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RECURSOS HUMANOS DEIXAM DE SER DEPARTAMENTO PESSOAL PARA SER AGENTE TRANSFORMADOR DENTRO DA ESCOLA Recrutamento, seleção, avaliação, remuneração e qualificação fazem parte do cotidiano administrativo de qualquer empreendimento. No caso das escolas, esses processos são em prol da formação de cidadãos, uma vez que o ensino possibilita a apreensão de competências e a inserção social dos alunos. Para aprimorar as relações de trabalho dentro da instituição de ensino, muitos grupos educacionais estão deixando de ter apenas um departamento de pessoal que cuida de aspectos legais e folha de pagamento, e passam a ter um setor de recursos humanos que promove estratégias que desenvolvam o ambiente organizacional na direção de seus valores e metas. No Brasil, na década de 1930, com a criação dos direitos do trabalhador durante o governo Getúlio Vargas, as empresas passam a ter a necessidade de contar com a figura do profissional que desempenha o papel de gerente das relações industriais e pessoais. No fim dos anos 70, em grande parte por causa do movimento sindical, passa a ser exigido dos profissionais de recursos humanos profundo e atualizado conhecimento das normas trabalhistas. O que o mercado demanda hoje é que os aspectos legais estejam alinhados com os sociais e econômicos dentro de qualquer organização, e no ambiente educacional não é diferente. Todavia, enquanto o mercado corporativo utiliza práticas com foco em resultados na gestão de seus colaboradores, nas instituições de ensino isso é limitado. "O que encontramos na maioria das escolas é a atenção voltada apenas para os aspectos burocráticos relacionados às rotinas trabalhistas. Somente as universidades e os grandes grupos educacionais estão indo além", afirma Sonia Colombo, autora dos livros "Gestão Educacional: Uma nova visão" e "Marketing Educacional em Ação". Se uma das responsabilidades de um RH - profissional geralmente com formação em psicologia ou em administração de empresas - é contribuir para a harmonia plena do estabelecimento, não há dúvida de que ele desempenha uma função essencial para o bem estar gerencial da instituição. Hothir Marques Ferrreira, gerente de recursos humanos do Instituto Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo, aponta duas razões que justificam tal importância: coerência e conjuntura. "Em primeiro lugar, organizações cujo objetivo principal é educar pessoas devem investir no desenvolvimento de conhecimento e competências de seus próprios colaboradores. Além disso, as escolas estão sendo cada vez mais rigorosas quanto à qualidade, uma vez que o número de egressos do ensino médio cresce e as classes C e D se expandem". A conjuntura aponta para uma diferenciação na própria forma de entender o trabalho dos profissionais dentro das escolas. "Não sem razão, nos últimos anos, tem havido no segmento a abertura de capital, entrada de capital estrangeiro, fusões, aquisições e, consequentemente, crescimento da competitividade. E para serem competitivas, as instituições de qualquer porte devem transformar o tradicional departamento de pessoal em recursos humanos estratégico", afirma Hothir. Os estabelecimentos que tomam a iniciativa de criar e aprimorar o setor que administra pessoas propicia a formação e aperfeiçoamento dos colaboradores de maneira a atender às necessidades institucionais, setoriais e individuais. Segundo Irmã Venícia Meurer, da Congregação Irmãs Palotinas, outro resultado é o reconhecimento digno e compatível do colaborador dedicado e eficiente. "Isso não necessariamente circula no âmbito da bonificação ou na elevação do cargo, mas também por meio de homenagens internas para aqueles que têm um melhor desempenho. É importante abrir espaço para criatividade, criando oportunidades para o desenvolvimento de novas ações em prol da educação - por exemplo, o resgate do aluno no prazer de estudar", opina Irmã Venícia, que também acredita que a combinação de colaboradores motivados e alunos sedentos por conhecimento enfraquece a chamada "geração de analfabetos funcionais". HARMONIZAÇÃO Um dos principais desafios do profissional de RH é a busca por um equilíbrio entre motivação de pessoal com produtividade. Stela Graciani, coordenadora do curso de pedagogia da PUC-SP, sinaliza que conciliar os dois lados da balança requer muita atenção dos gestores educacionais. "Normalmente, os líderes se esforçam para atender às necessidades da organização, mas não conseguem resolver todas as necessidades dos profissionais, nem pessoal nem como seres sociais. Há negligência em fatores como infraestrutura, pessoal preparado para lidar com mediação de conflitos, inovações pedagógicas, e isso pode atrapalhar a harmonia escolar. Poucas pessoas possuem e aplicam continuamente o dom de motivar o outro, mas têm o potencial (muitas vezes inconsciente) de desmotivá-lo. É o que pensa Sonia Colombo. Para ela, entretanto, isso não significa que o gestor não possa atuar de modo eficaz para obter um alto nível de estímulo de sua equipe. "Cabe aos líderes educacionais criarem condições para que a motivação existente em cada um de seus colaboradores possa aflorar adequadamente no desenvolvimento de suas atividades. Para tanto, é necessário conhecer as necessidades e particularidades de cada funcionário, direcionando trabalhos que vão ao encontro das necessidades motivacionais de cada um. Não é uma tarefa fácil, mas ao fazer isso são altos os níveis de produtividade e satisfação". Sonia defende que o reconhecimento é muitas vezes esquecido e tem força expressiva para estimular as pessoas a fazerem trabalhos com mais qualidade. Segundo o sociólogo Boudewijn van Velzen, "o resultado de uma grande reforma está no conjunto dos pequenos passos dados". É possível dizer que não é difícil motivar colaboradores quando uma escola está orientada com entusiasmo a atingir metas claras e objetivas. De acordo com Marinete Maria da Silva, gerente de recursos humanos do Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, um dos elementos-chave dessa dinâmica é o relacionamento. "Uma diretoria que privilegia a relação com os alunos, a afetividade, a aceitação e o conhecimento das