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SDE3552 TEORIA E PRÁTICA DA NATAÇÃO-HISTÓRICO DO CRAWL

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Prof. Me. Eduardo Jorge Lima 1 
 
 
 
HISTÓRICO DO CRAWL 
 
 
 No século XVII, do outro lado do mundo, os japoneses livres do preconceito do 
cristianismo europeu, incluíam por ordem do Imperador que a natação fosse ensinada e 
praticada nas escolas, mas como o Japão era um país fechado, isso não se disseminou 
para o resto do mundo. Foi no final do século XIX na Inglaterra que a natação ressurgiu 
com mais intensidade, onde foi fundada a Sociedade Britânica de Natação e graças à 
atuação de “Lord Byron”, poeta e esportista, a natação passou a ser praticada em público, 
pois se um lorde podia nadar em público, todos podiam. 
 
 O nado crawl é o resultado da longa busca de um estilo que fosse capaz de diminuir 
a resistência da água e aumentar a velocidade do nadador. 
Até então, o estilo empregado era uma braçada de peito, executada de lado. Mais 
tarde, passou-se a levar um dos braços à frente pela superfície, num estilo que recebeu o 
nome de single overarm stroke. Em 1870, J. Arthur Trudgeon, um instrutor inglês de 
natação aplicou uma técnica utilizada pelos nativos da América do Sul, em que os braços 
eram levados para frente, alternadamente (double overarm). A pernada, porém continuava 
a ser um golpe de tesoura. 
O nado contínuo com batimento alternado de pernas já era praticado por nativos do 
Pacífico, quando em 1898, Alik Wickham das Ilhas Salomão, nadando numa praia próximo 
de Sidney arrancou de George Farmer, um dos treinadores mais renomados da época a 
seguinte expressão “Olhem como rasteja sobre a água”, batizando o estilo de crawl, 
palavra inglesa que significa RASTEJAR. 
 
 Outro inglês chamado Frederick Cavill, que era um excelente nadador de peito, 
decidiu morar na Austrália onde construiu várias piscinas e começou a ensinar a natação. 
Antes da virada do século, Cavill, fazendo uma viagem com sua família (incluindo seis 
filhos), observou vários nativos da região nadando usando um forte movimento de pernas 
e assim como Trudgeon, percebeu que todos nadavam com braçadas alternadas. Cavill 
decidiu então estudar a fundo e criou o "crawl australiano". 
 As principais características eram o grande deslizamento, as pernas esticadas e o 
movimento alternado de braços. Um dos filhos de Cavill, Richard, esteve na Inglaterra em 
1902 e nadou as 100 jardas em 58"8. Ao descrever o seu revolucionário estilo, Cavill 
disse: "é como estar engatinhando na água". 
 
Os americanos aperfeiçoaram o crawl australiano introduzindo uma movimentação 
muito maior de pernas para melhorar a posição horizontal do corpo e facilitar o 
deslocamento, surgiu então o “crawl americano”, que trouxe muitas glórias para os E.U.A, 
destacando o havaiano Duke Kahanamoku que utilizava uma pernada em 6 tempos, como 
um dos atletas mais vitoriosos. 
Normalmente os nadadores olímpicos se destacam por volta dos 20 anos e se 
afastam antes dos 30. A carreira olímpica de Duke não foi muito convencional. Ele fez 
parte da equipe de natação americana por mais de 20 anos. Com menos de 2 anos de 
treino em piscinas, estreou com 22 anos nas olimpíadas de Estocolmo, em 1912, idade 
considerada avançada para estreias olímpicas e despediu-se das competições aos 42 
anos de idade. Aos 20 anos foi visto por um treinador nadando na baía de Honolulu – 
identificou um talento e o convenceu a competir. Iniciou sua história gloriosa ao conquistar 
o ouro em sua primeira olimpíada, completando os 100m livre em 1’03”40. Participou de 
mais 3 olimpíadas, ganhou 5 medalhas, virou celebridade e passou a fazer exibições de 
surfe e natação. Morreu em 1968 aos 77 anos. E uma enorme estátua recebe os turistas 
na badalada praia de Waikiki. 
 
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Depois de Kahanamoku, surge Johnny Weissmüller, que em 1924 nas Olimpíadas 
de Paris, torna-se o 1º homem a nadar os 100m livres abaixo de 1 minuto. Uma marca 
histórica veio abaixo. Após completar a prova em 58”60 os juízes não acreditam no que 
dizem os cronômetros. 
 
