa. No caso de nosso curso, há duas finalidades básicas ao compreender as atribuições e delegações deste profissional: • Pelo exercício propriamente dito, uma vez que é, portanto, profissional encarregado pela empresa para se responsabilizar pela comunicação, produção coletiva, integra- ção e relacionamentos de um órgão da empresa, definido e inserido na estrutura organizacional. • Por representar um profissional obriga- toriamente agregador, que tem sob sua responsabilidade um setor inteiro, mere- cendo estudo próprio como um cargo de maior confiança, a ser preenchido, remu- nerado,gerido e avaliado constantemente pelo setor de gestão de pessoas. O Exercício de Chefia Executiva em Empresas 57UNIDADE II Soares (2015) apresenta-nos a diferença entre a liderança e chefia. Segundo a autora, “a liderança diz respeito ao enfrentamento de mudanças. Os líderes estabelecem direções por meio de uma visão de futuro, depois engajam as pessoas, comu- nicando-lhes esta visão de futuro e inspirando-as a superarem os obstáculos”(SOARES, 2015, p. 42). Já a chefia, ainda para esta mesma autora, é associada ao planejamento formal da empresa, para sua elaboração e, principalmente, ao coorde- nar, controlar, cobrar e comandar a execução dos planos. A visão proposta pelos líderes resulta em formulações para definição de planos e projetos associados, que devem ser executados com rigor, envolvendo delegações, responsabilidades, uso de métricas e indicadores para seu acompanhamen- to e monitoramento da obtenção dos resultados. Desta forma, diferenciamos, mas também asso- ciamos os trabalhos e posturas dos líderes (os vi- sionários) aos chefes executivos (os comandantes) na execução de planos que conduzam a empresa aos patamares de sucesso esperados. O exercício de liderança será discutido em parte posterior de nosso curso. Por agora, dedi- caremos maior foco às atribuições dos chefes, dos executivos. Entre as funções dos chefes, consoli- dando as referências de Chiavenato (2014), Chi- avenato (2015) e Costa (2017): • Especificar e cuidar do preenchimento dos cargos sob sua coordenação. • Definir maneiras de coordenar e moni- torar (envolvendo o uso de indicadores e métricas) o trabalho de seu setor. • Cuidar de comunicação com agentes in- ternos – gestores de níveis superiores, di- retores, outros gestores das demais áreas – e externos, quando for o caso. • Estabelecer e seguir processos de trabalho executivos. Relacionar estes processos à gestão estratégica empresarial. • Reportar problemas, riscos e alertas aos níveis executivos superiores e aos gestores empresariais. • Administrar o órgão sob sua responsabi- lidade, diante da aplicação dos recursos existentes. • Negociar os recursos alocados para o tra- balho do setor sob sua responsabilidade, com os órgãos encarregados de gerir estes recursos em toda a empresa (exemplos: recursos financeiros, infraestrutura, pes- soas, etc.). • Participar ativamente nos processos de planejamento e delegações empresariais. Diante de tais afirmações sobre o trabalho dos chefes, alguns atributos pessoais e desenvolvidos se fazem necessários, como: • Saber gerir qualitativamente e quantita- tivamente. • Aplicar, racionalmente, técnicas e métodos disponíveis ou exigidos pela empresa, ou de seu conhecimento. • Comunicar amplamente – níveis supe- riores, funcionários subordinados, outros gestores, agentes externos às empresas – os stakeholders. • Dimensionar o uso de recursos, monitorar seu consumo e aplicação. • Intervir em situações padronizadas – como as de controle para a execução dos trabalhos do setor – ou imprevistas, na gestão de riscos. • Promover e desenvolver o clima organiza- cional no ambiente de trabalho. • Aplicar os códigos legais existentes, espe- cificados nas normas da empresa ou ainda pela legislação existente. 58 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte I O executivo terá, sob seu comando, as atribui- ções racionais, designadas para a administração da empresa, sendo o responsável por implementar planos e estruturas, setoriais e empresariais, para realizar as visões propostas pelos líderes (CHIA- VENATO, 2014; COSTA, 2017). Desta forma, podemos compreender o relacionamento entre estas duas importantes atribuições. Outra abordagem é que o exercício do car- go executivo tem muita compatibilidade com a estrutura hierárquica, por níveis, como vimos anteriormente. Desenhos mais recentes, como a estrutura matricial, por exemplo, prescrevem outras formas de gestão, como a de controles e coordenação compartilhada entre seus membros, diferindo da forma mais clássica. Os processos de seleção executiva serão con- duzidos de maneira semelhante aos já vistos, para recrutamento e seleção de profissionais regulares da empresa, chamando-se a atenção para os pro- cessos de desenvolvimento e evolução de carreiras internos às empresas. Nestes casos, os executivos serão recrutados dos níveis subordinados ao cargo em vista, analisando-se fatores como experiência, tempo de trabalho, características ideais (comu- nicação, conhecimento, decisão, relacionamento, imagem, entre outras). Exemplificando: ao ocorrer a disponibilidade de uma vaga para gestor de pro- jetos de engenharia ou arquitetura titular de uma empresa, por motivos como a saída do anterior ocupante, um engenheiro de qualquer formação e que já faz parte da equipe poderá ser promovi- do a esta função executiva, responsabilizando-se pelo setor organizacional. Neste caso, é habitual falarmos em “promoção” ou recrutamento interno. O relacionamento do chefe com a construção e execução da estratégia da empresa é fundamental. O chefe de setor, o executivo, deve ter a capaci- dade de compreender as metas empresariais, es- tabelecidas quando do planejamento estratégico, e definir, a partir delas, as ações do setor sob sua responsabilidade para atender e contribuir para o alcance destas metas. Agindo desta forma, o executivo “alinha” seu setor às necessidades da empresa, aos trabalhos esperados para produzir, de forma consistente, os resultados projetados nos planos – estratégico e setorial. Esta conexão entre o estratégico e o operacional, ou seja, de participar na construção, elaboração dos planos e na sua operacionalização final, é uma das capacidades que destacam e diferenciam os executivos, sendo fator de sua atividade profissional essencial reconhecida no mercado, de destaque nos currículos profissionais. Por exemplo, um executivo que desempenhou o papel de gestor de marketing de uma empresa de alimentos poderá ter cuidado de políticas de distribuição e desenvolvimento de negócios em locais diferentes, atendendo à meta estratégica de aumento na venda destes bens. Por último, eventualmente encontram-se al- gumas atividades executivas sendo realizadas por prestadores de serviços ou empresas de consul- toria, externos à empresa onde tais trabalhos são efetivamente executados. O gerente de marketing citado acima, por exemplo, pode ser membro de uma empresa de consultoria e realizar este trabalho para uma empresa cliente, preenchendo o cargo em termos de assumir e executar as funções esperadas. Tal contratação dependerá de alguns fatores, como: • Especificação detalhada das funções espe- radas para o trabalho gerencial necessário. • Desenho de perfil estimado do profissio- nal a ser contratado. • Definição de dedicação deste profissional à empresa. • Detalhamento de indicadores, associados às metas estratégicas empresariais, para o monitoramento das funções do setor. • Aceite de condições financeiras de contrata- ção – remuneração da empresa que cede o profissional e do próprio consultor que atua- rá como chefe na empresa que o contrata. 59UNIDADE II • Definição de formas para aferir o progres- so deste gestor externo. • Formação e experiência do gestor contra- tado externamente (compatível com as ex- pectativas e necessidades da contratante). Sobre a formação dos gestores, torna-se impor- tante definir bem o perfil, caso sejam contrata- dos externamente, como consultores ou mesmo promovidos internamente, em termos de sua ex- periência no trabalho. Uma decisão delicada diz respeito à experiência em especificidades de um setor. Analisemos um caso no qual uma editora necessita preencher o cargo executivo de gestor comercial. Para tal, necessitará avaliar se o profis- sional em questão, seja externo ou interno, possua experiência de formação e condução de trabalhos com esta especialidade. Verifique, por exemplo, se um gestor comercial com experiência em alimen-tos teria perfil adequado ao caso. Ou, por outro lado, um técnico, inexperiente em atividade ge- rencial, componente do quadro de funcionários em nível operacional da empresa mereceria ser promovido. São decisões atribuídas à gestão de pessoas organizacional, que deverá indicar, sele- cionar e recrutar o mais indicado. Dois temas adicionais frequentam a especifi- cação de atividades dos executivos: inteligência emocional e capital intelectual. Encerremos esta seção discutindo estes dois temas. Inteligência emocional é um conceito que foi tornado evidente nos trabalhos do pesquisador e escritor Daniel Goleman, detalhado de outro, desenvolvido pelo mesmo autor, inteligência social. A inteligência emocional é a capacidade de identi- ficar e lidar com as suas emoções. Para um gestor, a inteligência emocional se revela na capacidade de enfrentar crises, conflitos, relacionar-se com pessoas de vários temperamentos – lembrando que, em geral, este gestor relaciona-se com direção, operacional e, eventualmente, mesmo com agentes 60 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte I externos à empresa. Portanto, é usual referir-se, como uma qualificação esperada, que o gestor “possui boa inteligência emocional”. Já o Capital intelectual foi notabilizado por um li- vro com este título, escrito por Thomas Stewart, sendo uma iniciativa de relacionar a intelectualidade, capa- cidade analítica e conceitual de um gestor a grandezas quantitativas, como as financeiras e de desempenho. Por exemplo, uma iniciativa comum na análise de ca- pital intelectual é avaliar se programas de treinamento ministrados na empresa repercutiram em ganhos de produtividade ou lucro em negociações. O treinamento formativo, como elemento oportuno e decisivo para o desenvolvimento de habilidades e carreiras, vem se tornando uma área atrativa para a aplicação de novos recursos, uma vez que as organizações, cada vez mais, necessi- tam de profissionais conscientes das modernas tendências do trabalho. Este é o foco do próximo tópico a ser abordado, lembrando-se que, opor- tunamente, o tema tecnologia (mesmo quando falamos de aplicação para gerenciamento, como é o caso de treinamento profissional) é algo afeto à formação do engenheiro que, neste caso, com o conhecimento de gestão de pessoas, poderia também se tornar um gestor ou colaborador dos programas de treinamento profissional da empresa. 61UNIDADE II Como vem acontecendo com todos os setores empresariais e funções profissionais, a tecnologia também tem modificado de forma substancial a gestão de pessoas. Aqui, podemos diferenciar a tecnologia em duas grandes vertentes: a tecnolo- gia da informação (TI) e a tecnologia de comu- nicação (TC). Vários autores e o próprio mercado se referem, por vezes, a um contexto único, usando o termo TIC – tecnologia da informação e da comuni- cação – mas optamos, para uma abordagem mais detalhada, separar estas duas formas, dedican- do-nos mais, neste ponto do curso, às tecnologias da informação. Recorrendo aos dicionários, apresentamos, a seguir, definições corretas para o que se entende por tecnologia. Estruturas Tecnológicas para Treinamento 62 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte I Como tecnologia da informação, portan- to, compreendemos a aplicação da tecnologia para fins de produção, coleta, armazenamento, distribuição e aplicação de informações para fins específicos (JAMIL, 2001). Claro, há de ser lembrado que os termos “Informática” e “Com- putação” são vastamente aplicados, no senso co- mum, para se referir a este campo tecnológico e suas aplicações. Encontramos a TI em empresas, em vários cenários, como: • Processamento do atendimento a clientes – nos sistemas de venda, logística e entrega, atendimento robotizado (recen- temente verificamos a inserção dos cha- mados “Chatbots”, geradores automáticos de diálogos com clientes), faturamento, cobrança e pagamentos, contatos para no- vas vendas, entre outros. • Processamento da burocracia inter- na – anotações de frequência ao trabalho (“ponto”), pagamento de salários e remu- nerações variadas, manutenção de perfis de cargos e salários em bancos de dados para estudos, fichas funcionais eletrôni- cas, comunicações formais, controle de estoques, registros contábeis, entre vários outros. • Automação de produção – como os robôs usados em produção industrial de produtos domésticos, eletrônicos e auto- móveis. • Integração de unidades fabris – siste- mas em rede de computadores para au- tomação integrada, incluindo unidades externas à empresa, etc. • No provimento de comunicação for- mal – (via sistemas, relatórios e informa- ções oficiais preenchidas) ou informal (intranets, correio eletrônico, sistemas de mensagens instantâneas, mídias sociais corporativas, entre outras). Neste caso, di- zemos que estamos diante de tecnologia de comunicação também, pois aí recai a definição para os padrões de comunicação utilizados eletronicamente. Desta forma, a gestão de pessoas terá que avaliar como estes recursos impactam na formação e de- senho das estruturas organizacionais, nas designa- ções de cargos e funções, na comunicação interna e externa e nos relacionamentos e formações de equipes físicas e virtuais de trabalho. Um destaque interessante deve ser dado às propostas de treina- mento e preparo de pessoas por meio de sistemas como Universidades corporativas e autoinstrução via Internet, atualmente em grande difusão. Nestes ambientes, o trabalhador encontra cur- sos prontos, estruturados em vídeo aulas, textos de apoio e atividades avaliativas com monitoramento do professor para solução de dúvidas e correção de avaliações aplicadas. Claro, é muito similar à estrutura que agora utiliza para este curso de Gestão de Pessoas. Tecnologia é conceituada como: “Ciência cujo objeto é a aplicação do conheci- mento técnico ou científico para fins industriais ou comerciais” ou “Conjunto dos termos técnicos de uma arte ou ciência”. Também encontramos: “Conjunto de processos, métodos, técnicas e fer- ramentas relativos à arte, indústria ou educação” e ainda “Linguagem peculiar a um ramo deter- minado do conhecimento científico ou prático”. (Dicionário Michaelis e Dicionário de português Aurélio). 63UNIDADE II Estes ambientes, atualmente, incorporam re- cursos que permitem o uso em deslocamento (sistemas móveis) e comunicação intensiva, le- vando o aluno/colaborador a integrar-se numa turma virtual, distribuída, com ganhos, caso metodologias apropriadas sejam aplicadas. Para a gestão de pessoas, inicialmente, estas funções de tecnologia da informação voltadas para treinamento e preparo de equipes, resultam em maior produtividade e oportunidades para nivelar e distribuir o conhecimento necessário ao maior número possível de trabalhadores. Esta fi- losofia enquadra-se na tendência do MOOC - do inglês Massive Open Online Courses – Cursos on- line massificados abertos) – contudo, aqui, sendo adaptados para as necessidades de cada empresa. Chiavenato (2014) comenta que a inserção da tecnologia nas modernas empresas têm a possibi- lidade de modificar os seus objetivos de mercado, suas atuações competitivas e formas decisórias, servindo para redesenhar processos e estruturas. A formação de equipes torna-se mais ágil, in- clusive possibilitando envolver consultores, tra- balhadores e até mesmo empresas inteiras, exter- nas, neste contexto, de forma ágil, interconectada, com informações sendo distribuídas e coletadas a todo momento. Chamamos de sistemas de informações aos con- juntos formados de recursos tecnológicos (o sis- tema) que envolvem computadores, unidades de armazenamento, infraestrutura de conexão e apresentação de resultados e programas de utilidade final, para processar informações que são necessárias para as decisões das empresas. 64 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte I Para Almeida (2015), as habilidades dos colabo- radoresem tecnologia da informação e da comu- nicação são responsáveis pelo sucesso de alguns competidores, levando as empresas concorrentes a terem de planejar o uso destes recursos para se manterem competitivas. Vários autores definem o uso de Sistemas de informações gerenciais para a administração de pessoas. Num sistema de informações para gestão de pessoas, podemos encontrar, como funções e re- cursos típicos: • Armazenamento e recuperação das “fichas funcionais” dos colaboradores, de forma di- gital, em que são registrados os conteúdos de pagamento, alocação, delegação e dados cadastrais dos funcionários da empresa. • Registro de movimentações dos funcio- nários: cargos ocupados, remunerações, avaliações e seus resultados, papéis desem- penhados – por exemplo, de gestores tem- porários – no quadro funcional da empresa. • Informações de mercado: nível salarial de cargos típicos, formas de contratação, determinações legais de exercício de de- terminadas funções e atividades (exemplo: área da saúde – enfermeiros, médicos es- pecialistas, laboratoristas, etc.). • Análise de desempenho funcional: registros que informam como os profissionais desen- volveram suas carreiras e níveis de desem- penho obtidos ao longo de seus trabalhos. • Registros estruturais da empresa – descri- ção de cargos, relacionamento destes car- gos, perfis gerenciais e executivos, dados referentes à remuneração, entre outros. A função básica deste ambiente de sistemas é per- mitir ao gestor de pessoas e a todos os gestores da empresa que tenham, por definição de seus cargos, gerir pessoas individualmente ou times de trabalho, disponibilidade de dados, informações e conheci- mento que permitam a tomada de decisão mais ágil. Alguns exemplos destas situações decisórias, em que o sistema de informações pode auxiliar: • Processo de recrutamento interno de tra- balhadores para uma função gerencial. • Ajuste de remunerações, simulações de promoções e análises de custos empre- sariais com salários e remunerações di- versas. • Definição (seleção) de membros para uma equipe, especialmente delegada para um trabalho específico – por exemplo, aber- tura de uma filial em local onde a empresa ainda não opera. • Avaliação de desempenho funcional (a qual será vista com maiores detalhes adiante). Podemos entender, portanto, que este sistema de informações terá recursos tanto para uma análise estática, deste momento – por exemplo, avaliar se um salário de um executivo de uma determinada área da empresa é compatível com o que é pratica- do pelo mercado – ou para planejamento futuro – como dimensionar um programa de treinamento para um novo time de trabalho, que está sendo formado para uma atuação específica (ver o caso acima citado, de abertura de uma filial). Adicionalmente, podemos falar de teletrabalho: uma técnica discutida por vários anos que, devido a vários fatores, está sendo muito usada no mercado. 65UNIDADE II Já existem autores que se referem a estes novos colaboradores como “teletrabalhadores”. São os mem- bros de times de trabalho que não usam instalações fixas presenciais, realizando suas atividades em casa ou escritórios particulares, mas integrados aos processos empresariais. É oportuno notar que, ao mesmo tempo em que dão mobilidade para as empresas, potencialmente reduzem custos de instalações e de ocupação, bem como não utilizam sistemas de trânsito, energia ou segurança em deslocamentos. Estas forças de trabalho são de gerenciamento mais complexo, levando o gestor de pessoas a ter novas formas de acesso e comunicação, controle e comando, bem como organização geral das atividades. Finalizando, podemos encontrar as tecnologias da informação e da comunicação, na atualidade, até mesmo na formação de novas empresas, de novas organizações, que são compostas de profissionais que não ficam permanentemente em um escritório ou não têm uma atividade restrita. Tal situação pode modificar muito o perfil de atuação das empresas, sua organização, estrutura e formas de selecionar e relacionar trabalhadores, tornando a gestão de pessoas ainda mais essencial. Teletrabalho é a forma de produzir que utiliza o potencial oferecido pelas novas tecnologias, tendo como objetivo básico processar a informação, atendendo aos novos valores dos trabalhadores e, principalmente, ao novo modelo de gestão das organizações. 66 1. Sobre estruturas organizacionais, podemos dizer: a) Que são sempre regidas por leis para qualquer setor. b) Que são formas racionais de especificar trabalhos e relacionamentos. c) Que são a forma de definir o faturamento da empresa. d) Que mostram o único caminho para um profissional ser treinado. e) Que não podem ser modificadas com facilidade. 2. As atribuições de um chefe e um líder serão (marque a melhor resposta): a) Diferentes, porque ambos não podem receber o mesmo salário. b) Idênticas, se não, corre-se o risco de problemas de comunicação gerencial. c) Diferentes, pois o líder é um visionário de futuro, o gerente o profissional im- plementador. d) Diferentes, por causa do curso superior que fizeram. e) Idênticas, porque a empresa não pode ter duas especificações funcionais distintas. 3. Sobre os aspectos usados para definir cargos numa empresa, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) e depois marque a opção correta: )( A “responsabilidade” diz respeito a quem o profissional deve reportar suas ações e aguardar as delegações. )( A “autoridade” identifica se o gestor tem boa postura para comandar. )( O “conteúdo do cargo” define o que é esperado que o profissional faça. Assinale a alternativa correta: a) V-V-V. b) F-V-V. c) F-F-F. d) F-V-F. e) V-F-V. 67 4. Não é uma função de programas de treinamento empresarial: a) Preparo para aumento de remuneração. b) Desenvolvimento de habilidades. c) Transmissão de informações. d) Construção de competências. e) Desenvolvimento conceitual. 5. Sobre o uso de tecnologia para a gestão de pessoas, considere as afirmações e depois responda: I) Com a tecnologia da informação, podemos montar novas estruturas orga- nizacionais. II) Aplicar tecnologia da informação é sempre um fator determinante para re- duzir quadros de pessoal. III) A tecnologia da informação, através de sistemas de informação, permite aprimorar a seleção de pessoas. IV) A tecnologia da informação não tem valor estratégico para a gestão de pessoas. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e IV estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I e III estão corretas. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Apenas I e II estão corretas. 68 Criando universidades corporativas no ambiente virtual Autor: Roberto Bohlen Seleme e Antônio Siemsem Munhoz Editora: Pearson Education do Brasil. Sinopse: livro que promove o estudo de como e por que montar uma universi- dade corporativa, considerando a realidade de empresas brasileiras. Os autores abordam os motivos, as possibilidades, observam os recursos tecnológicos necessários e a repercussões em potencial das universidades corporativas. Comentário: interessante material de apoio para compreender e avançar sua percepção sobre o uso de tecnologia para formação de pessoas - treinamentos - em ambientes corporativos. LIVRO 69 ALMEIDA, A. V. Divisão e modelagem de cargos. São Paulo: Pearson Education Brasil, 2015. CAPRONI, P. J. Treinamento gerencial: como dar um salto significativo em sua carreira. São Paulo: Makron Books, 2002. COSTA, W. S. Gestão de pessoas e desenvolvimento de equipes. Maringá: NEAD - Unicesumar, 2017. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações 4. ed. Barueri: Ed. Manole, 2014. ______. Gerenciando pessoas: transformando o executivo num excelente gestor de pessoas. Barueri: Ed. Manole, 2015. HALL, R. H. Organizações: Estruturas, processos e resultados. São Paulo: Editora Prentice Hall, 2004. JAMIL, G. L. Repensando a Tecnologia da informação na empresa moderna. Rio de Janeiro:Axcel Books do Brasil, 2001. JAMIL, A. C. C. O teletrabalho e a significação do espaço na constituição da competência e gestão da carga de trabalho: um estudo das interações na atividade dos analistas de dossiês de processos habitacionais numa instituição bancária. 2004. Dissertação (Mestrado)- Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004. LODI, J. B. A estrutura matricial e a estrutura sistêmica: dois novos tipos de organização. In: Revista de Admi- nistração de Empresas. v. 10, n. 4, 1970. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex- t&pid=S0034-75901970000400008>. Acesso em: 23 mai. 2017. LOTZ, E. L.; GRAMMS, L. C. Gestão de Talentos. Curitiba: Ed. Intersaberes, 2012. SOARES, M. T. R. C. Liderança e desenvolvimento de equipes. São Paulo: Pearson Educacional do Brasil, 2015. 70 1. Opção a ser marcada: letra “B” - São formas claras e objetivas de especificar como trabalhamos e nossos relacionamentos formais. 2. Opção a ser marcada: letra “C” - O líder promove visões de futuro, orienta. O executivo, ou chefe, irá dese- nhar planos para este realizar esta visão de futuro. 3. Resposta correta: letra “B” - falsa, verdadeira, verdadeira. 4. Opção a ser marcada: letra “A” - Treinamentos empresariais não são preparados especificamente para prover aumentos de remuneração aos empregados. 5. Resposta correta: letra “C” - opções I e III corretas. 71 72 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Estudar como as pessoas podem ser avaliadas em função da obtenção de resultados de seus trabalhos. • Definir conceitualmente o que é remuneração e analisar as formas mais frequentes de sua ocorrência em ambientes de trabalho. • Avaliar quais as principais determinações legais e práticas de mercado para remuneração de pessoas. • Avaliar e implantar formas de reconhecimento na obtenção de resultados, na forma de premiações, em ambientes de tra- balho. Avaliar a importância do reconhecimento profissional. Avaliar pessoas nos ambientes organizacionais Formas de remuneração de pessoas Formas de reconhecimento e premiação de pessoas Compreender situações reais de remuneração de pessoas Dr. George Leal Jamil Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte II Avaliar Pessoas nos Ambientes Organizacionais Olá, aluno(a). Seja bem-vindo(a) a mais uma unidade de estudo. Vamos iniciar falando sobre a avaliação. Sabemos que a avaliação é tarefa essen- cial para a gestão em qualquer nível, em qualquer empreendimento. No caso da gestão de pessoas, várias são as requisições em se avaliar o desempe- nho, a atuação e a capacidade de realizar trabalhos, por parte dos colaboradores, quando pensamos no gerenciamento empresarial. Alguns exemplos que podem ser citados para a avaliação de pessoas: • Apesar de todos os profissionais da em- presa terem sido treinados e formados no mesmo encaminhamento, é possível que alguns demonstrem mais aptidão ou afei- ção a determinadas tarefas. Como avaliar o desempenho de um trabalhador para uma determinada tarefa? • Adotando uma metodologia de premia- ção pelo desempenho na execução de uma tarefa – por exemplo, nos atendimentos considerados bem-sucedidos pelos clientes – o gestor de uma equipe deseja premiar o colaborador que obteve os melhores ín- 75UNIDADE III dices. Como ter esta percepção correta e precisa para saber a quem dar o prêmio? • Numa empresa que tem como estrutura várias equipes que realizam o mesmo tra- balho, uma destas equipes vem obtendo, frequentemente, resultados superiores a outras. Como esta avaliação de desempe- nho pode nos indicar os fatores reais para esta diferença? O que torna os resultados destes trabalhadores, sistematicamente, melhores que os dos outros? Estes moti- vos podem ser reproduzidos, copiados ou adaptados para outras equipes, buscando a melhoria coletiva? Estas e outras questões tem por base o processo de avaliação dos trabalhadores como fonte de res- posta. Ao avaliar os colaboradores, pretendemos compreender, objetivamente, porque uns atuam e obtêm resultados diversos dos outros, relacionan- do estas percepções aos investimentos e métodos aplicados para a gestão de pessoas de todos os colaboradores, com o objetivo de propor, sempre, metas estratégicas realistas às equipes. Nestes e em outros vários exemplos, verifi- camos que o gestor precisa aplicar métodos pa- dronizados, transparentes e éticos para avaliar suas equipes. As avaliações resultarão em dados e informações para aprimorar a gestão, com ati- tudes de correção, aprimoramento, retenção de qualidade e desenvolvimento da equipe, reper- cutindo em outros aspectos da gestão de pessoas, como o treinamento e a remuneração. Contudo avaliar não é tarefa simples, pelos seguintes motivos: • a avaliação tem de ser fruto de um processo consistente, negociado e transparente, de completo conhecimento dos avaliados; • a avaliação deve ser encarada por todos como um processo estável, de retorno ho- mogêneo, sem imprecisões, tornando-se confiável; • os resultados da avaliação devem ter co- municação clara, ética e de orientação, pois providências severas poderão surgir como repercussão, como o eventual desligamen- to de colaboradores do quadro profissional da empresa; • a avaliação é um processo invasivo, que é realizado com claro exercício de autorida- de, determinando algum grau de interven- ção nos métodos no ambiente de trabalho. • as repercussões das avaliações devem ser percebidas pelos colaboradores, para que o próprio processo de avaliação não seja considerado excessivo ou dispensável; • o processo de avaliação deve, rigorosamen- te, seguir preceitos éticos e legais. Chiavenato (2014) informa-nos a respeito de dois pontos de vista que fundamentam o processo de avaliação: • avaliação de desempenho baseada em cargos Neste caso, busca-se avaliar se os ocupantes dos cargos observados, têm desempenhos e desenvolvimento de acordo com as ex- pectativas detalhadas quando o cargo foi especificado. Os valores especificados e avaliados devem se adequar às expecta- tivas de colaboradores exercendo aquela função, no cargo específico. • avaliação de desempenho baseada em competências Desta forma, a organização busca com- preender como o profissional desenvolveu e realizou qualquer atividade, em qualquer que seja o cargo, mas com o devido exercí- cio de competência – habilidade, adequa- ção de treinamento e desenvoltura. 76 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte II O segundo caso difere, substancialmente, do primeiro por ter o foco principal no trabalhador em si, enquanto o primeiro dedica-se a avaliar o trabalhador no exercício de um cargo específico na estrutura organizacional da empresa. O processo de avaliação de colaboradores pode ser estruturado da seguinte forma: 1 Define-se o objetivo da avaliação Exemplo: avaliar o desempenho da equipe de vendas da filial 2 da empresa, no período de janeiro a dezembro do ano passado, visando premiar os melhores resultados e verificar as causas dos piores, para sugestão de intervenções. 2 Define-se a amostra para a avaliaçãoDetalha-se quem será avaliado. Apenas colaboradores do nível operacional? Gestores? Agentes ex-ternos (proprietários de lojas terceirizadas, consultores, por exemplo) serão envolvidos? 3 Quais as respostas esperadas? Definem-se quais as respostas desejadas do processo de avaliação. Um conjunto objetivo é relacionar cada funcionário ao número de itens vendidos ou ao número de atendimentos realizados para clientes ou, ainda, ao número de contratos fechados. Outras respostas mais complexas são, por exemplo, os porquês de determinados fenômenos: constante queda no nível de qualidade reportado pelos clientes; frequente queda de resultados financeiros; perda de desempenho sob determinada situações etc. 4 Definem-se as formas de avaliação A literatura – Chiavenato(2014), Chiavenato (2015), entre outros autores – informa sobre formas de questionar e entrevistar colaboradores. Um questionário composto de perguntas cuja resposta será “sim” ou “não” (Ex.: “Você recomendaria a um amigo trabalhar em nossa empresa?”; “Você considera que seu trabalho é reconhecido pela empresa?”), e questões para atribuição de valores, de 0 (Zero) – não concordo absolutamente – até 5 (cinco) – concordo absolutamente – são exemplos simples. Há condições e especificações de métodos variados de questionamentos, alguns com a aplicação de gráficos, outros com resultados mais elaborados. O importante é que estes métodos sejam aplicados para se obter as respostas desejadas pela avaliação (como discutido no item 3) para atender ao ob- jetivo principal dos processos de avaliação (como afirmado no item 1). 5 Aplicação das avaliações Usando recursos adequados – privacidade, segurança, conforto etc. – os selecionados para as avalia- ções são entrevistados, questionados ou mesmo monitorados (caso seja uma avaliação “em campo”, nas condições reais de trabalho). 6 Consolidação e publicação dos resultados Após as análises das respostas obtidas, da verificação dos resultados e de sua consistência, estes resul- tados são consolidados e informados, na maneira pretendida – respondendo aos objetivos originais, do item (1) – aos avaliados. 7 Tomadas de decisãoCom base nos resultados e na sua publicação e informação aos avaliados, decisões são formuladas e implementadas nos padrões da empresa. 77UNIDADE III Dentre os elementos usados para a avaliação, os tipos de questões e formulários propostos pela literatura e pela prática científica da Adminis- tração e da Psicologia, temos várias sugestões: • questões com respostas do tipo “sim” ou “não”, para responder proposições,- como: • O colaborador é sociável? • O colaborador é cooperativo? • O colaborador tem iniciativa para re- solver problemas? • questões de escala quantitativa, com notas para tópicos específicos: • O colaborador tem habilidade para cálculos complexos? (nota de 0 a 5); • O colaborador expõe, com clareza, em público? (nota de 0 a 5). • propostas de relacionamento causa - efeito. Exemplos: • o colaborador participa da solução de problemas porque...” • Seguem-se opções a serem avaliadas: 1. tem interesse em demonstrar ha- bilidades; 2. é participativo; 3. deseja afastar-se dos problemas com urgência. Nestes casos, uma ou mais opções pode ser marcada, quantificada, fazendo-se uma ponderação. 