diferenças entre os funcionários busca sempre implantar a valorização dos relacionamentos e a cooperação entre todos. Com isso, o resultado será positivo e estará visível no comportamento das pessoas", afirma Marinete. Um dos desdobramentos disso num estabelecimento é quando há pouca rotatividade de pessoal. "Os gestores educacionais devem em todo o processo ter como base o respeito e apostar no perfil de cada profissional, sempre valorizando os pontos positivos das personalidades desses funcionários. O desempenho deve ser observado, as ações de êxito devem ser valorizadas e não se deve supervalorizar os erros cometidos", observa Marinete. Visando o bem estar de colaboradores e familiares, o Colégio São Bento - uma instituição de mais de 150 anos e que faz parte do Mosteiro de São Bento -, por exemplo, oferece benefícios como café da manhã e lanche em restaurantes dentro do complexo do Mosteiro. De acordo com Marinete, há funcionários que há mais de 50 anos prestam serviços na instituição e não querem se aposentar porque fazem o que gostam. DEMOCRACIA E DIREÇÃO Transportar essa mesma lógica para a maneira como os professores lidam com os alunos também é uma atitude que o profissional de recursos humanos pode e deve incentivar no ambiente escolar. Um exemplo de como isso funciona é a Escola Nossa Senhora das Graças, em São Paulo. Lá, atividades extracurriculares são organizadas e proporcionadas pela escola com o objetivo de estreitar os laços entre todos os atores da comunidade educacional. "Temos iniciativas como, por exemplo, a produção de um documentário sobreum assunto ou tema estabelecido por professores e alunos. A direção apoia atividades propostas por alunos, pois acreditamos que isso colabora para que os estudantes tornem-se autônomos, responsáveis e pratiquem o trabalho coletivo. Incentivamos, por exemplo, o grêmio estudantil", relata Eduardo Castor, diretor da escola. Eduardo destaca também a importância que a escola deve dar para a existência de um espaço para trocas, planejamento coletivo e discussão de temas do cotidiano. "Os funcionários se reúnem sistematicamente para debater a respeito de questões como desempenho profissional e relacionamento interpessoal. Comunicação é uma peça fundamental para fortalecer vínculos e estabelecer confiança", diz. Quando o ambiente não é propício para essa troca, pode surgir um contexto que dificulta a escola de funcionar como um organismo integrado. "Se os profissionais da gerência não criam um cenário de estímulo e encantamento, surgem situações de marasmo e desilusão dentre os participantes. A escola vira um campo estéril de rotinização, individualismo e descrédito. Quem trabalha com recursos humanos não pode só pensar em folha de pagamento e em questões trabalhistas: tem que criar oportunidades de vivências alternativas, culturais e empreendedoras" (StelaGraciani.) A criação de um departamento de recursos humanos dentro da escola foi a solução que a Congregação Irmãs Palotinas achou para erradicar seus problemas institucionais. Segundo Irmã Venícia, a necessidade de montar uma área de gestão de pessoas se deu a partir da visão e do desejo de que era preciso crescer como unidade de ensino. "A partir de um diagnóstico institucional, foi constatado que algumas fraquezas de gestão inviabilizavam o cumprimento da missão e da garantia do padrão de qualidade. Ao estabelecer esse setor, foi dada ênfase em estratégias de fidelização dos colaboradores, envolvendo remuneração e benefícios. Essa atitude permitiu recrutar, estruturar, instruir e selecionar as pessoas com o perfil e a qualificação mais adequada para trabalhar na escola", explica. Entretanto, um dos motivos que faz as escolas não estruturarem um setor de RH recai sobre o aspecto financeiro. Diante dessas circunstâncias, os estabelecimentos recorrem a consultorias educacionais, por exemplo. Para Douglas Emmanuel de Souza, gerente de recursos humanos do Colégio Visconde de Porto Seguro, cada caso requer uma sistemática adequada ao seu perfil. "A dica é que as escolas reflitam sobre suas necessidades de gestão de pessoas e busquem as alternativas possíveis dentro de suas realidades: parcerias com consultorias, formação de profissionais internos que possam assumir as funções de RH e eventualmente a criação de uma estrutura dedicada", afirma. Douglas complementa que é necessário que o profissional incumbido de desempenhar essa função compreenda o negócio da organização. "É preciso que ele entenda o posicionamento do grupo em que atua, os desafios, os objetivos para o futuro e as dificuldades atuais. Só assim poderá contribuir positivamente por meio de práticas e processos adequados ao cenário em que se encontra e onde quer chegar". No caso de optar pela contratação de uma consultoria, nem todas as atividades de recursos humanos devem ser terceirizadas para esse parceiro. "Cabe à consultoria agregar valor aos processos de gestão de pessoas em atividades relacionadas à seleção de pessoal, capacitação, elaboração de instrumentos de avaliação de desempenho e estruturação de um plano de carreira. Não cabe à consultoria, por exemplo, conduzir as avaliações de performance dos funcionários. Sendo assim, o ideal é que todas as escolas tivessem uma área de RH que estabeleça as políticas no contexto da gestão de pessoas e que conte com alguns trabalhos de consultoria externa que possam somar às necessidades da instituição", sugere Sonia Colombo. Outra possibilidade consiste em os gestores buscarem alianças com outros grupos educacionais, promovendo um intercâmbio de experiências sem perderem suas características, mas sim possibilitando que docentes e discentes se adaptem a novos desafios e situações adversas. Para Hothir Marques Ferreira, é preciso pensar estrategicamente e com uma finalidade objetiva na hora de lançar mão de todas essas alternativas. "Ter uma estrutura de RH própria possibilita o permanente e contínuo vínculo com os princípios e valores institucionais. Recorrer a consultorias é positivo no sentido de ser um recurso para atender a projetos pontuais, aproveitando a riqueza de conhecimento abrangente que elas têm. Para quem não tem uma área específica de recursos humanos dentro da escola, o