Na primeira Olimpíada da Era Moderna em 1896, somente o nado livre existia, onde 
eram utilizados o nado de peito ou o Trudgeon. Em 1900 surge o nado costas e junto com 
o crawl dominavam as provas de nado livre. O nado peito passa a ter uma prova separada 
em 1904. As provas femininas de nado livre foram incluídas nos Jogos de Estocolmo 1912 
e faziam parte todos os estilos existentes. 
 
Apesar de ser a forma mais rápida de nadar, o crawl não é considerado oficialmente 
como estilo e de acordo com as regras da FINA, órgão responsável pela natação mundial, 
as provas de competição são nadadas nos estilos: Livre, Costas, Peito e Borboleta. 
 
 
 
 
TÉCNICA DO CRAWL 
 
1-SAÍDA 
 
Os tipos de saída mais utilizados atualmente são: 
 
- Partida Agarrada (Grab Start): Pés paralelos e ligeiramente 
afastados, com os dedos agarrados na extremidade do bloco; 
tronco flexionado com joelhos em semiflexão e as mãos segurando 
na parte anterior da plataforma. 
 
- Partida Atletismo (Track Start): Mãos segurando na parte 
anterior do bloco, com os pés afastados um na frente do outro, 
semelhante à largada do atletismo. 
 
- Partida em circundução: Pés na mesma posição da saída agarrada, porém com os 
braços estendidos na frente do corpo. Este tipo de saída é mais utilizado nas provas 
de revezamento. 
 
- Fase Aérea: Após a saída, o corpo realiza uma trajetória aérea de 
elevação do corpo de 45° em relação á água, para alcançar a maior 
distância possível. 
 
2- ENTRADA NA ÁGUA 
A entrada na água deve ser feita em posição oblíqua (diagonal), com os braços 
estendidos, a cabeça encaixada e todo o corpo passando pelo mesmo lugar por onde 
entraram as mãos. 
Após entrar na água acontece o deslizamento e logo em seguida inicia-se o 
batimento de pernas erguendo os braços para cima, a fim de levar o corpo mais rápido em 
direção à superfície. 
Inicia-se a puxada da 1ª braçada com o corpo ainda submerso, realizando a 
respiração somente após as primeiras braçadas, para manter o equilíbrio do corpo e 
sustentar a posição na água. 
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3- POSIÇÃO DO CORPO 
Esta posição deve ser a mais paralela possível à linha da superfície. 
 
4- PERNADA 
 
O trabalho dos pés que para ser efetivo, deve ser aplicado abaixo do nível da 
água. A principal função do trabalho de pernas é auxiliar no equilíbrio e sustentação 
do corpo, pois em relação à propulsão a pernada corresponde de 20 a 30% do 
rendimento total, mas se ela não funcionar a flutuabilidade é afetada, criando zonas 
de atrito que prejudicam a progressão do nadador. 
O batimento dos membros inferiores é realizado com os pés soltos, 
ligeiramente voltados para dentro e em flexão plantar (ponta). 
Joelhos semiflexionados e movimentos alternados no sentido vertical, a partir 
dos quadris. Possui uma fase ascendente (negativa) e outra descendente 
(propulsiva). Um erro comum na aprendizagem é a pernada com movimentos 
exagerados de flexão ou extensão de joelhos. 
 
5- BRAÇADA 
 
O trabalho dos braços é dividido em duas fases: 
a) Aérea 
b) Aquática 
 
FASE AÉREA 
 
Não tem ação propulsiva, por isso é também chamada de fase negativa ou de 
recuperação. Uma vez que seu trabalho correto irá determinar a eficiência da 
puxada. 
O braço sai da água estendido e inicia imediatamente a 
flexão do cotovelo de modo que ele fique mais alto que a 
cabeça, atingindo uma flexão máxima de aproximadamente 
90°, deixando a mão solta e os dedos apontados para baixo. 
 
FASE AQUÁTICA 
 
Responsável por 70 a 80% da propulsão do nado, é dividida em 
três etapas: 
 - Apoio; 
 - Tração; 
 - Empurrada. 
 
E possui também três dimensões: 
- Profundidade; 
- Largura; 
- Comprimento. 
 