78 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte II Em Chiavenato (2014), você poderá encontrar outras sugestões da vasta gama de propostas exis- tentes para formulários e indicadores de avaliação, que possibilitam aos gestores obter resultados ní- tidos, detalhados e prontos para formular respos- tas eficazes às questões que lhe interessem avaliar. A exposição dos resultados empresariais – como os financeiros, de contabilidade, de vendas ao mercado etc. – poderá também ser feita de inúmeras formas, desde relatórios, passando por tabelas, alcançando gráficos que podem comu- nicar a pessoas, individualmente, ou a grupos e a toda a organização, um determinado ponto ou aspecto do desempenho avaliado. Encerramos este tópico de nosso curso tratan- do de alguns tipos de avaliação de pessoas fre- quentemente aplicados pelas empresas, consoli- dando algumas observações a respeito. A primeira forma, chamada “método de cam- po” ou “estudo de campo”, assemelha-se à maneira tradicional, até aqui tratada nos exemplos. Nesta, o gestor realiza entrevista com um ou mais co- laborador para aplicar as questões propostas em seu projeto de coleta de informações, destinadas a compor a resposta para a questão proposta. No “método dos incidentes críticos”, o avali- ador busca verificar itens de máxima ou míni- ma relevância, excessos em pontos positivos ou negativos, do desempenho de um colaborador. O objetivo desta forma, que é próxima da sugerida por Frederick Taylor em seus primeiros estudos sobre este tema, é buscar reter e desenvolver o máximo desempenho e eliminar os fatores dos piores resultados. É alvo de várias críticas, pois não promove a compreensão dos elementos ou desempenhos intermediários, focando, apenas, nos incidentes. A avaliação participativa por objetivos (APPO) moderniza a aplicação de técnicas de uma proposta anterior, APO (Avaliação por objetivos), em que o gestor/avaliador estabelece, em conjunto com o trabalhador, um processo de avaliação contínua – portanto, não é realizado numa única sessão, mas ao longo de um período, após o qual ocorre uma síntese – focando nos objetivos organizacionais do trabalho por ele realizado. O processo proposto determina entregas parciais de resultados, comu- nicação constante com o avaliado e, finalmente, negociações referentes aos resultados obtidos para eventual acerto, até mesmo, nos objetivos previstos. Já citada, em termos mais gerais, a avaliação por competências foca não o cargo em si ou a função realizada, mas um conjunto de competên- cias que o trabalhador deverá demonstrar para realizar as suas funções previstas. Estas com- petências enquadram-se em contextos técnico, conceitual ou interpessoal, envolvendo aspectos como o aprendizado e o repasse de conhecimen- tos tecnológicos, a comunicação interpessoal e convivência, a capacidade de repercutir resultados de trabalhos com colegas, entre outros. Os vários indicadores amostrados são consolidados para compor um cenário final de desenho do contex- to de competências do trabalhador, indicando-o para uma determinada função, atividade, respons- abilidade ou determinado cargo, de maneira mais abrangente, irrestrita e completa. O uso de técnicas de autoavaliação pelos colaboradores é uma forma de permitir sua ex- pressão e seu envolvimento nos processos de avaliação, gerando um ambiente mais favorável para discussão, disseminação e desenvolvimento dos resultados. Aqui, os questionamentos feitos devem ser projetados para que o trabalhador sin- ta-se motivado a informar aos avaliadores suas percepções para o trabalho, o que gerará resul- tados que poderão ser contrapostos a outros e enriquecer a possibilidade de respostas objetivas ao problema proposto. Conceitualmente, um grupo de avaliações é considerado “de cima para baixo” ou “de baixo para cima”, conforme seja realizado pelos funcionários 79UNIDADE III subordinados a uma chefia, no primeiro caso, ou no sentido hi- erárquico inverso, pelos chefes aos subordinados. Recomendamos ao nosso aluno que evite tais terminologias, embora excessivamente usadas, por motivos de geração clara de constrangimento, ao designar a hierarquia como “baixo” e “cima” de uma forma que poderá impor evidentes sinais discriminatórios, absolutamente indesejáveis do ponto de vista ético, no exercício das atividades de gestão de pessoas. Por último, introduzida com sucesso, nos últimos anos, a avaliação 360º (trezentos e sessenta graus). Este método de avaliação visa, no escopo dos 360º, a que o avaliado o seja pelos colegas de mesmo nível, superiores, subordinados e outros colaboradores e agentes de negócios da empresa. Rica em resultados, a avaliação 360º, entretanto, gera muitas informações, expõe o funcionário a intenso levantamento e requer dos encarregados em gestão de pessoas uma atuação muito fundamentada, ideal em princípios científicos rigorosos, para que as respostas possam ser efetivas, visando à resposta às demandas do pro- cesso de avaliação. Sua implantação, operacionalização e manutenção são complexas, requerem, por exemplo, metodologias diversas para questionar os vários atores envolvidos na apreciação dos trabalhos do colaborador. O processo de Avaliação 360° pode ser melhor compreendido com o estudo de exemplos práticos e guias de implantação. No seguinte link, você poderá verificar instruções práticas de como este útil método de avaliação pode ser implementado: <http:// www.sobreadministracao.com/avaliacao-360-graus-o-que-e-e-como-funciona/>. Por último, encerrando o tópico referente às avaliações dos cola- boradores, alguns pontos devem ser enfatizados para tornar este processo, crítico e delicado, mais claro. Primeiramente, como falamos com um futuro gestor, é impor- tante que você compreenda alguns dos principais fatores que afetam o desempenho de um profissional, no exercício de qualquer cargo. Estes, portanto, serão alguns pontos que você avaliará para perceber se o colaborador tem, ou não, um desempenho aceitável, aprimorado, ou que mereça avaliação por estar aquém do esperado. 80 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte II Entre os principais fatores, citamos, com base em Chiavenato (2015, p. 316): • motivação: estar atento, pronto e disposto a realizar a tarefa; • habilidades: aquilo que o colaborador já conhece e suas condições para aprender e desenvolver mais capacidades de atuar, no sentido de realizar suas tarefas; • satisfação: o trabalhador manifesta boa aceitação de designação de tarefas, do am- biente de trabalho e do relacionamento com os colegas; • compreensão: o trabalhador compreende integralmente o que faz na empresa, como sua empresa deverá atuar – ou seja, sua es- tratégia – e, finalmente, sua inserção junto à estrutura, à tecnologia, aos métodos e aos re- lacionamentos de mercado de sua empresa. Sobre a publicação de resultados, recomendações à luz da ética profissional e empresarial, o gestor de pessoas deve acautelar-se de ater-se ao que previa originalmente o sistema de avaliações, quando foi divulgado e iniciado, aquilo que é de informação geral para os trabalhadores. Assim sendo, se o sis- tema não previa a informação de mapas, listas de pontos alcançados, gráficos, diagramas etc., reco- menda-se que não o faça. Alguns dos resultados alcançados, essenciais para a gestão e investimento da empresa, devem ser informados, privativamen- te, aos colaboradores, sendo esta uma função de- signada, frequentemente, ao gestor de pessoas e aos gestores imediatos dos trabalhadores. Cuidados especiais devem ser tomados com os le- vantamentos, principalmente, quando for informado aos colaboradores que as informações serão tratadas como anônimas (seus autores não serão identifica- dos) ou sigilosas.Dessa forma, valores financeiros, comportamentos inadequados, possíveis ofensas ou quebras de regulamento, entre outras notificações e eventos serão detalhados pelos entrevistadores, cabendo aos gestores avaliar se tais evidências se confirmam, por meio de levantamentos posteriores, respeitando-se a definição inicial – serem anônimas, sigilosas etc., – informadas aos entrevistados. Esperamos que este material ajude-o a realizar esta atividade de grande demanda por parte das em- presas, relevante no ambiente de gestão estratégica como um todo e de grande destaque como atuação ética, moral e técnica da gestão de pessoas. 81UNIDADE III Neste importante tópico de nosso curso, discuti- remos algumas das principais formas de remune- rar pessoas. É importante notar, como importante condição para discutirmos estas maneiras, que o Brasil avalia, neste momento, de maneira um tanto turbulenta, a legislação trabalhista vigente, com algumas de suas cláusulas em atuação por décadas. Devido ao cenário indefinido, por força dos exercícios ideológicos, políticos e de mercado, buscaremos, nesta discussão, concentrarmo-nos mais em princípios da remuneração, tomando o trabalho, do ponto de vista de suas tarefas de impacto socioeconômicas, abstraindo, neste mo- mento de rigor, os parâmetros legais. Indicaremos, no decorrer do texto e nos espaços definidos, as referências dos termos legais vigentes. Analisamos, como um dos componentes básicos da remuner- ação do trabalhador, mas não o único, o salário. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. Formas de Remuneração de Pessoas https://apigame.unicesumar.edu.br/getlinkidapp/3/477 82 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte II Conceituamos salário como o valor acertado a ser recebido por um trabalhador em retorno de um serviço executado. Este valor é resultado de um acordo prévio entre o contratante do traba- lho e o trabalhador e deve seguir as definições legais da região, setor e formas de trabalho exis- tentes, como discutiremos ao longo do material. É importante notar que, no Brasil, assim como em vários sistemas econômico-financeiros mundiais, há um valor estipulado como “salário mínimo”, pela lei trabalhista, que define um patamar míni- mo, abaixo do qual não é legal praticar um valor de salário. Este valor de salário mínimo, no Bra- sil, é anunciado pelo governo federal, no final de cada ano, definindo o patamar que será praticado a partir de primeiro de janeiro do ano seguinte. A definição de um salário mínimo, no Brasil, data de 1936, quando o então presidente Getúlio Var- gas promulgou a Lei 185, seguido da definição pelo Decreto Presidencial, em 1938. A proposta buscou encerrar um grave problema, pois o país tinha mais de dez valores diferentes, regionais, indicados para salários mínimos. É importante citar que, para os aspectos legais da legislação trabalhista, envolvendo temas, como a remuneração, a fonte principal é nossa expressão básica de legislação chamada Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Consideramos a Con- solidação das Leis do Trabalho, ou CLT, como a base jurídica específica, que traduz em códigos legais nossos princípios da Constituição Federal, espelhando, assim, em termos regulamentares, práticos, para serem seguidos por empregadores, trabalhadores e judiciário aquilo que acordamos entre nós nos termos de cidadania, atribuição constitucional. A CLT foi promulgada pelo Decre- to-lei 5452, de primeiro de maio de 1943, também sob a presidência de Getúlio Vargas. Além dos princípios constitucionais e da consolidação das leis trabalhistas, a legislação específica que trata do trabalho, no Brasil, apoia- se em um conjunto de Normas Regulamenta- doras. As NRs são códigos específicos, dividi- das por capítulos, que especificam condições e requisitos reais de realização de trabalhos, ob- servando a saúde ocupacional e a medicina do trabalho, ou seja, os parâmetros, determinações e especificações que determinarão limites para que o trabalhador exerça suas atribuições, obe- decendo a condições fundamentais e mínimas que não lhe tragam problemas de saúde tem- porários ou permanentes, mesmo após o en- cerramento da atividade e riscos evidentes de acidentes ou perturbações. Exemplos de normas regulamentadoras, cujo conjunto atual divide-se em 36 capítulos, cada um referente a um tema definido de risco ocupacional e medicina do trabalho são: • NR 5 – Estruturação da Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (CIPA), grupo delegado pela empresa para avaliar as con- dições de trabalho. • NR 10 – Observa trabalhos com eletri- cidade. • NR 14 – Trabalhos com fornos industriais. • NR 18 – Trabalhos em construção em ge- ral, especialmente, a construção civil. • NR 23 – Proteção contra incêndios. • NR 32 – Trabalhos no setor de saúde. 83UNIDADE III Estas normas definirão contornos e limites que poderão ser aplicados em situações de avaliação de fatores adicionais de remuneração do traba- lhador, conforme cada setor empresarial e cada atuação. As NRs definem as determinações legais para o exercício do trabalho no Brasil, detalhando o risco de exposição e asaúde do trabalhador. Conheça um pouco mais sobre as Normas Regu- lamentadoras (NRs), disponibilizadas pelo Tribu- nal Superior do Trabalho. Acesse: <http://www.tst.jus.br/web/trabalhoseguro/ normas>. A remuneração básica via pagamento do salário do trabalhador é um dos componentes essenciais de sua remuneração total. Segundo Chiavenato (2014) e Costa (2017), podemos ter a seguinte composição da remuneração total de um trabalhador: • Remuneração básica: refere-se ao valor do salário, calculadocomo pagamento de um produto de valor-hora de trabalho, pelo número de horas trabalhadas numa determinada função, ou mesmo um valor padronizado ou praticado por uma com- petição de mercado para um cargo ou ati- vidade específica (veja salários de atletas de futebol, atores, artistas, gestores de nível elevado em empresas, entre outros). • Incentivos salariais: identificam outros componentes do salário, alguns permanen- tes, outros temporários, como os bônus por desempenho (veja o tópico de avaliação de desempenho, anterior, nesta mesma unidade de nosso curso), premiações por reconhecimento, mérito ou designações es- peciais, participações nos lucros, conforme acordado em negociações trabalhistas, en- tre outras. Reiteramos que algumas destas remunerações podem ser acrescentadas em caráter definitivo ao montante que o trabalhador receberá, enquanto outras serão calculadas e negociadas em cada acordo e conforme eventuais situações competitivas do mercado. • Incentivos não financeiros: premiações com benefícios, como concessão de dias de dispensa, viagens de turismo individuais ou acompanhadas (com familiares, por exemplo), participações acionárias da em- presa, ou mesmo concessão de sociedade em patentes e processos de licenciamen- to, quando for o caso de geração de uma inovação de trabalho, entre outras. Aqui, o caráter predominante é de uma concessão temporária por mérito, em reconhecimen- to por obtenção de desempenho extra, rea- lização de negociação altamente lucrativa para a empresa, entre outras situações. • Benefícios: como a concessão de refei- ções e transportes subsidiados, seguros de vida e saúde, entre outros. Estes benefí- cios, geralmente, são alvos de negociações específicas. Alguns termos adicionais de formas de remunera- ção do trabalhador são os fatores adicionais, pre- vistos em lei, para o exercício de funções de risco e exposição ao perigo, bem como de condições de eventual ou frequente insalubridade. Como casos a serem exemplificados temos: • Atividades perigosas: adicional de peri- culosidade – os trabalhadores que reali- zam funções consideradas de risco elevado, permanentemente, recebem um adicional de 30% em suas remunerações. São ativi- dades especificadas no código específico 84 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte II das normas regulamentadoras do trabalho, Norma Regulamentadora de número 16, ou, simplesmente, NR16, trabalhos com explosivos, inflamáveis, radiação ionizante e substâncias radioativas, transportes de valores e risco de exposição à segurança e violência física e trabalhos com energia elétrica. • Funções consideradas insalubres: adi- cional de insalubridade – os trabalhadores expostos a condições de severidade à saúde ou insalubres devem receber adicionais de 10%, 20% ou 40% do salário mínimo de referência regional (valor informado pelo Ministério do Trabalho), em função do grau atribuído pela legislação trabalhista. Estes valores são definidos, em função de cada setor ou trabalho, segundo descrito nos anexos da Norma Regulamentadora 15, como: Anexo II – Trabalho com ruídos; Anexo III – Trabalho em situações de ca- lor; Anexo VIII – Trabalho com vibrações; Anexo XIV – Agentes biológicos (GUIA TRABALHISTA, 2017). Desta forma, a remuneração do trabalhador pode ser compreendida como a associação de compo- nentes mínimos, definidos por lei, adicionados de benefícios incorporados aos salários, mais bene- fícios temporários e outros fatores, como premia- ções, reconhecimentos ou facilidades, negociados, especificamente, com os empregadores. Um importante aspecto da remuneração é ser vista, pelos colaboradores, como um componente crítico do reconhecimento pelos seus trabalhos e desempenhos. Desta forma, aos gestores de pessoas, cabe definir, implantar o que é exigido pela lei e administrar os benefícios, de manei- ra a possibilitar que os profissionais integrantes dos quadros da empresa tenham a percepção de reconhecimento. Diante desta afirmação, são fa- tos que merecerão a análise do gestor de pessoas, observando a remuneração como parte integrante do reconhecimento: • relevar aspectos, como tempo de trabalho, formação e experiência no exercício de de- terminada função; • correlacionar o tempo de trabalho ao de- sempenho – esta é uma situação poten- cialmente complexa, pois um trabalhador com pouco tempo de trabalho e/ou jovem poderá exceder os valores amostrados para o desempenho profissional dos mais expe- rientes, com mais tempo de atuação na em- presa e no mercado. Nestes casos, o gestor de pessoas deverá desenvolver, pesquisar e negociar as decisões de remuneração e da comunicação de resultados, de forma a manter a postura ética e o ambiente de trabalho; • avaliar as questões hierárquicas, do exercí- cio de chefia e cargos gerenciais: alguns tra- balhadores, como os vendedores, poderão, por questões de desempenho ou de tempo de trabalho, receber valores, eventualmen- te, próximos ou, até mesmo, superiores aos de seus gestores. Tais situações também requererão continuada avaliação por parte do gestor de pessoas; • a remuneração pode ter aspecto competiti- vo, contudo se observando, rigorosamente, os limites e as avaliações para que tal não decorra em eventual competição exacerba- da, comprometendo o ambiente e o clima de trabalho; • reconhecimentos de equipes devem ser também observados, respondendo à ques- tão efetiva “Como premiar cada membro do time?”. Lembrar-se de que negociações, comunicações e seguimento às leis e metas estratégicas da empresa devem parametri- zar tais decisões de ordem prática. 85UNIDADE III Autores como Chiavenato (2014), Chiavenato (2015) e Orsi (2015) defendem que a empresa desenvolva, como parte de sua gestão de pessoas, o sistema de administração de salários. Este sistema, assim denominado, incorporaria vários estudos e análises, além de tipos de decisão formais que seriam tomados pelos gestores e divulgados aos colaboradores, garantindo transparência no trato das políticas de remuneração. Seriam atividades típicas deste sistema: 1) avaliar situações internas, como as descritas eanteriormente, garantindo a coerên- cia de prática de salários dentro da própria empresa; 2) avaliar situações externas, buscando analisar se os salários pagos pela empresa não se afastam dos praticados por empresas concor- rentes e pelo mercado; 3) garantir motivação e satisfação de to- dos, avaliando como o componente remuneração resulta nestes fatores; 4) analisar se a competição pelos melhores salários cor- responde, de maneira saudável, ao foco de melhores resultados para a empresa; 5) controlar custos com as remunerações e 6) garantir formas adequadas de comunicação de decisões refer- entes à remuneração. 86 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte II É importante ressaltar a correspondência das análises de salários a dois outros fatores fundamentais já estudados nas au- las anteriores: a descrição de cargos e a estrutura organizacional. A delegação de tarefas, de funções e de atribuições pode não apenas corresponder a salários maiores, valores definidos de maneira mais competitiva, mas ser alvo de pagamentos adicio- nais, legalmente tratados, como os adicionais de insalubridade e periculosidade. Já a estrutura organizacional pode definir valores mais altos em virtude do exercício de cargos de gerência, de chefias eventuais ou de responsabilidades e de delegações específicas – como é o caso de um gestor de logística que se desloca para outra cidade, estado ou país, para abertura de uma nova operação. Aqui, as negociações, predominantemente internas, devem garantir que estes profission- ais, em delegação de mais atribuições, serão remunerados de forma a reconhecer suas maiores atribuições nas atividades que se respons- abilizaram. Há destaque, claro, para o exercício de funções mais elevadas, como as de direção, em que, geralmente, em modalidade moderna, os gestoresrecebem valores adicionais por desempenho, como bônus por alcance de metas, números de contratos fechados, número de clientes atendidos por unidade de tempo etc. Há várias funções e atividades estratégicas relacionadas às práti- cas de políticas salariais nas empresas. Entre estas, podemos definir: • Atração de talentos: quando a empresa se torna uma refe- rência na remuneração do trabalho, como boa recompensa- dora de desempenhos, levando aos trabalhadores, principal- mente os mais eficazes, a desejarem compor seus quadros. • Liderança em custos: quando a empresa, seguindo a es- tratégia proposta nos modelos de “melhor gestor de custos do mercado”, domina perfeitamente os custos trabalhistas associados à remuneração de cada trabalhador, permitindo que saiba reduzir e ampliar custos, quando necessário. As definições referentes às práticas de remuneração são críticas, delicadas e estratégicas. São marcantes para a empresa, sendo fator básico de construção de um bom ambiente de trabalho. Os colabo- radores devem se sentir satisfeitos, motivados e reconhecidos pelas práticas salariais da empresa. Qualquer sinal negativo em um destes fatores poderá demandar ações drásticas do gestor de pessoas e do nível diretivo empresarial, com potenciais conflitos e turbulências que imporão problemas à gestão estratégica da empresa. 87UNIDADE III Vê-se, atualmente, no mercado, várias formas de remuneração de pessoas, inclusive, tratadas como alternativas para captação e desenvolvimen- to de talentos empresariais. A exemplo do que se verifica em modalidades esportivas, nas artes e profissões liberais, profissionais de excelência em suas especialidades podem ser contratados também em função da composição de propostas eficazes de remuneração, de pacotes de benefí- cios ofertados e de premiações por desempenho, manutenção por tempo de serviço, avaliações de colegas, relacionamentos empresariais e clientes, entre outros fatores. Neste tópico, ilustraremos algumas destas situações, usando exemplos práti- cos de mercado. O pagamento de bonificações ou bônus, con- forme exercitado por várias empresas de setores competitivos, pode ser ilustrado por situações, como as descritas a seguir: Compreender Situações Reais de Remuneração de Pessoas 88 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte II • Um gestor de relacionamentos de uma instituição financeira recebe uma pre- miação, em valor adicionado uma só vez ao seu pagamento, no final do exercício fiscal da empresa (como no caso brasi- leiro, ao final do mês de dezembro), em virtude do número de contratos realiza- dos com empresas – por exemplo, de em- préstimos realizados para investimentos em produção. • Um trabalhador do setor de atendimen- to ao cliente – um vendedor, profissional de saúde, de transportes, entre outros – recebe uma meta, designada a partir do plano estratégico de, no prazo de seis me- ses, realizar “n” trabalhos (vendas, ofertas, transportes entre cidades) com reconhe- cimento dos clientes e correspondentes faturamentos. Ao final deste período, os trabalhos são computados, e o reconhe- cimento dos clientes é comparado com estas realizações para que se avalie a con- dição de remuneração. • Um gestor que administra uma linha de produção fabril receberá um adicional se conseguir que sua equipe aumente sua produtividade, sem danos aos produtos finais, evitando “recalls” (correções de de- feitos no campo, quando os produtos já estiverem em uso pelos clientes). Nestes e em outros exemplos similares, os traba- lhadores terão um adicional de pagamento às suas remunerações básicas, como um prêmio ou re- conhecimento em função de suas habilidades ou competências, demonstradas por alcance de nível superior de desempenho em seus trabalhos-alvo. Orsi (2015) argumenta sobre os adicionais que incidem na remuneração por obrigações legais. Dentre eles cita os abonos de férias, pecuniários, insalubridade e periculosidade, estes dois últimos já vistos. Os valores referentes às férias dos traba- lhadores são adicionais pagos mesmo durante sua ausência para gozo das férias legais e de um valor adicional, de um terço da remuneração, a ser pago pelo empregador na mesma oportunidade. O tema pagamento de bônus, como adicionais de remuneração a executivos é um tanto con- troverso e é muito debatido. Conheça um pouco mais sobre os pontos de vista existentes, em que o autor destaca sugestões para esse tipo de re- muneração. Acesse o link disponível em: <http://www.administradores.com.br/noticias/ negocios/bonus-e-stock-options-a-remuneracao- -dos-executivos-em-nosso-pais/38369/>. Na mesma publicação, vemos os adicionais por serviço noturno – remuneração negociada para pagamento de jornadas realizadas no período entre 22 horas e 5 horas do dia posterior – e de transferência, no valor de 25% adicionais quan- do o trabalhador, por interesse do empregador, é transferido para outra praça que não a celebrada no contrato original. O mesmo autor argumenta sobre o pagamen- to do décimo-terceiro salário, ou gratificação de Natal, que é recebida pelo trabalhador como um pagamento extraordinário, no valor de 1/12 do salário recebido para o mês de dezembro. Um destaque especial deve ser dado também aos adicionais, na forma de bonificações diretas ou indiretas, em valores monetários ou benefícios (residências, uso de bens móveis – carros, tele- fones, eletrodomésticos – viagens etc.) aos profis- sionais que exercem cargos diretos e executivos em situações mais relevantes nas empresas. Para 89UNIDADE III estes profissionais, destacamos apresentados, entre outros, além de valores especiais por premiações de desempenho, representação da empresa em eventos especiais (congressos internacionais, even- tos com mídia de negócios etc.) e divulgação dos trabalhos, produtos e serviços da empresa. Estes profissionais são remunerados, também, com destaque, pela participação nos lucros. Va- lores adicionais pagos aos trabalhadores, segundo negociações trabalhistas, esta parcela correspon- de, normalmente, a uma cota em valor financeiro, dos lucros obtidos pela empresa, sendo frequen- temente paga em uma só vez, ao fim do exercício fiscal ou da apuração dos lucros finais da empresa, resultando também em imagem positiva da orga- nização perante o mercado e sinalização favorável aos trabalhadores, como reconhecimento de sua participação na meta de lucratividade obtida. Chiavenato (2014, p. 243) argumenta a diferença entre os conceitos de Salário Nominal – que é aquele lançado no contrato de trabalho e espe- cificado na carteira de trabalho – e o Salário Real – que é expresso pela quantidade de bens que o trabalhador pode adquirir com o valor realmente recebido. Autores como Chiavenato (2015) nos informam sobre os sistemas e as políticas de gestão salariais. Nestes delicados e críticos processos de gestão, os valores dos salários básicos dos trabalhadores e suas formas de reajustes, adicionais e pagamen- tos efetivos são discutidos e definidos, cabendo sempre, os devidos registros legais. Em sua publicação, inclusive reforçando algu- mas citações já feitas em nossa abordagem ante- rior, mas agora apresentadas na forma integral de uma política, este autor nos define os fundamen- tos de um processo de gestão de remunerações segundo os seguintes tópicos: • Equilíbrio interno / externo: compatibi- lizando os salários de um trabalhador com seus equivalentes na organização e com os que atuam de forma similar às suas funções em empresas do setor. • Definição de formas de remuneração variável: como os valores fixos podem ser adicionados, resultando em valores variá- veis, condizentes com fatores competitivos, como desempenhos acima da média, ob- tenção de resultados estratégicos, contra- tos de longa duração, captação de contas e clientes novos etc. • Tempo de serviço na mesma função ou na mesma empresa: como reconhe- cer o profissional que se mantém à frente de uma determinadafunção ou cargo por prazo de tempo alongado. • Decisão pela competência: quando ocor- rer a avaliação pertinente, saber retratar a repercussão da competência do trabalha- dor pelas habilidades demonstradas na rea- lização de funções que lhe foram delegadas. • Elitismo: remuneração superior àqueles que exercem funções executivas, especiais ou críticas na empresa, diferindo-se dos que são considerados em níveis similares, ou igualitários. • Decisões centralizadas ou não; o sis- tema de remuneração deve prever suas instâncias decisórias, como é o caso de haver um órgão ou colegiado específico que concentre as designações referentes a premiações, reconhecimentos ou adicio- nais temporários. 90 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte II Em Orsi (2015), vemos a apresentação de vários critérios para a definição de um sistema e parâ- metros de remuneração de trabalhadores. Ali, por exemplo, acham-se definidas formas de pesquisar o mercado e definir remunerações corresponden- tes aos valores inferiores, médios ou superiores praticados pelo nosso setor, em sintonia com nos- sa política estratégica geral de mudar o quadro de pessoal, desenvolver ou reter trabalhadores, con- forme as situações internas e externas de mercado. O autor assinala, na página 178, o fator “ris- co”, associado, por exemplo, à perda de um fun- cionário qualificado para um concorrente de mer- cado, à remuneração adicionada por premiações de permanência no cargo por muito tempo. Desta forma, a medida que o trabalhador permanecesse mais tempo no cargo, por meio da concessão de premiações por tempo de serviço, seu salário, em valor maior, se tornaria um atrativo para que este não buscasse ou aceitasse a mudança de trabalho. Adicionando a esta visão comentada anterior- mente, Chiavenato (2014) indica-nos três visões importantes, desenvolvidas pelos trabalhadores, referentes à remuneração: • Sentimento de segurança: corresponde à sensação de reconhecimento, por parte do trabalhador, de que a remuneração ga- rante seu padrão de vida e daqueles que dele dependem. • Reconhecimento: fornece a percepção de que está trabalhando corretamente, que a empresa reconhece sua produção e seu desempenho. • Objetivos: estabelece um sistema de obje- tivos a alcançar, propondo a remuneração como parâmetro efetivo de noção do al- cance destes cenários, que podem muito bem serem alinhados ao planejamento estratégico empresarial. Finalizando este tópico, cabe citar a partir de Orsi (2015, p. 192-193) que a composição da remune- ração pode se dar com os adicionais dos seguintes benefícios: • Alimentação: auxílio à alimentação em casa ou no local de trabalho, cestas básicas. • Educação: apoio para cursos de gradua- ção, idiomas ou pós-graduação. • Familiar: auxílio creche, funeral, compra de material escolar, seguros de vida ou de patrimônio. • Médico – odontológica: tratamentos clí- nicos, exames laboratoriais, medicamentos e realização de inventários médicos. • Previdência privada. • Transporte: vales, bilhetes, concessão de automóvel ou uso de veículos corporativos para deslocamento às instalações. • Outros: cestas de Natal, cotas de clubes, convênios (alimentação, saúde etc.) Ao findar este tópico, compreendemos que é real- mente um fato estratégico conhecer e dominar como um trabalhador pode ser remunerado, saben- do-se o que é básico, legal e obrigatório e o que pode ser adicionado em função de seu desempenho, mé- rito, realização de tarefas, exercício de cargos etc. No próximo, que encerra nossa abordagem desta unidade, relacionaremos estes aspectos ao fator reconhecimento. 91UNIDADE III Encerrando esta unidade, pretendemos reforçar o papel de reconhecimento e de premiação dos profissionais e colaboradores. Nos tópicos ante- riores, abordamos dois fatores primordiais para permiti-los: a avaliação, em que percebemos como os colaboradores desempenharam suas funções, comparando a padrões de expectativas, e as remu- nerações correspondentes, que provocam algum grau de reconhecimento, de noção de recompensa. Primeiramente, é importante dizer que o reconhecimento e a premiação ocorrem sobre um ambiente definido, ou seja, deve-se ter alguma base, construída sobre parâmetros e descrições, para designar quando um colaborador merece um retorno e como este será provido. Esta base pode, principalmente, ser provida pela definição da estratégia da empresa, que nos fundamenta algumas condições e definições que permitirão verificar o desempenho dos trabalhadores. Assim pensando, considere-se que o nosso plano estratégico especifica uma meta como a seguinte: Formas de Reconhecimento de Premiação de Pessoas 92 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte II “ “Obter o fechamento de mais 130 contratos de negociação do produto Y, para os clientes de perfil P1 e P6, das localidades L1, L2 e L3, no período de 12 meses, em vendas de preço integral, podendo usar sistemas de parcelamento do pagamento”. Consideremos que tal meta será designada a uma unidade territorial de comercialização da empresa, composta por, ao menos, um gestor e sua equipe associada. É possível prever que, com a obtenção da meta, ao final dos doze meses, os colaboradores envolvidos recebam premiações em dinheiro e/ou outras formas de reconhecimento. Estas possibilidades serão discutidas a seguir. Além desta afirmação ini- cial, também é uma perspectiva que o gestor da equipe seja reconhecido de forma diferente, de- vido à responsabilidade assumida pela hierar- quia da empresa em comparação aos retornos providos aos demais colaboradores, membros integrantes da equipe. Adiante, as recompensas podem ser dividi- das, como argumentam Chiavenato (2014) e Orsi (2015), em: • financeiras: adicionais de remuneração, como aqueles vistos no item anterior desta mesma unidade, em que valores pré-de- finidos são pagos aos trabalhadores em reconhecimento ao alcance de objetivos estipulados pela empresa; • não financeiras: reconhecimentos por mérito, declarações públicas, concessão de benefícios, de vantagens permanentes ou temporárias, uso de recursos, como automóveis, diárias de hotel, concessões de viagens etc. Em todas estas formas, torna-se uma atitude res- ponsável, por parte da empresa, definir de maneira antecipada dois componentes fundamentais para a concessão das premiações e do reconhecimento: • valores e parâmetros quantitativos que de- terminam que os colaboradores que atin- giram tais níveis são elegíveis para essas concessões; • o que será designado, entregue ou ofertado ao colaborador que tem o merecimento, em uma sistemática que afaste tais premia- ções do improviso ou informal. Embora, aparentemente,, favoráveis ao estabele- cimento de um ambiente amistoso de trabalho, as concessões informais acabam trazendo um risco gerencial expressivo na imprecisão de tratamento do merecimento, levando a problemas como o de premiar dois colaboradores, em situação idêntica de crédito, de maneira diferente. Tal fato traria desconfiança ao sistema de premiação. Sintetizando as contribuições de autores para os motivos de concessão dessas premiações e do reconhecimento previsto, temos: • alcance dos objetivos organizacionais – como a premiação por “bater a meta” quer seja ela uma determinação estratégica, tá- tica ou operacional; • tempo de serviço – fator que contempla o período integral do colaborador em vários cargos ou no exercício de uma só função, no quadro funcional da empresa; • desempenho excepcional – quando o co- laborador tem desempenho acima do que lhe foi especificado, excedendo, de maneira significativa a meta proposta; • comportamentos e posturas – o trabalha- dor é reconhecido pelo compartilhamen- to de conhecimento produtivo, benéfico ao ambiente de trabalho, como reconhe- cido pelos colegas e gestores, ou mesmo é decisivo, em termos de seu comporta- mento para que ocorra um melhor clima organizacional; 93UNIDADE III• aumento geral de competências empresariais – o colaborador promove, em suas ações, o aprendizado e a disseminação do conheci- mento aplicado a resultados da empresa. A definição de um sistema de recompensas, por sua vez, é reconhecida, conforme Chiavenato (2015), como uma das mais difíceis atividades do gestor. O gestor de pessoas poderá trabalhar, de- dicadamente, com os demais gestores – finanças, produção, operação, atendimento etc. – identifi- cando situações adequadas para as premiações e os reconhecimentos aos funcionários que mereçam. Para a definição de uma sistemática de pre- miações, torna-se oportuno, inicialmente, definir quais seriam as condições para a premiação. Pontos como os que foram apresentados an- teriormente – desempenho, postura etc. – são importantes aspectos para que seja especifica- do minimamente um critério de premiações e reconhecimentos. Para estas atribuições, torna-se adequado avaliar um sistema tal como de pon- tuação ou de atribuição de méritos, no qual cada item alcançado ou percebido, via mensuração e avaliação do desempenho dos colaboradores, poderá ser traduzido num valor quantitativo a ser acumulado. Ao se alcançar determinado nível, o tra- balhador torna-se elegível para receber a pre- miação e/ou ação de reconhecimento. Claro, a aplicação sumária de valores quantitativos pode não ser a única fonte para esta análise, cabendo adicionar métodos de análise qualitativa, como contemplar tais resultados em conjunto com uma avaliação 360°. Com estes dois contextos – uma pontuação que já salienta como este trabalhador teve desempenho diferente dos demais e uma avaliação qualitativa descrevendo um perfil mais detalhado do seu envolvimento com o trabalho – torna-se mais adequada a análise para atribuição de reconhecimentos e prêmios. Dentre os vários métodos de reconhecimento, incluem-se: • menção pública de honra ao mérito, como as designações de “empregado do mês”, fre- quentemente expostas aos clientes e agen- tes de negócio das empresas; • bens de consumo que relacionam o va- lor agregado da empresa, como relógios, trajes, computadores, eletrodomésticos e artigos de fabricação da própria empresa. destacam-se os prêmios concedidos a tra- balhadores da indústria automotiva com a concessão de créditos para a compra de automóveis fabricados pela montadora; • distribuição de ações corporativas, com a entrega de valores que podem ser nego- ciados pelos colaboradores em mercados acionários. Este tipo de benefício é usual em empresas mais jovens, que já realizaram suas aberturas de capital, com papéis que não guardam direito a voto, mas têm pleno valor no mercado; • participação nos lucros de determinada negociação, em que os colaboradores re- cebem um percentual ou valor fixo pelo sucesso de determinada negociação, como a venda de um produto ou serviço. Um caso especial de reconhecimento por mérito de um colaborador é o de concessão de promo- ção hierárquica. Neste caso, por exemplo, após continuado desempenho superior, o trabalhador passará por análise consistente do setor de gestão de pessoas, visando avaliar se pode assumir um cargo de chefia na estrutura empresarial. Em meio a esta avaliação, as perspectivas empresariais de- vem ser ajustadas de tal forma a que: • o profissional em reconhecimento deve ser avaliado se está em condições físicas e psicológicas para o exercício de uma chefia; 94 Conceitos Fundamentais para a Gestão de Pessoas - Parte II • o cargo a ser ocupado deve ser também avaliado de forma con- sistente, pois pode não ser adequado ao colaborador a ele de- signado; • após a obtenção deste alinhamento, procede-se à análise final de remuneração, nova sistemática de benefícios, atributos e obriga- ções da delegação e descrição rigorosa do cargo, para se fazer a oferta em reconhecimento ao bom desempenho obtido. Novamente, insiste-se que tais procedimentos devam fazer parte de uma política de premiações e reconhecimento, integrantes do processo total de gestão de pessoas da empresa. Nesta unidade, vimos dois pilares fundamentais da organização de gestão de pessoas: avaliação e re- muneração dos colaboradores. Gradativamente, vamos constru- indo o conhecimento nesta no- bre, necessária e estratégica atribuição, que é a gestão empresarial de pessoas. 