primeiro passo é elaborar um plano - peça fundamental para dar evidência ao que se quer e obter credibilidade da alta direção na fase seguinte. Essa próxima etapa é a apresentação do plano e de diálogo com a alta direção e com pares de outras áreas. O plano deve ser implantado em etapas. É claro que quanto mais se queira fazer, maiores serão os recursos e o número de profissionais envolvidos, mas o fundamental é ter a iniciativa". Em relação ao Mackenzie, o departamento de recursos humanos desempenha, além das atividades de documentação de pessoal, folha de pagamento, segurança e medicina do trabalho, o recrutamento e seleção interno e externo, desenvolvimento de conhecimentos e competências, gestão de carreiras e salários, benefícios e serviço social. No Mosteiro de São Bento, por sua vez, o setor cuida da avaliação de desempenho, recrutamento e seleção, treinamento, benefícios, elaboração dos processos administrativos de pessoal e o acompanhamento da legislação trabalhista. Marinete Maria da Silva aponta algumas características de quem trabalha nessa área. "O profissional de RH de uma escola deve gostar muito de lidar com as pessoas, ter versatilidade, estar sempre atualizado com assuntos ligados à gestão escolar e transmitir credibilidade nas ações da unidade de ensino. Seu diferencial é acompanhar as frequentes mudanças na educação e focar suas energias no aprendizado constante", diz ela. Eduardo Castor também destaca a necessidade de esse profissional ser responsável pela sua atualização profissional. "Além disso, devem ser pessoas que saibam lidar com conflitos e frustrações, e precisam acreditar que a educação é um meio de desenvolvimento e transformação do ser humano. Elas também devem se certificar de que todos os professores tenham essa dimensão". Aos gestores, por sua vez, fica o papel de assegurar que há investimento na capacitação de seu pessoal, valorizar as competências de sua equipe e incentivar a integração de toda a comunidade escolar. Esse é o caminho que acaba produzindo reflexos no bem estar dos estudantes, possibilitando que eles sejam cumpridores de seus deveres, defensores de seus direitos e da coletividade, bem como empreendedores da justiça, da paz e da igualdade social. O passo-a-passo do RH em 15 anos no Brasil O que mudou nos sete principais pilares da gestão de pessoas nos últimos 15 anos no país e como isso impactou os processos de recursos humanos. São Paulo – Numa época em que os gestores de recursos humanos se esforçam para reter os funcionários a fim de evitar o tão falado apagão de talentos, quase ninguém se lembra do tempo em que as empresas mal se importavam com as pessoas. “As organizações mantinham os empregados num processo de submissão e, mesmo ganhando mal, eles continuavam trabalhando”, relembra o coordenador do curso de gestão estratégica de pessoas do Ibmec de Brasília, Pedro Paulo Carbone. “Os contratos de trabalho eram quase vitalícios.” Na década de 90, porém, foi iniciada a mudança dessa relação. Com a abertura domercado brasileiro, a concorrência estrangeira, o Plano Real e a crise da Ásia, vieram também as grandes reestruturações empresariais. Foi o tempo dos downsizings e da reengenharia. “Os funcionários foram demitidos sem entender o porquê, quebrando a confiança até então mantida nos patrões”, explica outro professor de gestão de pessoas, Francisco Ramirez, do Insper. Aos que ficavam, os patrões avisavam: faça o trabalho de quantos puder, e eu garanto o seu mesmo salário. Os departamentos com 30 pessoas ficaram com quatro ou cinco. Para cada um que deixava o trabalho, abria um vazio maior na corporação, e a necessidade de repor passou a ser urgente. Timidamente, começam a surgir questionamentos do atual modelo de gestão de pessoas e de como a mão de obra impacta até no resultado das nações. http://www.exame.com.br/topicos/recursos-humanos http://www.exame.com.br/topicos/insper Como mensurar as relações de trabalho para a empresa? Como saber se treinar 1 000 funcionários é eficiente para o negócio? Se o aumento de 40% é suficiente ou não? De simples mão de obra, o recurso humano, diz o professor Paulo Carbone, do Ibmec, passa a ser visto como capital. Nesse novo cenário, o RH começou a ser chamado — e sua vida mudou na empresa. Hoje, seu papel é muito diferente do que representava há 15 anos. “O RH deve ser, no mínimo, o que eledemanda do outro: criativo, inovador, agregadorde valor na estratégia”, diz o professor Anderson Sant’Anna, coordenador do curso de liderança da Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais. Para entender como os gestores de recursos humanos encararam essas transformações e como as práticas de RH evoluíram no Brasil nos últimos 15 anos, a VOCÊ RH conversou com 34 especialistas, entre professores, consultores e executivos. Eles traçaram a trajetória corporativa ao longo desse período e contam como o RH atua (ou deveria atuar) hoje nos sete principais pilares que sustentam a gestão de pessoas: avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento, responsabilidade social, sucessão, saúde e qualidade de vida, remuneração e benefícios, atração, seleção e retenção. Para entender como os gestores de recursos humanos encararam essas transformações e como as práticas de RH evoluíram no Brasil nos últimos 15 anos, a VOCÊ RH conversou com 34 especialistas, entre professores, consultores e executivos. Eles traçaram a trajetória corporativa ao longo desse período e contam como o RH atua (ou deveria atuar) hoje nos sete principais pilares que sustentam a gestão de pessoas: avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento, responsabilidade social, sucessão, saúde e qualidade de vida, remuneração e benefícios, atração, seleção e retenção. Avaliação de desempenho No passado, a avaliação de desempenho era ligada à produção e ao controle do indivíduo: cumprimento de horário e metas e assiduidade. O processo era sigiloso e http://www.exame.com.br/topicos/ibmec isolado. O funcionário não podia discordar nem se defender do julgamento e os resultados não interferiam na remuneração ou no seu desenvolvimento. O primeiro passo para a evolução foi a inclusão do processo de feedback. Hoje, explica Eduardo