 
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 O ritmo da braçada é alternado e contínuo, quando uma mão entra a outra inicia a 
recuperação, sendo a segunda mais rápida. 
 Na entrada da mão (apoio), o cotovelo permanece mais alto que a mão, 
aumentando o efeitode alavanca. 
 Após o apoio, a mão vira para dentro tracionando a água para trás, com uma flexão 
do cotovelo de no máximo 90º. 
 O tronco realiza uma rotação que se propaga por todo o corpo devido a ação do 
movimento dos braços. 
 
6- RESPIRAÇÃO 
 A respiração do nado crawl pode ser feita de duas formas: 
 
 - LATERAL 
 - BILATERAL 
 
 A Bilateral é uma ótima técnica para se trabalhar na iniciação, logo após se aprender 
a respirar de forma lateral, pois apresenta grande benefício: 
 - Permite uma melhor simetria do movimento e equilíbrio do corpo. 
 - Trabalha a aplicação de força de cada braçada com a mesma intensidade. 
 - Facilita a visualização dos adversários em ambos os lados durante a prova. 
 - Aumenta velocidade das braçadas pela necessidade de se respirar novamente. 
 - Promove a sobrecarga cardiorrespiratória ao reduzir o número de respirações 
(apneia). 
 
 Técnicas de Respiração Bilateral: 
 - 3 x 1 (Três braçadas e uma respiração) 
 - 5 x 1 
 - 5 x 3 (Combinadas ou mistas) 
 - 7 x 3 
 - 7 x 5 (Alto Nível) 
 
7- VIRADAS 
 
 A virada do nado crawl pode ser acontecer de duas formas: 
 - SIMPLES – Realiza-se o toque na borda na borda com uma mão, ao mesmo que 
encaixa os pés na parede lateralmente para em seguida executar o impulso na parede de 
forma submersa. Por causa da parada na borda, é uma técnica de virada mais lenta e 
que normalmente não se usa em competições. 
 - CAMBALHOTA – O nadador aproxima-se da borda e sem precisar tocar mão 
realiza-se um rolamento frontal (giro), encaixando os pés de forma lateralizada, mas 
ainda com o corpo em posição dorsal, executando o impulso submerso realizando a 
torção para a posição ventral. 
 
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A virada Cambalhota ou Olímpica começou a ser utilizada nas Olimpíadas do 
México em 1968. Até aquela época o toque da mão era obrigatório. 
A partir daí a FINA modificou a regra determinando que o toque na parede pudesse ser 
realizado com qualquer parte do corpo. Após a virada o nadador deve deixar a borda na 
posição de lado, virando para posição ventral. 
 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
O nadador aproxima-se da borda iniciando a cambalhota a 
mais ou menos uma braçada antes da parede. 
 
 
Executa-se uma puxada forte do braço ao mesmo tempo em 
que começa a afundar e grupar o corpo para realizar o giro. 
 
Inicia-se o giro para frente soltando o ar pelo nariz, trazendo o 
queixo e as pernas para próximo do peito. 
 
Após o giro encaixam-se os pés na parede com os joelhos 
flexionados e o corpo na posição dorsal. Em seguida vira-se 
para o lado, levando os braços à frente da cabeça para dar 
impulso em decúbito lateral. 
 
No impulso o corpo desliza de lado realizando a torção para a 
posição ventral, ao mesmo tempo em que se inicia o 
batimento de pernas alternadas ou simultâneas (golfinhada). 
 
 
REGRAS DO NADO LIVRE – SW 5 
 
REGRA SW 5.1 - Nado Livre - significa que numa prova assim denominada, o 
competidor pode nadar qualquer estilo, exceto nas provas de medley individual ou 
revezamento medley, quando nado livre significa qualquer nado diferente do nado de 
costas, peito ou borboleta. 
 
 1- BORBOLETA 
 2- COSTAS 
 INDIVIDUAL 3- PEITO 
 4- LIVRE 
 MEDLEY 
 1- COSTAS 
 2- PEITO 
 REVEZAMENTO 3- BORBOLETA 
 4- LIVRE 
 
REGRA SW 5.2 - Alguma parte do nadador tem que tocar a parede ao completar cada 
volta e no final. 
 
REGRA SW 5.3 - Alguma parte do nadador tem que quebrar a superfície da água 
durante a prova, exceto quando é permitido ao nadador estar completamente submerso 
durante a volta e numa distância não maior que 15 metros após a partida e cada volta. 
Nesse ponto, a cabeça deve ter quebrado a superfície da água.

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