95 1. São motivos para implementar um sistema de avaliação em ambiente de tra- balho, exceto: a) Promover a competição entre trabalhadores por índices de desempenho. b) Divulgar índices de desempenho, buscando melhoria organizacional. c) Implementar políticas de remuneração com reconhecimentos. d) Estabelecer comunicação gerencial efetiva quanto aos indicadores. e) Permitir o melhor gerenciamento de pessoas. 2. É um componente típico de remuneração de pessoas: a) Valor médio dos salários praticados pela categoria no mercado. b) Adicional pelo número de participações em inquéritos de avaliação adminis- trativa. c) Adicional previsto e negociado correspondente ao alcance de metas planejadas. d) Adicional por premiações externas, representando a empresa em competições. e) Premiação em artigos de primeira necessidade. 3. Sobre formas não financeiras de reconhecimento de desempenho em gestão de pessoas, fazemos as seguintes afirmações: Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): )( A avaliação é item obrigatório, por lei, e deve corresponder ao aumento de salário na obtenção de metas. )( O reconhecimento de forma não financeira poderá propiciar a satisfação do colaborador, como elemento de política de premiação. )( O reconhecimento de forma não financeira somente deverá ser aplicado quando não houver recurso financeiro disponível. Assinale a alternativa correta: a) V-V-V b) F-F-V c) F-V-F d) F-V-V e) V-F-V 96 Como aumentar seu próprio salário Autor: Napoleon Hill Editora: Citadel Sinopse: o celebrizado autor Napoleon Hill, com vários títulos publicados em temas motivacionais na gestão de pessoas, analisa como obter maior mobilidade de mercado e independência financeira, a partir de conversas e discussões com o empresário Andrew Carneggie, famoso empreendedor do setor siderúrgico norte-americano. LIVRO 97 CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri: Ed. Manole, 2014. (capítulos 8, 9, 10 e 11). ______. Gerenciando pessoas: transformando o executivo num excelente gestor de pessoas. Barueri: Ed. Manole, 2015. COSTA, C. E. A remuneração moderna. Administradores. Disponível em <http://www.administradores.com. br/artigos/carreira/a-remuneracao-moderna/23644/>. Acesso em: 26 jan. 2018.. GUIA TRABALHISTA. Norma Regulamentadora 15: Atividades e operações insalubres. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr15.htm>. Acesso em: 26 jan. 2018. ORSI, A. Remuneração de pessoas nas organizações. Curitiba: Ed. Intersaberes, 2015. 98 1. a) Não se define uma “competição” entre trabalhadores como objetivo da gestão de pessoas. 2. c) Que corresponde à situação negociada e prevista em lei. 3. c) Com falsa, verdadeira, falsa. 99 100 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Como promover e desenvolver a noção de qualidade de vida no trabalho. • De que forma podemos mensurar, desenvolver e apri- morar a satisfação dos trabalhadores no ambiente or- ganizacional. • Avaliar e definir o papel do líder nos projetos e coordena- ção de atividades organizacionais. • Avaliar como o líder é formado nas organizações, como desenvolve sua liderança situacional e de que forma é possível reter este profissional nos quadros empresariais. Dr. George Leal Jamil Qualidade de vida no trabalho Compreender a motivação e a satisfação no ambiente de trabalho Desenvolver, reter a liderança organizacional Liderança - o papel do líder Conceitos Fundamentais para Gestão de Pessoas - Parte III Qualidade de Vida no Trabalho Abordamos, neste tópico, fundamentos mais re- lacionados ao ambiente de trabalho,fator pre- ponderante para que o trabalhador produza, de maneira adequada, e se mantenha satisfeito com as condições gerais oferecidas. Tal patamar de trabalho ainda pode resultar em motivação adi- cional, levando o trabalhador a se tornar efetivo agente cooperativo, a ser o que denominamos, geralmente, de colaborador, com os demais e com os objetivos da empresa. De maneira geral, deparamo-nos sempre com algumas manifestações de trabalhadores, gestores e até mesmo de clientes, em que consideram o “ambiente” da empresa bom ou ruim. Estas con- siderações, muito preocupantes, determinam que fatores de apoio ou prejudiciais estejam presentes na infraestrutura, relações de trabalho ou entre os profissionais, levando a um contexto de onde é ou não é agradável, produtivo e satisfatório trabalhar. Inicialmente, é importante trazer a voz dos autores na definição do que é qualidade e, poste- riormente, qualidade de vida no trabalho. O termo qualidade ganhou maior destaque nos últimos anos, quando foram resgatadas obras que o relacionaram à obtenção de condi- 103UNIDADE IV ções favoráveis ao desenvolvimento de trabalho, à produção. A respeito da qualidade, o professor Vicente Falconi conceituou, de maneira destaca- da, em Campos (1999, p. 2), que “um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfei- tamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessida- des do cliente”. Adicionamos a esta definição fundamental que o produto ou serviço de qualidade deve atender às especificações previstas pelo cliente, ter sido com- posto, produzido ou ofertado em prazo e custos totalmente sob controle e, por último, permitir que otimizações posteriores sejam desenvolvidas (nota composta pelo autor do livro). Aplicando-se o conceito para analisar o fa- tor qualidade de vida, encontramos em Minayo, Hartz e Buss (2000, p.10) a seguinte definição: “é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial”. Verificamos que este conceito nos aproxima do exercício cotidiano da existência, do convívio, descrevendo um contexto de relacionamentos, de valorização da família e da satisfação com a apreciação subjetiva da estética de nosso cotidiano. A partir disso, avaliaremos o conceito de qua- lidade de vida aplicado, portanto, ao ambiente de trabalho. Atribuem-se os primeiros estudos, nesta terminologia, ao pesquisador e professor Louis Davis, em seu livro The quality of working life, em que apresentou o conceito como um conjun- to de aspectos relacionados ao bem-estar geral e satisfação dos trabalhadores, no exercício de suas funções (CHIAVENATO, 2014). De Walger, Viapiana e Barboza (2014), vemos um amplo levantamento de referências, onde as autoras estudaram e definiram a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) em função destas várias citações. Em uma consolidação do que apresen- tam, percebemos que o conceito evoluiu durante os últimos anos, principalmente sob resultado de estudos dos modernos contextos competitivos de trabalho. Os trabalhos ali relacionados apresentam que o QVT corresponde aos impactos percebidos pelos trabalhadores, em função do que o ambiente de trabalho contém de aspectos sociais, relacio- nais, de ambiente e psicológicos, que irão afetar as condições de exercício do trabalho diretamente. 104 Conceitos Fundamentais para Gestão de Pessoas - Parte III Ainda avaliando as citações nesta obra, encontram- -se comentários de outros autores sobre o respeito às atuações, expectativas e personalidade dos tra- balhadores, repercutindo em ambiente favorável onde reside respeito mútuo e atendimento às con- dições físicas e de relacionamento essenciais para que o trabalhador atue com êxito. É interessante, também, comentar que alguns autores se referem à QVT como tendo um aspecto de “ideologia”, ou seja, de base de concepção de ideias e propostas, onde a QVT irá fundamentar o que um trabalha- dor fará sempre, sendo seu subsídio e exigência. Walger, Viapiana e Barboza (2014, p. 195) apre- sentam alguns componentes da qualidade de vida no trabalho, que citamos e comentamos a seguir: • Satisfação com o trabalho executado - consciência de ter sido bem feito, em função de especificações precisas e ex- pectativas alinhadas. • Possibilidade de futuro na organização - em que o trabalhador se sente motivado a percorrer um plano de carreiras, a se de- senvolver adiante no quadro e nas funções organizacionais previstas. • Reconhecimento pelos resultados al- cançados - já abordamos o tema na uni- dade anterior, em que discutimos como a organização percebe os resultados do trabalho realizado. • Salários e benefícios adicionais perce- bidos - também abordados, na unidade anterior, inclusive com a noção de retorno, de reconhecimento, os valores financeiros compõem o quadro de fatores de aprecia- ção da empresa para com os resultados obtidos no trabalho. • Relacionamento humano e com as equipes - comunicações, convívio salu- tar, respeito mútuo, amistosidade, reco- nhecimento, entre outros, entre colegas de trabalho. • Ambiente físico e psicológico de traba- lho - envolvendo infraestrutura, tecnolo- gia disponível e clima de relacionamento existente entre as pessoas e estruturas empresariais. • Liberdade de atuar e tomar decisões - um item que expressa confiança gerencial e situacional para com os trabalhadores, numa terminologia vagamente conhecida na atualidade como “empoderamento”. • Participação ativa - o trabalhador se sen- te útil, engajado nos trabalhos e produção, sendo coautor de produções e participante nos resultados obtidos. Nesta mesma obra, as autoras ainda avaliam vá- rios modelos teóricos para a QVT, identificando fatores e aspectos essenciais para que seja pla- nejada e ocorra. Entre estes, consolidando dos modelos citados (no item 6.3, das páginas 183 a 199), temos: • Participação nas decisões empresariais. • Estruturação do trabalho correspondendo às competências dos colaboradores e sua integração em times de trabalho. • Inovação no sistema de recompensas (veja unidade anterior). • Melhoria em condições físicas, psicológi- cas, de horário e ambiente estrutural do espaço de produção. • Sensação de autonomia. • Relacionamentos entre membros de uma equipe, entre equipes e com superiores e níveis estruturais da empresa. • Compensação considerada adequada, pe- los resultados obtidos. • Saúde e segurança do trabalho (veja, na unidade anterior, a descrição para as con- dições de segurança do trabalho pela le- gislação trabalhista brasileira). • Oportunidades de crescimento e segurança. 105UNIDADE IV • Relacionamento do trabalho e vida fami- liar e social do trabalhador. • Noção de aproveitamento de habilidades e competências do trabalhador. Diante deste vasto conjunto de indicadores, duas reflexões são sugeridas ao nosso aluno/leitor, vi- sando estudar o nível de Qualidade de Vida no Trabalho existente em uma empresa: 1. Elaborar alguns instrumentos de pesquisa para estes aspectos. Alguns deles, como são clássicos da literatura de gestão - como saúde e segurança, oportunidades, condi- ções de recompensa, etc. - já são aborda- dos por pesquisadores com métodos para sua avaliação em “casos reais”. 2. Diante destes indicadores, que tal pensar numa política ou plano de implantação, desenvolvimento e manutenção da qua- lidade de vida no trabalho, planejando um por um dos aspectos e estabelecendo metas iniciais para eles? Analisando desta forma, temos a possibilidade de desenvolver uma proposta de implantação de me- todologia ou de níveis aceitáveis e em progresso de aspectos essenciais para a QVT numa organi- zação. Vários autores defendem, mesmo, que te- nhamos políticas, programas e planos, compostos como um “Programa de Qualidade de vida no tra- balho”, que se destinaria exatamente a desenvolver esses aspectos no ambientede uma organização. Gramms e Lotz (2017) realizam interessan- te abordagem dos dois conceitos trabalhados acima, salientando a definição da Organização Mundial da Saúde para Qualidade de Vida: “per- cepção do indivíduo sobre sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. E, em adição, a Qualidade de Vida no Trabalho, como sendo “a ampla experiência que a pessoa vivencia em relação ao trabalho”. Torna-se interessante propor, pensando na QVT em caráter mais amplo, que estas defini- ções que estudamos sejam praticadas ao lon- go de toda uma cadeia produtiva, ou seja, que “nossos” fornecedores, distribuidores e agentes também pratiquem tais princípios. Verifique-se, por exemplo, questões que envolvem fabricantes de bens de consumo finais que, eventualmente, têm seus nomes associados a parceiros que não respeitam condições legais - como o trabalho considerado escravo ou infantil, explorando si- tuações de excesso de cargas de trabalho ou con- dições inaceitáveis para que estes seja executado - terminando por repercutir para “a marca” do produto ou serviço ofertado, no todo. Lembra- mos, sempre, que a gestão de pessoas deve estar pautada em um rigoroso patamar de ética, sendo a função da gestão que mais deve contribuir para que a empresa e seus associados de negócios atinjam tais valores e condições de competição. Por isso, a QVT cumpre papel de destaque neste contexto. Na ausência do desenvolvimento da QVT, te- mos algumas repercussões altamente negativas no contexto de produção e competição da empresa, tais como: • Insatisfação e perda de motivação dos trabalhadores, levando a desempenhos fracos. • Resistência excessiva a mudanças, geração de atitudes de defesa, prejudicando o de- senvolvimento de métodos de trabalho e mesmo a introdução e oferta de inovações. • Perda geral de produtividade e foco pro- dutivo. • Impactos gerais na qualidade total - to- mando-se o conceito de qualidade em aplicação aos objetivos de produção das organizações. 106 Conceitos Fundamentais para Gestão de Pessoas - Parte III • Ocorrência de absenteísmos, doenças ocupacionais e fatores ligados ao stress ocupacional. • Deterioração do clima organizacional, ge- rando falhas e riscos nos relacionamentos interpessoais. • Aumento do “turnover”, ou seja, da taxa indesejável de rotatividade de colabora- dores na empresa, com problemas para captação e retenção de talentos. Verificam-se, portanto, processos, atitudes, espe- cificações e até mesmo regulações que podem ser providas pelas empresas no sentido de garantir que a percepção de qualidade de vida no traba- lho se realize. Avaliações dos seus níveis e de sua percepção entre os colaboradores são, também, funções oportunas da gestão de pessoas. É in- teressante notar que o aspecto de Qualidade é normalmente referido aos departamentos e uni- dades ligadas à operação e processos materiais da empresa, como tecnologia, produção, logística, entre outros. Desta forma, este conceito valioso em termos de competitividade, imagem e relacio- namento positivo entre colaboradores também se desenvolve e pode ser exercido pela gestão de pessoas nas organizações, relevando adicional- mente esta atividade gerencial. 107UNIDADE IV Em geral, termos motivação, num primeiro mo- mento, e satisfação durante uma atividade e em sua conclusão, tornando-se experiências prazero- sas que, geralmente, levamos conosco como boas experiências de nossas vidas. Ter a motivação para um evento de lazer, “curtir o durante”, sua execu- ção ser alegre, participativa, em ambiente agradá- vel e ao lado de nossos amigos, nos faz retornar com a satisfação repleta. Estas sensações, vitais para nossa qualidade de vida, podem e devem ser buscadas no ambiente de trabalho. Passamos uma parte importante de nossas vi- das trabalhando. Os motivos são diversos, como já abordamos. Relacionamo-nos, buscamos atingir metas de sobrevivência e também de desenvolvi- mento, aderimos aos princípios do trabalho mesmo para nossa estima pessoal (“Me tornei chefe”, “Exe- cutei a tarefa com sucesso”, “Fui reconhecido pela equipe e clientes”, entre outras sensações) e para nosso histórico e currículo, profissional e social. Compreender a Motivação e a Satisfação no Ambiente de Trabalho 108 Conceitos Fundamentais para Gestão de Pessoas - Parte III Neste tópico, em desenvolvimento ao que con- ceituamos e exploramos como qualidade de vida no trabalho, estudaremos algumas percepções da motivação e da satisfação no ambiente de traba- lho, iniciando pelos conceitos de ambas sensa- ções, passando ao foco do trabalho do gestor de pessoas para tornar possível que aconteçam nos nossos projetos profissionais e ambientes onde se realizam. O que entendemos como motivação? Motiva- ção é um termo oriundo da palavra motivo, que define um objetivo, meta a alcançar, uma situa- ção que se deseja obter. Assim pensando, moti- vação pode ser compreendida como uma força, orientação, intuição ou desejo de desenvolver o motivo, ou seja, de definir um objetivo e buscar seu alcance. Claro, este enunciado merece várias considerações, como o do desenvolvimento destas intenções, da diferença entre a simples intenção e um desejo, de como motivar, dos recursos que te- mos ao dispor para realizar a motivação e, sempre, da questão ética envolvida, uma vez que lidamos com objetivos a serem realizado por seres hu- manos que merecem respeito em suas intenções, limitações e sonhos. E a satisfação? Dicionários conceituam sa- tisfação como o sentimento de gratidão, com- pletude em uma situação como a de negociar objetivos e posições num relacionamento, um estado de contentamento ou de prazer. Nova- mente, desta conceituação, podemos tratar do caminho para nos satisfazer com algo, das pers- pectivas que tínhamos de, ao iniciar um determi- nado processo ou relacionamento, nos satisfazer com ele mesmo. Há, como anteriormente citado, os pontos éticos a observar, se nossa satisfação ocorre em detrimento da de outrem, de obten- ção por meios socialmente questionáveis, e as- sim por diante. Nossa observação fundamental neste tópico é a de perceber como os dois conceitos podem ser desenvolvidos, mantidos e relacionados, num contexto particular: o ambiente de trabalho. De maneira evidente, trabalhar com estes conceitos se torna um fator decisivo e marcante na atuação do gestor de pessoas. Verificando o que citam nossos autores de refe- rência, Chiavenato (2014) apresenta que trabalha- dores motivados já podem ser alvo de observação no processo de recrutamento. Ali, a empresa deve ter tratado corretamente dos perfis anunciados para o processo de análise de potenciais futuros colabo- radores, identificando sinais de empatia com o mer- cado, iniciativa própria para enfrentar problemas, propondo soluções que possam ser implementadas, conhecimento das tarefas e do setor e, finalmente, características pessoais, como comunicação, inte- gração em equipe, cooperação no trabalho, aliadas e equilibradas com metas pessoais de carreiras. Walger, Viapiana e Barboza (2014, p. 21) co- mentam que “é a motivação que leva as pessoas a perseguirem determinados objetivos. É ela que as mantêm persistentes para alcançá-los”, ensejando que tenhamos possibilidade de desenvolver um ciclo, plano ou métodos de gestão para definir cor- retamente tais objetivos e os mecanismos, proces- sos e ações destinados a motivar os colaboradores. É importante lembrar que uma fase essencial e crítica para a definição de objetivos empresariais é, como já vimos, o planejamento estratégico. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 109UNIDADE IV Compreende-se que a satisfação no ambiente de trabalho poderá ocorrer por vários fatores, exa- minando da literatura. Entre estes, podemos citar: • A sensação do “dever cumprido”, da ativi-dade realizada com êxito. Neste quesito, temos a necessidade de especificação clara dos objetivos organizacionais, sintoniza- dos ao plano estratégico, sua comunica- ção efetiva, condições efetivas de traba- lho, acompanhamento de execução dos objetivos e, finalmente, comunicação dos resultados, com eventual apreciação para reconhecimento. • O ambiente relacional, social com os demais trabalhadores, envolvendo a consideração pessoal, comunicação, re- conhecimento, respeito mútuo, ético e possibilidades ou perspectivas de intera- ção também fora do ambiente de produ- ção, em caráter amistoso. • Comunicação transparente, de tarefas, ima- gem organizacional e suas ações de mercado, do relacionamento com superiores e subor- dinados, além de outros atores de negócios. • Reconhecimento pelo desempenho geral, do alcance dos objetivos individuais, co- letivos, de negócios. • Perspectivas de aprimoramento em todos estes e outros fatores que impliquem na satisfação no ambiente. Walger, Viapiana e Barboza (2014, p. 20) traba- lham a diferença entre os conceitos de motiva- ção, necessidade, impulso e instinto, buscando precisar o que é, na prática, a motivação no am- biente de trabalho. 110 Conceitos Fundamentais para Gestão de Pessoas - Parte III É oportuno comentar que vários autores, tais como Chiavenato (2014), comentam sobre um certo “contágio” da satisfação dos trabalhado- res, como um processo em que um profissional satisfeito pode tornar mais fácil ao colega, com quem tenha bom relacionamento laboral e so- cial, o compartilhamento deste nível de satisfação, tornando-o mais aberto a também desenvolver este aspecto. Para discutir os aspectos de satisfação do tra- balhador, é oportuno recorrer a uma definição fundamental das “Necessidades Humanas”, em que o autor, o psicólogo norte-americano Abraham Maslow, diferenciou cinco níveis progressivos de carências exibidas por todos os seres humanos em suas vidas. O modelo é reproduzido na Figura 1. Neste simples e efetivo modelo, Maslow nos informou a respeito de cinco níveis de necessi- dades e sua decorrente satisfação, comentados a seguir, em ordem progressiva: • Necessidades fisiológicas: relacionam- -se ao organismo, às funções orgânicas básicas, em geral alvo de atividades liga- das à saúde ocupacional. Por exemplo, a ergonomia, existência de instalações sani- tárias, o respeito aos horários de trabalho e descanso etc. • Necessidades de segurança: definem o primeiro contexto relacionado às po- líticas e práticas de trabalho, referindo-se à remuneração, relacionamentos, sensa- ção de tranquilidade e estabilidade para realização do trabalho, segurança física e patrimonial, entre outros. • Necessidades sociais: correspondem aos fatores de sociabilidade, bom relaciona- mento, respeito e integração de trabalha- dores junto às equipes que integram e aos demais relacionamentos no ambiente de trabalho. Trabalho criativo e desa�ante Diversidade das tarefas e autonomia Participação nas decisões Responsabilidade por resultados Reconhecimento e orgulho Oportunidade e promoções Amizade dos colegas Espírito de equipe Executivo amigável Condições seguras de trabalho Remuneração e benefícios Estabilidade no emprego Intervalos de descanso Conforto físico Horário de trabalho Autorrealização Estima Sociais Fisiológicas Segurança Figura 1- Modelo das necessidades humanas de Abraham Maslow Fonte: Chiavenato (2014, p. 81). 111UNIDADE IV • Necessidades de estima: indicam o reco- nhecimento pelos colegas, atores de reali- zação de trabalho (clientes, fornecedores, etc.) e dos superiores, da organização. Neste contexto, a perspectiva de aprimo- ramento da condição de trabalho, pela existência e percepção de oportunidades adiante, como aprendizado, novas funções e desafios que correspondam à motivação, preenchem este patamar. • Necessidades de autorrealização: onde o trabalhador percebe que é ativo nas decisões de seu trabalho, possui ní- vel satisfatório de autonomia (que cor- responde, como já vimos, à potencial confiança por parte da empresa) e que poderá exercer funções superiores em complexidade, usando de novos méto- dos e aprendizados. Para a evolução e uso de modelos como este, estrutu- rados em patamares, como instrumentos de gestão, torna-se interessante ao gestor observar, por meio de procedimentos metodológicos - por exemplo, usando as avaliações profissionais - em que ponto o trabalhador se encontra, em qual nível e quais são as deficiências encontradas e oportunidades de desen- volvimento. Na sequência, avaliando as condições gerais de recursos do ambiente de trabalho, o gestor os posiciona, relaciona e coordena, provendo aos seus subordinados a sensação de que há melhorias e pro- gressos à vista, que os passos e etapas da “pirâmide” do modelo de Maslow podem ser vencidos, até o topo. Uma atividade em que o gestor também pode se orientar, para definir seus processos ligados à motivação e satisfação no ambiente de trabalho, é planejar, definir e adotar uma descrição de pro- cessos, ou um processo “em ciclo”, como o que é sugerido em Chiavenato (2014, p. 282-283), que apresentamos a seguir, numa revisão nossa: • Estágio inicial: em provável “zona de conforto”, em que realiza tarefas de ma- neira rotineira, o trabalhador se encontra em condições de ser provocado, desafia- do ou, simplesmente, motivado a sair, se deslocar, mudar em direção ascendente. Assim sendo, o gestor produz uma dúvida, um desafio, uma revisão de meta, relacio- nando-as, eventualmente, a um quesito de reconhecimento. • Gerar tensão: adotando métodos lícitos e éticos de pressão sobre as equipes e tra- balhadores, o gestor provoca os colabo- radores a perseguir as metas, a alcançar os objetivos previstos. A tensão pode se traduzir em discussão constante de resul- tados parciais, comunicação intensiva e estabelecimento de métodos gerenciados, transparentes e eficazes de competição en- tre equipes. • Ação/comportamento: no decorrer dos trabalhos, propriamente ditos, o gestor deve acompanhar, receber dados e infor- mações do ambiente e contexto de tra- balho, observando o desempenho geral e os resultados de momento. O gestor deve, nesta parte, prever eventuais intervenções, em caso de desgastes, conflitos (que são usuais) e confrontos, evitando que se perca controle do processo. • Reconhecimento/Satisfação da neces- sidade: ao alcançar os objetivos, análises são feitas e seus resultados comunicados aos trabalhadores, verificando-se se há oportunidade de emitir qualquer grau de reconhecimento pelos resultados obtidos. No campo da gestão de pessoas, portanto, as de- finições que orientam motivações e permitem gerenciar os resultados, conduzindo à satisfação dos colaboradores, é novo paradigma em que os gestores devem se concentrar. Ao adotar procedi- mentos claros, metas obtidas com a contribuição de agentes e, por último, bons métodos de comu- nicação, torna-se este relacionamento motivação - relacionamento de grande potencial de uma efe- tiva gestão de pessoas. 113UNIDADE IV Em etapas anteriores, foi oportuno destacar como diferenciamos o papel do líder e do gestor, ou che- fe. Confirmando, o líder é aquele que é capaz de desenvolver uma visão de futuro, instigar seus co- laboradores, motivar equipes e assumir as respon- sabilidades pela obtenção deste ponto de futuro. Já o gestor desenvolve planos, políticas, mapeia os processos e cuida para que a estratégia orga- nizacional oriente a operação, no alinhamento que esperamos, de tal forma que a visão proposta pelo líder se realize. Na cooperação, coexistência e sintonia entre as atuações de ambos personagens, reside um grande potencial de sucesso de empre- sas, governos e organizações. Os grandes líderes geralmente são lembrados pelos grandes acertos e erros, pelas decisões se- veras tomadas, pelas contribuições de rupturas competitivas, como o apoio ou incentivo ao lança- mento de inovações de mercado ou posiçõesmar- cantes. Sabemos, por exemplo, das fontes históri- cas, da atuação de líderes em conflitos mundiais, como Napoleão Bonaparte e Winston Churchill, entre muitos outros. Claro, são memórias discu- tíveis, pois, ao decidirem se envolver em conflitos políticos e militares, provocam também os senti- mentos ruins daqueles contra quem combateram. Liderança - O Papel do Líder 114 Conceitos Fundamentais para Gestão de Pessoas - Parte III No campo empresarial, Henry Ford, Thomas Edison, Nikola Tesla, John Rockfeller, Jack Welch e Walt Dis-ney, numa lista interminável, são exemplos de lideranças que marcaram o setor empresarial internacional. No Brasil, em uma lista também relevante, temos a própria atuação dos imperadores D. Pedro I e D. Pedro II, do Barão de Mauá, Irineu Evangelista de Sousa, de imigran- tes como Francesco Matarazzo, do empresário Antônio Ermírio de Moraes, entre muitos outros grandes nomes que são apresentados em nossa história empresarial. Nos tempos modernos, temos a grande inci- dência dos líderes inovadores, como aqueles que propuseram e ofertaram inovações ao mundo. De forma impactante, o setor de tecnologia nos traz os nomes de Steve Jobs, Bill Gates, Sergei Brin, Larry Page, Larry Ellison e Jeff Bezos. Além destes, Howard Schultz (Starbucks), Elon Musk (PayPal, Tesla e SpaceX) e Richard Branson (Virgin) são exemplos de líderes visionários inovadores. No Brasil, nossa história empresarial tem as marcas de empreendedores como Jorge Paulo Lehmann, da Família Setúbal, Jorge Gerdau, Abí- lio Diniz, Luíza Trajano e Guilherme Leal, entre muitos outros, são profissionais que marcam a história empreendedora nacional com suas expe- riências, casos de sucesso, inserção mercadológica de marcas e ações bem-sucedidas de mercado. As experiências destes líderes não servem ape- nas para orientar suas empresas ou setores, mas como bases para análise de formação dos futuros líderes e gestores. Suas atuações são, na verdade, sempre confrontando o risco, sempre encarando decisões críticas, em que os casos de sucesso se tornam matérias evidentes na imprensa de negó- cios e os eventuais erros são, também, discutidos amplamente, gerando resultados, por vezes, de encerramento de suas carreiras, num mecanismo inevitável de exposição pública. Vários autores têm buscado discutir as frontei- ras entre o exercício da liderança e da gestão, ou da liderança e da chefia, ou ainda, da liderança e dos cargos executivos. Como vemos em Robbins (2005), os líderes demonstram combinações de traços de domínio organizacional com a convi- vência social, relacionamentos e emocionais. Já 115UNIDADE IV os gestores são mais devotados às capacidades de planejamento, operacionalização de planos, racio- nalidade e alinhamento de controle e coordenação. Dentre as habilidades dos líderes, que explo- raremos no último tópico desta unidade como desenvolver, Costa (2017), com base em vários estudos, nos apresenta: • Ser capaz de antever, definir e propor so- luções para problemas, especialmente os mais críticos, assumindo responsabilidade sobre o desdobramento de suas orienta- ções e determinações. • Ser criativo, sabendo quando aplicar, comu- nicar e implementar soluções efetivamente inovadoras, compreendendo a repercussão destas propostas quando adotadas. • Ter um amplo domínio do mercado e do posicionamento da empresa neste con- texto, novamente considerando como a organização compete e pratica suas pos- turas empresariais. Em uma adição interessante aos pontos men- cionados anteriormente, Bowditch e Buono (2016, p. 132-134) complementam, ponderando sobre a relação entre liderança e poder. Nesta reflexão, os autores comentam a respeito dos tipos de poder que são exercidos nas organiza- ções - centralizados, distribuídos entre os pares, colegiados. Também consideram os fatores que originam o poder: • Posse de conhecimento ou dos meios de sua produção, como ter liderado proces- sos de pesquisa que resultaram em ganhos financeiros e de mercado - o lançamento de novos produtos, o alcance de novos mercados, a abertura de novas filiais em territórios distantes ou inéditos. • Referências (indicações, relacionamentos), como o fato de serem os líderes reconheci- dos como representantes em associações setoriais, de mercado, profissionais - ver, por exemplo, aqueles que são membros de Conselhos de Administração e Gover- nança empresariais, componentes atuais ou passados de governos e instituições de relevância internacional (ex-ministros, embaixadores, entre outros). 