Faro, gerente da consultoria em capital humano PricewaterhouseCoopers, a avaliação virou gestão do desempenho, com foco no indivíduo. Vale o que ele entrega (meta), mas também como entrega (comportamento) e, em alguns casos, como o da Whirlpool, passou a valer também quanto ele tentou(esforço). Diferentemente do que ocorria lá atrás, quando a avaliaçãoera umprocesso pontual, hoje o funcionário é acompanhado, ouvido e aconselhado pelo gestor constantemente. E o resultado dessa atividade vai impactar seu destino na empresa. Como mais um avanço do processo, as avaliações passaram a ser mais democráticas: em vez de o empregado ser avaliado só pelo chefe direto, ele recebe o feedback de pares do chefe e do chefe do chefe. É assim na Cielo, que até o final de 2011 pretende avaliar todos os funcionários em comitês. Depois da análise, eles são distribuídos numa matriz de desempenho composta de 12 perfis. É uma adaptação do tradicional Nine Box (usado pela maioria das companhias) feita por Roberto Dumani, vice-presidente executivo de desenvolvimento organizacional, para diferenciar ainda mais os níveis de resultados dos colaboradores. Outra inovação, que segundo os consultores deve virar tendência, é que todos os executivos da Cielo têm metas associadas à boa gestão dos recursos humanos. “Se eles não cumprirem a meta, recebem menos bônus”, diz Dumani. Com esse modelo, o RH consegue antecipar problemas e atuar de maneira cirúrgica. Treinamento e Desenvolvimento As companhias costumavam treinar seus funcionários para mexer numa máquina ou usar um sistema de computador. “Há dez anos, as aulas eram mecanicistas, formatavam a pessoa”, diz WaléryaCarriço, da consultoria de desenvolvimento Axialent. A partir do momento em que os produtos e serviços começaram a ser lançados cada vez mais rapidamente, as empresas se aproveitaram da popularização da internet para capacitar várias pessoas ao mesmo tempo nos cursos online. http://www.exame.com.br/topicos/feedback Depois, veio a era da inteligência emocional e os RHs perceberam que precisavam trabalhar não só o técnico, mas principalmente a parte do comportamento. Explodiram os processos de coaching, mentoring, counselling e os exercícios de autoconhecimento. Afinal, a forma como o indivíduo se vê influencia diretamente suas atitudes com a equipe, com os clientes e com o chefe. Essa é a teoria da Racional Engenharia, que aposta no lema “Formar gente através de gente”, em vez da tradicional sala de aula. O método ajuda a treinar os 700 empregados próprios e os 14 000 terceiros, espalhados em 15 obras. Há dois anos, os líderes passam por treinamento sobre autoconhecimento e avaliam sua vida e seus valores pessoais e profissionais — e isso vai descendo até chegar às obras. Os trainees são acompanhados de perto por tutores (diretores, vice-presidente e o próprio presidente), que orientam a carreira e o comportamento. Outros 18 mentores orientam os níveis operacionais. Resultado: em dez anos a Racional perdeu menos de cinco colaboradores. Neste ano, a companhia gastará 10 milhões de reais em educação corporativa, gestão do conhecimento e tecnologia. Dentre os projetos há um portal com redes sociais, Wikis e outras ferramentas de compartilhamento de informações, que no futuro conectará todos os stackholders. Outra tendência nesse pilar para 2011, segundo a sócia-diretora da Angeramis Desenvolvimento Profissional, Fernanda Angerami, é a mediação de conflitos. “As empresas incentivaram que cada um opinasse e sugerisse ideias. Agora, precisam de alguém que case as opiniões para que elas sejam produtivas.” Responsabilidade Social Doar agasalhos no inverno e alimentos no Natal, ou reciclar garrafas PET e óleo de cozinha. Era isso o que as companhias entendiam por responsabilidade social. Apesar de muitas companhias ainda estarem nesse patamar, o conceito de responsabilidade social corporativa evoluiu bastante nos últimos 15 anos. O primeiro selo para reconhecer uma empresa socialmente responsável, o SA 8000, foi lançado em 1997 por uma agência internacional americana. No ano seguinte, no Brasil, um grupo de executivos abriu o Instituto Ethos. “A partir daí o conceito passou a ser difundido no país”, diz Paulo Itacarambi, vice-presidente do instituto. As companhias criaram áreas específicas de responsabilidade social (que hoje estão quase sempre sob responsabilidade do RH) e, com o tempo, entenderam que não bastava só ajudar a sociedade. Começaram as parcerias com as organizações não governamentais e os projetos de educação nas comunidades de baixa renda. “Antes a preocupação era ficar bonito na foto, depois viroualgo alinhado com a estratégia”, diz Rosmary Delboni, diretora da Key Associados, consultoria que ajuda corporações a desenvolver projetos sociais. Nasceu o conceito de sustentabilidade. Atualmene, a última palavra em responsabilidade social é o marketing relacionado a causas (MRC). Uma instituição que tem vocação social e quer atuar de forma direcionada identifica organizações do Terceiro Setor para representá-las, como fez a Alpargatas. Em 2003, a fabricante de calçados criou um instituto que contribui para a melhoria da educação de crianças de 7 anos a jovens de 29 anos, promovendo esporte nas comunidades (e também sua marca esportiva Topper). Em 2004, a empresa assinou uma parceria com o Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê) e criou uma linha de produtos com imagens de animais, da qual 7% do lucro líquido das vendas é direcionado para conservação da biodiversidade. “As organizações perceberam que a relação com o consumidor vai além da compra do produto, pois ele quer entender que a marca cuida da comunidade onde habita”, diz a diretora de RH, Márcia Costa. Sucessão Apesar da discussão intensa, o avanço nos processos sucessórios das empresas ainda é tímido. Segundo Manuel Martins, consultor da Mesa, especializada em governança corporativa, hoje de 20% a 30% do mercado tem planos de sucessão mais estruturados, e nessa faixa estão maciçamente as empresas globais americanas. “As familiares ainda sofrem com isso”, diz Martins. O consultor Cesar Souza, presidente da Empreenda, alerta que, no aspecto sucessório, o mercado evoluiu mais no nível