116 Conceitos Fundamentais para Gestão de Pessoas - Parte III É interessante pensarmos como estes profissio- nais que citamos, no início deste tópico, forma- ram-se e se tornaram líderes, também pensando no delicado fator que é o exercício de liderança. Numa visão inicial, há de se questionar se esta liderança exercida é por um prazo definido ou indefinido. Neste caso, temos a figura do líder situacional. Imagine o caso de um membro de uma corporação militar, diante de uma situação de crise momentânea, em que os demais militares lhe são subordinados, por virtude de ele ter uma patente superior (exemplo: é o único sargento do grupo em ação). Pela obediência à hierarquia, este profissional de corporação se torna responsável em conduzir seus subordinados às ações que se desenvolverem naquele cenário - crises, enfren- tamentos, negociações. Lembramos que, algumas vezes, estas situações não podem aguardar uma decisão mais demorada, cuja negociação tome mais tempo, ou envolva exames mais detalhados de possibilidades e perspectivas. No caso, este líder situacional, o militar presente cuja patente é mais alta, terá de liderar, de assumir tal responsabilida- de, em caráter emergencial. Esta situação anteriormente descrita é diferen- te de um profissional que, devido ao brilhantismo de sua conduta empresarial, onde, por exemplo, chefiou um projeto de expansão da empresa em outro estado, outro território, recebe como reco- nhecimento a indicação para liderar a “filial do Estado” ou a “empresa no nível Brasil”, tornando- -se gestor de uma corporação grande, com vários níveis e grande abrangência. Aqui, o processo é previsível, controlado e com delegação formal, numa situação de liderança diversa da anterior. O exercício de liderança passa, contudo, como lembra Chiavenato (2014), pela consideração que os liderados irão dispensar à definição deste re- lacionamento. Os liderados devem reconhecer no líder, quer seja ele situacional ou em exercício fruto de uma delegação, vários fatores que tornam seu exercício de liderança inconteste, como: • Comprovada competência técnica - co- nhecimento, domínio de contexto, apli- cação dos conhecimentos. • Comprovada competência gerencial - ter vivido situações de demanda, de pressão, de relacionamento que determinaram sua intervenção, com sucesso. • Histórico - o profissional em exercício de liderança é reconhecido por ações e desem- penhos anteriores, que o promoveram a esta condição de momento. Lembre-se que o mi- litar frequentou cursos, treinamentos e foi avaliado em processo definido, conduzin- do-o àquela patente que agora possui, numa condição semelhante, em alguns pontos, àquelas do executivo que exemplificamos. • Imagem - o líder se torna inspirador pela confiabilidade, reputação, ética e respeito. São figuras que o que se propõe a líder não pode deixar de relevar, tornando-se parte de sua marca. • Capacidade de decisão - decisões, inclu- sive aquelas ligadas à gestão de inovações, nunca são simples, sem conflitos. Portanto, assumir a responsabilidade pelos atos e de- cisões, pela comunicação e desdobramen- tos é importante e reconhecido por todos. Também é necessário destacar o relacionamento do líder com os erros eventualmente cometidos. Anteriormente, citamos vários casos de líderes, entre muitos outros que poderíamos abordar. Suas 117UNIDADE IV vidas empresariais foram totalmente acertadas,sem que uma decisão errada fosse tomada? Suas atitudes sempre foram reconhecidas como ple- namente corretas? Suas instruções foram sempre compreendidas na totalidade da extensão? Dificilmente! Por esse motivo, deve-se reconhe- cer que a liderança também atravessa períodos de dificuldades, de reconhecer eventuais equívocos, erros cometidos e como tratá-los. Aqui, os gestores podem rever seus cálculos, comandos, controles, comunicar novas tarefas e decisões. Os líderes, por sua vez, diante da repercussão associada às suas imagens, têm mais dificuldade adiante, ao lidar com impactos mais abrangentes e disseminados, em avaliarem o alcance público de suas imagens. Há ainda que se considerar que, pela exposição eventual, suas vidas familiares e relacionamentos sociais também se tornam visíveis, o que aumenta a necessidade de relevar condutas e atuações, pois serão avaliadas pela comunidade em geral. O aprendizado com os erros, com as decisões tomadas e eventualmente mal implementadas, com equívocos no relacionamento com pessoas - afinal, má aplicação momentânea da gestão de pessoas - são tão relevantes, em termos de conhecimento e formação, quanto os acertos. Aqui, os líderes devem reter os conhecimentos das correções efetuadas, dos caminhos novos a serem tomados no sentido de reverterem alguns resultados imprevistos. Nos casos de acertos, os líderes promovem o ganho de desempenho empresarial, sendo lem- brados e relevados em situações como estas. Nos exemplos que citamos, e em outros tantos, aqueles profissionais que lideram suas empresas e orga- nizações num caminho que conduzam a êxitos, serão consultados ou referenciado quando outras situações idênticas aparecerem. Por exemplo, imaginemos que você, aluno(a), se notabiliza, num futuro próximo, por ter im- plantado um novo processo em sua empresa, uma nova forma de produção, de atendimento, de oferta, que foi reconhecida pelo mercado e atribuída à sua gestão. Neste caso, considerando os aspectos deste cenário, poderá ter sido relacio- nado a este êxito de planejamento como o líder deste processo. Numa próxima situação idêntica, em sua empresa ou mercado, você poderá ser citado como o líder que promoveu tal sucesso, que se estabeleceu diante do grupo, da empre- sa, e enfrentou os desafios diante da decisão ou decisões tomadas. Finalizando esta abordagem sobre liderança, sintetizamos que a liderança pode ser fruto de um momento ou de um cenário definido, podendo ser que o líder que atuou em caráter emergencial se defina para a ação em definitivo posteriormente. A liderança pode ser formada adicionando as- pectos formais - de educação técnica e gerencial complementar, por exemplo - a aspectos infor- mais, como o exercício de relacionamentos e comunicações dependentes dos grupos que se relacionam. A liderança aprende com acertos e erros, em dinâmicas incessantes, que fazem com que o líder seja reconhecido e promova a compe- titividade empresarial. Numa última mensagem, deste importante tópico, lembramos aos nossos(as) alunos(as) que consideramos que nenhuma ação oportuna em termos de resultados deve desconsiderar a ética! O exercício da liderança, principalmente, pelas responsabilidades, imagem e atuação, deve se pau- tar rigorosamente pelos princípios do respeito, das humanidades, enfim, da prática profissional eticamente responsável. O gestor de pessoas deve, portanto, atuar no de- senvolvimento e na retenção dos líderes. No pro- cesso de desenvolvimento, um destaque especial deve ser dado ao recrutamento interno e seleção de profissionais a ocupar posições de liderança, a partir do exercício de cargos da gestão. Tal fato é possível devido a vários fatores, como detalha- mos a seguir. Pedimos ao leitor que pense num colaborador que ocupa cargo funcional de chefia, sendo gestor de uma área, especialmente das mais críticas para os trabalhos e produções finais da empresa. Diante disso, algumas hipóteses para o recrutamento deste futuro líder, seriam: • Avaliar situações de decisão crítica em que o profissional se envolveu, e quais foram suas repercussões. • Qual é seu comportamento diante de questões éticas, da imagem corporativa e do respeito aos relacionamentos com colegas. • Avaliar sua característica de chamar para sua responsabilidade as principais deci- sões tomadas. • Equilíbrio, ponderação e atuações recen- tes, especialmente em situações de grande demanda. Desenvolver e Reter a Liderança Organizacional 119UNIDADE IV • Representatividade da organização nos meios competitivos externos - como no relacionamento com clientes críticos, com associações representativas do setor, entre outras. • Domínio técnico, conhecimento amplo do contexto de ação da empresa, mantendo- -se a postura ética e de imagem relevante. Pensando desta forma, há várias propostas de avaliação do potencial de um determinado co- laborador desenvolver aptidões e atitudes que o identifiquem como um líder para uma organi- zação ou setor. Os estudos acadêmicos, segundo nos apresenta Robbins (2005), concentraram-se, por longo período, numa tentativa de encontrar traços (Teoria dos traços) de personalidade que identificassem uma pessoa, um profissional, como um potencial líder. Tal frente acadêmica e cientí- fica ainda se desenvolve, sem chegar a resultados expressivos, com alguns estudos sendo pontual- mente bem-sucedidos. A teoria comportamental, por sua vez, tenta observar o potencial surgimento de um líder por meio do comportamento por ele mostrado, em situações variadas e no cotidiano. A identificação destes comportamentos, das ações repetidas e ob- servadas com frequência, resultaria numa hipoté- tica adequação para o exercício de liderança. Tam- bém é outra frente de pesquisa que ainda realiza seus estudos, buscando definir tais perspectivas. Por último, no conjunto apresentado por Robbins (2005), temos a teoria das contingências, que busca identificar como os potenciais líderes emergem, justamente nos momentos de crise, de contingen- ciamento, respondendo a demandas momentâneas e críticas, decisões complexas e delicadas. Nestes estudos, via de regra, encontram-se afir- mações sobre como “ajustar o líder a situações”, aparentando que se inverte a proposta: ao invés de termos o líder nato, aquele que já apresenta possibilidades de realizar seus trabalhos como líder sem adicionais esforços da organização, te- mos o líder “fabricado”, treinado, desenvolvido. Por exemplo, um líder em potencial, que demonstra boa comunicabilidade, terá a possibilidade de li- derar conflitos em áreas técnicas, desde que receba treinamento específico para tal. Uma proposta interessante de análise de atitu- des de gestores, que pode indicar potenciais para exercício de liderança, é o modelo “Grid Geren- cial” (BOWDITCH; BUONO, 2017, p. 137). Este diagrama escalona, num eixo, o potencial de preo- cupação com as pessoas, pelos gestores e, num outro, a preocupação com a produção. Os gesto- res teriam suas percepções, atitudes e histórico, classificados nestes dois eixos - de atenção com as pessoas e de produção - com o objetivo de se graduarem, pelo menos, no “nível 9,9”, ou seja, de terem conceito nove em dez, em cada uma das dimensões, demonstrando grande preocupação com as pessoas e com a produção. As gradações intermediárias poderiam indicar um gestor com maior preferência à produção, in- sensível aos subordinados, ou ainda um gestor que aprecia mais o relacionamento, não observando tanto os aspectos produtivos e a ordenação do trabalho. Uma vez localizados em um dos extre- mos, eis que a organização pode avaliar possíveis movimentos, processos, treinamentos e ações para que o gestor seja conduzido ou tenha sua atua- ção adequada ao extremo maior, em que é tanto notabilizado pelo relacionamento com pessoas quanto da produção. 120 Conceitos Fundamentais para Gestão de Pessoas - Parte III Figura 2 - Grid Gerencial Fonte: adaptado de Oficina de Gerência (2009,on-line)1. Diante do que foi estudado por Bowditch e Buono (2017), podemos verificar várias alternativas para o desenvolvimento da liderança em meio empre- sarial. Estes dois autores ressaltam o trabalho de John Kotter, pesquisador, que encontrou, em suas intensas pesquisas sobre gestão e liderança, o fator de “definição de agenda” como fundamental para se compreender a caracterização de um gestor como sendo potencial líder. Neste caso, o gestor consegue estabelecer uma agenda de mais alto nível que, apesar de simples e aparentemente re- laxada, tem coerência com o processo e atuações do futuro líder, possibilitando que, a partir destas definições, a liderança se estabeleça, quando, a partir daqueles itens, enunciados de forma sim- ples, temos a perspectiva de composição de planos efetivos, de ações reais que a empresa irá tomar. Relativamente a reter o líder nos quadros fun- cionais, aqui se encontram algumas das propostas anteriormente discutidas para todos os colabo- radores, mais especificadas, ou detalhadas para o caso do líder, daqueles que apresentam este perfil. As ideias, segundo apregoam os autores, advêm das características apresentadas pelos líderes, por- tanto, alguns pontos que podem ser implementa- dos pela gestão de pessoas seriam: 121UNIDADE IV • Um processo de avaliação adaptado às reais condições da liderança. Por exem- plo, uma avaliação 360º, diferenciada, em que, por meio de ponderações e de- talhamentos, os líderes seriam informados das percepções de ações e posturas em situações como crises, decisões complexas, representação empresarial etc. • Formas de reconhecimento organizacional. Aí tratando a liderança de forma destacada e no contexto organizacional onde se desenvolve, provendo ao líder os reconhecimentos devidos, de imagem, destaque e valor organizacional. • Remuneração: no caso, como abordado no tópico específico, o líder pode ser premiado de maneira diferente, incluindo bonificações, premiações por metas realizadas e objetivos alcançados, problemas resolvidos, atuações em situações críticas etc. A participação em lucros e o percentual em ações das empresas são formas utilizadas atualmente, em alguns casos demonstrando certa improvisação. Buscando reter um líder em um quadro funcional de empresa, torna-se importante, também, identificá-lo, com o devido destaque, em cargos e funções de relevância na estrutura organizacional. Ao se desenhar esta estrutura, tanto as suas subordinações quanto responsabilidades devem se alinhar às percepções de seu comando, visão e imagem, resultando na forma de destaque devido. A partir deste ponto, um conjunto especial de técnicas de gestão deverá ser aplicado, permitindo que a carreira refe- rente ao exercício de liderança seja perseguida, resultando em perceber a evolução e impacto dos resultados da liderança. Considerando a gestão de pessoas, o desenvolvimento, o reconhecimento e a retenção de lideranças empresariais pode se constituir em fator estratégico no tema “pessoas”, uma vez que estes gestores terão a possibilidade de promover mudanças, responsabilizarem-se por decisões e proporem e realizar mudanças que são consi- deradas críticas pela empresa, com alta aderência de subordinados e demais agentes do ambiente de negócios. 122 1. Consideram-se aspectos de qualidade de vida no trabalho, exceto: a) Ter uma perspectiva de futuro na empresa. b) Ter satisfação com as definições de trabalho. c) Perceber como se tornar chefe, com brevidade. d) Desenvolver bom nível de relacionamento humano com equipes. e) Ter voz ativa nas decisões empresariais. 2. É uma repercussão previsível quando não se valoriza a QVT: a) Pedidos de aumentos de carga de trabalho. b) Acionamento de pesquisa sindical, de monitoramento de ambiente. c) Implementação de novas tecnologias de automação. d) Rotatividade das chefias em cargos alternados. e) Ocorrência de aumento de absenteísmo e doenças ocupacionais. 3. Pode-se afirmar, sobre o “modelo das necessidades humanas”, de Abraham Maslow, que: a) É um modelo teórico complexo, sem conexão prática. b) O nível de necessidades sociais implica, entre outros fatores, no relacionamento com os times de trabalhos e colaboradores da empresa. c) O nível de autorrealização prescinde de treinamento específico. d) Não existe remuneração adicional no nível das necessidades fisiológicas. e) O nível de estima é facilmente encontrado em vários setores empresariais. 123 Steve Jobs - o Filme Ano: 2015 Sinopse: filme que retrata a vida do empreendedor visionário Steve Jobs, que lançou várias empresas e inovações, com destaque ao extenso trabalho que levou sua principal empresa, a Apple, ao nível de uma das maiores empresas do mundo. FILME Mauá - O imperador e o Rei Ano: 1999 Sinopse: filme que narra as iniciativas, os riscos e desafios enfrentados por Iri- neu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, empreendedor brasileiro do século XIX, que desafiou o poder empresarial e político da época com seu ímpeto para negócios e inovações. FILME 124 BOWDITCH, J. L.; BUONO, A. F. Elementos de comportamento organizacional. São Paulo: Editora Cencage Learning, 2016. CAMPOS, V. F. TQC Controle da Qualidade Total no Estilo Japonês, INDG TECS. Belo Horizonte: Fal- coni, 1999. CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas: transformando o executivo num excelente gestor de pessoas. Barueri: Ed. Manole, 2014. COSTA, W. S. Gestão de pessoas e desenvolvimento de equipes. Maringá: Unicesumar - Educação a dis- tância, 2017. GRAMMS, L. C.; LOTZ, E. G. Gestão da Qualidade de vida no trabalho. Curitiba: Editora Intersaberes, 2017. MINAYO, M. C. S.; HARTZ, Z. M. A.; BUSS, P. M. Qualidade de Vida e saúde: um debate necessário. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n.1, p. 7-18, 2000. ROBBINS, S. Comportamento Organizacional. São Paulo: Ed. Pearson Prentice Hall, 2005. WALGER, C.; VIAPIANA, L.; BARBOZA, M. M. Motivação e satisfação no trabalho: em busca do bem-estar de indivíduos e organizações. Curitiba: Editora Intersaberes, 2014. REFERÊNCIA ON-LINE 1 Em: <http://www.oficinadegerencia.com/2009/05/o-que-e-o-grid-um-usuario-importante.html>. Acesso em: 26 jan. 2018. 125 1. c) De acordo com a base conceitual discutida, este não é um aspecto de qualidade de vida no trabalho. 2. e) Em decorrência do agravamento das condições de trabalho. 3. b) Atendendo ao detalhamento do modelo. 126 127 128 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Como descrever e detalhar os perfis profissionais para contratação e desenvolvimento em empresas. • Definir carreiras profissionais, sua maturidade e como estas podem ser desenvolvidas também no ambiente empresarial. • Como definir, planejar e implementar planos de carreiras empresariais. • Relacionar as estruturas organizacionais e os planos de carreiras profissionais e empresariais. Definir perfis de pessoas para trabalhos específicos Avaliar carreiras profissionais e o exercício da função no trabalho Estruturas organizacionais e planos de carreira Descrever e implementar planos de carreira Dr. George Leal Jamil Metodologias de Apoio em Gestão de Pessoas Definir Perfis de Pessoas para Trabalhos Específicos Uma tarefa importante para os processos de ges- tão de pessoas em empresas é a definição dos per- fis. Trata-se de uma questão estratégica, em que as organizações desenham, antecipadamente, as características esperadas para um colaborador que será recrutado interna ou externamente, ou terá desenvolvimento interno, com o objetivo de preencher tais características. O desenho dos perfis poderá seguir questões técnicas, formais - ligadas, por exemplo, às regras de exercício de determinadas funções, tais como as de áreas de segurança e saúde - tecnológicas, de oportunidades de mercado e culturais. Assim sendo, estes desenhos iniciais, as projeções, que resultam na expectativa efetiva da empresa para o preenchimento dos cargos, tornam-se elementos fundamentais para a gestãodos processos de recru- tamento e seleção, que já discutimos e que aqui se- rão abordados como finalidade do presente tópico. Como mencionado anteriormente, alguns pontos podem ser usados como discussão inicial para especificar o perfil de um profissional que, idealmente, trabalhará em nossa empresa: 131UNIDADE V • Técnicas - tempo de exercício de funções o mais próximo do que a empresa dese- ja neste momento, habilidades racionais - cálculo, análise, decisões quantitativas formais etc. • Formais - formação acadêmica ade- quada - diplomas de cursos técnicos, de graduação, pós-graduação lato ou stric- to-sensu (Mestrado, Doutorado), certifi- cações e acreditações exigidas por órgãos normatizadores (segurança do trabalho, comunicação, advocacia, saúde e segu- rança patrimonial, educação etc), entre outros. • Tecnológicas - habilidades no uso de tec- nologias, como operação de computadores, sistemas móveis, sistemas de produção es- pecífica (setores de mineração, automoti- vo), operação em construção civil, labora- toristas, técnicos e profissionais titulados em áreas de saúde etc. • Culturais - comunicação, relacionamento, conhecimento do mercado-alvo, repercus- são com o ambiente de trabalho, afeição ao risco, hábito nas tomadas de decisão, entre outros. • Oportunidades de mercado - aten- dentes, profissionais de educação e rela- cionamento em setores que passam por momentos oportunos - como a realização recente dos grandes eventos esportivos no Brasil, promoção de eventos de gran- de porte de entretenimento, Congressos Científicos, reuniões nacionais e interna- cionais, entre outros. Note que, em casos como estes exemplificados, os gestores de pessoas irão “desenhar”, ou seja, projetar o tipo de pessoa que desejam ver atuando nos car- gos e funções devidas, para o sucesso das emprei- tadas que citamos. Estas descrições serão usadas para definir o processo de recrutamento e seleção de candidatos que venham a realizar suas funções, como é apresentado por Costa (2017), situando entre as etapas de coleta de dados e planejamento para o processo de recrutamento e seleção. O gestor de pessoas deve cuidar para que a es- pecificação dos perfis não se torne insuficiente ou excessiva, sob pena de não conseguir preencher os cargos, funções e ter o desempenho previsto adiante. A especificação insuficiente resultará na admissão ou desenvolvimento de profissionais que, provavelmente, não alcançarão as metas pre- vistas. Já o excesso de definições poderá incidir na impossibilidade de encontrar pessoas que preen- cham os cargos, diante das condições de contrata- ção estabelecidas. Em ambos os casos, o processo de desenvolvimento poderá também ser afetado, uma vez que os profissionais selecionados poderão enfrentar ou desenvolver condições de inaptidão ou frustrações com os cargos ocupados, com claro potencial para o exercício das atividades. Pode-se compreender, a partir da leitura de vá- rios autores, como Chiavenato (2015), que a defi- nição de perfis profissionais para adoção em um processo de gestão de pessoas em uma empresa, relaciona as formações profissionais padronizadas, existentes no mercado, às expectativas de desem- penho do profissional na empresa e, finalmente, ao cargo / função que será ocupado na estrutura or- ganizacional. Isto pode ser sintetizado na Figura 1: 132 Metodologias de Apoio em Gestão de Pessoas Abordando a Figura 1 temos, por exemplo: Atividade profissional • Exemplos: Técnico em edificações; En- genheiro Civil; Médico clínico-geral; Téc- nico de contabilidade; Programador de computadores. Desejo funcional da empresa (tomando por base duas das descrições anteriores): • Supondo o técnico em edificações: atuar no auxílio aos projetistas com relação a ati- vidades de campo, em obras de construção viária; seleção de fornecedores de materiais e recursos para obras de construção viária; comunicação com pessoal de campo. • Supondo o técnico de contabilidade: cole- tar e validar dados contábeis da empresa, seguindo padrões regulamentares, fiscais e tributários; realizar lançamentos de custos, preços, movimentações contábeis exigidas por lei; operar. Concluindo a abordagem da Figura 1, podemos ter, para a delegação na estrutura organizacional da empresa: • Técnico em edificações: encarregado de turma de obra viária na cidade C1. • Engenheiro Civil: membro da equipe de projetos de prédios comerciais. • Médico Clínico Geral: chefe do setor de atendimento de pediatria da Unidade de Pronto Atendimento. Desta forma, realizando o relacionamento pretendido, que comporta a atividade profissional, o trabalho a ser realizado na empresa e, finalmente, a delegação na estrutura organizacional, que, eventualmente, abrange mesmo o exercício executivo. Sobre o exercício de atividades executivas, já discutido em etapa anterior deste livro, principalmente com relação às questões cargo/função, o processo de definições de perfis terá um papel muito importan- te, pois correlacionará competências profissionais que envolvem formação e características adicionais de tempo de formação e atuações anteriores, experiência; expectativas de níveis mais detalhados por parte da empresa e, finalmente, determinações muito claras sobre cargos e funções a serem ocupadas, como lembra Robbins (2015, p. 3-7). Cargo/Função Descrição da posição ou atuação do profissional contratado na estrutura organizacional da empresa. Desejo funcional da empresa Atividade profissional a ser exercida no cargo/função a ser ocupado - o que será alvo produtivo do profissional no cargo funcional na empresa. Atividade profissional de mercado: Certificação formal - diploma, concessão de certificado técnico, registro profissional, titulação formal etc. Figura 1 - Relacionamentos entre Atividade profissional de mercado Fonte: o autor. 133UNIDADE V 134 Metodologias de Apoio em Gestão de Pessoas Outras especificações usadas para definição de perfis visam o estudo psicossocial de trabalha- dores. Nesta abordagem, que pode ser adicio- nada à especificação funcional que trabalhamos até agora neste texto, temos o uso de metáforas e simbologias, propostas por autores e pesquisa- A seguir apresentaremos um modelo de aplicação do que foi mencionado até aqui: Exemplo de definição e uso de perfil para contratação de executivo - Caso suposto de um Banco, interessado em profissional para área de Investimentos (Finanças de clientes finais) Definição do ensejo da empresa: Executivo, com sólida formação profissional em gestão financei- ra de mercado, capacidades de relacionamento e comunicação com clientes finais, com experiência no exercício profissional de gestão de investimentos por, pelo menos, três anos em instituição de mercado. Conhecimentos de tecnologia da informação aplicada, detalhes de legislação tributária, técnicas de venda de serviços e gestão de equipe técnica. Conhecimentos do mercado de varejo final de serviços de inves- timentos para clientes pessoas físicas por instituições do setor bancário. Definição de for- mação: Formações admissíveis - Administrador de empresas; Contador; Economista; Engenheiro de Produção; Ges- tor financeiro. Profissionais de áreas quantita- tivas, como Engenheiros, Cientistas da Com- putação e Matemáticos, devem demonstrar experiência prévia relevante e/ou formação subsequente às suas graduações, como pós-graduações específicas em Fi- nanças e Investimentos. Delegação profis- sional na estrutura: Gestor de equipe de atendimento a clien- tes finais de agência, reportando-se à direção regional. Chefiará uma equi- pe de até dez pessoas, envolvendo atendentes finais e profissionais de área técnica em investi- mentos. dores da área de gestão de pessoas, que retratam atitudes, atuações, momentos de vida cotidiana e formações, buscando relacioná-las ao que a organização espera de um determinado profis- sional que preencherá estas funções e atividades no trabalho cotidiano.135UNIDADE V Tomamos por base concepções de Buckingham e Clifton (2008), em que elegem nove perfis diver- sos para profissionais, não envolvendo suas for- mações, mas características comportamentais. No seu trabalho, eles definem os trabalhadores como: • Compensadores - aplicadores de justiça, objetivos, racionais. São adequados na me- diação de conflitos, gestão de equipes sob maior pressão de retornos. • Conselheiros - mais guiados pela intui- ção, estes profissionais atuam mais moti- vando as pessoas a desenvolverem as de- cisões do que intervindo por suas próprias determinações. • Criador - com perfil mais próximo da li- derança, propõem novos cenários, exigin- do, habitualmente, sintonia com equipes subordinadas e desenvolvedores de seus enunciados em mais alto nível. • Entusiasta - o mais motivador, que geral- mente é descrito pela metáfora do anima- dor de torcida. Atua mais na proposição de um ambiente de trabalho mais dinâmico que no desenvolvimento das soluções por si próprias. • Influenciador - persuasivo, bom nego- ciador, conhecedor de perfis dos demais colegas e relacionamentos. Usualmente se envolve com os processos políticos e de relacionamentos informais dos vários co- legas e estruturas organizacionais. • Pioneiro - abridor de frentes, empreiteiro, líder para abertura de frentes. Calcula e tra- balha em situações de risco, tem capacidade de improvisação sob condições de incerteza. • Professor - instrutor, orientador e forma- dor de opiniões, este profissional, de carac- terística racionalizadora, preocupa-se mais em formar a atuação do que realmente na produção do objetivo em si. • Vinculador - é, na atualidade, relacionado ao termo “networking”, formador de redes de profissionais, de relacionamentos que motivem o alcance de objetivos e processos organizacionais eficazes. Portanto, a descrição formal de atividades pode ser adicionada à psicossocial. Estes detalhamentos po- dem resultar em maior definição de características formais, como os diplomas, certificações profissio- nais e exercício formal de tarefas como experiência prévia, aos perfis de atuação sociais, destinados a apreciar capacidades de relacionamento, comuni- cação, convivência, afeição ao risco e motivação. O cenário, quanto mais completo, fornece à orga- nização maior capacidade de desenvolver o perfil desejado para determinada atuação, no momento do trabalho específico do gestor de pessoas. 136 Metodologias de Apoio em Gestão de Pessoas Ao pensarmos em trabalhar, ao longo de um período apreciável de tempo, pensamos na pro- jeção, evolução do profissional. Vagamente, de- senvolve-se o conceito de carreira profissional. Uma carreira, em senso comum, projeta os postos, posições e funções que um profissional ocupará, sinalizando seu amadurecimento no exercício da- quelas tarefas, desenvolvimento progressivamente superior de habilidades, bons resultados conquis- tados, tempo de exercício, reconhecimento de suas responsabilidades e competências por meio das avaliações, entre outros fatores. Desenvolvemos nossas percepções de carreiras profissionais e institucionais ao longo da vida, avaliando, por exemplo, o exercício dos milita- res de corporações como o Exército, Marinha, Aeronáutica e das Polícias. Adicionalmente, a referência de várias instituições religiosas, onde as funções atribuídas, segundo os códigos de- senvolvidos por seus seguidores, estabelecem funções de maior responsabilidade, de maior al- cance. Também, numa referência muito comum à nossa realidade, os esportistas que, ao longo de suas atividades, de suas carreiras, acumulam su- cessos, tornando-se, progressivamente, agentes Avaliar Carreiras Profissionais e o Exercício da Função no Trabalho 137UNIDADE V das modalidades esportivas, profissionais de de- senvolvimento e treinamento técnico ou mesmo de apoio à imprensa especializada. Em termos empresariais, notamos, frequen- temente, a ocorrência dos desenvolvimentos de carreiras em bancos, empresas de comunicação e entretenimento, nas áreas de educação e saúde, na administração pública, entre vários outros. Interes- sante notar que, em todos estes casos, sinais como aqueles afirmados na abertura - tempo de exercício, reputação, resultados, relacionamentos - contam para que estas carreiras se desenvolvam e os pro- fissionais evoluam nos patamares progressivos. “Carreira: curso da vida profissional ou emprego que permita uma oportunidade de progresso ou avanço”. (José Roberto de Oliveira) Conceituando-se desta forma e com as percepções desenvolvidas, pode-se compreender que a evo- lução de uma carreira é um objetivo profissional, uma expectativa de formação, uma possibilidade de melhoria socioeconômica e, ainda, uma forma de competir no mercado, uma vez que é possível que profissionais de bom desempenho almejem, para fins de contratação, uma possibilidade de as- censão funcional pelo desenvolvimento de carreira - pensando desta forma, uma empresa pode trazer, para sua equipe, um profissional de outra empresa, oferecendo-lhe, por exemplo, esta possibilidade do exercício do próximo patamar de carreira. O trabalho publicado pela Endeavor Brasil (2015, on-line)1, que aborda o tema de carrei- ras, planos de desenvolvimento e evolução, com a forte conotação institucional empreendedo- ra que caracteriza esta instituição, destaca, ali- nhando-se ao afirmado no parágrafo anterior, que os planos de carreira - inicialmente vistos como formas de gerir as carreiras profissionais num mercado ou setor - são elementos estraté- gicos para captação e retenção de profissionais comprovadamente talentosos, para o exercício profissional em empresas. Ainda, nesta publicação, faz-se o esclarecimen- to que este ponto da gestão profissional de pessoas - a administração de carreiras empresariais - se torna possível e até mesmo competitiva, como anunciado, com o apoio de desenvolvimento da gestão de pessoas na empresa, uso de métodos claros e objetivos para gestão e a adoção de ferra- mentas, técnicas e modelos, ao alcance do gestor de pessoas, para a prática do gerenciamento de carreiras dos colaboradores. O avanço numa carreira, ao se propor ocupar postos mais elevados em uma evolução profissio- nal, depende de vários fatores, que podem ocorrer de forma assíncrona, demandando avaliações do profissional e de seus gestores. Entre estes, po- demos citar: • Conhecimento dos aspectos fundamen- tais para a evolução: o profissional deve dominar o contexto de avaliações entre aspectos como tempo de exercício, expe- riência, bons resultados obtidos, reputação, desenvolvimento de currículo acadêmico e específico da atividade, entre outros. • Avaliação de oportunidades: quais são os fatores de ambiente competitivo, de cená- rio de negócios, que podem propiciar o desenvolvimento da carreira. • Correta visão dos patamares de negócio: ter o conhecimento do que é exigido e a que corresponde o próximo patamar a ser atingido, verificando se é factível e real- mente interessante desenvolver este pró- ximo passo, contemplando as relações de custo (esforço) - benefício envolvidas. 138 Metodologias de Apoio em Gestão de Pessoas • Retornos, recompensas e reconhecimentos ofertados no próximo patamar: outro fator crítico da análise do desenvolvimento da carreira, ressaltando se a oportunidade é realmente interessante, se o retorno será percebido como autenticamente vantajoso. Ilustrando como a avaliação destes cenários fu- turos poderá resultar em aspectos não vantajo- sos, podemos lembrar que verifica-se a situação, eventual, em que um profissional de área técnica - um desenvolvedor de aplicações, um médico especialista, um engenheiro “de obra” (com atua- ção no campo), um gestor comercial ou de con- tatos - é “promovido a gerente”. Algumas vezes, em constatação eminentemente prática, que será desenvolvida nos demais tópicos desta unidade, isso pode ocorrer por não haver perspectiva de aumento de reconhecimento,premiação ou remu- neração daquele profissional nesse atual patamar. Uma vez que tal ocorra e o profissional promovi- do não se sinta bem na atividade gerencial, tem-se a decepcionante constatação que “perdeu-se um bom técnico, ganhou-se um mau gerente”. Tal pro- cesso retrata uma falha da gestão de pessoas e da autogestão do próprio colaborador, em aceitar uma designação apenas considerando os retor- nos possíveis e não as demandas, especificações e expectativas da futura posição ocupada. A identificação de carreiras, como abordada por Oliveira (2001), pode envolver, portanto, funções atinentes a um modelo de negócios ou tecnologia, sendo considerada uma “carreira téc- nica” - aquela concentrada, portanto, num seg- mento de negócios específico - ou uma “carreira generalista”, onde, além de se ter o foco em mais de uma tecnologia propriamente dita, tem-se tam- bém o desenvolvimento pautado por exercício gerencial no setor. Pode-se dizer, por exemplo, que um Engenheiro de Minas tenha uma evolução de carreira especialista quando, gradativamente, acumula conhecimento técnico e científico que o leva, cada vez mais, a perceber tecnologias, nor- mas de projeto, habilidades de técnicas aplicadas e conhecimento específico de mineralogia, em seu campo de trabalho, mais aprofundado. Já, o mes- mo profissional poderá ter um desenvolvimento mais geral, ou generalista, quando aborda também questões de área de gestão, envolvidas no exercí- cio profissional da Engenharia, desenvolvendo suas habilidades na gestão específica de pessoas, finanças, mercados e mercadologia/marketing. Desta forma, comparam-se os desenvolvimentos na especialidade e na generalidade. Chiavenato (2015) menciona as carreiras como fundamento da gestão de pessoas. O autor cita, em várias passagens do livro, como a estruturação de carreiras permite identificar e selecionar o pro- fissional, prover o recrutamento, ter parâmetros comparativos internos e externos para as avalia- ções, definir o exercício de comando, instrução e delegações empresariais e, finalmente, coordenar e efetivar equipes de trabalho. Nesta análise, encon- tramos, com destaque, as evidências para que o profissional se identifique com uma determinada carreira e projete sua evolução. Finalizando esta abordagem específica do de- senho de carreiras, é importante notar que, no momento do desenvolvimento deste material, há grande veiculação - por parte da imprensa de negócios e de setores específicos, como os de computação, automação, engenharia de processos e gestão, entre outros, das perspectivas da extinção de trabalhos e formas de carreiras - em função da entrada massiva, no mercado, de novas tec- nologias. Um exemplo é: o uso de instrumentos dedicados de atendimento robotizado ou auto- matizado, a clientes finais, via Internet ou sistemas telefônicos, poderá substituir completamente o uso de profissionais nos próximos anos, levando à extinção da carreira de atendente (por exemplo, os dos chamados “call centers”). 139UNIDADE V Estas tendências tecnológicas modificam o pa- norama de oferta de empregos e carreiras, desde os primórdios da modernidade. Foi assim com a introdução do maquinário à vapor, dos com- putadores digitais, dos equipamentos móveis, da computação doméstica, da automação padroniza- da e, mesmo, de formas mais modernas de gestão. Frequentemente, ouve-se, na requisição de alguns mercados, em “manterem-se os empregos” dos trabalhadores de uma determinada carreira. A questão de fundamento que se coloca ao gestor é que tais movimentos, por vezes, são tec- nologicamente irrefreáveis. As novas tecnologias tendem a substituir determinadas funções repe- titivas, exaustivas e que são executadas por seres humanos com alto grau de desgaste e insatisfação. Atividades muito repetitivas, sem transcrever a noção de crescimento aos colaboradores, tendem a oferecer este perfil aos empreendedores. Muitas vezes, também, a adoção dos sistemas automáticos ocorre sem a devida análise, sem que se estudem minimamente as características esperadas pelos clientes e pelas próprias definições estratégicas dos negócios. Porém, há de se argumentar, como nova frente para a gestão de pessoas, que estas novas tecnolo- gias, formas de empreender e de negociação, ten- dem a propor modelos de ruptura na atualidade, produzindo cenários dinâmicos que, sim, podem levar à eliminação de determinados trabalhos, de determinadas carreiras, tornando-se uma área de análise para os gestores de pessoas. 