da consciência do que no nível da atuação. “Muitas vezes, a companhia avança nisso apenas por circunstâncias externas, como uma abertura de capital, uma fusão ou aquisição.” http://www.exame.com.br/topicos/alpargatas Nos últimos 15 anos, além dos fatores externos, as ferramentas de RH, como coaching e avaliação de potencial e desempenho, estimularam algumas mudanças na forma como a sucessão vem sendo administrada nas organizações. Lá atrás, por exemplo, esse assunto era preocupação exclusiva do topo da empresa. Hoje, ele desceu para outros níveis. Os planos de sucessão ganharam um pouco mais de transparência também. Na década de 90, o assunto era considerado segredo absoluto. “Esconder isso hoje é ir na contramão do modelo atual de gestão de pessoas”, diz Jorge Ruivo, presidente da Wiabiliza. A transparência passa também pelos critérios de escolha do sucessor, que hoje são divulgados nas ferramentas de avaliação, e pela forma como esses candidatos são escolhidos. “O que era decidido muitas vezes apenas por uma pessoa, passa agora por um comitê”, diz Martins. A IBM é um exemplo de companhia que foi mexendo na forma como fazia a sucessão. Os critérios para escolher um sucessor lá atrás eram focados na competência técnica, no tempo de casa a no carisma da pessoa. Entre as mudanças ocorridas, a IBM investiu na transparência, deixando claro em suas avaliações as competências que espera de uma pessoa para ela ser considerada para uma posição-chave. E as tais posições-chave são muito maiores que há 15 anos. “A pirâmide organizacional mudou”, diz Carlos Magni, diretor de RH da IBM. “Com isso, hoje 20% das nossas posições são consideradas chave (inclusive no nível técnico). Antes, representavam um quinto desse total.” No rol das mudanças, a organização passou a revelar também aos potenciais sucessores as intenções e as alternativas para a carreira deles. Entre elas está a mudança de país, o que impacta também em mais uma mudança no processo sucessório. “Antes, o funcionário era do Brasil. Hoje, ele é um recurso da IBM no mundo e poderá suceder alguém em outras regiões do globo”, completa Magni. Saúde e Qualidade de Vida Em 1996 pouquíssimas pessoas tinham acesso a e-mail. Telefone celular era artigo raríssimo, e se você quisesse tirar 30 dias de férias e sumir do mapa era completamente aceitável. Impossível viver essa realidade hoje. A tecnologia mudou radicalmente o conceito de qualidade de vida e a forma como esse assunto é tratado nos corredores corporativos. http://www.exame.com.br/topicos/ibm Nunca houve tanto programa de sáude e bem-estar como agora. Para benefício do empregado? Há controvérsias. “O que vejo acontecer é que as companhias pressionam os funcionários e depois colocam os programas como paliativos, tornando todos mais resistentes”, diz Ana Maria Rossi, presidente da Isma-Brasil, instituição internacional que estuda qualidade de vida. Ana Maria conta que em 2005 ela organizou o primeiro local específico para relaxamento em uma empresa. “Antes, ter uma sala dessas era um diferencial. Hoje, isso virou necessidade.” Se voltarmos mais na linha do tempo, na década de 1980, a preocupação com saúde nas organizações limitava-se a oferecer boas condições de trabalho, para não afetar a produtividade. Já na década de 1990, a preocupação cresceu para os fatos que influenciam a vida do funcionário e causam despesas galopantes nos caixas das empresas. É a era dos benefícios. “A empresa nessa época começa a oferecer creche, auxílio-educação, plano odontológico, inclusão de dependentes nos planos de saúde e check-ups”, diz Ricardo Lobão, da consultoria Towers Watson. Nos anos 2000, a palavra de ordem passa a ser comportamento. “Perceberam que não adianta apenas dar benefícios. Precisam entender como os funcionários usam isso”, completa Lobão. Nessa época, os benefícios cedem lugar aos programas de qualidade de vida, como mapeamento dos doentes crônicos, campanhas antitabagismo, organização de grupos de corridas, dietas saudáveis nos refeitórios e, claro, as salinhas de relaxamento. Remuneração e benefícios As principais mudanças em relação à política de remuneração nas empresas ocorreram após alguns eventos internacionais traumáticos. Até o final da década de 1990, a fórmula para pagar um funcionário era simples: salário-base mais bônus e a participação de lucros e resultados (PLR). Na virada do milênio, o modelo de longo prazo ganha força nas empresas com a entrada das stockoptions. “Isso coincide com a época da falência da Enron e da Arthur Andersen”, diz Fernando Pedó, consultor da Mercer. .“Com esses eventos, as companhias começam a pensar em algo queconecte o funcionário no longo prazo.” No Brasil, a valorização dos pacotes de ações só aconteceu após os primeiros IPOs (sigla em inglês para abertura de capital), em 2006. Dois anos após, a crise econômica mundial e a quebradeira de bancos exigiram maior transparência nos salários de executivos, valorizando o conceito de governança corporativa. A política de benefícios acompanhou a mudança do mercado. O beneflex, que surgiu nos anos 1990 como um poderoso instrumento de retenção, não decolou por problemas na legislação trabalhista. Sendo assim, os modelos receberam pouco incremento. De acordo com Pedó, os pacotes de benefícios até perderam um pouco de peso na composição da remuneração a partir de 2003. “Hoje, o benefício maior é ter carro blindado”, diz ele. O plano de saúde mudou de configuração, passando para o modelo de coparticipação, no qual os funcionários pagam uma parte dos serviços adquiridos. Com o mesmo objetivo de redução de custos, surge o PBM (sigla em inglês para pharmacybenefit management), mecanismo que possibilita rastrear os gastos com remédios efetuados pelos funcionários. Já os incentivos à educação não cresceram, apenas ganharam uma política um pouco mais definida. Outros itens que há 15 anos eram chamados de benefícios simplesmente viraram instrumentos de trabalho, como o laptop e os celulares, que se transformaram em smartphones. Atração, Seleção, Retenção Há 15 anos, sobrava gente no mercado brasileiro e faltavam vagas nas organizações. Hoje, o cenário é oposto, e essa inversão de realidade gerou muitas mudanças no