140 Metodologias de Apoio em Gestão de Pessoas Os planos de carreira são as maneiras formais que temos de especificar os níveis, designações e formas de evolução de carreiras empresariais. São com- postos de textos que definem funções, designação de atribuições, níveis previstos de desempenho, atribuições em cada nível e patamar de trabalho na empresa e das situações e recomendações de evolução profissional. Após estudarmos o que são carreiras, funções, cargos, atividades operacionais, táticas, executivas e de liderança, é hora de avaliar- mos como podemos estruturar um processo evo- lutivo. Este processo determinará como, portanto, ocorrerá efetivamente a gestão de pessoas para um determinado profissional numa empresa. Os planos de carreira são elaborações das em- presas para preparar pessoas para ocupar cargos mais altos na hierarquia da empresa. (Idalberto Chiavenato) Descrever e Implementar Planos de Carreira 141UNIDADE V Iniciaremos com uma abordagem mais geral sobre a estruturação dos planos de carreira, para depois analisar alguns casos específicos, em que a estrutu- ração de carreiras faz parte do histórico do exercício da profissão, da negociação com as associações e sindicatos de exercício ou mesmo da própria es- trutura prevista para que o profissional trabalhe. De uma forma geral, o plano de carreira equilibra vários fatores críticos em gestão de pessoas, como: • O que motiva o profissional em sua evo- lução: será que o profissional deseja ape- nas receber mais salário pelo que trabalha durante sua jornada profissional numa empresa ou numa função? Quais são os fatores que o motivam, que constituem seu desejo como profissional? Exemplo: um profissional de área militar - deseja se manter na mesma patente ao longo de sua atividade, desenvolver novas funções, ser treinado noutras atividades e exercer co- mando? Um profissional de área de saúde terá interesse em coordenar, chefiar equi- pes, ser reconhecido por pesquisas? • O que a organização, a empresa pode ofe- recer: diante das determinações legais, da expectativa dos trabalhadores, quais são os retornos, em termos de reconhecimento, classificação funcional ou profissional, que a empresa pode fornecer? Exemplo: na área de educação, um professor titulado em ní- vel de doutorado pode ser remunerado de maneira diferenciada, diante dos processos de avaliação legais existentes. Contudo, a Universidade em que trabalha possui espa- ços e oportunidades para tal remuneração? • Determinação legal: a evolução de carreira pode ser obrigatória, diante de determina- das atribuições legais, como ocorrem em algumas instâncias do setor público, em instituições militares, de saúde e educação. Chiavenato (2015) nos chama a atenção para as possibilidades de construção de planos de carrei- ra. Entre as modalidades apresentadas por este autor, e outras que adicionamos, temos: • Progressão horizontal: situação em que o profissional assume mais responsabilida- des idênticas às que têm delegadas neste momento, ampliando o conjunto de ope- rações e decisões de mesmo porte, execu- tadas neste momento. Exemplo: um gestor de um território assume outro território, cumulativamente - digamos, o gerente da divisão da empresa no estado de São Pau- lo, passa a responder também pela região do estado do Paraná. Com este acréscimo, além da maior responsabilidade, deverá acompanhar também a maior relevância do trabalho do gestor. • Progressãovertical: neste caso, toman- do por base uma estrutura organizacional hierárquica, temos que o profissional terá a evolução assumindo posições mais ele- vadas na gestão empresarial. Num exem- plo, o gestor de um setor de uma fábrica automotiva, digamos, de acabamento de veículos de passeio, assume a integralida- de das funções de acabamento para todas as linhas de veículos fabricadas naquela mesma instalação industrial. Também aqui residem os comentários já feitos para o re- conhecimento e avaliações diante do acú- mulo de mais funções e responsabilidades. • Progressão em Y: combina tanto promo- ções e evoluções horizontais com evolu- ções verticais. Os colaboradores em desen- volvimento ou promoção, podem “crescer para os lados” ou “para cima” na estrutura. Por exemplo, um coordenador de equipe de atendimento ao cliente, em um super- mercado, pode também assumir o contro- le de abastecimento de alguns produtos 142 Metodologias de Apoio em Gestão de Pessoas (função de suprimentos), em uma pro- gressão horizontal. Pode, adicionalmente, assumir a gestão da loja como um todo, tornando-se o gerente geral - neste caso, o supermercado aparenta implementar duas situações de evolução: em cargos de nível semelhante, ou superiores. • Por sucessão: há situações de empresas familiares, de conselhos de administração e governança ou mesmo de instituições formais e oficiais - militares, educacionais, religiosas - em que o próximo ocupante de um determinado cargo já é designado por critérios evolutivos que são rigorosamente cumpridos, em acordos formais com toda a instituição. Tal como, em um organismo mi- litar, para se ascender à determinada paten- te, critérios como: ser detentor da patente imediatamente inferior, por algum tempo, desempenho nesta função, cursos e treina- mentos feitos e ofertados, avaliações etc. serão levados em consideração para pro- mover um profissional a um cargo ocupado. Em todas estas situações, torna-se importante qualificar que a empresa possui um plano espe- cífico para cuidar destas promoções, tornando-se este o plano de carreiras que deve ser conhecido pelos colaboradores, estruturado formalmente como um dos principais planos empresariais e, principalmente, analisado, praticado e defendido pelo gestor de pessoas, como sendo um dos ins- trumentos básicos de seu trabalho. Recorremos, como lembrança, a algumas abor- dagens já feitas, que permitirão ampliar o que compreendemos por planos de carreira, carreiras e sua gestão como potencial evolutivo. Uma ques- tão importante é que estamos discutindo, com frequência, a “ascensão” profissional, o que é uma visão muito adequada quando pensamos numa visão hierárquica. Contudo, se tivermos uma es- truturação matricial, ou por processos, o desen- volvimento por acúmulo de funções idênticas ou o reconhecimento do desempenho por processos poderá ser um fator importante ao analisar o de- senvolvimento de uma carreira, adaptando-se às condições da empresa. Adicionalmente, as empresas promoveram, nos anos recentes, uma intensa diminuição de níveis hierárquicos, em função de políticas de agi- lização de processos e de redução de custos, even- tualmente corrigindo problemas de dimensiona- mento excessivo ocorridos antes. Desta forma, as promoções verticais passaram a ser mais raras, também em função da estrutura “mais enxuta”, com menor número de cargos. Por último, nestas reflexões, inserir a figura do líder. Seria a liderança uma forma de promoção? Na oportunidade que discutimos o conceito de li- derança, foi oportuno abordar vários fatores que concorrem para o seu exercício. Um deles é a de- cisão da empresa, mas há de se considerar vários outros, como as próprias perspectivas do potencial líder, suas várias capacidades e competências neces- sárias e, ainda, o aceite e contribuição dos liderados. Diante de tais fatos, a progressão a uma condição de líder efetivo deverá ser alvo de outras pondera- ções, cabendo ao plano de carreiras especificar os detalhes e, além disso, avaliações de situações como estas, aqui descritas, para que este exercício possa se tornar efetivamente uma progressão. No encerramento desta análise sobre planos de carreiras, vale a pena abordar alguns casos es- pecíficos, como formas de ilustração de definição e implementação dos planos, como políticas ge- renciais e formais de gestão de pessoas. 143UNIDADE V Falamos, várias vezes, do exercício da carreira militar. Exemplo de atividade que é exercida em dedicação à Nação brasileira, a atividade do militar percorre vários graus de patentes, associados à delegação de funções, servindo-nos também como bom exemplo da gestão formal de pessoas, por meio do plano de carreiras. Verifiquemos, por exemplo, apenas a definição das patentes envolvidas no exercício de cargos e posições de hierarquia na Marinha do Brasil. O seguinte quadro cons- ta da publicação oficial da corporação na Marinha (BRASIL, 2017). Generais Praças Superiores Intermediários Subalternos Capitão de Mar e Guerra Capitão-Tenente Primeiro-Tenente Capitão de Fragata Segundo-Tenente Primeiro-SargentoSuboficial Cabo Marinheiro Segundo-Sargento Terceiro-Sargento Capitão de Corveta Guarda-Marinha (Praças Especiais) Almirante Almirante de Esquadra Vice-Almirante Contra-Almirante Generais Praças Superiores Intermediários Subalternos Capitão de Mar e Guerra Capitão-Tenente Primeiro-Tenente Capitão de Fragata Segundo-Tenente Primeiro-SargentoSuboficial Cabo Marinheiro Segundo-Sargento Terceiro-Sargento Capitão de Corveta Guarda-Marinha (Praças Especiais) Almirante Almirante de Esquadra Vice-Almirante Contra-Almirante Figura 2 - Postos da hierarquia, em plano de carreiras, da Marinha Brasileira Fonte: Brasil (2017). 144 Metodologias de Apoio em Gestão de Pessoas Como abordado antes, o cargo de admissão ini- cial, de Marinheiro, é disposto pela arma brasi- leira em concurso público. Algumas promoções são definidas por critérios estruturados no plano de carreira da corporação, envolvendo tempo de exercício em função anterior, formação externa e interna, reconhecimentos, premiações e avalia- ção dos comandantes. Finalmente, os postos mais elevados da hierarquia são preenchidos com de- signação especial do Presidente da República. As atribuições, méritos, graus de comando, definições de atribuições profissionais, entre outros fatores, acham-se especificados também neste projeto de carreira, que é de conhecimento público em sua estruturação e formas de acesso. Nas categorias públicas, temos ainda as fun- ções nas áreas de Saúde e Educação, onde pos- tos como os de Professor Titular, Chefe de cor- po médico, Cirurgião, entre outros, são também alvo de estruturação específica, compondo leis e detalhamentos previstos e publicados em có- digos legais. O exercício destas atividades e seu desenvolvimento acha-se previsto e descrito por leis normativas específicas e publicadas nos atos informativos dos ministérios da Saúde e Educa- ção, com consulta livre. Há, por exemplo, termos que se acham estabelecidos em artigos da CLT e também em disposições da Constituição Federal. Claro, o setor privado também possui suas de- finições de planos de carreiras, algumas, como os de setores altamente estruturados como automo- tivo, educação privada, mineração, entre outros, alvo de rigorosas negociações trabalhistas, sendo formalizados por meio de acordos que são torna- dos legais após negociações formais. 145UNIDADE V No encerramento desta unidade, buscaremos de- finir uma relação entre estruturas organizacionais e planos de carreiras. Já tivemos oportunidade, no encerramento do tópico anterior, de elaborar uma visão inicial deste relacionamento, essencial e es- tratégico para uma boa gestão de pessoas, porém aqui buscaremos definir aspectos mais consisten- tes para que se possa colocá-lo em prática. Este tópico faz uma consolidação do aprendi- zado até o momento, exercitando-o em discutir como interagemos conceitos de: • cargos; • funções; • hierarquia; • estruturas organizacionais; • liderança; • carreiras; • plano de carreiras; Uma vez que as estruturas, conforme já vimos, irão definir os cargos profissionais e suas atribui- ções, bem como relacionamentos de hierarquia, negociação e poder nas organizações em geral, é necessário que a definição de atribuição de cada uma das instâncias de posição, cada um dos car- gos e das funções definidas, corresponda poten- Estruturas Organizacionais e Planos de Carreira 146 Metodologias de Apoio em Gestão de Pessoas cialmente a um item na descrição de planos de carreiras. Note que usamos aqui a possibilidade, o “potencial”, pois tais definições são recomendá- veis, não sendo uma questão legal para todos os casos empresariais. Inicialmente, torna-se importante lembrar a diferença entre cargo e função. O cargo prescre- ve, formalmente, o título do profissional na es- trutura, envolvendo, inclusive, a delegação a ele atribuída. Assim, há o cargo de “Engenheiro” e de “Chefe do setor de projetos de Engenharia”. Estas são definições de cargos, de designações defini- das na estrutura organizacional da empresa, onde também especificamos delegações atribuídas aos profissionais. Podemos entender que o Engenhei- ro, no caso, terá funções definidas, bem como o Chefe do setor de projetos. Assim, a designação dos cargos, prescreve também as funções a serem exercidas pelos profissionais. Além dos cargos e funções, especificamen- te, estas designações também correspondem ao exercício de comando, controle ou poder, quan- do observamos que o título do cargo prescreve a função do exercício de chefia. Lembramos que há, ainda, a definição do exercício de liderança, que ultrapassa o exercício do cargo, como vimos também na discussão específica, na unidade an- terior. Por exemplo, a atuação do Chefe de setor de projetos de engenharia, definida no parágrafo anterior, pode corresponder ao exercício de lide- rança, quer seja ela delegada pela empresa - ou seja, a empresa determina uma condição em que este chefe desenvolva características de um pro- fissional líder de equipes e situações - ou de lide- rança eventual, a ser exercida em função de uma situação emergencial enfrentada pela organização. Assim sendo, temos a correspondência do car- go descrito, da função a ele correspondente e de possível exercício de liderança. Estes conceitos, portanto, se alinham ao definir uma condição que o profissional deva se responsabilizar por orientar e comandar seus subordinados, enfrentar situa- ções emergentes e tomar decisões críticas, con- forme as definições de cargo, função e liderança. O chefe, como o vimos, pode se tornar líder, ou pode simplesmente atender às suas designações de função, estabelecidas nas normas empresariais. Aqui se apresenta o conceito da estrutura or- ganizacional, que define as relações de comando, de controle, comunicação e correspondência en- tre superiores e subordinados. De caráter muito evidente em corporações tradicionais, como as militares, religiosas e educacionais, entre outras, a estrutura hierárquica combina níveis com a de- signação prevista de cargos. Ao denominarmos aquele engenheiro, do caso anterior, como chefe de setor, implicitamente, já estabelecemos que há definição de uma hierarquia, de controle e exer- cício de poder, deste para com seus subordinados e delegados, conforme deve ser definido. Contudo, como vimos, a definição hierárquica é apenas uma das formas em que as organizações podem se estruturar. Tal como, se atuarmos em uma estrutura matricial, podemos ter que um de- terminado profissional, num processo, tem mais funções a ele delegadas, do que outro, que teria a mesma atribuição no desenho da estrutura. Claro, neste contexto, temos o desafio de saber como remunerar, reconhecer, avaliar e premiar os dois profissionais que, embora tendo a mesma desig- nação de cargos, teriam funções diversas. Prova- velmente, por haver uma orientação a processo, estas avaliações teriam de ser feitas conforme o desempenho, responsabilidades e resultados ob- tidos por estes profissionais na obtenção do resul- tado final, aí apreciando o sucesso no exercício da função definida. Este exemplo reforça nossa argumentação de definir, de maneira separada, o cargo e a função. Se em um processo tivermos dois técnicos em farmácia, para, por exemplo, trabalhar na mani- pulação de medicamentos e um destes for o mais 147UNIDADE V hábil, conhecedor de compostos e um gerenciador nato do processo de fabricação, embora tendo o mesmo cargo dos outros colegas, é possível que assuma a função de líder do processo, cabendo aos gestores de pessoas reconhecer este acontecimento e passar a ana- lisar a particularidade de ter este técnico em situação de liderança, num trabalho em estrutura organizacional matricial - repare que um técnico não é superior a outro, na definição de estrutura - para poder aplicar aqui as recomendações de avaliação, premiação e reconhecimento de ambos profissionais. Concluindo este tópico, cumpre, portanto, ressaltar que, ao defi- nir uma estrutura para o trabalho, as designações de cargos, essen- ciais para a definição de “quem irá trabalhar” e “onde irá trabalhar”, devem, também, definir as funções dos trabalhadores, prevendo a possibilidade do exercício de liderança. Ao elaborarmos estas definições, precisas em termos de habi- lidades, competências, procedimentos, formações e desempenho, também relacionamos, portanto, ao que cada trabalhador fará em sua posição na estrutura. Além disso, prevemos ainda como estes se corresponderão, se haverá o exercício de chefia ou não, se haverá preponderância de um trabalhador sobre o outro, por definição ou mesmo por uma situação, em que a liderança possa se efetivar. Esta consideração, de definições que elaboram o perfil do traba- lhador que precisamos, do cargo que ocupará inicialmente, de outros cargos que poderá vir a ocupar (observando seus superiores, chefes e controladores), da estrutura que regula o processo de trabalho e seus objetivos e, por último, até mesmo eventual exercício de lide- rança, define também uma carreira. Esta definição de carreira ilustra exatamente o que cada trabalhador ocupará em termos de cargo, o que fará em termos de função e as posições que ocupará. Progres- sivamente, podemos ter definições associadas a cada posição, como: • jornada de trabalho. • salário direto. • premiações. • reconhecimento. • benefícios. • processo de trabalho formal. • possíveis intervenções. • relações com superiores. • relações com subordinados. • situações emergenciais. • métodos associados de avaliação. 148 Metodologias de Apoio em Gestão de Pessoas Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. Estes itens definem os perfis, os cargos. Associados a eles podemos definir, por fim, um plano de carreira, que irá analisar situações por um conjunto ou todos estes pontos, possibilitando que os trabalha- dores, numa determinada estrutura, tenham o plano de carreiras associado à evolução na própria estrutura organizacional. Assim, ao consolidar todos estes conceitos, verificamos como estes se alinham permitindo a gestão de pessoas na prática. O gestor irá propor e implementar os instrumentos de decisão pertinentes para a prática de todo este processo administrativo, que contempla desde o recrutamento do colaborador, até sua evolução ao posto de líder empresarial. http:// 149 1. Sobre o “desejo” da empresa na formação de um perfil profissional, conforme detalhado na Figura 1, podemos afirmar que (assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F)): )( A empresa possui um desejo profissional que sempre é equivalente ao certi- ficado por uma instituição. )( Cargos técnicos somente são preenchidos por profissionais certificados. )( O desenho do perfil profissional resulta de análise e alinhamento entre desejo empresarial e certificação. Assinalea alternativa correta: a ) V-V-V. b ) V-F-F. c ) F-F-F. d ) F-F-V. e ) V-F-V. 2. Sobre os perfis profissionais enunciados por Buckingham e Clifton (2008), assi- nale o que podemos afirmar: a ) Só os considerados entusiastas devem ser contratados. b ) Os influenciadores são prioritariamente decisores, não devem ser encarregados de negociações. c ) O perfil dos conselheiros é mais indicado para os profissionais que, intuitiva- mente, auxiliam os demais a desenvolverem suas decisões. d ) O perfil “criador” é mais indicado para os que irão executar tarefas em nível operacional. e ) O “vinculador” é profissional indicado para o trabalho interno, nas sedes das empresas. 150 3. Sobre a definição de carreira é correto afirmar que: a ) As carreiras militares não são bons exemplos para análise geral, pois têm con- dições muito rigorosas para acesso. b ) O desenvolvimento de carreiras poderá ocorrer em função de aptidões do trabalhador e das necessidades empresariais. c ) A carreira deve ser discutida com o profissional no primeiro dia de sua entrada na empresa. d ) Uma carreira deve ser modificada com frequência, permitindo autoaprendizado pelo trabalhador. e ) As carreiras são de planejamento exclusivo das empresas e das instituições que as representam. 151 Gestão de Carreiras, as cinco ferramentas essenciais Autor: Heitor Bergamini Editora: Évora Sinopse: livro desenvolvido com o objetivo de permitir às pessoas planejarem estrategicamente a evolução de suas carreiras, com os objetivos definidos por meio do uso das técnicas e ferramentas descritas no texto. LIVRO Sociedade dos poetas mortos Ano: 1990 Sinopse: professor de Língua Inglesa, interpretado pelo ator Robin Williams, utiliza métodos diferentes para o ensino da língua e para motivação de seus alunos, quebrando paradigmas e influenciando em suas formações de vida e carreiras futuras. FILME 152 BRASIL. Marinha. Postos e Graduações. Ministério da Defesa: Marinha do Brasil. Disponível em: <https:// www.marinha.mil.br/content/postos-e-graduacoes.com>. Acesso em: 26 jan. 2018. BUCKINGHAM, M.; CLIFTON, D. O. Descubra seus pontos fortes. São Paulo: Editora Sextante, 2008. CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas: transformando o executivo num excelente gestor de pessoas. Barueri: Ed. Manole, 2015. COSTA, W. S. Gestão de pessoas e desenvolvimento de equipes. Maringá: NEAD - Unicesumar, 2017. OLIVEIRA, J. R. Plano de carreira versus crescimento do indivíduo e eficácia das organizações: o caso do Instituto Batista de Educação de Vitória (ES). Dissertação de mestrado apresentada ao programa da Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: <http:// bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/4109>. Acesso em: 26 jan. 2018. ROBBINS, S. Comportamento Organizacional. São Paulo: Ed. Pearson Prentice Hall, 2005. REFERÊNCIA ONLINE 1Em: <https://endeavor.org.br/plano-de-carreira/>. Acesso em: 26 jan. 2018. 153 1. b) Pois as duas primeiras afirmações são vagas, imprecisas e não podem ser consideradas frequentes para todo o mercado. A terceira é válida. 2. c) Pois as demais não conceituam corretamente os perfis especificados pelos autores a funções ou atua- ções previstas. 3. b) Pois indica que o planejamento de carreiras poderá ocorrer na combinação de aspectos individuais e empresariais / de mercado. 154 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Definir, como gestor de pessoas, as principais caracterís- ticas organizacionais do ambiente de trabalho • Planejar as ações de desenvolvimento e promoção do ambiente de trabalho. • Conhecer e planejar a cultura organizacional em função da cultura setorial para empresas. • Entender como adequar as estruturas e os planos de gestão de pessoas às definições culturais do setor. • Reconhecer a importância de desenvolver as relações interpessoais no contexto do trabalho.Identificar como as organizações podem administrar com eficácia a di- versidade. Compreender o ambiente de trabalho Planos e ações para o ambiente de trabalho Impactos da cultura organizacional nos ambientes de trabalho Desafios contemporâneos na gestão de pessoas Cultura organizacional setorial e empresarial Dr. George Leal Jamil Fatores Culturais na Gestão De Pessoas Compreender o Ambiente de Trabalho Dois temas de contexto, na gestão de pessoas, são diretamente abordados nesta unidade: o ambiente de trabalho (que já estudamos brevemente, e, agora, teremos a oportunidade de mais entendimento e melhor definição) e cultura organizacional. O pri- meiro - ambiente - já será trabalhado neste tópico, o segundo virá a seguir, nos tópicos finais. Caracterizamos o ambiente de trabalho de acor- do com Chiavenato (2015) e Costa (2017), entre tantos outros autores, como sendo o conjunto de elementos, relações, estruturas, regras e processos que determinam todo o contexto onde o trabalho é realizado. Ele pode, também, ser compreendido como um subconjunto do ambiente social onde vivemos, guardando entre ambos, estritas relações. Consideremos os seguintes casos: • Para um profissional que atua em “chão de fábrica”, numa indústria, o ambiente consiste do seu local de trabalho - a instalação fabril propriamente dita - o conjunto de relaciona- mentos com seus superiores, colegas e even- tuais contextos de repercussão do mesmo, tal qual o constituído por clubes, academia de ginástica, centro de treinamento, entre outros, da própria indústria, em que frequenta e in- terage com repercussões para o seu trabalho. 157UNIDADE VI 157UNIDADE IV • Um bombeiro militar, que atua em atividades de risco e manutenção, com atendimento aos cidadãos em situações de incêndios, enchentes, in- cidentes com edificações e terrenos terá como seu ambiente de trabalho o contexto das instalações onde recebe treinamen- tos, aguarda chamadas e, finalmente, a região de campo onde executa suas valiosas tarefas. • Um “teletrabalhador”, que atua remotamente, via escritório conectado pela Internet com a sede de empresas, estende o ambiente de seu trabalho para os aposentos onde está seu escritório remoto, adicionando-o ao escritó- rio central da empresa. É possível, desta última defi- nição, compreender como o contexto do que definimos por ambiente de trabalho vem mudando, nestes últimos anos, como se torna dinâmico, flexível e como as regras de convivência, sociabilidade, treinamentos, de- finições de processos entre ou- tras são submetidas a diferentes situações de mercado real. Dentro destas apresentações iniciais, é importante detalhar os componentes do ambiente de trabalho. Vejamos a seguir: parte crítica da estrutura do trabalho, conforme nos chama a atenção Costa (2017), as relações entre os colegas, entre os níveis hierárquicos - de chefia e subordinação - são elementos do am- biente de trabalho que devem ser observados, prioritariamente, pelo gestor de pessoas. Ao longo deste curso, já abordamos, e ainda abordaremos, ações, posturas, definições conceituais e de processos em que o gestor de pessoas atuará para, por exemplo, definir com mais recomendações posturas de chefes, de gestores e de líderes com seus subordinados. Também o relacionamento entre pares, a imposição de códigos éticos, a definição de padrões e níveis de comunicação respeitosa, formal e informal, de planos, temas de interesse e de convivência, serão alvos de atuação do gestor de pessoas, quando este avalia o valor destes relacionamen- tos para constituir um bom ambiente de trabalho. Relacionamentos interpessoais: as instalações prediais, instrumento cotidiano de uso - mo- bília e instalações de convivência, sanitárias - constituem a imagem principal do ambiente estruturado de trabalho. É comum que organizações invistam em escritório bonito como motivação atrativa para, além de ser a sede de um ambiente organizado de trabalho, promover a atratividade e a motivação entre os trabalhadores. Edificações,estruturas, ambiente físico: 158 Fatores Culturais na Gestão De Pessoas158 Fatores Culturais na Gestão De Pessoas as definições de normas, regulamentações, processos produtivos e de relacionamento com clientes finais e fornecedores prescrevem uma das bases para a de- finição do ambiente de trabalho, traduzindo-se em patamares efetivos para que as atividades gerenciais e operacionais tenham base consistente para realização. Definições de organização do trabalho: é o caso do bombeiro militar, abordado anteriormente, temos o campo de ação do profissional como elemento integrante do ambiente de trabalho. Nesta observação, é possível compreender como estes ambientes, definidos em função do trabalho, devem ser considerados em conjunto. Por exemplo, na impossibilidade de termos um dos ambientes devidamente compreendido, o trabalho no outro sofrerá impactos. Relacionamento com ambientes externos: um componente em crescimento, de relevância, a tecnologia da informação e de comunicação, possibilita aproximar pessoas, contato imediato com acervos gigantescos de in- formação e culturas, porém trazem consigo o potencial desenvolvimento de interrupções, quebras indesejáveis de níveis de estruturação do trabalho e de relaciona- mentos, com impactos ainda em observação pelas organizações. Ver (Jamil, 2004) para análise dos impactos para o teletrabalhador e potencial cons- tituição de um novo ambiente de trabalho. Tecnologia: 159UNIDADE VI Dentre os vários trabalhos já citados e ainda em de- senvolvimento, do gestor de pessoas, com relação a propor e construir bons ambientes de trabalho, po- demos citar, primeiramente, o investimento em todas as definições que promovam um bom relacionamen- to interpessoal. Neste caso, o gestor de pessoas terá grande responsabilidade nas definições de cargos e funções, no relacionamento entre estes e na ade- quação dos perfis de trabalhadores a estas posições. As definições estruturais, assim feitas, permiti- rão, de início, que se estabeleçam regras mínimas de convivência, respeito e comunicação, que sendo executadas com base ética permitirão construir a base do nível desejado de relacionamento. Adicio- nalmente, para todas as estruturações de processos organizacionais, o gestor de pessoas opinará, de ma- neira decidida, se estes são propostos, designados e implementados, mantendo-se a ordenação pre- vista para as políticas e os planos de administração de pessoal. Aqui, por exemplo, o gestor de pessoas poderá auxiliar ao definir, para uma especificação de processos, como o trabalhador que ali atua será avaliado e se os níveis de avaliação poderão condu- zir a alguma premiação ou reconhecimento. Nas definições de estruturas físicas, por exem- plo, o gestor de pessoas poderá prover conheci- mento sobre a definição de comunicação, hierar- quia e interações gerais entre os trabalhadores, num setor ou numa estrutura predial. Em especial, as definições de tecnologia associadas ao trabalho, determinarão ao gestor de pessoas desafio adicio- nal de conhecimento e participação, assegurando que essas tecnologias não sejam apreciadas pelos trabalhadores como ferramentas e técnicas de controle excessivo ou intervenção. Ilustrando as definições apresentadas, alguns estudos de caso da atuação do gestor de pessoas, em situações reais: • Numa empresa de consultoria, em processo de mudança para um novo prédio, uma nova edificação, o gestor de pessoas poderá auxiliar os arquitetos responsáveis pelo desenho, indi- cando as funções que mais executam comuni- cações externas, que mais necessitam de con- tatos telefônicos entre os membros da equipe etc., contribuindo para que estes profissionais em trabalhos mais sujeitos a interrupções e ruídos distanciem-se de outros que precisam de maior nível de tranquilidade para a aten- ção e análise de documentos, por exemplo. • Nas definições de processos organizacionais e de estruturação do trabalho, o gestor de pessoas poderá contribuir com a definição de indicadores a serem acompanhados e de- finição dos níveis aceitáveis, regulamentares e estruturais para a realização das tarefas. Desta forma, por exemplo, ao ser implantada uma nova unidade de atendimento final de clientes por uma operadora de cartões de crédito, o gestor de pessoas poderá recomen- dar um nível mínimo de atendimentos, al- guns limites mínimos e máximos do número de chamadas (incluindo tempos médios de atendimento) para que cada operador atue. • Quando da introdução de uma nova tecnolo- gia, como de sistemas móveis para o trabalho - uma empresa, por exemplo, especifica uma nova plataforma para que seus gestores de contas e atendentes executem seus trabalhos nos clientes-finais, e não mais em escritórios - a adequação do trabalho à legislação, a defi- nição do processo e de indicadores de produ- tividade e de acompanhamento serão alguns dos principais alvos do gestor de pessoas. Jamil (2004) salienta que o ambiente de trabalho também é um contexto cujos interesses estratégi- cos da empresa devem se alinhar a vários outros fatores críticos, tais quais as definições do exercício profissional, situações de mercado e legislação, tornando estas definições uma área de atuação fundamental para o gestor de pessoas. 160 Fatores Culturais na Gestão De Pessoas Diante das definições e motivações apresentadas, é oportuno avaliarmos como o gestor de pes- soas poderá propor planos e ações referentes ao ambiente de trabalho. Numa abordagem inicial, cabe discutir que “planos e ações para o ambiente de trabalho”, referem-se a conjuntos ordenados de objetivos e ações conjuntas, voltadas para pos- sibilitar o sucesso na promoção das melhores condições em que o ambiente de trabalho seja desenvolvido e, posteriormente, sirva à empresa e aos colaboradores para o aumento e melhoria geral de condições de produtividade. Neste tópico, buscaremos abordar as práticas e motivações enunciadas no tópico anterior, discu- tindo oportunidades de planos e ações que possam dali serem derivadas, com o intuito de promover o ambiente de trabalho. É importante, entretanto, ressaltar a conexão do trabalho de gestão de pes- soas com a estratégia empresarial. Este relacio- namento, que promove o chamado alinhamento estratégico - em que buscamos a melhor corres- pondência entre a definição dos trabalhos táticos (é o da gestão de pessoas) com as definições para a estratégia empresarial - determinará que as me- tas e ações referentes ao ambiente de trabalho, no tocante à gestão de pessoas, devem possibilitar o Planos e Ações para o Ambiente de Trabalho 161UNIDADE VI atendimento às especificações de metas, objetivos e ações estratégicas planejadas para a empresa. Trabalharemos um exemplo deste alinha- mento, alcançando as definições de ambiente de trabalho. Suponhamos uma empresa do varejo, comércio de tecidos e vestimentas casuais, com lojas em grandes centros urbanos e shoppings centers numa das regiões do Brasil. Esta rede tem como foco principal de ação o atendimento ao público de idade entre 35 e 45 anos, da classe mé- dia (segundo padrões do IBGE), com trajes para trabalho, lazer e uso doméstico. Diante de oportunidade de mercado, a rede planeja para sua estratégia aumentar o seu port- fólio de oferta, oferecendo trajes de preço mais elevado, indicados para lazer seletivo (festas, co- memorações) ao mesmo público, com o objeti- vo de aumentar suas receitas totais em 20%, no período de 12 meses, na mesma região de oferta principal, aos mesmos clientes-alvo, usando os mesmos pontos de venda e sistema de distribui- ção atuais. Esta é uma determinação estratégica típica que terá impactos no “salão” das lojas, pois os seus vendedores, agora, terão um conjunto am- pliado de produtos a vender, porém com outra abordagem. De que maneira esta meta impacta o ambiente de trabalho? Discutiremos a seguir. Suponha que, atualmente, esta rede tem ven- dedores já treinados para atender àquele público, de maneiraquase padronizada, em função de um estoque, preços e disponibilidades gerais já apreen- didas. A introdução de nova oferta - trajes de maior sofisticação, preço e rentabilidade para a empresa - traz alguma complexidade ao ambiente de trabalho. Há de ser considerado, inicialmente, que um setor das lojas deverá ser equipado com estruturas físicas - armários, araras, iluminação, vestuários etc. - adequados à experiência com os novos tra- jes. Os vendedores deverão ser preparados para a oferta deste valor diferenciado aos clientes, não deixando de lado as ofertas tradicionais. Além destes aspectos de infraestrutura e preparo dos trabalhadores envolvidos, há o aspecto motiva- cional, e os vendedores deverão ser motivados a tratar desta nova oferta como algo também pro- mocional às suas próprias carreiras, completando um cenário de ambiente positivo e produtivo de oferta. Aqui, verificam-se condições básicas da formação de um conjunto de elementos - justa- mente o ambiente, caracterizado por instalações, relacionamentos, processos e motivações dos co- laboradores - em torno de uma oferta estratégica mais qualificada, pretendida pela rede comercial, para seus clientes finais. Pensando desta forma, notamos um alinha- mento entre o que foi pensado, planejado e de- finido na estratégia, o planejamento decorrente para gestão de pessoas e a definição de ambiente de trabalho como apoio indispensável para que o gestor de pessoas possa contribuir com o alcance da meta estratégica e suas orientações definidas. Portanto, serve-nos, neste tópico, para afirmar a você como os planos e ações referentes ao ambien- te de trabalho podem ser aliados importantes da gestão de pessoas e, por decorrência, da estratégia empresarial. Retomando a discussão central do tópico de planos e ações, tomando por base o que se citou no tópico anterior, temos: • para a definição de planos e ações referen- tes ao ambiente de trabalho, deve-se co- nhecer, com detalhes, as especificações dos planos táticos de gestão de pessoas. Daí, relacionar a este plano as questões e pontos favoráveis e necessários para o ambiente de trabalho. • destes planos, ao especificar as questões para o ambiente, o gestor de pessoas deverá atentar para: • aspectos estruturais demandados para mudanças no ambiente físico de trabalho. 162 Fatores Culturais na Gestão De Pessoas • definições de processos e métodos usados e quais as modificações pre- vistas. • avaliação do estado atual (usando métodos de avaliação como os já sugeridos e outros ainda a discutir em nosso curso) de relacionamen- tos, convivência e compartilhamen- to entre os colaboradores. • avaliação das mudanças propostas para o exercício destes relaciona- mentos de grupo. • estabelecimento de procedimentos de avaliação de pessoas e equipes de trabalho no atendimento às novas demandas existentes e especificadas. • após estes levantamentos, realizar ainda a especificação de como as políticas e ações deverão ser levadas a conhecimento dos colaboradores, como os anúncios serão fei- tos e a motivação geral que será trabalhada. • por último, incluir neste processo a sua avaliação total, completa, para compreen- der se está funcionando a contento, ou não, extraindo razões e definições para todos os contextos existentes. Os planos e ações referentes ao ambiente de tra- balho poderão, portanto, ser definidos a partir de um processo, tal qual o citado anteriormente. Assim exemplificamos ações referentes a este pla- nejamento: • avaliar, especificar e aprimorar as estrutu- ras físicas para uso do trabalho presencial e remoto (ver que há tendência, neste mo- mento, para trabalhos em mobilidade e uso de home office, teletrabalho). • definir e aprimorar processos, métodos e especificações técnicas de trabalho para que sejam claras, efetivas, objetivas e respeitem limites, méritos e restrições dos colaboradores. Importante ressaltar a atual tendência do trabalho excessivo, motivado por desordenada inserção de tecnologia (exemplo: comunicações via Whatsapp fora do horário do expediente, que requeiram intervenções imediatas dos trabalhadores). • estabelecer condições, parâmetros e motiva- ções para que o relacionamento entre cola- boradores seja respeitoso, fluente e amistoso. • definir como a hierarquia e demais de- terminações de controle e poder dentro da empresa ocorrem com a observância de todos os itens descritos anteriormente, incluindo os relacionamentos com os ou- tros participantes da cadeia produtiva da empresa - como vendedores, fabricantes de matéria-prima, fornecedores, transpor- tadores, entre outros. • estabelecer condições e métodos mínimos de avaliação do ambiente de trabalho, ob- servando os parâmetros e fatos aqui des- critos, o desempenho e a atuação de todos no sentido de preservar as condições deste ambiente e favorecer sua implementação, seu desenvolvimento subsequente. O ambiente de trabalho, provido por seus planos e suas ações, definidos como alvo de atuação do gestor de pessoas, pode se tornar, desta forma, impulsionador da estratégia empresarial, ultrapas- sando o ponto de ser apenas uma base, chegando mesmo a ajudar no aprimoramento estratégico. 