pilar mais importanteda área de RH: o que atrai, escolhe e segura pessoas. A forma de selecionar atualmente nada tem a ver com o velho envio de currículos do passado. Num mundo digital, para atrair seus profissionais, as empresas conversam com os candidatos pelo computador (seja pelas redes sociais, como o LinkedIn, seja por plataformas próprias). Ao criar sua plataforma no ano passado, por exemplo, o Santander mudou a forma de se comunicar com os jovens e conseguiu manter um relacionamento constante com esse público. http://www.exame.com.br/topicos/linkedin http://www.exame.com.br/topicos/santander Já contrataram por meio dessa ferramenta 708 pessoas. “Os processos ficaram mais simplificados e ágeis”, diz Willian Bull, do Instituto Pieron, em São Paulo. “Perderam a força os testes psicológicos, os psicotécnicos e mesmo o rigor com a escolaridade.” Segundo Bull, as companhias hoje ligam muito menos para experiência e competência e olham muito mais o potencial dos candidatos. “Antes, você contratava alguém para aquele cargo. Hoje, você pensa que ali tem alguém para fazer alguma coisa na empresa.” Outra mudança recente, impactada também pela entrada da Geração Y no mercado, é buscar pessoas cujos valores estejam alinhados à cultura da companhia. Antes da aquisição pelo Santander, em 2007, o Real fazia sua seleção por meio dos próprios gestores. “O turnover chegou a 19% ao ano”, diz Lilian Guimarães, vice- presidente executiva de RH. Hoje, o Santander trabalha com parceiros para selecionar os candidatos, mas, em vez de apenas delegar o serviço, estreitou o relacionamento com essas empresas para explicar exatamente quem é o profissional que eles buscam. O presidente do banco na época, Fabio C. Barbosa, reuniu em 2010 todos esses parceiros e explicou que buscava pessoas conectadas com os valores da empresa. A ideia é que, acertando na porta de entrada, fique mais fácil reter depois. Mais uma mudança significativa no processo de seleção e retenção do banco foi a valorização dada ao programa de mobilidade interna. “Nós já tínhamos o programa, mas havia muitas restrições”, diz Lilian. Hoje, a ordem é buscar no mercado apenas estagiários e funcionários da base. O restante precisa se mover na organização. “As exceções, em qualquer nível, devem ser aprovadas por mim”, explica Lilian. Com o investimento no público interno, o turnover do Santander caiu para 11%. (REVISTA EXAME) http://www.exame.com.br/topicos/geracao-y CONCEITO DE GESTÃO DE PESSOAS Segundo Gil (2007) "Gestão de Pessoas é a função gerencial que visa à cooperação de pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais” A gestão de pessoas possui uma grande responsabilidade na formação dos profissionais, e tem o objetivo de desenvolver e colaborar para o crescimento da instituição e do próprio profissional, através da participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento dos colaboradoresde uma empresa. É a área que tem como funçãohumanizar as empresas. Muitas vezes, a gestão de pessoas é confundida com o setor de Recursos Humanos, porém RH é a técnica e os mecanismos que o profissional utiliza e gestão de pessoas tem como objetivo a valorização dos profissionais. Na busca de melhores resultados, começou a se constatar a necessidade da valorização das relações humanas dentro das empresas. Gil (2007) mostra que Elton e Mayo através de suas experiências ressaltaram a importância de fatores psicológicos e sociais na produção. Em conseqüência disso, é que se passou a valorizar as relações humanas no trabalho. “As Relações Humanas constituem um processo de integração de indivíduos numa situação de trabalho, de modo a fazer com que os trabalhadores colaborem com a empresa e encontrem satisfação de suas necessidades sociais e psicológicas.” (GIL, 2007, p. 19). Com o passar do tempo os sindicatos começaram a se manifestar. De acordo com Chiavenato (2008, p. 18), “não se tratava mais de intermediar os problemas e reduzir conflitos, mas também administrar as pessoas de acordo com a legislação”. No Brasil por volta dos anos de 1890 e 1930 começou a perceber a presença significativa do proletariado e houve um completo movimento grevista em busca de melhores condições de trabalho e uma legislação que viesse a garantir isso. O grande desafio das empresas de hoje é administrar bem seus recursos humanos, pois são as pessoas que obtém e mantém vantagens competitivas, é preciso saber como selecionar e desenvolver líderes, como atender melhor os clientes, como recompensar o bom desempenho, como controlar os custos de mão de obra e ao mesmo tempo manter um tratamento justo aos empregados GESTÃO POR COMPETÊNCIA Para Dutra (2000; 2008), o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes de uma pessoa por si só não é suficiente para garantir que ela agregue valor à empresa na qual atua. Considerar os profissionais pelo que efetivamente entregam para a organização amplia as possibilidades de avaliá-los, orientar seu desenvolvimento, e recompensá-los de forma justa e adequada, é colocar em prática, mobilizar repertórios individuais em diferentes contextos; envolve a agregação de valor para a organização de forma perene, pois essa contribuição permanece mesmo quando a pessoa não estiver mais atuando na organização. A denotação de competência como “entrega” preconiza a conjunção de conceitos interdependentes: por um lado, remete à noção de estoque de qualificações (conhecimento, habilidades, atitudes) ou, como denomina Dutra (2008), capacidades; por outro, esta mobilização do repertório individual sempre ocorre em determinado contexto organizacional dinâmico, marcado por estratégias e diretrizes e pelas competências organizacionais chave.Agregar valor seria, desta forma, atingir resultados, contribuir para melhoria dos processos e promover aprendizado. Enquanto o conceito de competência reporta ao processo de mobilização de saberes e soluções frente às situações de trabalho, o desempenho remete ao resultado. Infere-se, portanto, que o entendimento de competência como entrega parece implicar em considerar as duas vertentes ao mesmo tempo: resultado e processo. O resultado é gerado na situação de trabalho e o processo requer aprendizado. Assim