163UNIDADE VI Eventualmente, deparamo-nos com algumas de- clarações referentes a empresas, a setores e às suas ações, como: “Este setor é muito competitivo, muda muito rápido”; “Esta empresa não costuma reter muito os funcionários, há muita rotatividade no quadro de empregados”; “Este setor é conservador, não absorve rapidamente mudanças competitivas”. Estes são sinais evidentes de apreciação de cultura de uma empresa, de um setor ou grupo de pessoas (clientes, colaboradores, associações, sindicatos etc.). No presente tópico, apresentaremos a discus- são referente à cultura organizacional, com o intuito de conceituá-la, visando compreender os seus im- pactos sobre as práticas de gestão de pessoas. A cultura pode ser definida, segundo apresen- tado por Robbins (2015, p. 374), como um “sistema de convicções compartilhado (por participantes do ambiente)”. Uma cultura desenvolve-se de várias formas. Temos, principalmente, considerado o Brasil um dos países de maior abertura às culturas interna- cionais do mundo, em virtude de nosso acolhimento aos migrantes, sendo um contexto multicultural. São pessoas que se mudaram de outras nações e outros locais do mundo para nosso país em busca de melhores condições de vida, trazendo seus hábitos. Europeus, asiáticos, africanos, latino americanos, Cultura Organizacional Setorial e Empresarial 164 Fatores Culturais na Gestão De Pessoas entre tantos (o autor deste livro é de descendência árabe), trouxeram seus hábitos, aqui aprenderam e desenvolveram outros, gerando, em nosso território, um “sistema de convicções compartilhado”. Os reflexos acham-se nas práticas religiosas, na afeição às artes, aos esportes e às comunicações, no exercício profissional, nos relacionamentos, nas tradições (como as próprias celebrações de festividades), entre tantos outros contextos que retratam a formação de cultura e as culturas na- cionais. A diversidade em que sempre temos in- sistido neste texto é um traço que defendemos, é vital para o Brasil e sempre deve ser respeitado e desenvolvido entre nós. Os setores empresariais e as organizações que deles participam - compe- tidores, reguladores, agentes - também definem uma cultura ou subcultura que caracterizará como o setor desenvolverá seus relacionamentos competitivos, sociais e regulamentares. Para Robbins (2015, p. 374), a cultura organi- zacional é “um sistema de valores compartilha- do pelos membros, que diferencia a organização das demais”. É, portanto, uma característica forte, determinante, que descreve uma personalidade organizacional para a empresa ou setor. São sinais evidentes de cultura organizacional: • traços familiares de fundadores, cola- boradores-chave e líderes. Por meio de exemplos, estes personagens fundamen-tais trouxeram características, como as- cendência, costumes, afeição a determi- nados agentes externos - religião, política, ambientes sociais etc. - que influenciam as ações da empresa nos seus planos. • rigor ou outras formas e determinações específicas para os relacionamentos. Por exemplo, as situações opostas de respeito à hierarquia em corporações militares e a típica informalidade em ambientes de trabalho em empresas de tecnologia, mar- keting digital e comunicação. • uso de critérios específicos, em geral infor- mais para decisões, como: opções estraté- gicas de fusões e aquisições, seleção e re- crutamento de funcionários, remuneração, apresentações de resultados, investimentos em outros setores etc. • tentativa frequente ou mesmo rejeição a mudanças - incluindo, aqui, a inovação ou inserção de inovações nos mercados. • adoção de métodos generalizados de ad- ministração, em especial de pessoas, como a montagem de estruturas organizacionais similares (“Todas as empresas do setor têm uma diretoria…”, “É normal as empresas do setor estruturarem-se…”), formas de ges- tão financeira, produção de documentos e demonstrativos etc. Os traços culturais de setores e empresas são, ge- ralmente, difíceis de serem modificados, fáceis de serem encontrados e, ainda com mais frequência, herdados e desenvolvidos de maneira informal, levando o mercado a ter de se adaptar às suas for- mas e normativas existentes, caso se deseje desen- volver negociações e relacionamentos. O relacionamento entre cultura organizacional e gestão de pessoas é rico e bastante amplo, sendo de nosso desejo explorar uma visão introdutória que permita perceber como pode ser desenvolvi- do e tratado, quando do exercício da administra- ção de pessoas em organizações. Em Endeavor (2017, on-line)1, por exemplo, vemos a importância de os novos empresários perceberem e desenvolverem, de início, tra- ços culturais fortes numa empresa, definindo, assim, como esta organização se comportará diante de desafios, relacionamentos, negocia- ções, trocas de poder e demais ações que uma empresa encara durante sua vida competitiva. Ali, notamos que a autora chama a atenção para os fatos positivos e negativos - ou seja, fatos que 165UNIDADE VI motivam e outros que dificultam o relaciona- mento da empresa em seu trabalho - que são advindos de fatores culturais. Torna-se importante também perceber como os fatores e as definições culturais recaem ou são definidos em uma empresa e como estes repercu- tem em todo o setor empresarial. Alguns fatores que relacionam estas definições para todo o setor são abordados a seguir. É interessante perceber, por exemplo, como demonstrado por líderes de setores - de que maneira empresas, como Ford, McDonalds, Banco do Brasil, Telefônica, entre vários outros - que têm comportamentos de li- derança de mercados, mesmo que por períodos definidos - fundamentam aspectos culturais por meio de sinais, como: • métodos de decisão - empresas que inte- ragem com comunidades e/ou com con- selhos de executivos e gestores e/ou com stakeholders (considerados os agentes que são envolvidos ou recebem resulta- dos de decisões de organizações). Assim, quando uma empresa líder defende seus interesses de forma agressiva, é possível que, em virtude de sua imagem no setor, defina também um comportamento a ser adotado por todo o setor, transformando- -se em padrão cultural. • formas de comunicação - uma empresa líder pode, por exemplo, adotar lingua- jar formal, informal, divertido, objetivo, próximo do cliente ou normativo, entre vários outros, ao propor suas peças de comunicação - ou, como é dito, nas suas propagandas. Assim agindo e, novamen- te, pela consideração de sua liderança, a empresa pode (re)definir todo um método de informação e comunicação com agentes, clientes e outros atores do setor, definindo este importante aspecto da cultura, a comunicação. • estruturas organizacionais - típico aspec- to que envolve gestão de pessoas; uma empresa líder pode até mesmo impor padrões organizacionais. Por exemplo, pode-se observar o caso da Toyota, que projetou um novo desenho organizacio- nal de produção, chamado genericamente de “Toyotismo”, baseado no desenho de processos fabris. Ao assumir posições de liderança no mercado automotivo inter- nacional, a Toyota terminou por definir um padrão que foi adotado total ou par- cialmente por vários outros fabricantes, para produção e entrega de automóveis e no projeto de suas redes de distribuição, impactando toda a gestão empresarial. • formas gerais de gestão de pessoas - por exemplo, nas decisões de formação de planos de cargos e carreiras, formas de treinamento, desenvolvimento e preen- chimento de cargos funcionais e geren- ciais, remuneração, contratação e valo- rização profissional, as empresas líderes em um ou outro aspecto competitivo, definir fundamentos a serem praticados pelas demais, constituindo-se em padrões culturais para todo o setor. Note que esta é apenas uma forma de relacionar a cultura às empresas. A história da humanida- de relaciona organizações - governos, empresas, instituições de ensino, gestores, instituições de pesquisa, entre outros - à formação cultural empreendedora e competitiva ao longo do tem- po. Aqui, nossa observação detém-se, diante de todo este espectro imenso, a analisar de que forma as organizações empresariais podem propor e definir alguns dos principais aspec- tos culturais. Adiante, relacionaremos a cultura organizacional aos processos e formas internas de atuar nas empresas. 166 Fatores Culturais na Gestão De Pessoas Estudamos, nas unidades passadas, o que chamamos de ambiente de trabalho. Definimos como o ambien- te é composto por vários elementos organizacionais que envolvem o relacionamento, os regulamentos, os processos, a gestão de pessoas, as forças internas e externas que resultam em todas as condições previs- tas para que profissionais executem suas tarefas com sucesso. O ambiente de trabalho, por decorrência, torna-se um item a ser tratado, aprimorado e gerido, principalmente, pelos gestores de pessoas. Na definição inicial, bem como no trabalho cotidiano, podemos perceber como o ambiente de trabalho relaciona-se com a cultura interna e setorial, ou seja, recebendo pressões de den- tro da empresa - dos desejos, relacionamentos, processos e dinâmicas internas - assim como das pressões externas - das leis, reações de clientes, competidores, fornecedores e demais elementos da cadeia de valor agregado empresarial e ainda de legisladores, agentes econômicos e reguladores. Este é, portanto, um relacionamento produtivo, necessário e indispensável de ser percebido pelos gestores de pessoas, uma vez que resulta e modela de que forma a gestão pode ocorrer efetivamente. Impactos da Cultura Organizacional nos Ambientes de Trabalho 167UNIDADE VI De acordo com os estudos já feitos sobre cultu- ra e sobre ambiente de trabalho, desenvolveremos, a seguir, alguns cenários deste relacionamento, buscando inserir este tópico em sua formação de gestor de pessoas. Uma cultura setorial que impacte a orientação por processos, tal qual a vista no caso da Toyota e, por fim, no setor automotivo, como um todo, traz inegáveis definições para serem tratadas na formação de um ambiente de trabalho. Neste caso, pensemos em como, geralmente, trabalhadores de áreas operacional e gerencial devem começar a perceber seus trabalhos como parte ou totalidade de processos. Portanto, seu objetivo, como traba- lhador, a partir deste momento, é o de executar uma função em um processo integrado. Devido às dinâmicas dos setores, em especial no caso auto- motivo (mas se percebendo também setores como financeiro, de saúde, de construção, entre outros), os processos tornaram-se dinâmicos, flexíveis, in- tegrados - eventualmente, envolvendo organiza- ções de terceiros, mesmo que temporariamente. Assim pensando, nosso ambiente de trabalho, por forçade uma mudança cultural proposta na liderança setorial, tem uma repercussão impor- tante, ao impor que pensemos em nossas ações como trabalhadores, sendo partes de processos, e não como funções isoladas ou apenas atividades operacionais restritas. Esta integração fará com que bons profissionais, inevitavelmente, tenham excelente percepção do que é o processo integra- do como um todo. Os impactos em termos de formação, educação e treinamento são imediatos. Em outro contexto, o ambiente de trabalho pode ser impactado pela cultura setorial, ou mes- mo pela cultura organizacional, quando lidamos com estruturas pré-definidas ou hábitos em sua definição. Encontramos exemplos deste tipo de fato em organizações que são de cunho religioso ou baseadas em instituições de classe. São exem- plos: instituições de saúde de ordem religiosa, instituições educacionais também de ordem re- ligiosa, as mesmas instituições de origem militar ou, ainda, que têm por base organizações profis- sionais, como as do judiciário, setor de segurança, de engenharia, de medicina, entre outras. Num hospital apoiado por instituições religio- sas é possível encontrar funções que prescrevem amparo no auxílio e no atendimento a pacientes que se baseiam em fundamentos do exercício da- quela religião. Em organizações militares, como em nossos centros de excelência de ensino, oriundos de nossas forças armadas, encontramos alguns fundamentos da hierarquia das corporações que, conforme já discutimos, podem ser relevadas para a motivação de definições estruturais e de coman- do organizacionais. Portanto, nestes casos, vemos que fatores e aspectos culturais externos, definidos previamente pelos hábitos, códigos e princípios das organizações e corporações que originaram as em- presas podem definir estruturas organizacionais e, com isso, também os fatores de mobilidade, hie- rarquia, comando e delegações nestas estruturas. Ainda analisando o ambiente de trabalho, as regras de convivência e comunicação empresa- riais, definidas por normas ou, simplesmente, pelos hábitos, também podem ser influenciadas pelos fatores de cultura organizacional. Avalian- do possibilidades de tal ocorrência, vemos as or- ganizações que aplicam com rigor as normas e recomendações da gestão de projetos. Elas pres- crevem mesmo a certificação profissional e or- ganizacional, determinando e alinhando regras, aconselhamentos e princípios de comportamento profissional aos gestores de projetos. Numa em- presa de engenharia, que aderiu rigorosamente a estes métodos, observando sua qualificação de mercado - uma vez que as certificações são fato- res mercadológicos muito competitivos - pode-se verificar o estrito cumprimento de métodos de comunicação, delegação de trabalhos e tomadas de decisão que são definidas e implementadas de 168 Fatores Culturais na Gestão De Pessoas acordo com as prescrições de órgãos, tal qual o Project Management Institute - PMI - que é o principal ator em determinações de como estruturar a moderna gestão de projetos. Por último, é importante notar que descrevemos situações em que a cultura setorial foi necessária para as definições de ambiente organizacional, foi como uma “força de fora para dentro”, cultu- ralmente, definindo aspectos fundamentais para que as empresas atuem, definam como trabalhar suas regras de convivência e deci- sões. Isso funciona para o planejamento estratégico, para os planos táticos, para o desenvolvimento de pessoas e gestão de carreiras, definindo alinhamentos básicos para a gestão de pessoas, como estamos estudando neste curso. É importante notar que as próprias organizações - empresas - têm sua história, suas bases, seus fun- damentos e seus princípios, muitos desenvolvidos por décadas de atuações, pioneirismo e posições sociais bem definidas, algumas marcantes na história do empreendedorismo. Conforme discutimos anteriormente, na formação de lideran- ças, focamos a personalidade de alguns líderes empresariais que se situaram como conservadores ou modernos, desbravadores ou defensores, tiveram posições sociais, políticas e institucionais evi- dentes, assumindo riscos nestes posicionamentos. Nestes contextos, a própria história destes líderes, de seu exercício de liderança e do histórico organizacional forma a cultura que, afinal, também impactará o ambiente. Um espírito de liderança, com atribuições culturais, poderá gerar a cultura de empreender com fundamentos de responsabilidade social. São casos evidentes, nos dias de hoje, das organizações que combatem ameaças à sustentabilidade, que se postam a favor de causas políticas, como a defesa da democracia nas ações de inclusão social e assim por diante. Estes aspectos cul- turais, muitos deles altamente desejáveis, alinham o pensamento da empresa, interferem, decisivamente, na formação dos fundamentos do ambiente de negócios, do ambiente organizacional. Em todos os casos e em mais outros em que possamos relacionar a cultura setorial e organizacional vemos como estes dois conceitos são relevantes e podem se relacionar. Estas são algumas das várias situações, conforme dissemos no início deste tópico, que relacionam estes dois amplos contextos: cultura e ambiente organizacionais. Seus impactos isolados, seu relacionamento, os planos e as ações que podem decorrer tornam-se um desafio adicional para o gestor de pessoas em avaliar como ocorrem e como podem ser formados, dinamicamente, no desenvolvimento de empresas e dos mercados em que atuam. 169UNIDADE VI Neste ponto do curso, observamos várias ques- tões a serem avaliadas pelo gestor de pessoas para propor e executar uma moderna gestão de pessoas. Vemos a seleção e o recrutamento, a in- serção de novas tecnologias para organização do trabalho, as eventuais falhas no desconhecimento dos fundamentos de estratégia e planejamento estratégico, os desafios na formação de carreiras e de apresentação de lideranças que possam con- duzir planos e funções de planejamento. Adicio- nalmente, deparamo-nos com o relacionamento intrincado de cultura e ambiente organizacionais. Consideramos importante promover uma mera parada, um ponto de reflexão simples, para encerrar esta unidade, que consolidou, juntamen- te com o que vimos nas anteriores, um conjunto expressivo de princípios, casos e aspectos com os quais o gestor de pessoas deve se deparar frequen- temente e que consolidarão suas formas de agir e desenvolver sua própria carreira. Em um desenvolvimento que é fundamental, colocamos, aqui, algumas reflexões e questões que enquadram a moderna gestão de pessoas. Inicie- mos por algumas breves reflexões de formação: Desafios Contemporâneos na Gestão de Pessoas 170 Fatores Culturais na Gestão De Pessoas O gestor de pessoas pode ser um profissional for- mado em área específica, tais quais habilitação em Administração, Gestão ou mesmo em áreas espe- cíficas, como Direito, Engenharia, Medicina, entre muitas outras, acompanhadas de uma pós-graduação relacionada ao tema, que permitiria sua evolução; A gestão de pessoas é área de base científica, porém com crescimento constante e de aprendizado permanente; A área é constantemente relacionada a atuações pro- fissionais, situações culturais e fatores regionais que determinam sua prática e evolução; Exercício ético, definido e fundamentado, sem recorrer a improvisações ou critérios não regulados por acor- dos com as organizações e os códigos legais existentes. A moderna gestão de pessoas 171UNIDADE VI A moderna gestão de pessoas proporciona desa- fios ao gestor, como: • avaliar o histórico do tema, uma vez que as bases históricas e científicas ainda são usadas para formação profissional, práticas éticas e definições gerais dos princípios de gestão. • avaliar contribuições multidisciplinares, de outros campos científicos, como a Psicologia, a Administração, a Economia, as Ciências comportamentais e dos campos específicos de cada área de exercício profissional. • compreendercomo a tecnologia modifi- ca o exercício de determinadas funções, estabelece atribuições diversificadas, pos- sibilita a realização de trabalhos de formas diferentes e estruturação variada de pro- cessos e formas de controle. • valorizar aspectos diferenciados no uso de meios de comunicação e interação internos com os demais colegas e com os ambientes externos, com clientes, fornecedores e ou- tros agentes (por exemplo, as habilidades e possibilidades de uso de mídias sociais e comunicação de base tecnológica). • entender novas formas de premiação, re- muneração e reconhecimento que definam bases competitivas, metas coerentemente agressivas, mas que mantenham rigorosa observância à ética. • formar, propor e implementar novos mo- delos de negócios, principalmente, nas mo- dernas startups e nos novos empreendi- mentos, que podem determinar mudanças significativas nas formações organizacio- nais e nos relacionamentos com investido- res e cadeias produtivas. • acompanhar o dinamismo dos movi- mentos sociais, legais e empresariais, que impactam na manutenção, revisão e re- formulação de leis e códigos de exercício profissional, no momento em que nosso legislativo estuda e avalia modificações na legislação trabalhista. A gestão de pessoas, função crítica e estratégica nas empresas, contempla, portanto, aspectos tradicionais e aprendizado constante, inserção de novas tecnologias, formas de gerir, por vezes em setores tradicionais, a formação de novos profissionais e formas de atuar, mesmo para profissões clássicas. Estas aparentes confron- tações devem ser observadas pelo gestor de pessoas não como motivos de mera compli- cação, mas como desafios que retratam de que maneira sua profissão e atuação são importan- tes, não apenas em um momento da empresa, mas para seu direcionamento de futuro, sendo, assim, realmente estratégico. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 172 1. Podemos caracterizar melhor a atividade do teletrabalhador como: a) Atuação distante de um escritório sede, para onde este trabalhador sempre se dirige quando necessário. b) Atividade que depende de conexão com a rede de computadores da empresa. c) Atuação de um trabalhador em sua casa. d) Atuação de um trabalhador fora da sede da empresa, conectado via tecnologia e na definição de processos da empresa. e) Um trabalhador que se ausenta com frequência do ambiente de trabalho. 2. São ações necessárias do gestor de projetos, como contribuições para os planos referentes ao ambiente de trabalho. Leia as afirmativas seguintes e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): )( Definir e aprimorar os processos empresariais, trazendo melhor gerenciamento e mais previsibilidade nas ações dos colaboradores. )( Especificar corretamente a estrutura organizacional, definindo atribuições e delegações. )( Deslocar frequentemente os trabalhadores para áreas-fim da empresa, para aumentar o conhecimento do trabalho. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a) V - V - F. b) V - F - F. c) F - F - F. d) F - V - V. e) V - F - V. 173 3. Sobre o relacionamento entre a cultura organizacional e o ambiente de trabalho, podemos afirmar que: I) A estrutura organizacional é resultado da cultura organizacional. II) Há possibilidade de influência da cultura organizacional no ambiente de trabalho. III) O ambiente de trabalho não poderá impactar uma cultura organizacional. IV) A formação de líderes não é um fenômeno ligado à cultura nem ao ambiente de trabalho. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Apenas II e IV estão corretas. 174 O ambiente de trabalho 2020: como as empresas inovadoras atraem, de- senvolvem e mantêm os funcionários nos dias de hoje Autor: Jeane Meister e Karie Willyerd Editora: Alta Books Sinopse: texto que discute como serão constituídos os futuros ambientes de trabalho, em condições imersas de tecnologia e inovações em mercados com- petitivos. LIVRO 175 AMÉRICO, B. F., CARNIEL, F.; FANTINEL, L. D. A noção de cultura nos estudos contemporâneos de Apren- dizagem Organizacional no Brasil: desvendando a rede com o uso da inscrição literária. Revista EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, jan./mar. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex- t&pid=S1679-39512017000100003&lang=pt>. Acesso em: 26 jan. 2018. CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas: transformando o executivo num excelente gestor de pessoas. cap. 3. Barueri: Ed. Manole, 2015. COSTA, W. S. Gestão de pessoas e desenvolvimento de equipes. Maringá: Unicesumar, 2017. JAMIL, A. C. C. O teletrabalho e a significação do espaço na constituição da competência e gestão da carga de trabalho: um estudo das interações na atividade dos analistas de dossiês de processos habitacionais numa instituição bancária. 2004. (Dissertação) - Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004. MUZZIO, H. Indivíduo, Liderança e Cultura: Evidências de uma gestão da criatividade. Revista de Admi- nistração Contemporânea. Curitiba, v. 21, n. 1, jan./fev. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552017000100107&lang=pt>. Acesso em: 26 jan. 2018. ROBBINS, S. Comportamento Organizacional. p. 374, 11. ed. São Paulo: Ed. Pearson Prentice Hall, 2005. cap. 15, 16 e 17. Disponível em: <http://www.academia.edu/29131959/Livro_comportamento_organizacional_ste- phen_p._robbins>. Acesso em: 26 jan. 2018. REFERÊNCIA ON-LINE 1Em: <https://endeavor.org.br/importancia-cultura-organizacional-para-empresa/>. Acesso em: 26 jan. 2018. 176 1. d) Em que se apresenta o teletrabalhador como sendo um agente integrado via tecnologia e processos da empresa, porém sem a necessidade da proximidade física. 2. a) Pois as duas primeiras opções - aprimoramento de processos e da estrutura organizacional - são funções do gestor de pessoas, sendo que a última afirmação pode até fazer menção a uma tática válida, mas não pode ser tomada como definição completa, frequente. 3. a) Onde a primeira e a segunda afirmações estão corretas, sendo que as duas últimas apresentam-se incom- pletas, incorretas. 177 178 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Definir, planejar, estruturar e desenvolver as estruturas de grupos de trabalho e equipes, formando a estrutura organizacional. • Como planejar e preparar equipes de trabalho para res- postas às demandas das empresas. • Definir métodos e ações de gerenciamento, reconhecimen- to de sucessos e premiações para equipes de trabalho. • Definir formas de avaliação e premiação de equipes de trabalho. • Definir e planejar o uso de teletrabalho, trabalhadores móveis e em equipes em rede, formação de equipes de comprometimento objetivo. Grupos de trabalho, equipes e estruturas organizacionais Preparação de equipes de trabalho para alta performance Avaliar e premiar as equipes de trabalho Tendências no trabalho em equipe Gerenciar equipes de trabalho: remunerar e liderar Dr. George Leal Jamil Gerenciando Equipes de Pessoas Grupos de Trabalho, Equipes e Estruturas Organizacionais Uma das características fortes da gestão de pes- soas dos nossos tempos é o incentivo ao traba- lho em grupos, em equipes. Busca-se não só a organização, mas a união de colaboradores em times que alcancem os mesmos objetivos de alta performance, de resultados acima da média e do simples desempenho acumulado. Novas tecnolo- gias, estruturas, propostas de edificações e mesmo mobiliário e infraestrutura têm sido propostas para possibilitar que essas equipes se formem, atuem e ofertem seus trabalhos no mercado. Esta unidade tem por objetivo avaliar como a gestão de pessoas aborda o tema das equipes e grupos responsivos de trabalho. Dentreos temas, veremos as implicações gerenciais, de avaliação, premiação, remuneração, liderança bem como apreciar os potenciais desenvolvimentos desses trabalhos em equipe, nos modernos arranjos em- presariais e de base tecnológica. Iniciamos, como de hábito, pelas definições conceituais, pela abordagem de base, onde se discute o que são os grupos e equipes de tra- balho, para que, posteriormente, avaliemos suas perspectivas de gestão. Avaliamos, das citações pesquisadas por Costa (2017), as seguintes bases para definir grupos de trabalho: 181UNIDADE VII • são formações de pessoas em um ambiente comum de trabalho; • essas pessoas guardam, entre si, objetivos de trabalho compreendidos de maneira coletiva e pessoal; • as pessoas produzem relacionamentos que vão desde as comunicações e intervenções até mesmo o controle; • há nítida tendência de influenciarem-se uns aos outros. Um fato intrigante, já nessas definições iniciais e nas nossas percepções do cotidiano empresarial, é como esses grupos se formam, e se arranjam. Tal definição é importante, inclusive, para per- ceber como comporão, junto às estruturas orga- nizacionais empresariais, tema que estudamos anteriormente e que, agora, serve como base de implementação dos grupos de trabalho. Uma alternativa que aparece de imediato é a formação de grupos por meio do controle de- liberado da empresa, ou seja, na definição da estrutura organizacional, os dirigentes e contro- ladores impõem um detalhamento de um grupo que irá, por exemplo: • atuar numa tarefa funcional, como um grupo de operadores, de vendedores, de profissionais de tarefas administrativas, de projeto, de gestão tática - financeira, contábil, de suprimentos, tecnologia da informação etc; • atuar numa oportunidade de mercado, como os profissionais que integram uma nova filial corporativa, um setor de aten- dimento a um novo mercado ou dedicado a um novo produto ou tecnologia; • executar uma tarefa temporária, como produzir e executar um grande evento de entretenimento, tal qual um show, uma exposição, um congresso ou apresenta- ções ao ar livre. É interessante notar, nesta última definição, que inserimos um fator novo: o grupo pode ser tem- porário, existindo por um objetivo específico - as- sim que alcançado, o grupo é considerado desfeito por uma ordenação dos dirigentes - ou por um prazo determinado pela estratégia da empresa. Numa alternativa, o grupo poderá ter existência por prazo indeterminado, ou seja, não tem sua função e seus objetivos determinados por um prazo, mas por outras questões, como as das de- finições de estruturas organizacionais. Retomando a discussão sobre as motivações de formação de grupos, uma organização deve, também, perceber que estes podem se formar por interesses específicos de seus agentes de negócios tanto interna quanto externamente, por exemplo: • profissionais que se oferecem como volun- tários para realizar uma tarefa determina- da, como algo de causa social - militares que assistirão, por sua decisão, a cidadãos em condições sociais de risco, num exem- plo de “ação social” coordenada; • profissionais que se auto-organizam para realizar um treinamento interno, em fun- ção de oportunidade interna ou externa de realizar trabalhos; • colaboradores de uma empresa que profes- sam uma determinada religião, reúnem-se em horários de folga do serviço para reali- zar cultos e relacionamentos ligados à sua fé; • clientes da empresa ou assinantes de servi- ços que se reúnem para representar, junto à empresa, seus interesses e contribuir para a melhoria contínua dos serviços. Como nos salientam Chiavenato (2015) e Costa (2017), os grupos regulados, formados por deli- beração empresarial, devem ter regras, controles e objetivos determinados para seu exercício e re- gulação. Algumas das características descritivas dos grupos, esperadas nas suas definições são: 182 Gerenciando Equipes de Pessoas Já nos grupos autoformados, a empresa deve per- ceber como são estruturados e, aí, num processo inverso, advindo dessa compreensão, elaborar a definição dos controles e parâmetros de sua in- teração junto à organização da própria empresa. Costa (2017, p. 201) apresenta-nos uma frase in- teressante, em que discute essa relação entre gru- pos formais e informais quando nos diz: “Perceba que, quando o coletivo se torna grupo, é possível identificar o objetivo comum, a influência mútua e as metas compartilhadas”. Ou seja, a percepção instrui uma existência, a adesão a grupos. Em adição ao que aqui discutimos, Robbins (2005) conceitua os grupos formais como sendo aqueles comandados pela empresa, que recebem designações de nomes de unidades funcionais, como: • Controladoria. • Divisão de treinamento corporativo. • Diretoria Financeira. E os informais são apresentados pelo autor, sob algumas definições, como “grupos de interesses”, “de amizades” e “de interações”. Robbins (2005) res- salta que todos esses tipos são importantes na vida organizacional, bem como não há uma razão es- pecífica para que pessoas se agrupem organizacio- nalmente, conceituando motivos, como percepção de status, segurança coletiva, busca e definição de autoestima, oportunidade de definição e exercício de poder e alcance de metas específicas. Esse mesmo autor apresenta-nos o desenvolvi- mento de grupos em progressão na seguinte ordem: “formação dos grupos”, pela adesão dos participantes; “tormenta”, quando a motivação coletiva se acumula; “normalização”, quando regras explícitas e/ou im- plícitas são produzidas para a convivência e ajuste do grupo; “desempenho”, que indica a vida útil, o trabalho continuado do grupo e, finalmente, a “in- terrupção”, quando o grupo encerra suas atividades. Perfil dos colaboradores, gestores. Formas de comunicação. Relacionamentos formais entre colaboradores e gestores. Regras de convivência - no mí- nimo, não impondo restrições comportamentais, mas definindo modalidades de relacionamentos. Interação com os trabalhos de planejamento empresarial - como a definição de indicadores e a for- ma de reportar os níveis de pro- dução para o acompanhamento. Em especial, os indicadores refe- rentes a custos e tempos associados com o trabalho do grupo. 183UNIDADE VII O relacionamento dos grupos com uma es- trutura pode se dar também de várias formas, seguindo os conceitos e definições que expuse- mos anteriormente. A primeira forma, como dissemos, mais evidente, é a de definição de um grupo para que realize uma tarefa ou produção dentro da delegação prevista numa estrutura or- ganizacional. Um caso exemplo pode ser defini- do quando temos a necessidade de compor uma equipe de testes de software, numa empresa que desenvolve aplicativos para processamento em smartphones - aqui, a definição surge da função esperada; esse grupo tem uma delegação já pre- vista, inserida na estrutura organizacional da empresa com o detalhamento específico e, daí, perfis e regras são definidos, como já estudamos. Outra situação ocorre quando a estrutura or- ganizacional da empresa é montada de maneira reativa, de acordo com um esforço ou ação de mer- cado. Um exemplo pode ser apresentado tomando por base uma empresa de comércio eletrônico de roupas, que verifica grande demanda por seus ar- tigos e entregas numa região que é coberta apenas pela sua ação virtual, pelo acionamento via site web ou aplicativos. Ao perceber essa situação, essa em- presa poderá decidir operar também presencial- mente, com uma loja física na região em análise, daí define uma equipe e as formas de trabalho, em reação aos eventos de mercado, montando, assim, um grupo específico para realização desse trabalho e ocupação dessa frente. Um último exemplo ilustra como um grupo surgido, internamente, na empresa poderá atuar em uma oportunidade, promovendo uma reestru- turação organizacional, uma mudança na estru- tura empresarial. Numa rede de supermercados, por exemplo, o gestor de uma das principais lo-jas, associa-se aos seus colegas para iniciativas de atendimento a consumidores de um segmento es- pecífico, como os da melhor idade. Se bem-suce- dida e percebida pelos gestores empresariais, essa associação produzirá resultados que pode levar à formação de um grupo de trabalho, envolver esses profissionais para que processos similares sejam implementados em outras unidades da empresa, tornando-se, até mesmo, uma nova política em- presarial da rede comercial como um todo. De maneira geral, a formação de grupos poten- cializará-nos à criação de equipes. Denominamos equipes os grupos quando já estruturados, amadure- cidos, com técnicas de gestão conhecidas, parâmetros bem identificados para processos, como admissão de novos colaboradores, saída de colaboradores, remu- neração, avaliações, premiação e reconhecimento, além do seu possível encaixe aos demais grupos e equipes da empresa, nas estruturas organizacionais. Podemos entender, portanto, as equipes como uma evolução natural dos grupos. Assim que há o amadurecimento, a evolução e a melhor definição profissional dos grupos, tornando-se órgãos fortes e definidos dentro das estruturas organizacionais, temos as equipes de trabalho. Claro, também as equipes podem surgir em função de demandas es- peciais, terem períodos intensivos, curtos ou mais longos de trabalho, atuar por metas e objetivos mais ou menos detalhados e pertencer a um ou outro arranjo, umaestrutura organizacional. A prática das equipes é o objetivo do estudo na sequência. 184 Gerenciando Equipes de Pessoas A demanda por maiores índices de performance, geralmente referidas nos mercados atuais, advém de fatos ligados às competitivas formas de for- mação e atuação das empresas, na atualidade. Há vários fatores que discutimos já na abertura deste tópico, que determinam a necessidade de alta per- formance de colaboradores. Aqui, exploraremos, na sequência, os fatores que demandam estes ele- vados índices de desempenho, suas principais fon- tes de obtenção e desenvolvimento e as implica- ções para a gestão empreendedora, na atualidade. Pode-se chamar a atenção para várias formas de trabalhar, atualmente, que determinam a ne- cessidade premente das organizações em esta- belecer elevados índices de performance. Entre as provocações e fontes para se obterem tais índices, podemos citar: • A velocidade de responder a eventos de mercado, como: • organização dos consumidores em fun- ção de interesses particulares, que evo- luem para demandas de grupo - por exemplo, associados, informalmente, via redes sociais corporativas ou abertas, sis- temas de comunicação instantânea, ser- viços de trocas de mensagens etc; Preparação de Equipes de Trabalho para Alta Performance 185UNIDADE VII • disponibilidade abrangente de tecnolo- gia, trazendo consumidores e curiosos para o âmbito de relacionamento das empresas com muita facilidade; • difusão dos comportamentos imediatis- tas, por parte de profissionais da rede de valor agregado e consumidores finais; • necessidade de posicionar inovações de mercado confiáveis e de imagem aliada aos objetivos das empresas. • Planejamentos estratégicos de altas de- mandas. • Flexibilidade no posicionamento de valor agregado para consumidores, em função de competição agressiva. • Integração de redes flexíveis de empresas, adaptando-se às realidades de mercado e reagindo a eventos, como os descritos an- teriormente. • Inserção agressiva e radical de tecnologia da informação nas negociações com clientes, como o uso de Big Data, Serviços de comér- cio eletrônico móveis, entre vários outros. Poucas vezes, na história recente do empreende- dorismo, as empresas viram-se com demanda tão elevada para apresentar novas soluções e novos po- sicionamentos, ou seja, conseguir e demonstrar as chamadas performances elevadas, da parte de seus colaboradores. Contudo, em que consiste uma alta performance? Não defendemos, aqui, que seja simplesmente a obtenção de valores resultantes de maior nível para os mesmos indicadores usados anteriormente para a administração do trabalho, principalmente para a avaliação dos resultados. Há, também, a introdução de novos indicadores, alinhados aos novos ambientes de mercado e às novas formas de competir. Antes de abordar estes dois itens, em composição, cabe discutir um, em especial: a produtividade. Considerando-se, isoladamente, a produtivi- dade é conceituada como a mensuração de um indicador de produção dividido por uma unidade de tempo. Assim, fatos como: • Número de atendimentos a pacientes por dia ou por semana - mensuração de produtividade, por exemplo, na área de saúde. • Número de peças produzidas, sem rejeição, por hora. • Volume de água potável liberada para con- sumo por dia. São noções simples de produtividade, contudo, que precisam ser um pouco mais discutidas. Do BUSINESS DICTIONARY (2017, on-line)1, vemos que a produtividade pode ser concei- tuada como: Produtividade é calculada pela divisão do núme- ro de resultados de produções num período pelo volume total de custos dos recursos usados para essa produção. Portanto, pensando em alta performance, pode- mos também relacionar à alta produtividade e, assim, provocar a compreensão sobre como os custos podem ser reduzidos e, em contrapartida, aumentar a produção efetiva. É importante dizer que tal conceito deve ser pensado neste momento em que a computação cognitiva e os aprendizados de máquina começam a ser mais intensivamente ofertados por empresas de serviços, alguns, até mesmo, iniciando ameaças de redesenho de car- reiras e redefinição profissional. 