sendo, competência é tanto entrega (desempenho com valor agregado) quanto processo (aprendizado como potência para gerar, ou não, resultados futuros. Segundo Chiavenato (2006), a gestão por competências é considerada: Um programa sistematizado e desenvolvido no sentido de definir perfis profissionais que proporcionem maior produtividade e adequação ao negócio, identificando os pontos de excelência e os pontos de carreira, suprindo as lacunas e agregando conhecimento, tendo por base certos critérios objetivamente mensuráveis. (CHIAVENATO, 2006, p. 216). Nesse sentido, a Gestão por Competência é uma ferramenta que busca suprir as deficiências encontradas em determinados setores, além de ser uma forte arma indispensável para a organização. Para tanto, ela envolve funções desde a seleção e treinamento, avaliação, desempenho e qualificação dos funcionários; gerando recurso importante para o aperfeiçoamento das capacidades. Sendo assim, a Gestão por Competência tem por finalidade criar um ambiente produtivo e desafiador valorizando acima de tudo o capital humano. Na verdade, a gestão por competências procura substituir o tradicional levantamento de necessidades e carências de treinamento por uma visão das necessidades futuras do negócio e de como as pessoas poderão agregar valor à empresa. (CHIAVENATO, 2008, p. 185). Desta forma, é uma “gestão de capacitação orientada para o desenvolvimento do conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessários ao desempenho das funções dos colaboradores, visando ao alcance dos objetivosda empresa. Neste contexto, o desenvolvimento das competências colabora para a formação das pessoas e para a mudança de atitude ligada às práticas de trabalho, e até mesmo para a percepção da realidade com o intuito de agregar valor à organização. As organizações contemporâneas necessitam de pessoas capacitadas e dinâmicas que saibam adequar-se à nova economia, já que hoje em dia o mundo se torna cada vez mais competitivo, onde as informações e os avanços sociais e tecnológicos crescem a todo instante. Nesse sentido, se torna indispensável, pessoas aptas e preparadas para lidar com vários tipos de informações e problemas. Porém, para preservar funcionários com esses tipos de qualidades é fundamental que a organização busque sempre melhorias, mantendo um ambiente de trabalho onde todos possam se sentir à vontade e com confiança para realizarem suas tarefas da melhor maneira possível, ou seja, com eficácia e eficiência. GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS Na gestão estratégica de pessoas o papel do setor de Recursos Humanos se concentra nos ajustes de suas estratégias e práticas à estratégia empresarial como um todo, alinhando-se e mantendo uma coerência entre as estratégias da organização e as suas como um setor, ou seja, o RH deve assumir um papel de parceiro estratégico, sendo capaz de identificar as práticas que fazem com que a estratégia aconteça, diagnosticando os pontos fracos e fortes da organização, ou seja, suas forças e fraquezas. Com a rapidez das mudanças tecnológicas, a globalização da economia e o acirramento da competição entre empresas e entre países, geraram impactos significativos sobre a gestão das empresas. A GESTÃO DE PESSOAS A gestão de pessoas possui uma grande responsabilidade na formação dos profissionais, e tem o objetivo de desenvolver e colaborar para o crescimento da instituição e do próprio profissional, através da participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento de funcionários de uma empresa, é a área quetem como função humanizar as empresas. Muitas vezes, a gestão de pessoas é confundida com o setor de Recursos Humanos, porém RH é a técnica e os mecanismos que o profissional utiliza e gestão de pessoas tem como objetivo a valorização dos profissionais. Em uma empresa, a gestão de pessoas deve ser feita pelos gestores e diretores, porque é uma área que requer capacidade de liderança. Na busca de melhores resultados, começou a se constatar a necessidade da valorização das relações humanas dentro das empresas. Gil (2007, p. 19) mostra que Elton Mayo através de suasexperiências ressaltaram a importância de fatores psicológicos e sociais na produção. Em conseqüência disso, é que passou a valorizar as relações humanas no trabalho. “ As Relações Humanas constituem um processo de integração de indivíduos numa situação de trabalho, de modo a fazer com que os trabalhadores colaborem com a empresa e encontrem satisfação de suas necessidades sociais e psicológicas.” (GIL, 2007, p. 19). Chiavenato (2008, p. 18), afirma que a partir da década de 70, é que então surgiu o conceito de Administração de Recursos Humanos, embora ainda havendo problemas por não conseguirem mudar completamente a idéia da importância das pessoas dentro da organização e ainda continuar vendo os trabalhadores como apenas recursos produtivos. Com o passar do tempo os sindicatos começaram a surgir, sendo assim, de acordo com CHIAVENATO (2008, p. 18), com isso, não se tratava mais de intermediar os problemas e reduzir conflitos, mas também administrar as pessoas de acordo com a legislação. Chiavenato (2008, p. 15), afirma que a Gestão de Pessoas vem se tornando cada vez mais complexa e assim sendo, também desafiante. Para confirmar o fato de que Administração de Recursos Humanos é essencial, Antônio Carlos Gil (2007, p. 15) afirma que “o fim da Administração de Recursos Humanos, só poderá ocorrer após o fim de todas as outras áreas da Administração, pois todos os demais recursos das organizações são administrados por seus recursos humanos”. CONTEXTO HISTÒRICO Ao falar em Gestão de Pessoas, não se pode pensar que é uma realidade que sempre existiu, nem sempre se pensava nas pessoas como sendo o principal ativo de uma organização.Taylor( 1911) no livro “Princípios de Administração Cientifica”, onde segundo Amboni; Andrade (2009, p. 52), Taylor dizia que deveria haver planejamento e se aplicar métodos científicos no desenvolvimento dos trabalhos, fazendo com que os operários se tornassem cada vez mais experientes naquilo que faziam, realizando assim de modo mais rápido e eficiente a produção. No entanto ele não pensava se os desejos e