186 Gerenciando Equipes de Pessoas Esta noção de produtividade apresenta como os modernos ambientes de negócios poderão demandar mais rapidez, precisão e baixos cus- tos para a resolução de problemas, tomadas de decisão e implementação de planos, resultando em situações de alta performance empresarial. Retomando a análise dos dois fundamentos – a obtenção de valores elevados para os indi- cadores já conhecidos e a aplicação de novos indicadores – podemos exemplificar o que sejam estes altos índices, em que, por sua vez, definire- mos a “alta performance” no trabalho: A computação cognitiva é uma proposta de tecno- logia que visa criar e armazenar formas de conhe- cimento, usando redes e capacidades computa- cionais, permitindo que essas redes tecnológicas sejam aplicadas na solução de problemas mais complexos. Para saber mais, acesse o link disponí- vel em: <https://www.ibm.com/developerworks/ community/blogs/tlcbr/entry/mp270?lang=en>. Fonte: o autor. Relação elevada de produtividade, ou seja, de produção pelos cus- tos dos recursos usados. Por exemplo, um ambiente automatiza- do, onde há maior número de peças para carros sendo produzidas, com menor custo apurado por não usar operadores humanos, é, potencialmente, uma situação de maior produtividade. Menor incidência de erros num ambiente de serviços ou in- dústria, levando ao êxito na realização de trabalhos. Por exem- plo, ao aplicar-se um sistema inteligente de pré-diagnóstico de pacientes, levando a uma instalação de saúde a predispor-se ao atendimento antes da chegada do paciente às instalações, preparando-se com antecipação. Menor índice de perdas no uso de materiais, pelo preparo e qualidade dos materiais usados. Pode ocorrer, por exemplo, na aplicação de novos materiais à base de nanotecnologia, para químicos e em construção pesada. Maior flexibilidade do trabalhador, ao poder se integrar a equi- pes de trabalho diferentes, como professores de disciplinas-con- ceito em instituições de ensino, em que o professor é mais um motivador, e o aluno tem, entre suas atribuições, de gerenciar o seu próprio método de aprendizado. 187UNIDADE VII São situações, entre muitas a serem citadas, que ilustram como os novos ambientes de trabalho e competição setorial implicam dinâmicas diver- sas, exigindo trabalhadores com mais preparo em áreas, até o momento,não completamente discutidas ou delimitadas, com alta inserção de tecnologia e com a consequente eliminação de postos ou configurações de trabalho. Torna-se importante avaliar que tais novos cenários geram, potencialmente, novas requisições para que o gestor de pessoas atue - são novos indi- cadores, potenciais conflitos, divergências, vanta- gens a serem obtidas, relacionamentos e imposição de um novo ambiente de trabalho. A seguir, algu- mas análises desses fatores e suas repercussões. Uma das questões, nos ambientes de alta perfor- mance, a impor sobre a gestão de pessoas, é avaliar se o ambiente - efetivamente - permanece interessante, motivador e oportuno para os colaboradores. Nas unidades anteriores, quando estudamos os funda- mentos do ambiente de trabalho e da formação de culturas setoriais, verificamos que a composição de vários aspectos resulta na proposição e realidade de um ambiente de trabalho. Cabe ao gestor de pessoas avaliar se, na busca da obtenção de novos valores mais agressivos dos indicadores de produtividade, não se perdem tais condições para que o ambiente de trabalho permaneça de agrado e realização para os colaboradores, se as bases que estudamos não são sacrificadas por uma iniciativa de obterem-se, em progressão, novos valores de desempenho. Adicionalmente, há perceptíveis implicações nos ambientes de trabalho pela inserção da au- tomação e de tecnologias, que levam a obter os expressivos resultados de ampliação de competi- tividade e performance. Um dos mais complexos problemas a serem considerados é a completa re- definição de tarefas de trabalho. No caso, pode-se analisar dois casos de automação: • trabalhadores em tarefas finais de linhas de produção; • “caixas” de agências bancárias. Por um lado, consideradas tarefas predominan- temente repetitivas, portanto, com algum grau de possibilidade de adequação a algoritmos e à lógica de trabalho, permite que os processos sejam construídos e, posteriormente, imple- mentados em sistemas automáticos que, ao fi- nal, podem substituir os operadores humanos. Se, por um lado, oferecem oportunidade ao trabalhador para se capacitar a funções mais elaboradas, que poderão surgir neste novo ambiente, por outro lado eliminam as funções operacionais pela introdução da automação. Os eventos que presenciamos com frequên- cia mostram como essas ondas de substituição são incessantes e efetivas. Qualquer um que tenha usado serviços ou percebido a evolução da indústria, nos últimos anos, presenciou a descontinuidade de posições de trabalho em tarefas repetitivas. Atualmente, encaramos novas tendências, como a da robotização, representada, entre outras várias situações, pelos “chatbots” - sistemas de atendimento automático que ten- dem a substituir tarefas finais e repetitivas, em centros de atendimento e instalações, como os “call centers”. Conheça mais sobre os “chatbots” e suas pers- pectivas na oferta de automação para serviços finais de call centers. Disponível em: <https:// marketingdeconteudo.com/chatbots/>. 188 Gerenciando Equipes de Pessoas Finalmente, na análise que pretendemos para este tópico, há de se perceber o impacto expressivo para o gestor de pessoas quando alteram-se os perfis profissionais desejados, assim que postos de trabalho são substituídos por autômatos e novas propostas de rea- lização de tarefas são propostas em um ambiente organizacional mais sofisticado, complexo e de alta competitividade. Ao proporem-se novos cargos – como vemos atualmente, de analista de dados, minerador de dados, profissionais de inteligên- cia empresarial, comercial, competitiva e de mercado, analistas de “big data”, programador de sistemas de comando numérico, gestores de processos, analistas de SEO, entre vários outros – te- mos,também, a repercussão de redesenho das estruturas onde esses trabalhadores atuam, dos seus relacionamentos entre si e com o restante da corporação bem como com os agentes externos – fornecedores e clientes. As novas estruturas e novos perfis de trabalhadores terão, tam- bém, de receber, como parte da inovação no processo de sua gestão: • novas definições de perfil; • novas formas de avaliação, mensuração e controle de suas performances; • novas formas de remuneração, avaliação, premiação e reco- nhecimento, em um ambiente de alta mobilidade; • novos relacionamentos nos modelos de negócios, das suas estruturas de chefia, controle e gestão; • novos indicadores de produtividade, uma vez que todo o seu cenário de trabalho modifica-se intensamente. As novas estruturas tendem a ser mais ágeis, porém há, aqui, o confronto cultural, uma vez que, se a empresa pretende inovar nos relacionamentos profissionais e de mercado, haverá de perceber como isso pode implicar também no seu setor. Há, portanto, im- plicações para a formação de ambiente de trabalho e relações de cultura a serem contempladas. O gestor de pessoas, neste contexto, é um profissional que deve compreender o impacto dessas novas frentes tecnológicas, das novas respostas necessitadas por parceiros de negócios, intermediários, financiadores e, finalmente, clientes. Ele, ainda, deve dominar como são as decisões no sentido de construir os novos ambientes de tra- balho de alta performance e a sua convivência com os aspectos culturais que tanto impactam o trabalho e desempenho de empresas no segmento competitivo. 189UNIDADE VII O relacionamento entre grupos e equipes torna-se perceptível quando nos lembramos que a organi- zação é um extrato, um subconjunto do contexto social. Uma empresa, uma organização sem fins lucrativos e uma instituição pública são grupos sociais organizados que representam, segundo uma determinada necessidade ou orientação, um recorte ou subconjunto da sociedade. Já as equipes são formadas com o desígnio de empreender um trabalho ou tarefa, atender a uma demanda estratégica de uma empresa, sendo geren- ciada de maneira consistente e otimizada pelos diri- gentes empresariais. Chama-se a atenção para o fato de ser inserida em um objetivo estratégico, com de- limitações definidas, que deve apresentar resultados num período de tempo, retornando investimentos feitos. Claro, o componente essencial da equipe são as pessoas, e aqui reside o objeto de nosso estudo - com- preender como as equipes serão propostas, formadas e geridas pelos gestores específicos, com a dedicada e essencial atuação do gestor de pessoas. Chiavenato (2015) chama-nos a atenção para vários pontos da formação de equipes e seu rela- cionamento com os fatores de gestão - que já dis- cutimos e que necessitam ser repensados neste momento: Gerenciar Equipes de Trabalho: Remunerar e Liderar 190 Gerenciando Equipes de Pessoas • a equipe poderá seguir várias lideranças, simultaneamente, e em atendimento com- partilhado às demandas dos líderes - há gestores de equipes, de empresa, inspira- dores, entre outros; • idealmente, a equipe compartilha respon- sabilidades via comunicação intensiva e disseminação de gerenciamento. A estru- tura matricial inspira-nos a compreender este compartilhamento de tarefas e de res- ponsabilidades; • há necessidade especial de alinhar os obje- tivos da equipe e daqueles que são dispos- tos para a organização, propostos em seus planos estratégicos; • o produto da equipe é coletivo, sendo titu- lado dessa forma. Aí reside um desafio, o qual é o tema adicional deste tópico: Como remunerar os trabalhadores de uma equi- pe? Como reconhecer os objetivos coleti- vos e os relacionar à produção? • a comunicação das equipes caracteriza-se pela intensidade, interação e abertura; • pretende-se que a mensuração de resul- tados da equipe seja coletiva e que, diante dos objetivos propostos coletivamente, possamos comparar os resultados. Este é um fator diretamente relacionado ao reco- nhecimento e às avaliações, fatores prepon- derantes para a remuneração e premiações; • o diálogo coletivo das equipes destina-se a decidir, coletivamente, e,se possível, com autonomia. O mesmo autor ainda aborda as questões refe- rentes à formação das equipes de trabalho, cujos relacionamentos definem-se em função de repu- tação, respeito, diálogo e objetivos definidos. Essa formação é crítica, essencial, pois, bem formada a equipe, teremos condições de desenvolver os trabalhos subsequentes com confiança e dinâmi- cas possíveis, com boas expectativas na obtenção de resultados progressivos, de alcance das metas corporativas, dispostas em seus acordos, suas ne- gociações e seu planejamento estratégicos. Os aspectos de liderança também precisam ser reavaliados ao determinar que o líder irá apoiar-se nos aspectos sociais, na responsabil- idade do autogerenciamento, das perspectivas de alcance de objetivos estratégicos por um time, da eventual sensação de perda de relevân- cia por parte de um colaborador e ao pressentir que está sendo reconhecido como um membro da equipe de trabalho. Costa (2017, p. 211) afirma, de maneira mar- cante, que “toda equipe é um grupo, mas nem todo grupo é uma equipe”. Nesta afirmação, a autora baseia sua discussão em considerar que as equipes assemelham-se e adotam perfis de agrupamentos sociais, de grupos de profissionais que, acima de tudo, são pessoas e atores sociais. Porém, alter- nativamente, os grupos não são imediatamente equipes. Os grupos, pelo que já mencionamos, são agrupamentos sociais com menor grau de comprometimento, objetivos mais amplos, vastos, eventualmente dissociados de uma gestão imedi- ata ou precisa de tempo e alocação de recursos. Aliando-se estas referências, Chiavenato (2015) e Costa (2017), temos uma consideração inicial quanto à eventual mensuração de resul- tados, com o objetivo de discutir questões de re- muneração das equipes. Podemos definir alguns pontos principais para avaliar o desempenho das equipes, com o intuito de promover um estudo que propicie eventuais reconhecimentos de de- sempenho para a remuneração dos colaboradores: 191UNIDADE VII • o esforço, nas equipes, é coletivo; • a responsabilidade pelos resultados, por- tanto, é também de todos; • as metas, definidas, a partir do planejamen- to estratégico empresarial, são definidas para todos, e não para um trabalhador específico; • eventuais aptidões e especificidades po- dem se perder, em virtude de gerencia- mentos pouco dinâmicos e conscientes do trabalho em equipe; • a unidade equipe deve ser empoderada com autonomia, isto é, os colaboradores necessitam ter poder de decisão próprio; • a liderança para as equipes é compartilhada; • a equipe pode demonstrar e desenvolver relacionamentos de solidez e coesão, que devem ser compreendidos pelos gestores. É oportuno notar que podem ser enunciados al- guns pontos a avaliar para a composição da re- muneração da equipe: Deve ser considerado que as regras e definições gerais de sistema de remuneração da empresa devem ser reavaliados em função da organiza- ção das equipes: há algo diferente, em termos de mérito, para os integrantes das equipes? Os resultados são, realmente, compartilhados? O reconhecimento é igual para todos os colabo- radores? A equipe é, realmente, vista como um agrupamento coeso? e, finalmente, acredita-se, verdadeiramente, que os colaboradores aceitam o tratamento coletivo? Podemos usar os resultados da avaliação (a ser detalhada no próximo tópico) do grupo para dividir e distribuir os fatores de acréscimo e premiação a todos os colaboradores da equipe. O resultado comum deve ser precisamente reconhecido pela empresa como um produto de equipe. Como ocorre o retorno, a revisão deste proces- so de reconhecimento: ao se prover toda a ava- liação da equipe, temos condição de perceber eventuais desacertos de ambiente de trabalho - insatisfações, incompreensão, quebra de clima de equipe? 192 Gerenciando Equipes de Pessoas Diante de tais fatos, o gestor de pessoas deverá negociar, como falamos no tópico específico de remuneração, os eventuais fatores necessários a determinar a remuneração final dos membros da equipe. Há de se compreender que as formações das equipes devem ocorrer dentro de um panorama de gestão financeira e de pessoas para a empresa. Com isto, expomos, aqui, uma decisão que deve ser tomada, prioritariamente, à formação das equipes de trabalho: as equipes serão reconhecidas como agrupamentos de colaboradores (e, desta forma, recebendo remunerações e reconhecimentos como tal, dentro do escopo definido pelos métodos já em uso para todos os colaboradores) ou agrupamentos especiais, envolvendo, até mes- mo, riscos em eventuais falhas, desta forma, sendo elegíveis para sistemas de remuneração diferenciados, que levem em contexto os pontos ressaltados anteriormente? Essa decisão, portanto, precede à delegação das equipes. A liderança de equipes realiza-se sob o prisma de considerar a força de coesão de equipes. A literatura convida-nos sempre às reflexões sobre ser esta uma liderança compartilhada. Contudo o que nos indica essa nova forma de liderar? Vejamos alguns pontos a seguir. Em primeiro lugar, há líderes setoriais, empresariais, como vimos nos tópicos específicos para a discussão do exercício dessas funções. Aqui, esses líderes convivem com os líderes situacionais da equipe, com os colaboradores que demonstrarem, nas ações dos grupos, a liderança na solução de um problema, na entrega de um determina- do produto ou artefato aos clientes finais e assim por diante. Num exemplo prático, pensemos numa empresa de marketing digital que forma uma equipe de trabalho com colaboradores formados em Comunicação, Ciência da Computação, Adminis- tração e Design. Estes profissionais integram uma equipe que terá, neste caso hipotético, a atribuição de atender às manutenções e às revisões de uma plataforma de software de um cliente final - uma grande corporação do setor automotivo - inclusive, definindo novas formas de usar os softwares, por meio de aplicativos em dispositivos móveis. 193UNIDADE VII Durante o processo de adequação das plataformas, ocorrem várias instâncias de necessidade de interação: problemas técnicos e de mercado aparecem - como adequações dos códigos, interfaces e respostas dos sistemas aos padrões exigidos pelo cliente final - tam- bém de alocação de recursos, como computadores, sistemas, pessoas, profissionais técnicos e de relacionamento, recursos financeiros e tempo/prazos para o desenvolvimento. A liderança situacional, ou seja, aquela que é executada por um membro da equipe em função de uma situação (demanda específica), conduz o processo, resolve os problemas e promove a interação esperada com o cliente final, trazendo os resultados esperados. Desse exemplo, podemos avaliar outras situações para o exercício da liderança, numa espécie de “rodízio” para essa equipe, tal como a comunicação entre este líder situacional e a direção da empresa - os líderes formais, que são definidos e atuam como nos casos que discutimos anteriormente. Essa comunicação deve ter fundamentos bem definidos para não passarem a imagem de intervenções, algo que poderia parecer a todos como sendo uma situação extrema, que afetaria o ambiente do grupo e do seu desempenho no atendimento de uma demanda de cliente final, aparentando uma situação de hier- arquia. Essa condição não está rigorosamente alinhada às percepções de trabalho de equipes, tornando-se uma condição inesperada e, eventualmente, indesejável de se ter um relacionamento hierárquico que ultrapasse o escopo da definição da equipe que foi elaborada. Por último, a existência da liderança compartilhada demanda a existência de um “espírito” ou clima no ambiente interno da equipe, que promova compreensão de todos para uma eventual ação que demande a existência deste líder e seu desempenho frente a um problema real ou tomada de decisão que se faça necessário. A exem- plo da situação de “hierarquia imposta” do parágrafo anterior, aqui não se pode ter a noção indesejável de “tomada de poder”, havendonecessidade de compreensão mútua, dos membros da equipe, para aquele exercício de liderança. Com esta discussão inicial, sobre a liderança nas equipes, avaliamos dois pontos fundamentais para sua gestão: avaliações e premiações. 194 Gerenciando Equipes de Pessoas Inicialmente, devemos pensar no tipo de equipe que foi constituída para definirmos, em anda- mento, como avaliar e premiar os colaboradores, diante das várias ações previstas. Robbins (2005, p. 211 - 216) instrui-nos a al- guns tipos diversos, a saber: • Equipes de soluções de problemas - montadas e geridas com a finalidade de atuar sobre um problema ou problemas específicos. Exemplo: revisar e implemen- tar nova política de cargos e salários para a empresa. Uma equipe como esta incluiria gestores, técnicos e administradores de pessoas, além de profissionais especialistas. • Equipes autogerenciadas - modelo deri- vado das concepções do “Toyotismo”, em referência às equipes de trabalho compos- tas pela montadora, estas equipes coorde- nam, entre si, a realização de trabalhos, idealmente sem interferência superior, com alto grau de autonomia. Dentro de seu escopo de ações, além do contexto téc- nico, há a alta demanda de poder decisório, delegações e consistência na realização de trabalhos entre várias equipes que se au- to-coordenam. Avaliar e Premiar Equipes de Trabalho 195UNIDADE VII • Equipes multifuncionais - compostas de profissionais de áreas diversas que ob- jetivam atuar em problemas multidisci- plinares, que demandem várias fontes de informação, conhecimento e experiências conceituais. Por exemplo, uma equipe que avalie a disseminação de políticas de cons- cientização de riscos sociais em equipes de construção pesada, que atuarão em obra de grande porte, localizada em região confli- tuosa ou de risco iminente. • Equipes virtuais - compostas por profis- sionais que atuam em sedes físicas de em- presas, e seus colegas que atuam em regime de teletrabalho, adotadas, atualmente, entre outros, nos mercados financeiros e de tec- nologia da informação. Discutiremos mais sobre esta modalidade no tópico seguinte, que encerra esta unidade. Na visão de Chiavenato (2015), vemos, ainda, as Equipes de projetos, que lidam com projetos es- pecíficos, destinadas a entregar o resultado des- se projeto aos clientes finais (por exemplo, em construção especial, indústria de alta tecnologia, entre outras); Equipes de melhoria de processos voltadas para o estudo de um processo em uso na empresa, na atualidade, e sua otimização em ter- mos de tempo e demais recursos; e as Forças-ta- refa cujo exemplo inegável vem do nosso sistema judiciário e policial, que atua com a composição de equipes de policiais e oficiais de segurança, aderidas de delegados e juízes, que compõem um conjunto voltado para o combate de práticas cri- minosas em determinados contextos. Para esses contextos, discutimos, a seguir, alternativas de métodos de avaliação e pre- miação. Para avaliar as equipes, os instrumen- tos recomendados para as avaliações individuais devem ser repensados e revisados, para a apli- cação e retorno de indicadores efetivos de análise do desempenho das equipes. Assim sendo, dis- cutem-se, a seguir, alguns pontos essenciais para essas avaliações: • Para que se defina o alcance dos objetivos, tais metas devem ser enunciadas como vi- sões de resultados a serem obtidos pelas equipes como um todo. Portanto, dian- te do enunciado global para a equipe, os acordos e as eventuais delegações internas à equipe - note que podem tomar várias formas - devem possibilitar que as metas sejam, efetivamente, compreendidas como gerais, de todos. A avaliação mais simples é averiguar se essas metas foram alcançadas. • Adicionalmente, avaliar como as metas foram alcançadas: como se deu o uso de recursos - tempo, dinheiro, recursos mate- riais, intangíveis - como relacionamentos, marca, informação e conhecimento - pela equipe, para o alcance das metas. • Verificar a produção final, em termos das expectativas de atendimento de metas gerais estabelecidas: o produto da equipe atendeu, em fatores e qualidade, ao que se esperava quando das delegações? • Internamente, devem ser avaliadas as “ne- cessidades humanas”, se os colaboradores que são membros das equipes tiveram atendidos seus anseios, se consideram res- peitados, remunerados e motivados. • Uma forma final de avaliação dos traba- lhos das equipes é verificar a composição de experiências, de resultados, que possam ser aplicados futuramente - a geração de “boas práticas” -, resultando em efetiva contribuição para os cenários futuros da empresa. Convidamos você a pensar se seria possível aplicar a “Avaliação 360°”, já enunciado em outra unidade deste livro, em ambiente de equipe de trabalho. 196 Gerenciando Equipes de Pessoas Seria desafiador, não? Mas vamos considerar que: • haja preparo empresarial para considerar os resultados ge- rados como obtidos pela equipe, e não por pessoas isolada- mente; • o relacionamento também se dá com toda a equipe; • as lideranças são compartilhadas; • poderá existir grau relevante de autonomia da equipe, che- gando mesmo à autonomia completa. Desta forma, verificamos que é possível aplicar um método tradi- cional de avaliação de profissionais, ou mesmo de grupos, para o trabalho em equipes, cabendo ao gestor de pessoas elaborar as revi- sões dos métodos para que estes possam ser aplicados, efetivamente, e com os resultados desejados. Finalizando este tópico, temos a abordagem das premiações da equipe. Como dito em toda esta unidade, uma decisão que precede a esse processo é a consideração de nível de autonomia e independên- cia da equipe, definida pela empresa no início dos trabalhos, como um ponto ou aspecto fundamental de sua atuação. Um fator que poderá ser usado para a premiação é proceder às avaliações internas do grupo, para avaliar o papel de líderes situa- cionais e de solução dos problemas enfrentados, com o objetivo de verificar que há atuações diferentes dentro das equipes, passíveis de reconhecimento também diferenciado. É claro que se torna fator críti- co e eventual complicador de avaliação dos trabalhos gerais da equipe, podendo confrontar a concepção de equipe propriamente dita. Outro fator diz respeito à concessão de benefícios. O exemplo mais evidente é o de premiações financeiras. Neste caso, claramente, há um contexto delicado em não se optar pela concessão de benefício idêntico a todos os trabalhadores integrantes da equipe. Em casos práticos já testemunhados por Chiavenato (2015), os níveis hierárquicos ocupa- dos pelos trabalhadores, antes da sua delegação para a equipe, foram considerados para concessão de maior ou menor valor, em escalas diferenciadas, que se fundamentavam naqueles níveis para premiar, financeiramente, os colaboradores integrantes. 197UNIDADE VII É fator de reconhecido risco recomendar ao nosso gestor de pes- soas em formação que negocie e explicite essas determinações como ponto básico do lançamento, do início dos trabalhos das equipes. Chiavenato (2015, p. 309) reforça essa necessidade quando avalia condições de negociações com as equipes, definindo, como uma das alternativas, a oportunidade de se ter “regras básicas” fundamentadas em alinhamento ao que aqui pretendemos com as definições iniciais. Finalizando esta objetiva abordagem, deve-se, ainda, lembrar que há premiações intangíveis, indiretas, também efetivas. Se no caso de profissionais, estudados isoladamente, tínhamos a designação de premiações intangíveis - como viagens, reconhecimentos, eventos etc. - aqui também podem ser projetados e executados meios de premiação coletiva. Por exemplo, a concessão de um treinamento para o grupo envolvido na execução de uma determinada tare- fa, tornando-os aptos ou lhes expondo a uma nova tecnologia ou benefício, em que se tornarão pioneiros na empresa. Num caso prático, derivado da afirmação anterior, temos o caso de um grupoque, ao responder às necessidades de uma empresa em termos de implantação de um novo sistema de logística, alcança as metas, e o sistema entra em funcionamento, como pretendido e planejado pela empresa. Desta forma, a empresa procura premiar os colaboradores envolvidos com um curso em tecnologia de ponta em gestão de suprimentos, a ser realizado no exterior. Claro, de posse desse conhecimento, essa equipe poderá dispor novas perspectivas de resultados para a empresa ao possibilitar a aplicação dessa nova tecnologia em soluções práticas e, finalmente, em correspondên- cia, ganhar coesão na realização de um programa de treinamento distante, uma experiência a ser considerada pelos colaboradores por vários anos adiante. Discutidos alguns aspectos de atuação das equipes de trabalho, avaliemos, na conclusão desta unidade, quais são algumas das perspectivas de trabalho adiante, na aplicação de equipes, como respostas a situações organizacionais, uma moderna demanda e atuação para o gestor de pessoas. 198 Gerenciando Equipes de Pessoas Claro, no moderno contexto da gestão de pessoas, não poderíamos conceber que a atuação em equi- pes ficaria estanque num modelo pré-concebido e que retrataria o seu funcionamento em orga- nizações tradicionais. Em vez disto, hoje, verifi- camos que a configuração de equipes é um tipo de atuação que impulsiona modelos de negócios corporativos em todo o mundo e busca novos e agressivos resultados. Como vimos, autores, como Chiavenato (2015) e Robbins (2005), entre muitos outros, abordam a virtualização de times de trabalho. Podemos conceituar esses times virtuais como grupos de trabalhadores que não se localizam fixamente em sedes de empresas, em locais restritos para realização de seus trabalhos. Aqui, adicionamos o fato de lidarmos com a configuração de uma ou várias equipes que “se conectam”, atuando com mobilidade e independência, com forte aplicação de tecnologias - muitas delas bastante triviais nos dias de hoje, como base de sistemas móveis (tablets, smartphones e seus aplicativos) - e definições de métodos e processos para sua atuação. Tendências no Trabalho em Equipe 199UNIDADE VII Há vários setores onde tais práticas constituem-se em oferta real, nos dias de hoje. Na Educação, por exemplo, instrutores atuam em conjunto, via aulas pela Internet para atender a turmas em curso de temas específicos. Esses professores/instrutores po- dem agir em trabalhos específicos ou em paralelo, conforme o planejamento para sua atuação. Em instalações de saúde, temos também a possibilida- de de interação de médicos especialistas, em adição aos profissionais que executam suas funções fixas - por exemplo, cirurgiões de ortopedia em comple- mentação a clínicos gerais de atendimento emer- gencial - para a avaliação de situações de pacientes e tomadas de decisão quanto aos tratamentos. É importante notar que essas modalidades de grupos virtuais vêm avançando agressivamente, com aumento de uso e difusão crescente, tornan- do-se efetiva a forma de trabalho a ser verificada pelos profissionais. Estudantes de áreas como Saúde, Finanças, Engenharia, Direito, Comuni- cação, Design, entre várias outras, atualmente, já devem considerar essa modalidade de integração até mesmo como uma vantagem, pois lhes provê flexibilidade de entrada em mercados de trabalho, inclusive noutras áreas e no exterior, aumentando suas possibilidades de atuação. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 200 Gerenciando Equipes de Pessoas Outras modalidades de atuação em equipes, na atualidade, são derivadas de modelos e oportuni- dades de negócios. Uma das mais bem sucedidas é a modalidade de processos de incubação e ace- leração de startups corporativas. Chamamos de startups a empresas de configuração mínima, com foco bem definido, que, apoiadas por tecnologias e estruturas inovadoras, buscam resolver proble- mas específicos do mercado, de maneira objetiva e pontual. Esses modelos de pequenas e ágeis orga- nizações multiplicam-se em todo o mundo, vários deles competindo entre si em setores, como de tecnologia da informação, de saúde e de finanças. Adicionalmente às suas proposições, as start- ups são apoiadas por programas de pré-incubação (educacionais em termos de empreendedorismo), de incubação (estruturação inicial das empresas) e de aceleração (obtenção dos primeiros resultados efetivamente competitivos). Temos exemplos de programas iniciados, no Brasil, por universidades, centros de pesquisa, governos de municípios, dos estados, da Federação e de instituições e sindicatos patronais e setoriais, alguns contando com dezenas de projetos em seus processos de seleção progressiva. Na modalidade corporativa, o que se quer de uma startup é que ela haja como um time de alta performance, que buscará a solução de um proble- ma pontual de uma empresa. Tipicamente, é consti- tuída por atuais ou ex-funcionários, colaboradores de seus agentes de negócios (distribuidores, reven- das, fornecedores etc.) e, até mesmo, de clientes que, sob coordenação da empresa, atuarão como empresa - ou equipe - separada. Ao final de um período, essa startup pode ser aderida ao conjunto formal de ações da empresa, sendo absorvida, ou contratada, ou, finalmente, em caso de quebra completa de atuação, de impossibi- lidade de sucesso no seu objetivo, encerramento de suas atividades. Aqui, a equipe de trabalho, focada e montada com o objetivo previsto de resolver um problema, poderá se tornar, ao final, uma empresa associada à empresa que a criou. Isto é, a equipe de alta performance foi, finalmente, aderida à em- presa-sede, numa situação de sucesso, passando a oferecer a solução de problema que a criou como uma alternativa da própria empresa maior. Um caso em aparente caminho oposto, mas que se encontra na mesma filosofia da equipe da empresa maior, é o de se realizar a separação de uma unidade empresarial, focada na solução de um problema. A essa alternativa chamamos de “spin-off ” empresarial. Uma empresa de pesquisas de mercado, por exemplo, teve uma de suas unidades, a de pesquisas ligadas ao setor de supermercados, considerada como bem-sucedida, ao responder por uma sólida evolução de faturamento e crescimento, até mesmo, alcançando níveis consistentes de autonomia. Os sócios da empresa decidiram, portanto, criar uma nova empresa, separada da estrutura original, em que se tornaram sócios dos colaboradores, para executar essa tarefa específica. Portanto, uma nova equipe de alta performance tornou-se, ao final, uma nova empresa, com objetivo específico, de realizar pesquisas para aquele setor-cliente final. Com estes três casos atuais - virtualização de times, startups e spin-offs - chamamos a atenção para as rápidas mudanças e perspectivas inerentes ao surgimento e à ação de equipes de trabalho, em especial as de alta performance. São grupos que, eventualmente, podem se tornar empresas de relevância para os proprietários e investidores, na atualidade. Vários são os aspectos que demandam a apre- ciação dos gestores de pessoas nestes novos con- textos - qualidade de produção, comunicações, integração efetiva ao que as empresas de maior porte pretendem, sustentabilidade estratégica de suas ações, ciclos de vida, legislação, entre outros -, mas tais fatores são inerentes às inovações que representam, são inegáveis sinais de mudanças, onde a gestão de pessoas tem papel preponderante. 201 1. Sobre o relacionamento entre grupos e equipes, temos as seguintes afirmações: I) Uma empresa caracteriza-se por apenas ter grupos, não equipes. II) Equipes são frequentes em empresas, grupos só se formam fora. III) Grupos sociais podem originar equipes de trabalho. IV) Equipes de trabalho podem ser conceituadas como grupos especiais. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas III e IV estãocorretas. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 2. Equipes de trabalho podem se formar em virtude de(a): Assinale a opção que melhor completa a frase. a) Determinação única da chefia. b) Um projeto específico, de interesse estratégico da empresa. c) Reação a uma invasão de mercado por um concorrente. d) Uma forma absolutamente autônoma, sem controle externo. e) Determinação da legislação vigente. 3. São bons tipos de equipes de alta performance, exceto: a) Equipes de atendimento a elevadas demandas estratégicas. b) Existência de tecnologia emergente, que possibilite nova forma de trabalho. c) Integração da equipe em rede. d) Desejo da alta chefia da empresa de exibir índices maiores de performance para autopromoção. e) Necessidade de inovar por pressão de mercado. 202 17 princípios do trabalho em equipe Autor: John Maxwell Editora: Vida Melhor Sinopse: o autor faz uma análise de melhores práticas (a que denomina “17 princípios”) para a atuação de colaboradores em equipes de trabalho, em ge- ral, bem como para sua gestão. É um texto aplicável ao estudo e à prática de implementação e gestão de equipes de trabalho em geral. LIVRO 203 CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas: transformando o executivo num excelente gestor de pessoas. Barueri: Ed. Manole, 2015. COSTA, W. S. Gestão de pessoas e desenvolvimento de equipes. Maringá: Unicesumar, 2017. OLIVEIRA, L. R. O que são chatbots. Marketing de conteúdo, 2017. Disponível em: <https://marketingde- conteudo.com/chatbots/>. Acesso em: 26 jan. 2018. PINEL, M. F. L. Teletrabalhador: Conceituação do teletrabalho. Teletrabalhador, 2012. Disponível em: <http:// www.teletrabalhador.com/conceituacao.html>. Acesso em: 26 jan. 2018. ROBBINS, S. Comportamento Organizacional. São Paulo: Ed. Pearson Prentice Hall, 2005. REFERÊNCIA ON-LINE 1Em: <http://www.businessdictionary.com/definition/productivity.html>. Acesso em: 26 jan. 2018. 204 1. c) Pois grupos podem originar equipes e equipes, por este motivo, podem ser consideradas grupos específicos. 