objetivos do trabalhador estavam sendo realizados, os considerava como máquinas, o que gerava certos problemas, pois estes não se sentiam motivados a realizar seu trabalho. Segundo Gil (2007, p. 18) a administração cientifica se fundamentava na racionalização do trabalho, objetivando reduzir tempos gastos desnecessariamente. Além de Taylor, Fayol e Henry Ford também contribuíram para fundamentar a Administração Científica, fazendo com que esta se tornasse uma base principal para as organizações. O aparecimento da Administração de Recursos Humanos teve grande influência com a introdução da Teoria dos Sistemas, de Ludwig Von Bertalanffy, afirma Gil (2007, p. 20), já que Bertalanffy mostrou que toda e qualquer organização é constituída por elementos que interagem de certa forma e assim formam uma estrutura organizada, sendo assim as pessoas são parte da organização, tem sua importância essencial e devem receber seu respectivo valor. Deste modo, pode-se perceber que começou a haver maior preocupação com as pessoas, notando que estas eram os recursos vivos e inteligentes que toda organização possuía. Segundo Gil (2007,p.52), no Brasil, a partir dos anos de 1890 e 1930 começou a perceber a presença significativa do proletariado e houve um completo movimento grevista em busca de melhores condições e uma legislação que viesse a garantir isso. Gil (2007, p. 53), afirma que dentre os eventos mais importantes da época foram a proibição das greves, e também a criação do imposto sindical e em 1943 a Consolidação das Leis do Trabalho. Pode-se dizer assim que a Administração de Pessoal nesse período,era de forma legal, disciplinadora e punitiva. Somente então em 1945, é que começou a ressurgir o movimento dos operários, sendo assegurado o direito de greve. Gil, ainda nos mostra que a partir de 1950 a 1964, começou a haver mudanças significativas no campo das relações de trabalho. E a novaclasse que se estava formando de operários, não sofreu a influência das ideologias revolucionárias, tendo em vista que os empresários assumiram mais o aspecto de conflito do que as lutas de classes, diz Rodrigues (1966, p. 180). Com esses problemas, Gil (2007, p. 54), mostra que se passou a requerer uma presença de profissionais que gerenciassem os problemas do pessoal, passando assim a se criar departamentos de Relações Industriais, no entanto, pouca mudança se notou. Foi nos anos 90 que o país passou a iniciar seu processo de integração no mercado mundial, as greves diminuíram, os trabalhadores passaram a rever suas posições. A partir de então, muitas mudanças ocorreram, segundo Gil (2007, p. 58),começou a rever a importância da área de Recursos Humanos, sendo visto sua necessidade dentro de uma organização. Com isso começou a haver grandes mudanças, que sem dúvidas, vieram só a beneficiar as organizações. Gil (2007, p. 58), nos mostra alguns exemplos de mudanças que ocorrem na época. As decisões definidas como mais importantes, eram definidas por um grupo de trabalhadores, por um colegiado; Maior liberdade, pois o presidente atenderia de portas abertas, sem restrições; Líderes existentes supriam as necessidades dos trabalhadores, que não necessitavammais recorrer ao gerente; Grupos mais autônomos, que respondiam por si só, por sua produção e qualidade; Os empregados, também apontavam os defeitos dos seus superiores; Tirava-se certa percentagem dos lucros e distribuía aos funcionários; Passou a haver uma entrevista completa antes de serem contratados, fazendo com que assim com que as pessoas que fossem contratadas, realmente capazes e mais eficazes para assumirem os cargos; Planos e metas eram traçados, e os subordinados deviam prestar contas dos resultados“A Gestão de Pessoas passa a assumir um papel de liderança para alcançar a excelência organizacional necessária para enfrentar desafios competitivos, tais como a globalização, a utilização das novas tecnologias e a gestão do capital intelectual.” (GIL, 2007, p. 60). MODELOS DE GESTÃO DE PESSOAS Um Modelo de Gestão de Pessoas, diz respeito à maneira pela qual uma empresa se organiza para gerenciar e orientar o comportamento humano no trabalho. Para isso, a empresa estrutura-se definindo princípios, políticas e processos de gestão e, através desses mecanismos, implementa diretrizes e orienta os estilos de atuação dos gestores em sua relação com aqueles que nela trabalham. Segundo Fischer– se entende por modelo de gestão de pessoas a maneira pela qual uma empresa se organiza para gerenciar e orientar o comportamento humano no trabalho. O Modelo de Gestão de Pessoas está baseado nos: Princípios, Políticas, Processos, Estrutura e Estilo Gerencial. Para completarmos o conceito de Modelo de Gestão de Pessoas, é importante compreender que ele é determinado por fatores internos e externos ao contexto organizacional. São fatores internos: produto ou serviço oferecido, tecnologia adotada, estratégia de organização e a cultura organizacional. Os fatores internos são aspectos interrelacionados e que determinam o comportamento esperado dos empregados. São fatores externos: aspectos sócio-políticos e econômicos. Nos aspectos sócio- políticos, estão incluídos as relações com Estado, sociedade e sindicatos. Como aspectos econômicos, estão incluídos o mercado, a concorrência que faz com que a organização defina suas “competências essenciais”. O modelo de Gestão de Pessoas tem como propósitos fazer com que o comportamento das pessoas na organização não faça com que a empresa venha a perder sua posição no mercado. Podemos assim pegar como exemplo um atendente em um caixa seja de um supermercado ou qualquer outro lugar, se esta pessoa não estiver dentro de um modelo de gestão apropriado ela pode agir errado em relação ao cliente. Pois, “O comportamento das pessoas no trabalho pode interferir na preservação e na agregação de valor das empresas” (FISCHER, p.12). Se o cliente ao sair dessa determinada loja e obteve um bom atendimento com certeza o mesmo voltará e com isso agregará valores a mesma, se o atendimento não for satisfatório o cliente não voltará mais e fará uma propaganda negativa em relação a loja para as outras pessoas.
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