2. b) Que caracteriza um bom motivo para se ter uma equipe formada e competitiva num determinado projeto. 3. d) Pois autopromoção de gestores não é um motivo de ordem estratégica para uma equipe de alta perfor- mance. 205 206 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Definir os elementos da gestão da informação e do co- nhecimento. • Descrever como o gestor empresarial, em qualquer nível, torna-se, adicionalmente, o gestor do conhecimento. • Conceituar capital intelectual e compreender suas pers- pectivas de gerenciamento empresarial. • Desenvolver a formação e gestão do conhecimento em empresas. Dr. George Leal Jamil Fundamentos conceituais da gestão do conhecimento O gestor como executivo do conhecimento Desenvolvimento do conhecimento empresarial Capital intelectual e sua gestão empresarial Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual Fundamentos Conceituais da Gestão do Conhecimento Com base em Jamil (2005), iniciamos a definição conceitual abordando os elementos constituintes da base teórica: dado, informação e conhecimento. Nosso objetivo é compreender o que é conheci- mento e a perspectiva de seu gerenciamento. Este relacionamento é fundamental para se compreen- der toda a oportunidade em torno da gestão da informação e do conhecimento. Salientamos que os conceitos de dado, informação e conhecimento são centrais na abordagem da ciência da informa- ção, pois se constituem em fundamentos para a elaboração de formas de compreender o processo de gestão que é objetivo desta discussão. Podemos encontrar definições distintas para estes concei- tos, mas o que é especialmente valioso é perceber seu relacionamento dinâmico, as possibilidades de sua implementação e como estes conceitos afetam nossa observação sobre gestão do conhecimento. 209UNIDADE VIII Chama-se dado a um valor absoluto que pode ser obtido diretamente de um processo de men- suração ou coletado de uma fonte automática, expresso em uma unidade convencionada, um padrão de medição. O dado é, frequentemente, gerado em uma cadeia produtiva em transações comerciais simples, provimento de um serviço habitual ou num processo automático (uso de terminais de bancos ou de pagamento, por exem- plo). É de comunicação flexível, mas lhe falta a expressão do contexto decisório, dificultando que análises mais profundas sejam feitas apenas com dados. A informação, por sua vez, é apresentada como conjunto homogêneo de dados, aderidos das no- ções dos contextos de sua geração (JAMIL, 2005). Por “homogêneo” compreendemos que estes nú- meros, valores foram adquiridos ou coletados ao mesmo momento, em um mesmo ponto, sob as mesmas condições. Assim pensando, um valor nu- mérico isolado pode ser identificado tal qual um dado que representa um valor financeiro, como o preço de um bem ou serviço específico. Uma coleção de preços deste mesmo bem, tomados ao longo de um determinado período de tempo, produz a informação. Apesar de permitir maior alcance decisório, a informação é mais complexa de se obter, uma vez que requer tratamento dos dados, observação de sua coleta e homogeneiza- ção. Também tem boas perspectivas de armaze- namento e tratamento pelos chamados sistemas de informação. O conhecimento é considerado uma coleção de informações referentes a um mesmo contexto, adicionado da percepção do processo onde foram geradas. O conhecimento permite o máximo de poder decisório, capacitando até mesmo a geração de cenários prospectivos estratégicos e de opera- ção empresarial. Por outro lado, o conhecimento é o acervo mais difícil, complexo de ser produzido, obtido, registrado e disseminado numa organiza- ção ou em seu ambiente produtivo. Dado - representação convencionada de uma grandeza qualquer. Expresso em unidades padroni- zadas, pode ser obtido por observação, medidores ou processo automático. Refere-se a algo que é preciso, conforme o tipo de medição feita e corresponde, diretamente, ao processo em que é coletado. Informação - podemos afirmar que a informação pode ser composta a partir de um conjunto de dados relevantes, em virtude de serem apresentados de forma que possamos compará-los, permi- tindo que análises sejam feitas. 210 Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual Dado Informação Conhecimento Valores amostrados, medidos, expressos em unidades convencionadas e conversíveis. Ex.: R$4,50; 15 km; 25 erros/mil • Coleções de dados homogêneos, adicionados de contexto de onde foram gerados. Ex.: Preço de lata de cerveja, distância a ser percorrida de automóvel • Coleção de informações dotadas de percepção do processo onde foram geradas ou percebidas. Ex.: Sazonalidades de consumo, condições e ciclos de uso de estradas • Buckland (1995) trabalhou uma interessante visão para o conceito de informação, adicionando também o “ato de informar”, gerando três definições possíveis para o conceito, como sintetizado no seguinte quadro: Informação como... Conceituação Processo “Que é percebido por alguém quando é informado. ́ A ação de informar´, comunicação do conhecimento ou detalhes sobre um fato ou ocorrência”. Conhecimento “Conhecimento comunicado referente a um fato, tema ou even- to em particular; o que é avaliado ou dito; inteligência; notícia” Coisa/Objeto “Usado de forma atributiva para objetos, como dados e docu- mentos, que são considerados informações porque são tidos como comunicativos” Quadro 1 - Síntese das definições conceituais para informação Fonte: adaptado de Buckland (1995). Num detalhamento posterior, temos as seguintes conceituações para o conhecimento: Figura 1 - Relacionamento conceitual entre dado, informação e conhecimento Fonte: Jamil (2005). Conhecimento tácito - conhecimento de composição e transmissão informal, não registrado em meio físico, desenvolvido por percepções, imitações, provocações e cultura do ambiente de negócios. Conhecimento explícito - conhecimentoformalizado, estruturado em rotinas, processos (mesmo que modelos), esquemas e métodos definidos. 211UNIDADE VIII Daí, temos motivos para buscar compreender os processos ligados à informação bem como de sua gestão e transformação em conhecimento nos ambientes empresariais. A estes processos denominamos Gestão da informação e do conhecimento. Um dos processos mais disseminados nas análises da Gestão de conhecimento é o chamado “Espiral de Conhecimento” (NONAKA; TAKEUCHI, 2008), detalhado na figura a seguir: De/Para Tácito Compatilhamento - Comunicação informal, aprendizado através da convivência, imitação, prática, familiaridade. Conversão - Padronização, formulação do processo que pode ser comunicado, institucionalizado, instrumentalizado. Internalização - Absorção, in�uência do conhecimento no cotidiano organizacional, tomar o valor agregado à forma de produzir. Combinação - Unindo partes distintas de um todo. Relatórios de reporte técnico para a organização, ferramentas tecnológicas de síntese e agregação de dados e informações. Tácito Explícito Explícito Figura 2 - Modelo “Espiral do conhecimento”, um processo básico de gestão do conhecimento. Fonte: Nonaka e Takeuchi (2008). Definindo conceitualmente, temos quatro etapas descritas no processo apresentado. A primeira ocorre quando pensamos em uma organização com predominância de conhecimentos tácitos, improvisados, de transmissão informal. Aqui, temos a realidade de compartilhamento de conhecimento informalmente. À medida que há oportunidade e interesse, alguns conhecimentos passam pelo processo de conversão, a segunda etapa, tornando-se explícitos, transformados em rotinas e definições de processos. Estes conhecimentos podem ser combinados a outros existentes na em- presa, tornando-se um composto alinhado de conhecimentos, mais vasto e aplicado ao seu ambiente de negócios, constituindo-se na terceira etapa, a combinação. Ao alcançarmos esta situação amadurecida de composição de conhecimentos, é possível que a organização se defronte com novos conhecimentos tácitos, obtidos nas interações com clientes e outros agentes de mercado, resultando em nova oportuni- dade de ciclo, onde aqueles novos conhecimentos tácitos também serão explicitados, e assim por diante. É a etapa de transição do ciclo, a última, a internalização. Há de se notar que temos o crescimento de conhecimentos, acumulando-se, portanto, num sistema próximo de uma espiral ligada ao conhecimento. 212 Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual Discutamos um caso prático: pensemos em uma padaria, pequena, que fabrica um determinado tipo de pão que é especialmente apreciado pelos seus clientes. Adicionalmente ao processo bem conhecido, o padeiro encarregado produz a massa deste pão com a inclusão de grãos e nozes, de ma- neira intuitiva (equivale ao que definimos como a primeira etapa, apresentada). Ao perceber a ha- bilidade do padeiro e a aceitação do referido pão que ele elabora, o proprietário da padaria, que, coincidentemente, está verificando a possibilidade de expansão do estabelecimento, preocupa-se em padronizar o processo de fabricação deste item bem-sucedido. Ele explicita o processo por meio de escrita e definição de uma receita, consultando o padeiro (segunda etapa). Esta receita tem o po- tencial de ser executada, em repetição, por outro padeiro, em outra padaria. Após esta explicitação, o conhecimento de pro- dução deste item específico é adicionado ao conhe- cimento restante, já existente, como o de compra de materiais e suprimentos, pois o pão especial ne- cessita de novos ingredientes. Desta forma ocorre a combinação entre os processos, de fabricação e de compra de suprimentos (terceira etapa). Verifica-se, por fim, que o processo assim com- posto resulta em nova condição de aprendizado, de absorver novos conhecimentos. Imaginemos, por exemplo, que, caso o pão especial, ao ser ven- dido no segundo estabelecimento, seja rejeitado por outros clientes por ser considerado de ta- manho excessivo, detectamos tal processo final e podemos “absorver” este conhecimento tácito, explicitando-o e gerando novo ciclo de aprendiza- do, em crescimento, como no caso de uma espiral, sendo esta a última etapa do ciclo. É oportuno notar que este processo, a “espiral do conhecimento”, torna-se nossa primeira defini- ção para um processo de gestão do conhecimento. Definindo-o desta forma, compreendemos que um processo estabelecido para gerir informações e conhecimentos organizacionais corresponderá a uma definição para executar os passos de: • avaliar a geração; • armazenar, registrar para uso futuro; • compartilhar; • monitorar o uso para a estratégia; • quantificar seu uso, ou valorizar. As informações e os conhecimentos tratados para uma finalidade terão suas definições detalhadas no próximo tópico, com a função de ilustrar como um gestor pode ser responsável pelo processo de gestão do conhecimento empresarial numa orga- nização. Encerramos este tópico afirmando que a Gestão do Conhecimento abrange todos os mé- todos, os processos, as ferramentas e as atividades no sentido de permitir que se administre em todos os aspectos o ativo conhecimento, incluindo aí a formulação dos processos de criação, a coleta de conhecimento existente no ambiente organiza- cional, sua manutenção, seu desenvolvimento, a difusão do conhecimento pela organização e pelo ambiente com o qual esta se relaciona, o prepa- ro e o acompanhamento das pessoas envolvidas nas suas diversas instâncias e a composição de modelos de qualidade associados que permitam assegurar os benefícios de sua aplicação. 213UNIDADE VIII Para elaborar este estudo da atuação do executi- vo na gestão do conhecimento, consideraremos o modelo para o processo de gestão a ser discutido a seguir. Existem, atualmente, várias propostas de modelos do processo de gestão do conhecimento, sendo que o aqui adotado foi apresentado em mea- dos de 2005 e prossegue sendo usado para pesqui- sas científicas que expandiram e detalharam seus resultados (isso era previsto em sua apresentação inicial), bem como em consultorias, em contexto eminentemente prático. Na Figura 3, a seguir, por- tanto, detalha-se o modelo de Jamil (2005) para o processo de gestão do conhecimento: O Gestor como Executivo do conhecimento 214 Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual Com a finalidade de compreender a atuação do executivo como gestor de conhecimento, analisa- mos as definições para cada um dos componentes ali inscritos. Obtenção - visa, por meio da interação com o ambiente interno e externo, a obter informação e conhecimento, dando origem ao fluxo ou proces- so propriamente dito. Pretende-se que haja condi- ção direta de relacionamento entre este sub-pro- cesso e o de retenção, por isso, indicando-os em série, como apresentados no diagrama do modelo. Neste relacionamento objetiva-se apenas concen- trar no fato de que o primeiro, de obtenção, teria a condição de repasse dos conteúdos absorvidos para o próximo, de retenção. Aqui, temos a informação e o conhecimento gerados em laboratórios da empresa, nas pes- quisas que realiza no mercado e internamente, na contratação e preparo das pessoas – afinal, agentes de conhecimento, atores ativos da infor- mação empresarial – nas potenciais aquisições de informação e conhecimento no mercado (por exemplo, adquirindo pesquisas prontas, realizadas por institutos especializados). Retenção - avalia como é feita a codificação dos acervos e seu registro ou armazenamento para uso no restante do processo. Aqui, por meio de recursos e de métodos variados, registram-se os conteúdos absorvidos e gerados internamente à organização, com vários objetivos, como permitir a formação de bancos para aplicação futura em termos do processo organizacional e permitir a valorização dos conteúdos, fornecendo as condi- ções para o funcionamento do restante do proces- so (notadamente, os sub-processos de valorização ecompartilhamento). O registro pode se dar por métodos formais, por exemplo quando um trabalhador propõe, de- senvolve ou realiza um treinamento sobre um tema ainda não completamente formalizado – ou seja, explicita o conhecimento por meio do treinamen- to – ou registra em normas de processos, codifica Obtenção Retenção Compartilhamento Monitoramento Estratégico Tático Operacional Valorização Ambiente organizacional Cultura organizacional T T T T Figura 3 - Modelo para processo de gestão organizacional do conhecimento Fonte: Jamil (2005). 215UNIDADE VIII sistemas e programas de computador, elabora roti- nas de trabalho etc. Desta forma, o conhecimento que foi gerado anteriormente – via produção ou captura – torna-se registrado para posterior uso, como é organizacionalmente desejado. Compartilhamento - sub-processo que de- fine como os conteúdos – dados, informação e conhecimento - são repassados à organização em termos das necessidades operativas e gerenciais, conduzindo, até mesmo, à aplicação para fins es- tratégicos, com monitoração pelo sub-processo específico. Neste subprocesso, formas de comu- nicação variadas, indo dos meios informais aos eletrônicos, são utilizadas, tornando o processo perceptível para a comunidade afeta à organiza- ção. O sub-processo é indicado como de forma elíptica, indicando não haver limitação restrita e ser “vazado” pelo fluxo, uma vez que se pretende que tal não atue de forma restritiva nas suas ações de distribuição de conteúdos. O gestor de pessoas terá atribuição especial no compartilhamento dos conhecimentos, ao pro- mover o ambiente de trabalho, elaborar jornadas específicas de intercâmbio entre colaboradores, auxiliar os profissionais de sistemas – por exem- plo, de setor de tecnologia da informação – da empresa, na composição de métodos e de ferra- mentas que proporcionem este compartilhamen- to. Chamamos sua atenção para a referência apre- sentada sobre o ambiente de trabalho (incluindo, portanto, estruturas, processos, convivência, clima organizacional etc. – já vistos no tópico específico anteriormente). Valorização - função que abrange todo o pro- cesso, no intuito de permitir a valorização tanto referente aos trabalhos com os acervos – de forma, por exemplo, quantitativa, ao analisar volumes de armazenamento, acessos a determinados acervos armazenados, utilização destes conteúdos para fins gerais dos processos de trabalho, entre outros – bem como daqueles atores que atuam no sentido de gerar, absorver e registrá-los para o uso. Neste último caso, poderá corresponder nos aspectos de premiações, reconhecimentos e outras práticas de gerenciamento de recursos humanos em função de sua colaboração e atitude diante do processo geral de gestão. A valorização relaciona-se diretamente aos princípios da gestão do capital intelectual, a se- rem discutidos no próximo tópico. Inicialmente, define-se que o capital intelectual é uma iniciativa de identificar, quantitativamente, a influência do conhecimento empresarial, de como este conhe- cimento repercute em termos de produção, de- senvolvimento e ganhos para a empresa. Monitoramento estratégico - destina-se a perceber a aplicação da informação e do conhe- cimento para processos em nível estratégico, des- tacadamente, em termos de seu uso em tarefas ligadas ao planejamento e decisões, nos ambientes organizacionais. Este uso torna-se diferenciado em função da criticidade e repercussão das deci- sões tomadas e atitudes a serem providenciadas em função do detalhamento (ou desdobramen- to) das metas estratégicas em objetivos e planos táticos e operacionais. Deve ser notado que o nível estratégico sempre foi ressaltado em nossa discussão, pois é a fonte principal de orientação organizacional, sendo a base de direcionamento tático e operacional das empresas. Vale lembrar que é também o principal motivo para as ações de gestão de pessoas. Com esta última afirmação, destacamos como o gestor de pessoas poderá atuar, em correspon- dência ao desdobramento estratégico empresarial, de forma a contribuir com suas ações referentes ao conhecimento para o planejamento e imple- mentação das estratégias da empresa. Uma atenção especial deve ser dada à Apli- cação de ferramentas tecnológicas, que é ve- rificada por meio dos símbolos com a letra “T” indicada nos círculos, presentes em várias funções 216 Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual e elementos contidos no modelo de processo. As- sim, é indicada sua presença em vários pontos do processo de gestão, considerando que, por meio da concepção do modelo de processo, torna-se mais precisa a compreensão de como aplicar o vasto acervo de ferramental tecnológico existente – tecnologias de acesso, Internet, mobilidade, mí- dias sociais, teleconferências, ambientes virtuais de trabalho, acervos de big data, automação etc. Deve ser notado que há perspectiva de que, por meio da concepção do processo de gestão e do modelo aqui apresentado, o aparato tecnológico possa ter colaboração na forma de planejar sua implementação. Torna-se evidente que tal ferramental e sua estrutura sejam de compreensão pelo gestor de pessoas, pois, como já discutimos nos tópicos anteriores, o próprio ambiente de trabalho vem sendo totalmente modificado e reavaliado em função dos recursos tecnológicos. Por último, dois temas já vistos, aqui reava- liados, para complementação: a cultura organi- zacional – que define características inerentes ao conceito de cultura, caracterizando de forma comum as organizações de um mesmo setor, como hábitos e formas de agir que formariam os contornos que repercutiriam na montagem de qualquer processo empresarial – como na forma- ção de pessoas e estruturas funcionais, padrões de comunicação, regras e padrões de interação entre agentes de negócio etc. Deste conceito deriva o de ambiente organizacional como sendo uma especialização da cultura, no intuito de compreen- der que algumas características e funções são es- pecializadas, ou mesmo diferenciadas, em empre- sas de um mesmo setor, contudo não diferindo substancialmente e mantendo a origem cultural maior, predominante, identificada no conceito descrito anteriormente. Para ambos, as funções e atividades do gestor de pessoas já foram discu- tidas nos tópicos pertinentes, aqui, chamando a atenção para o fato de que a cultura e o ambiente organizacionais guardam relação com a gestão do conhecimento, de acordo com o que é mostrado no processo descrito anteriormente. Sumarizando as atuações do gestor de pessoas neste contexto, à luz do que nos mostra o modelo, podemos dizer que este profissional deve: • Promover a geração do conhecimento in- terno à empresa, protegendo-o para aces- sos devidos, avaliando sua aplicabilidade e reconhecendo as iniciativas dos colabo- radores que o produziram, com potencial premiação e remuneração adicional, dian- te de avaliações sistematizadas. • Avaliar fontes de conhecimento externos à empresa, que sejam potenciais de uso e aplicação para ganhos imediatos e futuros, possibilitando a contratação de profissio- nais, aquisição de talentos, de recursos e acervos de conhecimentos gerados por terceiros – como pesquisas técnicas, por exemplo. • Definir como o conhecimento deve ser armazenado para uso posterior em pro- cessos empresariais, inclusive percebendo e avaliando os trabalhos de colaboradores para que as atuações de registro sejam re- conhecidas e premiadas. • Contribuir para a identificação do uso do conhecimento – para uso amplo ou restrito a finalidades específicas, como no planejamento estratégico, contribuindo para a valorização do conhecimento ge- rado na empresa. • Entender e disseminar a gestão do conhe- cimento como um processo estratégico, intensamente relacionado à gestão de pessoas, pois são as pessoas os principais atores do conhecimento empresarial. 217UNIDADE VIII • Analisar precisamente o conhecimento sob princípios quali- tativos equantitativos, buscando relevar, para a organização, o valor de cada conhecimento gerado e difundido nos trabalhos e planos da empresa. • Relacionar a gestão do conhecimento ao acervo tecnológico existente e interagir com os profissionais de área específica para a obtenção e implementação de mais recursos. • Lidar com a cultura setorial, organizacional e com seu desen- volvimento, o ambiente interno, para que o conhecimento flua, seja armazenado, recuperado quando preciso, compartilhado e usado estrategicamente, entendendo todos estes subprocessos de maneira efetiva. Num caso de encerramento, pode-se dizer que o gestor de pessoas deverá propiciar que o conhecimento, mesmo aquele tido como mais rotineiro como o gerado por um operário que cria ou adapta uma nova forma de produzir ou reparar algo – ou aquele tido como mais sofisticado – produzido por um gestor experiente, em uma ação estra- tégica bem-sucedida – sejam tratados da forma ilustrada pelo processo descrito acima. O gestor de pessoas contribuirá para que todos os conhecimentos possam ser retidos, usados pela empresa quando esta necessitar, tenha retorno estratégico, valor percebido e que os colaboradores e agentes externos tenham motivação para prosseguir tratando o conhecimento como uma matéria de base essencial para o desenvolvimento da empre- sa em seu campo de negócios. Justamente neste sentido, verificamos, a seguir, o contexto do capital intelectual. 218 Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual Segundo Thomas Stewart, autor do destacado tex- to “Capital Intelectual” (1999), esta expressão foi primeiro expressa por John Kenneth Galbraith, em 1969, numa carta encaminhada ao economista Michael Kalecki, onde se lia: “I wonder if you realize how much those of us in the world around have owed to the intellectual capital you have provided over these past deca- des” (Tradução livre: “Penso se você se deu conta de quanto nós, neste mundo todo, devemos ao capital intelectual que temos provido ao longo destes últimos anos). Mais adiante, na mesma obra, o jornalista faz a definição marcante para capital intelectual (STEWART, 1999, p. 17): “A soma de tudo e de todos que sua companhia possui em termos de conhecimento que a possibilite ganhar vantagem competitiva no mercado”. O capital intelectual pode ser formulado como sendo a soma do capital humano (tudo o que “está na cabeça das pessoas” e no ambiente do conhecimento organizacional, que não pertence à organização) adicionado ao capital estrutural (aquilo que pertence à empresa – processos, conhecimento de “como fazer”, paten- tes, marcas, registros). Capital Intelectual e sua Gestão Empresarial 219UNIDADE VIII Os investimentos no conhecimento, no aprendiza- do e nas estruturas que permitem: produção cons- tante de conhecimento; ambiente para a produção estratégica do conhecimento; gestão do conheci- mento e aprendizado organizacional podem ser referidas como benefícios e retornos sem modelos conclusivos de percepção financeira, que permiti- riam a medição do capital intelectual. Desta forma, as organizações, em especial as empresas, precisarão de modelos e técnicas que as auxiliem a relacionar o conhecimento produzido, armazenado, negociado, registrado e transferido com valores quantitati- vos – por exemplo, de grandezas financeiras, de produção, produtividade, entre outros. Atualmen- te, lidamos com modelos ainda inovadores desta percepção, que se acham em testes, prevendo-se a adoção deles, assim que se comprovem funcionais por todo um ciclo estratégico/operacional de seus principais usuários. O desenvolvimento e o equilíbrio dos ativos intangíveis – como informações, conhecimento, aqueles que não têm substância física, não são pal- páveis – com os ativos materiais são, atualmente, um desafio para as organizações que pretendem pensar em sua existência futura, com visão de posicionamento estratégico. Veja, por exemplo, os casos de empresas de comércio eletrônico, de en- tretenimento, de produção de conteúdo – alguns exemplos: Facebook, Twitter, Linkedin, Microsoft, Google, Spotify, entre várias outras. Em nossa abordagem, até este momento, já descrevemos, no tópico dedicado à Gestão do Co- nhecimento, procedimentos importantes para as organizações no sentido de gerir o bem intangível conhecimento para sua interação com o merca- do. É importante focar o papel do novo gerente/ executivo nesta nova ordem que objetiva, adi- cionalmente, a agregação do capital intelectual e sua transformação, o quanto possível, em capital estrutural, portanto, tornando o impreciso, o di- fícil de controlar, o capital humano em produção tangível, quando for possível. O executivo (em especial o líder, como con- ceituamos em unidade anterior), deve se tornar patrono dos processos de acumulação de capital intelectual, apoiador das atividades organizacio- nais no sentido de propiciar a produção de co- nhecimento interno e a captura do conhecimento externo. Um bom exemplo é o de tanto incentivar, motivar, projetar e realizar os treinamentos inter- nos, a formação desejada pela empresa, quanto de trazer talentos – conhecimento e energia – para a empresa, no provimento de profissionais, via re- crutamento e seleção. Todos estes temas já foram abordados em nosso curso, em unidades anteriores. O trabalho do executivo, avaliando sob a ótica do capital intelectual, envolverá a capacidade de dinamizar processos, coordenar pessoas com a ótica do alinhamento de esforços e trabalho de equipe, gerenciar custos num novo modelo admi- nistrativo – que compreende o capital intelectual – além de permitir condições de ambiente que motivem o desenvolvimento da competência co- letiva. Temos várias citações da literatura da área e casos empresariais que enumeram pontos de oposição ao perfil do executivo “taylorista” – em alusão aos modelos rígidos da ótica orientada à produção ensejada pelos princípios definidos por Capital intelectual - é a tentativa, por meio de métodos e técnicas multidisciplinares, de quan- tificar a influência do conhecimento e seu rela- cionamento com grandezas usadas para a ges- tão empresarial, como fatores financeiros e de produção. Há várias iniciativas, propostas pela academia e pelo mercado, em testes e usos por empresas e instituições de pesquisa. 220 Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual Frederick Taylor, ao do novo profissional da era da informação e conhecimento. Os principais pontos que apresentamos para relevar a formação deste novo profissional seriam: • A integração de equipe, no sentido produ- tivo bem como na formação de ambiente que propicie a comunicação que leva à difusão do conhecimento. • Aplicar a gestão do conhecimento para a geração e gestão do capital intelectual (desta forma, o gerente atua sobre o capital intelectual, que é um bem e que pode ser gerido, amostrado, alvo de análise opera- cional, com as ferramentas da gestão do conhecimento, algo inovador e, em con- trapartida, impreciso e dependente de condições ambientais). • O gerenciamento sobre uma nova ótica, com a constituição de premiações e ati- tudes de controle que estejam inseridas numa nova ótica, onde a equipe de traba- lho, muitas vezes formatada em estrutu- ras organizacionais inovadoras, deve ser avaliada sob outros patamares. • Constante avaliação do ambiente externo, aprendendo do segmento de atuação em termos da reação de concorrentes, pressão de fenômenos macroeconômicos etc., per- mitindo que estes conhecimentos sejam distribuídos aos membros da equipe. • Construindo e implementando métodos racionais, claros, objetivos e atraentes de comunicação que integrem profissionais fixos e temporários, de área operacional, intermediária e estratégica, permitindo que haja fluxo colaborativo de conheci- mento, agregação de aprendizado e clima aberto entre os membros da equipe. • Aplicação coerente de ferramentas tecno- lógicas, que visem à captação e difusão do conhecimento, promovendo,efetivamen- te, o crescimento do capital intelectual de posse da organização. • Formas de atuação que transformem o conhecimento no sentido de acelerar a “espiral de conhecimento”, na explicitação do conhecimento tácito e na formação de novo conhecimento tácito, por sua vez. Devemos compreender que o Capital Intelectual poderá surgir da aplicação dos processo de gestão do conhecimento, em diversos de seus aspectos, fazendo com que bens pessoais, o conhecimento disperso e “nas cabeças dos membros de uma or- ganização”, se tornem bens tangíveis, estruturais, de propriedade de uma organização. Por último, qual seria o melhor desenho orga- nizacional para a aplicação dos processos de gestão do conhecimento abordando o capital intelectual da forma que estamos estudando? Atualmente, é assunto dos mais controversos, uma vez que as estruturas organizacionais tradicionais, usadas durante décadas pelas corporações, passaram por um intensivo processo de questionamento, muitas vezes, com necessidades de mudanças radicais - veja o que discutimos e ainda discutiremos, neste curso, para os modelos chamados de startups. A formação de células de conhecimento ou cé- lulas de produção de pequenos grupos, por exem- plo, com autonomia e relativo grau de autogestão, coordenados por gerentes que tenham visão com- pleta do ambiente interno da organização, aparece como um caso relevante a ser considerado. É ain- da novo no complexo cenário de estruturas orga- nizacionais, devendo-se aguardar, neste instante, melhor avaliação das perspectivas em termos de gestão de recursos humanos para conhecimento que encerra (atualmente são promissoras, entre- tanto, ainda em seu início). Aqui há de se destacar novamente o papel emergente das redes e mídias sociais de comunicação e agregação como redes de capital intelectual, permitindo perguntarmos 221UNIDADE VIII se uma “rede” social poderá formar e disseminar capital intelectual pelo grupo. Outros modelos vêm sendo testados e adotados por organizações, como a descen- tralização de poder e decisão em organizações “sem centro” (do termo inglês “center- less organization”), que determina a difusão da coordenação geral da empresa em diversos núcleos de competência, muitas vezes sub-empresas com identidade própria, ambiente este que demanda grande integração dos fluxos decisórios e informacionais, apoiados por ferramentas tecnológicas para esta finalidade. Exemplificamos, a seguir, uma simples modelagem instruída para relacionar o capital intelectual. Em Stewart (1999), temos a discussão de alguns modelos sugeridos para uso de medição de intangíveis, dentre eles este relacionamento objetivo que se segue: Relacionando o valor de mercado de uma empresa, podemos ter: Valor de mercado = Valor Contábil + Capital Intelectual Em que: Valor Contábil = Capital Monetário + Capital Físico. Portanto, o valor contábil é real, prático e expresso quantitativamente por valores que já são de possível domínio da empresa. Já a outra parcela pode ser detalhada em: Capital Intelectual = Capital Humano + Capital Estrutural Em que : Capital Estrutural = Capital de Processos + Capital de Relacionamento + Capital de Inovação, resultando em: Capital Intelectual = Capital Humano + Capital de Processos + Capital de Relacionamento + Capital de Inovação Esta simples equação mostra-nos como o capital intelectual pode ser calculado e, por fim, como o seu valor – que pode ser expresso em um número simples, para avaliação relativa, ou em número absoluto em grandeza financeira ou número de unidades – resultará em avaliação pertinente ao que desejávamos: valorizar, quantitativamente, o conhecimento produzido e gerido. Em que temos o detalhamento: 222 Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual CAPITAL HUMANO Parcela derivada do valor atribuído aos contratos e produções de colaboradores bem como suas pers- pectivas de geração de grandezas quantitativas (re- tornos financeiros, produtividade) como resultado de seu trabalho. CAPITAL DE PROCESSOS Busca valorizar os processos já estruturados na em- presa. Por exemplo: quanto vale o nosso sistema produtivo? Se fôssemos vender, por quanto seria ne- gociado? Qual o valor de nossos sistemas de gestão? São cálculos e avaliações como estas que resultam no capital de processos. CAPITAL DE RELACIONAMENTO Quanto valem os relacionamentos da empresa com os atores de mercado – seus clientes, fornecedo- res, legisladores, revendedores, entre outros. Por exemplo, aqui se avaliam fatores como carteira de clientes, contratos com fornecedores, entre outros. CAPITAL DE INOVAÇÃO Busca relevar, portanto, quanto a empresa pode inovar - em termos de produção, de ganhos finan- ceiros a obter-se com uma patente e seus sistemas associados de licenciamento, e assim por diante. 223UNIDADE VIII O conhecimento, visando à sua gestão em meio empresarial, envolve a percepção sistematizada do que existe, o aprendizado do passado e de expe- riências semelhantes às nossas, a compreensão de funcionamento e aplicação de sistemas associados aos nossos objetivos e, finalmente, a criatividade pró-ativa aplicada aos conceitos referentes às in- formações estudadas. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. O conhecimento envolve o aprendizado e o con- tínuo refinamento das noções do ambiente estu- dado. Veja, por exemplo, a medicina, que evoluiu das crenças antigas para métodos modernos de tratamento que, vez por outra, são revistos, permi- tindo a invenção e uso de novas drogas e métodos de atendimento aos doentes. Desenvolvimento do Conhecimento Empresarial 224 Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual Podemos estar, por exemplo, diante da situação de um forno industrial, dos que são usados para a produção de aços e ligas industriais. É possível aumentar a temperatura, com segurança, para aumentar também a produção? (envolvemos, subliminarmente, o conhecimento do sistema associado em que funciona este forno). Deve ser aumentada ou o aquecimento desligado em definitivo num determinado ponto operacional para economia de energia? Quais os danos pos- síveis ao equipamento, associados em cada um destes procedimentos? Existe risco de segurança para adotar qualquer uma destas providências? Estamos diante de questões de desempenho (co- nhecimento de funcionamento e produção), de temperatura (operação física do forno), economia (de energia, de produção) e integração do sistema fabril, da área industrial da empresa. Nestes casos, associamos aprendizado do ambien- te, da maquinaria envolvida, do histórico do sistema térmico em que o forno está e a interpretação para “danos possíveis ao equipamento” e “segurança”, além de todo o conhecimento do sistema – da fábrica, da Economia – no qual o forno responde pela produção. Todo este conhecimento encerra largo período de aprendizado – por meio do contato pessoal com pes- soas mais experientes, consulta aos acervos diversos, como manuais, textos avulsos, estudos, transmissão de informações, procedimentos padronizados e conven- cionados de análise e interpretação e os conhecimen- tos e informações desenvolvidos pelo estudo científico das áreas específicas. No caso da temperatura de um corpo huma- no estar em 38°C, podemos adotar providências simples, como um banho frio, ou mais complexas, de administrar um medicamento antitérmico. Re- pare na integração intuitiva com os acervos que estudamos: tal interpretação de um dado encerra sua composição como informação (comparação) e posterior agregação de conhecimento do sistema e ambiente associado para que se decida que ação tomar a seguir. Neste simples exemplo do nosso cotidiano, a tríade dado - informação - conheci- mento é usada num tratamento imediato, numa providência acessível. Assim, podemos dizer que a gestão do conhe- cimento é uma concepção de como lidar com da- dos, informações e conhecimento para qualquer processo aberto